UNIVERSIDADE DO MINDELO ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANO LETIVO 2014/2015 – 4º ANO Autor: Nilza Almeida Silva, N.º 2567 Mindelo, 2015 UNIVERSIDADE DO MINDELO ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE NILZA ALMEIDA SILVA O CONSUMO DE DROGAS NA ADOLESCÊNCIA: UMA ABORDAGEM DA ENFERMAGEM COMUNITÁRIA Trabalho apresentado à Universidade do Mindelo como parte dos requisitos para obtenção do grau de Licenciatura em Enfermagem, sob a orientação científica da Psicóloga Mestre Denise Oliveira Centeio. Mindelo, Julho de 2015 ii DEDICATÓRIAS Aos meus familiares, que sempre apoiaram-me em todos os momentos da minha vida, sobretudo durante todos esses anos de formação até chegar o final desta grande etapa. Aos meus amigos, Mirian Almeida, Ineida Recheado e Ivan Candeias e irmã Milene Silva pelo apoio, incentivo e companheirismo que sempre manifestaram e, por terem estado sempre comigo nesta caminhada. iii AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à Deus, porque sem Ele não seria possível a realização de todo este processo de investigação e, por dar-me a capacidade e inteligência para elaborá-lo. Também agradeço a importante colaboração de professores de Enfermagem, Enfermeiros e meus colegas de curso, que contribuíram para a concretização deste trabalho. Um especial agradecimento à minha professora orientadora Denise Oliveira Centeio, cujo apoio, dedicação, críticas e achegas contribuíram muito para o trabalho agora apresentado. A quem agradeço pelo seu inestimável contributo. iv “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer) v ÍNDICE GERAL RESUMO ..................................................................................................................... x ABSTRACT ................................................................................................................ xi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................. xii INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13 Justificativa ........................................................................................................................... 14 Problemática ......................................................................................................................... 15 Objectivos ............................................................................................................................. 16 Objectivo Geral.................................................................................................... 16 Objectivos Específicos ......................................................................................... 16 CAPÍTULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................................... 18 1.1.Perspectiva Histórica das drogas................................................................................... 18 1.2.Drogas: Conceitos Gerais .............................................................................................. 19 1.3.Classificação das drogas ................................................................................................ 23 1.3.1.Depressores ou Psicolépticos ....................................................................... 24 1.3.2.Estimulantes ou Psicoanalépticos ................................................................ 24 1.3.3.Alucinogénio, Perturbadores ou Psicodislépticos ......................................... 24 1.4.Cannabis e seus efeitos .................................................................................................. 25 1.5.Adolescência .................................................................................................................. 27 1.6.O consumo de drogas entre adolescentes ..................................................................... 28 1.6.1.Factores de risco e de protecção do consumo de drogas na adolescência ...... 29 1.6.1.1. Influência da família ................................................................................ 30 1.6.1.2. Influência dos grupos de Iguais ou Pares ................................................. 31 1.7.Prevenção ....................................................................................................................... 32 1.8.Políticas na prevenção do consumo de drogas em Cabo Verde .................................. 33 1.9.Enfermagem Comunitária ............................................................................................. 35 1.9.1.Abordagem da Enfermagem Comunitária no consumo de drogas da adolescência ......................................................................................................... 37 1.9.1.1. Função do enfermeiro na prevenção primária .......................................... 39 1.9.1.2. Função do enfermeiro na prevenção secundária ....................................... 39 1.9.1.3.Função do enfermeiro na prevenção terciária ............................................ 40 1.10.Modelos de Educação para Saúde .............................................................................. 41 1.10.1.Modelo PRECEDE-PROCEED ................................................................. 41 vi 1.10.2.Modelo saúde-crença ................................................................................. 42 1.10.3.Modelo de Promoção de Saúde.................................................................. 42 1.11.Intervenções de enfermagem comunitária aos adolescentes do bairro da Ilha de Madeira que consomem drogas ................................................................................... 43 1.11.1.Processo de Enfermagem Centrada na Comunidade .............................................. 44 CAPÍTULO II: FASE METODOLÓGICA ................................................................. 45 2.1.Tipo de estudo/pesquisa................................................................................................. 46 2.2.Amostra/Participantes .................................................................................................... 47 2.3.Instrumentos de recolha de dados ................................................................................. 48 2.3.1.Questionário ................................................................................................ 49 2.3.2.Observação não participante ........................................................................ 49 2.3.3.Entrevista .................................................................................................... 49 2.4.Campo empírico ............................................................................................................. 50 2.4.1.Caracterização da comunidade .................................................................... 50 2.5.Procedimentos ................................................................................................................ 53 CAPÍTULO III – FASE EMPÍRICA ........................................................................... 55 3.1.Apresentação e interpretação de resultados.................................................................. 56 3.1.1.Caracterização sócio-demográfica da amostra ............................................. 56 3.1.2.Apresentação de resultados da estatística descritiva das variáveis estudadas 57 3.1.3.Comparação de variáveis .................................................................................... 69 CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................. 69 Propostas do estudo .............................................................................................................. 74 Proposta do programa – Programa de Prevenção de drogas “Adolescer Saudável” 72 Referências bibliográficas ........................................................................................... 81 Apêndice I: Consentimento Informado ........................................................................... i Apêndice II: Questionário ............................................................................................. ii Apêndice III: Guião de entrevista ........................................................................................ iii Apêndice IV Guião de observação ....................................................................................... iv Apêndice V: Dicionário de váriaveis .................................................................................... v Apêndice VI: Ilha de Madeira .............................................................................................. vi Apêndice VII: Cronograma da Investigação ...................................................................... vii Apêndice VIII: Diagnóstico, Intervenções e Actividades de Enfermagem ..................... viii vii ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico1. Experimentação ........................................................................................... 57 Gráfico 2. Idade do 1º consumo .................................................................................. 57 Gráfico 3. Substância do 1º consumo .......................................................................... 58 Gráfico 4. Sensação do 1º consumo ............................................................................. 58 Gráfico 5. Motivo do 1º consumo ................................................................................ 59 Gráfico 6. Consumo Actual ......................................................................................... 59 Gráfico 7. Substâncias de Consumo Actual ................................................................. 60 Gráfico 8. Frequência do Consumo ............................................................................. 61 Gráfico 9. Companhia de Consumo ............................................................................. 61 Gráfico 10. Consumo dos membros do Grupo ............................................................. 62 Gráfico 11. Aquisição da Substância ........................................................................... 62 Gráfico 12. Dinheiro da compra .................................................................................. 63 Gráfico13. Venda de Substância Local ........................................................................ 63 Gráfico 15. Familiares que consomem ........................................................................ 64 Gráfico 16. Substância do Consumo Familiar .............................................................. 65 Gráfico 17. Conflito Familiar ...................................................................................... 65 Gráfico 18. Conhecimento do Consumo por dos Familiares ........................................ 66 Gráfico 20. Prática Desportiva .................................................................................... 67 Gráfico 21. Práticas Religiosas .................................................................................... 67 Gráfico 22. Consumo de substância como resolução de problemas .............................. 68 Gráfico23. Substâncias e problemas de Saúde ............................................................. 68 Gráfico 24. Mudar o hábito ......................................................................................... 68 Gráfico 25. Mudança comportamental......................................................................... 69 viii ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Comparação das médias e desvio padrão da idade do primeiro consumo em função do sexo ............................................................................................................ 70 ix RESUMO O uso de drogas tem revelado um sério problema de saúde pública. O estudo que se apresenta debruça-se sobre o problema. Especificamente, pretende identificar as intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas entre adolescentes do bairro de Ilha de Madeira, em São Vicente. Para tal, foi estudada uma amostra de 50 adolescentes de ambos os sexos, com idade compreendida entre os 12 e os 18 anos inclusive, sendo a média de idades 15,98 anos (DP = 1,532). Os dados foram recolhidos com base num questionário. Os resultados revelaram que, a maioria dos adolescentes já experimentaram e continuam a experimentar substâncias psicotrópicas. Alguns dos quais experimentaram ainda na infância. Na globalidade os resultados mostram que o álcool é a substância lícita mais experimentada e, a padjinha, a substância ilícita mais consumida. A história do consumo familiar é outro resultado encontrado. Estes resultados apelam a intervenção de enfermagem comunitária e indicam a necessidade de uma intervenção precoce voltada para práticas de promoção de saúde, delimitando acções educativas que reflictam comportamentos e atitudes assertivos de saúde dos adolescentes e suas respectivas famílias. Palavras-chave: adolescência, drogas, intervenções, enfermagem comunitária. x ABSTRACT The drug use has revealed a severe public health. This study focuses on the problem, specifically, it aims to identify the community nursing intervention for the drug use among adolescent from community of bairro da Ilha de Madeira, in São Vicente. For this, it studies a sample of 50 adolescent of both gender, whose age between 12 and 18. The mean of age is 15, 98 years old (SD = 1,532). The data were collected based on a questionnaire. The results showed that the most of adolescent have tried and continue to try psychotropic substances. Some of them experienced it in their childhood. In general, the findings show that the alcohol is the most experienced legal substance, and the padjinha, is the most experienced illegal substance. The story of the familiar consumption is another result found. The results aware for the community nursing intervention and indicate the need of early intervention aimed at the health promotion practices, by defining educative activities that reflects healthy behaviors and attitudes of adolescent and their families. Keywords: adolescent, community nursing, drugs, intervention. xi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS a.C. antes Cristo apud citado por CAP’s ad Centro de Atenção Psicossocial - álcool e drogas CCCD Comissão de Coordenação de Combate à Droga cf conferir ECA Estatuto da Criança e do Adolescente et al e outros EUA Estado Unidos da América ibid na mesma obra id do mesmo autor INE Instituto Nacional de Estatística LSD Ácido Lisérgico MS Ministério da Saúde NANDA North American Nursing Diagnosis Association NIC Classificações das Intervenções de Enfermagem OMS Organização Mundial da Saúde ONG Organização Não Governamental PJ Polícia Judiciaria PN Polícia Nacional PNDS Plano Nacional de Desenvolvimento THC Tetraidrocanabinol UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura ONUCD Office des Nations Unies Contre la drogue et le crime s.d. sem data s.p. sem página SNC Sistema Nervoso Central SPSS Statistical Package for the Social Science xii O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária INTRODUÇÃO O presente estudo, que ora se apresenta surge no âmbito da conclusão da Licenciatura em Enfermagem realizada na Universidade do Mindelo e, tem como tema O Consumo de Drogas na Adolescência: uma abordagem da enfermagem comunitária. O consumo de substâncias psicotrópicas na adolescência é um tema demasiado estudado e discutido ao longo dos tempos. Contudo, parece ser um tema que, pela sua complexidade e multiplicidade de factores envolvidos, ainda não atingiu a sua maturidade, uma vez que à medida que evoluem as gerações, sociedades e culturas progride similarmente as variáveis a ter em consideração quando está-se perante este tipo de comportamento de risco. Os adolescentes que adoptam pelo menos um comportamento de risco geralmente reúnem maior declive para outros comportamentos de risco, sobretudo o uso de drogas. Em específico, os comportamentos de risco podem ser vivenciado como algo positivo, no sentido em que são encarados pelo adolescente como uma forma de comprovar a si próprio ou aos outros a capacidade de ser autónomo, manifestando essencialmente a importância de como estes comportamentos são posteriormente ajustados, verificando-se que os problemas na adolescência resultam da interacção de múltiplos factores de risco e não apenas de um factor isolado. Verdadeiramente muitos factores ligados à protecção e ao risco relacionados a saúde, tiveram a sua origem na infância e na adolescência, resultado de um aprendizado social (história do consumo familiar), de uma experimentação ou de uma aderência a um grupo de pertença. Neste sentido, numa perspectiva de promoção e educação para a saúde, os adolescentes e crianças são um importante alvo, gerando acções preventivas específicas para cenários específicos. Assim, para melhor entender este conceito na sua plenitude, torna-se essencial a abordagem desta temática nas ciências de saúde, que contribuem e/ou influenciam para a compreensão, antecipação e decréscimo desse fenómeno. Estruturalmente, o estudo encontra-se organizado em quatro capítulos distintos, incluindo as referências bibliográficas. No primeiro momento é abordado uma nota introdutória, os principais resultados e limitações, o enquadramento do problema e a 13 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária justificativa da investigação, estando em evidência a pergunta de partida, o objectivo geral e os objectivos específicos definidos ao longo da investigação apresentada. O Capítulo I versa o enquadramento teórico, onde pretende-se expor os principais conceitos e o estado da arte do tema em questão. O Capítulo II, apresenta-se a fase metodológica, o Capítulo III, consta a fase empírica onde se apresentará os resultados. E por último, o Capitulo IV, versa a discussão e as considerações finais, procurando apontar a pertinência dos dados recolhidos assim como pontos-chave e, proposta de trabalho. Justificativa A razão da escolha do tema O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma abordagem da Enfermagem Comunitária deve-se por uma lado, a compreensão e enriquecimento intelectual, levando a construção de uma reflexão crítica sobre o consumo de drogas e, por outro, a pertinência de realçar a importância da enfermagem comunitária no tratamento deste problema de saúde pública. Estudar este fenómeno sob o ponto de vista da enfermagem comunitária é de grande ponderação, pois mostra o quão importante trabalhar junto com as comunidades, detectando situações de risco a saúde, dispondo de acções educativas para lidar com situações adversas, visando a prevenção do consumo de drogas na adolescência e, consequentemente promover o bem-estar e o constante equilíbrio da saúde (biológica e psicológica) dos adolescentes e comunidade inseridos no seu contexto social (com seres biopsicossociais). Este estudo visa proporcionar aos estudantes de enfermagem e aos dos outros cursos referências que permitam aprofundar e aperfeiçoar a investigação ao nível do consumo de drogas na adolescência, numa abordagem da Enfermagem Comunitária. Pois, este estudo poderá servir de material de consulta aos académicos, docentes e profissionais da área de enfermagem e pode constituir uma mais-valia na prática da enfermagem da comunitária no âmbito da abordagem às drogas na adolescência. 