LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM POLIOMIELITE E OUTRAS DEFICIÊNCIAS, APÓS O PIÇARRO TESTE ADAPTADO Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo para a obtenção do título de especialista em intervenção fisioterapêutica em doenças neuromusculares São Paulo 2010 LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM POLIOMIELITE E OUTRAS DEFICIÊNCIAS, APÓS O PIÇARRO TESTE ADAPTADO Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo para a obtenção do título de especialista em intervenção fisioterapêutica em doenças neuromusculares Orientadora: Ft. Esp. Maria Salete Conde Co-orientador: Ft. Esp. Miguel Francisco Bezerra de Medeiros São Paulo 2010 Costa, Leandro Pedrosa; Santos, Nathalia Sá Comparação da Percepção Subjetiva de esforço em atletas de basquete em cadeira de rodas com poliomielite e outras deficiências, após o Piçarro Teste Adaptado. / Leandro Pedrosa Costa e Nathalia Sá dos Santos – São Paulo, 2010. - São Paulo, 2009. xiii, 84 f. Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Pós-Graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Título em inglês: Comparison of perceived exertion in athletes of basketball in a wheelchair with polio and other disabilities, after Picarro Adapted Test 1.Basquete em cadeira de rodas 2.Poliomielite 3. Percepção Subjetiva de Esforço 4.Síndrome Pós-Poliomielite UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA – SETOR DE DOENÇAS NEUROMUSCULARES Chefe de departamento: Dra. Débora Amado Scerni Coordenador do curso de especialização em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares: Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira Dra. Sissy Veloso Fontes Ft. Ms. Francis Meire Favaro Ortensi Ft. Ms. Abrahão Augusto J. Quadros LEANDRO PEDROSA COSTA NATHALIA SÁ DOS SANTOS COMPARAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM POLIOMIELITE E OUTRAS DEFICIÊNCIAS, APÓS O PIÇARRO TESTE ADAPTADO Presidente da banca: Prof. Dr._________________________________________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr._________________________________________________________ Prof. Dr._________________________________________________________ DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a nossos familiares e amigos que nos ajudaram e apoiaram. Aos atletas, que nos receberam em seus clubes sempre com o desejo de contribuir para a realização desta pesquisa. Aos amigos do ambulatório de esporte adaptado da UNIFESP-EPM, que nos acolheram neste ano de muito trabalho e crescimento para nós. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus em primeiro lugar, por ser nosso alicerce sempre. Aos técnicos dos clubes e principalmente aos atletas, que participaram desta pesquisa nos auxiliando e contribuindo para a realização deste trabalho. Aos coordenadores, aos mestres e amigos da especialização, que nos proporcionaram amizade, inúmeros conhecimentos, e a oportunidade da realização de mais uma etapa em nossas vidas. A toda equipe do ambulatório de Esporte Adaptado da UNIFESP-EPM por nos proporcionar este ano inesquecível junto a eles, e principalmente a Maria Salete Conde e Miguel Medeiros, nossa orientadora e co-orientador por sempre se colocarem a disposição e sempre prontos a nos auxiliar a qualquer momento, por nos ensinaram o que é, e qual a importância de um trabalho científico, nos mostrar e nos aproximarmos do mundo do esporte adaptado e acima de tudo, nos fazer acreditar que é necessário sempre se envolver e ter amor por tudo o que se faz, para que seja bem feito. SUMÁRIO 1 – Introdução 1.1 – Objetivo 2 - Revisão de Literatura 2.1 – Poliomielite Anterior Aguda 2.1.1 – Síndrome Pós-Poliomielite 14 15 17 17 19 2.1.1.1- Epidemiologia 20 2.1.1.2 – Etiologia 21 2.1.1.3 – Diagnóstico 22 2.1.1.4 - Quadro Clínico 22 2.2 - Exercício e Treinamento 24 2.2.1 – Prescrição e benefícios de exercícios físicos para deficientes 25 2.2.2 - O exercício físico e a Poliomielite/Síndrome Pós-Poliomielite 26 2.3 – Percepção Subjetiva de Esforço e Freqüência Cardíaca 32 2.4 – Adaptações Cardíacas e Respiratórias relacionadas ao exercício 34 2.5 - Basquete em Cadeiras de Rodas/ Histórico do Esporte Adaptado 36 2.5.1 - Regras do basquete em cadeira de rodas 38 2.5.2 - Classificação Funcional 39 2.5.3 - Cadeira de Rodas 40 2.5.4 - O treinamento Físico no Basquete em Cadeira de Rodas 40 2.6 - Duplo Produto 41 2.7 - Piçarro Teste Adaptado 41 2.8 - Índice de Fadiga 42 3. - Materiais e Métodos 42 3.1 - Análise Estatística 43 4. – Resultados 45 4.1- Caracterização da Casuística 45 4.2 - Análise das variáveis inter e intragrupos após o Piçarro Teste Adaptado 48 5 – Discussão 57 6 – Conclusão 65 7 – Anexos 66 8 – Referências 76 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Percepção Subjetiva de Esforço – Escala de Borg 33 Figura 2 – Comparação dos valores de freqüência cardíaca obtidos por todos os atletas nos diferentes momentos do Piçarro Teste 48 Figura 3 – Valores de freqüência cardíaca obtidos pelos atletas com seqüelas de poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste 49 Figura 4 – Valores de freqüência cardíaca obtidos pelos atletas sem poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste 51 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Características Gerais da Amostra 45 Tabela 2 – Características Clínicas da Amostra 46 Tabela 3 – Caracterização do Atleta com Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) 47 Tabela 4 – Comparação da variável tempo semanal de treino entre os grupos com e sem poliomielite 48 Tabela 5 – Comparação da variável Freqüência Cardíaca Máxima entre os grupos com e sem poliomielite 52 Tabela 6 – Comparação da variável Borg final entre os grupos com e sem pólio 53 Tabela 7 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência cardíaca máxima e índice de fadiga em todos os atletas 54 Tabela 8 - Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência cardíaca máxima e índice de fadiga em atletas de poliomielite 55 Tabela 9 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência cardíaca máxima e índice de fadiga em atletas sem poliomielite 56 LISTA DE ABREVIATURAS % Porcentagem ATP Adenosina Trifosfato ANDE Associação Nacional de desporto para excepcionais AVDs Atividades de Vida Diária BCR Basquete em Cadeira de Rodas C7 Sétimo segmento nervoso da região cervical da medula espinal CAT Catalase CK Creatinaquinase Cm Centímetro DC Débito Cardíaco DNA Ácido Desoxirribonucléico ENMG Eletroneuromiografia ERs Espécies Reativas FC Freqüência Cardíaca HYC Homocisteína ISMG Jogos Internacionais de Stoke Mandeville ISOD Organização internacional para Deficientes MCNA Membro Clinicamente não Afetados L1 Primeiro segmento nervoso da região lombar da medula espinal L2 Segundo segmento nervoso da região lombar da medula espinal MI Membro Inferior MMII Membros Inferiores MMSS Membros Superiores MS Membro Superior NMI Neurônio Motor Inferior NWBA Associação nacional de Basquete em Cadeira de Rodas OMS Organização Mundial da Saúde PA Pressão Arterial PSE Percepção Subjetiva de Esforço R Resistência RNA Ácido Ribonucléico S1 Primeiro segmento nervoso da região sacral da medula espinal S2 Segundo segmento nervoso da região sacral da medula espinal SNC Sistema Nervoso Central SOD Superóxido Dismutase SPP Síndrome Pós-Poliomielite T1 Primeiro segmento nervoso da região torácica da medula espinal T6 Sexto segmento nervoso da região torácica da medula espinal T7 Sétimo segmento nervoso da região torácica da medula espinal T8 Oitavo segmento nervoso da região torácica da medula espinal T11 Décimo primeiro segmento nervoso da região torácica da medula espinal T12 Décimo segundo segmento nervoso da região torácica da medula espinal TECR Teste de Exercício Cardiorrespiratório TMB Taxa Metabólica Basal VFC Variabilidade da Freqüência Cardíaca VO2 máx Volume Máximo de Oxigênio RESUMO Introdução: Desde sua criação em 1944 o esporte adaptado vem sendo utilizado como forma de reabilitação e introdução destes atletas no meio social. Hoje mais do que isso o esporte adaptado tem crescido a cada dia e se tornado algo de grande valor no Brasil e no mundo. O esporte proporciona o bem estar físico e psicológico nos atletas melhorando assim sua auto-estima. Uma das primeiras modalidades esportivas foi o basquete em cadeira de rodas, conhecido por ser um esporte de exercício intenso e sobrecarga nas articulações dos membros superiores. Dados do ano de 2008 da Federação Paulista de Basquete sobre Rodas relatam 91 atletas com seqüelas de poliomielite, com média de idade de 34,7 anos, sendo que 47 destes estão na faixa etária entre 32 a 45 anos e todos em plena atividade física em seus clubes. Atletas estes que são expostos a exercícios de alta intensidade podendo então predispor a síndrome pós- poliomielite tendo em vista que os exercícios são dirigidos a unidades motoras que já estão trabalhando no seu nível máximo.Objetivo: Comparar a Resposta da Percepção Subjetiva de esforço (PSE) entre atletas de basquete em cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite, após o Piçarro Teste Adaptado. Material e Métodos: Estudo descritivo corte transversal, utilizando questionário estruturado e realização do Piçarro Teste adaptado. Resultados: Foram estudados 17 atletas, cinco atletas com seqüela de poliomielite (29,41%), 4 atletas com amputações (23,53%), 7 atletas com lesão medular (41,18%) e 1 com paralisia cerebral (5,88%), verificou-se tendência ao aumento dos valores de frequência cardíaca da primeira até a quinta volta, com queda na última. Os valores de frequência cardíaca máxima foram significantemente maiores que os valores preestabelecidos de frequência cardíaca alvo mínimo e máximo segundo a análise estatística. Foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os valores de percepção subjetiva de esforço entre os grupos, com maiores valores entre os atletas do grupo sem poliomielite. Conclusão: Depois de realizado o Piçarro Teste adaptado observou-se que a reposta da percepção subjetiva de esforço do grupo dos atletas com outras lesões foi maior em comparação com a resposta do grupo dos atletas com seqüelas de poliomielite, o que demonstra que este tipo de exercício parece não ter sobrecarga para esta população, pelo fato destes apresentarem um sistema cardiovascular mais íntegro do que em relação aos atletas do outro grupo. A idade acometimento da poliomielite e recuperação funcional parecem não estar relacionados com o aparecimento da Síndrome Pós-Poliomielite, porém, é necessário uma amostra maior de sujeitos e mais estudos para tal afirmação. Descritores: Basquete em cadeira de rodas, Poliomielite, Comparação da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), Síndrome Pós-Poliomielite. 1. Introdução As doenças neuromusculares representam um grupo de afecções que comprometem a unidade motora, ou seja, o corpo celular do neurônio motor inferior, o seu prolongamento, a junção neuromuscular ou o tecido muscular. Dentre as doenças neuromusculares, encontram-se as lesões neuronais motoras, que são condições nas quais há alterações morfológicas ou bioquímicas que ocorrem no corpo do neurônio. A lesão neuronal motora caracteriza-se por envolvimento do corpo celular do neurônio motor inferior (NMI). (1) Nos últimos 30 anos, tem-se observado ao redor do mundo, que muitos dos indivíduos que tiveram a poliomielite paralítica, desenvolveram décadas mais tarde, um conjunto de problemas de saúde como fadiga excessiva, dor muscular e articular, e a nova fraqueza muscular, sendo este último, o mais alarmante de todos os sinais e sintomas. Na década de 70, por causa de poucos artigos na literatura médica sobre essas alterações neurológicas, a postura dos profissionais de saúde foi de ceticismo. Para complicar ainda mais, esse conjunto de sintomas não tinha nome. E sem nome, não existia doença. Somente na década de 80, após o conhecimento da história de milhares de pessoas com os mesmos sintomas na fase tardia da pólio, a comunidade médica adotou o nome Síndrome Pós-Poliomielite (SPP). (1) Entre os principais mecanismos que levam à Síndrome Pós-Poliomileite (SPP) destacam-se o “supertreinamento” (overtraining) e a disfunção dos motoneurônios sobreviventes que causam uma desintegração dos terminais axonais. Quando expostos a fatores de estresse, por exemplo, o “supertreinamento”, esses motoneurônios que sobreviveram podem apresentar alterações eletrofisiológicas, diminuindo a velocidade de condução nervosa, ou podem apresentar degeneração precoce. (1,2) O Esporte adaptado foi criado em 1944 após a II Guerra Mundial com dois propósitos primeiramente, foi a reabilitação desses pacientes oferecendo a oportunidade desses indivíduos experimentarem sensações e movimentos, que freqüentemente são impossibilitados pela limitação física ou barreiras ambientais e sociais, o segundo foi introduzir estes portadores de algum tipo de deficiência ao meio social. (3) O esporte é benéfico, pois proporciona o bem estar físico e psicológico em todas as pessoas, portadores ou não de deficiência. Entretanto quando se fala em atletas com seqüelas de Poliomielite encontramos um paradoxo, já que o ganho de força é relevante, mas necessita de cuidados, o exercício muito intenso pode lesar o músculo que esta sendo recrutado. (4) De acordo com os dados do ano de 2008 da Federação Paulista de Basquete sobre Rodas, existem cerca de 91 atletas com sequelas de poliomielite, com média de idade de 34,7 anos, sendo que 47 destes estão na faixa etária entre 32 a 45 anos e todos em plena atividade física em seus clubes, nos quais são realizados de três a cinco treinos por semana, em períodos de três a cinco horas, sendo treinado em limite máximo com varias repetições. (5) No presente estudo utilizamos um teste idealizado por Ivan C. Piçarro, que consiste em percorrer seis tiros de 50 metros, anotando-se medidas de massa corporal dos indivíduos e do tempo de cada volta, para obtenção de um indicador final, o índice de fadiga. Este percurso de 50 metros é realizado em um percurso de 25 metros (ida e volta), com intervalo de 5 segundos em cada volta. O Piçarro Teste foi criado para atletas do desporto convencional, sendo adaptado para atletas em cadeira de rodas no estudo realizado por Medeiros e Boromello, em 2008. (6) 1.1Objetivo Comparar a Resposta da Percepção Subjetiva de esforço (PSE) entre atletas de basquete em cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite, após o Piçarro Teste Adaptado. 