Diabetes Mellitus: Saberes e Práticas e suas Implicações para o Autocuidado
Berenice Temoteo da Silva1; Antonia Silvânete Saraiva2; Milena Silva Costa3
Enfermeira mestranda em Saúde Pública pela UECE Bolsista da CAPES1; Enfermeira
Especialista2; Enfermeira Mestre em Saúde Coletiva pela UNIFOR3
RESUMO
Objetivou-se conhecer os saberes e práticas do paciente com diabetes mellius e suas
implicações para o autocuidado. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem
qualitativa desenvolvido com 20 pacientes diabéticos de uma Estratégia Saúde da
Família localizada da zona rural do município de Crato – Ceará. Os dados foram
coletados por meio de entrevista semi-estruturada no período de novembro e dezembro
do ano de 2010 e organizados através do Discurso do Sujeito Coletivo. O estudo foi
aprovado com o parecer nº 47/2010 do Comitê de Ética da Universidade Regional do
Cariri – URCA. Emergiram diversos discursos em resposta às perguntas norteadoras
que indicaram para a existência de informações no campo do senso comum a respeito
dos sintomas, algumas de suas principais complicações e medidas terapêuticas coerentes
que convergem com pressupostos científicos, contudo, isso não se mostrou suficiente
para provocar mudança de atitudes relacionadas ao autocuidado do paciente com
diabetes. Nesse sentido, destaca-se a importância de investir no diálogo do profissional
de saúde considerando o conhecimento prévio do paciente como um aspecto
fundamental para o autocuidado com vistas à obtenção do controle da doença e, assim,
prevenir ou retardar o desencadeamento de complicações agudas e crônicas, ajudandoos na promoção da qualidade de vida.
PALAVRAS CHAVES: Diabetes Mellitus; Conhecimento; Autocuidado.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o Diabetes mellitus (DM) tem se tornado um sério
problema de saúde pública. O crescente número de pessoas portadoras, a complexidade
que constitui o processo de viver com esta patologia associada a complicações que
comprometem a produtividade, a qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos, os
elevados custos no seu tratamento e de suas complicações são fatores que requer a
atenção dos profissionais de saúde.
Estudos brasileiros sobre mortalidade por DM, analisando as causas
múltiplas de morte, ou seja, quando existe menção ao DM no atestado de óbito, mostrou
que as taxas de mortalidade por essa enfermidade, aumentam até 6,4 vezes(1). No ano de
2005 o Diabetes mellitus foi responsável por 1.310 óbitos no Ceará sem contar a sua
participação como co-morbidade(2).
Analisando sua natureza crônica, a gravidade de suas complicações e os
meios necessários para controlá-las, faz com que o DM se torne uma doença muito
onerosa, não apenas para a saúde pública, mas para os indivíduos afetados e suas
famílias, uma vez que custos intangíveis como dor, ansiedade, perda da qualidade de
vida, apresentam grande impacto na vida das pessoas com essa enfermidade.
Por ser uma doença de caráter evolutivo, o tratamento envolve desde
medidas não farmacológicas até a instituição terapêutica. A princípio devem ser
implementadas ações que visem uma mudança comportamental nestes indivíduos, ou
seja, que eles adotem um estilo de vida mais saudável como a prática regular de
exercício físico, reeducação alimentar, manutenção de peso adequado, dentre outras(3,4).
Para isso, torna-se relevante conhecer os saberes e práticas dos pacientes
com diagnóstico dessa patologia e suas implicações para o autocuidado. O alcance desse
objetivo fornece subsídios aos profissionais de saúde para o fomento de práticas de
promoção do autocuidado.
MATERIAL E MÉTODOS
Tratou-se de um estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa
desenvolvido em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) localizada na comunidade de
Belmonte, zona rural do município de Crato – Ceará.
A cidade de Crato se localiza no sopé da Chapada do Araripe, no extremo
sul do Estado do Ceará e conta com uma população de 111.198 habitantes(5). Segundo
dados do Departamento de Atenção Básica - DAB/MS existem 27 equipes de Saúde da
Família cadastradas no município de Crato-CE, das quais 17 encontram-se situadas na
zona urbana e 10 na zona rural.
