ISSN 1984-8218 ANÁLISE DO SWING-BY DE UMA NUVEM DE PARTÍCULAS NO SISTEMA SOL-MARTE José Batista da Silva Neto* Jorge Kennety Silva Formiga Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos - FATEC-SJC, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (DMC), 12211-144, São José dos Campos, SP E-mail: [email protected], [email protected]. RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar manobras de swing-by de uma nuvem de partículas no sistema Sol-Marte. O objetivo é compreender melhor o comportamento das nuvens de partículas quando passam por um sistema de grande influencia gravitacional. Para isso foram analisados os dados gerados a partir de um integrador numérico onde foi implementado um modelo matemático já existente para uma partícula [2], que também pode ser entendido a uma nuvem [3]. No estudo foi considerada uma nuvem de partículas (M3) com massa infinitesimal em órbita elíptica que passa por um sistema de referencia inercial com dois corpos, o Sol (M1) como corpo principal com maior massa e Marte (M2) sendo o corpo secundário com menor massa. O sistema é formado por três corpos e sabendo da dificuldade de se trabalhar com um problema de três corpos, que é um sistema não integrável, o modelo matemático utiliza a patched-conics approximation [4], que funciona dividindo o sistema em três etapas em que cada uma é usado um simples modelo de dois corpos. O swing-by ou manobra assistida por gravidade na astronáutica esta inserido dentro dos estudos de otimização de trajetória, ele é uma grande alternativa para economia de combustível e vem sendo muito utilizado nas missões espaciais, um exemplo de seu uso com sucesso é a missão Galileo [1]. Ele ocorre quando devido a influencia gravitacional de um corpo celeste, este modifica as características de um corpo com massa desprezível, impulsionando ou retardando seu movimento alterando a trajetória dele conseqüentemente seus elementos keplerianos iniciais. Isso permite em missões espaciais o controle dos elementos keplerianos iniciais da nave: semi-eixo maior, excentricidade, distância de aproximação e velocidade. O modelo matemático completo e seu desenvolvimento podem ser encontrados em [5]. Para estendê-lo a uma nuvem de partículas foram feitas modificações nas formulas para geometria inicial da órbita, de modo que, com a ajuda do integrador numérico FORTRAN fossem feitos os cálculos individuais dos elementos keplerianos de cada partícula, indo até a partícula com maior excentricidade e maior semi-eixo maior. Para a geração de dados foram usados os valores para Marte apresentados na Tab.1 e o parâmetro gravitacional do Sol ( ) igual a 1,33x1011 km³/s². Já os valores para a nuvem são mostrados na Tab. 2, onde mostram os dados da partícula para o menor semi-eixo e menor excentricidade. Na Tab.3 encontram-se os valores de variação onde , e representando respectivamente a variação média de semi-eixo maior, excentricidade e distância de aproximação. Marte Velocidade Orbital ( ) [km/s] 24,077 Tabela 1 - Dados de Marte. Distância Raio Média do Sol Equatorial ( ) [km] [km] 3.396,2 227.940.000 Parâmetro Gravitacional (µ) [km³/s²] 4,28389x104 Velocidade Angular (ω) [rad/s] 1,06x10-7 Tabela 2 - Dados da partícula com menor semi-eixo maior e menor excentricidade. Semi-eixo Maior (a) [km] Excentricidade (e) 6 Nuvem 600x10 0,7 _____________________________________________________________________________ *Bolsista de Iniciação Científica PIBITI/CNPq 929 ISSN 1984-8218 Tabela 3 - Dados para geração da nuvem. [km] Mínimo 0 0 0 Variação Máximo 10000 0,1 10000 Taxa de Variação 1000 0,01 1000 (incremento) A partir dos valores apresentados conseguiu-se os resultados para os principais elementos keplerianos que descrevem a órbita, sendo os principais semi-eixo maior, excentricidade, energia e momento angular. Alguns dos resultados encontrados são mostrados a seguir nas Fig. 1 e Fig.2. Como mostra a Fig. 1 antes da manobra às partículas apresentam um ordenamento e uma distância media entre elas, todas estão em órbita elíptica. Fig. 1 - Semi-eixo maior VS excentricidade antes do swing-by. Fig. 2 - Semi-eixo maior VS excentricidade após o swing-by. Já após o swing-by temos o resultado apresentado na Fig. 2 que mostra que as partículas apesar de se manterem em órbitas elípticas já não mantêm a mesma ordem e a mesma distância media. Algumas das partículas foram lançadas a novas órbitas com maiores excentricidades e maiores semi-eixo maiores, porém todas ainda continuam em órbita de encontro com Marte. Palavras-chave: Manobras Orbitais, Swing-by, Astrodinâmica Referências [1] D’Amario, L. A., Bright, L. E., Wolf, A. A., Galileo trajectory design, Space Science Rev., 60, 23, 1992. [2] FORMIGA, J. K. S.; PRADO, A. F. B. A., A study of the effects of a close approach between a planet and a particle. In: 22. ND INTERNATIONAL SIMPOSIUM ON SPACE FLIGHT DYNAMICS, 2011, São José dos Campos. Proceedings... 2011. p. 110. [3] GOMES, V. M.; PRADO, A. F. B. A. Swing-by maneuvers for a cloud of particles with planets of the solar system. WSEAS Transactions on Applied and Theoretical Mechanics, v. 3, n. 11, p. 859-868, 2008. [4] PRADO, A. F. B. A. A Patched Conics Description of the swing-by of a group of particles. Nonlinear Dynamics and Systems Theory, v. 5, n. 3, p. 265-271, 2005. [5] PRADO, A. F. B. A. Trajetórias espaciais e manobras assistidas por gravidade. São José dos Campos: INPE, 2001. 930