14 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Problemática O consumo de substâncias psicotrópicas, é um fenómeno bastante antigo, que vem acompanhando a história da humanidade, entretanto, alcançou proporções nunca antes vistas, tornando-se actualmente um verdadeiro problema social e de saúde pública. Segundo o Escritório das Nações Unidas contra Droga e o Crime calcula-se que em todo o mundo, aproximadamente 200 milhões de pessoas, cerca de 5% da população entre os 15 e os 64 anos de idade, usam drogas ilícitas pelo menos uma vez por ano. Cerca da metade dos usuários usam drogas regularmente, isto é, pelo menos uma vez por mês (CDDD/UNDC, 2011, p.7). No que diz respeito às drogas legais, segundo o Relatório Mundial (2005) da Organização das Nações Unidas existem, aproximadamente 200 milhões de dependentes de drogas no mundo, com o predomínio nos adolescentes (Silva e Padilha, 2011, p.1064). Neste sentido consta que a utilização de droga dá-se pela primeira vez, na adolescência (Morel, Hervé e Fontaine, 1999, p.51). Sendo que é um período de procura e descobertas no qual os adolescentes dão mais importância aos seus grupos de amigos e, terminam por entrar em conflitos consigo mesmo e com a família, quando adoptam novos espaços e comportamentos. Esses espaços muitas vezes tornam mais vulneráveis a situações extremas, tais como o consumo de drogas, delinquência e condutas sexuais de risco (Silva e Padilha, 2011, p.1064). Em Cabo Verde a prevalência do consumo de drogas lícitas e ilícitas tem vindo a aumentar nos últimos anos, de acordo com vários estudos realizados no país. De entre esses estudos expõem-se em seguida, dois deles: o estudo realizado pelo Inquérito Nacional sobre a Prevalência do Consumo de Substâncias Psicotrópicas, na população geral em Cabo Verde, em 2012 (apresentado em Maio de 2013), e o primeiro Inquérito Nacional de Prevalência do Consumo de Substâncias Psicotrópicas nas Escolas Secundaria de Cabo Verde, realizado no ano 2013. De acordo com estes estudos o consumo de substâncias psicotrópicas dá-se na adolescência, sendo o álcool a substância lícita mais utilizada e a padjinha ou cannabis a substância ilícita mais consumida. E no que tange ao consumo de substância psicotrópicas lícitas e ilícitas, registou-se que São Vicente é a ilha que consome mais (CCCD/Ministério da Justiça, 2013, s.p.). 15 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Por isso surge o interesse em estudar o tema na ilha de São Vicente, visto que este fenómeno está a afectar a nossa sociedade. E, para que todo este processo de investigação seja mais preciso, faz-se uma delimitação do espaço geográfico (em São Vicente), escolhendo o bairro de Ilha de Madeira, que fica dentro da comunidade de Ribeira Bote. Por estar entre os bairros mais problemáticos da ilha. Consoante Graça (2013, p.70) o bairro da Ilha de Madeira defronta com muitos problemas sociais, realçando a prostituição infantil, delinquência juvenil, gravidez precoce, tráfico de drogas e toxicodependência. Além de ser uma comunidade com uma vida nocturna intensa, com fácil acesso a substâncias ilícitas. Neste sentido, surge a seguinte pergunta de partida: Quais as intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas dos adolescentes do bairro da Ilha de Madeira, São Vicente? Assim sendo, torna-se pertinente estudar e intervir junto a essa comunidade e, um estudo nessa comunidade de defronta vários problemas e, essa intervenção deve contar com as várias áreas tanto das ciências de saúde como das sociais e governamentais, promovendo a saúde biopsicossocial dos indivíduos constituem a comunidade. Objectivos Objectivo Geral: Identificar as intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira, São Vicente; Objectivos Específicos: Identificar o perfil sócio-demográfico dos adolescentes do bairro da Ilha de Madeira; Verificar a incidência do consumo de drogas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira; Identificar as drogas mais usadas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira; Propor um programa de intervenção comunitário para o consumo de drogas. 16 CAPÍTULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária 1.1. Perspectiva Histórica das drogas O refúgio à substâncias capazes de agir sobre o espírito, é tão antiga como a própria existência humana. O consumo de substância foi outrora atribuído ao alívio de dores físicas e morais e, muitas vezes utilizadas como escape dos limites da condição humana, até chegar, por meio do transe e da alucinação, a mundos estranhos (Richard, 1995, p.11). Assim, tanto nas civilizações antigas como nas indígenas, as plantas psicotrópicas, como a cannabis, ópio e coca eram usadas em múltiplos cenários, desde a cura de doenças, afastamento de espíritos maus, conquistas nas caçadas, na atenuação da fome e, o rigor do clima de determinadas regiões (Lacerda, 2008, p.2). Entretanto, algumas dessas plantas psicotrópicas foram primeiramente consumidas como alimento, depois vistas como objecto de culto e, mais tarde, utilizadas pela medicina, posteriormente consumidas como droga. As plantas eram como alimento mitológico, através de um preparado alcoólico, extraído do suco fermentado de cogumelo, para se comunicarem com os Deuses designado por “soma”, pouco antes dos anos 700 a.C. Este preparado era também utilizado como medicamento, a fim de tratar dores físicas, assim como, dores morais (angustia e desgostos) (Andrade, 1994, p.4647). Várias pesquisas arqueológicas apontaram que determinadas pinturas deixadas pelos homens da idade da pedra teriam sido criadas sob efeito de transe que provavelmente incluíam o consumo de plantas psicotrópicas (Lesse, 1998 apud Lacerda, 2008, p.2). No século XVI, começaram a associar a droga à medicina. Neste período Renascentista, Veneza e Nápoles conheceram uma grande magnificência graças ao comércio de especiarias orientais. Das suas jornadas ao Médio Oriente, importavam a cannabis e o ópio. Concomitantemente, com o desenvolvimento do comércio, as drogas de meros instrumentos de culto e bruxaria acabaram, igualmente, a serem conhecidas pelos seus resultados terapêuticos (Andrade, 1994, p.46). Com a chegada da ciência e seu desenvolvimento, as drogas que eram a princípio de origem natural, foram transformadas e deu-se origem a outras, as drogas sintéticas. Esta por sua vez, fizeram-se presente nas duas grandes Guerras Mundiais, 18 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária utilizadas pelas populações e pelos soldados para acalmar a fome, a fadiga, a dor e o sono (Lacerda, 2008, p.3). Logo após a segunda Guerra, as drogas sintéticas começaram a ser utilizadas como tranquilizantes, nomeadamente, os benzodiazepínicos, com fins de tratarem algumas enfermidades, que aliviavam as tensões e que permitiam um sono tranquilo. Além disso, outro marco, é o surgimento do movimento hippie nos anos 60, um movimento liberalista, onde buscavam sair do sistema social padrão, tentando criar uma nova forma de pensar, sentir e perceber a realidade bem diferente que as sociedades estabeleciam. Utilizavam drogas e experiências míticas procurando sensações prazerosas e modificação do estado de consciência (id, p. 4). Com isso, as drogas actuais não surgiram do nada. Antagonicamente, a proeza dos psicotrópicos foi-se alargando aos poucos, de continente em continente, adoptando um ritmo de trocas comerciais, culturais e religiosos. Ao mesmo tempo que as variedades dos produtos e utilizações iam apropriando-se dos contactos entre divergentes hábitos sociais (Xiberras, 1989, p.57). Contudo, a cultura e, também a religião, para além das próprias sociedades, estimulam o uso de algumas drogas, uma vez que desencorajam a utilização de outras. Ou seja, o café, o álcool e o tabaco são drogas socialmente aceites por várias culturas, outras as proíbem. Enquanto, o consumo de cannabis, cocaína e heroína não é aceite por muitas, embora sejam encaradas como sagradas e o seu consumo instigado em outras culturas (Mathre, 1999, p.776). Ainda, Xiberras (1989, p. 58) sublinha que “as culturas dispuseram de total liberdade para escolher, dentre as drogas, aquelas que eram susceptíveis de determinarem os efeitos sócias mais favoráveis, os que melhor se adequavam aos seus desejos ou, seu modo de perspectivar a realidade”. Como pode-se assimilar, o fenómeno do uso de drogas psicotrópicas é historicamente remota. Contudo, é na actualidade que este está se intensificando em grandes proporções, transformando-se num dos problemas sociais mais graves das sociedades contemporâneas (Cury, 2000, p. 23). 1.2. Drogas: Conceitos Gerais Conhecer alguns conceitos e definições científicos sobre o assunto é fundamental para se ter o alicerce adequado e uma melhor compreensão do problema. 19 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária O conceito de droga é bastante vasto, pois existem várias definições que privilegiam alguns aspectos em perda de outros. Umas reflectem nos efeitos das substâncias sobre o indivíduo, outras realçam o papel do indivíduo na procura de substância, outras ainda ponderam também a influência dos factores do meio envolvente (Nina e Cruz, 2001, p.235). Bergeret (1983 apud Nina e Cruz, 2001, p.235) definiu o fenómeno da droga como um encontro fortuito entre um determinado indivíduo com uma determinada substância, num determinado contexto. Nesta mesma perspectiva, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contextuase numa noção mais condensada da definição da droga, referindo tratar-se de todas as substâncias (natural e sintético), que introduzidas no organismo humano vivo podem modificar uma ou mais das suas funções (CCCD/ONUCD, 2011, p. 9). Cavalcante, Alves e Barroso (2008, p.557) salientam que “um conjunto de drogas que tem a capacidade de actuar no psíquico, as intituladas psicotrópicas, que acarretam mudanças de humor, percepção, sentimento de prazer e entusiasmo, alívio, pânico, entre outros, e sobretudo esse grupo que refere o termo droga”. Estas alteram o funcionamento do cérebro e o comportamento do indivíduo, entrando na corrente sanguínea por via oral, endovenosa ou por inalação, seguindo até o sistema nervoso central, onde agem, interferindo no campo de energia emocional e intelectual do indivíduo (Cury, 2000, p.93). Mostrando um importante potencial de risco de uso abusivo e desenvolvimento de um quadro de dependência (Lemos, 2008, p.53). Sendo assim, o nome psicotrópico é, uma denominação científica dado às drogas que causam dependência psicológica e/ou física (Cury, 2000, p.93). O potencial de abuso destas drogas está intimamente relacionado com o fato de, inicialmente produzirem uma sensação de bem-estar. Na medida que esta sensação de bem-estar vai diminuindo, o indivíduo aumenta a quantidade do uso para voltar a sensação inicial, a isto designa-se – tolerância (Lemos, 2008, p. 53). Conforme Cury (2000, p.101) a tolerância à droga refere-se a necessidade do individuo usar dose cada vez maiores para obter os mesmos efeitos que sentia no inicio. O autor faz um distingue três tipos de tolerância: (1) Tolerância comportamental que corresponde a uma adaptação aos efeitos psicológicos da droga; (2) tolerância farmacodinâmica que corresponde a uma adaptação no lugar específico onde as drogas actuam, de forma que a resposta se torna reduzida; (3) tolerância farmacocinética que 20 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária consiste na destruição mais rápida da droga no sangue, principalmente da activação de enzimas do fígado. Pois, quanto faz-se o uso repetitivo da substância, com o intuito de manter a sensação agradável inicial é necessário doses maiores, criando uma tolerância à droga. O indivíduo abusa dessa substância para sustentar o grau de satisfação desejada, assim inicia-se o quadro de dependência (Lemos, 2008, p. 53). Andrade (1994, p.14) postula que qualquer tipo de substância pode levar a dependência. Porém, nem todos se tornam dependentes, pois existem factores como variabilidade individual e mesmo a constituição psicossocial que impede o indivíduo de se tornar dependente. Neste sentido, a OMS (apud Nina e Cruz, 2001, p.238) define a dependência ou toxicodependência como sendo: Um estado psíquico e por vezes físico caracterizado por comportamentos e respostas que incluem sempre a compulsão e necessidade de tomar droga, de forma contínua ou periódica, de modo a experimentar efeitos físicos ou evitar o desconforto da sua ausência, podendo a tolerância estar ou não presente. A dependência pode ser física e psíquica. Consoante Cury (2000, p.94) explica, a dependência psíquica “é a relação estreita entre o usuário e a droga psicotrópica em virtude da representação inconsciente e superdimensionada que a droga tem em sua memória”. Por outras palavras, Teixeira (s.d., p.42) sustenta que a dependência psíquica estabelece-se quando a pessoa acostuma-se a viver sob os efeitos de um produto psicotrópico. Cury (2000, p.95) afirma existir pelo menos três tipos de motivação ou reforços psicológicos, que fazem com que as pessoas cedem as drogas. 1. Reforço psicológico positivo: busca-se experimentar drogas com o objectivo de obter prazer. E, este reforço é geralmente sustentado pela curiosidade, influência e pressão dos grupos de amigos e também por traficantes. Sendo, a porta de entrada para a dependência psicológica. 2. Reforço psicossocial: trata-se da solicitação dos feitos psicológicos da droga para aguentar os problemas, dificuldades sociais e pessoais, ou como forma de ausentar-se deles. Esse tipo de reforço é sustentado pelos conflitos familiares, pelos transtornos psíquicos, pela rejeição social, pelas dificuldades financeiras, entre outros. 