2. Revisão da Literatura 2.1 Poliomielite Anterior Aguda A Poliomielite Anterior Aguda é uma doença inflamatória e infecciosa, resultante da destruição dos neurônios motores localizados no corno anterior da medula espinhal. Ela é causada pelo poliovírus, que é composto por cadeia simples de ácido ribonucléico (RNA), gênero Enterovírus, estando situado na família Picornaviridae. (1,7,8) As doenças neuromusculares representam um grupo de afecções que comprometem a unidade motora, ou seja, o corpo celular do neurônio motor inferior, o seu prolongamento, a junção neuromuscular ou o músculo estriado esquelético. A poliomielite é uma doença neuromuscular, pois o poliovírus atinge os neurônios motores espinais, afetando o Sistema Nervoso Central (SNC). (9) O homem é o hospedeiro natural, e a infecção ocorre principalmente em crianças (10) com idade inferior a cinco anos. A transmissão ocorre primariamente pela via oral- fecal (por meio de objetos, alimentos e/ou água contaminados com fezes de doentes ou portadores) ou por transmissão direta, de pessoa a pessoa (por meio de secreções). O período de incubação pode variar de 2 a 30 dias, a presença do vírus persiste na garganta cerca de uma semana, e nas fezes de 3 a 6 semanas. (1,7,8) O agente causador da poliomielite, o poliovírus, foi identificado em 1908, pelo médico e biólogo americano Karl Landsteiner. (7) O poliovírus se divide em três tipos (um, dois e três), no qual o tipo um está relacionado com a forma paralítica da poliomielite. Ele possui alta infectividade, e a capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro é de cem por cento. Contudo, possui baixa patogenicidade; a porcentagem dos indivíduos infestados que desenvolvem a doença é de apenas de 0,1 a 2,0%, a patogenicidade também está relacionada com os fatores intrínsecos do hospedeiro, sendo mais altas em adultos e adolescentes. (1,7,8) Na maior parte dos casos, os poliovírus, são destruídos no estômago ou excretados pelo trato intestinal sem infecção, ou entram na corrente sanguínea, e proporcionam um estado semelhante ao da gripe, seguido de recuperação e imunização. (1) A poliomielite ocorre de duas formas, com infecção inaparente ou com manifestações clínicas, geralmente sendo: febre, cefaléia, mal estar, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, que podem ou não ser acompanhadas de paralisias. Entretanto, se este vírus atravessarem a barreira hematoencefálica, atacarão os neurônios motores no cérebro, no tronco cerebral e na medula espinal e, deste modo, diferentes tipos de paralisias podem ocorrer, dependo da localização destes neurônios acometidos.(7,10) A letalidade da poliomielite varia entre 2% e 10%, mas pode ser mais elevada, dependendo da sua forma clínica. (7) Quando o acometimento ocorre no neurônio que está localizado na medula espinal, o indivíduo desenvolve a forma mais comum de acometimento do poliovírus, a poliomielite espinal. A poliomielite espinal é caracterizada por fraqueza muscular do tipo flácida, podendo ir desde o acometimento seletivo de alguns grupos musculares, até quadros de paraplegia e quadriplegia, sendo os membros inferiores os mais freqüentemente atingidos. Na maioria das vezes, nas formas de comprometimento espinhal, as paralisias são de distribuição assimétrica, embora esse padrão não seja obrigatório. Os reflexos miotáticos podem ser vivos inicialmente e posteriormente tornam-se hipoativos ou mesmo abolidos. A hipotonia é constantemente encontrada no membro afetado nos quadros paralíticos. O comprometimento bulbar ocorre de 10% á 15% dos casos, a qual indica o envolvimento motor de nervos cranianos e centros de controle respiratórios e circulatórios. Há distúrbios de consciência, alterações autonômicas e sinais de lesão de vias piramidais, e por fim, a pólio bulboespinal constitui combinação das formas bulbar e espinal da poliomielite. (1,7) Na infecção aguda da poliomielite paralítica, o vírus invade o SNC, causando lesão parcial ou total dos neurônios motores espinais, com desnervação de algumas fibras musculares resultando em paralisia flácida. Durante a fase de reabilitação do paciente, por meio da neuroplasticidade neuronal, ocorre brotamento axonal que reinerva as fibras musculares desnervadas pela infecção aguda, restabelecendo, pelo menos parcialmente, a capacidade funcional muscular. A recuperação da capacidade funcional é denominada de período de latência, também chamado de platô de estabilidade e está diretamente relacionada com o número de neurônios preservados. (11) Este processo neurofisiológico gera “unidades motoras gigantes”, ocorre porque, um neurônio que antes inervava 200 fibras musculares, passa a inervar de 800 a 1000 fibras. Este processo é completado de 6 a 8 semanas, e além disso, há a hipertrofia das fibras musculares remanescentes, que contribuem com o processo de recuperação funcional. (11) No Brasil os primeiros relatos de poliomielite ocorreram em 1911, em São Paulo e no Rio de Janeiro, porém o primeiro surto ocorreu em 1917, na Vila Americana de São Paulo e a partir daí a doença tornou se de notificação obrigatória no estado de São Paulo. Em 1953, no Rio de Janeiro, ocorreu a maior epidemia até então registrada no país. No município de São Paulo, em 1953 tivemos um ano epidêmico, porém foi nos anos 60 que tivemos os maiores coeficientes de morbidade observados no município. (5) O controle da poliomielite foi conseguido sem dúvida em função do desenvolvimento das vacinas: de vírus inativado (Salk) e a de vírus atenuado (Sabin). A vacina Sabin aceita em política de saúde publica, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), têm sido aplicada na maior parte do mundo, por sua eficácia, imunidade duradoura, baixo custo e facilidade em seu manejo. Em 1994, no Brasil houve a erradicação da poliomielite, onde o país rerecebeu da OMS/OPS o “Certificado de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus das Américas”. (1) Ainda hoje existem quatro países onde a doença não foi erradicada, são eles: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. (12,13) Inúmeros pacientes que desenvolveram a doença durante as epidemias nas décadas de 1940 e 1950 passaram a apresentar os efeitos tardios da Poliomielite Anterior Aguda, que incluem um novo quadro de fraqueza muscular associada a fadiga, atrofia e dor, caracterizando uma condição conhecida como síndrome pós-poliomielite (SPP). (14,15,16) 2.1.1 Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) Nos últimos 30 anos, tem-se observado ao redor do mundo, que muitos dos indivíduos que tiveram a poliomielite paralítica, desenvolveram décadas mais tarde, um conjunto de problemas de saúde como fadiga excessiva, dor muscular e articular, e a nova fraqueza muscular, sendo este último, o mais alarmante de todos os sinais e sintomas. Na década de 70, por causa de poucos artigos na literatura médica sobre essas alterações neurológicas, a postura dos profissionais de saúde foi de ceticismo. Para complicar ainda mais, esse conjunto de sintomas não tinha nome. E sem nome, não existia doença. Somente na década de 80, após o conhecimento da história de milhares de pessoas com os mesmos sintomas na fase tardia da pólio, a comunidade médica adotou o nome Síndrome Pós-Poliomielite (SPP). (1) A síndrome pós-poliomielite (SPP) é uma desordem neurológica dos efeitos tardios da poliomielite, caracterizada por nova fraqueza muscular e/ou fadiga muscular anormal em indivíduos que tiveram poliomielite aguda, geralmente 30 a 50 anos atrás. (17,18) De acordo com Maynard & Headley (em 2000) a Síndrome Pós-Poliomielite, pode ser definida como uma alteração neurológica que produz um conjunto de manifestações clínicas que ocorrem em pessoas que tiveram historia prévia de poliomielite paralítica aguda, com período de estabilidade após a recuperação de pelo menos 15 anos. (10) As seqüelas tardias da Poliomielite foram descritas pela primeira vez por Jean Martin Charcot, em 1875. Charcot descreve um caso de um jovem do sexo masculino, com diagnóstico de poliomielite paralítica na infância aos seis meses e que permaneceu com seqüela residual de fraqueza nos membros superior e inferior esquerdos, exercendo como profissão a curtição de couro, usando excessivamente os membros não afetados. Aos 19 anos ele apresentou sintomas de nova fraqueza nos membros superior e inferior direito, assim diagnosticado por Charcot como SPP; posteriormente este mesmo achado foi descrito por Carrier, Cornil e Lepine. Jean Martin Charcot sugeriu que uma prévia doença da medula espinal poderia levar um indivíduo mais susceptível para uma subseqüente desordem espinal e que a nova fraqueza era secundária ao “superuso” (supertreinamento) que envolvia os membros. (19,20) Cerca de 100 anos após esse caso, também foi descrito que pacientes com história médica prévia de poliomileite paralítica poderiam desenvolver, após anos de estabilidade clínica e fuincional, novos sinais e sintomas, como perda da força muscular e atrofia. A partir deste momento, a SPP passou a ser reconhecida pela comunidade médico-científica. (17) 2.1.1.1 Epidemiologia Numerosos estudos têm tentado estimar a prevalência desta doença. No entanto, devido as diferentes definições e metodologias aplicadas em cada um destes estudos, a prevalência tem sido estimada entre 22 à 80% entre os pacientes que apresentam poliomielite paralítica. (1) Pesquisas internacionais mostram que a SPP é uma realidade presente em várias populações que foram acometidas pela poliomielite paralítica, apresentando o mesmo período de manifestação e as mesmas características clínicas, variando apenas nos percentuais. (17) 2.1.1.2 Etiologia A etiologia da SPP ainda é desconhecida, porém diversas teorias foram propostas. Atualmente, não há muitas evidências que justifiquem uma relação da SPP com a reativação do poliovírus ou uma reação auto-imune. O envelhecimento natural com perda de neurônios após os 60 anos poderia ser um fator em pessoas mais velhas com SPP, pois a perda de alguns neurônios que apresentam acentuada depleção pode resultar em diminuição significativa de força muscular. Sugeriu-se que neurônios que mostravam recuperação histológica do vírus poderiam não ser normal quanto à sua (21) fisiologia e estariam mais precocemente sujeitos à falhas e envelhecimento. Existem na atualidade nove teorias que tentam explicar a fisiopatologia da SPP, são elas: Disfunção da unidade motora (UM) devido ao “overwork” (trabalho excessivo), ou envelhecimento prematuro das unidades motoras afetadas pela pólio, outra teoria é a do “overuse” (supertreinamento) muscular; desuso muscular, perda normal de unidades motoras com o envelhecimento; predisposição de degeneração do neurônio motor devido ao dano glial, vascular e linfático; infecção crônica do poliovírus ou reativação do vírus; síndrome imunomediada, efeito do hormônio do crescimento e por fim combinação dos efeitos de desuso, overuse, dor, aumento de peso ou outras doenças. (1) De acordo com a teoria de Overuse, as unidades motoras gigantes, já citadas anteriormente, que suprem os músculos da pós-poliomielite não podem manter indefinidamente a atividade metabólica aumentada necessária. Como resultado, as unidades motoras sobrecarregadas se degeneram, com fraqueza lentamente progressiva e fadiga rápida dos músculos. (1) Tomlinson (1977), Dalakas (1995), Grimby (1989) e Trojan (1997), defendem que o overuse (supertreinamento), é uma das principais causas da SPP, onde esta unidade motora gigante é exposta a uma sobrecarga muito maior, acelerando o processo de remodelamento com desnervação e reinervação, apresentando disfunção, tornando se de sete a oito vezes maior que o normal através do brotamento terminal e reinervação das fibras musculares desenervadas. Estas unidades motoras gigantes são submetidas a um continuo processo de remodelamento com desnervação e reinervação, conseqüentemente, elas também apresentam um aumento na demanda metabólica. (11,20,21,22) A combinação dos danos nos neurônios afetados e o aumento da demanda metabólica causada pelo aumento do território da unidade motora, após um período de anos, desencadeiam uma incapacidade das unidades motoras em sustentarem a demanda metabólica de todos os seus brotamentos terminais individuais, ocasionando deterioração lenta, com diminuição do numero de fibras musculares. (17) 2.1.1.3 Diagnóstico O diagnóstico é baseado na clínica com caráter de exclusão. Não existe nem um teste sorológico, enzimático, eletrodiagnóstico ou biopsia muscular que possa diagnosticar a SPP. É necessário, colher uma história minuciosa do paciente, juntamente com o exame físico para excluir outras condições médicas que podem estar agravando e/ou causando os sintomas do paciente, os critérios diagnósticos são: - Poliomielite paralítica prévia com evidência de perda de neurônio motor, confirmado por historia de doença paralítica aguda, sinais de fraqueza resídua e atrofia muscular no exame neurológico, e sinais de desnervação na ENMG; -Início gradual ou súbito de nova fraqueza muscular progressiva e persistente ou fastigabilidade muscular anormal, com ou sem fadiga generalizada, atrofia muscular ou dor muscular e articular; um início súbito pode seguir um período de inatividade ou trauma ou cirurgia; -Período de recuperação funcional parcial ou completa após a poliomielite paralítica aguda seguida de um intervalo (15 anos ou mais) de estabilidade de função neurológica; -Persistência dos sintomas no mínimo de um ano; -Eliminação de condições médicas associadas, neurológicas e ortopédicas. 2.1.1.4 Quadro clínico Os problemas físicos e as queixas mais freqüentes dos pacientes são: - Fadiga profunda - Dor muscular e/ou articular (1) - Fraqueza muscular de grupos não afetados pela poliomielite aguda que pode ser progressiva - Câimbras e fasciculações -Novas dificuldades na realização das atividades de vida diária, particularmente tarefas relacionadas com a mobilidade. - Aumento da sensibilidade ao frio - Insuficiência respiratória - Disfagia - Nova atrofia muscular - Nova perda funcional - Distúrbios do sono - Problemas Psicológicos - Dificuldades na fala -Aumento recente de peso (1,11,19,20,23,24,25,26) As dores articulares parecem ser resultado do excessivo desequilíbrio em diferentes partes do sistema muscular esquelético. (19) A fadiga é relatada como sendo o mais comum, e o mais debilitante sintoma da SPP, com uma freqüência acentuada. A fadiga na SPP pode ocorrer de duas formas: Fadiga Geral (central) e Fadiga Muscular (periférica). A fadiga central relaciona-se com o sistema nervoso central (SNC), ocorre quando há uma redução da quantidade de unidades motoras funcionantes envolvidas na atividade ou uma redução da freqüência de disparos das unidades motoras centrais. É descrita como uma exaustão parecida com os sintomas álgicos de gripe e uma mudança marcante e repentina no nível de energia física e disposição mental que surge após uma atividade mínima. A fadiga periférica ocorre quando eventos neurais, mecânicos ou energéticos, podem impedir a produção da tensão. Os indivíduos com pós-poliomielite têm descrito a fadiga periférica, como uma sensação de peso nos músculos, aumento da fraqueza física e um aumento na perda da força durante o exercício. (1, 27) A nova fraqueza muscular, com ou sem atrofia associada, pode envolver os músculos previamente afetados que foram parcialmente ou inteiramente recuperados, ou os músculos que parecem não ter sido afetados pela infecção original da poliomielite. A nova fraqueza é caracteristicamente assimétrica e é freqüentemente mais acentuado naqueles músculos que foram envolvidos na doença aguda e que tiveram então uma boa recuperação. A nova fraqueza geralmente é também encontrada no membro clinicamente não afetado, que foi tido como poupado pelo poliovírus, mas que, de fato, podia estar com a poliomielite subclínica (existe a lesão no corno anterior da medula, mas, não há sinal clínico no membro) e foi submetido ao overwork (excesso de trabalho ou de esforço) através dos anos para compensar o membro mais afetado. (1) 2.2 Exercício e Treinamento O exercício físico tem sido cada vez mais considerado como um dos fatores importantes para a preservação e melhora da saúde e da aptidão física do ser humano. A atividade física vêm sendo praticada desde o início dos tempos pelos nossos antepassados como meio de sobrevivência até os dias atuais como meio de manutenção da saúde. (10) . Qualquer movimento corporal produzido por contração muscular que aumente o gasto energético, é denominada de atividade física. (28,29) Treinamento físico ou exercício crônico é o termo utilizado geralmente para