Pró-Reitoria de Graduação Curso de Nutrição Trabalho de Conclusão de Curso Perfil nutricional dos atletas paraolímpicos atendidos no CENUT. Autor: Nathália Santos Orientador: MsC Danielle Luz Gonçalves Brasília - DF 2012 NATHÁLIA DA COSTA DOS SANTOS PERFIL NUTRICIONAL DOS ATLETAS PARALÍMPICOS ATENDIDOS NO CENUT. Monografia apresentada ao curso de Graduação em Nutrição da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Gonçalves Brasília 2012 MsC Danielle Luz Monografia de autoria de Nathália da Costa dos Santos, intitulada ‘’Perfil nutricional dos atletas paraolímpicos atendidos no CENUT’’, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição da Universidade Católica de Brasília, em 27 de Novembro de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ____________________________________________________________ MsC Danielle Luz Gonçalves Orientadora Nutrição - UCB ____________________________________________________________ Leonardo Moura Nutrição - UCB ____________________________________________________________ MsC Rosane Pescador Nutrição – UCB Brasília 2012 Dedico este trabalho a todas as pessoas que ajudaram e apoiaram a cada decisão dessa trajetória. Dedico principalmente aos meus avós, Divina Maria e Manoel Machado pelo investimento e incentivo desde o início da jornada, sem eles, com certeza não estaria nesse presente momento. AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus, por iluminar minha jornada, dando-me sabedoria e paciência ao longo desse caminho. Agradeço aos meus avós, Divina Maria e Manoel Machado pelo apoio dado desde o início, por acreditarem e investirem em meu potencial. Aos meus pais Luciana Maria e Paulo César, ao meu irmão Vitor Hugo e ao meu companheiro Gustavo Henrique, que sempre apoiaram e incentivaram meu crescimento acadêmico e profissional. Agradeço também a Danielle Luz, primeiramente pela oportunidade em ser sua aluna em vários momentos do curso, por sua sabedoria, conhecimento e experiência passados a cada aula, a cada conversa. Agradeço ainda pela paciência e habilidade em esclarecer prontamente qualquer dúvida. RESUMO Referência: SANTOS, Nathália da Costa. Perfil nutricional dos atletas paralímpicos atendidos no CENUT. 2012. 28 pág. Trabalho de Conclusão de Curso de Nutrição. Universidade Católica de Brasília, Taguatinga, 2012. Este trabalho apresenta a diferença entre os esportes que são demonstrados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, desde o surgimento das disputas até os dias de hoje, comparando o crescimento de cada edição realizada de quatro em quatro anos, onde no mesmo espaço se disputam as duas olimpíadas, tentando utilizar a mesma estrutura. Procura apontar igualdades e diferenças entre os dois eventos, levando em conta características como investimento para os atletas, organização e a relação com o mercado de consumo, principalmente com a mídia. O esporte paraolímpico é um fenômeno mais recente e se encontra em um estágio anterior de exploração das potencialidades econômicas do esporte. Apresenta um enfoque maior para os atletas paralímpicos, procurando traçar o perfil dos atletas atendidos na Clínica de Nutrição da Universidade Católica de Brasília, detectando suas necessidades e limitações onde apesar da baixa renda e pouca escolaridade buscam informações necessárias para a melhora do desempenho. Em 14 atletas atendidos, 33% apresentaram percentual de gordura corporal mediano ou alto, no qual a literatura mostra um percentual maior em menor quantidade de pacientes, demonstrando uma divergência. Mesmo com o crescimento dos Jogos Paralímpicos, a necessidade de investir continua sendo primordial, começando pelo patrocínio a cada atleta, um incentivo, um apoio, investindo também nos centros de treinamento, acertando nos detalhes para que cada treino seja uma superação. Palavras-chave: Paralimpíadas. Atletas. Perfil Nutricional. ABSTRACT This work shows the difference between the sports that are demonstrated in the Olympic and Paralympic Games, since the emergence of disputes until the present day, comparing the growth of each edition held every four years, in the same space where the two are vying Olympics , trying to use the same structure. It highlights equalities and differences between the two events, taking into account characteristics such as investment for athletes, organization and relationship with the consumer market, especially with the media. The Paralympic sport is a more recent phenomenon and is in an earlier stage of economic exploitation of the potential of the sport. Presents a greater focus for Paralympic athletes, seeking to trace the profile of the athletes met in Clinical Nutrition at the Catholic University of Brasilia, identifying their needs and limitations where despite low incomes and little education seek information necessary for improved performance. In 14 athletes attended, 33% had average body fat percentage or higher, in which the literature shows a higher percentage in fewer patients, demonstrating a divergence. Even with the growth of the Paralympic Games, the need to invest remains paramount, beginning by sponsoring every athlete, an encouragement, support, also investing in training centers, hitting the details so that each workout is an overshoot. Keywords: Paralympics. Athletes. Nutritional Profile. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................... 08 METOLOGIA.............................................................................................................. 17 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 18 CONCLUSÃO............................................................................................................. