II – São Paulo, 123 (178) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I sexta-feira, 20 de setembro de 2013 Geraldo Alckmin - Governador Volume 123 • Número 178 • São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2013 NO DOMINGO, NEM PENSE NO SEU CARRO doutor Paulo Saldiva, médico infectologista e livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é categórico: andar de carro não é com ele. O médico adotou o hábito de andar de bicicleta pelas ruas de São Paulo desde os tempos em que era estudante de Medicina. Há 20 anos, ele tem como companheira uma Caloi. Seu depoimento para a segunda série do livro Como viver em São Paulo sem carro (editora Santa Clara Ideiais) mostra os principais problemas de quem utiliza o carro. Um deles é a saúde. “A maior causa de infarto hoje é o trânsito. Um em cada dez infartos é devido à poluição do ar”. As outras são a segurança e a economia. “Só me sinto ameaçado pelos automóveis. De carro, já fui assaltado. Na bicicleta, nunca. O carro é um elemento de perda da inclusão social”, afirma. tamento indica outro fator preocupante: mais da metade dos paulistanos (58%) são infelizes por causa do trânsito da cidade de São Paulo. ILUSTRAÇÃO DE EVA UVIEDO SOBRE FOTO DE ROBERTA DABDAB O www.imprensaoficial.com.br Vale tudo: carona, ônibus, trem, metrô e até bicicleta. A moda, agora, é deixar o carro na garagem Para o médico e os milhares de paulistanos que resolveram aderir às outras modalidades de transporte, o dia 22 é motivo para comemoração. Em todo o mundo, 22 de setembro é o Dia Mundial Sem Carro, um motivo para refletir quanto ao impacto do automóvel sobre o meio ambiente e o homem. Mudança de hábito – O doutor Saldiva não está sozinho. A cada ano, aumenta o número de pessoas que estão incorporando o hábito de andar a pé ou de bicicleta. Levantamento do Instituto Akatu, Pesquisa Akatu 2012: Rumo à Sociedade do Bem-Estar, realizado com 800 pessoas de todo o Brasil, constatou que a maioria dos brasileiros prefere usufruir de uma boa mobilidade do que satisfazer seu desejo de consumo de ter um automóvel. A maioria dos entrevistados que disseram ter abandonado o carro optaram por andar a pé ou Paulo Saldiva em foto da segunda série do livro Como viver em São Paulo sem carro de ônibus: são 78% e 70% (os pontos se somam porque as pessoas adotam várias opções), respectivamente, de onde se pode concluir que a maioria vai ao trabalho dessas duas maneiras (separadas ou combinadas). O metrô também é bastante utilizado pelos paulistanos que abandonaram o carro: 61% utilizam esse meio de transporte. Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos, o número de usuários de Metrô e trens aumentou em 1,2 milhão pessoas/dia nos últimos três anos, o que é muito significativo, considerando que a população da cidade de São Paulo está estável há duas décadas. Há também os que adotaram a bicicleta. Apesar de serem poucos, estão satisfeitos com a opção tomada: deram nota 8,1, na pesquisa Ipespe, ao meio de transporte, enquanto que usuários de Metrô e ônibus classificaram seus meios como 6,9 e 5,5 respectivamente. A pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) em maio de 2013 revelou que do total de entrevistados (600), 57% deixaram nos últimos anos de usar o automóvel como principal forma de locomoção (19% abandonaram totalmente o carro e 38% restringiram seu uso aos finais de semana). O levan- Economia – O Metrô de São Paulo evitou que 820 mil toneladas de CO2 fossem lançadas à atmosfera. Esse índice é calculado pelo número de veículos movidos a combustíveis fósseis retirados das ruas graças a esse meio de transporte, movido por energia elétrica e utilizado por mais de 4 milhões de passageiros/dia. Os dados mostram ainda que o Poder Público e a população gastariam R$ 968 milhões a mais, somente com combustível, caso não existissem as quatro linhas operadas pelo Metrô (sem incluir a Linha 4-Amarela, concedida à iniciativa privada). Os números fazem parte do Balanço Social da Companhia do Metropolitano, de 2012. O impacto econômico, contudo, vai além do gasto com gasolina, diesel e gás natural. A redução na emissão de poluentes, a diminuição da média de tempo despendido por viagem, a melhoria da eficiência do sistema do transporte de massas e a redução do custo operacional geram benefícios econômicos de R$ 7,2 bilhões anuais. Entre 2003 e 2012 – período pelo qual vem sendo realizado o estudo no Balanço Social, o Metrô de São Paulo acumulou R$ 66,6 bilhões em economias para o Poder Público. Todo esse dinheiro representa quantias que o Estado e a população deixaram de gastar graças à existência da rede metroviária. Cacilda Bastos, coordenadora de sustentabilidade e econegócios da gerência de meio ambiente e sustentabilidade do Metrô, estudou, em sua dissertação de mestrado, o impacto do transporte coletivo na saúde da população acima dos 60 anos. Seu trabalho demonstrou que, graças ao Metrô, há redução de mais de 70% na concentração de partículas inaláveis na atmosfera dependendo das condições meteorológicas. Resultado: o SUS deixa de gastar R$ 30 bilhões por ano, se considerarmos somente as mortes evitadas, decorrentes do aumento da poluição do ar, na faixa da população que ultrapassou os 60 anos. O montante tem como base o valor de vida estatística adotado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Banco Mundial. Maria Lúcia Zanelli Da Agência Imprensa Oficial A IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO SA garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no portal www.imprensaoficial.com.br sexta-feira, 20 de setembro de 2013 às 01:33:43.