3. Reforço psicológico: nesse estágio, chega-se a dependência propriamente dita. Nesta fase a pessoa usa drogas, não fará apenas para buscar prazer ou suportar 21 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária os problemas, mas para aliviar os efeitos psicológicos indesejáveis, decorrentes da abstenção, tais como insónia, ansiedade, angústia, depressão e irritabilidade, e esses sintomas variará de acordo com a intensidade da dependência. Por seu turno, a dependência física acontece quando o organismo habitua-se a presença do produto (Teixeira, s.d., p.42), pois a droga é capaz de passar a fazer parte do organismo, de tal maneira que, na sua falta o organismo produz reacções intensas, reacções de sofrimento, a chamada síndrome de abstinência, esta por sua vez pode produzir desde sinais e sintomas leves até a morte (Cury, 2000, p.98). Deste modo, López, Páez, Sánchez e Piedras (s.d., p.4) definem a síndrome de abstinência como a privação à droga que é caracterizado por um grupo de sinais e sintomas no indivíduo devido à supressão ou redução do consumo de uma droga e são característicos de cada tipo de droga. A característica fundamental da síndrome de abstinência da substância é o progresso de uma alteração comportamental mal adaptativa e específica, com prejuízos fisiológicos e cognitivos, devido à cessação do uso pesado e prolongado da substância (Gonçalves, 2005 apud Lacerda, 2008, p.6). Assim, o mecanismo da toxicodependência ou dependência das drogas figurase muito ao que se passa com as pessoas que são escravas do televisor, do seu carro, do seu trabalho, ou outro nível de ideologia, uma religião ou desporto. Todas as drogas têm sua função de comprimir os sentimentos menos agradáveis e ocorre os sentimentos de bem-estar. Mas quando se é dependente, já não se aplica o prazer neste cenário, mas de uma necessidade dominadora. Cada dependência tem suas particularidades e cada uma comporta os seus riscos, mas todos os indivíduos dependentes têm de comum a sua vulnerabilidade e o fato de estarem privadas de uma parte da sua liberdade (Andrade, 1994, p.7-8). Contudo, as experiências dos usuários de drogas não são iniciadas de forma solitária ou voluntariamente, realizam no interior, de um contexto socioeconómico, de uma história submersa em momentos socioculturais, enraizados a sistemas familiares e regulados pela manipulação e apelo da sociedade na qual vivem. O consumo de drogas fundamenta-se, portanto, com os dados da história do indivíduo (Paulilo e Jeolás, 2008, p.36). Parece-nos então que cada usuário da droga experiencia esse cenário de maneira diferente, pelo que se mostra valioso apresentar a cosmovisão da UNESCO (apud Teixeira, s.d., p.42) sobre o assunto. A UNESCO distingue quatro tipos de 22 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária usuários: (1) Experimentador refere que é aquele limita-se a experimentar uma ou várias drogas, por diversos motivos, tais como curiosidade, sem dar continuidade ao uso; (2) Usuário ocasional que é aquele utiliza uma ou várias substâncias, quando disponível ou em ambiente favorável, sem rupturas nas relações afectivas, sociais ou profissionais; (3) Usuário habitual ou “funcional” que é aquele faz uso frequente, ainda que controlado, mesmo assim “funciona” socialmente, embora de forma precária e correndo risco da dependência; e, (4) Usuário dependente ou “disfuncional” (toxicómano, drogado, dependente químico) que é aquele vive pela droga e para a droga, descontroladamente, com rupturas em seus vínculos sociais, podendo haver marginalização e isolamento. Importa pois frisar que, o usuário ocasional do dependente é a frequência do uso de drogas. Enquanto, alguns indivíduos consomem drogas esporadicamente, outras se tornarão dependentes, sem saber como controlar esse consumo que torna-se impulsivo e repetitivo (Ferreira, Souza e Cubas, 2008, p.64). Esse é o caminho normalmente percorrido pelos usuários da droga, em que com o tempo, esse simples consumo ocasional passa ao consumo regular e, sem dar conta, este torna-se dependente, pensado que podia dominar e controlar o consumo (Teixeira, sd, p. 42). 1.3. Classificação das drogas As drogas psicotrópicas podem ser classificadas de várias maneiras, levando em conta sua estrutura química, seus efeitos farmacológicos ou sua origem natural ou sintética (Lacerda, 2008, p.14). Cavalcante, Barbosa e Barroso (2008, p.557) classificam as drogas psicotrópicas de seguinte forma: (a) psicolépticos (sedativos); (b) psicoanalépticos (estimulantes); e, (c) psicodislépticos (perturbadores) ou ainda, de resultados combinados ou potenciais. Podem ser divididos em naturais, sintéticos e semissintéticos, ilícitas ou lícitas. Além disso, do ponto de vista sociocultural, podem ser integrados ou rejeitados, de finalidade terapêutica ou não. Esta classificação, segundo Mathre (1999.p.779) relaciona-se com o efeito que as drogas produzem no Sistema Nervoso Central (SNC) e com as sensações gerais ou experiências que induzem. 23 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Para melhor elucidar, passar-se-á a apresentar uma breve explicação das alterações que as drogas produzem no SNC, consoante a classificação anterior proposta por Cavalcante, Alves e Barroso. 1.3.1. Depressores ou Psicolépticos São substâncias capazes de atenuar a actividade cerebral, havendo também propriedades analgésicas (CCCD/ONUCD, 2011, p.9). Diminuem o nível total de energia corporal, a coordenação muscular, a respiração, o ritmo cardíaco, reduzem a sensibilidade aos estímulos exteriores e, em altas doses, induzem ao sono, até o estado de coma e, se falharem as funções vitais, à morte (Mathre, 1999, p.780). São exemplos dessas drogas, o álcool, os hipnóticos, os inalantes, os opióides (heroína, morfina), os ansiolíticos e os benzodiazepinicos. 1.3.2. Estimulantes ou Psicoanalépticos Segundo CCCD/ONUCD (2011, p.9) são substâncias capazes de aumentar a actividade cerebral. Fazendo com as pessoas se sintam mais alertas e mais activas. Estas drogas contribuem para diminuir o sono e o apetite, acelera o pensamento, tornando as pessoas eufóricas e com sensação de poder. Por isso mesmo, possuem alto poder de abuso e dependência. Com exemplo cocaína, anfetaminas, nicotina, xantina, entre outros; 1.3.3. Alucinogénio, Perturbadores ou Psicodislépticos Estas produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do SNC, nomeadamente alterações mentais como os delírios ilusões e alucinações. Por isso, são também designadas psicoticomiméticas ou seja, mimetizam a psicose (Carlini, Nappo, Galduróz e Noto, 2001, s.p.). São exemplos a maconha, LSD, anticolinérgicos, ecstasy, entre outros. Relativamente a classificação das drogas Teixeira (s.d., p.43) apresenta uma perspectiva diferente classificando-as do seguinte modo: (a) drogas lícitas referindo-se àquelas que, apesar de regulamentadas, não são proibidas por lei, como por exemplo: o 24 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária álcool e o tabaco; (b) drogas ilícitas, cuja produção e o consumo são proibidos por lei no território nacional; (c) drogas duras são aquelas que causam danos visíveis e a curto prazo, sobre o organismo; e, (d) drogas leves referindo aquelas cujos efeitos sobre o organismo são de longo prazo e não são percebidos facilmente. Estas duas últimas são assim socialmente designadas, pelos seus efeitos sobre o organismo. 1.4. Cannabis e seus efeitos A cannabis é um alucionogénio, considera como uma droga psicotrópica ilegal mais consumida em Cabo Verde. De acordo com os resultados do Inquérito Nacional sobre a Prevalência do Consumo de Substâncias Psicoativas, na população geral em Cabo Verde, 7.6% da população com idade entre 15 a 64 anos de idade consumiram alguma droga ilícita, em algum momento da sua vida, principalmente a cannabis ou padjinha, a droga mais consumida, com 7.2% (CCCD/Ministério da Justiça, 2012, s.p). A Cannabis ou Cânhamo indiano é uma das plantas mais antigas conhecida e cultivada pelo ser humano (Richard, 1995, p.25). Originária da Índia, Nepal e Afeganistão e presumivelmente surgiu na China no período neolítico, há 6000 anos (Andrade, 1994, p.53). Durante muito tempo, constitui-se uma importante riqueza agrícola, pois suas sementes permitem fabricar telas, para além de estarem na base do fabrico de rações de gado e, suas folhas são ricas em inúmeros compostos químicos com interesse terapêutico (Richard, 1995, p.25). Tal com no tratamento da dismenorreia e enxaqueca e, tratamento da adição da heroína ou cocaína. Porém nos dias de hoje já não é utilizada para fins terapêuticas, uma vez que é uma substância psicotrópica considerada ilegal por lei (Mathre, 2008 p.861). Descrita cientificamente em 1753 por Linné, por Cannabis Sativa (Richard, 1995, p.26). Podendo apresentar sob três formas: a erva (cor esverdeada ou castanha), o haxixe a (resina de cannabis, uma pasta semi-sólida em forma concentrada, de cor preta os castanha) e óleo de cannabis (menos comum) (CCCD/ONUCD, 2011, p.14). O Tetraidrocanabinol (THC) é o principal princípio activo responsável pelos efeitos psíquicos da droga no organismo, pois este composto químico é lipófilo, tendo a capacidade de dissolver nos lípidos, assim procura-se fixar no tecido cerebral e, ali exerce a sua acção (Richard, 1995, p.26 e 31). 25 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária A cannabis pode provocar sensação de bem-estar ou euforia, relaxamento e percepção sensorial intensa. Os efeitos secundários incluem olhos secos e vermelhos, aumento do apetite, boca seca, sonolência, e uma ligeira taquicardia (Mathre, 2008, p.861). Por outro lado, interfere na execução de tarefas físicas e intelectuais (CCCD/ONUCD, 2011, p.15). As reacções adversas são ansiedade, desorientação e psicose (Mathre, 2008, p.861). A psicose aguda induzida por cannabis normalmente ocorre logo após o uso dessa substância e ocorre com delírios persecutórios, ansiedade, labilidade emocional, despersonalização e amnésia em relação ao episódio (Hallak, Bressan, Crippa e Zuardi, 2008, p. 191). Atrapalha as capacidades de memorização a curto prazo, a atenção e a concentração intelectual. Constituindo perturbações progressivamente reversíveis com a paragem do consumo. Entretanto o uso prolongado, num ritmo aparentemente sem perigo, com o acúmulo do THC no cérebro, altera as capacidades de trabalho, de aprendizagem e, cria-se um estado de passividade e desinteresse. Com isso, um adolescente pode comprometer num momento crucial da sua existência tanto a sua inclusão afectiva como no seu êxito escolar ou universitário (Richard, 1995, 38 e 39). Manifestado por atraso no desenvolvimento mental e predominância de determinados estados psíquicos de carência, moleza, angustia, aborrecimento, etc. (Andrade, 1994, p.21). Estes aglomerados de manifestações constituem, segundo uma terminologia criticada mas bastante usada, a síndrome amotivacional ou síndrome de défice energético, que é o efeito verdadeiramente mais preocupante do consumo da cannabis (Richard, 1995, 39). A principal preocupação física dos consumidores crónicos é a possível danificação do trato respiratório devido ao facto de ser inalada, podendo desenvolver tolerância bem como dependência física. Contudo, a síndrome de abstinência é benigna. A adição pode ocorrer em alguns e é difícil de tratar porque a progressão tende a ser subtil. (Mathre, 2008, p.861). 26 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária 1.5. Adolescência A o termo adolescência deriva do latim adolescere que significa idade que cresce (Tourrete, 2012, p.186). Depara-se na literatura uma certa dificuldade em conceitualizar o termo adolescência. Aparecendo este, muitas vezes, definido como período de transição da infância e a idade adulta. Que neste estudo considerou-se ser adolescente individuo com idade compreendida entre 12 e os 18 anos, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) vigente em Cabo Verde (ECA, 2014, p.5). Porém, tal como a infância e a idade adulta a adolescência também é uma fase do ciclo vital ou uma etapa do desenvolvimento marcada por características próprias, podendo no entanto ser definida na sua dimensão psicobiológica, histórica, política, económica social e cultural. Nesta fase do desenvolvimento ocorrem modificações corporais (físicas e fisiológicas) decorrentes da segregação de hormonais pelas glândulas endócrinas (hipófise e glândulas supra-renais). Essas alterações que confluem na maturação dos órgãos genitais e na capacidade reprodutiva levam a um despertar da sexualidade. Contudo, a adolescência é muito mais do que mera eclosão das hormonas. Relacionada as mudanças púberes estão as mudanças comportamentais que têm consequências imediatas nas relações consigo e com os outros nomeadamente a família e os grupos de pares, que advêm também das novas capacidades a nível intelectual (capacidade de abstracção e relativização, pensamento formal/lógico, proposicional e reflexivo) (Tourrette, 2012, p.189 e 190). Estas novas habilidades intelectuais permitem o indivíduo a apreciar a dimensão dessas mudanças e com isso reorganizar o senso de self, questionando “Quem sou eu?”.Com todo este arranjo as tarefas evolutivas desta fase de desenvolvimento é a procura da identidade e a conquista da autonomia pessoal. Esta descoberta de si próprio leva ao distanciamento da família e a aproximação dos grupos de pares (Rabello e Passos, sd., sp.) O efeito combinado das mudanças físicas e sociais costuma ser psicologicamente devastador, não raras vezes, gerando sentimentos de insegurança, solidão e até confusão. O compromisso com a procura da identidade que nem sempre se processa de forma suave leva o adolescente a comportamento de auto-exploração 27 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária através da experimentação (Enciclopédia) por vezes dentro do grupo (Corpas, Surís e Limonta, sd.). 1.6. O consumo de drogas entre adolescentes O uso de drogas pelos jovens e os problemas que acarreta tem sido uma enorme preocupação por partes das sociedades modernas e, não só. Em Cabo Verde, a situação não difere. Já na década de 90, vários autores entre as quais Morel, Hervé, e Fontaine (1999, p.51) e Murad (s.d., p.118) expuseram suas preocupações quanto à exposição dos adolescentes às drogas. Mas recentemente, a este propósito Ventikides e Cordellini (2008, p.56), postulam que ao longo dos tempos e, no quotidiano da sociedade contemporânea, a presença de drogas lícitas e ilícitas tem sido frequente entre adolescentes, independente do seu nível socioeconómico. Paulilo e Jeolás (2008, p.60) salientam que a exposição ou vulnerabilidade do adolescente às drogas leva-o ao envolvimento, este que pode ocorrer com a droga por fases: (1) a fase de abstinência em que não existe nenhum contacto com a droga; (2) a fase do uso experimental, fase esta que ocorre casualmente; (3) fase do abuso inicial onde começa o abuso de substância e, por conseguinte, prejuízos sócias e legais e, (4) a dependência, onde aparece a tolerância que por sua vez acarreta prejuízos de índole físico, sociais e legais significativas/severas. Relativamente às causas do consumo entre os adolescentes, a literatura revelase clara quanto a multifatorialidade. Deste modo, Canavez, Alves e Canavez, (2010, p.58) salienta que um dos factores implicados no envolvimento e/ou exposição dos adolescentes ao consumo de drogas são as características próprias da adolescência marcadas essencialmente pelas transformações biopsicossociais. Transformações estas que segundo os autores, vêm permeados de dúvidas, instabilidade emocional, baixa auto-estima, etc. Acrescentam, Silva e Radecki (2014, p.170), sustentam que a vulnerabilidade às drogas é potenciada também por factores relacionados ao próprio adolescente como o sexo, factores sociais (classe social), padrões de relacionamento, parentalidade nomeadamente os padrões de relacionamentos marcados por conflitos; história familiar 28 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária de consumo; vivencias infantis traumáticas, curiosidade, busca de aceitação no grupo de pares e, a própria cultura ou religião. Por seu turno a OMS (apud Freire, Lôbo e Oliveira, 2010, p.84) aponta 5 razões por que os jovens podem se aliciados pelas drogas (1) necessidade de sentir adulto para tomar suas próprias decisões; (2) o anseio de ser popular entre o grupo de convívio; (3) a busca de relaxamento e de bem-estar; (4) o desejo de conseguir vencer o medo, para ter coragem de correr riscos e rebelar-se; e (5) a simples curiosidades. Numa perspectiva diferente, Cavalcante, Alves e Barroso (2008, p.556) um factor que incita o consumo de drogas entre os adolescentes prende-se com a crescente produção industrial de bebidas alcoólicas e o forte incentivo dos meios de comunicação em favor ao consumo. Além do exposto, o não cumprimento das leis vigentes, a não fiscalização das exigências legais, as normas sociais do consumo de drogas e mesmo às crenças em torno do consumo são outros factores que estimulam o uso de drogas entre adolescentes como é perceptível a reflexão de Alvarase (2006) e Almeida (2007) ( apud Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.556). Simões et al (2006 apud Passos, Evagenlistas e Barros, s.d., p.6) a opção pelo consumo de drogas pelos adolescentes ocorre em larga escala pelos efeitos da substância, normalmente bem-estar, satisfação, desinibição, relaxamento, etc. 1.6.1. Factores de risco e de protecção do consumo de drogas na adolescência No período de adolescência, o adolescente vê-se exposto a diversos factores que podem ou não aumentar a probabilidade do mesmo a usar qualquer substância psicotrópica (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.58). Sublinhando que, a actuação desses não é de igual maneira em todos os adolescentes, o que pode ser um factor de risco para um indivíduo, poderá não ser para outro. (CCCD/ONUCD, 2011, p.21). Além disso, os factores de riscos também podem ser identificados como factores específicos de protecção e, vice-versa. (Brasília, 2006, p.10). Deste modo, os factores protectores são características da pessoa ou circunstância que minimizam a possibilidades de consumir drogas (CCCD/ONUCD, 2011, p.21). 