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 27 8 INTRODUÇÃO A história dos esportes nas civilizações antigas passa por diversas evidências importantes, mas de registros imprecisos. Civilizações primitivas como a dos chineses, maias, incas, egípcios, japoneses, astecas, hindus, e outros povos, deixaram vestígios de jogos praticados com o caráter esportivo, e que permitiram diversas especulações sobre a verdadeira origem do esporte. (TUBINO, 1987) Foi na Grécia antiga que os exercícios físicos e as atividades esportivas tiveram realce, primordialmente pela importância que receberam na Educação e pelo lugar que ocuparam nas celebrações e nas festas. O momento culminante da história dos esportes da Antiguidade Grega é atingido nas celebrações dos Jogos Olímpicos, disputados em Olímpia durante 12 séculos, de 884 a.C, a 394 d.C, de quatro em quatro anos, provocando, inclusive, períodos de trégua entre as guerras, durante o período das disputas. As provas de caráter individual, abertas somente para o sexo masculino, ofereciam aos vencedores como recompensa uma coroa traçada por ramos de oliveira, colhidos em árvores consagradas a Zeus. Nos anos de intervalos de Jogos Olímpicos na Antiguidade, os gregos celebravam outras competições desportivas como os Jogos Istmicos, Píticos, Nemeus e Fúnebres. Após a conquista da Grécia pelos romanos, os jogos entraram em decadência até seu encerramento por Teodósio, por motivos religiosos. (TUBINO, 1987) Hobsbawn (1984), ao referir-se ao surgimento da política de massas em finais do século XIX, coloca a questão do ressurgimento dos elementos ‘’irracionais’’ na manutenção da estrutura e da ordem social. Neste sentido, três novidades seriam mais importantes: a educação primária secular, as cerimônias públicas e a produção em massa de monumentos públicos. Vasconcellos (2011) concorda que os Jogos Olímpicos não eram configurados como festivais esportivos e sim cerimônias religiosas. Hobsbawn (1984) afirma ainda que a invenção das tradições políticas mais universais foi obra dos Estados, não obstante tenham participado deste processo movimentos de massa que reivindicavam status independente, como os movimentos socialistas operários (com o 1° de maio). Esse processo apresentou tradições próprias, entre elas o esporte; particularmente o futebol tornar-se-ia um ‘’culto proletário de massa’’. Esta modalidade se modernizou em torno dos anos de 1880, funcionando em escala local e nacional: o esporte amador das escolas particulares inglesas, tornou-se, a partir de 1885, proletarizado e profissionalizado. Os clubes passaram a ser 9 organizados e dirigidos por comerciantes. De certa maneira, no continente europeu, o mesmo fenômeno se verificaria com o ciclismo. (GEBARA, 2002) A conclusão desses movimentos apontados por Hobsbawn propiciou a constituição de identidades nacionais, obscurecendo diferenças locais e regionais; eis aí uma possibilidade de entendermos a evolução das competições internacionais, rapidamente suplantando os campeonatos nacionais. O grande momento desse processo foi a recriação dos Jogos Olímpicos em 1896. A construção e organização de espaços para promover espetáculos de massa, como os estádios de futebol, talvez não tenham implicado, necessariamente, a democratização do esporte; provavelmente massificação e democratização não devam ser confundidas, quer o processo ocorra em Cuba ou no Brasil. (GEBARA, 2002) Após a institucionalização esportiva descrita, outro período importante do movimento esportivo moderno teve início com o francês Pierre de Coubertin, quando restaurou os Jogos Olímpicos em 1896. Coubertin, após viagem a Inglaterra, ficou entusiasmado em reformar o sistema educativo francês, utilizando-se dos esportes. Após várias campanhas nesse sentido, resolve estender sua proposta para o campo internacional, integrando-se totalmente ao resgate do ideal olímpico, reconceituando-o de acordo com a modernidade daquele momento histórico. (TUBINO, 1987) Raul Paranhos do Rio Branco, filho do barão do Rio Branco e embaixador do Brasil em Berna, Suíça, recebeu convite do barão Pierre de Coubertin para integrar o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1913. Mais do que uma gentileza, o gesto significava uma declaração de fé no potencial esportivo da nação brasileira e dava início à história do país no Movimento Olímpico Internacional. O convite fez do embaixador o primeiro delegado do COI para o Brasil e provocou, nesse mesmo ano, uma campanha pública pela formação de um Comitê Olímpico Brasileiro. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) Em 1928, o Brasil não enviou seus atletas para as Olimpíadas por falta de recursos. A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) enviou uma nota à imprensa confirmando essa desistência. Nos Jogos Olímpicos em Los Angeles, quatro anos depois, foram enviados 82 atletas, sendo 81 homens e apenas 1 mulher, porém, só desembarcaram os que realmente tinham condições de medalha. A mulher, Maria Lenk foi autorizada a participar dos jogos por um ato de cavalheirismo. Aos 17 anos, foi a primeira participante sul-americana das competições. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) 10 Em Berlim, em 1936, o ditador Adolf Hitler presenciou a impugnação de suas teorias de supremacia nacional e racial, que só seriam vencidas definitivamente nove anos e muitos sacrifícios de guerra depois. Berlim vislumbrava a sede dos jogos como oportunidade para desativar o criticismo mundial contra suas políticas domésticas, como a alarmante perseguição dos judeus que gerava controvérsia internacional. Ainda sim os jogos foram grandiosos, com a presença de 50 países e 5.000 atletas, dos quais 328 mulheres, se tornando um recorde. Segundo Cardoso (2000), o Brasil levou uma delegação de 72 atletas, divididas em duas equipes com desempenho medíocre. Pela primeira vez, a tocha olímpica foi levada de Atenas para a sede dos jogos numa viagem que durou onze dias e foi revezada por 7 atletas de países diferentes. (VASCONCELLOS, 2011) Depois da Olímpiadas de Berlim, devido a Segunda Guerra Mundial, as edições de 1940 e 1944 dos Jogos Olímpicos foram canceladas, retornando em 1948, com os Jogos sediados por Londres. (CARDOSO, 2000). Em Londres, compareceram 3714 homens e 385 mulheres de 59 países. O Brasil compareceu com uma delegação de 78 atletas, um número bom para os resultados obtidos até então. Depois de 28 anos da estreia e de um bisonho jejum, o Brasil voltou a ocupar um lugar no pódio, com 3º lugar no basquete. (CARDOSO, 2000) Nesse mesmo ano, surge então Ludwig Guttman, que organizou uma competição esportiva que envolvia veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesão na medula espinhal. O evento foi realizado em Stoke Mandeville, na Inglaterra. Quatro anos mais tarde, competidores da Holanda uniram-se aos jogos e assim nasceu um movimento internacional. Este fez com que jogos no estilo olímpico, para atletas deficientes, fossem organizados pela primeira vez em Roma, em 1960. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) O sucesso do trabalho motivou o Dr. Guttmann a organizar a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas e no dia 29 de julho de 1948 – exatamente a data da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, aconteceu à competição denominada Stoke Mandeville Games. (SENATORE, 2006) Nas próximas Olimpíadas, em Helsinque (1952), o acontecimento mais marcante quanto a integração do movimento olímpico seria o reaparecimento dos desportistas da União Soviética segundo Vasconcellos (2011). A Finlândia, sempre alvo e rota de conflitos no continente europeu, conseguiu sucesso com 67 países representados por quase cinco mil 11 atletas. O Brasil obteve 3 medalhas, 2 medalhas de bronze – 1 na natação e 1 no salto em altura – e 1 de ouro na competição de saltos de hipismo. (CARDOSO, 2000) No intuito das Paraolimpíadas, no mesmo ano, ex-soldados holandeses se uniram para participar dos jogos de Stoke Mandeville, e juntamente com os ingleses, fundaram a ISMGF – International Stoke Mandeville Games Federation – Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, dando início ao movimento esportivo internacional que viria a ser base para a criação do que hoje conhecemos como esporte paraolímpico. (SENATORE, 2006) Em 1956 foram realizados os primeiros Jogos Olímpicos do Hemisfério Sul, em Melbourne, Austrália, evento ao qual compareceram mais de três mil atletas de 67 países. (VASCONCELLOS, 2011). Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, o país levou apenas 48 atletas para as competições. Ainda sim, Adhemar Ferreira da Silva fez história ao vencer novamente no salto triplo e tornar-se o primeiro brasileiro a ganhar duas medalhas de ouro consecutivas na mesma prova. No ano de 1960, as Olimpíadas foram realizadas em Roma, um portentoso espetáculo de massa transmitido mundialmente, tiveram cobertura televisiva para vários países, reproduziram uma competição atlética de alto nível e de alta visibilidade, consolidando a colocação mercadológica das Olimpíadas. Os brasileiros trouxeram duas medalhas de bronze, uma na natação e outra no basquete. (VASCONCELLOS, 2011) Ainda no ano de 1960, ocorreram os Jogos Paraolímpicos, onde competidores da Holanda uniram-se aos jogos e assim nasceu um movimento internacional. Este fez com que jogos no estilo olímpico, para atletas deficientes, fossem organizados pela primeira vez em Roma (Comitê Paralímpico Brasileiro). 400 atletas de 23 países participaram da primeira paraolimpíada. A partir daí, os jogos vêm sendo realizados a cada quatro anos, de forma cada vez mais organizada e sempre com número crescente de participantes. (SENATORE, 2006) Em 1964 os Jogos Olímpicos foram realizados em Tóquio, bem organizados e mais custosos segundo Vasconcellos (2011) que contou com a participação de mais de cinco mil atletas de 94 países, batendo recordes anteriores. Brasil novamente levou bronze no basquete. No México, foram realizados os Jogos Olímpicos de 1968. Apesar da participação recorde de mais de 100 países representados por cerca de seis mil atletas, houve falhas organizacionais dos administradores e protestos estudantis, protestando pelos gastos. (CARDOSO, 2000). A equipe brasileira chegou aos 2.240 metros de altitude com 84 atletas 12 para disputar 13 modalidades. Na volta, três medalhas: uma prata no salto triplo, um bronze no boxe, outro na vela segundo Comitê Olímpico Brasileiro (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012). As Olimpíadas de Munique em 1972, ficaram marcadas pelo assassinato de onze atletas israelenses por um grupo de guerrilheiros palestinos. (VASCONCELLOS, 2011) Em um exemplo de amor à paz e superação das diferenças, a competição teve sequência em harmonia. O Brasil levou 89 atletas para a Alemanha e voltou com duas medalhas de bronze: uma no salto triplo, outra no judô. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) Os Jogos Paraolímpicos foram realizados em Heildelberg na Alemanha, e até então, somente atletas em cadeira de rodas participavam das olimpíadas. (SENATORE, 2006) Em Montreal, 1976, os Jogos Olímpicos tiveram uma redução no número de atletas e de países participantes segundo Vasconcellos (2011) por um boicote. 