exercícios que visem melhorar ou manter o rendimento desportivo ou aquele empregado para a manutenção da saúde. O treinamento físico (ou exercício crônico) pode ser classificação quanto a intensidade (leve, moderado ou intenso), volume (exercício de longa ou de curta duração) e freqüência de execução. (28,29) Pode-se dividir os muitos tipos de exercícios em duas categorias (1) os exercícios que podem ser realizados por curtos períodos de tempo mas que exigem um esforço máximo ou submáximo; neste tipo de exercício o sistema predominante é o anaeróbio, a maior parte de ATP deve ser fornecida anaerobicamente pelo sistema do fosfagênio e pela glicólise anaeróbica; e (2) os exercícios que podem ser realizados por períodos de tempo relativamente longos mas que exijam um esforço submáximo, no qual sua principal fonte de ATP é representada pelo sistema aeróbio. Quanto mais curta a atividade, maior a contribuição da produção anaeróbica de energia, portanto, exercícios anaeróbicos são de curta duração e maior intensidade; já os exercícios aeróbicos são de longa duração e possuem intensidade menor e moderadas, portanto, eles utilizam ATP proveniente de fontes aeróbicas. (27,30) 2.2.1 Prescrição e benefícios de exercícios físicos para deficientes Entre os indivíduos portadores de deficiência física, alterações bioquímicas e metabólicas indesejáveis se estabelecem com a inatividade física, resultando em redução da massa muscular e acumulo excessivo de tecido adiposo corporal, situação verificada através de parâmetros antropométricos. (30,31) Pode-se dizer que a atividade física ou esporte adaptado para indivíduos com paraplegia não é apenas importante, mas sim necessária, uma vez que as atividades diárias destes indivíduos não são suficientes para a manutenção de sua capacidade cardiovascular. Isso é confirmado por Dallmeijer et al. (1999), que concluíram, após estudos com paraplegia e tetraplegia, que a atividade física é de extrema importância na manutenção da capacidade física e funcional destes indivíduos, principalmente após o primeiro ano de lesão. (30) Os paraplégicos ativos possuem menores valores de freqüência cardíaca submáxima, quociente respiratório, ventilação minuto e consumo de oxigênio quando comparados aos sedentários com o mesmo quadro motor. Além disso, os indivíduos ativos atingem maiores valores de carga máxima e possuem limiar aeróbio (VO2 máx) 10 a 30% maior que os sedentários. (30) Um fator de grande importância, e que deve ser lembrado, é a importância da alteração da pressão arterial (PA) e freqüência cardíaca (FC) nestes indivíduos paraplégicos. A fisiologia humana, compreende que, em um determinado nível de consumo de oxigênio, tanto a FC quanto a PA são mais elevadas durante o trabalho de braço em comparação ao trabalho de perna. A explicação para a FC mais elevada parece estar ligada a um fluxo simpático ao coração durante o trabalho de braço em comparação com o trabalho de perna. O aumento grande da PA do trabalho de braço, se deve à vasoconstrição nos grupos musculares inativos. Exemplificando, quanto maior o grupo muscular envolvido na realização do exercício, maior a quantidade de vasos de resistência (arteríolas) dilatados; conseqüentemente, essa menor resistência se reflete em uma diminuição da PA, relembrando que o débito cardíaco (DC) multiplicado pela a resistência (R), expressa o valor da PA (DC x R= PA).( 27) A prática de atividade física, seja em aulas de educação física, ou em atividades de lazer e desporto (competitivas ou não), trazem benefícios sociais, mentais e físicos inestimáveis. Há também, melhora no padrão do sono e diminuição da ansiedade e depressão por meio da prática regular de atividade física. Tais alterações, especialmente no nível de deposição de gordura nos adipócitos, estão descritas na literatura como fator de risco para obesidade, dislipidemia, diabetes, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares, desfavorecendo a saúde dos indivíduos portadores de deficiência física sedentários. (32,33) É necessário compreender claramente as necessidades pessoais, a história e as condições clínicas e fisiológicas atuais para prescrever as atividades físicas de forma adequada e segura. As pessoas podem variar muito suas condições de saúde e condicionamento físico, estrutura, idade, motivação e necessidades; desse modo recomenda-se uma abordagem individual em termos de prescrição de exercícios, claro que, é necessário sempre levar em consideração os objetivos para cada tipo de população. (34) 2.2.2 O exercício físico e a Poliomielite/ Síndrome Pós-Poliomielite A teoria mais aceita da causa da SPP é a teoria do overuse; deste modo, existem diversos estudos na literatura que descrevem a relação do exercício físico com os pacientes de SPP. Por um grande período de tempo foi descrito que o excesso de exercício imposto á musculatura (overuse) dos pacientes com SPP acarretaria em uma nova perda de neurônio motor inferior (NMI). Mais tarde isso foi questionado, e alguns estudos mostraram que, ao contrário do que se pensava, os exercícios considerados prejudiciais aos portadores de SPP podem ser benéficos, melhorando a aptidão física em geral. (35) Estudos como os de HALSTED & ROSSI (1985) e RODRIGUEZ & AGRE (1991) mostraram que os exercícios podem melhorar a aptidão física em geral, aumentar a eficiência na realização das atividades de vida diária, oferecendo assim uma melhor qualidade de vida para os pacientes com SPP. (23,36) Em 2005, no congresso sobre SPP realizado em Saint Louis, Missouri (USA) a adesão ou não da realização de exercícios para pacientes com SPP foi questionado. Segundo NOLLET os exercícios podem melhorar a força muscular, nos casos de desuso e músculos parcialmente afetados, e que exercícios intensos não são recomendados, mas estes, podem ser indicados quando o grau de força muscular for maior que o grau 3, podendo assim, ajudar na manutenção da força muscular, desde que se evite overuse, já quando o grau de força muscular for menor que o grau 3, pode ser prejudicial ao músculo, podendo ocorrer sinais de overuse. Outro tema abordado foi o estudo realizado por MAYO & HALSTEAD et. al. (2005) que analisaram 111 membros que acreditavam ter membros clinicamente não afetados (MCNA). Este trabalho mostrou que o conhecimento da presença ou ausência da poliomielite sub clínica, é necessário para se estabelecer um programa adequado de exercícios para (35) pacientes de SPP. No estudo realizado por Neves et al, em 2006, relataram que a finalidade a longo prazo das intervenções no estágio da SPP é fornecer aos indivíduos acometidos princípios e métodos que reduzam a carga metabólica excessiva sobre os grupamentos musculares, e que, apesar de inúmeros estudos recomendarem programas de exercícios terapêuticos para pacientes com SPP, é necessário levar em consideração as particularidades e a condições clínicas individuais. (37) Outros achados e hipóteses também foram estudados na população de síndrome pós poliomielite, como por exemplo o trabalho realizado por Bargieri em 2007. A hipótese de seu trabalho, é de que os pacientes com SPP apresentavam alteração da composição corporal, caracterizada pela redução da massa magra e o aumento da massa de gordura em decorrência das dificuldades de locomoção, não acompanhando pela adequação de hábitos alimentares. (38) Bargieri (2007) apresenta em seu trabalho, que é necessário um nível mínimo de energia para manter as funções vitais do organismo no estado vigília. Essa necessidade de energia, expressa em função do tempo, recebe o nome de taxa metabólica basal (TMB). Nos pacientes com SPP a TMB estaria reduzida como conseqüência do comprometimento muscular e danos neuronais, contribuindo para alterações de composição corporal. Nos resultados do seu trabalho, foi possível verificar que os portadores de SPP realmente apresentavam valores menores na taxa metabólica basal (TMB) do que no grupo controle composto por indivíduos saudáveis, e também que não houve diferença entre o percentual de gorduras desses pacientes, mas a redução da TMB é um fator predisponente para a obesidade, recomendando então uma preocupação com programas nutricionais adequados para estes pacientes. (38) Para se correlacionar o exercício físico e a SPP, é necessário antes rever estudos realizados com uma população normal, sobre estresse oxidativo e exercícios, para que se possa relacionar e debater, o overuse e todos os temas abordados para esta população especial de SPP. É importante levar em considerção os achados do estudo realizado por Aboulafia et al (2005), que compreendem que o exercício está associado ao aumento da geração de radicais livres, principalmente devido ao dramático aumento de consumo de oxigênio pelo tecidos ativos, que a quantidade de radicais livres nos tecidos biológicos está aumentada após o exercício agudo e/ou crônico e que quase esse aumento coincide com a presença de danos teciduais. Os danos associados ao estresse oxidativo induzidos pelo exercício intenso estão relacionados com a diminuição do desempenho físico, fadiga muscular, danos musculares, e até síndrome de sobretreinamento e do estado de treinamento dos indivíduos. Os danos musculares causados pelo estresse oxidativo, são mais acentuados em indivíduos pouco treinados, que realizam exercícios com intensidade e duração acima de seu estado de condicionamento físico; o estresse oxidativo ocasionado pelo exercício agudo intenso pode ser minimizado, pela realização de um treinamento, com sobrecargas progressivamente ajustadas, antes dos indivíduos serem submetidos ao estresse agudo de alta intensidade. A adaptação ao treinamento físico pode também ser em parte modulada pela geração de radicais livres, e o exercício regular promove adaptações na capacidade antioxidante, as quais protegem as células contra os efeitos deletérios do estresse oxidativo, prevenindo danos celulares subseqüentes. Conclui-se, neste estudo que, os radicais livres como resultados do exercício intenso, causam danos ao lipídios de membranas, proteínas, DNA e outros constiuintes celulares; porém o exercício moderado pode proteger o organismo dos efeitos deletérios dos radicais livres, pois o mesmo aumenta a capacidade antioxidante, sendo assim, benéfico a saúde. (39) Lira em 2008 realizou um estudo com 30 indivíduos, dez com seqüela de poliomielite paralítica, dez com diagnóstico de SPP e dez no grupo controle. O objetivo era avaliar as respostas fisiológicas e bioquímicas ao exercício físico agudo em indivíduos com seqüela prévia de poliomielite paralitica e com a síndrome póspoliomielite. Durante avaliação foram feitos testes força de preensão manual espirometria, teste de exercício cardiorrespiratório (TECR), testes funcionais (caminhada, subir, escada e levantar de uma cadeira), atividade plasmática de creatinaquinase (CK) e biomarcadores sanguíneos de estresse oxidativo (periodização lipídica no plasma), atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) em eritrócitos e níveis plasmáticos de homocisteina (HYC); os biomarcadores de estresse oxidativo foram medidos antes e depois do TECR. Os resultados apresentados neste estudo, sobre variáveis bioquímicas de estresse oxidativo em resposta a um exercício físico agudo e máximo são inéditos para indivíduos com SPP. Tais resultados mostram a necessidade de se estudar estas variáveis em resposta a exercício em intensidade submáxima em diferentes domínios de intensidades, já que o entendimento dessas respostas pode orientar a formulação de programas de treinamentos para pacientes com SPP, baseados na produção de espécies reativas (Ers), ou seja, uma condição potencialmente nociva na SPP. Essas abordagens fisiológicas e bioquímicas como as utilizadas no presente estudo, podem servir de alicerce para o entendimento de outras doenças neuromusculares/degenerativas, constituindo um modelo interessante para estudo da repercussão de uma seqüela física/motora sobre um ou mais sistemas orgânicos e sobre a capacidade funcional no individuo. Tais estudos poderão produzir importantes contribuições para profissionais de diversas áreas da saúde. (40) Dentre as conclusões obtidas neste trabalho, é possível e importante citar que indivíduos com SPP têm menor eficiência motora gastando mais energia por unidade absoluta de trabalho ou potência realizados, é possível também concluir, que o grau de sobrecarga muscular imposta pelas atividades de vida diária (AVDs) em pacientes com seqüelas paralítica de poliomielite pode ser investigado bioquimicamente pela atividade da enzima CK, e também que as medidas bioquímicas para a avaliação do estresse oxidativo pré exercício utilizadas no estudo, não permitiu concluir que o estresse oxidativo participe da fisiopatologia da SPP. Entretanto, devido á maior intensidade relativa de esforço com que os pacientes realizem as AVDS não é improvável que as espécies reativas possam mediar o processo de disfunção das unidades motoras. Além disso, os resultados sobre os biomarcadores de estresse oxidativo não fornece informação definitiva sobre o envolvimento de radicais livres na fisiopatologia da SPP. (40) Conde em 2007 estudou 21 atletas de basquete em cadeira de rodas que apresentavam sinais e sintomas típicos da SPP, como a nova fraqueza, dor muscular, dor articular, fadiga/cansaço associado atividade esportiva, aumento de peso e ansiedade. Neste estudo 42,9% apresentou comprometimento de membros inferiores (MMII), 4,8% de membro superior (MSE) e 81% marcha independente, e com prática de esporte de 1 a 22 anos. Destes 21 atletas estudados 23,8% referem a nova fraqueza por um período superior a um ano 76,2% relataram dor muscular, 61,9% dor articular em membro superior direito (MSD), 19% fadiga/cansaço associado atividade esportiva, 61,9% referiu aumento de peso e 95,2% ansiedade. Através deste resultados foi possível concluir neste estudo, que havia indícios de SPP em 5 atletas estudados e não foi encontrado uma relação direta entre a SPP e atividade física praticada. A dor muscular e/ou articular pareciam estar correlacionadas à biomecânica do esporte, e havia uma tendência de SPP para aqueles atletas com maior tempo e duração na (5) prática esportiva. Em um outro estudo realizado em 2008, Silva e Augusto tiveram o objetivo neste estudo de relacionar o tipo e a freqüência de treinamento físico com a alteração dos sinais da síndrome pós - poliomielite em atletas do basquete em cadeira de rodas com seqüela de poliomielite paralítica. Neste estudo, foram estudados 48 atletas deficientes com história de poliomielite paralítica, todos os atletas eram do sexo masculino, com idade variando de 23 a 51 anos. Dos 48 atletas estudados todos realizavam treino baseado em alongamento, aquecimento e situação de jogo, sendo que 35 atletas realizam o fortalecimento. Dos 48 atletas estudados 82,4% não apresentaram os sinais da nova fraqueza associados ao treinamento físico. Assim com base nestes resultados foi possível concluir que o tipo e a freqüência de treinamento físico parecem não estar influenciando no surgimento dos sinais tardios da SPP, que os atletas que treinam menos horas e menos dias na semana são os que apresentaram maiores déficits de força muscular, dor articular e muscular e que o tipo de fortalecimento parecem não estar interferindo nos sinais da SPP. (41) Em outro e muito importante trabalho realizado por Medeiros e Boromello em 2009, com o objetivo de verificar a relação entre a intensidade do exercício físico de atletas de basquete em cadeira de rodas e a percepção subjetiva de