www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br QUINTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 301 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA Wilson Dias/ABr Transição Ao lado de Lula, a presidente eleita Dilma Rousseff disse que não pretende mudar a fórmula do salário mínimo, nem trazer de volta a CPMF. ➥ P14 R$ 3,00 Legislativo Políticos procuram brecha para trocar de legenda antes da fidelidade partidária. ➥ P16 Preço de commodities compensa perdas com valorização do real Exportadores de uma cesta de 12 produtos obtiveram ganhos de 7,2% entre janeiro e setembro, enquanto a venda total do país ao exterior registrou perda financeira de 0,7% no mesmo período. Minério de ferro e petróleo bruto lideraram essa valorização, com ganhos de 42,5% e 38,5%, respectivamente, na soma de três trimestres. ➥ P12 Kevin Lamarque/Reuters Plano Obama amplia derrama de dólares no Brasil A injeção de US$ 600 bilhões na economia pelo BC americano obrigará o governo brasileiro a adotar mais medidas para conter assédio dos investidores estrangeiros, que provoca a apreciação do real. ➥ P4 Crédito faz Itaú obter lucro recorde de R$ 3 bi Para o banco, empréstimos crescerão pelo menos 15% em 2011. No terceiro trimestre, ganho da instituição foi o maior para o período entre as instituições financeiras de capital aberto. ➥ P38 Ambev prevê o melhor de todos os verões Foram comercializados mais de 2 bilhões de litros de cerveja no terceiro trimestre. A empresa investiu R$ 1,5 bilhão do total de R$ 2 bilhões para elevar em 15% a produção e espera recorde para o ano. ➥ P34 Iveco vai fabricar ônibus no Brasil Inicialmente, os veículos serão montados na unidade da companhia do grupo Fiat em Sete Lagoas, Minas Gerais, em cima de plataformas de caminhões médios e pesados. ➥ P22 Barack Obama: pacote de estímulo no dia seguinte à derrota Indiana Western vem ao país com US$ 100 milhões Existe a hora de plantar e a hora de colher. E, em todos os momentos, o produtor rural conta com o maior parceiro do agronegócio brasileiro. Criada para manter o patrimônio da família Ali Sayed, gestora já aplicou US$ 2 bilhões em países como Austrália e Inglaterra e analisa aquisições nos setores de mineração e imóveis. ➥ P42 bb.com.br/agronegocio INDICADORES ▼ ▼ ▲ ▲ ▼ ■ ▲ ▲ ▲ ▲ ▼ ▲ TAXAS DE CÂMBIO Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) JUROS Selic (a.a.) BOLSAS Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong 3.11.2010 COMPRA VENDA 1,6937 1,6929 1,7010 1,6990 2,3764 2,3748 1,4031 1,4028 0,4284 0,4280 META EFETIVA 10,66% 10,75% VAR. % ÍNDICES 0,48 71.904,77 11.215,13 0,24 0,27 2.540,27 1.197,96 0,37 5.748,97 -0,15 2,00 24.144,67 Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 – SAC 0800 729 0722 Ouvidoria BB 0800 729 5678 – Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088 2 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 NESTA EDIÇÃO Marcela Beltrão Em alta Terreno livre para a Premium II O governo do Ceará já desapropriou 95% da área necessária para a construção da refinaria da Petrobras em Pecém. O investimento é de US$ 11 bilhões. ➥ P20 Henrique Manreza Prosperitas compra 70% do Parque X A gestora de fundos imobiliários usou recursos de fundo que acumula R$ 1 bilhão para aplicações em imóveis. Empreendimento, na Anhanguera, é da Halna, JBens e EWP. ➥ P27 Cartão de crédito da Vivo supera meta Brasil entra na rota dos ônibus pesados da Iveco A montadora do grupo Fiat passará a produzir os veículos na fábrica de Sete Lagoas (MG), a partir de 2013, sendo montados em chassis de caminhões pesados da marca. “Já temos uma plataforma no mercado brasileiro de microônibus e estamos trabalhando em duas grandes plataformas acima desse segmento”, diz Marco Mazzu, presidente da subsidiária brasileira. A estratégia para os próximos cinco anos abrange a expansão da fábrica mineira para incluir linhas de montagem para ônibus médios e pesados. Há a possibilidade de se instalar uma plataforma exclusiva para os ônibus. ➥ P22 Exportador de commodities ganha mesmo com real forte Placo dobra produção de chapas de gesso Lançado em julho, o produto já tem 400 mil usuários, 90% dos quais são assinantes pré-pagos da operadora. O objetivo inicial cera chegar a 350 mil em um ano. ➥ P30 Henrique Manreza Será dada prioridade a paredes para hotéis, resistentes ao fogo e com isolamento acústico e para escolas, explica Sandro Maligieri, presidente da empresa do grupo Saint-Gobain. ➥ P26 País na vanguarda em sustentabilidade Maria Beatriz, diretora da consultoria Planeta Orgânica, e responsável pela Biofach América Latina, vê o Brasil se destacando dentro do Bric nesse item. ➥ P11 Dilma nega pressão do PMDB por cargos Presidente eleita destacou a liderança do vice Michel Temer e abordou vários temas políticos econômicos, entre eles a possibilidade do salário mínimo passar de R$ 700 em 2014. ➥ P14 Destoando da pauta total das vendas brasileiras ao exterior que registraram perdas de 0,7% de janeiro a setembro, uma cesta composta por 12 commodities obteve ganho médio de 7,2% no mesmo período, de acordo com estudo da consultoria Austin Rating, que descontou a variação cambial média do período do preço por tonelada de cada um dos produtos exportados. Das 12 commodities, apenas minério de alumínio, soja e laranja tiveram perdas financeiras, de 40,8%, 19,6% e 6,6%, respectivamente. As nove restantes registram ganhos, com destaque para minério de ferro (42,5%) e óleo bruto de petróleo (38,5%). ➥ P12 Patrimônio dos fundos de pensão avança Divulgação Expectativa é de encerrar o ano com R$ 530 bilhões, R$ 15 bilhões a mais que os R$ 515,4 bilhões do fim de 2009, prevê José de Souza Mendonça, presidente da Abrapp. ➥ P40 Tô Aki, da Mentez, só para brasileiros Aplicativo de localização social para o mercado local será lançado na próxima semana pela empresa americana, que estreia na segmento de aplicativos para celulares. ➥ P32 Ambev lucra R$ 1,82 bilhão no trimestre Houve alta de 47% sobre um ano atrás, enquanto a receita líquida cresceu 10%, para R$ 5,98 bilhões. A empresa prevê elevar em 10% as vendas de cerveja no país este ano. ➥ P34 Divulgação Embaré produz energia com biogás Shell promove o V-Power etanol na F1 O tradicional laticínio de Lagoa da Prata (MG) utiliza na cogeração o gás metano oriundo da decomposição da matéria orgânica descartada e economiza R$ 15 mil por mês. ➥ P18 Companhia investe R$ 15 milhões em ações durante a competição do próximo domingo, em São Paulo, para promover o combustível e abrir caminho para a exportação. Mudança de partido pode ser flexibilizada Brasil entra nos planos da Western Gulf Automatização alicerça a expansão de construtoras A automatização de processos para aprimorar a gestão foi impulsionada pelo rápido crescimento do mercado, aumento das fusões e investimentos recebidos de fundos de private equity, onde há sempre a necessidade da divulgação de resultados transparentes. A Brookfield, oriunda da incorporação da Company pelo braço imobiliário da Brascan, em 2008, investiu R$ 35 milhões em um software com essa finalidade fornecido pela alemã SAP e instalado pela IBM . “Nosso antigo sistema comportava só R$ 300 milhões ao ano e hoje há empreendimento que sozinho vale este preço”, justifica Luiz Angelo Zanforlin, diretor da Brookfield. ➥ P24 Norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelecendo que o mandato pertence ao partido, e não ao parlamentar eleito, poderá ser alterada com mudança na Constituição. ➥ P16 Até o fim do ano, deverão ser aplicados US$ 100 milhões e, dependendo do comportamento dos investimentos, o volume será ampliado para US$ 200 milhões em 2011. ➥ P42 Melissa Golden/Bloomberg A FRASE “Está muito claro que o povo americano quer que ajudemos a criar um ambiente em que consigamos os empregos de volta” John Boehner, líder dos deputados republicanos e provável novo presidente da Câmara de Representantes, sobre os resultados das eleições nos Estados Unidos. Os republicanos, que conquistaram pelo menos 60 cadeiras nas eleições de terça-feira, prometem controlar os gastos do governo Obama. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 3 EDITORIAL Henrique Manreza JUAN CARLO VILLA LA ROUDET, DA OMINT Dólares, etanol, comércio e o pacote dos EUA Depois de meses de espera e da consequente onda de boatos e especulações que costuma acompanhar eventos como esse, o Federal Reserve, ou Fed, o banco central do Estados Unidos, divulgou ontem um novo pacote de auxílio para a economia. Até o final de junho de 2011, colocará US$ 600 bilhões no mercado, com a compra de título do Tesouro americano de longo prazo. Já se previa que o volume de recursos ficaria entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão e, portanto, o mercado não se surpreendeu com o pacote. A ideia do Fed é, com o investimento, estimular o crédito ao consumidor e alavancar a frágil economia americana. A taxa básica de juros continua entre 0% e 0,25% ao ano, como se esperava. Pode ser bom para a economia americana — o que nem todos acreditam —, mas não ajudar o dólar Se o pacote pode ser bom para a economia americana — o que nem todos acreditam, é preciso lembrar —, não deve ajudar o dólar a subir frente a outras moedas. No Brasil, acredita-se que poderá se desvalorizar ainda mais, já que os investidores estrangeiros devem continuar procurando mercados mais interessantes, como o brasileiro, que pagam juros mais polpudos do que os americanos. A vitória do Partido Republicano, que conseguiu a maioria na Câmara dos Representantes, também não deve causar grandes mudanças nas relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Ainda que os republicanos tendam a defender o livre comércio, pode gerar mais protecionismo, como relatado nas matérias a seguir. Outra eleição ocorrida em solo americano, desta vez só na Califórnia, traz boas notícias para o Brasil. Os eleitores do estado disseram não à proposta de suspender o programa de metas de uso de energias renováveis. Assim, é provável que cresça a exportação de etanol brasileiro para mover os carros californianos. A Califórnia consome o mesmo de combustível que o Brasil inteiro, e pode comprar 6 bilhões de litros ao ano até 2020. ■ “Moro na TAM, agora na Latam”, brinca o empresário Juan Carlo Villa La Roudet, controlador do plano de saúde Omint, sobre a ponte aérea Buenos Aires-São Paulo, que usa pelo menos duas vezes ao mês. No Brasil, o plano, de alto padrão, cresceu 11% no primeiro semestre. ➥ P28 Diretor de Redação Ricardo Galuppo Diretor Adjunto Costábile Nicoletta Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro Diretores Executivos Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo [email protected] BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. 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Operações Cristiane Perin (Diretora) Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria), Alexandre Rodrigues (Gerente de Processos), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento) Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Janete Russowsky (Gerente de Assinaturas), Vanessa Rezende (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves (Supervisão) TABELA DE PREÇOS Assinatura Nacional Trimestral Semestral Anual R$ 197,00 R$ 328,80 R$ 548,00 Condições especiais para pacotes e projetos corporativos (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais) Auditado pela BDO Auditores Independentes Impressão: Editora O Dia S.A. (RJ) Oceano Ind. Gráfica e Editora Ltda. (SP/MG/PR/RJ) FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO) 4 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 DESTAQUE ESTADOS UNIDOS EM CRISE Pacote de US$ 600 bi põe dólar ladeira abaixo Medida do banco central americano vai atrair mais capital para o Brasil e deve ter pouca eficácia para estimular o consumo e alavancar a frágil economia dos EUA Priscila Dadona [email protected] O Federal Reserve (Fed), banco central americano, acabou com uma expectativa de pouco mais de três meses e anunciou o seu esperado pacote de compras de títulos do Tesouro. Serão US$ 600 bilhões até o final do primeiro semestre de 2011 — ou cerca de US$ 75 bilhões por mês. O excesso de liquidez vai trazer efeitos indesejados: a maior depreciação do dólar e a consequente valorização de outras moedas, principalmente as de países emergentes, como é o caso do real. O objetivo é estimular o crédito ao consumidor e alavancar a frágil economia americana. A autoridade monetária afirmou ainda que vai revisar regularmente o ritmo e o tamanho do programa e ajustá-lo conforme as necessidades, dependendo da recuperação do país. A medida não surpreendeu os especialistas, que aguardavam algo em torno de US$ 500 bilhões em um prazo de seis meses. Porém, a expectativa é pouco otimista sobre sua eficácia. Isso porque as famílias americanas estão endividadas, muitas sofrem com o desemprego e com pouca disposição para consumir. Com os bancos “cheios” de dólares e sem ter para quem emprestar, a tendência é esses recursos sejam direcionados para ativos de maior risco, porém mais atrativos. O Brasil entra nesta lista por ter bons fundamentos econômicos, ser uma economia com grau de investimento e uma das maiores taxas de juros do planeta. Desde que o presidente do Fed, Ben Bernanke, anunciou em um discurso no Congresso, no final de julho, que novas medidas poderiam ser implantadas, os mercados mundo afora tornaram-se voláteis. No câmbio brasileiro, o dólar já perdeu quase 5% (entre julho e outubro) de seu valor. Ontem, a perspectiva da atuação do BC americano provocou nova queda de 0,35% na moeda americana, que encerrou o dia negociada a R$ 1,702. Efeitos da medida Roberto Almeida Prado, economista do Itaú Unibanco, acredita Desde que o presidente do Fed, Ben Bernanke, anunciou em discurso no Congresso, no fim de julho, que novas medidas poderiam ser implantadas, os mercados mundo afora tornaram-se voláteis que a duração do programa mostra para o mercado que os juros nos Estados Unidos vão ficar “parados” por mais tempo do que se esperava. A taxa foi mantida ontem pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) entre 0% e 0,25%. É o menor patamar da história, mantido desde dezembro de 2008. “Esse é o ambiente no qual vamos viver nos próximos oito meses. Vamos ver como os bancos irão reagir”, afirma Almeida Prado. Para o economista-chefe do Banif, Mauro Schneider, apesar de o mercado já ter lidado com a decisão do Fed de injetar mais dinheiro na sua economia, a confirmação traz também incertezas. “Reforça as perspectivas de entrada de capital estrangeiro aqui”. Já o economista do banco Santander, Cristiano Souza, não acredita que essa injeção de recursos seja capaz de reverter os números fracos da economia americana, que registra desemprego de quase 10%. “Não vejo um programa para impulsionar a economia. Os consumidores estão endividados e pouco propensos a se livrar de suas poupanças”, afirma. INJEÇÃO DE ÂNIMO US$ 600 bi é o quanto o Fed vai colocar no mercado, com a compra de títulos do Tesouro de longo prazo, até julho de 2011. CÂMBIO EM QUEDA 5% foi a perda da cotação do dólar frente ao real desde julho. Ontem a moeda fechou valendo R$ 1,702. BOLSA EM ALTA 71.904 pontos foi o patamar de fechamento da BM&FBovespa, o maior nível desde outubro de 2008, início da crise financeira internacional. Alta foi de 0,48%. Peso mundial O economista do Banif lembrou que o fato de a atividade americana não ir bem tem um peso muito grande na economia mundial. “Todas as outras devem sofrer”, garante. Almeida Prado, do Itaú Unibanco, diz que a dúvida levantada pelo Fed, no comunicado, acerca da recuperação da atividade, do emprego e da inflação, pode trazer ainda mais pessimismo. Para a economia americana deslanchar, seria preciso promover o “efeito riqueza”, fazendo com que o consumo superasse a renda. “Desse tamanho, vai ter impacto moderado sobre os ativos”, afirma. Impacto na bolsa Na primeira avaliação do pacote do Fed, o principal índice da BM&FBovespa alcançou ontem o maior patamar de fechamento desde o final de maio de 2008, antes da crise financeira global. Em um pregão instável, o Ibovespa subiu 0,48% para 71.904 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,27 bilhões. ■ Ben Bernanke, presidente do Fed: recursos para aumentar o consumo nos Estados Unidos Para conter real, Mercado não descarta novos aumentos do IOF para tentar conter capital estrangeiro A decisão do Fed, de injetar mais US$ 600 bilhões na economia, levanta a expectativa de que o governo brasileiro possa adotar medidas adicionais para impedir a valorização do real. Há, inclusive, quem aposte em novas elevações do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para capital estrangeiro. “Com a política monetária nos EUA mais frouxa, é bem provável que o governo possa usar novamente o IOF”, admite o economista do Itaú Unibanco, Roberto Almeida Prado. Economista do Banco Santander, Cristiano Souza também não descarta novas investidas do Banco Central (BC) e lembrou que, com a vitória de Dilma Rousseff, o governo Luiz Inácio Lula da Silva não teria problemas em implantá-las, mesmo faltando apenas dois meses para o final de seu mandato. “É possível, já que o novo governo deverá dar continuidade ao atual. A própria Dilma já mostrou preo- Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 5 LEIA MAIS Ainda que os republicanos sejam mais liberais em termos de comércio, sua vitória no Congresso dos EUA não deve afetar as relações entre os dois países. A maioria republicana na Câmara torna improvável a aprovação de leis a favor dos biocombustíveis, mas também dificulta a renovação de subsídios ao etanol americano. Antes mesmo de o novo Congresso tomar posse, os EUA podem se abrir à carne suína de Santa Catarina e o etanol brasileiro pode deixar de sofrer sobretaxa até dezembro. Jim Young/Reuters Brasil pode adotar medidas adicionais “ Só com uma postura responsável, com redução dos gastos públicos, teremos um 2011 mais equilibrado Gilberto Caetano, professor da PUC-SP e da Faap cupação com o câmbio”, relembra o especialista. O professor de MBA, Ricardo Torres, da Brazilian Business School, acrescentou que uma nova elevação no imposto não seria impopular, já que não tem causado transtorno para a população mas, sim, para o mercado financeiro. “No entanto, pode encarecer o crédito, o que seria um problema”, adianta o professor. Torres acredita que o IOF é ruim para a credibilidade do mercado brasileiro. “É mudar a regra no meio da partida. Os in- vestidores ficam com receio de investir, pois tudo pode mudar de uma hora para outra”. Medidas eficazes Para o professor da Brazilian Business School, a tão aguardada reforma tributária poderia ajudar o país a sair desta “guerra de divisas” e o câmbio deixaria de ser um problema. Segundo Torres, com esta carga tributária as empresas, principalmente as exportadoras, ficam debilitadas. E exemplificou: reduzindo os encargos sociais em 20%, poderia haver um ganho de 10% no preço final do produto exportado. “Isso aumenta a lucratividade”, diz. O professor Gilberto Caetano, da PUC-SP e da Faap, acredita que o real só vai deixar de se valorizar com um ajuste fiscal, com redução dos gastos públicos, abrindo assim espaço para a redução nas taxas de juros. “Tirar mais dinheiro da sociedade brasileira com aumento da arrecadação não dá. Só com uma postura responsável, com redução dos gastos públicos, teremos um 2011 mais equilibrado”, garante. ■ P.D. PRINCIPAIS PONTOS ● Especialistas não descartam novas investidas no câmbio, mesmo faltando apenas dois meses de governo Lula. ● O IOF para investimentos em ativos de renda fixa foi elevado para 6% no dia 18 de outubro. ● A política fiscal é uma saída para conter a valorização do real e impedir a “enxurrada” de capital estrangeiro no país. 6 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 DESTAQUE ESTADOS UNIDOS EM CRISE Simpatizantes da ultradireita comemoram resultado das eleições para o Congresso dos Estados Unidos Vitória republicana não afeta o Para especialistas, tendência é de que país não afrouxe medidas protecionistas, mesmo com domínio da oposição Juliana Rangel [email protected] A vitória dos republicanos nas eleições para a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (EUA), equivalente à Câmara dos Deputados em Brasília, não deverá ter efeito sobre as relações comerciais com o Brasil, mesmo com o fato de tradicionalmente o grupo ser mais liberal e defensor do livre comércio. Com um déficit fiscal de 8,9% do PIB em 2010 e o estrangulamento do mercado de trabalho, com desemprego de 9,6%, o temor é que segmentos mais populistas dos chamados cinturões americanos — seja de aço, milho ou outros setores — prevaleçam na defesa do protecionismo. Para o economista André Sacconato, da Tendências, a situação comercial não mudará com o poder maior dos republicanos: “Eles agora estão mais focados em problemas internos do que em ir atrás de uma potencial guerra comercial. O que deve apertar, e isso independe da eleição, é a pressão para a China valorizar sua moeda”. Em última instância, isso pode beneficiar o Brasil. Ele acha que o governo chinês direcionaria o excesso de produção para o mercado interno. “Com o iuane forte, poderíamos vender mais para eles. E nossas exportações de manu- “ Na crise financeira da década de 1930, os países restringiram seus mercados, e o resultado foi a pior década de desempenho do planeta Ricardo Amorim, economista faturados ficariam mais competitivas”, avalia. Entre os produtos negociados mais importantes para o Brasil com os EUA estão etanol, carne “in natura” e açúcar. Recentemente, o Brasil venceu uma velha disputa com o país na Organização Mundial do Comércio sobre o algodão. Ficou acertado que os EUA fariam concessões como um fundo de assistência temporário para o setor brasileiro, mas ainda não houve desembolsos. O diretor da Associação do Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, lembra que a “liberalização” dos republicanos é relativa. Mesmo durante a era Clinton o Brasil não notava um endurecimento das negociações com os democratas. Para ele, a administração do presidente Obama está tomando decisões que em tempos normais não tomaria, ainda que democratas sejam considerados menos liberais. “O Obama está sendo protecionista porque, com a crise, ele está tentando criar um ambiente favorável à geração de empregos. Temos a China do outro lado do mundo tomando o lugar dos EUA. Com a desorganização do dólar há a valorização de outras moedas e alguns veem isso como protecionismo”, exemplifica. Mas, para Castro, parte da culpa pelo fato do Brasil não ter avançado em outros aspectos Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 7 Rick Wilking/Reuters Com oposição, Obama é o ‘pato da vez’ Especialistas alertam para a possibilidade das negociações no Congresso travarem até 2014 O domínio dos republicanos na Câmara dos Representantes pode até não causar grandes mudanças no comércio exterior, mas poderá emperrar propostas do governo Barack Obama de estímulo à economia. E, de quebra, travar a pauta dos próximos dois anos, até as eleições presidenciais do país. Para o economista Ricardo Amorim, da Ricam Consultoria, “ Uma política monetária expansionista tem consequências sobre o enfraquecimento do dólar e o fortalecimento de moedas emergentes Monica de Bolle, economista da Galanto isso poderia antecipar um cenário de recessão, com repercussões negativas para o mundo. “Os democratas perderam a capacidade de aprovar qualquer projeto. E os republicanos também terão maioria apertada. Eles terão que negociar e, muito provavelmente, vamos ver um Congresso travado com pouco avanço em legislação”, prevê. Segundo ele, os republicanos são contra novos pacotes de estímulo à economia e se mostram favoráveis a cortes de gastos. “Se houver um ajuste mais significativo agora, o risco de recessão nos EUA aumenta. Por outro lado, se não houver, cresce a probabilidade de que a recessão aconteça em dois ou três anos e que seja mais profunda”. Para o economista, um dos riscos de um governo enfraquecido seria a tentativa de fortalecimento do presidente Obama via política externa. Isso porque muitos líderes que enfrentam dificuldades domésticas optam por criar conflitos com outros países, como uma tentativa de se firmar politicamente. “O candidato da vez seria o Irã. E um conflito com os EUA causaria elevação do preço do petróleo e grande aumento da aversão a risco no mundo”, avalia, sem acreditar que o cenário se consolidará. Falta de habilidade Brasil tida como “mais liberal” na Câmara cabe ao governo brasileiro. “Foram oito anos de brigas, sem missões comerciais do governo ao país. Lula e seus ministros foram para África, Europa e América Latina. Foi uma opção ideológica”, diz. Para ele, não houve substituição do mercado americano, mas perda: “A participação dos EUA em nossas exportações era de 25% e caiu para 10% (em 2009). Perdemos, e a China agradece, ocupando o espaço do Brasil”. Reportagem da CNN Money publicada no início da semana mostrou que a maior prova recente do estreitamento entre republicanos e democratas sobre comércio exterior foi o apoio de 99 republicanos a uma decisão sustentada por 249 democratas, de endurecimento nas pressões sobre a China. Há dúvidas sobre como membros do Tea Party, ala mais radical da direita, lidarão