441 atletas de 14 modalidades diferentes foram impedidos de competir. No pugilismo, por exemplo, de 370 competidores, apenas 90 puderam disputar. O brasileiro João do Pulo trouxe ao país uma medalha de bronze. (CARDOSO, 2000) Em Toronto foi realizada a Paraolimpíada de 1976, onde começaram a incluir atletas com outras deficiências, como amputados e deficientes visuais, e em 1980, Arnhem, na Holanda, foram incluídos os atletas com paralisia cerebral. (SENATORE, 2006) Em 1980 ocorreu a XXII Olimpíada, em Moscou, que também sofreu com um boicote prejudicando o movimento olímpico com a característica de que, dessa vez, as superpotências protagonizavam diretamente a peça político-esportiva. Participaram 84 países, embora 18 deles não desfilassem seus símbolos nacionais. O Brasil trouxe 4 medalhas, duas de ouro no iatismo e duas de bronze – uma na natação e uma no salto. (VASCONCELLOS, 2011) O boicote, ou a ‘’não participação’’ da União Soviética (URSS) provavelmente influenciou a decisão da FIFA conforme cita Vasconcellos (2011), em 1984, em outorgar á Itália e não a União Soviética a Copa do Mundo de 1990, embora a imprensa soviética creditasse a preterição aos impostos como interesse comercial da Coca-Cola e da televisão ocidental. Mesmo assim, participaram dos jogos 141 países, novo recorde, disputados por 7.800 atletas. 13 O Brasil pode festejar em Los Angeles sua mais gorda safra de troféus olímpicos. Os brasileiros conquistaram 8 medalhas, uma de ouro – na corrida, cinco de prata – uma na natação, uma no judô, uma no iatismo, uma no futebol e a última no vôlei masculino. O judô ainda trouxe mais duas medalhas de bronze. (CARDOSO, 2000) Em 1988, as Olimpíadas de número XXV aconteceram em Seul, chamada de ‘’Jogos da Confraternização’’ porque depois de sucessivos boicotes duelados por soviéticos e norteamericanos, nessa edição voltavam ao enfrentamento e convívio no mesmo evento. (VASCONCELLOS, 2011). O Brasil reduziu seu quadro de medalhas de 8 para 6 nessa edição. Trouxeram duas medalhas de prata, uma conquistada pelo futebol e outra pelo atletismo. Conquistaram também três medalhas de bronze, duas na competição a velas e uma na natação. Além de uma medalha de ouro, conquistada pelo judô. (CARDOSO, 2000) O sucesso da participação brasileira nas Paraolimpíadas em Seul, quando foram conquistadas 27 medalhas, quatro de ouro, nove de prata e quatorze de bronze, contribuiu para tornar o movimento paraolímpico mais conhecido em nosso país e foi decisivo na formulação do modelo de administração esportiva adotado pelo governo eleito em 1989. (SENATORE, 2006) Em Barcelona, 1992, novamente o Brasil reduziu suas medalhas. Apenas 3, duas de ouro e uma de prata. As de ouro conquistadas no judô e na natação e a de prata, no vôlei (CARDOSO, 2000). Nas Paraolimpíadas, os atletas conquistaram sete medalhas, três de ouro e quatro de bronze. (SENATORE, 2006) Repetindo o esquema adotado doze anos antes em Los Angeles, Atlanta também preparou a total privatização dos Jogos Olímpicos de 1996. Escorada na tradição e vigor de seu setor empresarial, sede da rede de televisão CNN, da Coca-Cola e da Delta Airlines, a cidade tratou as olimpíadas do ano como um grande empreendimento comercial (VASCONCELLOS, 2011). 197 países participaram das competições, com um número de 10.788 atletas, onde o Brasil foi representado por 255, 159 homens e 66 mulheres. No total, o Brasil ganhou 15 medalhas, dobrando o recorde anterior. Nove medalhas de bronze foram conquistadas nas modalidades de atletismo, futebol masculino, salto por equipe, iatismo, judô masculino meio-leve e meio-pesado, duas na natação masculina e uma no vôlei feminino. O basquete feminino e a natação masculina trouxeram medalhas de prata e ouro no iatismo em duas categorias: misto e laser, e mais duas medalhas no vôlei de praia feminino. (CARDOSO, 2000) 14 Ainda em Atlanta, os atletas Paraolímpicos trouxeram para o país um total de 21 medalhas, duas de ouro, seis de prata e treze de bronze. Na edição seguinte, em Sydney, conquistaram 22 medalhas, seis de ouro, dez de prata e seis de bronze. (SENATORE, 2006) Os Jogos Olímpicos de 2000 foram realizados em Sydney, onde o governo se encarregou de construir uma Vila Olímpica, de todos os estádios, instalações, facilidades desportivas e também de parte da publicidade institucional (VASCONCELLOS, 2011). Em Sidney 2000, o Brasil competiu com 205 atletas e conquistou seis pratas e seis bronzes. As mulheres voltaram a ganhar medalhas nas duas modalidades do vôlei (praia e quadra) e no basquete. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) Em 2004 os Jogos foram realizados em Atenas. A passagem da Tocha Olímpica dos Jogos Olímpicos pelo Rio de Janeiro atraiu cerca de 1,4 milhão de pessoas em um percurso de 49 km. Na Grécia, o Brasil conquistou o melhor resultado da história: cinco medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze, e ficou em 16º lugar. Pela primeira vez, o país ficou entre os 20 primeiros do quadro geral de medalhas. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) Os jogos em Atenas, 2004, foram especiais para o movimento paraolímpico. Foram 33 medalhas conquistadas, quatorze de ouro, doze de prata e sete de bronze, resultado que, por si só, retrata a luta e a obstinação desses heróis guerreiros. (SENATORE, 2006) No mesmo ano, os Jogos Paraolímpicos reuniu 3.806 atletas representando 136 países, número maior que os Jogos Olímpicos realizados em Munique, em 1972. (SENATORE, 2006) Em 2006, ocorreu a primeira participação de deficientes mentais em competições em caráter de demonstração nos jogos de Atlanta. Nos jogos em Sydney, 2006, eles foram oficialmente incluídos nas modalidades de atletismo, basquetebol, natação e tênis de mesa. Devido a problemas sério de irregularidades e fraudes quanto a elegibilidade dos atletas, houve suspensão de atletas com deficiência mental das atividades até que se encontre um caminho eficaz e seguro. (SENATORE, 2006) Nos Jogos Olímpicos em Pequim, 2008, o esporte brasileiro começou com dois recordes: o número de participantes de 277 atletas competindo em 32 modalidades. Durante a competição, o Time Brasil manteve a evolução qualitativa alcançada nos anos anteriores e conquistou três medalhas de ouro “inéditas” (individual feminino, coletivo feminino e 15 natação), além de quatro de prata e oito de bronze, com participação recorde em 38 finais. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) Uma das ações de maior impacto foi, sem dúvida alguma, a assinatura em 19 de Junho de 2001, de um acordo entre o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) que tornou obrigatório a partir de Pequim – 2008 que a cidade ao apresentar sua candidatura para os Jogos Olímpicos de Verão e Inverno englobe na mesma proposta a realização das Paraolimpíadas (SENATORE, 2006). Uma das condições desse tratado é o limite de 4.000 atletas paraolímpicos até 2016. (Comitê Organizador dos Jogos Parapanamericanos, 2007) Em 2012, foi a vez de Londres sediar os Jogos Olímpicos. O Brasil conquistou um número recorde de medalhas, mas quem ficou em primeiro lugar no pódio foi a equipe norteamericana com 46 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze. Em segundo lugar ficou a China, com 8 medalhas de ouro a menos. Em terceiro, Grã-Bretanha, com 29 medalhas de ouro. Apesar do recorde citado, o Brasil ficou classificado em 22º lugar com 17 medalhas, 3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes. (Rádio e Televisão Record S/A, 2012) Nas paraolimpíadas que ocorreram do dia 29 de Agosto a 9 de Setembro de 2012, o país conquistou 43 medalhas no total, quase a mesma quantidade dos Jogos Olímpicos do mesmo ano, chegando a 7ª posição no quadro geral, ficando abaixo de países como a China (1º lugar), Grã-Bretanha (3º lugar) e Estados Unidos em 6º lugar. Dessas 43 medalhas, 21 foram de ouro, 14 de prata e 8 de bronze. As de ouro foram conquistadas em modalidades como a bocha, natação, atletismo e futebol de 5. (Ministério do Esporte, 2012) O surgimento do esporte para pessoas com deficiência, e seu crescimento em todo o mundo, fez com que gradativamente fossem criadas entidades internacionais, nacionais e regionais nas diversas áreas de deficiência e também em diferentes modalidades, com a responsabilidade de melhor administrá-lo. Tanto a organização das disputas no esporte adaptado, quanto a classificação dos atletas, seguem normas específicas de órgãos reguladores, que racionalizam e representam o componente burocrático desse universo. A função desses órgãos é muito semelhante à de uma instituição nacional reguladora de uma modalidade para não-deficientes, ou seja, supervisionar o desenvolvimento e a condução de suas disputas e eventos, além de promover a participação de seus membros nos mesmos. Tais órgãos, que oferecem programas esportivos para pessoas com deficiência, podem ser classificados como organizações poliesportivas e monoesportivas. (PACIOREK, 2004) 16 As olimpíadas e paraolimpíadas recebem auxílio do governo, por uma Lei sancionada por Fernando Henrique Cardoso em 16 de Julho de 2001. Chamada de Lei Agnelo/Piva, é destinada 2% da arrecadação bruta das loterias federais do país em favor do COB (85%) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (15%). Dos 85% que lhe cabe, o COB investe obrigatoriamente por lei 10% no Esporte Escolar e 5% no Esporte Universitário, e o restante é aplicado nos programas das Confederações e do COB. Outros recursos são obtidos a partir de patrocinadores privados, doações e de convênio com os três níveis de Governo, viabilizando alguns dos projetos de desenvolvimento esportivo. (Comitê Olímpico Brasileiro, 2012) A presidente Dilma Rousseff e o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, lançaram no dia 13 de Setembro de 2012 o plano Brasil Medalhas. O programa irá investir R$ 1 bilhão para apoio aos atletas e construção de centros de treinamento. Os recursos, previstos para serem aplicados a partir de 2013, vão se somar ao R$ 1,5 bilhão já destinado para os esportes de alto rendimento. De R$ 1 bilhão, R$ 690 milhões serão destinados a medidas de apoio a atletas e R$ 310 milhões para construir e reformar centros de treinamento. (Rádio e Televisão Record S/A, 2012) Para levar os recursos até os atletas, o plano vai oferecer uma bolsa pódio aos esportistas de alto rendimento, que vão receber R$ 15 mil por mês. Já os técnicos e equipes de financiamento serão financiados com R$ 10 mil por mês, cada. Outros R$ 310 milhões serão investidos para construir e reformar locais para treinamento. Serão construídos 22 centros olímpicos e um paraolímpico. (Radio e Televisão Record S/A, 2012) Os investimentos prioritários vão para 21 modalidades olímpicas e 15 paraolímpicas, que o governo considera ter mais chances de medalhas. Cada atleta também receberá também R$ 20 mil mensais para financiar materiais esportivos. De acordo com o ministro Aldo Rebelo, cerca de 200 atletas serão beneficiados. Os beneficiários serão selecionados a partir de critérios de necessidade, além de mérito. Esses investimentos visam colocar o Brasil entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos e entre os cinco primeiros nos Jogos Paraolímpicos. (Rádio e Televisão Record S/A, 2012) Portanto, esse trabalho visa traçar o perfil dos atletas que buscam estar entre a equipe enviada para as Paraolimpíadas, verificando suas necessidades primárias e dificuldades que enfrentam no âmbito financeiro, sua capacidade ou limitação do dia a dia, nos treinos e em competições. 17 METODOLOGIA No dia 21 de Agosto de 2012 foram atendidos 15 atletas paraolímpicos pelos estagiários de Nutrição Aplicada a Atividade Física (NAAF) na Clínica Escola de Nutrição (CENUT), localizada na Universidade Católica de Brasília. Foi aplicado um questionário a cada um deles separadamente e em seguida, aberto um prontuário no nome do atleta. No CENUT há um registro dos pacientes atendidos com o nome deles, a turma e o grupo que os atenderam. Há também o tipo de deficiência de cada um deles e número de telefone para contato. Todos os prontuários foram separados, com exceção de um, por provável perda, para reunião de todos os dados relevantes para traçar o perfil. Foram extraídos dados como sexo, idade, modalidade esportiva e posição praticada, objetivo da consulta, escolaridade, ocupação atual, renda pessoal, se possui vícios no cigarro ou no álcool, uso de medicamentos fitoterápicos ou anabolizantes, há quanto tempo pratica atividade física, a utilização ou não de suplementos nutricionais para melhora de desempenho, além de peso, altura, dobras, circunferências e análise do recordatório 24 horas. 