UFSJ-Pibid
Sirleia das Graças Fazzion Silva
Comentário sobre o filme A língua das mariposas
O filme A Língua das Mariposas é um drama de 1999, do espanhol Jose
Luis Guerda. Conta-nos, a história de um menino chamado Moncho, este está
prestes a começar a sua jornada pelo mundo do conhecimento.
Como toda criança, ele está temeroso de como será o seu primeiro dia
na escola. Ainda mais, por saber que os professores costumam ser bastante
rigorosos, chegando ao ponto de bater em seus alunos. É importante enfatizar
que o filme se passa na Espanha de 1930, que sente o início da guerra civil
espanhola. Neste tempo a relação professor aluno era moldada pela educação
bancária, fato pelo qual, os professores dessa época se achavam no direito de,
a qualquer preço, ter de volta os conhecimentos passados.
Moncho se surpreende com Don Gregório, pois este era um professor
bem diferente dos demais. Seu método pedagógico não se limitava em
formatar no aluno algo já imposto, ou seja, um conhecimento predeterminado.
Ele dava aos alunos a oportunidade de serem sujeitos desse processo de
conhecimento. Assim, alunos e professor, juntos, construíam o conhecimento.
Isto é constatado em algumas cenas do filme, como por exemplo, no momento
em que Dom Gregório espera que a turma se aquiete, para que assim,
continue a sua aula. Desse modo, ele concede aos alunos a oportunidade de
se sentirem compromissados no processo da aprendizagem. Só posso escutar
o outro no momento em que me calo.
O filme na verdade não é tão empolgante, como muitos que tratam de
assuntos concernentes a aprendizagem. Mas ele aborda de maneira
satisfatória a perda da inocência. No início do filme, Moncho era puro e
verdadeiro e expressava bem aquilo que pensava. Podemos ver isso quando
fugiu com o intuito de ir para a América, pois lá era a terra da “liberdade”.
Também quando conseguiu responder à pergunta do professor: “De quem será
o ovo de um galo, quando este bota no limite entre França e Espanha?”. Todos
os meninos que se atreveram a responder trouxeram em suas respostas o
peso do partidarismo, herdado através da educação familiar e comunitária.
Moncho, na sua inocência, responde o óbvio, ou seja, ninguém será dono, pois
galo não bota ovo.
Durante o desenrolar do filme, Moncho foi perdendo, gradualmente, a
inocência que é própria das crianças. Primeiro ele constata que não precisa ser
apaixonado para poder transar. Depois, que em nossa família sempre existem
coisas feias, que precisam ser guardadas em segredo. Por fim, aprende que a
mentira, às vezes, é uma saída necessária para se poupar a vida.
O menino perde a inocência de vez, quando é obrigado por sua mãe a
insultar o seu professor. Agora Moncho já não podia ser imparcial, ele viu o pai
de seu melhor amigo e o maestro da banda em que seu irmão tocava com
tanta alegria, serem levados presos. Seu professor, vestido com o terno que o
seu pai lhe dera, também estava destinado à prisão. O que fazer? O certo é
defender a família. Ele então grita e insulta o seu querido mestre.
Enigmático, no entanto, é o final do filme, pois com uma pedra na mão o
menino não fala mal, mas chama seu mestre de “tilonorrinco” e de “trompa em
espiral”. Conceitos aprendidos por ele com seu querido mestre nas aulas de
ciências ao ar livre.
Este filme pode ser abordado na escola de maneira interdisciplinar, a
saber: em história, com o estudo da guerra civil espanhola; em português, com
poemas e textos que trazem pedra como tema; em ciências, discutindo
questões sobre o meio ambiente, pois o pássaro mencionado no filme é um
reciclador natural; em filosofia, podemos trabalhar vários conceitos e valores,
tais como ética, moral, poder, conflitos, verdade, omissão.
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