com a questão. Alguns criadores do movimento “Americanos para a prosperidade” apoiam o comércio livre. Mas levantamento do Wall Street Journal e da NBC mostrou que 61% dos que se diziam simpáticos ao grupo acreditam que o acordo prejudica os EUA e 53% de todos os entrevistados têm a mesma visão. “O Obama tem clareza que comprar uma guerra comercial aberta não é interesse de ninguém”, observa o economista Ricardo Amorim, da Ricam Consultoria. ■ ESTADO ANÊMICO “País não seguiu receita do FMI para a AL” Para o diretor da América Latina da Moody’s Analytics (braço de análises da agência classificadora de risco), Alfredo Coutiño, os EUA terão que focar três diretrizes para sair da “anemia”. São elas: pedir para que os Bancos Centrais parem de acumular reservas em dólares, imprimir mais dinheiro (com compra de títulos) e cortar o déficit fiscal. “As três ações levariam à depreciação do dólar que, junto com a redução de gastos, reduziria o déficit em conta corrente e fiscal, que são os principais empecilhos à recuperação”, diz. Mas ele não acredita que uma vitória dos republicanos ajudará o governo Obama nessa missão. “Acho difícil que um Congresso dominado por republicanos adote essas medidas, já que eles geralmente são a favor de baixar tributos. No entanto, para a saúde da economia e para a proteção das próximas gerações, seria inteligente se eles começassem a impor ordem e disciplina fiscal em algum momento”, avalia. Em relatório chamado “O ajuste incompleto”, a Moody’s Analytics, disse ontem que os EUA não adotaram a receita tradicional prescrita pelo FMI para a América Latina. E que, por isso, não conseguem crescer. J.R. A economista da Galanto Consultoria, Monica Baumgarten de Bolle, diz que, com a maioria republicana, Obama ficará com “total falta de habilidade para estimular a economia”.Para ela, o presidente passa a contar a partir de agora somente com o Federal Reserve (Fed, o BC americano). “Sobra só uma política monetária expansionista, com a compra de títulos do Tesouro, já anunciada (ontem). E isso tem consequências sobre o enfraquecimento do dólar e o fortalecimento de moedas emergentes, que é ao que já estamos assistindo agora”, diz. O risco de estagnação do Congresso é grande. “Os vejo paralisando toda e qualquer iniciativa de estímulo fiscal para se preparar para as eleições de 2012. Com isso, o Obama ficaria como um ‘lame duck’. Ou seja, um patinho que, sem apoio e sem sustento, fica esperando que atirem nele”, lamenta. Para ela, além do um pacote de recompra de títulos, o governo vai continuar dando declarações de que os EUA conviverão com inflação mais elevada por mais tempo no futuro. O presidente Obama negou que a vitória republicana nas legislativas signifique uma rejeição aos seus programas, mas assumiu total responsabilidade sobre a lentidão da reativação econômica do país. Ele afirmou que está disposto a trabalhar juntamente com os republicanos após seu triunfo e reconheceu que o resultado das eleições evidencia que os americanos se sentem profundamente frustrados. “O voto de ontem confirmou o que tenho ouvido das pessoas em todo os EUA. As pessoas estão frustradas. Estão profundamente frustradas com o ritmo da recuperação econômica e com as oportunidades que esperam para seus filhos e netos”, disse. Os republicanos tiraram pelo menos 52 cadeiras dos democratas, mais do que as 39 que precisavam para conquistar o controle da Câmara. No Senado, porém, não conseguiram maioria. ■ J.R., com agências 8 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 DESTAQUE ESTADOS UNIDOS EM CRISE Etanol pode ganhar com combate ao déficit fiscal Embora avessos a medidas ambientais, republicanos tendem a cortar subsídios Luiz Silveira Divulgação [email protected] O etanol e outras fontes de energia renovável sofreram uma derrota com a eleição de uma maioria republicana na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, na última terçafeira, mas o produto brasileiro pode até se beneficiar da nova configuração do Legislativo. A maioria republicana na Câmara torna ainda mais remota a possibilidade de que seja aprovada uma legislação nacional de redução da emissão de gases causadores do efeito estufa, que poderia estimular os combustíveis alternativos. Mas o mesmo Partido Republicano calcou sua campanha eleitoral na redução do déficit fiscal americano, o que tende a passar pela diminuição dos subsídios à produção agrícola — incluindo o etanol. “O déficit fiscal é tão preocupante para os americanos quanto a inflação é para os brasileiros”, compara o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única) em Washington D.C., Joel Velasco. O custo dos subsídios ao etanol são de cerca de US$ 6 bilhões por ano, segundo ele. A predisposição republicana à redução dos subsídios poderá esbarrar no fato de o partido ter uma grande base ruralista, alerta Pedro de Camargo Neto, especialista em comércio agrícola internacional e presidente executivo da associação brasileira das indústrias de carne suína (Abipecs). “A bancada agrícola é predominantemente republicana e pode até querer o livre comércio, mas quer subsídio”, avalia. A redução dos subsídios para cortar os gastos públicos, portanto, pode ser um benefício indireto da legislatura de maioria republicana para o Brasil. Afinal, as dificuldades econômicas dos Estados Unidos tornam mais difícil que os parlamentares do partido exerçam sua posição histórica liberal. A grande prova de fogo será a renovação do Farm Bill, a legislação para o apoio à agropecuária, em 2012. Joel Velasco Representante da Unica nos EUA “Os subsídios ao etanol custam cerca de US$ 6 bilhões por ano, e a campanha republicana foi baseada na redução dos gastos públicos. O déficit fiscal é tão preocupante para os americanos quanto a inflação é para os brasileiros” A maioria republicana afasta a chance de os EUA aprovarem uma lei de controle das emissões de poluentes, mas dificulta a manutenção dos subsídios ao etanol local Califórnia As eleições trouxeram ainda uma importante vitória para o etanol na Califórnia, onde os eleitores rejeitaram uma proposta de suspender o programa de metas de uso de energias renováveis até que o desemprego caísse a níveis normais no estado. A aprovação da medida seria um passo atrás na adoção dos biocombustíveis nos Estados Unidos, já que a Califórnia é o estado mais rico e mais comprometido com as energias renováveis. Na Califórnia destaca-se ainda o fato de o estado ser um dos poucos redutos em que o Partido Democrata conseguiu sucesso nessas eleições. O governador republicano Arnold Schwarzenegger será sucedido pelo exgovernador democrata Jerry Brown. “A Califórnia equivale ao Brasil em consumo de combustíveis, e pode chegar a comprar 6 bilhões de litros de etanol brasileiro por ano até o fim da década”, diz Velasco. ■ Decisão sobre porco Produtos brasileiros podem ter acesso ao mercado americano liberado até o fim de 2010 A abertura do mercado americano para a carne suína de Santa Catarina e o fim da sobretaxa sobre o etanol brasileiro têm grandes chances de ocorrer até o fim do ano, independentemente das eleições legislativas e para governador de anteontem. O etanol brasileiro está correndo contra o relógio nos Estados Unidos. Os subsídios à produção americana, de US$ 0,45 por galão, e a sobretaxa de US$ 0,54 por galão sobre o etanol importado expiram no dia 31 de dezembro e dependem de votação do Congresso para serem renovados. “Estamos aos 30 minutos do segundo tempo, e se a partida terminar em zero O subsídio à produção americana de etanol e a sobretaxa sobre o biocombustível importado vencem em 31 de dezembro, e podem não ser renovados pelo Congresso atual por falta de tempo Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 9 Jeffrey Sauger Bloomberg FONTES RENOVÁVEIS Energia nuclear é caminho para republicano apoiar o meio ambiente As usinas nucleares tendem a ganhar mais espaço nos Estados Unidos. O Partido Republicano, que assumirá o controle da Câmara dos Deputados, é a favor de promover esse tipo de energia dentro das legislações de energia limpa, que hoje dão mais espaço a fontes como a eólica, a solar e os biocombustíveis. Legislações sobre uso de energias renováveis para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e a dependência energética americana podem passar no Congresso se as usinas nucleares forem inseridas no programa, disse David Crane, principal executivo da empresa de eletricidade NRG Energy. No ano passado, um projeto de controle de emissões foi aprovado na Câmara, de maioria democrata, mas foi rejeitado pelo Senado. O deputado republicano Fred Upton, cotado para assumir o Comitê de Energia e Comércio da Câmara, apoia a energia nuclear como forma de criar empregos em seu estado, o Michigan. O senador democrata Tom Carper disse que as propostas para incluir a energia nuclear e o carvão de fontes renováveis nos programas de energia limpa podem ser o caminho que permitirá um acordo entre os dois partidos para aprovar alguma legislação de controle de emissões. Bloomberg O sabor do café da Colômbia é único. Já voos da Avianca para lá, são dois por dia. Voe para a Colômbia com quem mais conhece a Colômbia. Voe Avianca. e álcool sai este ano a zero, nós somos campeões”, diz o representante-chefe da União da Indústria de Canade-açúcar (Unica) em Washington, D.C., Joel Velasco. As eleições adiaram os trabalhos do Congresso, e há diversas medidas para serem votadas no apagar das luzes, antes que esta legislatura termine. “Há uma janela de duas semanas de trabalho legislativo para votar muita coisa, e se o Congresso não fizer nada, a tarifa cai”, explica Velasco. Em seus cálculos políticos, já existe uma chance de “quase 50%” de que o subsídio e a sobretaxa acabem. Decisão técnica Já no caso da carne de porco, a decisão está na esfera técnica e não depende diretamente de decisões políticas. Ainda assim, a publicação acerca da abertura do mercado americano para a carne suína de Santa Catarina teria sido adiada para depois das eleições, justamente para evitar protestos de regiões produtoras, diz o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. “O resultado das eleições não chega a afetar o processo de Santa Catarina, que já está concluído”, diz. A liberação havia sido prometida para setembro, adiada para outubro e finalmente para novembro, segundo Camargo Neto. Santa Catarina é o estado brasileiro com o melhor status sanitário internacional, o que o credencia a exportar produtos animais para um maior número de países. ■ L.S. A Avianca lança um novo voo para a Colômbia, saindo de São Paulo às 2h15 e chegando a Bogotá às 5h20. Assim, você evita os horários de pico nas duas metrópoles e pode pegar conexões para o Caribe, México, Estados Unidos e outros destinos dentro da Colômbia. Agora são dois voos diários, com o máximo de conforto e pontualidade. Bom para quem vai a passeio, ótimo para quem viaja a negócios. www.avianca.com 4004-4040 (capitais) 0300 789 8160 (demais localidades) ou consulte seu agente de viagem. 10 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 OPINIÃO José Dirceu Adriano Pires Advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Os desafios de Dilma Superpotência energética Após uma eleição marcada pelo abandono, por parte do candidato José Serra, do debate político e programático e pela predominância de temas como religião e aborto, o Brasil elegeu pela primeira vez, com 56% dos votos, uma mulher presidente da República. Dilma Rousseff substituirá o presidente Lula com a responsabilidade de transformar o desejo das urnas em realidade. Esse desejo se constitui numa agenda realizadora por parte da nova presidente e do novo Congresso Nacional. Os avanços conquistados pelo país no governo Lula serão continuados com Dilma. Essa continuidade passa por realizar, enfim, as reformas política e tributária. Mas inclui ainda: priorizar a educação e a inovação tecnológica; o crescimento com distribuição de renda; a estabilidade com criação de emprego e reformas sociais; a aceleração dos PACs 1 e 2; a entrega de 2 milhões de novas moradias com o Minha Casa, Minha Vida e a melhoria dos serviços de saúde, educação, transporte e segurança. Além disso, será preciso concluir obras cruciais à infraestrutura nacional — por exemplo, as ferrovias Norte-Sul e Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco. Dilma terá a responsabilidade de preparar o país para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Não é pouco: requer obras de grandes dimensões, como ampliar e construir novos aeroportos, para atender uma demanda que já é crescente. Tal desafio se repete nos setores portuário, ferroviário e rodoviário. O PAC 2 volta-se às grandes cidades para resolver antigos problemas nas áreas de habitação, transportes, saneamento, lazer e cultura. Ou seja, é preciso fazer da Copa e da Olimpíada um pretexto para que as futuras gerações tenham um Brasil de fato desenvolvido e sem miséria. Na área econômica, os desafios já estão colocados. É preciso que o próximo governo melhore a gestão e as contas públicas, criando mecanismos para estimular aumento dos investimentos públicos para que a relação investimento/PIB chegue à casa dos 22% a 25%, com atração de investimentos privados e realização de parcerias. Essa preocupação deve vir acompanhada do fortalecimento das políticas industriais no caminho de uma produção de traço inovador e com um novo patamar de avanço tecnológico, capazes de oxigenar nosso setor exportador. O potencial energético do Brasil não possui paralelo em nenhum outro país no mundo. As reservas provadas da camada pré-sal já somam 15,5 bilhões de barris, mas estimativas indicam um potencial entre 60 e 100 bilhões de barris de petróleo na região. As reservas de gás natural também poderão se ampliar significativamente, pois o petróleo localizado no pré-sal possui gás natural associado. Outro grande potencial brasileiro está nas reservas de urânio, minério utilizado como combustível nas usinas termonucleares. De acordo com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), o país ocupa a sexta posição no ranking mundial de reservas de urânio, com aproximadamente 309 mil toneladas. O Brasil possui também um grande potencial de energias renováveis, com grande destaque para a energia hídrica. A Eletrobras estima que o potencial hidroelétrico brasileiro seja de 243,6 GW, sendo que apenas 32%, ou 78,6 GW, já foi explorado. Do potencial total remanescente de 165 GW, a região Norte possui 88,9 GW, ou 54% do total, possibilitando ao país ampliar significativamente sua capacidade instalada por meio de novas usinas hidroelétricas (UHEs). Evitar prejuízos cambiais não significa abandono ao câmbio flutuante, mas, sim, encontrar soluções para defender o Brasil Urge também enfrentar a grave questão cambial, que depende não apenas de medidas internas, algumas já tomadas pelo atual governo, mas de articulações e alianças internacionais. Para tanto, Dilma já tem viagem marcada com o presidente Lula para a reunião do G20, em Seul, com o intuito de debater com as principais nações como evitar uma guerra comercial e cambial — sem que o Brasil aceite pagar uma conta que não é nossa. Evitar prejuízos cambiais não significa abandono ao câmbio flutuante, mas, sim, encontrar soluções para defender o Brasil de moedas subvalorizadas. Tais políticas serão complementadas com ações no setor comercial, para debelar táticas de outros países que prejudicam as indústrias brasileiras. Como se vê, há muito a ser feito, mas o horizonte é animador. ■ Em um mundo onde há cada vez mais dependência energética, o potencial brasileiro coloca o país em posição privilegiada no cenário internacional O aproveitamento do potencial bioenergético brasileiro teve como grande marco inicial a implantação do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) em 1975, com o objetivo de diminuir a dependência do mercado interno de combustíveis derivados do petróleo. Com o advento dos veículos flex fuel, em 2003, a produção de etanol no Brasil ganhou novo impulso. Em 2009, o Brasil produziu 25,7 bilhões de litros de etanol carburante, sendo o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, cuja produção é de 41,2 bilhões de litros. O Brasil poderá se tornar um grande exportador de etanol. O crescimento da preocupação ambiental no mundo devido à intensificação do efeito estufa, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, poderá contribuir para que o etanol se transforme em uma commodity internacional. Outro biocombustível que começa a obter destaque no país é o biodiesel. Por ter grande parte de seu território situado na zona intertropical, o Brasil goza de posição privilegiada em termos de insolação, caracterizando um imenso potencial para aproveitamento da energia solar, térmica e fotovoltaica. Outra fonte de energia renovável que apresenta grande potencial no Brasil é a eólica. O potencial de geração eólica brasileiro é de aproximadamente 143 GW, podendo atingir, portanto, uma geração anual de 272 TWh. Desde 2005, a capacidade instalada de aerogeradores no Brasil vem se ampliando a 35% ao ano, e em outubro de 2010 já soma 798 MW, correspondendo a 0,72% da capacidade total de geração de energia elétrica do país. Até 2013, a EPE estima que a capacidade instalada total de aerogeradores no Brasil alcance 3.000 MW. Em um mundo onde os países estão cada vez mais dependentes uns dos outros em relação à garantia do suprimento energético, o enorme potencial brasileiro coloca o país em posição privilegiada no cenário internacional. ■ CARTAS ESSENCIS VAI RECICLAR METAIS DE ALTO VALOR INDUSTRIAL Parabéns pela matéria sobre resíduos sólidos. Realmente, após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, deveremos ter um cenário para novos investimentos no Brasil. Tanto na coleta e tratamento dos resíduos, como na ampliação do parque reciclador. Porém, a política também dará um impulso social enorme na categoria dos catadores. O grande desafio será aliarmos os aspectos econômicos com os sociais. Quando estiver pronto, esse modelo será, com certeza, algo para ser copiado pelos outros países emergentes. Nós do Cempre acreditamos que estamos no caminho certo e todos nossos associados estão unidos em prol da consolidação da política e dos novos cenários que ela trará ao país. Mais uma vez, parabéns pelo belo trabalho que você vem desenvolvendo na cobertura da Política Nacional de Resíduos Sólidos e do incremento da reciclagem no Brasil. Victor Bicca Neto Presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) O PREÇO DE QUEM PAGA SEUS IMPOSTOS EM DIA - ARTIGO DE COSTÁBILE NICOLETTA Foi grande a minha satisfação ao ler o texto no BRASIL ECONÔMICO do dia 28 de outubro, menos pela gentil referência ao artigo de minha autoria e mais pela pertinência das colocações, que em muito contribuem para o esclarecimento da opinião pública acerca de tema de tão grande relevância para o país. Parabenizo esse veículo de comunicação que, em seu ainda pouco tempo de vida, já escreve páginas importantes da imprensa brasileira. André Franco Montoro Filho Presidente executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) VITÓRIA DE DILMA ROUSSEFF Realmente, o período do discurso já passou. Agora vem o principal: colocar em prática as promessas. É agora que vamos verificar no orçamento da nova presidente de onde ela vai tirar tanto dinheiro para cumprir as metas. Espero que Dilma tenha a visão de que é mais importante gerar emprego do que ficar sustentando as pessoas com programas como o Bolsa Família. Silvio Negrão Neto Curitiba (PR) A melhor receita para o novo governo, ao meu ver, é dar dinheiro como o Bolsa Família faz. Mas o que faria realmente a diferença seria uma bolsa para a educação. Só receberia quem realmente estivesse frequentando as aulas e obtendo um rendimento satisfatório durante todo o ano letivo. Os pais só teriam direito à bolsa se fossem participantes nas escolas, e os alunos ganhariam bônus a mais por desempenhos melhores. Isso, acredito eu, geraria maior interesse e aproveitamento dos alunos, principalmente os mais carentes. Paulo Ribeiro da Conceição Rio de Janeiro (RJ) A eleição da candidata da situação, Dilma Rousseff, é um indicativo de que a maioria dos eleitores aprova os encaminhamentos adotados pelo governo do qual ela fez parte nos últimos oito anos. A oposição não conseguiu fazer críticas nem apresentar alternativas que significassem avanços em relação a questões econômicas ou sociais. Mas o voto não encerra a questão maior, que é a certeza de que o que está dando certo vai continuar sendo aplicado ou de que propostas de campanha sejam implementadas. Uriel Villas Boas Santos (SP) Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 – 8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP). [email protected] As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone e assinatura. Em razão de espaço ou clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 11 Mike Blake/Reuters Califórnia veta “yes we cannabis” Eleitores da Califórnia rejeitaram através de votação a possibilidade de o estado se tornar o primeiro dos Estados Unidos a legalizar a maconha para o uso recreativo. A chamada Proposta 19 atraiu a atenção de todo o país, pois a legalização da droga deixaria a Califórnia em desacordo com as leis federais. O governo do presidente Barack Obama já havia garantido que continuaria a processar pessoas no estado por porte e cultivo de maconha. Reuters Carl Court/AFP ARTE SE RECUPERA DA CRISE O quadro “La bella romana”, de Amedeo Modigliani, foi vendido ontem em Nova York por um valor que bateu todos os recordes das obras do artista italiano: US$ 68,9 milhões. A pintura, que representa uma mulher semi nua, havia sido avaliada em mais de US$ 40 milhões pela casa de leilões Sotheby’s, mas o valor final superou com folga as expectativas. O recorde anterior para uma obra de Modigliani era de US$ 43,1 milhões, para uma escultura vendida em junho deste ano. Os grandes leilões recentes de arte impressionista, moderna e contemporânea mostram que esse mercado vem se recuperando dos efeitos da crise internacional, de acordo com especialistas. ENTREVISTA MARIA BEATRIZ COSTA Organizadora da feira Biofach América Latina “O Brasil está na vanguarda socioambiental” Para consultora do mercado de orgânicos, nenhum país do Bric tem estrutura do país na área Luiz Silveira em São Paulo. Em eventos internacionais ligados a mercados de orgânicos e à sustentabilidade, ela afirma que o Brasil têm se sobressaído. [email protected] Diretora executiva do site e consultoria Planeta Orgânico, Maria Beatriz trouxe para o Brasil uma edição regional da feira alemã de alimentação natural Biofach, a Biofach América Latina. A edição deste ano começou ontem e dura até amanhã, O Brasil está ficando para trás na exploração do comércio global de itens sustentáveis? Precisei ir até Copenhague, participar de um evento chamado Green Megafood, para perceber que o Brasil está na vanguarda. Há uma tendência global no consumo dos chama- Divulgação “As grandes empresas vão precisar ter compromissos socioambientais, e quem pode oferecer isso é o Brasil” dos produtos de bioma, por exemplo, que o Brasil tem aos montes por ser muito diverso. Na França só se fala em biodiversidade. Mas aqui já trabalhamos a sociobiodiversidade, conceito pouco conhecido lá fora. Não adianta dar atenção ao lado ambiental sem cuidar do social. Não tem efeito. O Brasil tem, realmente, potencial para exportar produtos orgânicos? Os consumidores estrangeiros cobram o compromisso das empresas com o meio ambiente. As grandes companhias vão precisar ter compromissos socioambientais formais, e quem pode oferecer isso é o Brasil. Outros países não têm essa capacidade? Eu não vejo nos outros países do Bric (Rússia, Índia e China) nada parecido com o Plano Nacional da Promoção da Sociobiodiversidade que temos aqui, por exemplo. ■ 12 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 BRASIL Preço de commodity compensa Estudo elaborado pela Austin Rating mostra mais ganhos que perdas financeiras entre os exportadores de Eva Rodrigues [email protected] Enquanto alguns setores industriais choram e falam em desindustrialização, os exportadores de commodities silenciam diante da valorização contínua do real. O que explica as diferentes reações? Enquanto a pauta total de exportações brasileiras registrou perdas financeiras de 0,7% entre janeiro e setembro de 2010 ante o mesmo período do ano passado, os exportadores de uma cesta de 12 commodities obtiveram ganhos de 7,2% no mesmo período. O estudo, feito pela Austin Rating a pedido do BRASIL ECONÔMICO, descontou a variação cambial do período do preço médio por tonelada de cada um dos produtos exportados. Entre as 12 commodities, somente suco de laranja (-6,6%), soja (-19,6%) e minério de alumínio (-40,8%) tiveram perdas financeiras. As demais commodities registraram ganhos, com destaque para minério de ferro (42,5%) e óleo bruto de petróleo (38,5%). Os números trazem alívio ou inquietude a setores específicos de exportação e deixam claro que, no caso das commodities, o movimento de alta nos preços tem sim compensado largamente a insistente valorização do real. Para o economista-chefe da Austin Rating e responsável pelo estudo, Alex Agostini, o câmbio valorizado é menos ruim para o Brasil do que o baixo crescimento global. “Se