esforço, foram estudados 22 atletas de basquete em cadeira de rodas com seqüelas de poliomielite paralítica, com média de idade de 36,95 anos, os atletas responderam um questionário estruturado para verificar os possíveis fatores predisponentes da SPP nos atletas com seqüelas de poliomielite paralítica. Todos os atletas realizaram o Piçarro teste Adaptado, que é um teste prático, no qual consiste na realização de 6 tiros de velocidade com distância de 50 metros (ida e volta num percurso de 25 metros) com intervalo de 5 segundos entre cada tiro, com o objetivo de identificar o índice de fadiga; são cronometrados os tempos de cada tiro de 50 metros, assim com base nesse tempo é calculada a velocidade de cada tiro e a partir desta velocidade são usados cálculos para se determinar aceleração, força e a potencia de cada tiro. Ao final, a potência de cada tiro é comparada, estabelecendo-se a curva dos 6 tiros, bem como o índice de fadiga a partir da potência máxima e da potência mínima atingidas no teste. Para a quantificação da intensidade do exercício e estabelecer a frequência cardíaca de treinamento foi mensurada a frequência cardíaca (FC) dos atletas em repouso antes do teste prático (Piçarro Teste Adaptado) e ao final o teste prático; para avaliar percepção subjetiva de esforço foi utilizada a escala de Borg após o primeiro tiro e após o último tiro do teste; também foram mensuradas as massas corporais de cada atleta somada ao peso da cadeira de rodas e o tempo de cada tiro para que no final fosse calculado o índice de fadiga a partir da comparação entre a potência máxima e a potência mínima atingidas no teste. Neste trabalho, o resultado da percepção subjetiva de esforço obteve média de 13,14 que na escala de Borg corresponde a “ligeiramente cansativo”. Houve diferença entre a freqüência cardíaca (FC) final após o teste prático, denominado Piçarro Teste Adaptado e a FC de treinamento; onde a FC final após o teste prático denominado Piçarro Teste Adaptado obteve a média no valor de 69,12% da média de FC máxima esperada. Dos atletas estudados, 5 apresentaram a nova fraqueza muscular, e a média da percepção subjetiva que eles obtiveram foi de 16 que corresponde na escala de Borg a “cansativo”; e a percepção subjetiva dos 17 atletas que não apresentaram a nova fraqueza muscular, na escala de Borg foi de 11 que corresponde a “relativamente fácil”. Através dos resultados deste estudo foi possível verificar que, a média dos valores da percepção subjetiva de esforço categorizou a intensidade do esforço na realização do teste prático Piçarro Teste Adaptado entre ”moderado” e “intenso”, demonstrando que não há sobrecarga de modo geral. A freqüência cardíaca ao final do Piçarro Teste Adaptado, obteve média que constitui a intensidade deste teste prático como “moderado”, demonstrando que os possíveis efeitos tardios da poliomielite não alteram os efeitos de treinamento por longo período no sistema cardiovascular. Foi também possível demonstrar neste trabalho, que esse tipo de exercício prático, constituiu em sobrecarga para os atletas com nova fraqueza (6) muscular, pois o teste prático se categorizou como intenso, na escala de Borg. 2.3 Percepção Subjetiva de Esforço e a Freqüência Cardíaca O processamento de múltiplos sinais sensoriais que são recebidos através do desempenho físico individual, gera uma percepção geral de sinais de esforço, e também nos proporciona obter mais especificamente algumas sensações mais específicas como diminuição do ritmo respiratório, esforço muscular e dor articular. Sendo assim a percepção subjetiva de esforço (PSE) é um conjunto de sensações, e (42) definida como a quantificação subjetiva da intensidade do trabalho físico. Os primeiros estudos científicos sobre percepção de esforço ocorreram em 1957, com o trabalho de Stevens e em 1958, com o trabalho de Ekman, que tinham o objetivo de estabelecer uma escala de proporção sobre a percepção de esforço. Borg, através destes trabalhos desenvolveu uma escala de categorização; nela há 15 pontos, na qual varia de 6 a 20, com a meta de acompanhar a variação de freqüência cardíaca (FC) de 60 a 200 batimentos por minuto. Na tabela há também palavras descritivas que correspondem e fazem relação com o nível de nível de intensidade, a condição de esforço e a freqüência cardíaca. (42) A escala de Borg é um instrumento muito utilizado, pois é de fácil aplicação. É possível relacionar a percepção de esforço com outras variáveis fisiológicas e/ ou psicológicas, e por haver muitas diferenças metodológicas e amostrais em diferentes e diversos trabalhos, instituir uma correlação precisa entre ainda não é possível. Além disso, deve-se levar em consideração circunstâncias como sobrecarga, ritmos circadianos, eficácia individual para dado exercício, poder de resposta individual, influências do sistema nervoso central, acúmulo de lactato, entre outras variáveis. (43) Figura 1. Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) - Escala de Borg Fonte: http://dfmotta.googlepages.com/PSE2.JPG/PSE2-full.jpg A escala de Borg pode ser utilizada na prescrição da intensidade do exercício. Por exemplo, o exercício considerado “um pouco intenso” na escala original se aproxima de 70-85% da FC máxima. A escala de percepção subjetiva de esforço, é útil porque o participante aprende a associar a faixa da FC alvo com certa percepção corporal de esforço, diminuindo assim, a necessidade de mensuração constante da freqüência de pulso. A escala, está intimamente relacionada a % do volume máximo de oxigênio (VO2máx) e ao limiar de lactato, independente do tipo de exercício e do condicionamento físico do indivíduo. (27) No trabalho realizado por Medeiros e Boromello em 2009, em atletas de basquete de cadeira de rodas com seqüelas de poliomielite, utilizando a escala de Borg como um dos instrumentos de avaliação, pode se observar a íntima correlação da freqüência cardíaca com a escala. (6) 2.4 Adaptações cardiovasculares e respiratórias relacionadas ao exercício Um dos principais desafios á homeostasia causados pelo exercício é o aumento da demanda de oxigênio pelos músculos. Durante o exercício físico intenso, a demanda pode ser 15 a 25 vezes maior do que em repouso. O principal objetivo do sistema cardiorrespiratório é liberar quantidades suficientes de oxigênio e remover produtos de degradação dos tecidos do organismo. Além disso, o sistema circulatório transporta nutrientes e auxilia na regulação da temperatura. O sistema respiratório e o sistema circulatório funcionam como uma “unidade acoplada”. O sistema respiratório adiciona oxigênio e remove dióxido de carbono do sangue, enquanto o sistema circulatório libera sangue oxigenado e nutrientes aos tecidos de acordo com suas necessidades. (27) Para que as demandas musculares aumentadas de oxigênio durante o exercício sejam satisfeitas, devem ser feitos dois ajustes no fluxo sanguíneo: aumento do débito cardíaco, isto é, aumento da quantidade de sangue bombeado pelo coração por minuto e a redistribuição do fluxo sanguíneo dos órgãos inativos aos músculos esqueléticos ativos. No entanto, apesar de necessidades dos músculos serem satisfeitas, outros tecidos como o cérebro, não podem sofrer redução do fluxo sanguíneo. Isto é, conseguido pela manutenção da pressão arterial, a força de propulsão do sangue. (27) Com o exercício crônico, ocorrem adaptações cardiovasculares, as quais envolvem fatores neurais e locais. Os fatores neurais envolvem comandos centrais, ação reflexa dos barorreceptores e feedback neural reflexo dos músculos que estão em contração. O comando central inicia-se com a porção simpática do SNA produzindo aumento da freqüência cardíaca, aumento da força de contração do miocárdio e vasoconstrição periférica. Inicia-se também uma reprogramação do barorreflexo devido à maior pressão sanguínea. O reflexo no barorreceptor arterial mantém a homeostase circulatória ao responder rapidamente a qualquer mudança da pressão arterial. A freqüência de disparo do barorreceptor tem relação direta com a pressão sanguínea. (6,27) A estimulação dos barorreceptores resultam, em aumento da atividade parassimpática cardíaca eferente e redução da atividade parassimpática cardíaca eferente e de redução na atividade simpática um aumento no impulso de freqüência do barorreceptor inibe a ação vasoconstrutora e resulta em vasodilatação e subseqüente diminuição da pressão arterial. A atividade reflexa do músculo em contração é também ativada através de estímulos nos mecanorreceptores (tensão e alongamento) e quimiorreceptores (produtos do metabolismo) em resposta á contração. Estes impulsos percorrem um trajeto central de fibras aferentes. As conexões centrais ainda não foram esclarecidas, mas as fibras eferentes são as fibras nervosas simpáticas que inervam o coração e vasos sanguíneos periféricos. (44) O controle autonômico do coração é afetado pelo treino de endurance por um longo período de tempo. Há um aumento da atividade parassimpática e diminuição da atividade simpática do coração quando em repouso. Estas mudanças autonômicas, juntamente com a possível redução da freqüência cardíaca intrínseca, irão diminuir a freqüência cardíaca de repouso. Além deste efeito, ocorre também que atletas possuem recuperação mais rápida da freqüência cardíaca após o exercício físico devido à melhora da atividade parassimpática produzida pelo efeito de treinamento de endurance. É possível alcançar a diminuição da freqüência cardíaca submáxima, em atletas treinados, durante o exercício físico devido à redução da atividade simpática quando é dada a intensidade de esforço submáximo. (6) No estudo realizado por Medeiros e Boromello, em 2009, através de seus resultados pode-se observar estas adaptações cardiovasculares secundárias ao exercício crônico, as quais envolvem fatores neurais e locais. Foi comparado a freqüência cardíaca obtida logo após o Piçarro Teste com a frequência cardíaca de treinamento que foi previamente estimada. Observou-se a diferença significante entre estas, sendo a de treinamento maior. (6) Medeiros e Boromello (2009) discutem em seu trabalho, os resultados de um trabalho realizado para comparar as adaptações cardiovasculares, obtidas com treinamento de longo período com exercícios de membros superiores e membros inferiores em atletas de esportes adaptados, corredores e sujeitos sedentários utilizando-se o cicloergômetro de membros superiores em várias intensidades, e foi possível verificar que o pico de freqüência cardíaca dos atletas de esportes adaptados, (sendo que sete deles tinham lesão medular, um deles com esclerose múltipla e um atleta de pólio) chegou, em média, a 97% da freqüência cardíaca máxima estimada. Este trabalho apresentou resultados diferentes se comparado ao de Medeiros e Boromello (2009), porém com uma metodologia e amostra diferenciada. (6) 2.5 Histórico do Esporte Adaptado/ Basquete em cadeira de rodas O esporte adaptado surgiu após a segunda guerra mundial, e os primeiros países a desenvolver o esporte para deficientes foram Estados Unidos e Inglaterra. A proposta desses países era a de reabilitação de seus soldados pós guerra, havendo então a necessidade de formação de grandes centros de reabilitação associados com esporte. Estes países por sua vez descobriram, que o esporte era um importante auxiliar na reabilitação dos veteranos de guerra. (45,46) Na Inglaterra surgiu em 1944 quando Dr. L.S. Guttman (neurologista e neurocirurgião) implantou modalidade esportivas para reabilitação no Centro de Lesão Medular do Hospital de Stoke Mandeville. As modalidades introduzidas foram arco e flecha e pólo em cadeira de rodas, seguido pelo basquete de cadeira de rodas, o qual se tornou a modalidade esportiva mais desenvolvida na área de esporte adaptado, posteriormente, foi introduzido o tênis de mesa, snoocker e a natação. Nesse centro de Stoke Mandeville, foi realizada em 1948 competições nacionais e internacionais, a primeira competição de basquete de cadeira de rodas. Nos Estados Unidos em 1945, foi desenvolvido um conceito altamente especializado de esporte competitivo para pessoas portadoras de deficiência físicas, com a organização do basquete em cadeiras de rodas, a figura central nesse processo era o professor Timothy J. Nugent, da universidade de Illinois. (47,48) O esporte adaptado foi criado com propósitos de reabilitar pacientes, oferecendo a oportunidade de experimentarem sensações e movimentos, que no principio era impossibilitados pela limitação física ou pelas barreiras ambientais e sociais e também introduzir estes pacientes de algum tipo de deficiência, no meio social. Havia a preocupação não só com aqueles sequelados da guerra, mas também com aqueles que ficaram deficientes, por causa de acidentes, os sequelados de poliomielite, entre outros. (45,46) No ano de 1949 foi formada a associação nacional de basquete em cadeira de rodas (NWBA), que deu um novo rumo para o desenvolvimento do esporte adaptado. Em 1952, os jogos de Stoke Mandeville, constituíram-se como movimento internacional com a entrada de um pequeno grupo de Holanda nas competições. Os jogos passaram-se a se chamar jogos internacionais de Stoke Mandeville (ISMG), quando foi formada a confederação internacional dos jogos de Mandeville (ISMGF). Até 1957 o esporte em cadeira de rodas no estados Unidos era voltado exclusivamente para o basquete, quando Benjamim H. Lipton introduziu algumas modalidades. Conforme mais países foram entrando nesse movimento, as regras para todas modalidades esportivas adaptadas procuravam cada vez mais se aproximar daquelas em vigor em seus (48,49) esportes originários (sem adaptações). Em 1964 foi criada a organização internacional para deficientes (ISOD), que englobava os amputados, os portadores de deficiência visual, os portadores de paralisia cerebral e os portadores de outras afecções medulares, com o objetivo de incluir outras deficiências no futuro. Seu primeiro presidente foi o próprio Dr. Guttman, que foi capaz de manter ambas as federações até 1979. (50) A primeira Paraolimpiada foi realizadas em 1960, na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Roma), com a participação de 400 atletas representando 23 países. Desde (50) então, os Jogos são realizados a cada quatro anos. A história do desporto praticado por pessoas portadoras de deficiência em nosso país começou a ser relatada no final da década de 50. Os pioneiros trouxeram para o Brasil uma atividade que, mesmo internacionalmente, era bastante recente. Depois das primeiras competições, ainda de caráter amistoso, surgia a primeira entidade nacional do desporto paraolímpico, (ANDE) então denominada Associação Nacional de Desporto para excepcionais. (47) Em 1957, logo após apresentação do “Pan Jets” em São Paulo e Rio de Janeiro, que realizava apresentações de algumas modalidades esportivas para deficientes, é que houve o surgimento do esporte adaptado no Brasil. (46) Em 1958, Sergio Seraphim Del Grande fundador do Clube dos Paraplégicos de São Paulo e Robson de Almeida fundador do Clube do Otimismo no Rio de Janeiro, ambos paraplégicos iniciaram o esporte adaptado no Brasil através do basquete em cadeira de rodas. (46) O Brasil participou em 1969 dos II Jogos Pan-americanos em Buenos Aires com sua primeira seleção de basquete em cadeira de rodas, com atletas cariocas e paulistas, conseguindo medalhas de bronze. Em 1974, participaram pela primeira vez dos jogos de Stoke Mandaville com delegação masculina e feminina nas provas de basquete, natação, halterofilismo, corrida de obstáculos, boliche e arco e