29 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária E, os factores predisponentes ou de risco ao consumo indevido de drogas, são considerados particularidade de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social que colaboram, em maior ou menor grau, para ampliar a probabilidade deste consumo (Brasília, 2006, p.10). Esses factores podem ser divididos nos diversos âmbitos tais como biológico, individual, familiar, o ambiente, cultural, entre outros (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.60). Assim, numa óptica mais condensada, Teixeira refere que: Os problemas relacionados ao uso de drogas surgem, de fato, de um encontro entre três factores básicos. Operando juntos, eles provocam sérios problemas, que podem levar à dependência. São eles: droga, “o produto” e seus efeitos; a pessoa, a personalidade e seus problemas pessoais; a sociedade, o contexto sociocultural e económico, suas pressões e contradições (Teixeira, s.p., p.43). Para isso, não deixando de realçando que, cada factor tanto de risco como de protecção não pode ser visto separadamente (CCCD/ONUCD, 2011, p.21) e, encarados de forma linear, pois a protecção contra o abuso de substâncias psicotrópicas não é dada pela presença de um único factor (Moreira, 2005, p.16). Pois, o modo que estes factores interferirão dependerá muito dos factores de resiliência de cada sujeito (Canavez, Alves Canavez, 2010, p.60), por outras palavras, é a capacidade do indivíduo tem para adaptar-se de forma positiva ou não as situações adversas, que engloba vários factores de risco deste de ameaças internas e externas, ou a capacidade de recuperar das situações de trauma (Moreira, 2005, p. 16). 1.6.1.1. Influência da família A família é um dos importantes indicadores para o crescimento biopsicossocial do adolescente (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.61). Assim, a família é de extrema relevância para a formação dos princípios morais próprios do adolescente, sobretudo, na sua essência são transmitidas valores que vão guiá-los no seu convívio social, constituindo a base para o desenvolvimento deste. Esperando que essa formação transmita influências positivas, atendendo as necessidades psicológica e sociais do indivíduo (Zeitoune, Ferreira, Silveira, Domingos, Maia e Oliveira, 2012, p.58). No entanto, se houver ruptura no desenvolvimento saudável do adolescente como conviver num ambiente (podendo ser um aspecto cultural ou religioso) onde o consumo de substâncias psicotrópicas é aceitável, a presença de um dos pais no domicílio (família monoparental), uso de substância psicotrópicas (principalmente as 30 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária licitas) dos pais, atitudes permissivas pelos pais ou autoridade excessivas discórdias e insulto, divórcio, relação ruim com pai ou a mãe, entre outros problemas. Logo, a família passa a ser um factor de risco que aumenta a probabilidade do adolescente vir a fazer uso de drogas (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.61-62). 1.6.1.2. Influência dos grupos de Iguais ou Pares Uma outra necessidade fundamental do homem que traduz a adolescência, é a uniformidade entre os semelhantes unidos em sociedade, sendo que cada sujeito não só constrói-se com a identidade própria mas também com os elementos de uma unidade e parte de um conjunto e, esta necessidade de apego manifesta-se na tendência em pertencer a um grupo (Morel, Hervé e Fontaine, 1999, p.56). Pois, o adolescente é um indivíduo que afirma com o grupo de pertença, passando a ajustar com os integrantes dessa turma (Zeitoune et al, 2012, p.58). Geralmente os grupos de amigos têm características próprias e são constituídas por regras. Regras que podem ser saudáveis ou não e, uma das principais regras de um grupo, que todos os integrantes tenham os mesmos comportamentos. Comportamentos, que muitas vezes começa pela transgressão da lei, dando prova de serem dignos para pertencerem ao grupo, mostrando a sua coragem e determinação (Morel, Hervé e Fontaine, 1999, p.56). Com isso, Silber e Souza (1998, p.13, apud Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.61) realçam que: Um dos mais poderosos factores predisponentes ao uso de substância é a influência do grupo de iguais. Um adolescente cujos melhores amigos usam o fumo, o álcool e outras drogas será mais facilmente levado a experimentar do que aquele que os amigos evitam drogas e não estão de acordo com seu uso” Os grupos não só influenciam as atitudes do adolescente em relação as drogas, mas fornecem os contextos para o uso daquelas substâncias. A coacção do grupo começa a manifestar-se com maior evidência por volta dos 14-16 anos, altura em que se verifica um declínio da influência da família e onde ganham especial relevo a outras influências sociais como os mass média, a escola e os próprios grupos de pares (Campos, 1997, p.227). Portanto, os adolescentes que consomem drogas têm mais probabilidade de estarem associados a pares que usam drogas e, essa associação, aumenta as chances de 31 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária que eles mantenham ou incrementam o seu desenvolvimento com as drogas (Pechansky, Zsobot e Scivoletto, 2004, p.16). 1.7. Prevenção Os usuários de substâncias psicotrópicas, geralmente procuram ou são encaminhados aos serviços especializados já numa fase muito avançada (Formigoni, 1992, apud Lacerda, 2008, p32). Deste modo, a detecção precoce do uso dessas substâncias e suas consequências a saúde, tem sido de grande valia para intervir nas fases iniciais do problema, optimizando o prognóstico (Rubin, 1996, WHO ASSIST WORKING GROUP, 2002, apud ibid). Neste sentido, Nina e Cruz (2001, p.245) definem a prevenção como “um conjunto de estratégias destinadas a criar e manter estilos de vida saudável e engloba o envolvimento das comunidades (incluindo família, escolas, igrejas) e dos seus sistemas (políticos, forças de segurança, meios de comunicação social) ”. A literatura sugere duas tipologias de prevenção: (1) a tipologia clássica que se refere essencialmente ao momento da evolução em que as estratégias preventivas são implementadas, esta distingue 3 níveis de prevenção, a prevenção primária, a secundária e a terciária; (2) a tipologia proposta por Gordan que focaliza o tipo de população a que, em que apresenta três categorias: prevenção universal (destinada à população em geral), indicada (direccionada a grupo de indivíduos que se apresentam numa situação de alto risco do que a população geral), e selectiva (dirigida ao grupo de alto risco) (Moreira, 2005, p.12). O modelo de prevenção desenvolvido em Cabo Verde suporta-se numa perspectiva de saúde pública, focando-se nos três níveis da tipologia clássica. No que diz respeito ao uso/abuso das drogas, Martin (1995, p.55 apud Moreira, 2005, p.13) descreve a prevenção da toxicodependência “como um processo activo de implementação de iniciativas tendentes a modificar e melhorar a formação integral e a qualidade de vida dos indivíduos, fomentando o autocontrolo individual e a resistência colectiva face à oferta de drogas”. A prevenção do uso de substância psicotrópica visa a adopção de uma atitude responsável baseada no conhecimento científico nessa área, tendo como finalidade 32 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária exclusiva, ajudar as pessoas de uma referida população a não abusar das drogas e, consequentemente, a não causar danos à si mesmo e às sociedades (Babor, Carroli, Christiansen, Donaldson, 2004, apud Lacerda, 2004, p.33). Contudo, uma prevenção eficaz só é possível se houver uma noção clara do que se quer atenuar ou anular (factores de risco) e, do que se quer melhorar (factores protectores) (Moreira, 2005, p. 13). Com isso é, fundamental programas preventivos eficazes que devem dar ênfase aos temas, nomeadamente: informações sobre a saúde e a sua promoção, capacidade de tomar decisões e resolver problemas, competência de comunicação, pressão negativas do grupo de pares e modo de lhes fazer frente, alternativas ao uso de drogas, identidade e auto-estima, informações precisas sobre as drogas (Nina e Cruz, 2001, p.246). Portanto, pode-se afirmar que a eficácia das intervenções preventivas na área das drogas dependerá do grau em que essas estratégias forem capazes de fortalecer a autonomia do indivíduo perante os vários determinantes (psicológico, sócio-cultural) para usar as drogas lícitas e ilícitas, com que se confrontará ao longo da sua existência (ibid, p. 236). 1.8. Políticas na prevenção do consumo de drogas em Cabo Verde O governo de Cabo Verde, ciente do consumo de drogas e do agravamento mundial, tem investido esforços no combate ao tráfico e ao consumo de drogas, junto com a comunidade internacional. Do ponto de vista governamental, o Ministério da Justiça e, através da Comissão de Coordenação de Combate à Droga (CCCD), Ministério da Saúde, Policia Nacional (PN) e a Policia Judiciaria (PJ), evidenciam-se no país como os que têm tido importante função no combate/controlo das drogas. A CCCD foi criada a fim de dar resposta ao aumento da escala da oferta e procura de substâncias ilícitas, através do decreto regulamento 2/95, de 18 de Janeiro, que regula a composição, as atribuições e as actividades da comissão de luta contra o tráfico ilícito de estupefacientes e outras substâncias psicotrópicas (Barros, 2014, p. 45- 46).). No que diz respeito as leis que regem o controlo de tráfico de estupefacientes: 33 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Lei n.º 27/IV/91 Agrava pena aplicável à produção de tráfego de estupefacientes e substâncias psicotrópicos -Boletim Oficial I S nº52 de 30 de Dezembro de 1991; Lei n.º 78/IV/93 Decreta os crimes do consumo e tráfico de estupefacientes e substâncias psicotrópicas - Boletim Oficial I S n.º 25 de 12 de Julho de 1993; Em relação, ao consumo de álcool, a lei nacional não proíbe a produção, apenas regula as condições que ela deve ocorrer. No que refere-se a legislação, esta proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Lei nº 27/V/97 Interdita a venda de bebidas alcoólicas a menores – Boletim Oficial I S nº 24, de 23 de Junho de 1997; Portaria nº 54/97 Aprova os modelos e as dimensões das placas de advertências das proibições de entradas e permanência de menores de 18 anos em locais de venda, a oferta ou o fornecimento de bebidas alcoólicas, bem como salas de danças e locais de diversões onde se vendam essas bebidas – Boletim oficial I S nº 34, suplemento de 9 de Setembro de 1997. Cabo Verde conhecendo a complexidade deste fato, admitiu em 1998 um programa inteirado no combate à droga considerando os domínios da prevenção das toxicomanias, do tratamento, reabilitação e inserção social do toxicodependente e do combate ao tráfico. No qual, a área de prevenção primária, secundária e terciária, tem vindo a ser implementado, com os esforços coordenados dos Ministérios da Justiça e da Saúde. Assim, a Unidade Terapêutica da Granja de S. Filipe sediada na Cidade da Praia, Instituição criada por Decreto-Lei n.º 50/2005 de 25 de Julho, destinada ao tratamento, recuperação e reinserção social dos toxicodependentes (Barros, 2014, p.46). O Ministério da Saúde (MS) de Cabo Verde tem desenvolvido várias acções e políticas de combate ao álcool, tabaco e outras drogas. Segundo o MS (2012, p.83) o consumo abusivo de álcool, além de ser um factor de risco para várias doenças crónicas, também traz consigo consequências de várias ordens conhecidas, nesta óptica, verificase que o consumo dá-se precocemente, na adolescência. Por isso, tornam-se necessárias medidas de prevenção e diagnóstico precoce, nomeadamente: Na aplicação rigorosa da lei que proíbe a venda, distribuição de bebidas alcoólicas entre os menores e a publicidade das mesmas (lei n º 271/V/97); 34 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Na implementação de instrumentos de eficácia comprovada, a nível da atenção primária para o diagnóstico precoce do risco de dependência; Na informação da sociedade sobre a gravidade do risco e sobre a necessidade e formas de combate aos efeitos nefastos resultante do consumo excessivo do álcool. Ainda MS desenvolveu um Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário (PNDS) para os anos 2012 a 2016, que contempla como uma de suas componentes a luta contra os efeitos nefastos resultantes do consumo abusivo do álcool e a luta contra o tabagismo. Este documento, além de encorajar acções conjuntas intersectoriais para uma abordagem integrada aos problemas relacionados com o uso abusivo do álcool e o alcoolismo, define as seguintes medidas de protecção e de prevenção contra o consumo do tabaco (id, p.89): A criação de zonas 100% não fumadoras, como uma estratégia eficaz para reduzir a exposição ao fumo do tabaco; A elaboração e aplicação rigorosa de uma legislação exigindo que todos os espaços públicos, incluindo os locais de trabalho sejam “100% não fumadores”; A implementação de programas de educação e sensibilização com vista a reduzir a exposição ao tabagismo passivo no seio da família; No ponto de vista do plano não-governamental, às acções e iniciativas de combate e controlo das drogas, destacam-se as Organizações Não-Governamentais (ONG) e as Organizações da Sociedade Civil que na sua pluralidade têm influência na intervenção de planos de luta contra drogas, apesar de nem sempre sejam organizações que trabalham unicamente com a problemática das drogas. Neste sentido algumas entidades têm tido grande destaque na actuação em actividades de sensibilização e combate às drogas: a Associação de Promoção de Saúde Mental (A Ponte), a Associação Zé Moniz e a Associação Cabo-verdiana de Prevenção do Alcoolismo, entre outras (Barros, 2014, p.49). 1.9. Enfermagem Comunitária Como o passar dos anos, a saúde colectiva tem vindo a ser uma preocupação crescente e, com isso, a enfermagem comunitária vem ganhando maior expressão A enfermagem comunitária reconhece que a saúde é um directo humano universal e 35 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária reconhece o homem como um ser biopsicossocial isto é, com um corpo e uma mente que se encontra interligados e, em constante interacção como meio ambiente. Além disso, valoriza a comunidade nos programas de saúde e admite a existência de uma estreita relação entre a saúde e o desenvolvimento económico e social (Sobreira, 1981, p.41 e 42). Assim a enfermagem comunitária é uma prática continuada e globalizante dirigida a todos os indivíduos ao longo do seu ciclo vital e desenvolve-se em diferentes locais da comunidade, respeitando e encorajando a independência e o direito dos indivíduos e famílias a tomarem as suas decisões e a assumirem as suas responsabilidades em matéria de saúde até onde forem capazes de o fazerem (Correia, Dias, Page e Vitorino, 2001, p. 76). Deste modo, pode-se definir a enfermagem comunitária como “a síntese e aplicação de um amplo espectro de conhecimentos e técnicas científicas para promoção, restauração e conservação da saúde comunitária” (OMS apud Sobreira, 1981, p.40). Pois, a saúde comunitária, está determinada pela interacção do homem com o seu meio ambiente e o impacto dos serviços de saúde sobre ele (id, p.20). Sendo esta denominada como a satisfação de necessidades colectivas, através de identificação de problemas e gestão de interacção dentro da comunidade e entre a comunidade e a sociedade em geral (Brady et al, 1992; Hoover e Schwartz, 1992, apud Shuster e Goeppinger, 1999, p.315). A enfermagem comunitária integra o processo de promoção da saúde e prevenção da doença, evidenciando-se as actividades de educação para a saúde, manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e avaliação dos cuidados prestados, quanto no fomento de políticas voltadas para o bem-estar social dos indivíduos, famílias e comunidade (Correia, Dia, Coelho, Page e Vitorino, 2001, p. 76). Contudo para intervenções eficazes é importante destacar o processo de enfermagem nas comunidades. Processo esse que se estabelece por etapas fundamentais tanto na detecção e diagnóstico de problemas, como na própria intervenção e, mais tarde na avaliação dos resultados obtidos. Assim, as fases do processo de enfermagem que envolve directamente a comunidade como cliente, começa com o estabelecimento da parceria e inclui a identificação dos problemas, diagnóstico, o planeamento, a implementação e a avaliação (Shuster e Goeppinger, 1999, p.319). A sua prática complementa a dos outros profissionais de saúde e parceiros comunitários, requerendo por um lado identificar as necessidades dos 36 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária indivíduos/famílias e grupos de determinada área geográfica e, por outro, assegurar a continuidade dos cuidados, estabelecendo as articulações necessárias (Backes, Backes, Erdmann e Buscher, 2009, p.224). Em suma o papel do enfermeiro comunitário é reconhecido pela capacidade e habilidade de compreender o ser humano como um todo, pela integralidade da assistência à saúde, pela capacidade de acolher e identificar-se com as necessidades e expectativas dos indivíduos e famílias e, de compreender as diferenças sociais, bem como, pela capacidade de promover a interacção e a associação entre os usuários, a equipe de saúde da família e a comunidade (Correia et al, 2001, p. 77). A enfermagem comunitária aproxima, identifica e procura criar uma relação efectiva com o usuário, independentemente das suas condições económicas, culturais ou sociais, ou seja, busca optimizar as intervenções de cuidado em saúde de modo que integre e contemple tanto os saberes profissionais quanto os saberes dos usuários e da comunidade (Backes et al, 2009, p.224). 