o Brasil tem um câmbio valorizado mas o mundo — ou ao menos os nossos principais parceiros comerciais — apresenta crescimento, pode-se ganhar pelo alto volume de exportações mesmo com preços menores”, observa. A soja registrou perda financeira de 19,6% nas exportações entre janeiro e setembro de 2010, resultado do pior dos mundos: preços em baixa e real em alta Agostini também vê vantagens do câmbio valorizado para a modernização da indústria nacional, uma vez que os preços baixos facilitam a importação de peças e itens de alta tecnologia — o resultado é a maior agregação de valor aos produtos nacionais. “Vejo menos um problema de desindustrialização e mais uma oportunidade para que o setor industrial ganhe produtividade e fique mais competitivo.” Destaque de ganhos financeiros no estudo da Austin Rating, o minério de ferro foi dire- Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 13 Jo Yong-Hak/Reuters OCDE prevê desaceleração do crescimento A recuperação econômica dos 30 países mais ricos do mundo registrou uma desaceleração maior que a prevista desde o início do ano. Em relatório divulgado ontem na reunião do G20, a cúpula da OCDE revisou para baixo as projeções de crescimento do grupo. Para este ano, a expansão deve ficar entre 2,5 a 3%, já para 2011, o crescimento desses países deve ser de, no máximo, 2,5%. Em suas projeções anteriores, a organização previa um crescimento de 2,7% em 2010 e 2,8% em 2011. FIA. O MBA com a marca do conhecimento. A referência em escola de negócios. Inscrições: tF I A . C O M . B R Qilai Shen/Bloomberg Minério de ferro: mesmo com a valorização cambial, altos preços compensam as exportações CESTA DE COMMODITIES EXPORTADAS Ganho financeiro descontado o impacto cambial do período de janeiro/setembro de 2010 PRODUTOS VARIAÇÃO % – JAN-SET/2009/JAN-SET/2010 VOLUME FINANCEIRO (US$) COMMODITIES QUANTIDADE PREÇO MÉDIO (US$/TON.) (KG) GANHO OU PERDA FINANCEIRA 7,2% 42,6% 13,9% 25,2% AÇÚCAR 59,7% 14,9% 38,9% CACAU 28,7% 7,0% 20,2% 2,9% 2,3% CAFÉ 24,4% 4,0% 19,5% ÓLEO BRUTO DE PETRÓLEO 86,8% 15,5% 61,8% 144,4% -30,9% 69,0% MINÉRIO DE ALUMÍNIO 91,7% 15,2% 66,4% MINÉRIO DE MANGANÊS 159,6% 98,2% 31,0% CELULOSE MINÉRIO DE FERRO 19,0% 42,5% 12,1% 47,6% 1,9% 44,9% 24,0% 2,6% -26,5% 39,6% 19,5% ESTANHO BRUTO -70,5% -78,5% 37,4% 17,6% -5,1% 1,0% -6,1% SUCO DE LARANJA 6,8% -2,1% 9,1% 11,8% 15,9% TOTAL EXPORTAÇÕES BRASIL 29,6% VARIAÇÃO NO PERÍODO, EM R$/US$ -19,6% -6,6% -0,7% 16,8% COTAÇÃO MÉDIA NO PERÍODO, EM R$/US$ Jan-Set/09 = 2,0794 e Jan-Set/10 = 1,7803 Fonte: MDIC – Elaboração: Austin Rating Romero Cruz Divulgação J.A.Castro Presidente da AEB Alex Agustini Economista-chefe da Austin Rating “Commodities se transformaram em ativos financeiros, o que traz um fator especulativo. Mas ninguém, em sã consciência, sabe o que vai acontecer com os preços em 2011” “Se o Brasil tem um câmbio valorizado mas o mundo — ou ao menos nosso parceiros — cresce, pode-se ganhar pelo alto volume de exportações, mesmo com preços menores” perda cambial uma cesta de 12 produtos selecionados tamente beneficiado pela alta demanda chinesa. “Claramente em função da China, houve uma mudança de parâmetro e os reajustes de preços passaram a ser trimestrais. E hoje, mesmo com os preços lá em cima, e com dados oficiais de que há 500 milhões de toneladas de aço em estoque, a China continua comprando minério — é uma estratégia no mínimo estranha essa de fazer estoque com preços altos, mas está ocorrendo”, diz o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Outro produto de grande relevância na pauta exportadora, a soja acumulou perdas financeiras de 19,6% no período de janeiro a setembro, resultado do pior dos mundos para o setor: preços em baixa e real valorizado. Mas o cenário começa a ser alterado e os preços aumentaram 14,5% em dólar de julho a outubro por conta da colheita menor que o esperado nos Estados Unidos, explica a economista da Tendências Consultoria, Amaryllis Romano. “Isso alterou um pouco os fundamentos de mercado e a trajetória de preços se inverteu nos últimos meses.” Em dez meses, as importações cresceram 43,8% e as exportações avançaram 29,7% 38,5% ALUMÍNIO BRUTO SOJA Balança tem superávit de US$ 1,85 bilhão Na avaliação do vice-presidente da AEB, o Brasil colhe os bons frutos de um cenário global positivo para as commodities desde 2001. “Talvez este seja o maior período de crescimento mundial de preços de commodities. Aliado ao fato de que, num mundo absurdamente líquido como o de hoje, as commodities se transformaram em ativos financeiros, o que traz aos preços o componente especulativo”, diz Castro. “Mas ninguém, em sã consciência, pode dizer o que vai acontecer com esses preços em 2011.” ■ A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,85 bilhão em outubro, ante saldo positivo de US$ 1,32 bilhão em igual período de 2009. No ano, o superávit comercial acumulado é de US$ 14,63 bilhões, uma queda de 35% em relação ao saldo verificado no mesmo período de 2009. O resultado veio alinhado às projeções do Santander, que espera um saldo de US$ 14,5 bilhões para 2010. “Nossa projeção considera a sazonalidade desfavorável para a balança comercial nos últimos meses do ano. Novembro deve ter um superávit pequeno e dezembro deve registrar déficit”, diz a economista Tatiana Pinheiro. No mês de outubro, a economista observa um movimento diferente da tendência vista ao longo do ano de crescimento das importações em ritmo maior que o das exportações. “Tanto na comparação com o mês anterior, quanto na anual, as exportações do mês tiveram um desempenho melhor do que as importações.” De acordo com os dados dessazonalizados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), pelo critério da média diária, as exportações evoluíram 4,5% e as importações recuaram 1,1% em outubro frente a setembro. Vale notar que no mês anterior, nessa mesma base de comparação, as importações tinham sido mais dinâmicas do que as exportações (altas de 2,7% e 1,0%, respectivamente). Tatiana Pinheiro acrescenta que o fator preço contribuiu para as exportações em outubro: “Os preços de exportações registraram alta de 30,6% ante o mês de outubro de 2009.” De qualquer maneira, ao longo do ano o que se vê é um cenário marcado por demanda doméstica fortemente alavancada pelo consumo das famílias, o que resultou em crescimento das importações bem acima das exportações — em dez meses, as importações cresceram 43,8% e as importações avançaram 29,7%. “Somente a partir de maio, com a alta do minério de ferro e de outras commodities, é que vimos as exportações cres- cendo em maior ritmo”, diz a economista do Santander. Na abertura feita pelo Iedi, o destaque de exportações no mês foi do item manufaturados, que interrompeu dois meses de resultados baixos (queda de — 2,3% em setembro e aumento de apenas 0,9% em agosto) e obteve aumento de 8,3% em outubro, sempre na comparação com o mês anterior com ajuste sazonal. “Já do lado de produtos básicos, a queda de 1% em outubro deve ser interpretada como uma mera acomodação após dois meses seguidos de excepcional desempenho (+8,9% em setembro e +7,9% em agosto)”, aponta o Instituto em relatório. ■ E.R. No segmento de bens de capital, o Iedi observa a ocorrência de queda que levou a valores negativos as importações do mês. “O recuo após o ajuste sazonal foi de 3,9%, mas não consideramos que esse percentual indique queda no ímpeto do investimento”, aponta o Iedi em relatório 14 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 BRASIL Divulgação VAREJO AGRICULTURA Alta no comércio em outubro projeta tendência de avanço para último trimestre Produção de laranja em SP deve render US$ 2 bilhões à balança do agronegócio As vendas do comércio voltaram a subir em outubro, o que confirma a tendência de crescimento neste último trimestre, segundo a Serasa Experian. Houve alta de 1,6% sobre setembro, que havia subido 0,3% sobre agosto. O aumento nas vendas soma 9,9% entre janeiro e outubro. A alta de 1,7% dos supermercados e comércio de alimentos, e o avanço de 0,9% em móveis e eletroeletrônicos puxaram os números do mês. O secretário da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, João de Almeida Sampaio, calcula que a laranja deverá render US$ 2 bilhões à balança comercial do agronegócio. A caixa de laranja, este ano, registra valor médio de R$ 15. No ano passado, ficou abaixo de R$ 5. No entanto, o lucro deste ano, segundo ele, não deverá superar os prejuízos dos anos anteriores. Dos laranjais paulistas saem 85% da produção brasileira. Dilma afasta especulações sobre Em primeira entrevista ao lado de Lula, a presidente eleita ressalta papel do PMDB na negociação com a base Paulo Justus Salário mínimo [email protected] Dilma repetiu o que afirmou durante a campanha, que deve manter a fórmula de reajuste do salário mínimo, que consiste na inflação acrescida ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. A presidente eleita admitiu a possibilidade de fazer uma “compensação” no próximo ano, quando a referência para o reajuste será o ano de 2009, em que o Brasil não apresentou crescimento. “Num cenário de PIB crescendo às taxas que esperamos, vamos ter um salário mínimo em 2014 bem acima de R$ 700.” Em seu primeiro comunicado conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) afastou as especulações sobre a formação do novo ministério e descartou pressão por parte do PMDB por cargos. “Nunca o PMDB chegou para mim propondo ou pedindo cargo. Até agora estão participando sem conflito. A liderança do meu vice é muito importante para garantir que haja esse enfoque”, disse em entrevista coletiva na manhã de ontem. A presidente eleita passou por vários temas estratégicos e de interesse para o país. Evitou falar sobre o pré-sal, que ainda depende da aprovação do marco regulatório no Congresso. “O pré-sal está na pauta agora, terá de ser discutido agora. Qualquer coisa que eu fale para você estaria atravessando dois meses”, disse. Veja a seguir o que Dilma falou sobre seu próximo governo. Volta da CPMF Depois de Lula ter dito, em sua fala inicial, que a CPMF retirou importantes recursos da Saúde, Dilma afirmou que não pretende trazer o tributo de volta, mas que vê uma movimentação de governadores para procurar mais recursos. “Tenho muita preocupação com a criação de imposto, preferiria que a gente tivesse outros mecanismos. Tenho visto uma mobilização dos governadores nessa questão. Não posso fingir que não vi”, disse. Trem de alta velocidade A presidente eleita classificou como absurda a crítica ao trem de alta velocidade (TAV), levan- tada pela oposição durante a campanha. “O trem-bala é compatível com um país continental e com grande densidade populacional no Sudeste e no Sul como o Brasil”, afirmou. Lula e Dilma descem a rampa interna do Planalto para falar com jornalistas: sem detalhes sobre o pré-sal Relações exteriores Dilma lamentou o caso da iraniana Sakineh, condenada ao apedrejamento e disse que terá uma manifestação clara que conduza à melhoria dos direitos humanos. Sobre o papel do Brasil com o exterior, disse que o país está progressivamente se tornando uma potência regional. “O diálogo continua com todos os países do mundo. Não temos nenhuma política de agressão, de violência. Aqueles que dialogarem conosco em paz serão recebidos em paz”, disse. Reforma agrária e MST Dilma agradeceu ao telefonema do governador eleito Geraldo Alckmin, que a cumprimentou pela vitória. A presidente eleita também agradeceu à imprensa A candidata disse que não pretende tratar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como um caso de polícia, mas ressaltou que não vai aceitar ilegalidade. “Não compactuo com ilegalidades, nem com invasão de prédios nem de propriedades.” Dilma também acenou para a oposição, agradecendo a ligação que recebeu do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e agradeceu também ao trabalho da imprensa durante a campanha. “Isso é o esperado de um presidente, que, ao fim das eleições, tem de se expressar como um ponto de unidade do país”, diz, Aldo Fornazieri, diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. ■ Cargos a serem indicados por Lula sinalizam Ministro do STF e presidentes da Anatel e do Cade são definições mais urgentes Cláudia Bredarioli e Fabiana Monte [email protected] Os nomes que imprenscindivelmente o presidente Lula precisará indicar nos próximos dias para preencher cargos de confiança já devem começar a cumprir o papel de satisfazer os partidos que são parte da coligação vencedora e sinalizar o perfil da presidente eleita Dilma Rousseff para a composição de sua equipe. “Tem tanto cargo no Brasil que provavelmente essa distribuição será tranquila. Essas nomeações do Lula devem estar combinadas com a Dilma”, comenta o cientista político Rubens Figueiredo. Neste contexto, parece não haver muito sentido na declaração de ontem do atual presidente de que irá assistir ao próximo governo “da arquibancada e sem corneta”. Para Figuei- redo, Lula já deu mostras de que não respeita os limites institucionais e “terá dificuldades em assumir o posto de ex-presidente”. Entre os cargos a serem definidos com urgência destacam-se o de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e de presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A urgência da definição do ministro do STF — para preencher vaga que se abriu com a Presidente vai definir em conjunto com a eleita os nomes que devem ocupar os cargos de confiança em aberto aposentadoria de Eros Grau, em agosto — envolve a definição sobre o posicionamento da Corte em relação à Lei da Ficha Limpa. “O ideal seria o STF decidir ainda este ano a questão da Ficha Limpa em razão da insegurança jurídica instaurada no país em relação a esse tema”, diz o especialista em direito eleitoral Péricles d’Ávila Mendes Neto, do escritório Pinheiro Neto Advogados. Até o fim desta semana, Lula também vai decidir quem substituirá o atual presidente da Anatel, Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 15 Murillo Constantino PREÇOS EXPECTATIVA Alimentos e habitação puxam desaceleração de inflação semanal em sete capitais Famílias brasileiras mantêm otimismo com a economia nos próximos 12 meses O IPC-S, que mede a variação de preços em sete capitais, apresentou variação de 0,59% no fechamento de outubro, o que significa um decréscimo de 0,07 ponto percentual em relação à taxa da semana anterior (0,66%). os preços diminuíram em seis das sete categorias avaliadas na última semana de outubro. Os destaques foram: alimentação (de 1,51% para 1,38%), e habitação (de 0,29% para 0,20%). As famílias brasileiras continuam otimistas com a economia. Segundo o Índice de Expectativas das Famílias (IEF) de outubro, do Ipea, a proporção dos que esperam uma melhor situação nos próximos 12 meses varia de 55%, para quem recebe até um salário mínimo, a 64,7%, para quem recebe entre quatro e cinco salários mínimos. Por escolaridade, a variação fica entre 57,6% (superior incompleto) e 64,4% (médio incompleto). formação de novo ministério aliada e diz que o partido não a procurou pedindo cargos para o próximo governo Ricardo Stuckert/PR CARTAS COMEÇAM A SER POSTAS NA MESA 1 perfil da equipe Ronaldo Sardenberg, e indicará ainda o substituto do conselheiro Antônio Bedran, atual vice-presidente da agência reguladora, também em fim de mandato. O escolhido estará entre os conselheiros da Anatel: Emília Ribeiro, Jarbas Valente e João Rezende. Outra opção seria a prorrogação do mandato de Sardenberg. “Acredito ele vai aproveitar para ter alguém que seja afinado com Dilma durante o processo de transição, porque questões importantes têm que ser resolvidas pela agência no ano que vem. E o atual presidente não tem a menor afinidade [com Dilma]”, afirma um especialista. Para outra fonte, Lula deverá optar por um “mandato tampão”, prorrogando a gestão de Sardenberg à frente da Anatel até 31 de dezembro, para que a escolha definitiva do próximo presidente ocorra no governo Dilma. Hoje o atual presidente Cade, Arthur Badin, se pronuncia para fazer um balanço de seus dois anos de gestão. No dia 6, termina seu mandato. ■ 2 3 PSB busca espaço no governo após eleição Expectativa de novo conselheiro na Anatel Mercado quer saber cargo de Palocci A Comissão Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) realiza hoje, em Brasília, reunião para avaliar o resultado das eleições de 2010 e as perspectivas da legenda para os próximos anos. Tendo eleito seis governadores, 35 deputados federais e quatro senadores, o partido já afirmou ganhar força para disputar mais espaço no governo federal. “Será um importante momento para avaliarmos todo o êxito alcançado tanto em primeiro quanto em segundo turno nas eleições”, afirmou o primeiro secretário Nacional do PSB, Carlos Siqueira. Um dos nomes que aparecem na lista à vaga do conselho na Anatel é o de Cezar Alvarez, chefe de Gabinete-Adjunto de Agenda da Presidência da República e um dos idealizadores do Plano Nacional de Banda Larga. Alvarez seria indicado como conselheiro da agência reguladora e, depois, como presidente da Anatel. “Pelo interesse de Cezar Alvarez pelo setor de telecomunicações, não seria surpresa sua indicação para a vaga do Bedran. Se ele for para o conselho é quase certeza que será o presidente [da Anatel]”, afirmou uma fonte do setor de telecomunicações. De olho na montagem na equipe do próximo governo, a consultoria MB Associados, avalia que o nome e a definição de função mais esperada pelo mercado é a de Antonio Palocci. Dilma Rousseff sinaliza preferir um técnico na Casa Civil e Palocci é político. Além disso, ele poderia num eventual cargo no núcleo do Planalto se transformar em alvo político, mesmo tendo sido inocentado pelo STF no caso da violação do caseiro Francenildo Costa. De qualquer forma, Palocci será essencial na intermediação política e na definição da política econômica, segundo a MB. 16 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 BRASIL Divulgação LEGISLATIVO ELEIÇÕES Primeiro suplente de Tuma assume cadeira no Senado Jader Barbalho é o ficha suja com maior arrecadação O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), empossou ontem o primeiro suplente do senador Romeu Tuma (PTB-SP), que morreu no último dia 26 de outubro. A vaga será ocupada por Alfredo Cotait Neto (DEM), ex-secretário de Relações Institucionais da Prefeitura de São Paulo. Ele ficará no cargo até 2 de fevereiro de 2011. “Espero fazer jus à biografia daquele que a ocupou antes de mim”, disse em solenidade. Com a candidatura barrada no Supremo Tribunal Federal, Jader Barbalho (PMDB-PA) obteve a maior arrecadação entre os fichas sujas mais votados nestas eleições: R$ 4 milhões. Os dados foram divulgados ontem, na prestação final de contas dos candidatos, pelo Tribunal Superior Eleitoral. Barbalho obteve 1,8 milhão de votos e teria sido eleito em segundo lugar no Senado pelo Pará. Líderes decidem adiar “janela” que permite dança das cadeiras Mecanismo que torna possível a vereadores, deputados e senadores mudarem de partido a partir de 2011 depende de amplo consenso para que se modifique a Constituição Wilson Dias/ABr CONTRA O RELÓGIO Congresso Nacional volta ao trabalho A Câmara dos Deputados recomeçou ontem suas atividades com baixo quórum e muito trabalho pela frente. No pouco tempo que resta até o recesso de dezembro, os deputados têm a missão de destrancar o mais rápido possível a pauta, obstruída por 11 medidas provisórias (MPs). Uma das mais importantes para o governo é a que permite aos municípios com dívida superior à receita líquida real que façam novos empréstimos para obras relacionadas à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Outra MP pendente suspende impostos de bens e serviços usados nas obras de estádios para a Copa e institui benefícios fiscais para obras do programa Minha Casa, Minha Vida. O debate mais importante do dia ontem na Câmara aconteceu na Comissão Mista de Orçamento, onde se discutiu o relatório do orçamento para 2011. No Senado o dia foi tomado por homenagens a Romeu Tuma. Congresso retomou os trabalhos com a missão de “destravar” a pauta Pedro Venceslau [email protected] Até o dia 27 de março de 2007 o Congresso Nacional brasileiro era conhecido como um dos mais infiéis do mundo. Naquela data entrou em vigor a norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe deputados estaduais, federais, vereadores e senadores de mudarem de legenda ao bel prazer das conveniências. Por 6 votos a 1, os ministros do Tribunal decidiram que o mandato pertence ao partido e não ao eleito. A prova de fogo da medida será a próxima legislatura, que toma posse em 2011. Apesar do entrave legal, líderes da situação e até da oposição articularam abertamente, durante a campanha presidencial, a abertura de uma “janela de transferência” para os mandatos que começam ano que vem. “ Eu defendo a ‘janelinha’. Acho que ela fortaleceria o PDT, pois atrairia muita gente que deseja vir para a base do governo mas não consegue Paulinho da Força, deputado federal (PDT-SP) A estratégia era construir um consenso entre as lideranças para modificar a Constituição e alterar a norma em vigor. Dessa forma, políticos de partidos que apoiaram José Serra (PSDB) poderiam migrar para siglas da base aliada, Aécio Neves estaria livre para ingressar no PMDB (como foi fortemente ventilado), Gilberto Kassab poderia realizar o sonho de ressuscitar o MDB e a oposição seria drasticamente desidratada. “A janela seria possível através de uma Emenda Constitucional, o que exige quórum qualificado. É viável, mas seria preciso uma grande unanimidade”, afirma o deputado federal João Almeida (PSDB-BA), líder dos tucanos na Câmara. Os primeiros movimentos subterrâneos da Câmara, que voltou ao trabalho ontem, e os discursos dos líderes governis- tas mostraram um claro recuo na disposição de alterar a lei, pelo menos no curto prazo. “Essa solução não será no curtíssimo prazo. Provavelmente acontecerá no bojo da reforma política”, informa um credenciado líder da base lulista. “Defendo a ‘janelinha’, pois fortaleceria o PDT e atrairia muita gente que deseja vir para a base do governo mas não consegue. Mas acho que isso só será possível mais para a frente”, pondera o deputado Paulinho da Força (PDT-SP). Entre petistas circula uma tese curiosa. A “janela” facilitaria ainda mais a vida de Dilma Rousseff pois ampliaria sua base de apoio e a deixaria menos dependente do instável PMDB. Por outro lado, o ex–governador mineiro Aécio Neves poderia fundar um novo partido ou mudar-se para o PMDB para disputar a eleição presidencial de 2014 sem a pecha de oposicionista. “A base do governo sempre consegue adotar medidas casuísticas como essa. Basta querer e mobilizar suas bases”, pondera a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), contrária à janela. Alternância As negociações entre PT e PMDB sobre os nomes que ocuparão as presidências da Câmara e Senado em 2011 devem ser congeladas até a posse da nova legislatura. A ideia é concentrar esforços na formação do novo governo e evitar atritos entre as duas maiores bancadas. Até o momento só ficou decidido que os partidos farão um rodízio nos próximos quatro anos. O PSB, que ampliou sua bancada de 34 para 41 deputados, terá papel decisivo na disputa. ■ Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 17 Este anúncio é de caráter exclusivamente informativo, não se tratando de oferta de venda de cotas. ANÚNCIO DE ENCERRAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO PÚBLICA DE COTAS DA PRIMEIRA EMISSÃO DO Rio Bravo Energia I - Fundo de Investimento em Participações CNPJ/MF n.º 12.188.161/0001-30 Administração e Gestão Rio Bravo Investimentos Ltda. Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 3º andar São Paulo - SP Distribuição Rio Bravo Investimentos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 3º andar São Paulo - SP Assessor de Investimentos Rio Bravo Project Finance Assessoria Empresarial Ltda. Avenida Chedid Jafet, nº 222, Bloco B, 3º andar São Paulo - SP RIO BRAVO INVESTIMENTOS LTDA., sociedade limitada com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Chedid Jafet, n.º 222, Bloco B, 3º andar, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 03.864.607/0001-08, na qualidade de instituição administradora (“Administradora”) e RIO BRAVO INVESTIMENTOS DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA., sociedade limitada com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Chedid Jafet, n.º 222, Bloco B, 3º andar, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 72.600.026/0001-81, responsável pela distribuição de cotas (“Oferta”), nominativas e escriturais, da primeira emissão do Rio Bravo Energia I - Fundo de Investimento em Participações (“Fundo”), que foram objeto de distribuição pública primária exclusivamente no mercado brasileiro, em mercado de balcão não organizado, para investidores qualificados assim definidos na Instrução n.º 409, de 18 de agosto de 2004, conforme alterada, da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), comunicam que foram subscritas 3.000 (três mil) Cotas no âmbito da Oferta. O Instrumento Particular de Constituição do Rio Bravo Energia I - Fundo de Investimento em Participações, firmado pela Administradora, registrado no 4º Oficial de Registro de Títulos e Documentos da Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, em 01 de julho de 2010, sob o n.