A escolha do contexto para a pesquisa se deu, principalmente, por ser este
espaço um local onde há uma grande prevalência de portadores de diabetes e ausência
de estudos realizados nesse lócus da pesquisa.
Participaram do estudo 20 usuários da ESF portadores de DM que estavam
sendo acompanhados pela equipe a pelo menos seis meses. Essa quantidade foi
determinada através da contemplação do objeto da pesquisa ocorrida por meio da
exploração em profundidade da entrevista com os participantes.
O critério utilizado para seleção dos pesquisados consistiu na conveniência
de estes se encontrarem no posto de saúde nos dias de coleta de dados que se deu no
período compreendido entre os meses de novembro e dezembro do ano de 2010. O
instrumento utilizado para coleta de dados foi entrevista semi-estruturada.
Os dados foram organizados através do Discurso do Sujeito Coletivo(6) e
inferidos em conformidade com a literatura pertinente. O estudo foi aprovado com o
parecer nº 47/2010 do Comitê de Ética da Universidade Regional do Cariri – URCA e
respeitou os princípios éticos contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de participantes dessa pesquisa 16 eram do sexo feminino e 04 do
sexo masculino. A frequência maior do diagnóstico para diabetes no sexo feminino
pode ser devido à maior procura por serviços de saúde, o que é inerente à mulher(7).
Em relação à idade, destaca-se que 13 entrevistados estão na faixa etária
compreendida entre 62 a 81 anos e 07 entre 45 a 58 anos de idade. A DM2 se apresenta
em qualquer etapa da vida, mas geralmente é mais prevalente após os 40 anos de
idade(8,9). A frequência de pessoas com diabetes aumenta conforme a idade, sendo que
sua prevalência é maior em pessoas de 75 a 80 anos de idade(8).
No que se refere aos anos de estudo, verificou-se que os sujeitos
apresentaram uma variação de nenhum ano até 10 anos de estudo. O fato de portadores
de diabetes serem alfabetizados pode facilitar o planejamento de grupos educativos, pois
a escolaridade é um fator importante em virtude da complexidade das instruções e/ou
informações que esses pacientes necessitam obter(10).
Os pesquisados apresentaram diagnóstico clínico de diabetes variando entre
07 meses a 20 anos. Quando indagados sobre a descoberta da doença, 16 procuraram a
ESF devido apresentarem sintomas leves da doença, 01 paciente teve a doença
diagnosticada em situação de complicação e os demais tiveram o diagnóstico por meio
de exames de rotina.
A duração do tempo entre o início da hiperglicemia e o diagnóstico do
diabetes Mellitus tipo 2 é de nove a 12 anos, pelo fato da concentração glicêmica não
ser o suficientemente elevada para o aparecimento dos sintomas clássicos aumentando o
risco de desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares(11).
No discurso em resposta à indagação “o que o(a) senhor(a) sabe a respeito
da diabetes?”, nota-se que os pacientes possuem informações acerca da patologia e
conseguem associá-la aos sintomas, conhecem a gravidade de ter e conviver com a
doença, uma vez que relataram ser imprescindível uma mudança nos seus hábitos de
vida, para melhor se adequar a sua nova realidade de saúde.
DSC 01 - É uma doença que não dói, malvada, silenciosa,
bastante perigosa, que não tem cura. Sei que causa problema na
vista, dá uma sede muito grande, a pessoa emagrece que fica da
grossura de uma linha, a gente sente tontura, dor nas pernas e
que se a gente não se cuida pode ficar aleijada, perder um dedo
ou até mesmo morrer. A gente pode apresentar alguma
complicação. Sei que ela ataca os nervos, os membros da gente,
ás vezes ela sobe, ás vezes baixa. A gente tem que se cuidar,
principalmente na alimentação, não pode comer massa,
gorduras, tem que fechar a boca. A gente deve seguir o regime
adequado conforme o médico explicou, não pode exagerar em
nada, tem que controlar tudo.