1.9.1. Abordagem da Enfermagem Comunitária no consumo de drogas da adolescência Na adolescência, o consumo de substâncias psicotrópicas é um fato complexo e que decorre do arranjo de vários factores (Brusamarello, Maftum, Mazza Silva e Oliveira, 2010, p.766). Considerando, este um problema bastante preocupante é, de extrema relevância aproximar-se do mundo dos adolescentes, a fim de conhecer o problema e elaborar estratégias para a prevenção e tratamento do consumo e abuso das substâncias psicotrópicas, visando a qualidade e manutenção da saúde destes e, consequentemente a saúde das comunidades (Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.556). No qual, o profissional de saúde, o enfermeiro comunitário, tem um papel importante, procurando razões subjacentes aos vários problemas de saúde (relacionado ao consumo de drogas) e as acções preventivas, como o intuito de promover um estilo de vida saudável, (Mathre, 1999, p.776; Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.58) No que diz respeito a promoção de saúde, ela é definida pela Carta de Ottawa (apud Buss, 2003, p.25) “como um processo de capacitação da comunidade para actuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”. 37 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Andrade (1994, p.9) referiu a importância de mostrar a sociedade (família, escola, grupos) a necessário combater esse problema com maior afinco e a necessidade de elaborar planos estratégicos para ajudar os adolescentes a se estabelecerem e reintegrarem nas comunidades. Nisto o enfermeiro tem o papel de suma importância. Eis que é o agente fundamental no processo de transformação social, por meio da promoção da saúde na optimização da qualidade da saúde (Canavez, Alves e Canavez, 2010:58). Pelo que já dito, percebe-se que é pertinente que a vertente social também seja um parceiro na promoção da saúde do indivíduo, onde estes constituem partes integrantes das sociedades. Cavalcante, Alves e Barroso (2008, p.557), em seus estudos sobre o consumo de drogas na adolescência, realçam que as cartas para promoção de saúde destacam a importância das sociedades no consumo de drogas: A Segunda Conferência sobre a Promoção da Saúde, Adelaide, Austrália, identificou quatro áreas prioritárias para promover acções imediatas em políticas públicas saudáveis. Entre elas, confirmou o uso de tabaco e álcool, descritos como dois grandes riscos à saúde, que merecem atenção dentro da perspectiva das políticas públicas voltadas a saúde. As cartas para a promoção da saúde não só têm interesse em elaborar políticas públicas saudáveis como também em promover a responsabilidade social para com a saúde. Com isso, o enfermeiro comunitário junto com as comunidades e o Estado, têm a incumbência de ajudar o adolescente a criar estratégias defensivas aos factores de risco, valorizando a família e a escola como espaços primordiais para formação de opinião desses sujeitos no sentido de promover a saúde (Zeitoune et al, 2012, p.58). Todo este processo na compreensão dos adolescentes das transformações nas vertentes, psicológica, fisiologia e social e manutenção do estilo de vida saudável designa-se de educação para saúde, sendo uma importante ferramenta da promoção da saúde (Valera, Silva e Barroso apud Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.557) e, que segundo Onega e Devers (2008, p.304) a educação para saúde traduz em: Capacitar os clientes para atingir níveis óptimos de saúde, prevenir problemas de saúde, identificar e tratar precocemente os problemas de saúde e minimizar a incapacidade. A formação permite aos indivíduos decisões relacionadas com a saúde de forma fundamentada, assumir pessoalmente a responsabilidade pela sua saúde e lidar efectivamente com as alterações na sua saúde e estilos de vida. A acções preventivas voltada as substâncias psicotrópicas enquadradas na enfermagem comunitária é assente no modelo clássico de prevenção: prevenção primária, secundária e terciária. De seguida, descrever-se-á as funções dos enfermeiros 38 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária comunitários nos 3 níveis de prevenção consoante a tipológica clássica referida anteriormente: 1.9.1.1. Função do enfermeiro na prevenção primária Na prevenção primária as estratégias preventivas são aplicadas ao estado de susceptibilidade da doença que consiste na prevenção da doença através da alteração da susceptibilidade ou da redução exposição dos indivíduos susceptíveis (Moreira, 2005, p.13). Assim, na enfermagem comunitária, voltada às acções preventivas, a prevenção primária abrange a promoção de estilo de vida saudável, factores de resiliência e educação para saúde (Mathre, 2008, p.863), no sentido de evitar ou adiar a experimentação do uso de drogas (CCCD/UNDC, p.19). A importância do enfermeiro, na execução de acções educativas com os adolescentes, voltada à promoção do estilo de vida saudável, visualizando e dispondo de estratégia educativas, dando ao jovem informações relevantes sobre as drogas e também informações para saberem lidar numa situação de risco (Passos, Evangelista e Barros, s/a:8). Deste modo, Mathre (1999, p787)., acrescenta que: (…) ajuda-los a desenvolver um sentido aumentado de responsabilidade para o seu próprio sucesso; ajuda-lo a identificar os seus talentos; motivá-los a dedicar as suas vidas e ajudar a sociedade (…); encorajar e valorizar a educação e o treino de qualidade; e aumentar as soluções de cooperativas para os problemas em vez de soluções agressivas e competitivas. Isto tudo contribui para a diminuição dos factores de risco e o fortalecimento dos factores de resiliência (factores protectores) dos jovens, com a ajuda dos pais e professores (Mathre, 2008, p.863). 1.9.1.2. Função do enfermeiro na prevenção secundária Na prevenção secundária conforme postula Moreira (2005, p.13) as estratégias preventivas são aplicadas no inicio da doença, neste caso, no consumo drogas e, consiste na detenção precoce. Assim sendo, as estratégias preventivas para evitar o progresso do consumo da droga para usos mais frequentes e prejudiciais é dirigida à indivíduos que já experimentaram drogas ou usam-nas de forma moderada (CCCD/UNDC, 2011, p.19). 39 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária Em primeiro lugar, o enfermeiro comunitário, junto com os parceiros comunitários, detectam os problemas relacionados com o consumo de substâncias psicotrópicas na comunidade e, o envolvimento familiar (Mathre, 1999, p.788 a 791). Neste sentido, quando já detectado o problema, é necessário que o enfermeiro identifique os grupos de risco, criando posteriormente programas que vão de encontro com as necessidades de cada grupo (etário e/ou género) (Mathre, 2008, p.865 e 867). Além disso, é de extrema importância ajudar os indivíduos a compreender a relação existente entre o consumo de drogas e as consequências negativas que traz para sua saúde e, para as famílias e comunidade (Mathre, 1999, p.788). O enfermeiro comunitário pode ajudar as famílias a conhecerem o problema do abuso de drogas e as formas de manejar as condutas e problemas de saúde do usuário, demonstrando que todos devem estar unidos para dar o suporte emocional como financeiro para atender aos cuidados que devem ter com o familiar usuário (Passos, Evangelista e Barros, s.d., p.9). Sobretudo, o profissional, ajuda a identificar opções de tratamento, assistência de aconselhamento, serviços de apoio, evitando assim possível dependência de substâncias (Mathre, 1999, p.791). 1.9.1.3.Função do enfermeiro na prevenção terciária Para Moreira (2005, p.13) na prevenção terciária as intervenções preventivas são implementadas quando o estado da doença/incapacidade ou condição é adiantada e visa a diminuição da incapacidade e/ou o restabelecimento de um funcionamento eficaz. No concerne ao consumo de drogas, este tipo de prevenção é direccionado para o restabelecimento e reintegração dos indivíduos que têm problema com o consumo de drogas ou que apresentam dependência. Sobretudo, busca optimizar a qualidade de vida dos usuários junto à família, a escola e à comunidade (CCCD/UNDC, 2011, p.20). O enfermeiro comunitário é a peça chave para ajudar o dependente e a família porque é o profissional que trabalha nas comunidades conhecendo a historia dos clientes, do ambiente e os sistemas de apoio e, por isso, está em melhor posição para saber quais os programas de tratamento locais que pode proporcionar orientação para mobilidade de tratamento mais eficaz (Mathre, 2008, p.869). Entretanto, para além do enfermeiro comunitário, que ajuda tanto na detenção dos indivíduos, à que haver uma equipa multidisciplinar, deste de psiquiatras, de 40 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária psicólogos, de médicos de clínica geral, entre outros, juntos para ajudarem no melhoramento do indivíduo. Neste sentido, há que haver uma serie de acções que evolvem identificar e lidar com casos emergentes (como síndrome de abstinência, overdose, tentativas de suicídio, entre outros) e/ou os usuários que são portadores de problemas adicionais e que precisam de encaminhamento, como o caso dos portadores de hepatite, Sida, cirrose, tuberculose, entre outros (Noto e Galduróz, 1999, p.149). Há vários modelos de tratamento para dependência química, incluindo várias linhas de grupos de auto-ajuda (com destaque para os Alcoólicos Anónimos), abordagens psicanalíticas, comportamentais, cognitivas, medicamentosas (ibid). Entretanto, o tratamento não se confina ao usuário, estende-se também à orientação familiar e o auxílio na reabilitação dos usuários. Evitando uma recaída em comportamentos de abuso de substância pelo indivíduo, cujo enfermeiros comunitários pode contribuir para estes esforços, prestando apoio emocional para recuperar os dependentes químicos e suas famílias e, ligando-os com outros grupos de apoio. Além de incluir esforços para eliminar ou modificar factores stressores que contribuem para a recaída (Clark, 1998, p.881) 1.10. Modelos de Educação para Saúde Os modelos ajudam os enfermeiros a compreender e identificar situações de risco e de protecção da saúde dos indivíduos, planeando e implementando acções educativas aos utentes, família e comunidade. Descreve-se três modelos de Educação para Saúde: Modelo PRECEDE-PROCEED, Modelo Saúde-Crença e Modelo Promoção da Saúde. Estes modelos aplicam-se directamente em saúde comunitária e fornecem uma maneira prática de abordar o processo de edução para saúde. 1.10.1. Modelo PRECEDE-PROCEED Fundamenta na planificação e avaliação da educação da comunidade, tendo como ponto de referência a resolução de problemas, numa área identificada de necessidades. Sendo que o seu objectivo é apoiar as comunidades na mudança dos seus comportamentos. (1) avalia o ambiente em que vive o grupo e toma em consideração os factores sociais que influenciam os comportamentos em relação à saúde. (2) apura os 41 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária factores internos e ambientais que incitam a comunidade para determinados comportamentos ou problemas de saúde. E, (3), identifica os factores que irão ajudar essa comunidade a adoptar comportamentos saudáveis. Após este processo, desenvolvese o planeamento, implementação e avaliação (Edwards, 1990, Green e Kreuter, 1992, Padilla E Bulcavage, 1991, apud Lancaster, Onega e Forness, 1999, p.270). 1.10.2. Modelo saúde-crença Apareceu mediante a inquietação dos sectores públicos e privados de saúde ao averiguarem que determinadas pessoas mostravam-se relutantes quando solicitadas para vigiar o seu estado de saúde. Este modelo foi desenvolvido no sentido de prever situações e para propor intervenções que pudessem diminuir a resistência das mesmas a decidirem-se pelos cuidados de saúde. Baseia-se em três componentes: (1) percepção individuais, (2) factores de mudança e (3) variáveis que afectam a probabilidade de acção. Aparece em acções de campanhas na comunicação social, artigos de jornais ou revistas com o intuito de motivar os utentes a tomar providência (Couto, 1998, p.5). 1.10.3. Modelo de Promoção de Saúde Este surge como complemento de outros modelos de protecção de saúde, expondo a hipótese que os modelos de estilo de vida saudável e comportamentos de promoção da saúde têm de ocorrer. Fortalece os princípios do modelo saúde - crença, prevendo que os indivíduos podem modificar o seu comportamento para sentirem-se melhor física, psicológica, social e espiritualmente (Lancaster, Onega e Forness, 1999, p.271). Portanto, os modelos de educação em Saúde, contribuem para traçar estratégias educativas, que ajudam os jovens a adoptarem um estilo de vida mais saudável, porque facilita a identificação dos factores de riscos e, com o objectivo de atenuar a vulnerabilidade desses indivíduos e famílias (Silva, Dias, Viera e Pinheiro, 2010, p. 607). 42 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária 1.11. Intervenções de enfermagem comunitária aos adolescentes do bairro da Ilha de Madeira que consomem drogas As intervenções comunitárias dirigem-se para trabalhar em colaboração e parceria com as comunidades para abordar as preocupações locais ou esperanças de melhoria. Este tipo de intervenção pode ser definida como sendo as influências planificadas na vida de um pequeno grupo, organização ou comunidade, com o objectivo de prevenir/reduzir a desorganização social ou pessoal e promover a saúde e o bem-estar da comunidade. A intervenção comunitária tem como objectivo específico provocar uma mudança na comunidade (Carvalhosa, Domingos, e Sequeira, 2010, p.479). Neste sentido, as intervenções voltadas a um grupo específico na comunidade, tem como finalidade capacitá-lo para aumentar e melhorar o controlo sobre a sua saúde e, que entretanto é uma tarefa árdua que exige o envolvimento de toda a comunidade (Gomes e Loureiro, 2013, p.33). Os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira encontram-se num ambiente social pouco saudável e, é de extrema importância intervir nesse grupo e, sobretudo na infância, visto que muitos fizeram a experimentação de substâncias psicotrópicas ainda na infância (segundo o questionário aplicado). Constatando a importância das intervenções de enfermagem comunitária, principalmente nos níveis de prevenção primária e secundária. Pois, é de extrema importância intervir junto àqueles que ainda não fizeram a experimentação e, para aqueles já experienciaram este comportamento insano ou junto dos que ainda estão numa fase inicial e, portanto, não se encontram na fase de dependência da substância. Entretanto, é importante realçar as intervenções voltadas aos familiares, sendo a família o alicerce para um desenvolvimento psicossocial saudável desses jovens. Com isso, para melhor eficácia nas intervenções, é de grande valia o processo de enfermagem aplicada na comunidade. As fases do processo de enfermagem que envolvem directamente a comunidade como cliente, inicia-se primeiramente com o estabelecimento da parceria e inclui a identificação dos problemas, do diagnóstico, do planeamento, da implementação e da avaliação (Shuster e Goeppinger, 1999, p.319). 43 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária 1.11.1. Processo de Enfermagem Centrada na Comunidade Identificação do estado de Saúde dos Adolescentes da Ilha de Madeira De acordo com os resultados do questionário e a literatura, relatos feitos pelos moradores e as observações feitas na comunidade, em torno dos adolescentes. Os problemas de saúde levantados nestes jovens foram: (1) o consumo de substâncias psicotrópicas; (2) história de consumo familiar; (3) gravidez precoce; e (4) abandono e insucesso escolar. Para melhor compreensão, elaborou-se um quadro, abaixo referido, contendo o diagnóstico de saúde segundo a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e as intervenções/actividades segundo as Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC) (cf APÊNDICE VIII). No que diz respeito, a quarta e quinta fase do processo de enfermagem centrada na comunidade, estas são desenvolvidas posteriormente. 44 CAPÍTULO II: FASE METODOLÓGICA O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. A investigação científica é um processo metódico de colheitas de dados observáveis e verificáveis no mundo experienciado, isto é, no mundo que é acessível aos nossos sentidos, com vista a descrever, explicar, predizer ou controlar fenómenos. (Seaman, 1987 apud Fortin, 2009, p.5) Lakatos e Marconi (2007, p. 157, apud Prodanov e Freitas, 2013, p.44), frisam que a investigação pode ser vista como um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se estabelece no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais, a pesquisa desenvolve-se por um processo composto por quatro fases: (1) fase conceptual; (2) fase metodológica; (3) fase empírica; e (4) fase de interpretação e de difusão. Estas etapas da investigação foram seguidas de forma metódica e programada, a fim de ter uma investigação bem elaborada (cf APÊNDICE VII) Neste sentido, este capítulo recai sobre a fase metodologia, que aborda toda a estrutura e desenvolvimento da fase empírica do trabalho, aportando aspectos atinentes aos métodos, técnicas e procedimentos utilizados no estudo. Sendo assim, a metodologia segundos Prodanov e Freitas (2013, p.14) é assente na aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de provar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade. Com isso, pretende-se definir e descrever todo o processo que envolveu a pesquisa, desde a abordagem e tipo de estudo, às características específicas da população e amostra, o método de amostragem, os instrumentos de colheita de dados e, a previsão de tratamento dos dados. 