º 5116072 deliberou pela constituição do Fundo, aprovou seu regulamento (“Regulamento”) e a sua primeira emissão de cotas (“Primeira Emissão”). O encerramento da Oferta ocorreu em 29 de outubro de 2010. O preço unitário de emissão das Cotas no âmbito da Oferta, na respectiva data de emissão, foi de R$ 100.000,00 (cem mil reais), tendo sido subscritas 3.000 (três mil) Cotas, perfazendo o montante total de: R$ 300.000.000,00 (Trezentos milhões de reais) A Oferta foi registrada na CVM em 11 de agosto de 2010, sob n.º CVM/SRE/RFP/2010/008, nos termos da Instrução CVM n.º 391, de 16 de julho de 2003, conforme alterada e da Instrução CVM n.º 400, de 29 de dezembro de 2003, conforme alterada. A Administradora contratou o ITAÚ UNIBANCO S.A., sediado na Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100, São Paulo - SP, CNPJ nº 60.701.190/0001-04, para a prestação dos serviços de escrituração das Cotas. As Cotas foram subscritas por: Classificação dos Adquirentes das Cotas Pessoas Físicas Número de Adquirentes Qtde. de Cotas Subscritas Valor da Subscrição 2 150 15.000.000,00 1 35 3.500.000,00 18 2.795 279.500.000,00 1 20 2.000.000,00 22 3.000 300.000.000,00 Clubes de Investimento Fundos de Investimento Entidades de Previdência Privada Companhias Seguradoras Investidores Estrangeiros Instituições Intermediárias Participantes da Oferta Instituições Financeiras ligadas ao Administrador, coordenadores da Oferta, coordenadores contratados e/ou corretoras consorciadas Demais Instituições Financeiras Demais Pessoas Jurídicas ligadas ao Administrador Demais Pessoas Jurídicas Sócios, Administradores, Prepostos e demais Pessoas ligadas ao Administrador TOTAL Ao investidor é recomendada a leitura cuidadosa do Regulamento ao aplicar seus recursos no Fundo, com especial atenção às informações que tratam do objetivo e política de investimento do Fundo, da composição da Carteira e das disposições do Regulamento que tratam sobre os fatores de risco aos quais o Fundo e, consequentemente, o investidor, estão sujeitos. O Fundo não conta com garantia da Administradora, do gestor do Fundo e de qualquer mecanismo de seguro ou do Fundo Garantidor de Créditos - FGC. 18 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE SEXTA-FEIRA SEGUNDA-FEIRA TECNOLOGIA EDUCAÇÃO Laticínio Embaré gera biogás e obtém eletricidade Empresa é pioneira no setor de alimento em processo que reduz aquecimento global, economiza energia e mantém a água limpa Martha San Juan França [email protected] A Embaré, tradicional fabricante de derivados de leite e caramelos, dá o exemplo para outros laticínios de como se pode estender o aproveitamento do biogás, gerado em sua estação de tratamento de efluentes, para a produção de eletricidade. A prática está se alastrando entre os aterros sanitários e existem iniciativas também entre as granjas, que aproveitam a matéria orgânica proveniente dos dejetos de suínos, de aves ou do gado, para gerar gás. Mas ainda é uma novidade na indústria de alimentação. Localizada em Lagoa da Prata (MG), a empresa já tinha sido pioneira há 14 anos ao instalar uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) para cuidar da água utilizada na fabricação dos derivados de leite antes de retornar ao meio ambiente. Na época, os resíduos, entre eles a gordura que provoca a proliferação de microorganismos que consomem o oxigênio da água, passaram a ser submetidos a tratamento biológico em células de areação e lagos de estabilização antes de serem devolvidos aos mananciais. Estação de tratamento que custou R$ 5,5 milhões ganhou um centro de educação ambiental para que comunidade e escolas possam aprender a transformar metano em energia Novos investimentos Com o aumento de 60% da capacidade instalada, previsto para os próximos anos, foram necessários novos investimentos na modernização e ampliação da estação de tratamento. “Pensamos então em resolver também o problema do mau cheiro que exalava do metano, Benefício dos créditos de carbono O setor de tratamento de lixo saiu na frente e foi um dos primeiros a usar o metano para produção de eletricidade e a garantir créditos de carbono por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), no âmbito do Protocolo de Kyoto, que contribuem para a redução do aquecimento global. Em seguida, vieram as granjas que investem em biodigestores para iluminação, aquecimento e para a movimentação de geradores de suas propriedades. No oeste do Paraná, por exemplo, um projeto em parceria entre o governo do estado e a hidrelétrica de Itaipu prevê o transporte de biogás para um gasoduto e uma microcentral termelétrica. O projeto da Embaré recém-inaugurado foi o primeiro MDL na América do Sul a pleitear o selo da Gold Standard Foundation, por reunir geração de energia renovável com inegáveis benefícios à comunidade. M.F. um dos subprodutos da decomposição da matéria orgânica, que incomodava a comunidade do entorno”, diz o diretor industrial da Embaré, Hamilton Antunes. A empresa contatou a MundusCarbo, parceira da Key Associados, especializada em projetos de sustentabilidade, para o aproveitamento do gás. “Transformar o metano em energia é um do melhores projetos destinados a conter o aquecimento global”, afirma João Mendes, consultor da Key. Ele explica que isso ocorre porque o metano, como o dióxido de carbono, é um dos gases do efeito estufa e responde por parte das emissões brasileiras que contribuem para as mudanças climáticas. Com a orientação da consultoria, a Embaré acrescentou à estação de tratamento um novo sistema de captura e queima de 3 milhões de litros de metano, que serão gerados diariamente. Pelo processo, os efluentes são bombeados até o tratamento, fora da zona urbana, por uma tubulação de 2,5 quilômetros de extensão. É feita a separação física de sólidos e de gordura e o material resultante passa por lagoas cobertas de material plástico, onde é feita a decomposição anaeróbia (obtida por bactérias que sobrevivem na ausência de oxigênio). O metano ou biogás resultante é captado e conduzido à unidade de cogeração de energia elétrica. Mais de R$ 5 milhões foram gastos para a modernização e ampliação da estação de tratamento. Ao todo, são gerados 100 kWh de energia, resultando numa economia de aproximadamente R$ 15 mil por mês. A Embaré pretende investir em mais um gerador para produzir energia suficiente para tornar auto-suficiente o seu clube de funcionários sediado nas vizinhanças. Todo funcionamento da estação poderá ser visto com a abertura de um Centro de Educação Ambiental. Aberto a estudantes, ensina como tratar água poluída e como transformar gás metano em energia. “Pretendemos dar um exemplo às prefeituras e empresas da região que podem fazer o mesmo em seus aterros”, diz Antunes. ■ POTENCIAL ENERGIA 12 bi kWh 100 kWh Cálculo de quanto o país pode gerar de energia por biogás anualmente, considerando todas as fontes em potencial. é a quantidade de energia obtida com o sistema de cogeração da Embaré. Equivale a uma economia de R$ 15 mil por mês. CARBONO TRATAMENTO 71,3 mi de toneladas de carbono 3 mi de litros de metano podem ser equivalente que deixariam de ser lançados na atmosfera por ano com a geração desse tipo de energia. capturados nas lagoas da estação de tratamento de efluentes da Embaré. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 19 TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA EMPREENDEDORISMO GESTÃO Divulgação Estação de Lagoa da Prata da Embaré: lagoas aeróbias cobertas incham com o metano armazenado LUCIANO MARTINS COSTA Jornalista e escritor, consultor em estratégia e sustentabilidade Projetos de energia versus retorno financeiro EXPERIÊNCIAS SE ESPALHAM PELO PAÍS 1 2 3 Cemig comercializa biogás de aterro Usina do Rio é pioneira no projeto Programa agrega pequena propriedade A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) deve comercializar a partir de 2011 a energia gerada do biogás, produzido no aterro sanitário da BR-040, desativado em 2007. O contrato de compra foi assinado com o Consórcio Horizonte Asja. A usina Nova Gerar, no aterro sanitário de Nova Iguaçu (RJ), foi a primeira a usar o metano como combustível para produção de eletricidade e requerer créditos de carbono. Em São Paulo, um projeto semelhante foi criado no Aterro Bandeirantes. A Sadia criou em 2005 um programa de geração de energia de biogás que pode agregar granjas que sigam as mesmas diretrizes, sem que seja necessário passar pelo trâmite burocrático de obtenção de créditos de carbono pela ONU. Os debates sobre a questão da energia ainda estão presos aos temas da geração e distribuição em larga escala. Observado do ponto de vista mais abrangente, o tema remete a iniciativas que contemplam os grandes consumidores, como as cidades maiores e os complexos industriais. Num país com as características do Brasil, onde boa parte dos mais de 190 milhões de habitantes se distribui pelas regiões litorâneas, a tendência das políticas de energia é também concentrar a oferta desse e de outros itens de infraestrutura nessa faixa do território. Essa distribuição demográfica tem levado os gestores públicos e investidores privados a privilegiar as grandes concentrações, onde supostamente se encontram os melhores mercados e maiores facilidades para a entrega do serviço. No entanto, o rápido crescimento econômico dos últimos anos, que também se verifica nas zonas de menor densidade populacional, como as regiões em torno dos grandes negócios agroindustriais, tem exigido a interiorização da oferta de energia. Restam desassistidos, porém, os habitantes das regiões menos densas com grande vulnerabilidade ambiental, onde não se pode recomendar atividade agrícola ou pastoril extensiva nem cabem plantas industriais. Nesses rincões, a necessidade de energia esbarra no desequilíbrio entre procura e retorno financeiro: a poudemanda, encarece a Comprova-se como ca oferta da energia protais iniciativas duzida e transmitida pelas grandes redes e o reduzem riscos e o retorno desaconefeito que produzem baixo selha investimentos na na comunidade produção local. Para comunidades e nos públicos de com essas características interesse em termos é que surgiram muitos de educação para projetos de desenvolvimento sustentável que a sustentabilidade carregam soluções inovadoras, muitas vezes embasadas no conhecimento tradicional. O uso de metano produzido em depósitos de resíduos orgânicos, por exemplo. Ou a produção de energia, a partir do mesmo princípio, da queima de gás residual. Mas nem tudo é solução emergencial. Também são registrados os projetos de produção de energia a partir de fontes alternativas surgidos do puro desejo de fazer a coisa certa. É necessário, para isso, ter mais do que a convicção em favor da sustentabilidade. É preciso desenvolver as tecnologias adequadas até seu extremo, porque o resultado de processos inovadores precisa ser inequívoco e demonstrado permanentemente. No caso de empreendedores que decidem transformar seus negócios em modelos de sustentabilidade a partir da convicção de que o mais correto também pode ser o mais rentável, o que se demonstra é que o conhecimento se associou à consciência ambiental e a uma noção de negócio realista e de longo prazo. São ainda casos isolados, se comparados ao modelo de negócio predominante, embora cada vez mais numerosos, e na maioria das vezes funcionando discretamente. Quando se analisa uma empresa como a Embaré, no texto ao lado, pode-se facilmente imaginar o nível de satisfação que oferece ao empreendedor, seus colaboradores e clientes um negócio no qual o gás residual se transforma em fonte de energia, formando uma espiral de resultados compartilhados. Mas também se pode comprovar como tais iniciativas reduzem ou eliminam riscos e o efeito que produzem na comunidade e nos públicos de interesse do empreendimento em termos de educação para a sustentabilidade. ■ 20 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 ENCONTRO DE CONTAS LURDETE ERTEL Fotos: divulgação Abrindo terreno O governo do Ceará engatou um mutirão de desapropriações para preparar o terreno de dois dos maiores empreendimentos planejados no país. Depois de vários adiamentos, deve ser concluída até dezembro a liberação dos terrenos da área destinada a receber a refinaria Premium II, da Petrobras. Segundo o governo cearense, já foram desapropriados 95% dos terrenos da área escolhida em Pecém para a construção do complexo de US$ 11 bilhões. No total, deverão ser pagos R$ 6 milhões em indenizações. Em outra frente, o Palácio de Iracema negocia a liberação de terras no traçado da Transnordestina, que terá 527 quilômetros no Estado. Até agora, menos de 40% das áreas já foram desapropriadas. Beleza autêntica Uma península na distante costa do Canadá faturou o título de costa mais bela do mundo, em eleição da revista National Geographic Traveler. Segundo a publicação, o litoral mais esplendoroso do planeta fica em Avalon (foto), uma grande península de 10 mil quilômetros quadrados localizada a sudeste da ilha de Terra Nova, no Oceano Atlântico.A escolha foi feita por 340 peritos em turismo, que examinaram 99 localidades e regiões ao redor do mundo. O principal critério foi autenticidade. Segundo a National Geographic, Avalon se sobressaiu por conta da “integridade das rotas costeiras, das aldeias de pesca coloridas e do desenvolvimento turístico que preservou o caráter original da região”. Em segundo lugar, atrás de Avalon, está a costa de Pembrokeshire, no País de Gales. Em terceiro, Tutukaka, na Nova Zelândia. Entre as primeira colocações aparece ainda a região de Cinque Terre, na Ligúria (Itália). A região integra a chamada Riviera Italiana. Philippe Marcou/AFP Foguetório Mudança nos bastidores do mais famoso réveillon do Brasil. A festa deste ano em Copacabana, no Rio, terá novo organizador: a função será da empresa carioca SRCom. A próxima edição do evento, que costuma atrair 2 milhões de pessoas, terá como tema a Década de Ouro – uma alusão às grandes competições que o Rio vai sediar nos próximos anos. Quentes Três empresas do Brasil fizeram bonito na lista das 30 marcas mais quentes do planeta. Azul, Natura e Havaianas despontaram na primeira edição do Advertising Age Global Report - The World’s Hottest Brands. Doutor Getúlio O ministro do Trabalho Carlos Lupi inaugura hoje um busto do ex-presidente Getúlio Vargas no Sindicato dos Trabalhadores em TI, em São Paulo. Confeccionada em bronze pelo escultor Cícero D’avila, a obra é uma homenagem aos 80 anos da Era Vargas. Nas pegadas do pai Já eleita empresária do ano na Europa pelo jornal britânico Financial Times, a espanhola Ana Patricia Botín (foto) volta a mostrar que pode estar sendo preparada, sim, para ser a sucessora do pai, o banqueiro Emílio Botin, no comando do grupo Santander. Ontem, a mais velha dos seis herdeiros do magnata espanhol foi confirmada como presidente da filial no Reino Unido. Formada em colégios na Suiça, na Inglaterra e na Áustria e bacharel em Economia na Universidade de Harvard, Ana Patrícia vinha atuando no grupo como presidente do Banesto, controlado pelo Santander. A primogênita de Emílio Botin debutou no universo bancário nos anos 1980, quando ingressou no Banco Morgan. “Em torno do terceiro ou quarto filme, o dinheiro começava a ficar sério. Até então, eu não tinha a mínima ideia. Quando me dei conta do quanto eu tinha, me senti mal, muito incomodada” Emma Watson, atriz de Harry Potter, que, aos 20 anos, é dona de uma fortuna de € 23 milhões. Ela foi a atriz que mais faturou no mundo em 2009. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 21 MARCADO Mais cuidados na terra da garoa O Hospital Sírio-Libanês vai inaugurar nesta semana a sua primeira unidade externa em São Paulo. A nova Unidade Itaim vai oferecer hospital-dia, centro de diagnósticos, ambulatórios e um novo Centro de Reprodução Humana, que terá à frente a equipe do médico ginecologista Maurício Abrão. O investimento no prédio de oito andares, na Rua Joaquim Floriano, foi de R$ 35 milhões. ● A Câmara de Comércio FrançaBrasil organiza hoje, em São Paulo, a palestra Perspectivas Econômicas 2011, ministrada por Marcelo Carvalho, Economista-chefe do BNP Paribas para a América Latina, e Vladimir do Vale, estrategista-chefe do Banco Crédit Agricole. [email protected] Pé na tábua GIRO RÁPIDO Acaba de ser aberta em Itupeva (SP) a primeira loja outlet da paparicada marca californiana de tênis Vans no país. A operação aberta no Outlet Premium vai vender pela metade do preço peças de coleções passadas dos tênis da grife mais famosa entre os skatistas. A Vans chegou ao mercado brasileiro em abril, com licença concedida à 4 Branding. Do Peru Parada nos boxes Hotéis de São Paulo estão roncando de satisfação com a ocupação garantida pelo GP de Fórmula 1, a ser disputado no próximo domingo em Interlagos. Onze dos 15 principais endereços de hospedagem da Capital já estão lotados para o final de semana. A SPturis calcula que a corrida deva atrair 140 mil visitantes. Floração A Le Petit Jardin, maison de flores e objetos de decoração do Shopping Cidade Jardim, está dando os primeiros brotos. Nesta semana, a butique de flores abre a primeira filial, no Shopping Jardim Sul. E no dia 15, a segunda, no Pátio Higienópolis. Uma das maiores autoridades do mundo em pisco e presidente da Academia Peruana de Pisco, Johnny Schuler, participa hoje de uma degustação e harmonização de piscos peruanos, promovida pela Embaixada do Peru e pela importadora Kapaq, na Expo Peru 2010, em São Paulo. Melhores amigos Mais crédito, meu! Os peludos vão invadir um dos principais cartões-postais de São Paulo em 2011. O Parque Ibirapuera receberá em abril do próximo ano o Pet Bazzar, que terá entre as atrações a primeira edição brasileira do concurso internacional ‘O Cão Mais Feio do Mundo’. Organizado pela Bullet Eventos e pela Best Way, o evento terá lojas para os animais, lanchonetes, palestras e shows, que esperam atrair 10 mil donos de mascotes em dois dias. O segmento pet movimentou mais de R$ 9,6 bilhões no Brasil no ano passado e, para 2010, a previsão é que o crescimento fique entre 3% a 4%, de acordo com a Anfalpet. O mercado brasileiro de animais de estimação já ocupa a segunda posição no ranking mundial. O PanAmericano está inaugurando mais uma loja na capital paulista, no bairro da Moóca. A nova unidade terá suporte de tecnologia web de atendimento e vai oferecer um leque completo de produtos financeiros para pessoas físicas, incluindo crédito imobiliário. Ampliação em massa A Spedini Trattoria Expressa, especializada em culinária italiana, pretende ampliar de 14 para 30 seu número de unidades em 2011. São Paulo e Brasília são os principais alvos. O investimento inicial para cada loja é de R$ 290 mil. Tapumes Brindando Depois de quase dois anos, foi concluída a venda de um terreno da Universidade Municipal de São Caetano (USCS). A área de 40,2 mil metros quadrados foi arrematada por R$ 53,9 milhões pela incorporadora Benetti, do Paraná. Para comemorar seus dois anos no mercado brasileiro, a Wine fechou acordo com a Lvmh e a Irroy para trazer ao Brasil os champagnes Montaudon Reserve Premiere Brut e Irroy Brut. O negócio está estimado em R$ 2 milhões. Trinca Nome do fotógrafo/Agência São três as inaugurações planejadas até dezembro pelo Grupo Santa Helena, dono das marcas Suxxar, Cleusa Presentes e Espaço Santa Helena. Hoje, a empresa de homewear corta a fita de uma loja Espaço Santa Helena no Shopping Iguatemi de São Paulo. Em seguida, vem a flagship da marca Suxxar, na Avenida Faria Lima, também na Capital. E em dezembro, abre a primeira loja outlet do grupo, em Itupeva. TACADA NA VIZINHANÇA O Grupo Pestana, maior conglomerado turístico de Portugal, lança hoje o projeto de um empreendimento de luxo na Argentina. O Pestana Buenos Aires Golf Hotel & Residences será construído em Bella Vista, em dobradinha com o grupo local Socma. O projeto combina hotel, residências e campo de golfe. Com Karen Busic [email protected] 22 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Iveco vai produzir ônibus no país até 2013 Inicialmente, os veículos serão fabricados em cima de plataformas de caminhões médios e pesados, mas a companhia já desenvolve estrutura única para a nova linha Ana Paula Machado [email protected] Dentro do plano de deter até 15% das vendas de veículos pesados no mercado brasileiro até 2015, a Iveco Latin America já prepara a entrada no mercado de ônibus. O presidente da empresa, Marco Mazzu, disse que os primeiros veículos serão produzidos na fábrica de Sete Lagoas, em Minas Gerais, entre 2013 e 2014 e serão montados a partir de chassis de caminhões médios e pesados da marca. “Hoje, já temos uma plataforma vendida no mercado brasileiro de microônibus. Agora, estamos trabalhando em duas grandes plataformas acima desse segmento e no primeiro momento vamos montar a partir dos chassis dos nossos caminhões.” Segundo o executivo, nos próximos investimentos da companhia no Brasil, o orçamento deve compreender o período entre 2011 e 2015, já estará contemplada a produção de ônibus maiores em Sete Lagoas.“Assim, vamos entrar no segmento que mais cresce no Brasil, o de ônibus médios e pesados que podem ser usados no transporte urbano ou rodoviário”, disse Mazzu. A Iveco faz parte do grupo Fiat que anunciou aportes no país de R$ 10 bilhões. O executivo ressaltou que na estratégia da companhia para os próximos cinco anos incluirá a expansão da fábrica para contar com uma linha de monta- O projeto do ônibus da Iveco estará no próximo ciclo de investimentos da empresa no Brasil, que vai de 2011 a 2015. A companhia não divulgou o montante a ser aplicado no período, mas afirmou que o volume será maior que o aportado entre 2009 e 2011, de R$ 563 milhões gem para ônibus médios e pesados no país. Produção na Europa A montadora italiana já tem ônibus rodando nos países da Europa e mantém produção na Itália e França. A marca vende no mundo cerca de 9 mil unidades por ano. No Brasil, a Iveco só produz microônibus que são dedicados ao transporte escolar. A empresa vendeu até setembro deste ano 465 unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A companhia completa neste ano 10 anos de operação no Brasil, e ao final de 2010 já terá cerca de 10% de participação no mercado de caminhões. A empresa concorre em todos os segmentos desde leves aos superpesados. Segundo dados da Anfavea, a montadora italiana comercializou 9,78 mil unidades entre janeiro e outubro deste ano, um crescimento de 80,9% no compartivo com o volume vendido em 2009, que totalizou 5,4 mil unidades. “A meta é deter 15% do mercado brasileiro em 2015. É um objetivo plenamente possível, pois, as perspectivas de crescimento do país nos darão sustentação para isso.” E, além de uma linha de ônibus, Mazzu informou que o país poderá fabricar o caminhão superpesado 8x4, que hoje é importado da Espanha. “Dependendo do crescimento do mercado, há possibilidade de se fabricar este modelo aqui”, ressaltou o executivo. O 8X4 da Iveco é usado nas minas de exploração de minério de ferro, em substituição aos caminhões fora de estrada que normalmente são operados dentro das minas. ■ Divulgação Ônibus da Iveco que roda na Europa. Nas fábricas europeias, a montadora faz também a carroceira EXPANSÃO VENDAS Vendas devem chegar a 30 mil unidades 20,98 mil O mercado de ônibus no Brasil vive um dos melhores momentos, desde 1957, quando a indústria automobiliística iniciou suas operações. A previsão é que sejam vendidos cerca de 30 mil veículos. No ano passado, as montadoras comercializaram aproximadamente 23 mil unidades. O segmento que mais vende no país é o de ônibus urbano, com 70% do volume. E com a Copa do Mundo em 2014 e as Olímpiadas em 2016, o potencial de mercado deverá crescer muito com novos projetos de transporte coletivo que devem ser implantados pelas cidades sedes. A líder do segmento é a Mercedes-Benz com 50% de participação, completou em outubro 400 mil ônibus vendidos no país, desde que começou a produzir em 1957. Até setembro, a montadora alemã vendeu 12,41 mil unidades, um volume superior 39,9% aos 8,87 mil ônibus comercializados no ano anterior. Outras que também concorrem no mercado são as suecas Volvo Latin America e Scania Latin America, mas no segmento de ônibus pesados é a alemã Man Latin America a principal concorrente da Mercedes. A.P.M. É o volume vendido de ônibus no mercado brasileiro de janeiro a setembro deste ano, segundo a Anfavea. PRODUÇÃO 35,83 mil É a produção de ônibus no Brasil de janeiro a setembro deste ano. O volume é 38,1% superior em relação ao período anterior. Presidente da Iveco Latin America, Marco Mazzu: “Vamos entrar no segmento que mais cresce no Brasil, o de ônibus médio e pesado” Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 23 Kevin Lee/Bloomberg BMW lucra € 874 milhões no terceiro trimestre Um ano antes, a montadora havia registrado lucro de € 78 milhões. Com o resultado, a empresa elevou sua previsão para o ano. As receitas da empresa avançaram 35,6%, para € 15,940 bilhões. O Ebit (lucro antes de juros e impostos) avançou para € 1,192 bilhão, diante dos € 55 milhões no mesmo período do ano passado. No trimestre, as vendas de automóveis totalizaram 366,19 mil unidades, alta de 13%. No acumulado do ano até setembro, as vendas cresceram 13,1%, para 1,062 milhão de veículos. Henrique