As concepções de saúde-doença têm características que variam de acordo
com o contexto sociocultural, ou seja, as interpretações que os sujeitos dão à saúde
fazem parte de uma série de concepções, valores e experiências que são compartilhadas
pelas pessoas que participam de uma mesma cultura. Os pacientes com diabetes
possuem representações e práticas populares de saúde que, muitas vezes, são trocadas
entre si na convivência do dia-a-dia(12).
Durante as consultas é relevante que os profissionais de saúde envolvidos
com esse paciente ofertem as orientações sobre a doença e formas de tratamento, para
que juntos possam elaborar um plano de ação que enfoque o autocuidado e a promoção
da saúde.
Salienta-se a necessidade de se investigar o feed back das informações no
final de cada consulta, para identificar os aspectos que ficaram assimilados e as
dificuldades encontradas quanto à compreensão dessas informações para que a partir
dos resultados encontrados revejam as mudanças no plano de cuidados.
Os discursos que surgiram em resposta à pergunta “como o senhor (a)
passou a se cuidar a partir da presença dessa doença?” foram os seguintes:
DSC 01 - Fiquei preocupada com as coisas que eu comia, a
alimentação principalmente, muita coisa que eu gosto, mas não
posso comer “né”. Eu comprei tudo “light”, mas eram umas
coisas tão ruins, tudo sem sabor. Ai não aguentei, então a
menina do posto disse que a gente pode comer de tudo, tinha
apenas que diminuir, não exagerar e eu não exagero. Minha
glicose quando tá muito alta, eu radicalizo. Tive que tirar o
açúcar, diminuir a massa, comer mais pouco. Sigo o regime,
não como batata e, tomo corretamente a medicação. Perguntei
pro médico se posso comer fruta, ele disse que sim, posso comer
uma banana por dia ou uma laranja, agora manga não, porque
a diabetes sobe muito. Às vezes eu caminhava, mas comecei
sentir tontura, e também tenho osteoporose ai desisti, porque
tenho medo de sair sozinha e cair. Depois que descobri a
doença, aprendi com os médicos que tinha que evitar as massas
e gorduras.
A partir dos relatos apresentados, percebeu-se que os participantes ao se
notarem portadores dessa patologia, se preocuparam logo com o que poderia ou não
ingerir na sua alimentação e como essa mudança na sua dieta repercutiria em sua
qualidade de vida.
Alguns entrevistados deixaram transparecer em suas declarações que
tentaram mudar seu estilo de vida, porém sem êxito, o que faz surgir questionamentos
de como esses indivíduos são acompanhados e sensibilizados com a sua nova
perspectiva de vida relacionada à sua saúde, uma vez que, como é de conhecimento que
para ter um exitoso tratamento, necessário se faz ter uma alimentação adequada, aliada à
prática regular de atividade física, que em algumas situações já seriam suficientes para
manutenção do controle metabólico.
DSC 02 - Não liguei não, continuei do mesmo jeito, comia de
tudo
e
também
continuei
fumando
muito.
Trabalhava
normalmente não seguia o regime, e não sentia muita coisa,
depois a diabetes foi ficando mais velha ai, foi piorando as
coisas. Quando tive o AVC, ai sim passei a me preocupar e tive
que mudar a minha rotina. No começo até tentei seguir do jeito
que disseram em relação à alimentação, mas o dinheiro é
pouco, agora como o que tenho. AH! Continuo tomando minha
cerveja, ela não é ruim pra diabetes, pior é a cachaça.
Alguns declarantes disseram não ter modificado seu estilo de vida, de forma
a continuar com a sua antiga rotina. Todavia, o que se percebeu foi que esses mesmos
usuários na realidade não conseguiram visualizar sua vida vinculada à patologia, então
preferiram ignorá-la.