flecha. (52) A partir da década de 80, houve um grande avanço no nível técnico das competições devido a diversos fatores, entre os quais destacamos o avanço tecnológico do equipamento esportivo, principalmente cadeiras de rodas, próteses e (53) órteses específicas para a pratica de diferente esporte. Foram organizados vários times e com isso o basquetebol tornou-se o primeiro esporte em cadeira de rodas da história. À medida que o interesse pelo esporte crescia a quantidade de participantes deficientes também aumentava. As regras utilizadas são similares à do basquetebol convencional, sofrendo apenas algumas adaptações necessárias de cada deficiente. (46) Os benefícios que o basquete de cadeira de rodas oferece para estes atletas, de um modo geral são muitos; fisicamente há ganho de agilidade no manejo da cadeira de rodas, de equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, de coordenação, coordenação motora, dissociação de cinturas, de resistência física, entre outros; enfim, o favorecimento de sua readaptação ou adaptação física global. Psicologicamente, é possível observar também importantes e diversos benefícios, como a melhora da autoestima, integração social e redução da agressividade. (5) 2.5.1 Regras do Basquete Adaptado O regulamento do basquete em cadeira de rodas se assemelha ao do basquete convencional, porém há algumas adaptações que foram feitas para a cadeira de rodas, que reúnem considerações mecânicas, para a locomoção da cadeira, a qual é (54) necessária para jogar sentado e não em pé (correndo). Cada equipe deve ter em quadra o numero mínimo de oito atletas e no total de doze atletas. O tempo de jogo é divido em quatro tempos de dez minutos. Não há mudanças da quadra do basquete convencional usada para competições da Federação Internacional de Cadeira de Rodas. A única regra em exceção a do basquete regular é a regra da posse de bola, sendo permitido ao jogador de posse da bola colocá-la no colo e efetuar dois impulsos na cadeira, após isso, ele deverá arremessar ou picar a bola. (54,55) 2.5.2 Classificação Funcional No jogo de basquete de cadeira de rodas cada atleta é classificado de acordo com o potencial de suas habilidades; essas habilidades são analisadas para a possível habilitação do atleta dentro de sua classe funcional correspondente. As habilidades são: Arremesso, onde é avaliada a estabilidade do tronco durante e após o arremesso; o Passe, que é analisada a estabilidade de tronco e a capacidade do atleta em erguer apenas uma ou ambas as mãos simultaneamente; a Propulsão onde é analisada sua estabilidade de tronco e capacidade do atleta de acelerar e frear a cadeira bruscamente; o Drible, em que é avaliada a estabilidade de tronco e a capacidade do jogador driblar a frente da cadeira ou ao lado com grande aceleração são analisados; a Posição na Cadeira, que são observados alturas dos joelhos, e o encosto da cadeira, pois quanto menor a estabilidade de tronco, maior será a altura dos joelhos em relação á do quadril, e quanto menor a estabilidade de tronco maior o encosto da cadeira e por fim a Deficiência Física, na qual se analisa o tipo de amputação, nível de lesão medular, tipo de seqüela de poliomielite, e/ou outras formas de distúrbios ortopédicos. (56) As classe funcionais são: - Classe 1: os atletas não têm equilíbrio quando sentados numa cadeira de rodas sem apoio nas costas. O tronco não pode se mover em qualquer plano sem a ajuda de pelo menos um braço. O potencial funcional é representado por paraplégicos com lesões completas que tem origem no nível torácico (T7) e acima. - Classe 2: os atletas têm bom equilíbrio quando sentados. Eles podem mover o tronco no plano horizontal quando sentados sem apoio nas costas, precisam de pelo menos um braço para desenvolver os movimentos do tronco nos planos sagital e frontal, não podem avançar o seu tronco ao máximo e são capazes de girar para a cesta ao arremessar com ambas as mãos. O potencial funcional é representado por paraplégicos com origem no nível oito do tórax ao nível um lombar (L1). - Classe 3: os atletas têm ótimo equilíbrio quando sentados e movimentos de tronco nos planos horizontal e sagital sem a ajuda de um braço segurando qualquer parte da cadeira de rodas, o tronco move-se para a cesta, com movimentos e sem a perda da estabilidade. O potencial funcional é representado por paraplégicos com lesões completas com origem no nível lombar dois (L2) ao nível lombar cinco (L5). - Classe 4: os atletas têm ótimo equilíbrio sentado e equilíbrio de tronco em todos os planos. Uma limitação significante no movimento para um lado do plano frontal deve ser tolerado. A limitação funcional é representada por paraplégicos com lesões completas originárias do sacro um (S1) ao sacro dois (S2). (54,57) Geralmente é necessário introduzir uma nova classe, porque a descrição de alguns jogadores não é bem definida, atribuindo assim, metades dos pontos, criando a classificação por exemplo: 0.5, 3.5 e 4.5. (57) 2.5.3 Cadeira de Rodas A cadeira de rodas tem algumas alterações para que possa garantir segurança e velocidade. Ela pode três ou quatro rodas, sendo duas rodas grandes na parte traseira e uma ou duas na parte frontal. Os pneus traseiros devem ter o diâmetro máximo de 66 cm e deve haver um suporte para as mãos em cada roda traseira. A altura máxima do assento não pode ultrapassar de 53 cm do chão e o apoio para os pés não poderá ter mais que 11 cm a partir do chão, quando as rodas dianteiras estiverem direcionadas para frente. Para evitar danos na superfície da quadra, é necessário que a parte de (54) baixo dos apoios da cadeira sejam adequadas. O jogador poderá usar uma almofada de material flexível no assento da cadeira. Ela deverá ter as mesmas dimensões do assento e não poderá ter mais de 10 cm de espessura. Para jogadores de classe 3.5, 4.0 e 4.5 a espessura deverá ser, no máximo, de 5 cm. Todos poderão usar faixas e suportes que o fixem na cadeira ou faixas para prenderem as pernas juntas, aparelhos ortopédicos e protéticos também podem ser usados. (57) 2.5.4 O Treinamento Físico no Basquete em Cadeira de Rodas Dados encontrados na literatura relatam apenas a preparação física quanto ao desenvolvimento de força máxima e potência de membros superiores, buscando de forma indireta uma maior agilidade para o atleta. O treinamento de três vezes na (58) semana é a quantidade mínima para que o atleta obtenha um bom desempenho. É dividido em duas partes o treinamento dos atletas de basquete de cadeira de rodas. A primeira parte corresponde ao treino de força e o ganho de agilidade; o treino de força, normalmente é realizado com bola medicinal e aparelhos de musculação, e para o ganho de agilidade, os atletas realizam exercícios de mudanças de direções, imitando situações reais dos jogos. Um grande auxiliar para o ganho de força muscular, que ajuda a melhorar também o desempenho dos atletas, é a utilização do cicloergômetro de membro superior. O cicloergômetro é bastante utilizado para ganho (59) de condicionamento cardiovascular e respiratório. A estimulação elétrica funcional também é utilizada, para restaurar a função dos músculos que apresentam inervação residual, daqueles músculos que ficaram (59) paralisados ou atrofiados decorrentes da lesão. A importância do atleta realizar algum outro tipo de atividade esportiva é citada por alguns autores; as mais citadas são a natação e o atletismo, que auxiliam no ganho de condicionamento físico e endurance respiratório. (60) Há uma grande correlação do treinamento efetivo dos músculos e sobrecarga. Por isso o treinador deverá ter conhecimento específico da doença de base do atleta, para que se possa aplicar um treinamento efetivo sem correr o risco de levá-lo a um over training. (5) 2.6 Duplo Produto As alterações da freqüência cardíaca e da pressão arterial que ocorrem durante o exercício refletem o tipo e a intensidade do intensidade do exercício realizado, de sua duração e das condições ambientais sob as quais o trabalho foi realizado. (27) Durante o exercício físico ocorre o aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial sistólica, resultando em um aumento da carga de trabalho imposta ao coração. A demanda metabólica aumentada imposta ao coração durante o exercício pode ser estimada examinando-se o duplo produto. O Duplo produto é a freqüência cardíaca x pressão arterial sistólica, ou seja, ele é calculado multiplicando-se a freqüência cardíaca pela pressão arterial sistólica. Cada um desses fatores aumenta a carga de trabalho imposta ao coração. (27) 2.7 Piçarro Teste Para teste de índices desempenho esportivo, o Píçarro Teste, idealizado por Ivan C. Piçarro, consiste em percorrer seis tiros de 50 metros, anotando-se medidas de massa corporal dos indivíduos dos indivíduos e do tempo de cada volta, para obtenção de um indicador final, o índice de fadiga. Este percurso de 50 metros é realizado em um percurso de 25 metros (ida e volta), com intervalo de 5 segundos em cada volta. O teste pode ser executado em qualquer quadra ou campo esportivo, o que facilita sua realização. São dados comandos de voz durante todo o teste para o incentivo do atleta que está executando o teste. O Piçarro Teste foi criado para atletas do desporto convencional, sendo adaptado para atletas em cadeira de rodas no estudo realizado por Medeiros e Boromello, em 2009. (6) 2.8 Índice de Fadiga O índice de fadiga representa a inclinação da curva de potência de cada indivíduo durante as corridas de um teste de campo, sendo demonstrada em porcentagem. É obtido através da subtração da maior pela menor potência que registradas ao longo do teste, divide-se este resultado pela potência máxima, e por fim multiplica-se este resultado por cem. É um alto indicador de que o jogador apresenta uma queda mais pronunciada da curva de potência. (43) Um alto índice significa menor capacidade de recuperação, devido à incapacidade de repor os depósitos de fosfocreatina e de remoção do lactato no sangue entre as corridas do teste. (43) 3. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo descritivo corte transversal em atletas com e sem seqüelas de poliomielite paralítica que jogam basquete em cadeira de rodas, sendo selecionados 17 atletas para o estudo, os quais são integrantes dos principais clubes de basquete em cadeira de rodas do estado de São Paulo. As fontes utilizadas para busca dos dados foram: Lilacs, Medline, Pubmed e Livros, Teses nas bibliotecas da Escola Paulista de Medicina (BIREME), Escola de Educação Física e Esporte da Universidade Federal de São Paulo (EEFE-USP). Os critérios de inclusão utilizados para este trabalho foram: atletas do basquete em cadeira de rodas com o diagnóstico confirmado de poliomielite paralítica e atletas com outras deficiências, com prática desta atividade esportiva por período superior a um ano, do sexo masculino, ter idade entre 17 e 60 anos e ter comprometimento de membros inferiores (MMII). A pesquisa foi baseada no levantamento histórico esportivo dos atletas, a forma e a freqüência que é realizado o treinamento e o rendimento no último ano durante os treinos semanais e nas competições. Foi utilizado um questionário estruturado para verificar os possíveis fatores predisponentes da Síndrome Pós - Poliomielite (SPP), nos atletas com seqüela de poliomielite paralítica, e também um questionário para a realização da anamnese e identificação dos níveis topográficos de lesão nos atletas sem seqüelas de poliomielite. Para quantificar a intensidade do exercício e estabelecer a freqüência cardíaca de treinamento foi mensurada a freqüência cardíaca (FC) dos atletas antes, durante e após o Piçarro teste adaptado; também foi aferida a pressão arterial (PA) dos atletas antes e após o Piçarro teste adaptado, o qual nos dará o índice de fadiga. Para avaliar percepção subjetiva de esforço foi utilizada a escala de Borg, a qual consiste, em uma tabela numerada de 6 a 20 baseados na freqüência cardíaca de 60 a 200 batimentos por minuto, e que através da resposta de cada indivíduo sobre a intensidade do exercício físico pode nos fornecer a percepção subjetiva de esforço. O Piçarro teste consiste na realização de 6 tiros de velocidade com distância de 50 metros (ida e volta num percurso de 25 metros) com intervalo de 5 segundos entre cada tiro. O objetivo principal do teste é identificar o índice de fadiga. São cronometrados os tempos de cada tiro de 50 metros. Com base nesse tempo é calculada a velocidade de cada tiro e a partir desta velocidade são usados cálculos para se determinar a aceleração, força e a potência de cada tiro. Ao final, a potência de cada tiro é comparada, estabelecendo-se a curva dos 6 tiros, bem como o índice de fadiga a partir da potência máxima e da potência mínima atingida no teste. Os atletas foram avaliados por fisioterapeutas integrantes do ambulatório de Esporte Adaptado/Neuromuscular da UNIFESP-EPM durante os treinamentos em seus respectivos clubes. 3.1 Análise Estatística Os dados foram expostos nos planos tabular e gráfico. A normalidade dos dados foi verificada com o teste de Kolmogorov-Smirnov. A estatística descritiva constou do cálculo de média, desvio-padrão, mínimo e máximo para todos os dados contínuos e semi-contínuos com distribuição normal e também mediana e percentis 25 e 75% para dados de mesmo nível de mensuração, entretanto sem distribuição normal. Os dados categóricos foram expressos em freqüência absoluta e relativa. Foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para avaliar as diferenças entre os subgrupos de indivíduos nas variáveis avaliadas com distribuição de dados não-paramétrica. Para avaliar a diferença entre os valores de frequência cardíaca nos diferentes momentos do teste de Piçarro, foi utilizado o teste não-paramétrico de Friedman e conforme a conveniência foi aplicado o teste post hoc de Müller-Dunn. Para verificar a associação entre as variáveis quantitativas foi utilizada a Correlação de Spearman pois os dados apresentaram distribuição não-normal. Para a interpretação das correlações foram consideradas: |0,00| a |0,19| correlação bem fraca; |0,20| a |0,39| - correlação fraca; |0,40| a |0,69| - correlação moderada; |0,70| a |0,89| - correlação forte; |0,90| a |1,00| - correlação muito forte. Os testes utilizados estão identificados em cada item para facilitar a visualização. Foi assumido valor de p=0,05 (α=5%) como estatisticamente significante. Para as análises foram utilizados os softwares estatísticos Prism 5.0 for Windows (GraphPad Software, Inc.) e SPSS Statistics 17.0 for Windows (SPSS, Inc.) 4. Resultados 4.1 Caracterização da Casuística Tabela 1 – Características gerais da amostra Variáveis (n = 17) Sexo – n (%) Masculino 17 (100%) Feminino 0 (0%) Idade (anos) média (dp) 28,18 (4,39) mínimo – máximo 19 – 36 Raça Brancos 11 (64,71%) Negros 6 (35,29) Lesão de Base Amputação 4 (23,53%) Lesão medular 7 (41,18%) Paralisia Cerebral 1 (5,88%) 5 (29,41%) Poliomielite Massa corporal (Kg) média (dp) 65,65 (11,27) mínimo – máximo 46,00 – 85,00 De acordo com a tabela foram avaliados 17 atletas, todos do sexo masculino, sendo 11 (64,71%) negros e 6 (35,29%), com idade entre 19 e 36 anos, com média de 28,18 anos, com massa corporal entre 46 e 85 quilos, com média de 65,65 quilos. As lesões de base destes atletas avaliados diferem em amputação, lesão medular, paralisia cerebral e poliomielite. Destes, 4 (23,53%) apresentam amputação, 7 (41,18%) apresentam lesão medular, 1 (5,88%) apresenta paralisia cerebral e 5 (29,41%) apresentam poliomielite. Tabela 2 – Características clínicas