Manreza Companhia muda estrutura de vendas Foram criados três escritórios regionais em São Paulo, Brasília e Curitiba A Iveco vai modificar sua estrutura de vendas no país. A companhia, que mantinha o controle dos pontos de venda no escritório central, em Belo Horizonte, vai descentralizar a operação e criar escritórios regionais em Brasília, Sao Paulo e em Curitiba. O vice-presidente comercial da montadora, Antonio Dadalti, disse que a descentralização é necessária para aumentar a presença da Iveco no país e assim, elevar as vendas da marca. Segundo ele, no novo mapa de operações da montadora a regional de São Paulo ficará responsável pelas revendas instaladas nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já Curitiba terá sob seu chapéu as concessionárias do Sul do país, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e Brasília ficará responsável pelos outros estados. “Essa mudança foi necessária para que a área comercial se aproxime mais do mercado em que ela está trabalhando. Precisamos conhecer os meandros de cada mercado. Cada região tem a sua característica”, disse Dadalti. Hoje, a Iveco tem no país 92 revendas e a expectativa é abrir mais oito até o final do primeiro trimestre do próximo ano. Segundo ele, o pontapé inicial para a nova estratégia foi o lançamento do caminhão médio Vertis, de 9 a 13 toneladas, um veículo geralmente usado em entregas urbanas. “Com essa estratégia vamos conseguir ficar mais perto do varejo, que é o grande comprador desse caminhão”, afirmou o executivo. O Iveco Vertis foi desenvolvido internamente pela engenharia brasileira e recebeu investimentos de R$ 55 milhões. O modelo vai concorrer num segmento que representa cerca de 20% do mercado total, com 30 mil unidades vendidas este ano. “Desse segmento, esperamos deter entre 8% e 10% das vendas, já no primeiro ano. É o último modelo que precisamos para completar a nossa linha de caminhões no Brasil.” Com o Vertis, a Iveco conseguiu integrar a base da engenharia da empresa brasileira à rede mundial da companhia. “Objetivo cumprido: o projeto é local e a plataforma tecnológica é mundial, diz Renato Mastrobuono, diretor de Desenvolvimento de Produto da Iveco Latin America. ■ A.P.M. Expectativa é chegar a 110 revendas Iveco no Brasil ao final de 2011. Até o primeiro trimestre do próximo ano, a montadora vai abrir oito lojas, chegando a 100 pontos de venda 24 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Hannelore Foerster/Bloomberg JUSTIÇA Novo presidente da HP irá depor em julgamento da Oracle-SAP O novo presidente da HP, Leo Apotheker, irá depor no maior julgamento dos últimos anos no Vale do Silício, respondendo a acusações de roubo de software da Oracle pela SAP, empresa já comandada por ele. Larry Ellison, atual presidente da Oracle, também será testemunha no processo. A SAP admitiu o download indevido de software da Oracle, mas as empresas discordam quanto ao montante que deve ser pago como indenização. Brookfield investe R$ 35 mi em software para expandir Crescimento do mercado de construção leva companhia a automatizar processos Carlos Eduardo Valim [email protected] A construtora Brookfield Incorporações colocou em operação um sistema de gestão integrada há quatro meses, um esforço que consumiu investimentos de R$ 35 milhões e uma equipe dedicada por cerca de nove meses apenas para que o software fosse instalado. O projeto representa o momento do segmento de construção, que vem ampliando fortemente seus investimentos em tecnologia. Diversos fatores contribuíram para as empresas da área buscarem formas de automatizar processos e organizar informações para aprimorar a gestão e se expandir de forma estruturada. Entre eles, estão o rápido crescimento do mercado, a abertura de capital de empresas e uma onda de fusões e investimentos recebidos de fundos de private equity. No caso da abertura de capital, existe a obrigação adicional de divulgação de resultados transparentes e precisos. E as mudanças prometem continuar com o horizonte de projetos para atender a programas de incentivo à casa própria, como o Minha Casa, Minha Vida, e às demandas de infraestrutura energética e de transportes, com vistas à Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Com tantas mudanças em tão pouco tempo, muitos softwares utilizados nas empresas passaram a não dar conta do crescente volume de informações. No passado, o chefe de cada obra tinha autonomia para cuidar de detalhes como a gestão de compras de insumos. Com a expansão dos negócios, esta prática tornou-se inviável, pois não há aproveitamento de uma estratégia comum. “Hoje há construtoras com quase 100 obras sendo realizadas simultaneamente, e muitas estão dobrando de tamanho a cada ano. Neste ritmo, existe um momento em que os processos se desorganizam, então, não há margem de lucro que resista”, diz o associado da divisão de consultoria da IBM Renato Viana. A gigante de tecnologia foi a responsável pela instalação do “ Hoje há construtoras com quase 100 obras simultâneas e muitas estão dobrando de tamanho a cada ano Renato Viana, divisão de consultoria da IBM software de gestão fornecido pela alemã SAP na Brookfield. “Os investimentos de R$ 35 milhões devem ser amortizados em cinco anos”, diz o diretor da unidade Sul e interior de São Paulo da construtora, Luiz Angelo Zanforlin. O executivo era um dos sócios da Company, que atuava em São Paulo e foi comprada em 2008 pelo braço imobiliário da Brascan, formando a Brookfield. Antes, ela ainda havia integrado a MB Engenharia, focada no Centro-Oeste. Segundo ele, a empresa resultante não poderia continuar operando sem um novo sistema mais complexo, após a fusão, com a quantidade de clientes, insumos e abrangência geográfica a que chegou. “O nosso sistema antigo suportava só R$ 300 milhões ao ano. Hoje há empreendimento que sozinho tem este valor”, afirma Zanforlin. “A Company faturou R$ 250 milhões em 2004. Chegamos a R$ 500 milhões em 2006. Com a fusão, passamos para R$ 1,5 bilhão.” Neste ano, a empresa registrou receita líquida de R$ 1,7 bilhão apenas no primeiro semestre. Sofisticação Depois de todo o esforço de revisão e definição dos processos, o sistema foi desenhado para automatizar as práticas de cada empresa integrada. Executivos com poder de decisão das três organizações participaram do processo. Para Zanforlin, a empresa tem agora as bases prontas para crescer. “Foi o mais sofisticado projeto de implementação de sistema de gestão do setor, aproveitando bem as experiências anteriores”, diz Viana, da IBM. A Brookfield decidiu adotar o sistema de gestão ao mesmo tempo que implementava também um módulo de software de análise de dados, conhecido como business intelligence, para que as informações registradas pudessem ser organizadas e auxiliar a tomada de decisão pelos executivos. “Não era tradição do setor investir em tecnologia e isso está mudando nos últimos anos.” A IBM participou de sete projetos do segmento imobiliário, começando com a Cyrela, realizado em 1997 (ver reportagem ao lado). ■ EVOLUÇÃO IMOBILIÁRIA Pioneirismo A primeira empresa a adotar um grande sistema de gestão foi a Rossi, há uma década, um exemplo que demorou a ser seguido pelas demais. 1ª onda A Even implementou alguns módulos de software de gestão, depois da metade da década, mas projetos mais amplos começaram com Cyrela e Gafisa, em 1997. Maturação Após a abertura de capital em 1996, algumas empresas adotaram sistemas de gestão, como a MRV Engenharia, PDG Realty e Rodobens Negócios Imobiliários. Sofisticação A Brookfield Incorporações começou seu projeto no último ano, para que pudesse incorporar as companhias que adquiriu. Mas, com isso, contou com a experiência das empresas de tecnologia nas implementações anteriores. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 25 Robert Galbraith/Reuters AQUISIÇÃO HARDWARE Dell compra empresa de computação em nuvem Boomi Pesquisa mostra que Apple detém 95% do mercado de tablets Para ampliar sua capacidade de fornecer software pela internet, a Dell anunciou a compra da empresa de serviços de computação em nuvem Boomi. A segunda maior fabricante de PCs do mundo não revelou os termos do acordo. A Boomi levantou US$ 4 milhões em 2008 por meio de financiamento institucional liderada pelo fundo de investimentos FirstMark Capital. A companhia foi fundada em 2000. A Apple encerrou o terceiro trimestre controlando 95% do mercado mundial de computadores tablet, diz pesquisa da Strategy Analytics. A fabricante começou a vender o tablet iPad em abril deste ano. O mercado total cresceu de 3,5 milhões de aparelhos no segundo trimestre para 4,4 milhões nos três meses encerrados em setembro, segundo a pesquisa, que também espera crescimento da plataforma Android nesse segmento. Divulgação Luiz Zanforlin, diretor da Brookfield, espera retorno sobre o investimento em sistemas no prazo de cinco anos Fornecedores animam-se com demanda Companhias de softwares começam a focar neste mercado, de olho na sua expansão O segmento de construção movimentou mundialmente, no último ano, cerca de US$ 14 bilhões com investimentos em tecnologia, incluindo hardware, software e serviços. Segundo o analista Reinaldo Roveri da empresa de pesquisas IDC, esse valor representa aproximadamente 1% dos gastos totais no mundo com tecnologia da informação. “No Brasil não temos esta medição. Ela é contabilizada em conjunto com o segmento de manufatura. Uma percepção qualitativa, porém, é que o setor de construção no Brasil tende a ser mais movimentado que a média mundial em se tratando de TI”, afirma. “Isso se deve tanto à necessidade do setor de se desenvolver, assim como o bom momento atual no Brasil, com a alta dos imóveis e as perspectivas de investimentos em função da Copa e Olimpíada.” Crescimento de operações e investimentos externos a um setor são sinônimos de oportunidades de vendas para as empresas de tecnologia. E elas começam a se mover para criar ofertas específicas. A Disoft, que fornece software de crédito e entrou na oferta de terceirização de gestão de infraestrutura tecnológica, está estudando explorar esse mercado, diz o principal executivo, Armando Buchina. “Não existe uma solução completa para a cadeia, que vai desde a empresa securitária, passando pela imobiliária”. Quem está atuando no segmento tem conseguido bons resultados. A Astrein, que possui software para a gestão e manutenção de grandes obras, cadastrando insumos e fornecedores, está crescendo 37% ao ano, “ Nos últimos cinco anos, a construção foi um dos pilares do nosso crescimento, com média de expansão superior a 20% ao ano Gilsinei Hansen, diretor de software da Totvs desde 2006. Nos últimos meses, fechou contratos com Odebrecht, Alusa, Galvão Engenharia, Multitek e OAS. Segundo o diretor comercial da Astrein, Alexandre Siqueira, aparece um “projeto atrás do outro”. “Agora as empresas estão fazendo de 70 a 100 obras simultâneas, e comprando material por valores entre R$ 1 bilhão e R$ 4 bilhões por construção”, diz. “Elas precisam ter controle, porque 40% do faturamento por obra é gasto em compras.” A maior empresa nacional de software, a Totvs, atua junto ao segmento há 20 anos e possui 2,1 mil clientes na área. “Nos últimos cinco anos, a construção foi um dos pilares do nosso crescimento, com média de expansão superior a 20% ao ano”, afirma o diretor de software, Gilsinei Hansen. “Agregamos uma média de 15 novos clientes deste mercado a cada mês.” Isso se explica pelo setor ser mais retardatário que o de manufatura, por exemplo. “Uma indústria de R$ 3 milhões de faturamento já pode ter problemas sérios se não tiver a cultura do sistema de gestão. Mas é normal uma construtora muito maior sem ter essa categoria de software.” Mas isso deve durar pouco tempo. ■ C.E.V. Brasilprev Seguros e Previdência S.A. CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE 3530013990-9 Extrato da Ata da 204ª RECA I. Dia, Hora e Local: 24/5/10, 12h, sede da Brasilprev. II. Membros: Pres. do Conselho: Sr. Paulo Rogério Caffarelli, Conselheiros: Srs. Larry Donald Zimpleman, Norman Raul Sorensen Valdez, Luís Eduardo Valdés Illanes, Roberto Andrés Walker Hitschfeld, Marco Antonio da Silva Barros, Nelson Machado e Amauri Sebastião Niehues. III. Convidados: Sr. Tarcísio José Massote de Godoy, Diretor-Presidente, Diretores: Srs. José Eduardo Vaz Guimarães, Miguel Cícero Terra Lima, Elenelson Honorato Marques e Alejandro Elizondo Rodriguez. IV. Secretário: Sr. Rodrigo Pecchiae. V. Pauta: 1) Substituição de Membro Suplente: renúncia do Sr. Francisco Mozó José Dias, e como substituto, por unanimidade, Sr. Jorge José Redón Pantoja, com posse de 1 ação, correspondente a 0,0001%, do cap. social da Cia., até a AGO/11. VI. Encerramento: Nada mais a tratar, foi lavrada a ata, aprovada e assinada pelos presentes. JUCESP nº 380.137/10-0 em 22/10/10. Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária-Geral. 26 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Divulgação ARQUITETURA ÓLEO E GÁS São Carlos investe R$ 64 milhões em compra e retrofit de imóvel em São Paulo GE fecha dois contratos de venda de equipamentos no Brasil por US$ 120 milhões A companhia de investimentos e administração de imóveis comerciais adquiriu o Edifício Barros Loureiro, localizado na Avenida 9 de Julho, região nobre de São Paulo por R$ 39 milhões. O edifício, que estava desativado havia três anos, demandará um investimentos de R$ 25 milhões em modernização. Com o negócio, chega a R$ 446 milhões o investimento da companhia em aquisições no ano de 2010. Os equipamentos de perfuração e controle de poços de petróleo e gás serão fabricados nas unidades da companhia em Houston (EUA) e em Cingapura. O primeiro contrato foi fechado com a divisão de óleo e gás da Odebrecht, que comprou dois sistemas completos de perfuração. O segundo, com a Daewoo Shipbuilding & Marine Engeneering, que implantará equipamentos em embarcação da Petroserv. Placo pretende vender paredes de gesso a hotéis Sandro Maligieri, presidente da Placo, que vai à sede da Saint-Gobain para definir produtos do portfólio da companhia que podem se adequar ao mercado brasileiro Fabricante de drywall investe em produtos do portfólio da Saint-Gobain que não são apenas de habitação Natália Flach [email protected] A Placo, empresa do grupo Saint-Gobain que há 15 anos produz no Brasil paredes de gesso chamadas de drywall, vai investir R$ 35 milhões para aumentar em mais de 50% a capacidade produtiva da sua fábrica, em Mogi das Cruzes (SP). De acordo com Sandro Maligieri, presidente da companhia, novos equipamentos capazes de processar maior quantidade de matéria-prima estão sendo comprados. “Mas não vamos descartar os antigos. Vamos guardá-los, porque serão reutilizados daqui a um tempo”, afirma. As máquinas que estão operando hoje passarão a produzir itens que ainda não fazem parte do portfólio da fabricante no Brasil. “Viajo no fim do mês para a sede da Saint-Gobain, na França. Vou dar preferência a produtos e tecnologias que não são voltados para a construção de moradias ou de escritórios e que podem se enquadrar no perfil do mercado brasileiro.” A ideia é diversificar a atuação e aproveitar o momento propício para a construção civil, por conta da Copa do Mundo e da Olimpíada. “Pensamos em um sistema que necessite ser mais resistente, com reforço no que se refere ao isolamento acústico e resistência ao fogo, para locais que exigem estas características”, diz. Uma das possibilidades são placas de drywall para hoteis. Atualmente, a capacidade produtiva da unidade no interior paulista é de 14,5 milhões de metros quadrados por ano de O investimento de R$ 35 milhões vai permitir o aumento de quase 50% da capacidade produtiva da fabricante, que hoje é de 14 milhões de metros quadrados por ano e vai passar a ser, no fim do ano que vem, de 22 milhões de metros quadrados chapas de gesso, e, no fim de 2011, chegará a 22 milhões de metros quadrados por ano. Segundo o executivo, os recursos para essa ampliação são provenientes do caixa da subsidiária brasileira e de uma área da Saint-Gobain responsável pelas operações da Argentina, Brasil e Chile. “Não temos obrigação de fazer empréstimo com a SaintGobain. Mas preferimos deixar tudo dentro de casa.” Os principais investimentos serão feitos nas áreas de calcinação — processo de aquecer uma substância a altas temperaturas — e secagem do gesso para a preparação do drywall. Atualmente, a empresa compra 100 mil toneladas de matériaprima e com a expansão, as aquisições de blocos de gesso, vindas do Nordeste, devem aumentar de 30% a 35%, segundo Maligieri. “O aumento dos nossos estoques não seguirá o aumento de mais de 50% da capacidade produtiva, mas ficará bem próximo.” Receita A Placo deve faturar este ano R$ 100 milhões, e a expectativa para 2011 é que a fabricante tenha um aumento de 10% a 15% sobre essa receita. “Queremos acompanhar o crescimento orgânico do mercado de drywall, que deve crescer, no ano que vem, de 10% a 15%”, afirma Maligieri. Nos últimos dois anos, a companhia comercializou 20 milhões de metros quadrados de chapas de drywall, com distribuição concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país. Além da expansão da capacidade produtiva da fábrica, a Placo vai investir na melhoria das instalações do local. De acordo com Maligieri, serão construídos armazéns e restaurante e o edifício administrativo passará por uma ampliação. “Vamos aumentar também de 50 a 60 metros quadrados a nossa fábrica para receber o maquinário que é de grande porte.” Serão criados 700 empregos indiretos. ■ Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 27 Evandro Monteiro ENERGIA 1 ENERGIA 2 Dinamarquesa Vestas fecha a venda de 38 turbinas para parques eólicos no Nordeste Aneel leiloa 685 quilômetros de linhas de transmissão e dez subestações em dezembro Um dos projetos fica na Bahia e o outro no Rio Grande do Norte, mas a fabricante dos equipamentos não informou o nome dos clientes. O lote está dividido em máquinas de dois modelos, 16 delas com capacidade de gerar 3 MW cada e as demais 1,8 MW cada. Juntas, elas irão produzir 86 MW. Os dois contratos incluem transporte, instalação e cinco anos de manutenção. As entregas deverão começar em setembro de 2011. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou ontem que irá licitar em 9 de dezembro os nove lotes de transmissão de energia, com investimentos previstos da ordem de R$ 890,9 milhões. Segundo a agência reguladora, a soma das Receitas Anuais Permitidas (RAP) máximas dos nove lotes é de R$ 108,6 milhões. Vence o leilão a empresa ou o consórcio que oferecer a menor RAP em cada lote licitado. Marcela Beltrão Prosperitas adquire 70% do Parque X Gestora de fundos imobiliários usa recursos do terceiro fundo recém-captado de R$ 1 bilhão RECEITA VENDAS R$ 100 mi é a expectativa de Fabricante abrirá 5 unidades de venda em 2011 faturamento para 2010. Para o ano que vem, a Placo espera uma receita de 10% a 15% maior, seguindo o crescimento do mercado de drywall. INVESTIMENTO R$ 35 mi é quanto a Placo vai investir para aumentar em mais de 50% a sua capacidade produtiva no país. Os recursos vêm do caixa da subsidiária e da sede francesa. A Placo possui uma estrutura própria de vendas de chapas de drywall e de itens relacionados ao produto, como perfis de metal, parafuso, cantoneira e ferramentas, chamada “Placocenters”. Até o fim deste ano, serão 24 unidades espalhadas pelo país. “Vamos abrir um em Campo Grande, neste mês, e outro em Porto Velho, em dezembro”, diz Sandro Maligieri, presidente da fabricante. O executivo afirma que, no ano que vem, devem ser abertas cinco unidades: duas no Nordeste, uma no interior de São Paulo, uma no Centro-Oeste e outra no Sul. “Os centros são feitos a partir de uma parceria da Placo com investidores”, afirma. Hoje, 70% da receita da fabricante é proveniente da venda das placas de drywall e 30% da revenda de materiais e ferramentas. Nessas unidades, os consumidores podem contratar mão de obra e fazer orçamentos. N.F. A gestora de fundos imobiliários Prosperitas adquiriu 70% do condomínio logístico Parque X, na Via Anhanguera, que pertencia às empresas de empreendimentos imobiliários Halna, JBens e EWP. Luciano Lewandowski, sócio-diretor da Prosperitas, não revela o montante investido no agora chamado Centro Brasil Logística (CLB) Ribeirão Preto. Mas adianta que foram usados recursos do fundo recém-captado pela companhia, que possui R$ 1 bilhão a ser aplicado no mercado imobiliário brasileiro. Em uma área de quase 200 mil metros quadrados, o investimento na operação do então Parque X foi de R$ 85 milhões, e o aluguel dos módulos estava previsto para ser de R$ 16 por metro quadrado. “No total, serão cinco blocos que vão variar de 10 mil a 17 mil metros quadrados”, disse Arnaldo Halpern, diretor da Halna, em junho deste ano. Outros três empreendimentos, que estão em desenvolvimento pela Prosperitas, seguem o mesmo conceito: o CLB Guarulhos, CLB Campinas e o CLB Confins (MG). A Prosperitas estima que, até o fim de 2011, os condomínios estarão presentes em mais de 15 cidades brasileiras. “A ideia é que 50% deles sejam especulativos e os outros 50%, construídos sob medida”, declara Lewandowski. Hoje, o portfólio da gestora está dividido igualmente em condomínios logísticos, loteamentos, shoppings e edifícios Condomínio Logístico na Via Anhanguera pertencia a três companhias imobiliárias: Halna, JBens e EWP comerciais. “A metade do fundo 3 já está comprometida. Queremos que 25% dele seja para investimentos em CLBs”, diz. A rentabilidade dos fundos 1 e 2, segundo o executivo, é de 20% e a expectativa é manter essa margem. “Captamos um novo fundo assim que comprometemos 75% dos recursos do fundo anterior. Por isso, acredito que, em meados do ano que vem, já vamos captar outro.” Sobre a possível compra da empresa de loteamentos Cipasa pela gestora, Lewandowski desconversa. “Temos total liberdade no terceiro fundo, inclusive, para comprar empresas. Mas não é o caso no momento”, afirma. “O que temos certo é que vamos investir em três shoppings, em loteamento em São Paulo e em parques logísticos em Curitiba, Minas Gerais, Ribeirão Preto e Recife.” ■ N.F. Brasilprev Seguros e Previdência S.A. CNPJ nº 27.665.207/0001-31 - NIRE 3530013990-9 Extrato da Ata da 211ª RECA I. Data/Hora/Local: 13/9/10, 15h, sede da Brasilprev/SP. II. Membros: Presidente do Conselho, Sr. Paulo Rogério Caffarelli, e Conselheiros: Srs. Larry Donald Zimpleman,Norman Raul Sorensen Valdez, Luís Eduardo Valdés Illanes, Roberto Andrés Walker Hitschfeld, Marco Antonio da Silva Barros, Amauri Sebastião Niehues e Francisco de Assis Leme Franco. III. Convidados: Srs. Miguel Cícero Terra Lima, Elenelson Honorato Marques, Alejandro Elizondo Rodriguez e Carlos Manuel de Oliveira Madureira. IV. Secretário: Sr. Rodrigo Pecchiae. V. Pauta: 1. Substituição do Diretor-Presidente: proposta e aceita, por unanimidade, a substituição do Sr. Tarcísio José Massote de Godoy, pelo Sr. Sérgio Ricardo Silva Rosa, que terá mandato até a AGO/2011 para Diretor de Relações com a SUSEP. O Sr. Presidente do Conselho e os demais Conselheiros agradeceram o Sr. Tarcísio Godoy pelos relevantes serviços prestados à Cia. 2. Remuneração de saída do Sr. Tarcísio José Massote de Godoy: O Conselho de Administração, por unanimidade, definiu (i) pro labore variável no total de R$ 273.087,50 (férias, saldo de vencimentos, 13º, liberação dos depósitos do FGTS etc.). (ii) que o ex-administrador deverá celebrar “Termo de Transação” com a Brasilprev, com o objetivo de extinguir deveres e responsabilidades decorrentes da relação jurídica extinta, implicando na quitação ampla, geral e irrevogável de todo e qualquer crédito que possa ser entendido como devido, em função do cargo exercido, para nada mais requerer a que título for e a qualquer tempo, judicial ou extrajudicialmente. 3. Responsabilidade dos administradores segundo regulamentação SUSEP e CNSP: As responsabilidades perante cada Diretoria ficou estabelecida, por unanimidade, da seguinte forma: Sr. Sérgio Ricardo Silva Rosa, Diretor-Presidente, como: (i) Diretor de Relações com a SUSEP. Sr. Miguel Cícero Terra Lima, Diretor Comercial e de Marketing, como: (i) Diretor Responsável pelos Controles Internos; (ii) Diretor Responsável pelos Controles Internos Específicos para Prevenção de Fraude. Sr. Alejandro Elizondo Rodríguez, Diretor de Planejamento e Controle, como: (i) Diretor Responsável pelo Acompanhamento, Supervisão e Cumprimento das Normas e Procedimentos de Contabilidade; (ii) Diretor Responsável Técnico. Sr. Elenelson Honorato Marques, Diretor Financeiro, como: (i) Diretor Responsável Administrativo e Financeiro e, Sr. Carlos Manuel de Oliveira Madureira, Diretor de Tecnologia, como: (i) Diretor Responsável pelo Cumprimento da Lei 9.613/98; (ii) Diretor Responsável pelo prazo da portabilidade. As nomeações dar-se-ão sob a condição de os eleitos completarem o prazo de gestão dos substituídos, com mandato até a AG/2011. V. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente ata, aprovada, assinada por mim, Rodrigo Pecchiae, Secretário e por todos os Conselheiros presentes. JUCESP nº 380.138/10-4 em 22/10/10. Kátia Regina Bueno de Godoy - Secretária-Geral. 