2.1. Tipo de estudo/pesquisa Para persecução dos objectivos utilizou-se um desenho de investigação descritivo e uma abordagem quantitativa servindo-se de uma lógica de pesquisa dedutiva na base de uma filosofia de investigação positivista. Quanto ao horizonte de tempo, trata-se de um estudo transversal. O desenho de investigação é determinado por um conjunto das decisões a tornar para levantar uma estrutura, que permita explorar empiricamente as questões de 46 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. investigações, guiando o investigador na planificação e realização do seu estudo de maneira que os seus objectivos sejam alcançados (Fortin, 2009, p.214). O estudo é do tipo descritivo, pois permite descrever os factos e os fenómenos de determinada realidade (Coutinho, 2011, p.37). Pretende-se, particularmente, conhecer e descrever o fenómeno do consumo de drogas entre adolescentes do bairro da Ilha de Madeira e, a partir dessa descrição traçar possíveis intervenções da enfermagem comunitária. Quanto a abordagem quantitativa, esta é um processo metódico de colheita de dados observáveis e quantificáveis. Baseado na observação de fatos objectivos, de factos e de fenómenos que existem independentemente do investigador (Fortin, 1999, p. 22). A autora ainda frisa que este tipo de abordagem permite ter precisão e objectividade, possibilitando também a comparação, reprodução e generalização para casos semelhantes (ibid). O raciocínio dedutivo na base do positivismo possibilita predizer e controlar fenómenos. Este paradigma tem a sua origem nas ciências físicas; implica que a verdade é absoluta e que os factos e os princípios existem independentemente dos contextos históricos e social. Se uma coisa existe ela pode ser medida (Fortin, 2009, p.19). No que diz respeito ao horizonte de tempo, o estudo que se apresenta é de carácter transversal. Acerca do método transversal, Fortin postula que serve para mensurar a frequência da aparição de um acontecimento ou de um problema numa população num dado momento. As avaliações ao público-alvo desse estudo foram feitas num único momento, não havendo, portanto, período de seguimento ou acompanhamento dos adolescentes (id, p. 252). 2.2. Amostra/Participantes Coutinho (2011, p. 85) refere que a amostra é entendida como “um conjunto de sujeitos (pessoas, documentos, etc.) de quem se recolherá os dados e deve ter as mesmas características da população de onde foi extraída”. Trata-se de uma amostra de conveniência ou acidental ou seja, utilizou um método de amostragem não-probabilístico. O que significa que os adolescentes do bairro não tiveram igual probabilidade de participar do estudo, a sua participação deu-se pelo facto da sua presença no local determinado e no momento preciso. 47 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. A selecção dos participantes obedeceu aos seguintes critérios: (1) idade compreendida entre os 12 e os 18 anos inclusive; (2) ser morador do bairro da Ilha de Madeira; (3) saber ler e escrever; e (4) participação voluntária. Neste sentido a amostra constitui por 50 participantes, sendo 40 do sexo masculino (80%) e 10 do sexo feminino (20%). A idade dos participantes varia entre os 12 e os 18 anos, com uma média de idades de 15,98 (DP = 1,532). No que concerne as habilitações literárias, 21 dos participantes (42%) são do 2º Ciclo do Ensino Secundário (9º e 10º ano), 20 (40%) são do 1º Ciclo do Ensino Secundário (7º e 8º ano), 4 (8%) são do 3º Ciclo do Ensino Secundário (11º e 12º ano) e 3 (6%) são do Ensino Básico, mais concretamente 6º classe. Dos inquiridos 8 (16%) se encontra em situação laboral. A maioria dos participantes (86%) vive com os progenitores, sendo que 18 (36%) vivem com ambos progenitores; 25 (50%) vivem numa família monoparental (20 deles vivem com a mãe e os outros 5 vivem com o pai) e 7 (14%) dos participantes vivem com outros familiares que não sejam os progenitores (avó, tios, irmãos, etc.). O número médio de membros que compõem o agregado familiar é 5,70 (DP = 2, 332). Não se utilizou nenhum procedimento para determinar o tamanho da amostra, pois não se tem dados isolados da população desse bairro. Para além disso, Fortin (2009, p.327) afirma que a determinação do tratamento da amostra depende de vários factores entre os quais o objectivo e natureza do estudo assim, a autora postula que os estudos descritivos de natureza quantitativa, amostras pequenas são suficientes. 2.3. Instrumentos de recolha de dados Cada passo de uma investigação científica é importante, entretanto a colheita de dados é fundamental para a sua realização. Deste modo, levando em conta que esta é uma pesquisa de campo e, partindo do princípio que uma pesquisa de campo é norteada pela indispensabilidade de recolha de dados, torna-se necessário definir e descrever os instrumentos utilizados para a recolha dos dados empíricos, optando-se pela utilização dos seguintes instrumentos: 48 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. 2.3.1. Questionário Wood e Haber (apud Vitelas, 2009, p.287) descrevem questionário como um instrumento de “[…] registos e planeados para pesquisar dados de sujeitos, através de questões a respeito de conhecimentos, atitudes, crenças e sentimentos”. Com a ajuda deste instrumento foi possível conhecer alguns aspectos pertinentes desta investigação, já referindo anteriormente. Assim para recolha dos dados utilizou-se um questionário que comportou um conjunto de 37 questões atinentes a características sóciodemográficas, ao consumo propriamente dito, a história de consumo familiar, e a percepção das implicações do consumo na saúde (cf APÊNDICE II). Constituída por questões do tipo: dicotómica, questões-filtro, escolha múltipla e, texto resposta. 2.3.2. Observação não participante Segundo Alvarez (1991, p.560), a observação é o “único instrumento de pesquisa e colecta de dados que permite informar o que ocorre de verdade, na situação real, de facto”. Ainda o autor assegura que a observação não participante, o investigador não participa na observação. Neste sentido, utilizou-se este instrumento como um guião de observação feito pela investigadora (cf APÊNDICE IV) com a intenção de levantar as características/perfil do bairro da Ilha de Madeira e, sobretudo na validação do fenómeno em estudo (consumo de drogas na adolescência). 2.3.3. Entrevista Fortin (1999, p.147) frisa que a entrevista é um formato de comunicação verbal que se estabelece entre o entrevistador, que recolhe os dados e, um entrevistado, que proporciona os dados. Elaborou-se um guião de entrevista semi-estrutura (cf APÊNDICE III), que permitiu recolher informações, junto a um morador do bairro, que pudesse complementar os dados obtidos com base na observação, de forma melhor descrever o perfil comunitário. Assim, a entrevista semi-estruturada, é uma entrevista na qual o informante tem a possibilidade de discursar sobre suas experiências, a partir do foco principal sugerido pelo pesquisador e, ao mesmo tempo permite respostas livres e espontâneas do 49 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. informante, valorizando a actuação do entrevistador (Lima, Almeida e Lima, 1999, p.132). 2.4. Campo empírico Ilha de Madeira (cf APÊNDICE VI), um bairro pequeno situado dentro da comunidade de Ribeira Bote, em São Vicente, é considerada um dos bairros mais pobres da ilha. Por sua vez Ribeira Bote, também apelidada de “zona libertada”, por ser o primeiro bairro da cidade a impedir a entrada de tropas portuguesas logo após o 25 de Abril (Rodrigues, 2011, apud Graça 2013, p.68), além disso, protagonista da história de São Vicente, A Revolução de Capitão Ambrósio do ano de 1934, em que se deu o primeiro grito de liberdade, em que o povo mindelense, já não mais podendo aguentar a angústia da fome crónica e a incerteza do futuro, assistiu-se a marcha revolucionária, que partiu da zona de Ribeira bote até a cidade (Ramos, 2003, apud ibid). 2.4.1. Caracterização da comunidade a) Contexto geográfico e demográfico A Ilha de Madeira sendo um bairro situado dentro da comunidade Ribeira Bote, a sua caracterização demográfica será feita à partir da comunidade de Ribeira Bote, pois nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta toda a zona. Ribeira Bote situa-se na periferia da cidade do Mindelo em São Vicente, que segundo os dados pautados pelo INE no censo 2010, a população total da comunidade é de 3.956 habitantes, composta por uma população maioritariamente jovem (1082 da população criança/adolescentes e de jovens/ adultos de 2502 habitantes), além dos agregados familiares serem numerosos, com predomino matriarcal. b) Ambiente Físico Pavimentação e poluição das ruas As ruas da Ilha de Madeira são muito estreitas, pouco alinhadas e, em algumas partes mal estruturadas, e com várias vias. A maioria das estradas é calcetada havendo 50 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. algumas de terra batida. Os automóveis não têm dificuldade em circular no bairro, assim como os pioneiros têm alta mobilidade nas ruas. Pôde-se observar que não há muito lixo fora dos depósitos, possuindo contentores ao arredor e, o carro da Câmara Municipal faz a recolha dos lixos nos dias estabelecidos. No entanto, nota-se resíduos de materiais de construção nalgumas ruas, alguns animais que circulam pelas ruas, principalmente cães e galinhas. Iluminação pública Da observação feita, pode-se ressaltar que a iluminação pública é insuficiente, em algumas ruas estas apresentam às escuras à noite. Casas Algumas das habitações são construídas de betão armado possuindo condições básicas de saneamento (casa de banho, rede de esgotos, água potável) electricidade, telefone. Contudo existem casas de lata sem condições sanitárias e, nem electricidade. c) Educação Existe instituições de educação dentro da Ilha de Madeira, nomeadamente um jardim infantil, que segundo um morador tem poucas condições. Nos arredores tem várias instituições que ficam na Ribeira Bote (por exemplo escola secundária, primária e, jardins. Além das instituições educacionais que ficam nos arredores da comunidade de Ribeira Bote. No que refere-se a taxa de alfabetização, a maioria dos habitantes é alfabeta, contudo a taxa de absentismo escolar é preocupante. d) Segurança Segundo um morador, a segurança é péssima, afirmando que se sentem inseguros, apesar de haver patrulhas constantes na comunidade. Não existe nenhum posto policial na região, sendo que posto policial mais próximo localiza-se em Fonte Inês. Afirma ocorrência de violência na comunidade, por vezes resultante da invasão de jovens de comunidades vizinhas que se deslocam para cometerem intencionalmente actos de vandalismo. Além disso, existem grupos organizados de jovens (gang) na comunidade. E, apresenta altas taxas de criminalidade, abuso generalizado de drogas, 51 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. prostituição e grande quantidade de pessoas alienadas que fogem as obrigações escolares. e) Comunicação Em relação a comunicação interpessoal, as informações passam extremamente rápidas de forma informal, ponto que pode ser aproveitado para transmissão de informações. Comunicam normalmente, mas com alguma discórdia em alguns momentos. Apesar disso o morador afirma que são unidos, solidários sempre apoiando uns aos outros nos momentos de dificuldade. f) Economia Antigamente o bairro tinha um cenário mais precário, com extrema pobreza, mas pôde-se observar que está em desenvolvimento, mas ainda com algum défice de recursos económicos, visto que são poucos os grupos de profissões em actividade. Conseguiu-se verificar a existência de comerciantes, pedreiros, funcionários públicos, barbeiros, artistas plásticos, serralheiros, mecânicos, músicos. Há um grande número de pessoas que sobrevivem por conta própria, com pequenos negócios como mercearias, bares, confecção de vestuários, oficina de carpintarias e vendedores ambulantes de géneros alimentícios. Ainda, há o Centro Social da Ribeira Bote, o edifício central, tendo os ateliers de Costura Dy Body e de Artesanato Djoy e a Associação Regional de Boxe, que ali tem instalado um pequeno ginásio para a preparação dos seus atletas. Para além, de algumas instituições mencionadas, temos os Banco, nomeadamente Banco Comercial do Atlântico e a Caixa Económica que ficam próximos dessa comunidade, também o mercado, onde vendem desde géneros alimentício até vestuários e produtos de beleza e higiene. g) Acessibilidade e Transporte Observou-se que a utilização de meios de transporte vai de encontro com as condições financeiras de cada família. Existem poucas pessoas com transportes 52 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. familiares (carros, motos, bicicletas), nos arredores do bairro há pontos de transportes públicos (autocarros) e táxis. h) Lazer No bairro existe um polidesportivo, anexo no Centro social de Ribeira Bote. O polidesportivo voltado para vertente desportiva, desenvolve actividades todos os finsde-semana, com objectivo de entreter os jovens nos seus tempos livres. Realiza várias actividades culturais, nomeadamente um festival musical (festival morna jazz.) que é realizado (anualmente) em Setembro desde o ano de 2013. Outra manifestação cultural é os mandigas de Ribeira Bote que todos os anos, aos domingos, arrasta milhares de pessoas pelas ruas de São Vicente, com ponto de concentração na Ilha de Madeira. Segundo o morador, apesar de existir espaços e actividades de lazer, ainda os jovens estão em caminhos perigosos, mas realça a forte exposição dos jovens ao consumo de drogas. i) Instituições sociais e de saúde Há instituições dentro do bairro que faz parte do Centro Social voltadas para os problemas sócias e de saúde, O CAP ad (Centro de Atenção Psicossocial para usuários de Álcool e Drogas) e, também a Associação dos seropositivos - Abraço. Ainda no bairro, existe um lar da Promoção Social para pessoas idosas, que acolhe os idosos de famílias carenciadas e que não tem disponibilidade suficiente para cuidar. Além do Centro de Saúde de Fonte Inês, que abrange essa comunidade. 2.5. Procedimentos A recolha dos dados ocorreu no interior do bairro de Ilha de Madeira, no ponto estratégico nas proximidades do Centro Social de Ribeira Bote. Através da observação feita. Pôde-se perceber da concentração frequente dos adolescentes no ponto escolhido para recolha de dados, a partir da 17h da tarde. Após a identificação do ponto a investigadora aproximou-se e, a medida que os jovens se aproximavam esses iam sendo abordados. 53 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. A primeira abordagem consistiu sempre na apresentação pesquisadoraadolescente e na filtragem dos critérios de inclusão dos participantes no estudo que ora se aduz, mediante uma atitude humilde e calorosa. Aos adolescentes que reuniram os critérios foi-lhes explicados o objectivo geral da investigação e solicitou-se a sua colaboração para sua colaboração. Foram informados das modalidades de participação e dos aspectos éticos do mesmo. Essas modalidades e aspectos éticos foram igualmente explicados e garantidos no termo de consentimento informado (cf APÊNDICE I). Após terem dados o seu consentimento foi-lhes dado a instrução da tarefa de preenchimento do questionário. As dúvidas que surgiram esclarecidas de uma forma que tentou ser objectiva e não gerar subjectividade não houve registo de caso de desistência. Entretanto, houve quem se recusasse após saber que se tratava de um estudo sobre o consumo de drogas. Os adolescentes preencheram os questionários na rua, individualmente, porém, em contexto grupal (dois à três adolescentes a preencher ao mesmo tempo), na presença e sob vigilância da pesquisadora, que, por sua vez, tentou oferecer o melhor conforto de preenchimento dos questionários disponibilizando-os canetas e uma pasta para apoiarem o questionário. O preenchimento individual dos questionários teve uma duração média de 15 minutos, a recolha dos dados durante os meses de Abril e Maio perfez um total de 72 horas distribuídos por três horas diárias (das 17 as 20 horas), numa frequência de três vezes semanais. Após obtido o preenchimento do número de questionários predefinidos (50) estes foram codificados e operacionalizados em variáveis num dicionário de variáveis (cf APÊNDICE V) de forma a facilita a construção da base de dados. Recorreu-se ao programa Statistical Package For Social Sciences (SPSS), versão 20.0 para Windows para realizar as análises estatísticas. Salienta-se que foi conduzida uma entrevista (mas na base de uma conversa informal) a um morador do bairro afim de adquiri informações detalhadas sobre o campo empírico descrito anteriormente. 54 CAPÍTULO III – FASE EMPÍRICA O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. 3.1. Apresentação e interpretação de resultados Para o tratamento dos dados, recorreu-se ao programa SPSS, versão 20.0 para Windows. Segundo Pereira (2006, p. 16) Este software é considerado uma poderosa ferramenta informática, pois permite realizar cálculos estatísticos complexos e, também permite, visualizar os resultados em poucos segundos. Os dados foram obtidos nomeadamente a partir de procedimentos estatísticos descritivos e interpretados à luz da literatura existente sobre o tema em questão. Com o intuito de facilitar a criação da base de dados elaborou-se previamente um dicionário de variáveis (c.f. APÊNDICE V) e, posteriormente os dados foram trabalhados, pelo que segue a sua descrição pormenorizada. 