18 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram colhidos dados de 14 atletas com diferentes deficiências, como: - Paralisia Cerebral - Deficiência Visual - Má formação de membros - Amputados. Entre essas deficiências citadas, paralisia cerebral representa 50% dos atendimentos realizados, 28% acometem os pacientes amputados, 14% são atletas com deficiência visual e 8% apresenta má formação. Dez dos atletas atendidos são do sexo masculino representando 71% e apenas quatro do sexo feminino (29%). Entre as mulheres, duas são adolescentes e entre os homens apenas um. Esse dado é relevante para pontos de corte que serão apresentados mais a frente. Com relação à profissão e ocupação atual, 35,7% declarou ser apenas estudante, não exercer nenhuma outra atividade, praticam e treinam o esporte, mas não se consideram ainda, atletas. A mesma porcentagem se considera atleta, possui sua profissão e buscam no esporte uma alternativa visando competições. 28,6% exercem suas profissões como serviços gerais, digitalizador ou analista judiciário assim como ocupação, porém, exercem e se consideram atletas em segundo plano. O quadro 1 representa o percentual de atletas e suas modalidades. Lembrando que existem atletas que praticam mais de uma modalidade, podendo exercer até 3 delas. No quadro 2, mostra qual é o maior objetivo deles, sendo considerado apenas o objetivo principal. Na questão da escolaridade, a maioria apresenta Ensino Fundamental Completo (36%) entre adultos e adolescentes, prevalecendo os mais jovens e 14% cursa essa etapa escolar. 29% dos atletas possuem Ensino Médio Completo e também com 14%, atletas possuem Ensino Superior Completo. 7% representam os atletas que ainda estão cursando o Ensino Superior. 19 Quadro 01 – Modalidades esportivas. Arremesso de disco ou peso 10% Ciclismo 5% Basquete 9% Salto a distância 10% Trico com arco 9% Atletismo 43% Arco e flecha 5% Natação 9% Quadro 02 – Objetivo no atendimento nutricional Ganhar massa magra 14% Reeducação alimentar 22% Melhorar desempenho 64% Podemos observar que mais da metade, 64%, objetiva melhorar seu desempenho, seja no tempo, na performance, na melhora física ou reduzir a fadiga pós treino. Apenas 3 dos atletas, relataram necessidade de fazer uma reeducação alimentar, aprender o que ingerir e quando ingerir para melhorar a saúde, melhorando consequentemente o rendimento no dia a dia e nos treinos. 2 deles, objetivam o ganho de massa magra. Outro fator importante e relevante coletado, foi a renda pessoal de cada um deles, podendo separar por faixas de salários mínimos, minimizando os constrangimentos no 20 momento de responder. O resultado desse dado será representado no quadro abaixo (Quadro 03). Quadro 03 – Renda pessoal por mês. Mais de 10 salários 7% Entre 5 e 10 salários 29% Até 1 salário mínimo 43% Entre 1 e 4 salários 21% Dados como o consumo de cigarro, álcool, uso de fitoterápicos e esteróides anabólicos androgênicos (anabolizantes) também foram analisados e não foi detectado vício. Nenhum deles faz uso de cigarro de qualquer espécie. A bebida alcoólica é utilizada por 29% dos entrevistados, alegando uso esporádico como em datas festivas, poucos finais de semana por mês e sem consumo exagerado, um consumo dito por eles ‘social’ e 71% relata não ingerir álcool nem em datas comemorativas. No quesito uso de fitoterápicos, 2 relataram ingerir citando o nome, porém, são medicamentos farmacêuticos e não fitoterápicos, portanto, podemos considerar que nenhum deles faz esse tipo de uso. Para os anabolizantes, um atleta alegou ter usado, não informando o tempo de uso e quantidade. Para o uso de suplementos, houve pouca diferença entre os que usam e os que não usam suplementação, 57% e 43% respectivamente. Entre os mais usados estão a maltodextrina, proteína, caseína, BCAA e ômega-3. No tempo de atividade, houve variação entre as modalidades de cada atleta, portanto, foram classificados da mesma forma que a renda pessoal, por faixa de tempo. 64%, a maioria, começou a praticar seus esportes entre 1 a 4 anos atrás, representados pelos atletas mais jovens. 7% tem 6 anos de atividade e 29% já tem mais de 8 anos de atividade, onde o atleta de maior idade da amostra, 41 anos, completa 16 anos de exercícios, na modalidade ciclismo. 21 Em relação a antropometria, os adolescentes apresentaram IMC de 15,61 kg/m², 22,38 kg/m² e 24,74 kg/m². A OMS (2007) determina os parâmetros, pontos de corte para diversas faixas etárias. No caso dos adolescentes quem estiver entre o percentil 3 e percentil 85, estão eutróficos para o IMC, sendo o caso dos dois primeiros IMC’s citados levando em consideração o sexo e idade de cada um deles. No caso do último IMC, a OMS (2007) considera sobrepeso da atleta. Para os adultos, a OMS (2005) também determina valores de pontos de corte para o IMC. De acordo com os dados colhidos, 10 dos atletas adultos estão classificados como eutróficos e apenas 1 classificado com sobrepeso, com IMC de 28,73 kg/m², chamando atenção para não chegar a obesidade. Esse atleta, durante a entrevista, citou a vontade de perder peso no objetivo da consulta, deixando para segunda opção. Já em relação aos parâmetros para dobras cutâneas, verifica-se que três atletas possuem o percentual de gordura classificados como excelente para sexo e faixa etária determinado por Fernandes (2003). A mesma quantidade foi classificada como bom. Um atleta foi classificado como mediano, um atleta ficou acima da média e apenas um como ruim, com o percentual de gordura elevado para sexo e faixa etária. Quadro 04 – Dobras cutâneas e percentual de gordura corporal. Atletas DC Abdômen DC. Axilar DC Coxa DC Média Medial Subescapular A.R. 29 mm 13 mm 22 mm 13 mm D.R. 10 mm 9 mm 12 mm 10 mm J.V. 33 mm 20 mm 24 mm 21 mm J.B. 11 mm 6 mm 12 mm 10 mm L.M. 5 mm 5 mm 6 mm 9,5 mm L.S.