28 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Divulgação ESTIMATIVA FALÊNCIA Faturamento de comércio eletrônico brasileiro chega a R$ 15 bilhões Endividamento faz estúdio americano MGM pedir concordata A camara-e.net – Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, espera um forte crescimento do comércio eletrônico neste Natal, devendo registrar um crescimento da ordem de 40% . “O faturamento das vendas on-line do segmento do e-varejo deve superar R$ 15 bilhões em 2010 e a previsão de crescimento para o último trimestre é de R$ 3,3 bilhões”, prevê Manuel Matos, presidente da camara-e.net. A Metro-Goldwyn-Mayer Studios, um dos estúdios mais famosos de Hollywood, pediu concordata ontem, após tentar durante anos reduzir seu endividamento. O investidor bilionário Carl Icahn disse que chegou a um acordo com a MGM e seus credores antes do pedido de proteção contra falência para ajudar o estúdio. Icahn também terá o direito de apontar um diretor para o conselho da MGM quando a empresa sair da concordata. Plano de saúde de luxo, vendido no Brasil, ganha prestígio na Omint Modelo nacional deve ser exportado para América Latina. Na Argentina, empresa é focada em serviço popular Henrique Manreza RECEITA R$ 260 mi foi o faturamento no primeiro semestre, alta de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. Valor é equivalente ao da matriz, que foi de US$ 171 milhões no primeiro semestre. PREVISÃO R$ 550 mi é a estimativa de receita da companhia para este ano, um aumento de 14% em relação a 2009. A meta é ter 100 mil clientes cadastrados até o fim de dezembro. TAMANHO 92 mil clientes faziam parte do plano da empresa no primeiro semestre deste ano, o que representa um crescimento de 6% ante os seis primeiros meses do ano passado. Juan Carlo La Roudet, controlador da Omint, acompanha os negócios no Brasil com pelo menos duas visitas ao mês Regiane de Oliveira [email protected] O empresário argentino Juan Carlo Villa La Roudet, fundador do plano de saúde Omint, desde que decidiu investir no Brasil, há 30 anos, divide seu tempo entre o Brasil e Argentina. “Eu moro na Tam, quer dizer, agora na Latam”, brinca ele, sobre a ponte aérea Buenos Aires-São Paulo. Pelo menos duas vezes por mês, Roudet vem ao país para acompanhar o andamento dos negócios da operadora voltada para o atendimento de alto padrão, com mensalidades a partir de R$ 502 para clientes de 33 anos de planos corporativos. O mesmo serviço para clientes individuais sai por R$ 999. E ele não tem se decepcionado nas últimas vindas ao país. Os negócios acompanham o bom momento da economia. A empresa teve um crescimento de Para empresário, apenas em São Paulo há 500 mil potenciais clientes das classes A e B, o que prova vigor do mercado nacional 11% nas vendas no Brasil no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, com um faturamento de R$ 260 milhões, quase o mesmo da matriz, a Argentina, que chegou US$ 171 milhões (cerca de R$ 290 milhões) no período. “As duas operações têm hoje praticamente o mesmo tamanho”, diz Roudet. A diferença: o negócio argentino é mais diversificado, tem planos de todas as modalidades e uma extensa rede própria de atendimento, especialmente hospitais. O número de clientes no Brasil também cresceu no primeiro semestre, para 92 mil associados, 6% a mais que o registrado nos seis primeiros meses de 2009. Paralelamente, o custo com a operação médica (sinistralidade) caiu 2% no período, para 73,3%. A Omint espera fechar o ano com receita de R$ 550 milhões, alta de 15% perante o ano passado, e 100 mil vidas. “A companhia dobrou de tamanho nos últimos cinco anos, afirma André Coutinho, diretor geral da empresa no Brasil. E um dos fatores que ajudou a impulsionar os negócios foi a ampliação dos clientes corporativos, que hoje respondem por 84% do total de associados. Em 2000, eram apenas 66%. Este cenário é fruto, principalmente, das mudanças na legislação brasileira, com a criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Nenhum país encontrou uma fórmula mágica para resolver os problemas da área de saúde”, afirma Roudet. “No Brasil, a regulamentação foi feita depois de muito estudo, com foco na padronização dos serviços.” De acordo com o empresário, o problema da legislação brasileira é que ela cria uma “commoditiza- ção” da oferta, não permitindo às empresas diversificar a cobertura. Segundo ele, isto limita a entrada de novos clientes, mas não prejudica os negócios da Omint. “As regras da ANS estão sempre atrás da nossa oferta”, diz. Por isso, diz Roudet, os clientes têm uma média de permanência de nove anos na carteira da empresa. A empresa não tem planos de trazer produtos mais populares para o Brasil, como oferece na Argentina, mas estuda levar o modelo de negócio nacional a outros países da América Latina. “Ainda temos um espaço muito grande para ocupar no Brasil. Crescer a todo custo, sacrificando a qualidade não está em nossos planos”, afirma Roudet. Como exemplo, o empresário conta que só em São Paulo há 500 mil potenciais clientes das classes A e B, que podem integrar a carteira da empresa. ■ Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 29 30 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Divulgação TELECOMUNICAÇÕES PESQUISA Usuários de smartphones são responsáveis por dois terços do tráfego mundial de dados 15% dos brasileiros já terminaram um relacionamento por mensagem de celular Os usuários de celulares inteligentes geram dois terços do tráfego de dados por telefonia móvel em todo o mundo, apesar de apenas 13% dos assinantes terem aparelhos desse tipo, segundo pesquisa da consultoria Informa Telecoms & Media. E a expectativa é que o tráfego gerado por cada assinante com smartphone cresça 700% nos próximos cinco anos, à medida que passem mais tempo na internet. Uma pesquisa realizada pela Nokia em parceria com a TNS Research indica que 15% dos brasileiros já terminaram um relacionamento por meio de mensagem de celular. Além disso, essa ferramenta é usada por 27% dos participantes do estudo para dar início a uma paquera e 47% deles sentem-se mais livres para paquerar quando estão usando alguma ferramenta tecnológica. Cartão de crédito está entre prioridades da Vivo para 2011 Oferecido em parceria com a Itaucard, cartão aumentou em 30% as recargas de R$ 12 para pré-pagos Marcela Beltrão Fabiana Monte Maurício Romão, diretor de produtos financeiros da Vivo: meta é ter pelo menos 1 milhão de clientes até dezembro do ano que vem [email protected] A Vivo projeta encerrar o ano com 500 mil clientes do cartão de crédito oferecido em parceria com a Itaucard. O produto foi lançado em julho do ano passado, com a expectativa de atingir 350 mil usuários no primeiro ano. O total de assinantes está em torno de 400 mil, diz Maurício Romão, diretor de produtos e serviços financeiros da operadora. O número ainda é pequeno se comparado aos 57,7 milhões de clientes da Vivo, mas é significativo em se tratando de um cartão de crédito com duas marcas, afirma Álvaro Musa, presidente da consultoria financeira Partner Consult. “Não é fácil colocar 500 mil cartões, quaisquer que sejam, na mão das pessoas para que elas usem”, afirma. A meta para o ano que vem é conquistar pelo menos 500 mil novos usuários e aumentar a rentabilidade que o novo negócio trouxe para a operadora. “Dividimos receitas e custos com o Itaú. Todos os controles são do banco, mas participamos de todas as decisões”, diz Romão. Pelos cálculos do executivo, houve um crescimento médio mensal de 30% no volume de recargas de R$ 12 — valor mínimo para bonificação quando a recarga é paga com o cartão. A aposta é que o dinheiro de plástico possa levar a uma sofisticação do uso dos serviços de telecomunicações, graças a um programa de fidelidade que acumula pontos para serem trocados por celulares. “Ao trocar de aparelho, o cliente vai adquirir um modelo mais sofisticado, gerando impacto na receita com o aumento do consumo de dados”, diz Romão. Além disso, o cartão é visto como uma ferramenta que pode reduzir os níveis de inadimplência entre clientes pós-pagos, pois é possível pagar a conta na fatura do cartão de crédito. “E o principal impacto é a fidelização. Quanto mais produtos o cliente tiver à sua disposição, mais tempo continuará com o nosso serviço.” LUCRO ATÍPICO Venda da Vivo faz Portugal Telecom lucrar € 5,35 bilhões A Portugal Telecom registrou lucro líquido de € 5,35 bilhões, equivalente a R$ 12,6 bilhões, no terceiro trimestre, ante ganho de € 116,1 milhões no mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado pela venda da Vivo, por € 7,5 bilhões, para a Telefônica. O negócio foi fechado em julho. A companhia informou que, apesar do salto no lucro, as receitas operacionais subiram apenas 0,3%, para € 952,2 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 3,8%, para € 381,9 milhões. A empresa ainda informou aos órgão reguladores portugueses que pagará um dividendo extraordinário de € 1,65 por ação, em decorrência da venda da operadora brasileira. Além do dividendo extraordinário — que somará mais de € 1,5 bilhão —, a empresa vai aumentar o dividendo ordinário, dos atuais € 0,57 para € 0,65. Redação com agências internacionais Bancarização Cerca de 90% dos usuários do cartão são clientes pré-pagos da Vivo. A maioria ainda prefere cartões nacionais, que são 67% do total; seguidos pelos internacionais com 28% e pelos gold e platinum, que totalizam 5%. O dinheiro de plástico é oferecido por meio do call center da Vivo, por mala direta e em algumas lojas, que devem fortalecer a oferta do produto no ano que vem. A Vivo não informa o tamanho da base de assinantes com crédito pré-aprovado para obter o cartão. Mas conta que a seleção foi feita por meio de um processo de análise que consi- TENDÊNCIA ✽ Outras empresas têm iniciativas semelhantes A Tim também tem uma parceria com a Itaucard para cartões de crédito, que devem ser lançados nos próximos meses. Já a Oi terá um cartão com o Banco do Brasil e também com uma versão virtual, graças a acordo com a Cielo. A meta é ter 1 milhão de usuários por ano a partir de 2012. dera critérios do Itaú e da operadora. “Uma das dificuldades da concessão de crédito é desconhecer o cliente. Mas se ele é cliente da Vivo e tem determinada média mensal de gastos, fazemos um modelo que ajuda. Assim conseguimos dar um limite maior do que o banco daria sozinho”, diz Romão. Para o executivo, dessa forma o cartão ajuda na chamada bancarização, concedendo crédito a camadas da população que até recentemente estavam fora da mira das instituições financeiras. Este, inclusive, é um dos motivos pelos quais a região Nordeste é a segunda em número de portadores do cartão de crédito da operadora. A região soma 16% dos clientes, perdendo apenas para o Sudeste, com 40%. “O público do Nordeste compra mais o cartão porque falta crédito para ele”, diz Romão. Na avaliação de Álvaro Musa, a parceria entre bancos e operadoras para a oferta de cartões de duas bandeiras é o início de um relacionamento que vai evoluir para o telefone móvel substituir o tradicional dinheiro de plástico. “O caminho do pagamento eletrônico via celular é inevitável”, diz. Vivo e Itaucard já têm 600 mil pontos de venda aptos a receber pagamentos via celular. ■ Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 31 32 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Daniel Acker/Bloomberg TELECOMUNICAÇÕES SEGURANÇA Globenet aumenta capacidade para atender à demanda de consumidores Receita da Mcafee cresce 8% no trimestre e atinge US$ 523 milhões A Globenet, subsidiária da Oi e fornecedora internacional de capacidade submarina por atacado, vai aumentar a capacidade de sua rede em 200 Gbps, dos atuais 360 Gbps para 560 Gbps, para poder atender a demanda dos usuários do serviço de acesso à internet em alta velocidade e às aplicações focadas em mídia, redes sociais e outros aplicativos, o que tem exigido mais banda do que e-mail ou simples navegação pela web. A Mcafee, especializada em software de segurança, anunciou receita recorde no último trimestre, de US$ 523 milhões, aumento de 8% comparado com igual período do ano anterior. No período, a empresa anunciou acordo definitivo de aquisição pela Intel Corporation, indicando valor do negócio a US$ 48 por ação, à vista. O negócio foi avaliado em US$ 7,7 bilhões. Fotos: divulgação Mentez planeja ter 7 milhões de usuários com novo software Meta de conquista de usuários deve acontecer em seis meses no Brasil, que responde por 80% da receita mundial João Paulo Freitas Divulgação [email protected] Está previsto para a próxima semana o lançamento da primeira versão do Tô Aki, aplicativo de localização social dedicado ao mercado brasileiro. O produto foi idealizado e desenvolvido pela Mentez, empresa americana de jogos para redes sociais, sendo o mais conhecido deles a Colheita Feliz, sucesso entre os usuários brasileiros do Orkut. A iniciativa marca a entrada definitiva da empresa no mundo das aplicações para celular no país, segmento que cresce em todo o mundo. Segundo pesquisa do Gartner divulgada em janeiro, o gasto mundial em lojas de aplicações móveis será de US$ 6,2 bilhões este ano. O estudo estima que até 2014 a receita deste segmento subirá para US$ 29,5 bilhões. A expectativa é que o Tô Aki conquiste 7 milhões de usuários em apenas seis meses. “Teremos uma base de informações e dados demográficos bem apurados e segmentados para auxiliar nossos estabelecimentos parceiros. A ideia é alcançar 85 mil anunciantes em 12 meses”, afirma o colombiano Juan Franco, presidente da Mentez. Antes do Tô Aki, a Mentez havia explorado esse mercado de modo pontual. “Já desenvolvemos, por exemplo, um aplicativo para BlackBerry que permite ao usuário acessar o Orkut. Mas o Tô Aki é nosso primeiro sistema de grande porte para o mercado brasileiro de celular”, diz Franco. O projeto Tô Aki tem como parceiros o GuiaMais, site brasileiro de busca por empresas, produtos e serviços, além da agência de publicidade GNova. Com o novo produto a Mentez visa explorar o crescente uso das redes sociais nos celulares. O aplicativo não será limitado aos telefones inteligentes. Quem Juan Franco Presidente da Mentez “Com o novo jogo, teremos uma base de informações e dados demográficos bem apurados e segmentados para oferecer aos clientes. A ideia é alcançar 85 mil anunciantes em 12 meses” tiver um celular comum poderá explorar o Tô Aki por meio de mensagens de textos. Para usar a novidade será necessário criar uma conta no site do Tô Aki, cadastrar seu número de celular e também algumas redes sociais — entre Orkut, Facebook e Twitter. Só então a pessoa poderá informar onde se encontra. O sistema do GuiaMais localizará o ponto e as redes cadastradas serão atualizadas com os dados do usuário. Será possível, entre outras coisas, ler os comentários de quem já foi ao local e convidar amigos para um encontro. A principal fonte de receita da Mentez é a venda de créditos para as cerca de 10 milhões de pessoas que se divertem com seus jogos semanalmente. Esse créditos possibilitam que os usuários comprem novos itens e funcionalidades para os jogos. Sociabilidade Segundo Franco, a empresa está mais que satisfeita com o mercado brasileiro. Prova disso é que nos próximos dois meses a Mentez contratará 50 profissionais para reforçar sua equipe local, hoje formada por 28 pessoas. “O Brasil é muito importante para nós. Cerca de 80% da receita da Mentez é obtida aqui”, afirma. “Este ano nosso faturamento no Brasil crescerá aproximadamente 500% em relação ao ano passado. E a perspectiva é que no próximo ano avancemos mais 300%. A ideia é que o negócio no Brasil alcance um faturamento de R$ 100 milhões em 2011.” O executivo atribui a estimativa ao bom momento da economia do país e ao estilo dos brasileiros. “Eles adoram redes sociais e gostam de se comunicar com os amigos. Os brasileiros são muito sociáveis por natureza. A combinação dessas variáveis criam uma oportunidade muito grande para a Mentez aqui”, afirma. ■ Sucesso no Brasil, o jogo Colheita Feliz, da Mentez, conta com 6 milhões de usuários e ainda é o principal produto da empresa ESTIMATIVA 500% É a expectativa de aumento do faturamento da empresa no Brasil este ano, com relação a 2009. Em 2011, deve aumentar 300%. LAZER 10 milhões É o número de pessoas que se divertem por semana com alguns dos jogos para redes sociais desenvolvidos pela Mentez. APLICATIVOS ✽ Sistemas feitos para os usuários finais Aplicativos são programas de computador que desempenham tarefas práticas, focadas no usuário. Ele é diferente de outros tipos de softwares, como os sistemas operacionais. Podem ser jogos e ferramentas de entretenimento. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 33 34 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 EMPRESAS Milton Michida/Governo do Estado de SP TRANSPORTE Linha 4 - Amarela do Metrô paulistano tem quase o triplo da demanda inicial esperada Luís Valença, diretor-presidente da ViaQuatro, concessionária do trecho, diz que as estimativas apontavam para um fluxo de até 5 mil pessoas, entre as estações Paulista e Faria Lima, das 9h as 15 h. Mas o movimento médio é de 12 mil pessoas por dia. O erro, diz, se deve ao fato de as estimativas terem sido baseadas em estudos que consideravam o fluxo com as seis estações da primeira etapa do projeto em operação. Jadson Marques/O Dia Fábrica da Ambev no Rio de Janeiro: companhia vendeu 2,03 bilhões de litros de cerveja no país no terceiro trimestre Ambev registra alta de 12,5% nas vendas e se prepara para o verão Regiões Norte e Nordeste foram destaque na comercialização de cerveja com crescimento de 25% sobre 2009 Fábio Suzuki [email protected] As novidades lançadas ao longo do ano somadas à alta na renda da população brasileira levaram a Ambev a comercializar 2,03 bilhões de litros de cerveja no país no terceiro trimestre, uma alta de 12,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado positivo é uma mostra do consumo elevado que está previsto para a bebida no verão que se aproxima, apontado como o melhor de todos os tempos para a indústria cervejeira. Líder no segmento com cerca de 70% do volume comercializado no Brasil, a Ambev vem se preparando para absorver a alta na demanda esperada para os próximos meses. Dos R$ 2 bilhões em investimentos divulgados para 2010 pela companhia para aumentar em 15% sua capacidade de produção, a empresa já aplicou R$ 1,5 bilhão e afirma que atingirá o montante previsto até dezembro. “Sem esse investimento teríamos problemas. Pode até ocorrer falta de produto por conta do volume consumido nos próximos meses, mas será um problema pontual que poderemos resolver rapidamente”, afirmou Nelson Jamel, diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev, ontem durante a divulgação dos resultados da companhia. A Ambev ressalta que o aumento da capacidade produtiva provoca também maiores esforços nas áreas de logística e distribuição, mas os valores não foram divulgados. EBITDA R$ 2,65 bi foi o lucro antes dos juros e impostos obtido pela Ambev no terceiro trimestre deste ano. EM TRÊS MESES R$ 6 bilhões foi a receita líquida que a companhia atingiu no terceiro trimestre de 2010 com crescimento orgânico de 12,6% em relação ao ano passado. butos sobre os produtos. “Se permanecerem as taxas atuais, teremos todas as condições de manter os investimentos em produção e inovação”, diz Jamel. A empresa diz que as perspectivas com o governo de Dilma Rousseff são positivas pela “continuidade na política macroeconômica do país”. No início do próximo ano, a companhia lançará no mercado brasileiro a cerveja americana Budweiser, que necessita de equipamentos específicos para sua produção. Entretanto, as ações para a fabricação da bebida já estão incluídas nos incrementos industriais realizados neste ano. No próximo ano Latas Já para 2011, a Ambev ainda não definiu o montante que será aplicado em suas unidades mas afirma que o valor será definido de acordo com as medidas adotadas pelo governo para os tri- Um problema enfrentado neste ano pela indústria de cervejas por conta do aumento do consumo da bebida no país foi a falta de latas de alumínio no mercado, que obrigou a Ambev a importar em- balagens a partir de março deste ano. Segundo a companhia, os problemas devem ser solucionados a partir dos primeiros meses do próximo ano e até lá serão utilizadas latas trazidas de fora do país. “Devemos eliminar as importações apenas no primeiro trimestre de 2011”, afirma o diretor da Ambev, ao citar os investimentos realizados pelos fabricantes nacionais de latas para aumentar em 30% a capacidade de produção no país. Destaque nas vendas Dentro do resultado positivo alcançado pela Ambev neste ano, destaca-se o crescimento nas vendas nas regiões Norte e Nordeste do país, que atingiu 25% até setembro em comparação ao mesmo período de 2009. Entre os destaques, a empresa aponta a comercialização da Brahma Fresh, produto lançado especificamente para as duas regiões. ■ Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 35 Henrique Manreza AUTOPEÇAS MONTADORAS Lucro da Fras-le recua 16% com alta de preços do aço e fica em R$ 9,8 milhões Vendas da GM sobem no mês com crescimento da indústria nos EUA A receita líquida avançou 11,7% na mesma base de comparação, para R$ 174,2 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve alta de 4,1%, para R$ 15,2 milhões. Segundo a Fras-le, apesar do aumento das vendas, a queda no lucro refletiu a alta nos preços do aço e mão de obra. O resultado foi sustentado pelo desempenho das exportações, que atingiram US$ 26 milhões, avanço de 17,6% sobre 2009. A General Motors informou ontem uma alta de 3,5% nas vendas de outubro, ficando bem atrás de concorrentes menores em um mês em que a expectativa era de um pico na lenta recuperação da indústria. A GM, que deve anunciar sua abertura de capital e lançar um roadshow para a operação nos próximos dias, afirmou que as vendas cresceram 12,8% em suas quatro principais marcas: Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC. NOS QUATRO CANTOS DO PAÍS FORA DO MERCADO Investimentos da Ambev para aumentar em 15% a sua capacidade de produção este ano Companhia retira garrafas de 630 ml da prateleira R$ 71 milhões R$ 144 milhões R$ 125 milhões para nova linha de produção em Manaus (AM) na duplicação da filial Equatorial em São Luís (MA) para unidades fabris e CDDs* no estados da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe R$ 70 milhões para ampliação da fábrica em João Pessoa (PB) R$ 1,5 BILHÃO é o investimento já realizado pela companhia este ano, dentro dos R$ 2 bilhões que serão inseridos até o fim de 2010 12% é o aumento da capacidade de produção já obtida pela Ambev com os investimentos realizados até o momento R$ 260 milhões na nova fábrica em Itapissuma (PE) R$ 314,5 milhões para ampliação da fábrica de Sete Lagoas, CDD* de Uberlândia e construção CDL em Santa Luzia (MG) R$ 40 milhões na reativação da cervejaria de Petrópolis (RJ) R$ 375 milhões para ampliação das fábricas de Agudos, Guarulhos, Jacareí e Jaguariúna (SP) R$ 152 milhões R$ 6,2 milhões para ampliação da fábrica de Viamão (RS) na ampliação do CDD* de Palhoça (SC) Fonte: empresa *Centro de Distribuição Direta As garrafas de 630ml comercializadas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul estão com seus dias contados. Em acordo realizado junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Ambev se comprometeu a encerrar as vendas do produto em até 60 dias nos pontos de venda do sul do país e em no máximo 270 dias no mercado fluminense. As embalagens são comercializadas pela empresa há dois anos. O processo contra a venda dos produtos da Ambev é representado pela marcas Kaiser (Grupo Heineken) e Imperial, e também pelas entidades Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) e Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe). O principal motivo da ação é que as embalagens contém a inscrição “Ambev”, o que impede o compartilhamento dos vasilhames com outras empresas pelo sistema retornável dos produtos. No Rio Grande do Sul, o produto era comercializado na marca Bohemia e no Rio de Janeiro a marca Skol. Em comunicado, a Ambev diz que “entende que não existe qualquer infração à ordem econômica” e que optou por uma negociação com o Cade para a retirada das embalagens do mercado. Já a Abrabe afirma que “a posição do Cade merece comemoração, pois preserva o atual sistema de distribuição de cervejas, baseado no intercâmbio de vasilhames retornáveis”. F.S. 36 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 CRIATIVIDADE RUY BARATA NETO Shell investe R$ 15 mi na Fórmula 1 Companhia prepara terreno para a exportação do combustível à base de etanol Murillo Constantino A subsidiária nacional da Shell aproveita a exposição internacional do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, que ocorre no próximo fim de semana, em São Paulo, para promover seu combustível à base de etanol: o V-Power etanol. O produto é central nas ações de marketing associadas ao evento — que este ano estão orçadas em R$ 15 milhões, cerca de 40% dos gastos totais em publicidade da área de distribuição, que compreende as operações de postos de gasolina. O montante gasto apenas no Grande Prêmio aumentou em cerca de R$ 1 milhão quando comparado à edição do ano passado, segundo o diretor de vendas da companhia, Emílio Gouveia. O aumento foi feito para abrigar ações paralelas como o evento Racing Festival, idealizado por Felipe Massa, e a importação