Do exposto, infere-se uma reflexão sobre o quanto é essencial uma
estratégia continuada para educação em saúde nos pacientes portadores de doenças
crônicas. Ferramenta esta de caráter indispensável para o desenvolvimento do
autocuidado, culminando na adequação de seu estilo de vida. A diabetes por ser uma
doença incurável, necessita de comprometimento com a terapêutica medicamentosa,
alimentar e atividade física, com o comprometimento pessoal do paciente, para o
enfrentamento durante toda a sua vida(12).
No entanto, para que se efetive tal comprometimento, necessário se faz que
as pessoas sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, que o perceba como
um ser único e, que por trás da doença existe um ser humano regido por emoções,
medos e ansiedades.
A capacidade da pessoa com diabetes em compreender e assumir o controle
de sua doença está, relacionada ao seu estado sensorial, preservação de suas funções
cognitivas e habilidades psicomotoras.
O diabetes pode afetar adversamente o funcionamento psicossocial e a
qualidade de vida de indivíduos acometidos, repercutindo nos domínios físico, social e
psicoemocional(13). O impacto dependerá de como o doente e sua família percebem a
doença, da maneira como lidam com o autocuidado e com a evolução da patologia.
Quando perguntado sobre a procura dos serviços, os participantes
mencionaram que somente procuram o profissional enfermeiro e médico quando ocorre
um agravamento em seu quadro clínico ou estão acometidos por outra enfermidade.
Também foi motivo de busca dos pacientes pelo serviço, as ações desenvolvidas pela
equipe aos pacientes de DM.
DSC 01 - Sempre vou ao posto. Uma vez ao mês vou ao posto
pegar meus medicamentos e vê como a diabetes tá. Ai eles
(equipe) explica tudo, pego o remédio e vou embora. Eu tava
indo de mês em mês, mas agora marcaram pra eu ir a cada dois
meses. Agora se apresento outro problema de saúde venho mais
de uma vez, então eles olham minha pressão, pesa e ás vezes
quando dá muito alta, pedem pra eu passe no consultório da
enfermeira.
DSC 02 - Quando falta remédio eu procuro o serviço. Chego a
ficar três meses sem vir, porque as vezes to com preguiça.
Quando não venho peço para minha filha pegar a medicação,
ela traz o cartão ai eles anotam e ela pega o meu remédio.
Dificilmente vou ao posto, vou mais (centro de diabetes), pois
trabalho no centro da cidade e pra mim fica mais fácil, apesar
de que às vezes recebo o medicamento ai no posto. Quase nunca
vou ao serviço de saúde, porque lá nunca tem médico, ás vezes,
venho ao Centro de Diabetes. Depois que foi diagnosticado, fui
só uma vez.
A participação do profissional enfermeiro ocorre em situações em que a
pessoa tem dificuldade para o cuidado consigo mesmo. A educação em saúde é a forma
mais frequente de intervenção do profissional enfermeiro com as pessoas com diabetes,
que deve acontecer de forma permanente e contínua(14).
A assistência de enfermagem ao paciente diabético consiste em um conjunto
de orientações para a saúde, visando a conscientização e a mudança de comportamento
frente à sua problemática, com o propósito de levá-lo a atuar preventivamente,
diminuindo os danos decorrentes da evolução natural da doença. Ao investir no
desenvolvimento da capacidade e das habilidades do paciente para o auto-manejo da
doença, o enfermeiro pode contribuir ativamente para que ele leve uma vida mais
independente(14).
No tocante das dificuldades e facilidades em seguir as recomendações
terapêuticas prescritas surgiram os seguintes discursos:
DSC 01 - Tomar a medicação. Tomar o comprimido, que é um
depois do almoço. Às vezes esqueço de tomar o remédio.
Conforme o DSC acima se torna evidente que o tratamento farmacológico é
o mais fácil de seguir. Alguns relataram tomarem apenas um comprimido após o
almoço. Houve declarantes que disseram que eventualmente esquecia de tomar o
medicamento.
O uso do medicamento pelo diabético é um símbolo ambíguo, que comporta
representações sociais ambivalentes. Se, por um lado, provoca lembrança constante no
paciente de sua condição de doente, por outro garante a continuidade da vida e o
silêncio da doença. A adesão medicamentosa também depende das representações
sociais do serviço de saúde – de caráter público ou privado – onde será adquirido o
medicamento(15).