da amostra Grupos Pólio (n=5) Não Pólio (n=12) Geral (n=17) 2 meses 20,00 - 5,88 6 meses 20,00 - 5,88 24 meses 20,00 - 5,88 36 meses 20,00 - 5,88 60 meses 20,00 - 5,88 7 anos - 9,09 5,88 13 anos - 9,09 5,88 14 anos - 9,09 5,88 15 anos - 9,09 5,88 17 anos - 18,18 11,76 18 anos - 18,18 11,76 19 anos - 9,09 5,88 20 anos - 9,09 5,88 22 anos - 9,09 5,88 100,00 - - Diparesia 84,62 - - Triparesia 7,69 - - Tetraparesia 7,69 - - MSE - 8,33 5,88 MID - 25,00 17,65 MMII - 50,00 58,82 MMSS+MMII 80,00 8,33 5,88 MSD+MID 20,00 8,33 11,76 Idade de acometimento (%) Sequela Aguda Pólio (%) Diplegia Sequela Residual Pólio (%) Membros Acometidos (%) De acordo com a tabela, foram separados 2 diferentes grupos de lesão de base; 5 atletas com lesão de base de poliomielite e 12 atletas com outro tipo de lesão de base. A idade de acometimento dessas lesões no grupo de poliomielite diferem em 2 (20%), 6 (20%), 24 (20%), 36 (20%), e 60 (20%) meses e a idade de acometimento do grupo de outras lesões diferem em 7 (9,09%), 13 (9,09%), 14 (9,09%),15 (9,09%),17 (18,18%), 18 (18,18%), 19 (9,09%), 20 (9,09%), 22 (9,09%) anos. No grupo de poliomielite a seqüela aguda é de 100% de diplegia, ou seja, uma paralisia bilateral, e a seqüela residual deste mesmo grupo é de 84,62% de diparesia, 7,69% de triparesia e 7,69% tetraparesia. Os membros acometidos no grupo de poliomielite são em predomínio de Membros Superiores juntamente com Membros inferiores de 80%, seguido de 20% de acometimento de Membro Superior Direito juntamente com o Membro Inferior Direito; e os membros acometidos do grupo de outras lesões de base são em predomínio de Membros Inferiores com 50%, seguido com 25% do acometimento somente do Membro Inferior Direito, e com a mesma porcentagem de 8,33% de acometimento somente no Membro Superior Esquerdo, acometimento nos Membros Superiores juntamente com os Membros Inferiores e com o acometimento do Membro Superior Direito juntamente com o Membro Inferior Direito. Tabela 3– Caracterização do atleta com SPP Idade de Idade acometimento pela Atual pólio (meses) Sequela Aguda Sequela Residual Tempo de Tempo de atividade no treino por BCR (anos) semana (hs/sem) 36 Diplegia Diparesia 11 27 20 Através da tabela, no grupo de atletas com poliomielite, foi identificado 1 atleta com SPP. Este atleta atualmente tem 27 anos, com seqüela residual de diparesia, sendo que sua seqüela aguda foi de diplegia, obteve idade de acometimento da poliomielite aos 36 meses; treina 20 horas semanais e permanece na atividade do basquete em cadeira de rodas há 11 anos. 4.2 Análise das variáveis inter e intragrupos após o Piçarro Teste Adaptado Tabela 4 – Comparação da variável tempo semanal de treino entre os grupos com e sem pólio (Teste de Mann-Whitney) Grupos Tempo semanal de treino Com pólio Sem pólio (n = 05) (n = 12) Mínimo 20,00 12,00 Percentil 25% 20,00 20,00 Mediana 20,00 20,00 Percentil 75% 20,00 20,00 Máximo 30,00 25,00 (hrs/semana) Valor de p 0,700 De acordo com a tabela não houve diferença estatisticamente significante entre os tempos de treino por semana entre os grupos com e sem poliomielite. Figura 2 – Comparação dos valores de freqüência cardíaca obtidos por todos os atletas nos diferentes momentos do Piçarro Teste (n=17); FC REP: Freqüência Cardíaca de Repouso; FC 1: Freqüência Cardíaca após a primeira volta; FC 2: Freqüência Cardíaca após a segunda volta; FC 3: Freqüência Cardíaca após a terceira volta; FC 4: Freqüência Cardíaca após a quarta volta; FC 5: Freqüência Cardíaca após a quinta volta; FC FINAL: Freqüência Cardíaca após a última volta; FC MAX: Freqüência Cardíaca Máxima obtida no teste; FC ALVO MIN EST: Freqüência Cardíaca alvo mínima estimada; FC ALVO MAX EST: Freqüência Cardíaca alvo máxima estimada; (Teste de Friedman com pós-teste de Müller-Dunn; Teste de MannWhitney para comparações da Freqüência Cardíaca máxima com os alvos mínimo e 230 220 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 ES T ES T M AX FC AL VO M IN M AX FC AL VO AL FI N FC 5 FC FC 4 FC 3 FC 2 FC FC R FC 1 Valor de p<0,0001*** EP Frequência Cardíaca (bpm) máximo) p>0,05 (não significante): FC REP vs FC 1; FC 1 vs FC 2; FC 1 vs FC 3; FC 1 vs FC 4; FC 2 vs FC 3; FC 2 vs FC 4; FC 2 vs FC 5; FC 2 vs FC FINAL; FC 3 vs FC 4; FC 3 vs FC 5; FC 3 vs FC FINAL; FC 4 vs FC 5; FC 4 vs FC FINAL; FC 5 vs FC FINAL; FC 5 vs FC MAX; FC FINAL vs FC MAX; p<0,05 *: FC REP vs FC 3; FC 1 vs FC 5; FC 4 vs FC MAX p<0,01 **: FC REP vs FC 2; FC 1 vs FC FINAL; FC 2 vs FC MAX; FC 3 vs FC MAX p<0,001 ***: FC REP vs FC 4; FC REP vs FC 5 FC REP vs FC FINAL; FC REP vs FC MAX FC 1 vs FC MAX; FC MAX E ALV MIN EST; FC MAX E ALV MAX EST No presente estudo e possível verificar através desta figura, o aumento dos valores de freqüência cardíaca da primeira até a quinta volta, com queda na última. Os valores de freqüência cardíaca máxima foram significantemente maiores que os valores preestabelecidos de freqüência cardíaca alvo mínimo e máximo segundo a análise estatística. Figura 3 – Valores de freqüência cardíaca obtidos pelos atletas com seqüelas de poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste (n=5); FC REP: Freqüência Cardíaca de Repouso; FC 1: Freqüência Cardíaca após a primeira volta; FC 2: Freqüência Cardíaca após a segunda volta; FC 3: Freqüência Cardíaca após a terceira volta; FC 4: Freqüência Cardíaca após a quarta volta; FC 5: Freqüência Cardíaca após a quinta volta; FC FINAL: Freqüência Cardíaca após a última volta; FC MAX: Freqüência Cardíaca Máxima obtida no teste; FC ALVO MIN EST: Freqüência Cardíaca alvo mínima estimada; FC ALVO MAX EST: Freqüência Cardíaca alvo máxima estimada; (Teste de Friedman com pós-teste de Müller-Dunn; Teste de MannWhitney para comparações da Freqüência Cardíaca máxima com os alvos mínimo e máximo). T ES T IN AL VO M M FC VO AL FC AX ES AX M FC FI N AL FC 4 FC 3 FC 2 FC FC 5 FC FC 1 230 220 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 R EP Frequência Cardíaca (bpm) Valor de p=0,0018** p>0,05 (não significante): FC REP vs FC 1; FC REP vs FC 3; FC REP vs FC 4; FC REP vs FC 5; FC REP vs FC FINAL; FC 1 vs FC 2; FC 1 vs FC 3; FC 1 vs FC 4; FC 1 vs FC 5; FC 1 vs FC FINAL; FC 1 vs FC MAX; FC 2 vs FC 3; FC 2 vs FC 4; FC 2 vs FC 5; FC 2 vs FC FINAL; FC 2 vs FC MAX; FC 3 vs FC 4; FC 3 vs FC 5; FC 3 vs FC FINAL; FC 3 vs FC MAX; FC 4 vs FC 5; FC 4 vs FC FINAL; FC MAX E ALV MIN EST; FC MAX E ALV MAX EST; FC 4 vs FC MAX; FC 5 vs FC FINAL; FC 5 vs FC MAX; FC FINAL vs FC MAX; p<0,05 *: FC REP vs FC 2; p<0,001 ***: FC REP vs FC MAX; No presente estudo, no grupo de atletas com poliomielite, as medianas dos valores de freqüência cardíaca máxima foram maiores que os valores preestabelecidos de freqüência cardíaca alvo mínimo e máximo, porém, sem diferença estatisticamente significante. Figura 4 – Valores de freqüência cardíaca obtidos pelos atletas sem poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste (n=12); FC REP: Freqüência Cardíaca de Repouso; FC 1: Freqüência Cardíaca após a primeira volta; FC 2: Freqüência Cardíaca após a segunda volta; FC 3: Freqüência Cardíaca após a terceira volta; FC 4: Freqüência Cardíaca após a quarta volta; FC 5: Freqüência Cardíaca após a quinta volta; FC FINAL: Freqüência Cardíaca após a última volta; FC MAX: Freqüência Cardíaca Máxima obtida no teste; FC ALVO MIN EST: Freqüência Cardíaca alvo mínima estimada; FC ALVO MAX EST: Freqüência Cardíaca alvo máxima estimada; (Teste de Friedman com pós-teste de Müller-Dunn; Teste de Mann-Whitney para comparações da Freqüência Cardíaca máxima com os alvos mínimo e máximo). AX ES T ES T M AL VO FC FC AL VO M IN M AX AL FC 5 FC FI N FC 4 FC FC 2 FC 1 FC EP R FC 3 Valor de p<0,0001*** 230 220 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 p>0,05 (não significante): FC REP vs FC 1;FC REP vs FC 2; FC REP vs FC 3; FC 1 vs FC 2; FC 1 vs FC 3; FC 1 vs FC 4; FC 2 vs FC 3; FC 2 vs FC 4; FC 2 vs FC 5; FC 2 vs FC FINAL; FC 3 vs FC 4; FC 3 vs FC 5; FC 3 vs FC FINAL; FC 4 vs FC 5; FC 4 vs FC FINAL; FC 4 vs FC MAX; FC 5 vs FC FINAL; FC 5 vs FC MAX; FC FINAL vs FC MAX; p<0,05 *: FC 1 vs FC 5; FC 1 vs FC FINAL; p<0,01 **: FC REP vs FC 4; FC 2 vs FC MAX; FC 3 vs FC MAX;FC MAX vs FC ALVO MIN EST; FC MAX vs FC ALVO MAX EST p<0,001 ***: FC REP vs FC 5; FC REP vs FC FINAL; FC REP vs FC MAX; FC 1 vs FC MAX; De acordo com a figura acima, no grupo de atletas sem poliomielite verificou-se tendência ao aumento do valor de freqüência cardíaca a cada volta, e a freqüência cardíaca máxima foi maior que os limites máximo e mínimo de freqüência cardíaca alvo, havendo diferença estatisticamente significante. Tabela 5 – Comparação da variável Freqüência Cardíaca Máxima entre os grupos com e sem pólio (Teste de Mann-Whitney) Grupos Freqüência Cardíaca Máxima Com pólio Sem pólio (n = 05) (n = 12) Mínimo 125,00 137,00 Percentil 25% 209,00 164,50 Mediana 209,00 196,00 Percentil 75% 209,00 210,50 Máximo 226,00 224,00 (bpm) Valor de p 0,874 Através da tabela, no grupo de atletas com poliomielite, maiores valores de freqüência cardíaca máxima, porém sem diferença estatisticamente significante quando comparada com o grupo sem pólio. Tabela 6 – Comparação da variável Borg final entre os grupos com e sem pólio (Teste de Mann-Whitney) Grupos Borg final Com pólio Sem pólio (n = 05) (n = 12) Mínimo 10,00 15,00 Percentil 25% 14,00 15,00 Mediana 14,00 16,50 Valor de p 0,006* Percentil 75% 14,00 17,00 Máximo 15,00 18,00 De acordo com a tabela, foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os valores de percepção subjetiva de esforço entre os grupos, com maiores valores entre os atletas do grupo sem poliomielite. Tabela 7 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, freqüência cardíaca máxima e índice de fadiga em todos os atletas (n=17) (correlação de Spearman) Borg Final Variáveis R P Interpretação Idade (anos) -0,106 0,682 Não significante Massa (kg) -0,030 0,907 Não significante -0,132 0,612 Não significante -0,505 0,038* Moderada negativa 0,290 0,257 Não significante 0,266 0,300 Não significante 0,276 0,282 Não significante -0,212 0,413 Não significante -0,098 0,705 Não significante Horas semanais de treino (hrs/semana) Tempo de treino no BCR (anos) Duplo Produto PAS Final (mmHg) PAD Final (mmHg) FC Max (bpm) Índice de Fadiga (%) De acordo com a tabela, é possível verificar, através desta análise, uma relação inversamente proporcional entre tempo de treino na modalidade e o valor final de percepção subjetiva de esforço ao final do Piçarro teste. Tabela 8 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, frequência cardíaca máxima e índice de fadiga em atletas de pólio (n=5) (correlação de Spearman) Borg Final Variáveis R P Interpretação Idade (anos) -0,704 0,184 Não significante Massa (kg) 0,730 0,161 Não significante 0,431 0,468 Não significante -0,949 0,016* Muito Forte negativa 0,550 0,336 Não significante 0,924 0,024* Muito Forte positiva PAD Final (mmHg) FC Max (bpm) 0,778 0,121 Não significante 0,697 0,190 Não significante Índice de Fadiga (%) 0,100 0,872 Não significante Horas semanais de treino (hrs/semana) Tempo de treino no BCR (anos) Duplo Produto PAS Final (mmHg) Através desta tabela, é possível verificar que nos atletas de pólio existe uma relação inversamente proporcional muito forte entre o tempo de treino na modalidade e o valor de percepção subjetiva de esforço ao final do Piçarro Teste. Entretanto, correlaciona-se positiva e muito fortemente com os valores de pressão arterial sistólica ao final do Piçarro Teste. Tabela 9 – Correlação entre a Percepção Subjetiva de Esforço ao final do Piçarro Teste (BORG final) e as variáveis: idade, massa, horas semanais de treino, tempo no BCR, Duplo Produto, pressão arterial sistólica e diastólica ao final do teste, frequência cardíaca máxima e índice de fadiga em atletas sem pólio (n=12) (correlação de Spearman) Borg Final Variáveis R P Interpretação Idade (anos) 0,052 0,871 Não significante Massa (kg) -0,444 0,147 Não significante 0,052 0,476 Não significante -0,313 0,476 Não significante -0,174 0,588 Não significante -0,175 0,586 Não significante -0,101 0,754 Não significante FC Max (bpm) -0,368 0,238 Não significante Índice de Fadiga (%) 0,143 0,656 Não significante Horas semanais de treino (hrs/semana) Tempo de treino no BCR (anos) Duplo Produto PAS Final (mmHg) PAD Final (mmHg) De acordo com a tabela, nos atletas com outras deficiências fora a Poliomielite não foram encontradas correlações entre a percepção subjetiva de esforço e as variáveis selecionadas. 5. Discussão No presente estudo foram avaliados 17 atletas, todos do sexo masculino, sendo 11 (64,71%) negros e 6 (35,29%) brancos, com idade entre 19 e 36 anos, com média de 28,18 anos, com massa corporal entre 46 e 85 quilos, com média de 65,65 quilos. Foram separados 2 diferentes grupos de acordo com a lesão de base: 5 (29,41%) atletas com poliomielite e 12 (70,59%) atletas com outro tipo de lesão, sendo que 4 (23,53%) amputação, 7 (41,18%) lesão medular e 1 (5,88%) paralisia cerebral. Todos os atletas responderam á um questionário estruturado sobre a história de acometimento da poliomielite ou das outras lesões de base e/ou deficiência, aparecimento dos sinais tardios (relacionados à SPP ou não), histórico esportivo, tipo e freqüência de treinamento e por fim a realização do Piçarro Teste Adaptado, com mensuração da pressão arterial (PA) antes (inicio) e após (fim) do teste, e a mensuração da freqüência cardíaca (FC), antes (inicio), durante e após (fim) do teste. Este atual trabalho tomou como base e seguimento (a fim de complementar e encontrar novos achados para esta população) o trabalho realizado por Medeiros e Boromello em 2009, estes, por sua vez, contaram com casuística de 22 atletas, com média de idade de 36,95 anos, variando entre 25 e 52 anos, os quais responderam á um questionário sobre a história de acometimento da poliomielite, aparecimento de sinais tardios (relacionados à SPP), histórico esportivo e por fim a realização do Piçarro Teste Adaptado. (6) A diferença entre o atual trabalho e o estudo realizado em 2009, é a população envolvida. No atual trabalho, foram incluídos atletas com diferentes tipos de deficiência física e/ou lesões de base além da poliomielite, a mensuração da FC durante cada volta do Teste e da PA, e a comparação dos resultados obtidos nos diferentes grupos. Outros estudos realizados com atletas de basquete em cadeira de rodas complementaram e serviram de análise para seguimento deste trabalho; Conde em 2007, realizou uma pesquisa utilizando um questionário estruturado para verificar os possíveis fatores predisponentes da Síndrome Pós - Poliomielite (SPP), com 21 atletas com seqüela de poliomielite com média de idade de 34,8 anos (5) ; Augusto e Silva (2008) buscaram avaliar se o tipo e a freqüência do treinamento físico poderiam levar ao aparecimento de sinais da SPP em 48 atletas de basquete em cadeira de rodas , todos com história de poliomielite paralítica, com média idade de 36,4 anos. (41) Fenato et al, em 2007, realizou um estudo com 12 atletas do basquete em cadeiras de rodas todos do sexo masculino entre 20 e 40 anos de idade, classificados por lesão medular (T-1, T-6 e T-12), poliomielite, amputação de membro inferior, doenças degenerativas e mielomeningocele, e teve como objetivo avaliar a função respiratória de atletas do basquete em cadeira de rodas através da espirometria. (61) Quintana e Neiva (2008) desenvolveram uma pesquisa sendo o exercício físico regular e a condição de saúde de indivíduos pessoas com deficiência física como objeto de estudo, O objetivo deste estudo