do mesmo simulador de corrida da Ferrari usado pelo piloto no período de recuperação do acidente no GP da Hungria de 2009. A máquina, de uso exclusiva de pilotos, é apresentada ao público pela segunda vez no mundo. A primeira apresentação se deu em Valência, na Itália, durante o verão europeu deste ano. O simulador ficará exposto no centro de convivência (chamado de Hospitality Center) do Autódromo de Interlagos. Segundo a gerente de marketing da empresa, Carolina Marques, 2,5 mil pessoas serão levadas ao espaço, a convite da Shell, no fim de semana do GP, para ações de relacionamento. A ideia é divulgar a parceria com a Ferrari, que dura 60 anos, para o desenvolvimento de novos combustíveis, primeiro usados em carros de F1, e, mais tarde, em carros comuns. Um exemplo é o do componente FMT (sigla em inglês para tecnologia para redução de atrito), usado em carros de corrida e também no etanol aditivado da Emílio Gouveia, diretor de vendas da Shell: novo combustível à base de etanol já corresponde a 30% das vendas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia Os postos de gasolina da Shell somam 2,7 mil unidades no Brasil. Cerca de 150 foram abertas este ano e a perspectiva é de crescimento de 8% ao ano. A verba de marketing acompanha a mesma taxa Shell, depois de também ter sido experimentado na gasolina VPower da companhia. O engenheiro de combustíveis da Shell, Gilberto Pose, não vê mais empecilhos para que o etanol conquiste o mundo. Para ele, é necessário apenas mais um desafio para melhorar a qualidade do combustível: diminuir a quantidade de água do etanol produzido no Brasil, o que depende da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Que mudanças determinaram o sucesso do etanol? Exportação A transferência de componentes da gasolina aditivada para o etanol é o que torna o produto apto a exportação para os países da Europa. Essas substâncias ajudam a melhorar a fluidez do combustível no motor, evitando assim risco de corrosão por conta do índice de até 7% de água e de manter limpos os bicos injetores dos carros atuais. “Quando o etanol partir para ganhar o mercado internacional, como se pretende, já temos tecnologia para isso”, diz o engenheiro de combustíveis da Shell no Brasil, Gilberto Pose. Isso deve acontecer ainda nos próximos anos e depois que entrar em operação a joint venture, no Brasil, entre a Shell e a Cosan, maior produtora de etanol do mundo. Por enquanto, há apenas protocolos de intenções firmados e o negócio só começa com a aprovação de órgãos reguladores europeus. Enquanto a aprovação não sai, a Shell continua como concorrente da Cosan, dona da Esso no Brasil, na área de distribuição, e está preocupada mesmo em consolidar o V-Power etanol no país. Segundo o diretor de vendas, Emílio Gouveia, 500 postos de gasolina da marca vendem o produto em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Nestas unidades, cerca de 30% das vendas são do etanol VPower, percentual alto para o curto espaço desde o seu lançamento entre julho e agosto deste ano. “Apenas em São Paulo mais de 50% das vendas são do produto”, diz Gouveia. A perspectiva, segundo ele, é até o fim do ano entrar em Curitiba e completar o Estado de São Paulo. Com o crescimento do número de carros flex nos últimos anos, o Brasil é hoje o terceiro maior mercado da Shell no mundo. ■ Quais foram os avanços? quantidade de água do etanol. TRÊS PERGUNTAS A... ... GILBERTO POSE Engenheiro de combustíveis da Shell O desafio é reduzir a água do etanol brasileiro A grande mudança veio da indústria automobilística, que passou a desenvolver carros com sistema eletrônico de bicos injetores. Nós passamos a adaptar o combustível à base de etanol nos nossos carros, começamos os estudos com essa fonte de energia há mais de três anos. Usamos aditivos no etanol para melhorar a performance em motores com injeção eletrônica, como o detergente dispersante que mantém os bicos limpos e ajuda na economia do combustível; temos um outro exemplo de componente, o FMT, que reduz o atrito do bico e elimina o efeito corrosivo causado pela Quais os desafios para o futuro do etanol? Acho que é a diminuição do percentual de água, que é de 7%. Se ela for reduzida, podemos ganhar em energia do combustível para o motor. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já começou a discutir isso. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 37 Divulgação Projetos sociais valem desconto no IR As empresas interessadas em fazer doações a projetos sociais, beneficiando-se de renúncia fiscal, podem destinar, até o dia 31 de dezembro, parte do imposto de renda a pagar. Uma das formas de usar o benefício é por meio de doações a projetos sociais aprovados pela Lei Federal nº 8.313 de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. Em São Paulo, a Fundação Dorina Nowill para Cegos utiliza essa forma de captar recursos para ampliar o número de livros para deficientes visuais. [email protected] Divulgação Divulgação MARCELO PONTES ANÚNCIO DA SEMANA Professor de marketing nos cursos de administração e comunicação da ESPM Turismo pede atenção de governo e de brasileiros A concessionária CCRAutoban comemora a eleição da Rodovia Bandeirantes, em São Paulo, como a melhor estrada do país pela revista especializada Quatro Rodas, com a veiculação de um anúncio feito de asfalto. O interessante é que a agência resolveu literalmente levar um pedaço do próprio asfalto da rodovia para um contato, digamos, bem mais próximo com o público em geral. “Fazer uma campanha para uma rodovia é complicado, então resolvemos proporcionar a experiência e colocar, de verdade, um pedaço de estrada no anúncio”, explica Guga Ketzer, sócio e diretor-geral de criação da Loducca. Toda a produção do anúncio, da criação à concepção final, durou mais de 60 dias. Foram utilizadas mais de 2 toneladas de asfalto e centenas de quilos de cola. FICHA TÉCNICA Agência: Loducca Cliente: CCR Criação: Guga Ketzer, Wagner Fragata e Weber Luiz. Direção de criação: Cássio Moron, Marco Monteiro, Pedro Guerra e Guga Ketzer (geral) Produtor executivo de criação: Sid Fernandes Aprovação do cliente: Francisco Bulhões e Jocelyn Cárdenas A chegada das festas de fim de ano e do verão é uma época propícia para discutirmos o turismo no Brasil. Ainda mais com a proximidade da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Rio — proximidade sim, pois algumas das obras necessárias para esses eventos já estão atrasadas. É clichê dizer que o potencial turístico do Brasil é enorme, pois temos clima bom o ano todo, natureza abençoada, 8 mil quilômetros de praias lindas e, principalmente, um povo alegre e acolhedor. É evidente que estes argumentos são verdadeiros. Porém, achar que o turismo vai se desenvolver apoiado nessas variáveis é ignorância. Dados do Ministério do Turismo, publicados em outubro, mostram um cenário bastante aquém das nossas possibilidades. O déficit gerado pelo turismo, de janeiro a setembro de 2010, é de US$ 7,1 bilhões. O Brasil recebeu, em 2009, 4,8 milhões de turistas estrangeiros, mesma quantidade de 2004. Isso significa que temos apenas 0,55% de market share no turismo mundial — muito pouco para o nosso potencial. É importante lembrar que o turismo é um setor multifacetado, ou seja, composto por dezenas de segmentos que têm um forte grau de interdependência — hotéis, agências e opeCultura turística é radoras de turismo, saber que o turismo transportes, bares e restaurantes e outros. Sem é a indústria que falar na infraestrutura mais emprega necessária: aeroportos, no mundo. Por isso, portos, estradas, comunicações, saúde e, claro, precisamos segurança pública. entender o turista Exatamente por isso, como cliente, como é fundamental uma política de Estado que não alguém que gera apenas aglutine e direempregos e divisas cione todos esses agentes, mas que também desenvolva no país o que poderíamos chamar de “cultura turística”. Cultura turística é saber que o turismo é a indústria que mais emprega no mundo. Por isso mesmo, precisamos entender que o turista não é alguém que vem atrapalhar nosso cotidiano: ele é cliente, gera empregos, divisas, e contribui para o nosso desenvolvimento. Cultura turística é também entender que devemos oferecer serviços de qualidade. Por exemplo: muitos turistas querem conhecer nossas atrações exóticas. No entanto, ficar hospedado na selva amazônica é bem diferente de ser tratado de maneira selvagem. É ainda entender que não devemos olhar o turista como alguém que, por não ser tão “malandro” como nós, pode ser ludibriado. O turista é um cidadão, um ser humano e, por fim, um cliente — e como tal, deseja e merece todo o nosso respeito. Por isso, apostar apenas em nossas belezas naturais e na hospitalidade do nosso povo para conquistarmos a posição que podemos ter no cenário turístico mundial é, antes de tudo, sinal de desconhecimento e de incompetência na gestão de uma indústria que pode ser uma das grandes alavancas para o nosso desenvolvimento. Há muito por fazer. Com a palavra, nossos governantes. Os discursos de campanha para o setor turístico foram pobres, superficiais e vazios. Tomara que as ações sejam melhores. Será um desperdício (mais um) se perdermos mais essa oportunidade. ■ 38 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 FINANÇAS Itaú projeta crédito 15% maior em 2011 Previsão inicial está abaixo do crescimento registrado neste ano, que é de 17,7% nos 12 meses encerrados em setembro Ana Paula Ribeiro [email protected] O Itaú Unibanco acredita que a economia brasileira ainda estará em processo de recuperação no próximo ano e, por essa razão, há espaço para um crescimento das operações de crédito em patamares muito superiores ao da expansão do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa é que o total de empréstimos tenha um aumento em torno de 15%, com base em uma projeção de PIB para 2011 de 4,6%. “Ainda há um processo de recuperação e isso nos permite esperar um crescimento em torno de 15%. Pode até ser um pouco mais. Ainda estamos estudando”, afirmou o diretor corporativo de Controladoria da instituição, Rogério Calderon. Esse patamar de crescimento é um pouco inferior ao que está sendo registrado em 2010. Até setembro, a carteira de crédito do Itaú Unibanco (sem avais e fianças) somava R$ 279,035 bilhões, expansão de 17,7% em relação a igual mês do ano passado. Calderon acredita que o crescimento no ano deverá ficar entre 21% e 22%. O maior volume nas operações ajudou o Itaú Unibanco a alcançar um lucro recorde para o terceiro trimestre entre todos os bancos de capital aberto, segundo números da Economatica. Entre julho e setembro, a instituição apresentou um lucro líquido contábil de R$ 3,034 bilhões, valor 33,8% superior ao registrado no mesmo período do passado. Dos grandes bancos, apenas o Banco do Brasil ainda não publicou os seus resultados. Entre janeiro e setembro, o Itaú Unibanco acumula um lucro de R$ 9,433 bilhões, expansão de 37,6% na comparação com os nove primeiros meses de 2009. Já o lucro recorrente, que exclui os itens extraordinários, ficou em R$ 3,158 bilhões, crescimento de 17,5%. O principal efeito extraordinário do período foi a provisão feita pelo Itaú para contingências cíveis ligadas a Banco vê espaço para a redução marginal da inadimplência no quarto trimestre do ano. Atrasos acima de 90 dias representavam 4,3% do total das operações de crédito planos econômicos. Apesar do crescimento, o resultado veio um pouco abaixo do esperado pelos analistas do setor, que não contavam com o forte aumento de despesas ocorridas. De acordo com o diretor corporativo, os gastos a mais são justificados pela antecipação no processo de migração das agências do Unibanco para a bandeira Itaú. Entre julho e setembro, as despesas não decorrentes de juros da instituição financeira somaram R$ 7,975 bilhões, valor 15,5% superior ao terceiro trimestre de 2009. Excluídos os R$ 406 milhões ligados à migração de agências, o avanço teria sido um pouco menor, de 9,8%. Apesar do crescimento da despesa acima do esperado, os analistas avaliaram os resultados como positivos. Para Nataniel Cezimbra, do BB Investimentos, a integração ainda apresentará algum efeito na despesa no quarto trimestre, mas o banco se beneficiará do aumento da margem financeira. Já segundo Luciana Leocadio, da Ativa Corretora, o Itaú irá se beneficiar não só do aumento do crédito e da redução da inadimplência em todo setor, mas também da obtenção das sinergias decorrentes da fusão. Ontem, as ações preferenciais do Itaú fecharam em queda de 0,31%, a R$ 42,15. Já o Ibovespa subiu 0,48%. RESULTADO DO ITAÚ Inadimplência Sobre a qualidade da carteira, Calderon acredita que há um espaço marginal para a melhora no quarto trimestre. A expectativa está baseada no crescimento do crédito imobiliário e consignado, operações de menor risco. A inadimplência geral em setembro (atrasos acima de 90 dias) era de 4,3%, ante 4,6% de junho e 5,9% do final do terceiro trimestre do ano passado. Em 2009, a inadimplência já apresentou uma melhora de 1,3 ponto percentual, sendo que a estimativa era de uma melhora de um ponto percentual. ■ Lucro é recorde para o período LUCRO CONTÁBIL,, EM R$ BILHÕES Variação +33,8% 3,2 200000 3,03 LUCRO AJUSTADO,, EM R$ BILHÕES Variação +17,5% 3,2 20 3,16 2 86 2,86 2,257143 Variação 700,0 ,0 +12,1% 662 6 662,5 62 5 2,88 8857 857 57 714 4 2,571429 2 571429 ATIVOS, EM R$ BILHÕES 2,27 2,69 625,0 612,4 587,5 2,52 550,0 1,942857 2,18 512,5 1,628571 475,0 1,84 1,314286 437,5 1,000000 1,50 3º TRI/09 3º TRI/10 Fontes: Itaú Unibanco e Brasil Econômico 400,0 0 3º TRI/09 3º TRI/10 3º TRI/09 Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 39 Ricardo Stuckert Lula promete briga no G20 por câmbio O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não tomará medidas impopulares nos últimos dois meses de governo, e sim que fará o necessário para que Dilma Rousseff assuma o próximo governo sem nenhuma dificuldade. Lula também afirmou que os Estados Unidos e a China estão engajados em uma “guerra cambial”, e que os dois irão à reunião do G20, nos dias 11 e 12, em Seul, para “brigar” para que o real não fique valorizado demais. AGENDA DO DIA ● Às 7h, a Fipe divulga o IPC de outubro. ● Às 9h, o IBGE divulga a pesquisa industrial mensal de setembro. ● Às 9h, o Banco da Inglaterra divulga a nova taxa de juros. ● Às 10h45, o Banco Central Europeu divulga a taxa de juros. Henrique Manreza Ganho com integração só no ano que vem Migração das agências já foi concluída, mas ainda falta eliminar sistemas do Unibanco Rogério Calderon, diretor do Itaú: há espaço para melhora da inadimplência INTEGRAÇÃO R$ 1,2 bi é a previsão para os gastos CARTEIRA DE CRÉDITO, EM R$ BILHÕES 686,2 Variação +17,7% 300 279,0 com a migração de agências do Unibanco para a bandeira Itaú. Desse total, R$ 500 mil já estavam provisionados. O restante tem impacto nas despesas de 2010. INADIMPLÊNCIA 6 5,9% O Itaú Unibanco espera que no ano que vem seja possível colher os benefícios da integração com o Unibanco, anunciada em novembro de 2008. “Acredito que 2011 será o primeiro ano impactado integralmente pelas sinergias do processo de fusão”, afirmou o diretor corporativo de Controladoria, Rogério Calderon. No entanto, o banco segue sem dar projeções para as sinergias que serão captadas até o final desse processo. De acordo com o executivo, não é possível projetar o total das sinergias porque esses ganhos e reduções de despesas ocorrem em um momento de expansão das operações do banco e que é difícil segregar quais foram os benefícios conseguidos com a integração e o que é resultado de uma maior atividade comercial. O único indicativo fornecido de possível ganho com a integração foi o de despesas. Segundo ele, em 2008, as despesas totais dos dois bancos ficaram em torno de R$ 30 bilhões. Ao considerar a inflação de 2009 e 2010, nesse ano esses gastos chegariam a mais ou menos R$ 33 bilhões, mas a expectativa é que essa conta encerre o ano nos mesmos R$ 30 bilhões de 2008. “Ainda vamos colher boa parte dos benefícios que virão pela integração das agências e tombamento (eliminação) dos sistemas que eram do Unibanco”, explicou. O banco estima gastar cerca R$ 1,2 bilhão com o processo de integração em 2010. Segundo o executivo, R$ 500 milhões já estão provisionados, mas o restante afeta o resultado operacional. Só no terceiro trimestre, os gastos com migração foram de R$ 406 milhões, ante R$ 235 milhões do segundo trimestre. Foi no processo de migração que o banco consumiu grande parte dos seus esforços na rede de atendimento Banco abriu menos agências em 2010, mas já tem 110 pontos definidos para expandir rede de atendimento até início de 2011 em 2010. Isso fez com que o número de agências abertas ficasse abaixo do registrado tradicionalmente. Em geral, segundo Calderon, o Itaú abre entre 120 e 150 pontos tradicionais de atendimento a cada ano. Nesse ano, foram abertas apenas 60. No entanto, explicou Calderon, até o final do ano um número similar deve ser inaugurado. “Temos 110 pontos definidos, mas só uma parte será inaugurada em 2010.” Sobre o processo de internacionalização, que o Itaú em vezes anterior afirmou que ficaria para depois da integração, ainda não está definido quais serão os próximos passos. “Sempre falamos que a internacionalização era uma consequência do nosso tamanho. Não significa que tenhamos pressa alguma para fazer isso.” ■ 270 70 240 237,1 5 210 4,6% 4,3% 4 180 3 150 120 3º TRI/10 2 3º TRI/09 3º TRI/10 3º TRI/09 2º TRI/10 3º TRI/10 CAPTAÇÃO R$ 2,4 bi é quanto o banco emitiu em letras financeiras (LFs) no terceiro trimestre do ano. O instrumento servirá para alongar prazos das operações de crédito. Terra Verde Bioenergia Participações S.A. CNPJ/MF nº 09.273.840/0001-00 - NIRE 35.300.349.164 Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária Ficam convocados os Srs. Acionistas a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará no dia 12 de novembro de 2010, às 10 horas, na sede social da Companhia, para deliberarem sobre a rescisão dos contratos celebrados pela Companhia e providências necessárias junto aos órgãos reguladores. As pessoas que comparecerem à Assembleia deverão provar a sua qualidade de acionista mediante apresentação de documento de identidade e/ou procuração outorgada por Acionista da Companhia, na forma e prazo do Art. 126, § 1° da Lei n° 6.404, de 15/12/1976, conforme alterada. São Paulo, 03 de novembro de 2010 Luiz Otavio Assis Henriques Presidente do Conselho de Administração 40 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 FINANÇAS Marcela Beltrão RESULTADO AQUISIÇÃO Lucro da Porto Seguro avança 177% e soma R$ 203,1 milhões no terceiro trimestre BC autoriza Banco do Brasil a comprar Banco Patagônia A Porto Seguro anunciou ontem lucro líquido de R$ 203,1 milhões no terceiro trimestre, alta de 177,1% frente ao ganho de R$ 73,3 milhões apurado um ano antes. O lucro por ação quase dobrou, passando de R$ 0,32 para R$ 0,62. A receita total cresceu 46,5% entre julho e setembro, em relação ao mesmo período de 2009, para R$ 2,418 bilhões. A sinistralidade total caiu 2,2 pontos percentuais, para 56,2%. O Banco do Brasil (BB) informou ontem que obteve autorização do Banco Central (BC) para a compra do Banco Patagônia, na Argentina. Os dois bancos haviam acordado a venda de 51% do capital do Banco Patagônia, por US$ 479,66 milhões. Com a aprovação, o BB deverá fazer uma oferta pública de ações do banco argentino, que pode elevar sua participação no Patagônia para 75% do capital votante. Fundos de pensão devem fechar ano De acordo com levantamento realizado pela Abrapp, volume supera em R$ 15 bilhões recorde registrado em Henrique Manreza Para José Mendonça, presidente da Abrapp, crescimento ainda é modesto quando comparado ao potencial do segmento Vanessa Correia [email protected] Os fundos de pensão brasileiros devem encerrar o ano com patrimônio líquido recorde de R$ 530 bilhões, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), a pedido do BRASIL ECONÔMICO. O montante supera em R$ 15 bilhões o recorde registrado em dezembro do ano passado (de R$ 515,4 bilhões). “O crescimento registrado até então é pequeno comparado ao enorme potencial de expansão”, ressalta José de Souza Mendonça, presidente da entidade. Até meados deste ano, especialistas acreditavam que o fraco desempenho da bolsa de valores — devido, principalmente, à valorização registrada em 2009 — atrapalharia o avanço do patrimônio líquido em 2010. Rentabilidade acumulada desde 1995 é de 1.377,9%, ante meta atuarial de 667,6% (INPC+6%) Por essa razão, a expectativa de renovação do recorde foi comemorada pelo mercado. “Em maio, os fundos de pensão somavam patrimônio líquido de R$ 510 bilhões, valor que, aliado à evolução econômica, permitiu projeções mais arrojadas”, completa Mendonça. Razões Não foi só a melhora da performance da BM&FBovespa que impulsionou as projeções para este ano. “O crescimento econômico elevou a produtividade das empresas, levando-as a contratar mais funcionários. Isso gera impacto na massa de novos contribuintes de previdência complementar fechada”, explica Nelson Ferreira Fonseca, consultor sênior da área de previdência e atuário da Luz Engenharia Financeira. Ainda assim, enquanto o mercado formal de trabalho registrou o ingresso de 14 milhões de pessoas nos últimos oito anos, apenas 550 mil trabalhadores passaram a contribuir com fundos de pensão. “O crescimento foi modesto em relação ao número de novos trabalhadores. Ou seja, pelo menos 13,5 milhões de pessoas são potenciais participantes desse sistema”, pondera Fonseca. O consultor sênior e atuário da Luz Engenharia Financeira também atribuiu o avanço do patrimônio líquido em 2010 à rentabilidade apresentada pelos títulos públicos atrelados ao IPCA (NTN-Bs) e à Selic (LFTs) — a rentabilidade média das NTN-Bs (medida pelo IMA-B) no ano (de 4 de janeiro a 29 de outubro) é de 10,9% para vencimento inferior a cinco anos e 16,1% para vencimento superior a cinco anos. “Ambos os papéis são predominantes nas carteiras dos fundos de pensão”, afirma o consultor. De acordo com Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de pensão detinham 33,1% dos títulos indexados ao IPCA em junho deste ano, o maior investidor deste título. Ganhos No ano até junho, a rentabilidade das entidades fechadas de previdência complementar é de 2,56%; em doze meses, a rentabilidade é de 13,3%. Mas a análise do desempenho dos fundos de pensão não pode ser feita no curto prazo, uma vez que o horizonte de investimento é de longo prazo: de 1995 até junho deste ano, o ganho acumulado de 1.377,9% ante meta atuarial de 667,67% (INPC + 6%). Também é preciso considerar que o volume de benefícios pagos por ano é de aproximadamente R$ 32 bilhões, enquanto as contribuições somam R$ 17,5 bilhões anuais. ■ Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 41 Hannelore Foerster/Bloomberg RATING MERCADOS S&P eleva nota de classificação de risco do Banco Mercantil do Brasil Bolsas da Europa fecham em queda por cautela antes do Federal Reserve Em 1º de novembro de 2010, a Standard & Poor’s Ratings Services elevou os ratings do Banco Mercantil do Brasil S.A. (“BMB”), incluindo a elevação dos seus ratings de crédito de contraparte de longo prazo na escala global, de ‘B’ para ‘B+’, e na Escala Nacional Brasil, de ‘brBBB-’ para ‘brBBB’. Ao mesmo tempo, reafirmamos seus ratings de crédito de contraparte de curto prazo ‘B’ na escala global. A perspectiva é estável. Os índices de bolsas de valores da Europa terminaram em baixa ontem, diante de receio dos investidores de que o Federal Reserve injetará menos dinheiro na economia do que o esperado. O índice FTSEurofirst 300, que mede o comportamento dos mais importantes papéis do continente, caiu 0,52%, para 1.087 pontos. O indicador acumula valorização de 6% desde o início de setembro por expectativa sobre a ação do Fed. com patrimônio de R$ 530 bilhões dezembro de 2009, quando as entidades fechadas de previdência complementar acumularam R$ 515,4 bilhões ■ VOLUME CARTEIRA Renda variável deve ganhar espaço no próximo ano com queda do juros Em maio, a carteira consolidada dos fundos de pensão era composta por 62,2% em renda fixa, 30,1% em renda variável e 7,7% em outros ativos — entre investimentos estruturados, investimentos no exterior, imóveis e operações com participantes —, segundo a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Mas a tendência é que a parcela alocada em ações cresça à medida que a taxa de juros caia. “A partir do ano que vem, os fundos de pensão devem ser mais ousados em renda variável”, diz Nelson Ferreira Fonseca, consultor sênior da área de previdência e atuário da Luz Engenharia Financeira. O maior percentual alocado em renda variável foi registrado em dezembro de 2007: 36,7%. Em contrapartida, o menor percentual alocado em ações foi observado em dezembro de 2008, auge da crise financeira mundial: 28%. “É provável que em 2011, os fundos de pensão aproximem-se do recorde de investimento em ações”, completa o especialista. Para José de Souza Mendonça, presidente da Abrapp, as entidades ainda estão na “fase do namoro” com outras modalidades de investimento. “O mercado é tão dinâmico que não saberia dizer a composição do portfólio dos fundos de pensão daqui a dois anos”, brinca. V.C. Patrimônio líquido dos fundos de pensão em maio