* - - - 16 mm L.R. 19 mm 8 mm 11 mm 11 mm L.C. 20 mm 15 mm 20 mm 10 mm M.L.* 27 mm 21 mm - 21 mm W. 15 mm 10 mm 12 mm 14 mm W.S. 25 mm 15 mm 20 mm 15 mm 22 Atletas DC Supra DC Peitoral DC Triciptal Ilíaca % Gordura Classificação Corporal A.R. 22 mm 13 mm 11 mm 19,07% Acima da média D.R. 8 mm 7 mm 8 mm 7,84% Bom J.V. 34 mm 15 mm 20 mm 22,43% Ruim J.B. 9 mm 5 mm 6 mm 7,61% Bom L.M. 9,5 mm 5 mm 5 mm 5,42% Excelente L.S.* - - 20,3 mm - L.R. 6 mm 8 mm 5 mm 10,34% Excelente L.C. 12 mm 5 mm 5 mm 14,13% Excelente M.L.* 22 mm 12,3 mm 22 mm - W. 19 mm 9 mm 10 mm 12,68% Bom W.S. 15 mm 11 mm 15 mm 15,3% Média Obs: (*) Os dados não foram suficientes para o cálculo de gordura corporal. Quadro 05 – Parâmetro para classificação do %GC: Nível/Idade Excelente Bom Acima Média Média Abaixo Média Ruim Muito Ruim Nível/Idade Excelente Bom Acima Média Média Abaixo Média Ruim Muito Ruim Referência %GC para Homens 16 - 25 26-35 36-45 4 a 6% 8 a 11% 10 a 14% 8 a 10% 12 a 15% 16 a 18% 12 a 13% 16 a 18% 19 a 21% 14 a 16% 18 a 20% 21 a 23% 17 a 20% 22 a 24% 24 a 25% 20 a 24% 24 a 27% 27 a 29% 26 a 36% 28 a 36% 30 a 39% Referência %GC para Mulheres 16 - 25 26-35 36-45 13 a 16% 14 a 16% 16 a 19% 17 a 19% 18 a 20% 20 a 23% 20 a 22% 21 a 23% 24 a 26% 23 a 25% 24 a 25% 27 a 29% 26 a 28% 27 a 29% 30 a 32% 29 a 31% 31 a 33% 33 a 36% 33 a 43% 36 a 49% 38 a 48% 46-55 12 a 16% 18 a 20% 21 a 23% 24 a 25% 26 a 27% 28 a 30% 32 a 38% 56-65 13 a 18% 20 a 21% 22 a 23% 24 a 25% 26 a 27% 28 a 30% 32 a 38% 46-55 17 a 21% 23 a 25% 26 a 28% 29 a 31% 32 a 34% 35 a 38% 39 a 50% 56-65 18 a 22% 24 a 26% 27 a 29% 30 a 32% 33 a 35% 36 a 38% 39 a 49% Fonte: FERNANDES, J. F. A Prática da Avaliação Física. 2. Ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. Existem ainda dados que determinam os valores médios de PCT, CB e CMB para homens e mulheres. Para os homens, o valor médio de dobra cutânea triciptal é de 12,5 mm, com isso, podemos verificar que no quadro acima há sete atletas com esse valor menor que a média, o que indica baixa reserva de tecido adiposo no local de aferição. (JELLIFE, 1966) 23 Os dados relevantes para determinar se há risco de doenças cardiovasculares e qual o grau desse risco são as circunferências. A relação entre a circunferência da cintura com o quadril pode ser utilizada, mas nesse trabalho utilizaremos a circunferência abdominal que é mais utilizada atualmente. Na circunferência abdominal, apenas duas atletas apresentam circunferência abdominal acima do recomendado, 80 cm para o sexo feminino, uma com 84,5cm e outra com 89 cm, caracterizando risco para doenças cardiovasculares. Entre os homens, todos abaixo do limite recomendado que é 94 cm. (Duarte e Castellani, 2002) Com relação a circunferência muscular do braço que determina a quantidade ou reserva de tecido muscular, o valor médio para mulheres é 23,2 cm e para homens 25,3 cm de acordo com Jellife citado por Duarte e Castellani, 2002. Quadro 06 – Circunferência muscular do braço Atletas D.C. Triciptal Circunferência Circunferência do Braço Muscular do Classificação Braço A.J. 20 mm 26,5 cm 20,22 cm Desnutrição leve A.R. 11 mm 33 cm 29,55 cm Sobrepeso D.R. 8 mm 28 cm 25,49 cm Eutrofia D.S. 19 mm 28 cm 22,03 cm Desnutrição leve J.V. 20 mm 34 cm 27,72 cm Eutrofia J.B. 6 mm 30,5 cm 28,62 cm Sobrepeso L.M. 5 mm 27 cm 25,43 cm Eutrofia L.S.f 20,3 mm 26,5 cm 20,12 cm Desnutrição leve L.R. 5 mm 29 cm 27,43 cm Eutrofia L.C. 5 mm 31 cm 29,43 cm Sobrepeso M.L.f 22 mm 30 cm 23,02 cm Eutrofia V.A.f 20 mm 27,5 cm 21,22 cm Eutrofia W. 10 mm 29 cm 25,86 cm Eutrofia W.S. 15 mm 32 cm 27,29 cm Eutrofia 24 De acordo com o quadro apresentado, mais de 55% dos atletas, independente do sexo e faixa etária, estão eutróficos para massa magra em membros superiores e apresentam reserva de tecido muscular adequada. Aproximadamente 22% apresentam hipertrofia, um acúmulo de massa magra e a mesma porcentagem apresenta depleção desse tecido no mesmo local. Analisando e calculando os recordatórios de 24 horas, foi possível avaliar os alimentos mais consumidos pelos atletas. Foram calculadas as quilocalorias totais do dia de cada um deles, onde o resultado varia de 1.173,28 kcal a 4.914,07 kcal. Somando todos eles e dividindo pelo número de atletas, o consumo médio por dia é de 2.248,44 kcal. Comparando esses resultados com um estudo feito com várias modalidades paralímpicas brasileiras em 2002, os resultados são idênticos. A Revista Brasileira de Medicina do Esporte (RBME) trouxe dados da equipe de atletismo masculina e feminina. No sexo masculino, há correlação com a estatura, onde na pesquisa apresentou a média de 172,8 cm e nos atletas atendidos no CENUT do mesmo sexo, estatura média de 172,2 cm. No Índice de Massa Corporal (IMC) do estudo, apenas dois entre 7 atletas estavam acima da média encontrada enquanto nos atletas atendidos, de 10 homens, 2 estavam com sobrepeso. Quanto ao percentual de gordura há divergência, pois em 7 atletas estudados, 4 estavam acima da média, e neste estudo com 10, apenas 2 homens apresentaram o percentual acima da média ou ruim. No sexo feminino, mas ainda na mesma modalidade, o estudo não teve muitas atletas para analisar, o que confirma a predominância masculina no atletismo. Em duas atletas analisadas, houve grande diferença de gordura corporal entre elas e não teve possibilidade de correlacionar pela falta de dados em prontuário das atletas