era através da determinação do perfil antropométrico e bioquímico sanguíneo, definir a prevalência de fatores de risco para síndrome metabólica, foram estudados 27 sujeitos sendo 14 lesados medulares (T2-L1), 5 amputados e 8 com seqüelas de poliomielite, divididos em jogadores de basquete em cadeira de rodas e não jogadores. (62) Os achados encontrados neste presente estudo revelaram que 100% dos atletas com história de poliomielite apresentaram diplegia como seqüela aguda, sendo como seqüela residual a diparesia em 4 atletas (92,31%) e triparesia em 1 atleta (7,69%). Os membros acometidos no grupo de poliomielite são membros superiores e inferiores em 80% dos casos, membro superior inferior direito para os outros 20%; e os membros acometidos do grupo de outras lesões são: membro superior direito em 8,33%, membro inferior direito em 25%, membros inferiores para 50%, membros superiores junto com membros inferiores 8,33% e membro superior direito junto com membro Inferior direito em 8,33%. Comparando os resultados deste presente estudo, com os resultados obtidos no trabalho de Augusto e Silva (2008), é possível observar que a diplegia como seqüela aguda é predominante, aparecendo em 50% (24) dos atletas; também é possível observar, como a seqüela residual de diparesia nos atletas com história de poliomielite é predominante e a seqüela de triparesia é evidente em menor porcentagem . Em 24 dos 48 atletas estudados (50,0%) a seqüela aguda foi a diplegia, e na fase residual 32 (66,6%) apresentaram diparesia, 14 (29,1%) apresentaram monoparesia, e 2 (4,1%) apresentaram triparesia; com relação aos acometimentos dos membros, houve um predomínio de lesão dos membros inferiores (43,7%), assim como também no trabalho realizado por Conde em 2007, em que dos 21 atletas estudados, 9 (42,9%) apresentaram seqüela residual nos membros Inferiores. (5,41) No presente estudo, no grupo de atletas com poliomielite, dos 5 atletas estudados neste presente estudo, foi identificado 1 atleta com nova fraqueza muscular por período superior a um ano, assim caracterizando a SPP; no momento do estudo este atleta apresenta-se com 27 anos, foi acometido pela poliomielite aos 36 meses e passou de diplegia para diparesia; treina 20 horas semanais e permanece na atividade do basquete em cadeira de rodas há 11 anos. Os demais atletas deste grupo diferem na idade de acometimento da poliomielite em 2, 6, 24, 60 meses, treinam também 20 horas semanais; todos (incluindo o atleta identificado com SPP) obtiveram recuperação da marcha, com seqüela de diplegia na fase aguda e com seqüela residual de diparesia (exceto aquele que teve acometimento da pólio aos 6 meses) e permanecem no basquete em cadeira de rodas há 10, 13, 15, 12 anos respectivamente. Autores como Trojan e Cashman (2005) e Nollet (2005) relatam que os fatores predisponentes para SPP, estão relacionados com a infecção em fase mais tardia, gravidade da doença e o processo de recuperação funcional. Os exercícios podem melhorar a força muscular, no caso de desuso e músculos parcialmente afetados, e que exercícios intensos não são recomendados, mas estes podem ser indicados quando o grau de força muscular for maior que o grau 3, podendo assim ajudar na manutenção da força muscular, desde que se evite overuse; já quando o grau de força muscular for menor que o grau 3, pode ser prejudicial ao músculo, podendo ocorrer sinais de overuse. (11,25) Entretanto, Halstead e Rossi (1985) e Rodriguez e Agre (1991) relatam que os exercícios podem melhorar a aptidão física em geral, aumentar a eficiência na realização das atividades de vida diária, oferecendo assim uma melhor qualidade de vida para os pacientes com SPP. Foi possível observar de acordo com os resultados do presente estudo, comparando a idade de acometimento, recuperação funcional e período na prática da atividade esportiva com os dados encontrados na literatura, que o período da pratica esportiva, a idade acometimento da poliomielite e recuperação funcional parecem não estar relacionados com o aparecimento da Síndrome PósPoliomielite, porém, é necessário uma amostra maior de sujeitos e mais estudos para tal afirmação. (23,36) Augusto e Silva (2008) confirmam este achado em seu estudo, demonstrado através de seus resultados que o tipo e a freqüência de treinamento físico pareciam não influenciar no surgimento dos sinais tardios da SPP e que atletas que treinam menos horas e menos dias na semana são os que apresentam maiores déficits de força muscular, dor articular e muscular. (41) No presente estudo, houve comparação da variável tempo semanal de treino entre os diferentes grupos com e sem poliomielite, não havendo diferença estatística entre os grupos. De acordo com os resultados obtidos, os dois grupos apresentaram valores medianos de 4 horas diárias de treinamento e 20 horas semanais. No trabalho de Augusto e Silva (2008) os resultados foram semelhantes do estudo atual, com valor de mediana de 3 horas diárias de treinamento. (41) Todos os atletas neste estudo realizaram Piçarro Teste, que foi criado para atletas do desporto convencional, sendo adaptado para atletas em cadeira de rodas no estudo realizado por Medeiros e Boromello (2009), que tiveram o objetivo de verificar a relação entre a intensidade do exercício físico de atletas de basquete em cadeira de rodas e a percepção subjetiva de esforço. (6) A escolha do Piçarro Teste Adaptado foi adequada, pois, além da sua fácil aplicação e de se assemelhar com o esforço físico diário realizado por estes atletas em seu treinamento, em vários estudos têm-se empregado o exercício dinâmico de curta duração, para se estabelecer em um modelo importante de estudo das adaptações cardiovasculares relacionadas à prática de exercícios físicos, induzidas de modo agudo e crônico. (63) Através dos resultados do atual estudo, verificou-se o aumento dos valores da freqüência cardíaca da primeira até quinta volta, com queda na última; sendo que os valores da freqüência cardíaca máxima foram significantemente maiores que os valores preestabelecidos de freqüência cardíaca alvo mínimo e máximo de todos os atletas estudados. Em comparação, já Medeiros e Boromello (2009) observaram que houve diferença estatística significante entre os valores das medianas da freqüência cardíaca ao final do Piçarro Teste e a de treinamento, sendo com maior valor na de treinamento. O coração não possui uma regularidade de um relógio, deste modo, alterações na freqüência cardíaca, que são definidas como variabilidades da freqüência cardíaca (VFC), são normais e esperadas. Elas demonstram e indicam uma habilidade do coração em responder aos múltiplos estímulos fisiológicos e ambientais, dentre eles, respiração, exercício físico, estresse mental, alterações metabólicas e hemodinâmicas, (6, 64) sono e ortostatismo, como também desordens causadas por doenças. Inúmeras publicações na literatura têm descrito os sinais clínicos eletrocardiográficos e ecocardiográficos da condição conhecida como coração de atleta. Deficientes físicos apresentam peculiaridades com relação ao treinamento prolongado, relacionadas à perda de massa muscular, à incoordenação motora e à difícil adaptação às várias modalidades desportivas. (65) Filho et. al (2006), avaliaram o consumo de oxigênio e a condição cardíaca através de ecocardiograma após teste de três minutos em esteira com aumento de velocidade gradual em atletas de esportes adaptados, deambulantes e não deambulantes, e conseguiram encontrar respostas adaptativas nestes atletas através da correlações entre volumes cardíacos e resposta ventilatória. (66) Foi apresentada neste estudo, a comparação dos valores da freqüência cardíaca obtida pelo grupo dos atletas com seqüelas de poliomielite nos diferentes momentos do Piçarro Teste Adaptado, havendo diferença estatisticamente significante somente entre a freqüência cardíaca de repouso com a do segundo tiro e com os valores médios de freqüência cardíaca máxima alcançada. Em comparação ao grupo de atletas de poliomielite, o grupo de atletas sem poliomielite apresentou tendência ao aumento dos valores de freqüência cardíaca (FC) nos diferentes momentos do Piçarro Teste Adaptado a cada volta. A FC máxima foi maior que os limites máximos e mínimos de freqüência cardíaca alvo, havendo diferença estatística. Em um determinado nível de consumo de oxigênio, tanto a freqüência cardíaca (FC) quanto à pressão arterial (PA) são mais elevadas durante o trabalho de braço em comparação com o trabalho de perna. A explicação para a FC mais alta parece estar ligada a um fluxo simpático ao coração durante o trabalho de braço em comparação com o exercício de perna. O aumento grande da PA do trabalho de braço deve-se à vasoconstrição nos grupos musculares inativos, ou seja, quanto maior for o grupo muscular envolvido na realização do exercício, maior a quantidade de vasos de resistência (arteríolas) dilatados. Conseqüentemente, essa menor resistência se reflete numa menor PA. (27) Entretanto, Powers (2005) afirma que é possível alcançar a diminuição da freqüência cardíaca submáxima, em atletas treinados, durante o exercício físico devido à redução da atividade simpática quando é dada a intensidade de esforço submáximo. (27) No presente estudo, na comparação da variável da Escala de Borg final entre os grupos com e sem poliomielite, foi encontrada diferença estatística, com maiores valores entre os atletas do grupo sem poliomielite. Entretanto nos achados de Medeiros e Boromello em 2009 (6) , após o teste prático verificou-se que a mediana dos valores da percepção subjetiva de esforço (PSE) relatada pelos atletas foi de 13,14, valor semelhante à mediana de 14 encontrada no presente estudo para os atletas de poliomielite. Levando em consideração que as lesões medulares consistem na alteração da função medular, estas podem provocar (67) inúmeras alterações neuromusculares, esqueléticas, hormonais e metabólicas. No presente estudo, o grupo de atletas sem poliomielite, dos 12 atletas deste grupo, 7 (41,18%) apresentam lesão medular de C7 –T1; T6; T8; T11; dois atletas apresentam lesão medular em T11-T12 e 1 atleta apresenta lesão em L1 –L2, e que tais topografias de lesões parecem influenciar a presença das alterações cardiovasculares. Verificou se nos atletas lesados medulares, elevação da pressão arterial, freqüência cardíaca, e possivelmente o aumento da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE). A escala Borg possui uma íntima relação com a freqüência cardíaca alvo e com a percepção subjetiva de esforço, também está relacionada a porcentagem do volume máximo de oxigênio (VO2máx) e ao limiar de lactato, independente do tipo de exercício e do condicionamento físico do indivíduo. (67) Outro fato a elucidar, é que o aumento da percepção subjetiva de esforço provavelmente, pode estar relacionado com a sobrecarga cardiocirculatória, que provém do fato de que os membros superiores, ao suportarem o peso do corpo, estão exercendo atividade física de intensidade mais elevada do que aquela para qual foram habitualmente preparados, e que de acordo com os resultados deste presente estudo o grupo sem seqüelas de poliomielite (amputados e lesados medulares) que obtiveram uma percepção subjetiva maior (em relação ao grupo com seqüelas de pólio), já podem ter uma alteração prévia em relação ao sistema cardiovascular e gasto energético, tornando o sistema cardiovascular ainda mais sobrecarregado, parecendo produzir (68) uma percepção subjetiva de esforço (PSE) maior. Em um relato de caso realizado por Gaspar et al em 2003, com um sujeito jogador de futebol amputado em nível transtibial unilateral, o paciente foi avaliado em relação ao gasto energético com prótese e com muletas axilares através de um teste de esforço físico. No seu trabalho é demonstrado que este paciente com esse tipo de amputação gasta de 10 a 30 % mais energia durante a marcha, na mesma velocidade, do que indivíduos não amputados, e que pacientes com amputação transtibial têm maior gasto energético durante a marcha com a prótese, chegando a um consumo 20% maior de oxigênio quando comparados a indivíduos normais na mesma velocidade relativa; e levando em consideração que o amputado de membro inferior apresenta um gasto energético maior para a deambulação, e este aumenta em relação ao nível da amputação, ou seja, quanto mais alta for à amputação, mais gasto energético o organismo terá para a locomoção deste indivíduo. (69,70) Os resultados apresentados deste presente estudo demonstraram o aumento da percepção subjetiva de esforço (em comparação com o grupo sem poliomielite) dos amputados que também estão incluídos no grupo sem poliomielite além dos lesados medulares, e que tais resultados podem estar relacionados com as afirmações anteriores, já que a percepção subjetiva de esforço está ligada com a percepção corporal de esforço, freqüência cardíaca alvo e volume de oxigênio máximo, sendo assim, relacionada com o gasto energético. Neste estudo as amputações dos 4 atletas (23,53%) diferem em amputação transtibial, amputação transtibial do membro inferior esquerdo, desarticulação femoral do membro inferior direito e desarticulação de joelho do membro inferior direito. De forma geral, os menores valores da escala de Borg encontrados, quando correlacionada à percepção subjetiva de esforço e ao final do Piçarro Teste Adaptado e diversas variáveis, foram naqueles que apresentavam maior tempo de prática esportiva, o que parecem estar ligado com as adaptações cardiovasculares relacionadas ao exercício crônico, as quais envolvem fatores neurais e locais. O controle autonômico do coração é afetado pelo treino de endurance, havendo um aumento da atividade parassimpática e diminuição da atividade simpática do coração quando em repouso. Estas mudanças autonômicas, juntamente com a possível redução da freqüência cardíaca intrínseca, irão diminuir a freqüência cardíaca de repouso. Além deste efeito, ocorre também que atletas possuem recuperação mais rápida da freqüência cardíaca após o exercício físico devido à melhora da atividade parassimpática produzida pelo efeito de treinamento de endurance. (6) Quando considerado somente o grupo de poliomielite, há uma correlação positiva e forte com os valores da pressão arterial sistólica ao final do piçarro teste adaptado, parecendo demonstrar que os atletas com poliomielite possuem melhores ajustes cardiovasculares em comparação ao outro grupo estudado, em que os lesados medulares são a maioria da amostra, cuja fisiologia cardiovascular é alterada. Entretanto, adaptações na pressão arterial sistólica e diastólica indicam uma melhora no desempenho cardiovascular em indivíduos com lesão medular, após participação (68) em um programa de exercícios físicos. Embora o presente tenha obtido resultados satisfatórios, e mesmo sendo comprado com outras literaturas, ainda se encontra necessário estudos para resultados mais conclusivos. 6. Conclusão Depois de observarmos que a resposta da percepção subjetiva de esforço do grupo dos atletas com outras lesões foram maiores em comparação com a resposta do grupo dos atletas de poliomielite, é possível concluir, que este tipo de exercício parece não ter sobrecarga para esta população, pelo fato destes apresentarem um sistema cardiovascular mais íntegro do que em relação aos do outro grupo. Conclui-se também que, quanto maior o tempo de prática na modalidade, menor a percepção subjetiva de esforço, indicando um ganho progressivo da capacidade cardiovascular com a prática esportiva. E que a idade de acometimento da poliomielite e recuperação funcional, parecem não estar relacionados com o aparecimento da Síndrome Pós-Poliomielite. 