3.1.1. Caracterização sócio-demográfica da amostra O estudo intitulado O consumo de drogas na adolescência: uma abordagem da enfermagem comunitária incidiu sobre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira. Trata-se de uma amostra de 50 participantes, sendo 40 do sexo masculino (80%) e 10 do sexo feminino (20%). A idade dos participantes varia entre os 12 e os 18 anos, com uma média de idades de 15,98 anos (DP = 1,532). No que concerne as habilitações literárias, 21 dos participantes (42%) são do 2º Ciclo do Ensino Secundário (9º e 10º ano), 20 (40%) são do 1º Ciclo do Ensino Secundário (7º e 8º ano), 4 (8%) são do 3º Ciclo do Ensino Secundário (11º e 12º ano) e 3 (6%) são do Ensino Básico, mais concretamente 6º classe. Dos inquiridos, 8 (16%) se encontra em situação laboral. A maioria dos participantes (86%) vive com os progenitores, sendo que 18 (36%) vivem com ambos os progenitores; 25 (50%) vivem numa família monoparental (20 deles vivem com a mãe e os outros 5 vivem com o pai) e 7 (14%) dos participantes vivem com outros familiares que não sejam os progenitores (avó, tios, irmãos, etc.). O número médio de membros que compõem o agregado familiar é 5,70 (DP = 2, 332). Posteriormente, apresentar-se-á os resultados encontrados e seus respectivos gráficos. Para as variáveis nominais apresentara um gráfico de sectores, para as variáveis ordinais gráfico de barras e, para as variáveis intervalares histograma. 56 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. 3.1.2. Apresentação de resultados da estatística descritiva das variáveis estudadas Consumo de drogas Relativamente a experimentação de drogas, a esmagadora maioria dos inquiridos (47-94%) fizeram uso de drogas até então e, apenas uma minoria não fizeram o uso de drogas (3-6%). Neste sentido, Morel, Hervé, e Fontaine (1999, p.51) e Murad (sd, p.118) em tempos passados, já tinham mostrado suas preocupações no que diz respeitos à exposição dos adolescentes às drogas e, que este fenómeno inicia-se nessa fase de vida, que é considera por si só uma fase de vulnerabilidade. Gráfico1. Experimentação Fonte: Elaboração própria Idade do primeiro consumo A idade média do primeiro consumo é de 13,32 anos (DP= 1,682). Entretanto, 40 (80%) experimentaram na adolescência e, 7 (14%) experimentaram ainda na infância. Ainda os mesmo autores postularam que a experimentação dá-se nesse período de vida, visto que é um fase, em que os indivíduos estão expostos aos variados factores que contribuem para o ingresso dos adolescentes para este caminho (ibid). Gráfico 2. Idade do 1º consumo 57 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Fonte: Elaboração própria Primeira substância de consumo No que diz respeito à primeira substância de consumo, 26 (55,32%) consumiram bebidas alcoólicas, 19 (40,43%) experimentaram a padjinha e 2 (4,26%) usaram o tabaco. Gráfico 3. Substância do 1º consumo Fonte: Elaboração própria Sensação do primeiro consumo Relativamente a sensação do primeiro consumo, 20 dos participantes (42,55%) relataram ter tido a sensação de bem-estar; 14 (29,79%) afirmaram ter tido a sensação de euforia; 9 (18,15%) revelaram sensações de indiferença e 4 (8,51%) referiram ter tido a sensação de desespero. Deste modo, Simões e colaboradores (2006 apud Passos, Evagenlistas e Barros, sd, p.6) contextuam que a opção pelo consumo de drogas pelos adolescentes ocorre em larga escala pelos efeitos da substância, normalmente bem-estar, satisfação, desinibição ou euforia e relaxamento. Gráfico 4. Sensação do 1º consumo 58 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Fonte: Elaboração própria Motivo do primeiro consumo A experimentação foi na sua maioria incitada pela curiosidade, correspondente a 23 (48,94%) dos participantes; em segundo lugar 19 (40,43%) participantes referiram que o experimento de substância psicotrópica deu-se pela influência dos grupos de pares; 2 (8,51%) alegaram ter experimentado por outros motivos (como inocência; em festas); 1 (2,13%) relatou ter experimentado para aliviar o stress. Assim, para Canavez, Alves e Canavez (2010, p. 61), indicam que as os factores motivacionais para a experimentação inicial de substâncias psicotrópicas dá-se principalmente pela curiosidade e pelo facto de o adolescente ter amigos que usam drogas. Gráfico 5. Motivo do 1º consumo Fonte: Elaboração própria Consumo Actual Em relação ao consumo actual, dos 47 inquiridos que referiam ter já usado, 41 (82%) continuam a usar drogas, 6 (12%) deles já não fazem o uso de substâncias psicotrópicas e 3 (6%) dos valores em falta correspondem aos inquiridos que não fazem o uso de drogas. Com isso, Teixeira (sd., p.42) postula que os usuários ocasionais na maioria das vezes, passa dum mero consumo ocasional para um consumo regular e sem dar conta, tornar-se num vício ou dependência. Gráfico 6. Consumo Actual 59 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Fonte: Elaboração própria Substâncias de Consumo Actual No que diz respeito as substâncias de consumo actual, das drogas lícitas, o álcool é a droga mais usada pelos inquiridos, seguida do tabaco. 38 dos participantes consomem álcool e, 8 consomem o tabaco. Das drogas ilícitas, a padjinha é a droga de eleição, sendo consumida por 28 dos participantes; a cocaína é a menos usada pelos inquiridos, sendo consumida por 3 dos participantes. Assim estes resultados estão em conformidade ao que foi dito pelo CCCD e Ministério da Justiça (2012, sp.), nos estudos sobre consumo de substâncias psicotrópicas em Cabo Verde, indicando que as drogas mais usadas são o álcool e a padjinha. Gráfico 7. Substâncias de Consumo Actual Fonte: Elaboração própria Frequência do Consumo Relativamente a frequência do consumo, 18 (43,9%) participantes afirmaram fazer uso de substância de vez em quando, 15 (36,6%) fazem-no só nos fins-de-semana, 5 (12,2%) deles referem consumir várias vezes ao dia e, 3 (7,3%) relataram que fazemno uma vez ao dia. 60 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Gráfico 8. Frequência do Consumo Fonte: Elaboração própria Companhia de Consumo A maioria dos inquiridos relatou que fazem o uso de substâncias psicotrópicas com os grupos de pares, que representa 39 (97,50%) dos participantes e, 1 (2,50%) dos participantes refere consumir com familiares (primos). Gráfico 9. Companhia de Consumo Fonte: Elaboração própria Consumo de grupo de pares. Dos participantes, 44 (88%) revelaram que a maioria dos amigos fazem o uso de substâncias psicotrópicas, 4 (8%) relataram que os amigos não fazem de drogas e, 2 (4%) não responderam. 61 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Gráfico 10. Consumo dos membros do Grupo Fonte: Elaboração própria Aquisição da Substância Vinte e três (57,5%) dos participantes afirmaram que a droga lhes é oferecida (amigos), 14 (35) dos participantes revelaram que a vezes compram e outras vezes é oferecido e, 3 (7,5%) dos participantes relataram que compram as drogas. Gráfico 11. Aquisição da Substância Fonte: Elaboração própria Dinheiro da compra Daqueles que afirmaram que compram a droga, a maioria relataram pedir o dinheiro aos pais (8-41,18%), 5 (29,41%) dos participantes pedem a pessoas que estejam a passar pela rua (“Crave”), 4 (23,53%) dos participantes trabalham e sustentam o consumo e, 1 (5,88%) afirma que além de pedir aos pais, vende algum objecto de valor, para sustentar o sue vício. 62 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Gráfico 12. Dinheiro da compra Fonte: Elaboração própria Venda de Substância Local Em relação a venda de substância no bairro, 49 (98%) dos participantes afirmaram que a venda local de substâncias psicotrópicas (lícitas e ilícitas) e, que embora o preço seja variável, o custo é acessível e, 1 (2%) não respondeu a esta questão. Este é um ponto em Alvarase (2006) e Almeida (2007) ( apud Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.556) já tinham referido na literatura, postulando que o não cumprimento das leis vigentes, a não fiscalização das exigências legais, são outros factores que estimulam o uso de drogas entre adolescentes. Gráfico13. Venda de Substância Local Fonte: Elaboração própria Consumo Familiar A maioria dos inquiridos relata que algum membro da familiar faz uso de substâncias psicotrópicas correspondentes a 46 (92%) dos participantes. Neste sentido, a atmosfera familiar acaba por influir os jovens a experimentar substâncias psicotrópicas, 63 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. onde pais e familiares mais próximos adoptam comportamentos que não são aconselháveis, entre eles o consumo familiar (Moreno, Ventura e Brêtas, 200, p.355). Gráfico 14. Consumo Familiar Fonte: Elaboração própria Familiares que consomem Dezasseis dos participantes afirmaram que o pai faz o uso de substâncias psicotrópicas, 8 afirmaram que a mãe faz uso, entretanto a maioria refere que outros familiares (avó, tios, irmãos, primos) fazem uso drogas, correspondendo 30 dos participantes. Gráfico 15. Familiares que consomem Fonte: Elaboração própria Substância do Consumo Familiar No que diz respeito as substâncias consumidas pelos familiares, a maioria afirma que as bebidas alcoólicas são mais consumidas pelos familiares (40 dos participantes), o tabaco é a segunda mais usada pelos mesmos (20 dos inquiridos); a 64 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. padjinha representa 13 dos participantes e, a cocaína a menos usada, representa 2 dos participantes. Gráfico 16. Substância do Consumo Familiar Fonte: Elaboração própria Conflitos Familiares A maioria dos participantes (33-66%) respondeu que não há conflitos familiares, 16 (32%) afirmaram viver numa família conflituosa. Já a literatura mostra que um dos factores que contribuem para o consumo de drogas é o relacionamento conturbado com os pais (Passos, Evangelistas e Barros, s.d., p. 6). Gráfico 17. Conflito Familiar Fonte: Elaboração própria 65 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Conhecimento do Consumo por parte dos Familiares Vinte e dois (44%) dos participantes afirmaram que os familiares não sabem que consomem drogas e, 19 (38%) afirmaram que os familiares sabem. Gráfico 18. Conhecimento do Consumo por dos Familiares Fonte: Elaboração própria Atitude dos familiares perante o Consumo Dos 19 participantes que revelaram que os familiares têm conhecimento do consumo, 11 (61,11%) afirmaram que os familiares não dizem nada, 4 (22,22%) relataram que seus familiares não concordam e, 3 (16,67%) dos participantes responderam que os pais são liberais. A falta de limites e liberdade em excesso contribui de forma mais negativa do que positiva para o consumo de substâncias psicotrópicas entre os adolescentes (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.62). Gráfico 19. Atitude dos familiares perante o Consumo Fonte: Elaboração própria Prática Desportiva A maioria dos inquiridos pratica desporto (35-70%) e, 15 (30%) dos participantes afirmaram não praticar qualquer tipo de desporto. 66 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Gráfico 20. Prática Desportiva Fonte: Elaboração própria Culto Religioso A maior parte dos inquiridos responderam que não participam nenhum culto religioso, correspondendo a 48 (96%) dos inquiridos e 2 (4%) praticam algum culto religioso. Gráfico 21. Práticas Religiosas Fonte: Elaboração própria Consumo de substância como resolução de problemas A maior parte dos inquiridos, 40 (80%), relatou que a droga não é solução para resolver os problemas, 9 (18%) afirmaram que consomem drogas como forma de resolverem seus problemas e, 1 (2%) não respondeu a questão. Canavez, Alves e Canavez (2010, p.58), asseguram que as substâncias psicotrópicas podem ser usada pelos adolescentes como forma de refúgio da realidade insatisfatória, ou seja, um meio para resolver os problemas gerados por uma cultura de crise. 67 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Gráfico 22. Consumo de substância como resolução de problemas Fonte: Elaboração própria Substâncias e problemas de Saúde Trinta e nove (68%) dos participantes afirmaram ter a noção que o uso de substâncias psicotrópicas podem trazer vários problemas a saúde e, 16 (32%) afirmaram que o uso de drogas não trás problemas a saúde. Gráfico23. Substâncias e problemas de Saúde Fonte: Elaboração própria Mudar o hábito Catorze (28%) dos participantes responderam que não pensou em mudar esse comportamento insano e, 13 (26%) dos inquiridos afirmaram ter pensado em mudar de comportamento. Gráfico 24. Mudar o hábito 68 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Fonte: Elaboração própria Mudança Comportamental No que diz respeito a mudanças comportamentais, dos participantes que pensaram em mudar o comportamento (13-26%), 4 (36,4%) ainda não fizeram nada para mudar esse comportamento, 3 (27,3%) afirmaram tentativas falhadas, 2 (18,2%) relataram que recorreram à práticas desportivas, 1 (9,09%) afirmou não ser mais influenciado e, 1 (9,09 %) afirmou sair de casa com menos frequência. Gráfico 25. Mudança comportamental Fonte: Elaboração própria 3.2. Comparação de variáveis Os resultados que se seguem são de comparação de médias da variável idade do primeiro consumo, em função do sexo. Para tal utilizou-se um teste estatístico paramétrico tendo em conta que se trata de uma amostra de 50 participantes. À luz do Teorema do Limite Central (TLC), numa amostra maior que 30 a curva da distribuição tende a aproximar-se da curva normal. Sendo assim, pode-se utilizar testes paramétricos, estes que são mais precisos, mais robustos e mais potentes de forma que permitem descobrir diferenças melhor do que os testes não-paramétricos (Pocinho, 2010, p.50). Os resultados apresentados na Tabela 1 foram obtidos através do teste t de amostras independentes visto que a variável sexo possui duas categorias. 69 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Tabela 1. Comparação das médias e desvio padrão da idade do primeiro consumo em função do sexo Sexo N Idade do primeiro consumo 38 Masculino Média 13,21 DP 1,758 Feminino Média DP 13,78 1,302 t - 0,908 Nota: *p ≤ .05;**p≤ .01;***p≤ .001. Fonte: Elaboração própria A Tabela 1 permite-nos verificar que a idade média do primeiro consumo dos participantes do sexo masculino é de 13,21 (DP= 1,758) e a idade média de consumo dos participantes do sexo feminino é de 13, 78 (DP=1,302). Porém, o Teste t revela que esta diferença não é significativa t (47) = - 0,908, p=0,369. 70 CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. A presente investigação teve como objectivo geral identificar as intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira, em São Vicente. Para tal, foram postulados os seguintes objectivos: (a) identificar o perfil sócio-demográfico dos adolescentes do bairro da Ilha de Madeira; (b) verificar a incidência do consumo de drogas entre os adolescentes do bairro; (c) identificar as drogas mais usadas entre os adolescentes do bairro; e (d) propor um programa de intervenção comunitária para o consumo de drogas entre adolescentes. Relativamente ao primeiro objectivo, os adolescentes que participaram da investigação têm idade compreendida entre os 12 e os 18 anos de idade, vêm na sua maioria, de uma família desestrutura, alguns de famílias extensas e conflituosas, vivendo em condições habitacionais precárias. Alguns deles já se encontram-se situação laboral. Quanto ao segundo objectivo verifica que a uma forte incidência de consumo de substâncias psicotrópicas entre os adolescentes do bairro que participaram do estudo, alguns do quais experimentaram ainda na infância (10 e 11 anos). Neste sentido, estes resultados vão ao encontro aos estudos pautado por Graça que 2013 retratou este fenómeno no bairro. Estes dados apelam a necessidade de intervenção em faixas etárias mais jovens (em idade pré-escolar e escolar). De modo que atinja pessoas em fase de formação física, mental e social que, em geral, não tiver ainda a oportunidade de adquirir hábitos insanos e que são muito mais receptivas à aprendizagem de hábitos e à assimilação de conhecimento. Relativamente ao terceiro objectivo, os resultados apontam que as substâncias mais consumidas são as bebidas álcool (lícitas) e a padjinha (ilícita), este dados estão em conformidade com os estudos feitos pelo CCCD e Ministério da Justiça (2013, sp.). Dada a situação preocupante, entendeu-se necessário desenvolver e propor um programa de intervenção comunitária, voltada à prevenção do consumo de substâncias, abrangendo não só adolescentes como crianças. Pois, as bases do nosso do comportamento e modo de vida, no plano sanitário, se situam na infância e adolescência. Outros resultados encontrados, verificou-se como circunstâncias motivadoras a curiosidade, influência e convivência com grupos de risco (grupos de pares), nos quais fazem uso de drogas. Para além disso, a existência de influências advindas do contexto familiar onde o comportamento disciplinador (em relação ao uso de substâncias) dos pais torna-se insuficiente em relação a limites e a liberdade em excesso, e ainda o uso de 72 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. drogas pelos pais e outros familiares. Isto vem ao encontro com o que foi dito por Silva e Radecki (2014, p.170), Canavez, Alves e Canavez (2010, p.61-62). Deste modo considera-se que o contexto em que vive estes sujeitos, é de risco e seus pensamentos sobre a inserção de substâncias psicotrópicas como meio facilitador de vida que proporcione medidas prazerosas, integração pelos grupos de pares e, como alívio para as modificações físicas e psicológicas inerentes a esta fase da vida. Entretanto, um factor positivo é o fato da maioria fazerem práticas desportivas, o que facilita, em traçar estratégias por meio de práticas de exercício físico, sendo um importante determinante para saúde. Outro aspecto a considerar é o trabalho precoce, verificando que alguns dos inquiridos estão em situação laboral, porém a maioria ainda não completou os 18 anos de idade. Podendo ponderar sobre essa questão, que muitas vezes, o trabalho inicia-se prematuramente para colaborar economicamente nas necessidades familiares. Entretanto é de considerar que são menores e, ao invés de estarem a trabalhar poderiam estar na escola. Um outro ponto indispensável, é a questão das leis em relação as substâncias psicotrópicas. Identificou-se nesse estudo que a proibição de venda desses produtos a menores e sanções legais ao tráfico de drogas, sobre as leis nº 27/V/97 e n.