atendidas no CENUT. Com relação com a altura obtida, a média do estudo foi de 163 cm e nas atletas atendidas, média de altura de 157 cm, diferença apresentada de 6 cm. Para IMC, a média encontrada nas atletas estudadas foi de 20,22 kg/m² e nas atletas do CENUT, média de 21,17 kg/m², onde uma entre as quatro atendidas, apresenta sobrepeso, elevando essa diferença de aproximadamente 1kg/m². Por fim, pode-se determinar o perfil desses atletas paraolímpicos. Em sua maioria, são atletas de renda e escolaridade baixa, mas que buscam maiores informações e oportunidades. Estão se preocupando e se informando para manter o desempenho, permanecer com o peso ideal na tentativa de melhorar cada vez mais. São atletas que fazem ingestão alimentar diária 25 que suprem suas necessidades e sabem se controlar quando o assunto pertence ao grupo dos doces, açúcares, óleos e gorduras. Os atletas paralímpicos estão a frente dos atletas que disputam nos Jogos Olímpicos no que diz respeito a medalhas. O Brasil conseguiu chegar a 7º lugar, com 43 medalhas nas Paralimpíadas de Londres, em 2012, com 75 países participantes se tornando o melhor resultado até o momento, enquanto nas Olimpíadas que já chegaram a XXX edição, o melhor resultado alcançado, foi na VII edição dos Jogos, em 1920, Antuérpia, com apenas 3 medalhas conquistadas. Esses dados mostram que o Brasil tem muito a ganhar se investir, incentivar, apoiar e exibir na televisão cada edição, mostrando que eles são capazes e confirmam isso a cada Paralimpíada. O Brasil já participou de 11 edições e seu pior resultado foi em 1996, ficando em 37º lugar, porém, vem mostrando crescimento, dedicação, força e superação. Eles sabem o potencial que tem, só falta o investimento apropriado para que mostrem seu talento e se torne um esporte-espetáculo assim como são os Jogos Olímpicos. 26 CONCLUSÃO Diante das informações apresentadas e do perfil traçado, podemos observar o quão importante é a nutrição desses atletas e o quanto interfere na vida profissional de cada um deles. É de suma importância saber como abordar, como avaliar esses pacientes que possuem uma deficiência, tomando o cuidado necessário para o conforto e confiança deles para nós profissionais. De acordo com a história, a paraolimpíada vem crescendo gradativamente, a pequenos passos, e ainda, não tem o espaço e o apoio necessários para se permanecer em uma vida profissional adequada e digna como atleta. De certa forma, enquanto as Olimpíadas tem seu espaço reservado e disputado por mídias e mídias, caracterizando um esporte-espetáculo, as paralimpíadas ainda tentam buscar, correr atrás de seu espaço, de uma abertura para mostrar do que são capazes apesar de qualquer limitação que os acometeu. Ainda que o esporte nessa modalidade não tenha o reconhecimento ideal, outros profissionais estão atentos a essa nova geração de atletas. O nutricionista, por exemplo, está cada vez mais habilitado e capacitado para atender as necessidades diárias desses atletas, incluindo os treinos, os estudos, o trabalho, adequando horários e tipo de alimentação de acordo com cada atleta, realizando um suporte individualizado. A área esportiva cresce a passos largos, cada vez mais nutricionistas se especializam nessa área e buscam as melhores alternativas de melhorar um desempenho, seja com a perda de peso, com o aumento de massa magra, com o auxílio de suplementos ou apenas com a alimentação balanceada. Sabe-se que hoje em dia, qualquer atleta, precisa de um nutricionista ao lado, descobrindo novas formas trabalhar, sempre respeitando as legislações vigentes para as competições. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, Maurício. Os arquivos das olimpíadas. São Paulo: Editora Panda, 2000. 696 p. DUARTE, Antonio Cláudio Goulart; CASTELLANI, Fabrizzio Reis. Semiologia nutricional. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2002. FERNANDES FILHO, José. A prática da avaliação física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. GEBARA, Ademir. Educação física & esportes: Perspectivas para o século xxi. 11. ed. Campinas: Papirus, 1992. 260 p. PACIOREK, M.J. Esportes adaptados. In: WINNICK, J.P. Educação física e esportes adaptados. Barueri: Manole, 2004. p.37-52. PRONI, Marcelo Weishaupt; LUCENA, Ricardo de Figueiredo (Coord.). Esporte: história e sociedade. Campinas: Editora Autores Associados Ltda., 2002. 248 p. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE. Avaliação antropométrica e de composição corporal de atletas paraolímpicos brasileiros. Volume 8, Nº 3 – Maio/Junho, 2002. SENATORE, V. Paraolímpicos do futuro. In: CONDE, A.J.M.; SOUZA SOBRINHO, P.A.; SENATORE, V. Introdução ao movimento paraolímpico: manual de orientação para professores de Educação Física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2012. Disponível em: http://www.informacao.srv.br/cpb/pdf/introducao.pdf. Acesso em: 5 Out. 2012. TUBINO, Manoel José Gomes. Teoria geral do esporte. São Paulo: IBRASA, 1987. 80 p. VASCONCELLOS, Douglas Wanderley de. Esporte, poder e relações internacionais. 3. ed. Brasília, DF: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011. 267 p. COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. Linha do tempo. Disponível em: www.cob.org.br. Acesso em 10 de Outubro de 2012. COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO. Jogos Paralímpicos. Disponível em: www.cpb.org.br. Acesso em 10 de Outubro de 2012. 28 MINISTÉRIO DO ESPORTE. Londres 2012. Disponível em: www.esporte.gov.br/londres2012/. Acesso em 23 de Outubro de 2012. RÁDIO E TELEVISÃO RECORD S/A. Plano Brasil Medalhas prevê mais R$ 1 bilhão de investimentos no Esporte. Disponível em: http://esportes.r7.com/esportesolimpicos/noticias/plano-brasil-medalhas-preve-mais-r-1-bilhao-de-investimentos-no-esporte20120913.html. Acesso em 8 de Outubro de 2012.