O tratamento farmacológico representa o principal recurso terapêutico de
cura e controle de doenças. O desenvolvimento constante de novos fármacos, o uso de
medicamentos segundo as recomendações de diretrizes clínicas, e a demanda por
consumo da própria população, somados às mudanças de perfil epidemiológico e o
aumento do predomínio das doenças crônicas, aumentam a necessidade de tratamentos
múltiplos, tendo como resultado um paciente polimedicado e com terapias de maior
complexidade(16).
Em outro discurso foram trazidas as dificuldades em seguir o tratamento:
DSC 01 - Acho ruim seguir a dieta, não gosto de nada light, não
vou mentir, é difícil até eu merendar. A alimentação, porque a
gente não pode comer de tudo né, e acho isso muito complicado,
além do que também, tem que manter o peso ideal. Gosto muito
de manga e eles me proibiram e isso é muito ruim. A
alimentação porque nem tudo que manda comer da pra
comprar. Atividade física dificilmente pratico porque as vezes
dá preguiça.
Conforme DSC, a mudança de hábitos é o que os participantes acham mais
complicado seguir e, isso consequentemente reflete que os mesmos apresentam déficit
na prática de seu autocuidado, e, assim, não consegue adesão da terapêutica que lhe é
instituída.
No caso do diabetes, o cuidado da saúde representa grande desafio porque
envolve inúmeras mudanças de comportamento, que os pacientes têm que integrar ao
seu dia a dia. O automonitoramento glicêmico, a aderência ao tratamento e aptidões ao
medicamento, as verificações regulares para detectar problemas com os pés, as dietas
alimentares e as atividades físicas constantes, constituem preocupações diárias. Nesta
condição crônica, as intervenções comportamentais direcionadas para o cuidado de si
incitam possibilidades de melhorias no controle metabólico(17).
A mudança no estilo de vida é difícil de ser obtido principalmente quando
do diabetes surge após os 40 anos, quando comportamentos relacionados ao estilo de
vida já estão arraigados(18). Mas, pode ocorrer mudança se houver uma estimulação
constante ao longo do acompanhamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo possibilitou um entendimento maior do que seja
viver com a patologia diabetes, ao passo que se vislumbrou como a doença pode
interferir na qualidade de vida dos participantes, uma vez que viver com a doença exige
do cliente toda uma vida de comportamento disciplinar nas ações de seu autocuidado.
Apesar de não existir conhecimento aprofundado sobre DM por partes dos
pacientes, foram evidenciados através dos discursos que há uma disseminação de
informações no campo do senso comum a respeito dos sintomas, algumas de suas
principais complicações e medidas terapêuticas coerentes com pressupostos científicos,
contudo, isso não se mostrou suficiente para provocar mudança de atitudes relacionadas
ao autocuidado do paciente com DM.
O baixo nível de escolaridade foi uma das informações majoritárias entre os
entrevistados. Tal característica pode ensejar em um dos possíveis aspectos que
justificam a não adesão ao tratamento instituído.
Nesse sentido, destaca-se o empoderamento do paciente com DM para o
autocuidado como um aspecto fundamental na obtenção do controle da doença e, assim,
prevenir ou retardar o desencadeamento de complicações agudas e crônicas, ajudandoos na promoção da qualidade de vida.
Em consonância com tudo que foi observado, sugere-se que a ESF procure
viabilizar estratégias educacionais voltadas para esse público, de forma que possa
atender as necessidades coletivas e individuais dos mesmos, com o fito de empoderá-los
fazendo com que eles tornem-se autores de sua patologia.
Para isso, sugere-se a criação de grupo de apoio social envolvendo a
comunidade, família, a equipe de saúde e os usuários, para que ocorram momentos de
conversas, troca de experiência e juntos possam encontrar soluções viáveis que venham
a contribuir para a qualidade de vida do paciente com DM.
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