7. Anexos Anexo 1 – Termo de aprovação do comitê de ética e pesquisa COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO/ HOSPITAL SÃO PAULO IImo(s). Sr(a). Pesquisador(a) Leandro Pedrosa Costa Co-Investigadores: Dr. Acary Souza Bulle Oliveira; Disciplina/Departamento: Neurologia Clínica da Universidade Federal de São Paulo/ Hospital São Paulo Patrocinador: (Recursos Próprios) CARTA DE APROVAÇÃO E PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA INSTITUCIONAL Ref: Projeto de pesquisa intitulado: 'Comparação da Percepção Subjetiva de Esforço entre atletas de basquete de cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite após o piçarro teste adaptado.' ÁREA TEMÁTICA ESPECIAL: Não há necessidade de envio à CONEP para análise CARACTERISTICA DO ESTUDO: Observacional RISCO PACIENTE: Sem risco, sem procedimento invasivo OBJETIVOS: Comparar a resposta da percepção subjetiva de esforço entre atletas de basquete de cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite após o Piçarro teste adaptado. RESUMO: Será realizado um estudo em atletas com e sem seqüelas de poliomielite paralítica que jogam basquete em cadeira de rodas. Serão selecionados 40 atletas para o estudo, com idade entre 17 e 60 anos, com comprometimento de membros inferiores, sendo os mesmos integrantes dos principais clubes de basquete em cadeira de rodas do estado de São Paulo. Será utilizado um questionário estruturado para verificar os possíveis fatores predisponentes da síndrome Pós-Poliomielite nos atletas com seqüela de poliomielite paralítica, e também um questionário para a realização da anamnese e identificação dos níveis topográficos de lesão nos atletas sem seqüelas de poliomielite. Para quantificar a intensidade do exercício e estabelecer a freqüência cardíaca de treinamento, será mensurada a freqüência cardíaca e a pressão arterial dos atletas antes e após o Piçarro teste adaptado. Será avaliada a percepção subjetiva de esforço pela escala de Borg. Rua Botucatu, 572 - 1º andar - conj 14. CEP 04023-062 - São Paulo / Brasil Tel.: (011) 5571-1062 - 5539 - 7162 FUNDAMENTAÇÃO RACIONAL: O Piçarro teste consiste na realização de 6 tiros de velocidade com distância de 50 metros com intervalo de 5 segundos entre cada tiro. O objetivo principal deste teste é identificar o índice de fadiga. Um alto índice de fadiga significa menor capacidade de recuperação, devido á incapacidade de repor os depósitos de fosfocreatina e de remoção do lactato no sangue entre as corridas do teste. MATERIAL E METODO: Estão descritos os procedimentos do estudo, aprentando o instrumento a ser utilizado na coleta de dados. TCLE: Adequado, contemplando a resolução 196/96 DETALHAMENTO FINANCEIRA: Sem financiamento externo CRONOGRAMA: 4 meses OBJETIVO ACADÊMICO: Especialização PRIMEIRO RELATÓRIO PREVISTO PARA: 16/12/2010, os demais relatórios deverão ser entregues ao CEP anualmente até o termino do Estudo O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo ANALISOU e APROVOU o projeto de pesquisa referenciado. 1. Comunicar toda e qualquer alteração do projeto e termo de consentimento livre e esclarecido. Nestas circunstâncias a inclusão de pacientes deve ser temporariamente interrompida até a resposta do Comitê. 2. Comunicar imediatamente ao Comitê qualquer evento adverso ocorrido durante o desenvolvimento do estudo. Rua Botucatu, 572 - 1º andar - conj 14. CEP 04023-062 - São Paulo / Brasil -Tel.: (011) 55711062 - 5539 – 7162 3. Os dados individuais de todas as etapas da pesquisa devem ser mantidos em local seguro por 5 anos para possível auditoria dos órgãos competentes. Atenciosamente, Prof. Dr. José Osmar Medina Pestana Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo Rua Botucatu, 572 - 1º andar - conj 14. CEP 04023-062 - São Paulo / Brasil Tel.: (011) 5571-1062 - 5539 – 7162 Anexo 2 – Termo de Consentimento livre e Esclarecido Título: Comparação da percepção subjetiva de esforço entre atletas de basquete de cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite após o piçarro teste adaptado. O esporte adaptado surgiu após a 2º guerra mundial, como reabilitação para os soldados. Em 1958 iniciou no Brasil através de Sergio Seraphim Del Grande e Robson de Almeida ambos paraplégicos iniciaram o esporte adaptado começando pelo basquete sobre rodas. Hoje temos vários clubes de basquete sobre rodas que são formados por atletas de diversas deficiências, e em sua maioria por atletas com seqüela de poliomielite que é uma doença anterior aguda, causada por um vírus de gravidade extremamente variável, que pode apresentar manifestações clínicas, acompanhadas ou não de paralisias. Entretanto hoje se fala da Síndrome Pós - Póliomielite (SPP), que causa uma desordem neurológica e acomete pessoas com poliomielite paralítica prévia geralmente 15 anos ou mais após a doença aguda. A SPP se manifesta através de vários sinais clínicos como nova fraqueza progressiva, fadiga, dor muscular e/ ou articular, distúrbio do sono, intolerância ao frio, dificuldade respiratória, deglutição e nova atrofia mesmo freqüente. Este trabalho tem como objetivo de comparar a resposta da percepção subjetiva de esforço entre atletas de basquete de cadeira de rodas com e sem seqüelas de poliomielite após o piçarro teste adaptado, serão avaliados aproximadamente 40 atletas que praticam basquete sobre rodas e a avaliação será realizada no Ambulatório de Esporte Adaptado - Neuromuscular da UNIFESP / EPM e nos clubes de basquetebol em cadeira de rodas. Para realizar nossa pesquisa você responderá algumas perguntam sobre: a)Sua história da pólio aguda (a doença na sua infância) ou de outra deficiência; b)Sua história como atleta no basquete em cadeira de rodas; c) Pergunta especifica sobre a sua saúde hoje; d)Tipo do seu treinamento físico; e)Tempo do treinamento físico. A qualquer momento você terá acesso aos dados obtidos no estudo e também aos profissionais repensáveis pela pesquisa para esclarecimento e eventuais dúvidas. Os principais investigadores são os fisioterapeutas Leandro Pedrosa Costa e Nathalia Sá dos Santos, que podem ser encontrados no endereço Rua Estado de Israel, 899 – Telefones: (011) 5083-1051- (011) 7336-3337. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) Rua Botucatu, 572 1º andar Cj 14, tel: (011) 5571-1062 -Fax 5539-7162 / e-mail, [email protected]. Você terá garantia e a liberdade da retirada do seu consentimento a qualquer momento sem qualquer prejuízo á continuidade do seu tratamento na instituição. Não há despesas pessoais para você como participante e em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não haverá compensações financeiras relacionadas da sua participação. Se existir despesa adicional, ela será pelo orçamento da pesquisa. Acredito ter sido suficiente informado a respeito das informações pelos pesquisadores, Ft. Leandro Pedrosa Costa, Ft. Nathalia Sá dos Santos, Ft. Miguel Francisco Bezerra de Medeiros, Ft. Maria Salete Conde ou pela equipe do Ambulatório de Esporte Adaptado - Neuromuscular da UNIFESP / EPM. Concordo voluntariamente em participar de este estudo poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer beneficio que possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço. ----------------------------------------------------------Assinatura do paciente / representante legal Data ----------------------------------------------------------Assinatura da testemunha Data / / / / Para o responsável do projeto: Declaro que de forma apropriada e voluntária o Consentimento livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal pra a participação neste estudo. ________________________________________ Data __/ / (Ft. Leandro Pedrosa Costa) CREFITO 32947/LTF ________________________________________ Data __ / / (Ft. Nathalia Sá dos Santos) CREFITO 33130/LTF Anexo 3 – Protocolo de Avaliação para atletas com seqüelas de poliomielite e outras deficiências 1 – Identificação Nº seqüencial _______ RH Data _____/_____/2010 Membro dominante: D E Nome: _____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Data de Nasc. _____/_____/_____ Idade:______________ Sexo: M F Naturalidade _________________________________________________ Estado ________________ Procedência ____________________________________________ _______________ Etnia: B N A Estado Civil ____________________Profissão _________________________ Endereço __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ CEP__________________________ Cidade/Estado ___________________________________ Tel _____________________________________ Celular ___________________________________ E-mail _____________________@_________ Modalidade Atual: _____________________ Clã Classificação Funcional: __________________ Peso _____Kg IMC: Cadeirante: SIM NÃO Andante: SIM NÃO Altura: _________ 2 – Anammese a) Historia da Poliomielite Aguda ou outra deficiência Local (Cidade/Estado)__________________________________________________________ Idade: ____________________________ Vacinação: Não Ano ______________________ Sim Suporte ventilatório qual? VM PA Qual o nível topográfico da lesão: _______________________________________________ Seqüela: MMII Quadriplegia Triplegia MSD MID MSE Recuperação da Marcha: Não Diplegia MIE Sim Monoplegia MMSS Fraqueza de musculatura bulbar Independente uso de Órtese uso de auxiliar cadeirante Seqüela Residual: *M+afetado Monoparesia Diparesia MMSS MMII MSD MSE b) Sintomas até o momento da primeira consulta: Triparesia MID Quadriparesia MIE b) Sinais/Sintomas: Queixas: Nova Fraqueza Disfagia Ansiedade Nova Atrofia Depressão Distúrbio do Sono Dor Muscular Cefaléia Memória/Concentração Dor Articular Cãibra Disfunção urinária Intolerância ao Frio Fadiga Cefaléia Matinal Fasciculação Disfonia Problema Respiratório Desvio de coluna Obstipação intestinal ↑ do Peso Corporal Apresenta dor em suas atividades esportivas? Sim Não antes durante após EM qual parte do seu corpo esta Localizada a dor ? Ombro D E Cotovelo D E Punho D E Dedos D E Tórax Coluna: Cervical Quadril D E perna D E joelho D E Lombar pé D Quanto tempo apresenta este quadro de dor? dias meses anos Apresenta fadiga/cansaço nas atividades esportivas? antes durante após Durante sua vida esportiva já realizou alguma avaliação cardíaca? SIM NÃO Precisou realizar teste de esforço? SIM NÃO No último ano fez avaliação respiratória? SIM NÃO Diminuição da funcionalidade? SIM NÃO Apresenta fraqueza progressiva? SIM NÃO sacral E 3 - História no esporte: Quando iniciou no esporte adaptado? Idade_____ Ano________ Qual a modalidade que iniciou no esporte? atletismo tiro esportivo basquete natação bocha tênis de mesa Dança tênis de quadra Esgrima tiro com arco Halterofilismo vôlei sentado Tempo de permanência em cada modalidade? 1 á 2 anos 3 á 4 + 5 anos Praticar mais de uma modalidade, melhorou o seu desempenho? SIM NÃO Alguma das modalidades praticada piorou o seu desempenho? SIM NÃO Precisou mudar de modalidade? SIM NÃO Qual a nova modalidade? atletismo tiro esportivo basquete natação bocha tênis de mesa Dança tênis de quadra Esgrima tiro com arco halterofilismo vôlei sentado Como foi sua adaptação a nova modalidade? a) Ótima bom regular ruim Houve melhora em seu rendimento? SIM NÃO O que o levou a praticar esporte indicação? Amigos treinamentos eventos faculdades propaganda outros assistir jogos E o que o esporte lhe proporcionou? melhorou suas atividades diárias habilidade funcionalidade socialização 4 – Treinamento: Freqüência de treinamento: 1 vez por semana 2 vezes por semana 3 vezes por semana 4 vezes por semana 5 vezes por semana 6 vezes por semana 7 vezes por semana Tempo de treinamento (em horas): de 1 a 2hs de 2 a 3hs de 3 a 4hs de 5 a 6hs Como é realizado seu treinamento: Alongamento: SIM NÃO Aquecimento: SIM NÃO Fortalecimento: Medicine Ball SIM NÃO Musculação SIM NÃO Anexo 3 - Teste Prático Horário de início do teste: Horário do final do teste: PA rep: Pressão arterial de repouso; PA final: pressão arterial final, após o teste; FC rep: Freqüência cardíaca de repouso; FC final: Freqüência cardíaca final após o teste; Borg 1: percepção subjetiva de esforço após o primeiro tiro; Borg Final: percepção subjetiva de esforço após o último tiro; FCt: freqüência cardíaca de treinamento FC rep (bpm): 1: 2: 3: 4: 5: Tempo (s) 1: 2: 3: 4: 5: 6: Velocidade (m/s) 1: 2: 3: 4: 5: 6: Aceleração (m/s²) 1: 2: 3: 4: 5: 6: Força (N) 1: 2: 3: 4: 5: 6: Potência (W) 1: 2: 3: 4: 5: 6: Índice de Fadiga 1: 2: 3: 4: 5: 6: FC final (bpm): FCt PA rep (mmhg) PA final (mmhg) Borg 1 Borg Final Distância (m) Massa (kg) 8. 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ABSTRACT Introduction: Since its creation in 1944, adjusted sport has been used as a way of rehabilitation and insertion of these athletes in a social environment. Nowadays more than that, adjusted sport has grown, spread and it has become something valuable in Brazil and all around the world. The adjusted sport provides physical and psychological welfare in the athletes improving their self esteem. One of the first sport modalities was the basketball in wheelchairs, known for being a sport of an intense exercise and overload in the joints of superior limbs. Facts of the year 2008 from Basketball over wheels Paulista Federation describes 91 athletes with poliomyelitis´ sequels on the average of 34,7 years old, considering that 47 of these athletes are between 32 and 45 years old and all of them are in total physical activity in their clubs. These athletes who are exposed to high intensity exercises, may predispose them to the post - poliomyelitis syndrome basing on the exercises that are directed to motor unities that are already working in their maximum level. Objective: Compare the subjective perception answer of the effort (PSE) among wheelchair basketball athletes with and without poliomyelitis´s sequels, after the Piçarro Adapted Test. Material and Methods: Descriptive study transversal cut, using a structured questionnaire and the Piçarro Adapted Test. Results: 17 athletes were studied, 5 athletes with poliomyelitis´ sequel (29,41%), 4 athletes with amputations (23,53%), 7 athletes with medullar damage (41,18%) and 1 with cerebral palsy (5,88%). It was found a tendency to a rise of cardiac frequency values from the first until the fifth return with a decline in the last. The maximum cardiac frequency values were meaningfully higher than the pre-established values of the least and maximum target cardiac frequency according to the statistics analysis. It was found a statistic meaningfully difference among the values of the subjective perception of effort among the groups, with higher values among the athletes without poliomyelitis. Conclusion: After observing the response of perceived exertion group of athletes with other injuries were higher in comparison with the response of the group of athletes from polio, it can be concluded that this type of exercise seems to have no overhead for this population, at because they presented a cardiovascular system more intact than in relation to the other group. It also follows that the more time in practice mode, the lower the rating of perceived exertion, indicating a progressive gain of cardiovascular fitness to practice sports. And the age of onset of polio and functional recovery do not appear to be related to the emergence of Post-Polio Syndrome. Key Words: Wheelchair Basketball, Poliomyelitis, Subjective Perception of the Effort, Post-Poliomyelitis Syndrome.