deste ano somava R$ ■ GANHOS De janeiro a maio, rentabilidade da carteira dos fundos de pensão era de 509 2,39 bi % ■ RENDA FIXA ■ AÇÕES Parcela alocada pelos fundos de pensão em títulos públicos e privados Participação da renda variável na carteira dos fundos de pensão 62,2 % 30,1 % Prêmio Caio Sustentabilidade. Cases de hoje com resultados no amanhã. Sustentabilidade se faz com atitudes. Inscreva-se na primeira premiação CATEGORIAS: Hotéis & ResortsŢCentros de Convenções ŢEventos Ţ Espaços para Eventos & Casas de Espetáculos ŢServiços para Eventos social e ambiental e atendem aos desafios para um desenvolvimento do setor que vai comprovar seu comprometimento com ações que refletem o equilíbrio e a responsabilidade na apropriação de recursos financeiro, sustentável. O Prêmio Caio Sustentabilidade chega para conceder um Selo de Qualidade Sustentável aos cases que fazem do planeta um lugar melhor para as gerações futuras. Se o seu case faz de sua empresa, comunidade ou planeta um lugar melhor, inscreva-se. Inscrições até 15 de Novembro www.premiocaio.com.br Contato 11 3717.0733 EXPO CENTER NORTE - SP DIA 18 DE FEVEREIRO DE 2011 IDEALIZAÇÃO APOIO CONSELHO DIRETOR REALIZAÇÃO PATROCÍNIO MASTER MEDIA PARTNER PATROCÍNIO GOLD COMPANHIA AÉREA OFICIAL ORGANIZAÇÃO ASSESSORIA DE IMPRENSA COMUNICAÇÃO 42 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 FINANÇAS Shannon Stapleton/Reuters ACORDO NEGÓCIOS CVM encerra processo contra Rothschild na venda da GVT BNY Mellon diz que prepara aquisição de consultorias de fortunas A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou que aceitou proposta da Rothschild & Cie Banque para encerrar processo administrativo por suposto envolvimento da gestora de investimentos em irregularidades na venda da GVT para o grupo francês Vivendi. Segundo a CVM, a Rothschild & Cie Banque ofereceu pagamento de R$ 500 mil para extinguir o processo, sugestão aceita pelo colegiado da autarquia. A divisão de fortunas do Bank of New York Mellon está procurando fazer aquisições de empresas de consultoria financeira nos Estados Unidos, uma vez que a recuperação dos mercados incentiva cada vez mais companhias a se colocar à venda. O presidente do banco, Lawrence Hughes, diz que o número de consultorias à venda multiplicou no último ano e que sua divisão tem um lista “robusta” de aquisições em potencial. Divulgação Ahsan Sayed, presidente da Western Gulf, quer começar com mineração e mercado imobiliário Western Gulf desembarca no país com apetite para ir às compras Gestora de origem indiana quer aplicar US$ 280 mi no país até 2011; no mundo, empresa investe US$ 2 bi Maria Luíza Filgueiras [email protected] A casa de investimentos Western Gulf Advisory foi criada apenas para a manutenção do patrimônio da família indiana Ali Sayed, mas avançou com uma atuação de financeira e participação acionária na busca pela multiplicação de riqueza. Entre 2008 e 2010, investiu US$ 2 bilhões em mercados diversificados, como Austrália, Inglaterra e Irlanda. Agora, o presidente da companhia, Ahsan Ali Sayed, prepara pouso no Brasil e não faz modéstia em relação à sua capacidade de investimento. “Os mercados emergentes manterão crescimento forte nos próximos anos e queremos participar disso”, diz Ali Sayed. Até agora, o único canal de investimento da família que incluía o Brasil era um fundo dedicado ao conjunto BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia), mas o interesse passou a incluir injeção direta de capital em empresas brasileiras. “Queremos começar com mineração e mercado imobiliário. Já tenho propostas e perfis na minha mesa, que serão avaliados com cuidado”, diz o executivo, de seu escritório em Bahrein, onde a economia é fortemente dependente de commodities como petróleo e gás, mas é um centro financeiro que tem sido comparado à Suíça em relação ao volume de ativos e oferta de serviços e produtos bancários, como um centro financeiro do Oriente Médio. O objetivo inicial é ter US$ 100 milhões aplicados no Brasil até o fim deste ano. “Vamos ver como esses investimentos evoluem, para chegarmos entre US$ 200 O único canal de investimentos da família que incluía o Brasil até agora era um fundo dedicado ao grupo Bric milhões e US$ 280 milhões até o fim de 2011”, afirma Sayed, que gerencia a fortuna resultante de mais de 150 anos de atuação da família em financiamentos e agricultura no sul da Índia. Infraestrutura também está no alvo. Sayed trabalha com a estimativa de que serão necessários investimentos da ordem de US$ 80 bilhões no país para sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. “É uma grande oportunidade para a companhia no Brasil, considerando que temos liquidez suficiente para financiar obras grandes”, diz. O interesse principal é compra de participações acionárias no país, mas, segundo o executivo, as outras atividades da empresa também podem ser ativadas no mercado brasileiro — finanças corporativas e dívida. ■ ■ APORTE Volume inicial de recursos a ser aplicado no Brasil é de US$ 100 mi ■ AMBIÇÃO Meta, até o fim de 2011, é gerir um total de US$ 280 mi ■ GLOBAL Valor investido no mundo US$ 2 bi Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 43 44 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 INVESTIMENTOS RENDA FIXA Thais Folego [email protected] Fundo ITAU PERS MAXIME RF FICFI BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI BB RENDA FIXA 200 FIC FI BB RENDA FIXA 50 FIC FI ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI BB RENDA FIXA LP 100 FICFI Petrobras volta às carteiras recomendadas e Bernardo Miranda, do BTG Pactual. Gerdau, que não estava entre as “top 10”, ficou neste mês na oitava posição. “Incluímos Gerdau devido à fraqueza recente de suas ações (queda de mais de 3% em outubro e de mais de 20% em 2010) e às boas perspectivas no médio e longo prazo”, explicam em relatório os analistas do Citi Fernando Siqueira e Hugo Rosa. “Petrobras e siderurgia ganham relevância quando buscamos papéis que não performaram”, diz Mônica. Ela acredita, inclusive, que a continuidade da performance positiva da bolsa brasileira está condicionada à recuperação das empresas ligadas a commodities. “O que mais preocupa nesse cenário de expectativa positiva são novas medidas a serem adotadas para contenção da apreciação do Real frente ao dólar após as eleições e o fluxo de notícias potencialmente negativo do front externo.” A ação preferencial da Vale (VALE5) continua sendo, de longe, a ação preferida entre as 16 corretoras consultadas pelo B RASIL ECONÔMICO. Está em praticamente todas as carteiras recomendadas para o mês de novembro. Houve, porém, boas mexidas, com as saídas de AES Tietê, Gafisa e CCR entre as dez mais recomendadas para dar lugar a Pão de Açúcar, Gerdau e Ambev. “A divulgação de dados ainda robustos da economia chinesa, com produção industrial acelerando e crescimento das importações de minério de ferro por parte daquele país, associada à divulgação de excelentes resultados pela Vale ao final do mês de outubro, deram o tom do comportamento dos papéis da mineradora, renovando o otimismo do mercado quanto à sustentabilidade dos bons resultados da Vale para os próximos anos”, comenta a estrategista da Ativa, Mônica Araújo. As perspectivas de que papéis ligados a commodities e siderurgia comecem a andar fizeram com que as preferenciais de Petrobras (PETR4), que perderam peso nas carteiras nos últimos meses, com algumas corretoras até mesmo excluindo o papel, voltassem a figurar como a segunda mais recomendada. “Petrobras retorna para o 10 SIM (lista das 10 ações mais recomendadas da corretora) pela primeira vez neste ano”, comentam Carlos Sequeira , Antonio Junqueira Fundo Pão de Açúcar RENT. OUT/10, EM % 8,95 8,85 8,84 8,35 7,79 7,66 6,50 5,99 5,64 5,48 7,59 7,47 7,46 7,05 6,58 6,49 5,51 5,11 4,70 4,67 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,00 1,00 1,00 1,10 1,50 2,00 3,00 3,50 4,00 4,00 80.000 50.000 30.000 5.000 5.000 200 50 300 100 Rent. (%) 12 meses No ano 1/NOV 3/NOV 3/NOV 3/NOV 1/NOV 3/NOV 3/NOV 3/NOV 3/NOV 3/NOV 9,00 8,63 8,61 6,98 6,68 6,37 5,94 5,35 4,91 4,56 7,57 7,24 7,28 5,93 5,67 5,42 5,17 4,54 4,15 3,91 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 0,70 1,00 1,00 2,50 2,47 3,00 3,00 4,00 4,50 5,00 10.000 80.000 ND 5.000 100 200 30 1.000 100 100 AÇÕES Uma ação que ganhou bastante espaço nas carteiras de novembro foi a do Pão de Açúcar, que não aparecia entre as principais recomendações de outubro, e agora ocupa a quinta posição. “O preço da ação da empresa apresenta desconto em relação ao setor, o que, em nossa visão, vai se estreitar à medida que a divisão Casas Bahia aumentar sua visibilidade”, avalia em relatório Cida Souza, estrategista da Itaú Securities. ■ Nº DE RECOMENDAÇÕES 3/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 3/NOV 3/NOV 3/NOV 3/NOV 1/NOV Data BB REFERENCIADO DI LP ESTILO FIC FI ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS ITAU PREMIO REF DI FICFI BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER SANTANDER FIC FI CLAS REF DI Fundo Data BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI CAIXA FMP FGTS VALE I BRADESCO FIC DE FIA BRADESCO FIC DE FIA MAXI BRADESCO FIC DE FIA IV SANTANDER FIC FI ONIX ACOES UNIBANCO BLUE FI ACOES ITAU ACOES FI ALFA FIC DE FI EM ACOES BB ACOES PETROBRAS FIA Pão de Açúcar, Gerdau e Ambev ganham espaço nas carteiras SETOR Rent. (%) 12 meses No ano DI AS PREFERIDAS DO MERCADO PARA NOVEMBRO EMPRESA Data Rent. (%) 12 meses No ano 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 22,18 21,97 12,10 12,02 11,99 10,56 8,86 7,55 3,73 (26,24) 12,09 10,96 1,91 1,79 1,77 (0,26) (0,33) (1,99) (5,15) (28,77) Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,00 1,90 4,00 4,00 ND 2,50 5,00 4,00 8,50 2,00 200 100 200 1.000 200 RENT. ANO, EM % MULTIMERCADOS 12 VALE (VALE5) MINERAÇÃO PETROBRAS (PETR4) 10 PETRÓLEO PETRÓLEO PÃO DE AÇÚCAR (PCAR5) VAREJO TRACTEBEL TBLE3) ENERGIA 5 VAREJO AMBEV (AMBV4) BEBIDAS 9,94 1,22 5 0 2 4 4,09 OBS: Banco do Brasil e Bradesco também receberam 4 recomendações 4 6 3,43 8 10 12 23,13 -3,68 4,21 -3,08 -23,71 18,31 18,40 15,33 -10 -5 0 5 10 15 20 Data REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI ITAU PERS K2 MULTIM FICFI ITAU PERS MULTIE MULT FICFI ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI ITAU PERS MULT MODERADO FICFI SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM 30,53 14,14 6 CSN (CSNA3) SIDERURGIA LOJAS AMERICANAS (LAME4) 2,58 6 GERDAU (GGBR4) SIDERURGIA Fundo -27,98 7 5 15,42 -5,28 8 ITAÚ UNIBANCO (ITUB4) FINANCEIRO OGX (OGXP3) 4,34 39,13 Rent. (%) 12 meses No ano 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 1/NOV 12,76 9,81 9,01 9,00 8,75 8,59 8,31 7,95 7,75 7,03 10,81 6,94 7,65 7,48 7,12 7,11 4,28 5,10 5,42 4,77 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,30 2,50 1,50 1,50 1,50 1,25 2,00 2,00 2,00 2,00 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Fontes: Ágora, Ativa, Banco do Brasil, BTG Pactual, Citi, Coinvalores, Itaú, Geração Futuro, Souza Barros, Spinelli, Socopa, Omar Camargo, Brascan, WinTrade, Safra, Tov, Economatica e Brasil Econômico *Taxa de performance. Ranking por número de cotistas. Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico IBOVESPA IBRX-100 SMALL CAP - SMLL MIDLARGE CAP - MLCX 22.750 1.456,0 1.000 22.675 1.449,5 997 71.700 22.600 1.443,0 994 71.450 22.525 1.436,5 991 (EM PONTOS) 72.200 Máxima 72.109,97 Mínima 71.510,43 Fechamento 71.904,77 71.950 71.200 1.430,0 22.450 10h Fonte: BM&FBovespa 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 5.000 10.000 20.000 50.000 5.000 5.000 5.000 5.000 50.000 10h 17h 988 10h 17h 10h 17h Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 45 BOLSA JURO Giro financeiro Contrato futuro R$ 7,3 bilhões 11,33% foi o volume financeiro registrado ontem no segmento acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a sessão com variação positiva de 0,48%, aos 71.904 pontos. foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2012, o de maior liquidez ontem. O giro neste contrato foi de R$ 15,6 bilhões, em 177.725 contratos negociados. HOME BROKER Petrolífera reverte tendência de baixa Petrobras PN, fechamento em R$ 31,00 30,00 30 29,30 29,00 29 28,00 28 27,70 27,00 27 26,35 26,00 26 25,00 25 24,00 24 1/JUN 1/JUL 2/AGO 2/SET 1/OUT 3/NOV Fontes: Leandro Ruschel, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico Suporte Objetivo Resistência forte PETR4 Ontem, as ações preferenciais de Petrobras romperam a resistência (ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de movimento de alta da ação) dos R$ 26,50, fechando cotadas a R$ 27, com alta de 1,92%. Rompido esse patamar, as ações revertem a tendência de baixa que vinham apresentando e agora mostram viés de alta, avalia Leandro Ruschel, sócio da Leandro & Stormer. “Agora o suporte imediato, que a ação não deve perder para manter o viés positivo, é de R$ 26,35”, diz. Suporte é o patamar que, se perdido, aponta para uma chance de queda em sequência do papel. O próximo objetivo que a ação deve buscar é a região dos R$ 27,70, tendo uma resistência forte nos R$ 29,30. Também ontem, o Ibovespa testou a resistência dos 72 mil pontos, mas não a ultrapassou, fechando aos 71.904 pontos. “Para confirmar a tendência histórica de um quarto trimestre forte para a bolsa, o índice tem que romper essa resistência”, diz o grafista. “Hoje (ontem) houve um aumento do volume, mas demonstra indecisão.” Outro índice que está num ponto de indecisão é o Dow Jones, comenta Ruschel. Há duas semanas o índice americano vem testando a máxima do ano dos 11.245, pontos batido em abril deste ano, mas não o supera. NA REDE “EMBR3 rompe resistência em R$ 12,30 mas já depois de alguns dias de alta. Prefiro aguardar correção para montar posição” @leandrostormer, trader e analista gráfico “Fed injetará US$ 600 bi na economia, US$ 75 bi/mês. Montante pode ser maior se o Fomc (comitê de mercado aberto) achar necessário. Melhor! Cautela com inflação futura ” @OmarCamargo_Inv, corretora de valores 46 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Jose Manuel Ribeiro/Reuters MUNDO Parlamento português passa orçamento O Parlamento português adotou ontem, em primeira leitura, o orçamento de austeridade sem precedentes apresentado para 2011 — prevê corte dos salários do setor público e das ajudas sociais, assim como um aumento dos impostos. Para conquistar sua aprovação, o partido do primeiro-ministro socialista, José Sócrates, e a principal força da oposição selaram um acordo no sábado, segundo o qual o Partido SocialDemocrata (PSD, centro-direita) se absteria de votar, como ocorreu ontem. Jason Lee/Reuters Trabalhador chinês do setor de construção civil: expansão imobiliária preocupa Bird alerta para exposição da China a desequilíbrios globais Banco revisa estimativa de crescimento para 2010, mas diz que pode haver onda de protecionismo no mundo A economia chinesa crescerá 10% em 2010 e suas perspectivas continuam sendo boas, mas o país estará exposto às consequências dos desequilíbrios mundiais, segundo um relatório do Banco Mundial (Bird). O documento foi divulgado ontem, uma semana antes da cúpula do G20, que tentará evitar a ameaça de uma “guerra cambial”. Segundo o informe trimestral divulgado ontem pelo banco, a revisão — a projeção anterior era 9,5% — foi feita mesmo com o fim do plano de estímulo ao consumo interno, adotado depois da crise financeira, e após as novas medidas para evitar o reaquecimento do setor imobiliário. O Produto Interno Bruto (PIB) do país subiu para 11,9% no primeiro trimestre, 10,3% no segundo e 9,6% no terceiro, números que se mantêm “surpreendentemente altos”, indicou o Banco Mundial, estimando que as perspectivas chinesas “continuam sendo boas”. Um fracasso no reequilíbrio do modelo de crescimento chinês é um dos maiores riscos a médio prazo, tanto para a China como para a economia mundial Para 2011, o Bird prevê um crescimento de 8,7% da China. “Após o fortíssimo crescimento que observamos recentemente, a China deve poder passar sem problemas a um índice de crescimento mais fácil de sustentar em 2011 a médio prazo”, declarou o principal responsável pelo relatório, Louis Kuijs. Para ele, a esperada desaceleração do crescimento mundial e das importações provavelmente vão afetar as exportações chinesas. O Bird insiste na necessidade de reequilibrar o crescimento com uma demanda interna maior. A China é acusada pelos Estados Unidos (EUA) e pela Europa de manter o iuane artificialmente baixo para favorecer seus exportadores. “Um fracasso no reequilíbrio do modelo de crescimento chinês é um dos maiores riscos a médio prazo, tanto para a China como para a economia mundial”, afirma o relatório. Na avaliação do banco, a com- binação de importantes excedentes nas contas correntes de alguns países, como a China, com déficits de outras nações, como os EUA, apresenta riscos econômicos e financeiros que podem dar lugar a medidas consideradas polêmicas. O relatório lembra que bancos centrais de alguns países intervieram nos últimos meses para tentar baixar a cotação de suas moedas, e os economistas temem que esta situação leve a uma onda de protecionismo. Na China, “o excedente comercial deve continuar aumentando em 2011 e a médio prazo”, acredita o Bird. Além disso, os excedentes das contas correntes devem continuar subindo, devido à renda dos investimentos chineses no exterior. O G20 das Finanças, que se reuniu na Coreia do Sul em outubro, instou seus membros a limitar os desequilíbrios das contas correntes. Os EUA defendem um teto de 4% do PIB. ■ AFP EXPANSÃO ECONÔMICA 10% É a nova estimativa para crescimento da economia chinesa em 2010. No primeiro trimestre, a alta foi de 11,9%. No segundo, de 10,3%. E, no terceiro, de 9,6%. LIMITE 4% É o teto proposto pelos EUA para o déficit das economias globais em relação ao PIB. A ideia foi lançada em reunião dos ministros do G20 em outubro. EQUILÍBRIO 8,7% É a previsão de crescimento do PIB em 2011. Segundo o Bird, a partir do ano que vem, país terá expansão anual a um ritmo mais sustentável. Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 Brasil Econômico 47 48 Brasil Econômico Quinta-feira, 4 de novembro, 2010 BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000 Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - [email protected] É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A. ÚLTIMA HORA Antonio Cruz/ABr Agronegócio terá superávit recorde Apesar do dólar fraco, o agronegócio brasileiro deverá fechar o ano com superávit superior a US$ 60 bilhões. O número foi apresentado ontem, em Curitiba, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi. O setor é responsável por quase metade das exportações brasileiras. “Em 2009, essa participação chegou aos 42% e este ano será ainda maior, gerando um superávit extraordinário. Devemos chegar ao fim do ano com US$ 72 bilhões de exportações provenientes do agronegócio. E vamos importar apenas algo em torno de US$ 12 a US$ 14 bilhões”, disse o ministro. Segundo Rossi, o país está aproveitando bem este momento de ampliação do consumo de alimentos em todo o mundo. “O Brasil é hoje o grande fornecedor de proteínas, tanto de origem animal. Já exportamos alimentos para 215 países e somos os maiores exportadores de vários produtos, além dos tracionais café, açúcar e suco de laranja. Estamos nos destacando nas exporta- Costábile Nicoletta [email protected] Diretor Adjunto Pouco charme, muita rentabilidade ções de carne bovina, suína e de aves e já ocupamos a condição de maiores exportadores do complexo soja”. O ministro Wagner Rossi foi a Curitiba participar da abertura do Fórum Sementes de um Novo Brasil, promovido pela multinacional Syngenta, uma das maiores produtoras mundias de sementes e defensivos agrícolas e uma das líderes em pesquisa e desenvolvimento no setor de biotecnologia agrícola. ■ Agência Brasil Rebecca Cook/Reuters Sofisa reverte prejuízo e lucra R$ 23,9 milhões Oferta de ações deve render US$ 13 bi à GM A montadora finalizou ontem os termos da oferta pública inicial de quase US$ 13 bilhões para saldar sua controversa concordata, financiada pelo governo dos Estados Unidos, e reduzir a participação do Tesouro norte-americano para acionista minoritário. A montadora planeja vender 365 milhões de ações ordinárias a um preço de entre US$ 26 e US$ 29, o que geraria US$ 10 bilhões. Além disso, a GM planeja vender cerca de US$ 3 bilhões em ações preferenciais que se converteriam em ações ordinárias. ■ Reuters O Banco Sofisa registrou no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 23,9 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 10,7 milhões em igual período do ano passado. No ano, o resultado da instituição chega a R$ 61,1 milhões, ante R$ 1,9 milhão nos primeiros nove meses de 2009. “Acredito que vamos gradualmente voltar para a nossa rentabilidade histórica”, afirmou o diretor de relações com investidores, Ricardo Simone Pereira. De acordo com o executivo, o patamar ideal é entre 16% e 18%. No terceiro trimestre, a rentabilidade ficou em 12,5%. Para atingir a meta, o banco decidiu concentrar os esforços apenas no crédito a empresas. Também tem reduzido despesas e elevado a recuperação de créditos em atraso. A carteira de empréstimos em setembro era de R$ 2,922 bilhões, alta de 10,5% em 12 meses. Como a expectativa é de crescimento da carteira, o banco tenta ampliar as suas fontes de captação. Na semana que vem, deve finalizar um empréstimo de mais de US$ 100 milhões com o Banco Mundial. Além disso, planeja fazer a sua primeira captação via emissão de letras financeiras (LFs). “Estamos aguardando primeiro a regulamentação da oferta pública para aí sim fazer alguma emissão de letra financeira no começo do ano que vem.” ■ Ana Paula Ribeiro Presidente da Anatel fica mais um ano no cargo A informação foi confirmado pelo ministro das Comunicações, José Artur Filardi, que se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final da tarde de ontem. O mandato como presidente da Agência Nacional de Telecomunicações termina amanhã. Sardenberg, que também ocupa uma vaga no Conselho Diretor da agência até 2011, foi nomeado para o cargo no dia 1º de julho de 2007 e reconduzido em junho de 2008. O governo ainda não definiu quem substituirá o conselheiro Antônio Bedran, cujo mandato termina hoje. ■ Agência Brasil Ser um importante exportador de commodities não tem muito charme entre os analistas econômicos. Afinal, em vez de o país vender produtos acabados e com alto conteúdo tecnológico, abastece o mercado mundial com matérias-primas obtidas por meio de um processo extrativista, como o minério de ferro. Além de não ser um negócio charmoso, corre o risco de ser tachado de ambientalmente incorreto. Levantamento realizado pela consultoria Austin Rating, detalhado nas páginas 12 e 13 pela repórter Eva Rodrigues, mostra que, enquanto a pauta total de exportações brasileiras registrou perdas financeiras de 0,7% no período compreendido entre janeiro e setembro, em relação ao acumulado dos três trimestres do ano passado, empresas que embarcaram para o exterior uma cesta de 12 commodities obtiveram ganhos de 7,2% no mesmo prazo em estudo. A grande vedete dessa cesta foi o minério de ferro, que apresentou um avanço de 42,5%. Isso explica por que a Vale — uma das principais fornecedoras mundiais desse insumo — acumulou no período um lucro de R$ 20 bilhões, metade dele obtida somente no último trimestre. O lucro da Vale em três trimestres deste ano quase se iguala à soma do resultado de três dos maiores bancos instalados no país Para ter uma ideia da grandeza desse resultado, ele é apenas R$ 1,9 bilhão inferior ao lucro auferido em conjunto nesse período por três dos maiores bancos instalados no país que já divulgaram seu desempenho: Bradesco (R$ 7,1 bilhões), Santander (R$ 5,4 bilhões) e Itaú Unibanco (R$ 9,4 bilhões). As três instituições financeiras também conseguiram resultados excelentes. Entre as principais razões desse azul cintilante no balanço estão as operações de crédito, aquele item que mais se espera que um banco faça com sua matéria-prima. A valorização do minério de ferro compensou a desvantagem da baixa cotação do dólar no Brasil. São as forças da oferta e da procura teimando se impor à tentação do controle do câmbio, ao qual recorre grande parte das companhias que vivia cobrando do governo respeito às leis do mercado. ■ www.brasileconomico.com.br DESTAQUE MAIS LIDAS ONTEM Ação do BC dos EUA deve ampliar valorização do real ● GE vende US$ 120 mi em máquinas para uso no Brasil Para a agência de risco Austin Rating, o aumento de liquidez no sistema financeiro americano não deverá se reverter em alta nos financiamentos de investimentos ou consumo privado, mas em ampliação da carteira de ativos de países emergentes. Mais dólares em busca de melhores retornos, apreciando ainda mais o real. ● Fed mantém juro e vai comprar US$ 600 bi em títulos ● Lucro do Itaú Unibanco avança 33,8%, para R$ 3 bi ● “EUA não seguiram receita do FMI para a AL” ● Lucro da Ambev cresce 47,5% e atinge R$ 1,8 bilhão Acompanhe em tempo real www.brasileconomico.com.br Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br ENQUETE Definida a eleição presidencial, a ação da Petrobras deve se recuperar na bolsa até o fim do ano? Não 33% Sim 67% Fonte: BrasilEconomico.com.br Vote em www.brasileconomico.com.br