º 78/IV/93, do boletim oficial de Cabo Verde, ao que se entende não está surtindo o efeito desejável pelas autoridades e, a falta de fiscalização é notória, visto que os resultados indicam fácil acesso às substâncias de abuso. Ainda outro ponto, muito importante, é o facto de alguns acharem que o consumo de drogas pode ser solução para resolver os problemas e, que este por sua vez não traz problemas à saúde e, consequentemente alguns não pensam em mudar de comportamento. Isto mostra a importância em traçar estratégias para mudanças das crenças de saúde, modificando o modo de pensar destes adolescentes em relação a este comportamento. Conclui-se que há necessidade de uma intervenção adequada e articulada que envolva diversos parceiros como os decisores políticos, o poder local, as unidades de saúde, de modo que os vários ambientes de convivências dos jovens, sejam mais seguros e saudáveis para as nossas crianças e adolescentes em Cabo Verde. Sobretudo, evidencia-se que há a necessidade de um trabalho de intervenção da enfermagem comunitária em favor a este público-alvo, no controle do uso dessas substâncias psicotrópicas. Priorizando políticas preventivas, principalmente nos níveis 73 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. de prevenção primária e secundária. E, cabe ao enfermeiro desenvolver actividades educativas e de consciencialização com os adolescentes e familiares a fim de esclarecer dúvidas e, ajudá-los a desenvolver neles uma cultura preventiva com relação ao uso e abuso de drogas quer sejam as lícitas ou ilícitas, uma vez que ambas podem trazer prejuízos para a pessoa e sociedade e posteriormente a dependência. Além disso, é necessário que as pessoas tomem consciência da gravidade desse fenómeno, pois um futuro saudável dependerá dos comportamentos e atitudes adoptados pelos indivíduos, por isso é necessário estar atento a qualidade e bem-estar dos jovens. No que se refere as limitações encontradas no decorrer deste estudo, em primeiro, particularmente, ao nível da amostra, uma vez que se trata de uma amostra de conveniência. Outro o tamanha da amostra pode não ser representativo a população alvo. Pelo que ressalta-se a necessidade que os resultados obtidos não podem ser generalizados a população geral de adolescentes do bairro. Outra limitação prende-se com o facto do relato do consumo de drogas e não o consumo em si. Neste sentido as respostas podem não equivaler precisamente as suas vivências, podendo terem transmitido uma imagem favorável de si (desejabilidade social). E, por último, a escassez de bibliografia disponível, principalmente sobre enfermagem comunitária, visto que são poucos os livros que falam sobre está especialidade, fazendo com que o trabalho fique pouco enriquecedor neste aspecto. Assim, em modo de conclusão, parece possível afirmar que este trabalho alcançou os objectivos estipulados, reforçando o desenvolvimento de intervenções comunitárias no consumo de substâncias psicotrópicas. Entretanto, está-se convencido que este trabalho de conclusão de curso constitui apenas um ponto de partida para um futuro estudo, obviamente, mais ponderado, elaborado e portanto, mais completo. Propostas do estudo Numa apreciação integral deste trabalho apresentado pode realçar-se alguns aspectos que afiguram-se como consistentes propostas, não só para trabalhos futuros, como oferecendo implicações para a prática de profissionais de saúde que se debruçam a estudar e a desenvolver os seus trabalhos nesta área. Impõe-se a necessidade de investigações como esta a que foi proposta, com o intuito de compreender melhor a problemática do consumo de drogas na adolescência e, 74 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. que o questionário contemple outras variáveis. Seria importante se no futuro pudesse aprofundar a investigação, alargando o mesmo a uma amostra maior, estudando outras comunidades de São Vicente. Numa óptica preventiva, as acções/estratégias preventivas devem ser colocadas em práticas em idades cada vez mais precoces, uma vez que é evidente que o risco a que os adolescentes estão expostos, pelo que a prevenção poderá ser mais eficaz antecipando-se ao comportamento de risco. Outra sugestão seria, a criação de possibilidade dos Centros de Saúde darem mais atenção a saúde dos adolescentes e das crianças (fase de transição da infância para adolescência), realizando mais programas de saúde (palestras), disponibilizando informações a cerca do desenvolvimento que ocorre nesta fase, factores que contribuem para comportamentos desviantes (consumo de drogas, sexualidade de risco), estratégias de coping, entre outros. Contudo, nos Centros de Saúde realizam-se palestras sobre sexualidade, mas não basta, é preciso também um trabalho continuo de acompanhamento dos adolescentes, principalmente para aqueles que estão em situação de risco, para uma melhor eficácia do que foi transmitido. Além da criação de grupos terapêutico nos Centros de Saúde, abordando temas variados. Apesar de não existir muito espaço livre nos Centros de Saúde, sugere-se a criação de um espaço direccionado aos adolescentes, sendo que só no Centro Reprodutivo – PMI/PF de Bela Vista dispõe desse espaço. Mas, para que tudo isso seja exequível, efectivamente, é preciso que o Estado gere condições. Sugere-se, ainda, que sejam introduzidos mais programas de prevenção ao consumo de drogas principalmente nas escolas do ensino básico, com o intuito de incutir nas crianças desde cedo, as consequências desse comportamento insano. Também esses programas podem incluir palestras acerca de comportamentos assertivos e estratégias de coping, contribuindo mais para atitude e comportamentos saudáveis. 75 Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável” Proposta do programa - Projecto Intervenção Comunitária “Adolescer Saudável” I. Introdução O programa “Adolescer Saudável” é um programa de cariz comunitário voltado na promoção de efectivos ganhos em saúde na área da saúde da criança e do adolescente. Este projecto quer promover a melhoria do estado de saúde das crianças e adolescentes, fazendo com que deixem atitudes que comprometem a saúde, passando a envolver-se mais directamente na realização de práticas saudáveis. Além disso, não só promove a educação em saúde, mas também, permite o desenvolvimento e facilita melhor integração na escola e o sucesso escolar e educativo. II. Contextualização e justificativa do projecto O quotidiano que leva-se em dia oferece as crianças e jovens imensos perigos, com que facilmente poderão ser levados. A desestabilização nas famílias motivadas pelo desemprego, consumo de álcool ou droga ou a própria desestruturação familiar, leva a ao caminho da criminalidade e da droga, ou até mesmo da prostituição. Seja cada vez mais uma procura e um caminho, que pensam ser o mais fácil para obter o que se deseja. Atingir proporções alarmantes, impedindo o desenvolvimento, do bem-estar, da paz e da harmonia da sociedade, transfigurando-se num problema da saúde pública Pois, parte-se do principio que o uso de drogas é um problema social com impactos diversos directos da saúde do individuo, família, comunidade e sociedade em geral e, que a promoção da saúde dos mesmos, inclui a prevenção, que esta voltada a evitar ou minimizar os problemas de saúde (Passos, Evangelistas e Barros). Neste sentido, a promoção da saúde apoia o desenvolvimento de acções que aumentam a qualidade, criando estratégias com programas de educação para saúde, actuando nas comunidades, escolas, instituições de lazer, entre outros (Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.557). Deste modo, como pretexto de actuação, vai-se utilizar as escolas e jardins infantis para intensificar a acção e organizar sessões de educação para saúde das crianças e adolescentes. Alertá-los para as consequências maléficas dos 72 Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável” comportamentos de risco, visto que é de extrema importância actuar o mais precoce possível, incutindo deste de cedo a importância de práticas e comportamentos saudáveis. III. Objectivos 1. Objectivo geral Contribuir para uma sociedade saudável; Prevenir comportamentos aditivos, transgressivos e desviantes nos jovens, Sensibilizar a família para o importante papel que tem como agente de prevenção do consumo de substâncias psicotrópicas e desenvolvimento da criança e do adolescente. 2. Objectivos específicos Prevenir a população jovem dos riscos do consumo substâncias psicotrópicas; Fomentar a participação dos jovens, o trabalho em equipa nas actividades amigáveis e saudáveis; Reforçar e desenvolver bons hábitos e comportamentos saudáveis. Estimular as habilidades criativas e de iniciativa; Consciencializar os jovens a utilizar o preservativo como forma de prevenção de doenças e gravidez não planeada e, alerta-los sobre comportamentos e situações de risco; Fomentar a auto-estima e confiança; Promover competências relacionais em detrimento de conflitos interpessoais; Ampliar competências pessoais e sociais através de prática educativas; IV. Público-alvo Crianças pré - escolares e crianças dos 9/11anos - EBI (4º,5º e 6º classe): visto que ainda muitos não adquiriam hábitos insanos. Adolescentes dos 12/18 anos - Escolas Secundários (1º, 2º e 3º ciclo): prevalência do consumo de drogas nessa faixa etária. 73 Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável” Famílias (pais ou encarregados) com crianças e adolescentes: as famílias são peças chaves para um desenvolvimento saudável da criança e dos adolescentes. V. Lugares de intervenção Escolas básicas e secundárias; Jardins infantis; Bairro da Ilha de Madeira. VI. Duração do programa O programa será desenvolvido durante o período lectivo, visto que o públicoalvo, são as crianças e adolescentes. VII. Actividades desenvolvidas Secção 1: Apresentação do programa Primeiramente fazer a apresentação do programa nos locais da realização do projecto; Secção 2:Adolescer saudável - Educação para Saúde Módulo 1: “Em busca de um caminho seguro” – Consumo de drogas na adolescência e suas implicações; Neste módulo abordar-se-á o tema drogas na adolescência e suas implicações, disponibilizando ao público informações a cerca desse tema, com intuito oferecer-lhes uma bagagem suficiente para fazerem práticas assertivas voltadas a saúde. Módulo 2: “O que é ser adolescente? A procura do desconhecido” - Fase de desenvolvimento biopssicosocial do adolescente; É de extrema importância dar conhecimento a cerca da fase de desenvolvimento de um adolescente, a fim de dar respostas as modificações que acontecem nessa fase da vida que muitas vezes é desconhecida e, também ajudar os pais ou encarregados de educação a lidar com os filhos que estão a passar por esta fase. Módulo 3: “A minha imagem” - Promoção da auto-estima e reforço das estratégias de coping; 74 Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável” Ajudar os jovens a lidar com a sua imagem é muito importante, isso reforça a sua auto-confiança. Além de ajuda-los a reforçar as suas estratégias para lidar com situações difíceis e de stress. Módulo 4: “Amor e sexualidade” - Sexualidade segura; Oferecendo-lhes conhecimento a cerca do funcionamento sistema reprodutor, sexualidade segura e saudável, importância do preservativo e outros métodos (prevenção da gravidez precoce), as doenças e infecções sexualmente transmissíveis e, a relação entre o uso de drogas e a sexualidade de risco. Módulo 5: “Meu lar, meu porto seguro” - Aconselhamento dos pais encarregados de educação no desenvolvimento de um indivíduo; Discutir a importância de um seio familiar saudável, demonstrando a importância do acompanhamento no desenvolvimento dos filhos. Nota: alguns dos módulos haverá apresentação de filmes relacionado com o tema. Estas palestras são voltadas para as escolas básica, escolas secundárias e, no bairro da Ilha de Madeira e outras comunidades. Secção 2: “Saúde é desporto, saúde é arte”: Realização de Actividades Desportivas (futsal, futebol); Criação de Ateliers Artísticos (ambiental, expressão plástica, cerâmica, expressão corporal); Jogos diversos. Nota: estas actividades serão desenvolvidas nos jardins infantis (jogos, expressões plásticas, cerâmica e corporais). Em relação as actividades desportivas são desenvolvidas entre as escolas. Secção 3: “Eu e o grupo”: Terapia de grupo Sessões de esclarecimento e sensibilização para saúde; Dinâmica de Grupo para desenvolvimento pessoal e social; Criação de parceria com o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs ad) para atendimento, encaminhamento e acompanhamento de situações individuais, nos adolescentes do bairro (psicoterapia de individual). 75 Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável” Nota: Estas actividades poderão ser desenvolvidas no Centro Social de Ribeira Bote, no CAPs ad. Recursos Formado por, Enfermeiros comunitários; psicólogos; psicólogos das escolas secundárias; pessoas da comunidade que queiram participar; líderes comunitários. Como potenciais parceiros levanta-se desde já o possível apoio da Câmara Municipal, Câmara Municipal de São Vicente, CCCD, Delegacia de Saúde, CAPs ad, Escolas e jardim infantis, Centro de juventude. Em relação aos recursos, necessitará de materiais desportivos, expressão plástica (materiais recicláveis), projector; computador, materiais de escritório, cadeiras e mesas, etc. VIII. Cronograma de actividades O cronograma serve para apresentará as actividades realizadas de forma detalhada, que poderão ou não decorrer durante o ano lectivo, com visitas programadas, que adequa a cada instituição ou comunidade. Entretanto, o cronograma não será apresentado no trabalho, é necessário o consentimento das instituições que irão participar e, posteriormente elaborar o cronograma de forma adequar as respectivas instituições. Além disso, que é necessário levar em conta a disponibilidade dos profissionais (equipa multidisciplinar) que vão participar no projecto. As actividades poderão sofrer alterações, no sentido de desenvolver mais actividades para satisfação do público-alvo. IX- Resultados esperados Com este projecto espera-se que: Espera-se com essas intervenções, que os jovens adoptem comportamentos saudáveis; A curto prazo espera-se uma maior consciencialização para os malefícios do consumo de drogas; A médio e longo prazo, a diminuição do consumo de drogas na adolescência; Mais e melhor aconselhamento por parte dos pais e encarregados de educação nos hábitos de consumo de drogas e educação sexual. 76 O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária. Referências bibliográficas Andrade, M. I. (1994), A Face Oculta Das Drogas, Portugal, Porto Editora. Backes, D. S, Backes M. S., Erdmann A. L. e Buscher, A. (2012), O papel profissional do enfermeiro no Sistema Único de Saúde: da saúde comunitária à estratégia de saúde da família, Ciência & Saúde Coletiva, vol. 17, nº1 (223-230). Barros, M.M.C. 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Anna Nery, v.16, n.1, 57-63 86 APÊNDICE APÊNDICE I: CONSENTIMENTO INFORMADO i UNIVERSIDADE DO MINDELO Sapientia Ars Vivendi 12 ANOS PROMOVENDO A QUALIDADE CONSENTIMENTO INFORMADO No âmbito da Licenciatura em Enfermagem ministrada na Universidade do Mindelo, eu Nilza Almeida Silva, pretendendo efectuar uma investigação, cujo tema, O Consumo de Drogas da Adolescência: uma abordagem na Enfermagem Comunitária, tendo como objectivo, identificar as intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira, São Vicente. A sua participação é voluntária e importante, contudo, é livre de abandonar o estudo a qualquer momento. A sua tarefa consiste em preencher estes questionários. Para isso, certifique-se de que responde sempre a todos os itens. As suas respostas só serão analisadas, na extensão desta investigação e em conjunto com as de muitos outros participantes, respeitando o anonimato e a confidencialidade. Não há respostas certas ou erradas, no entanto, as suas respostas sinceras, são de extrema importância para a investigação. Em caso de dúvida, não hesite em solicitar o seu esclarecimento, por parte do investigador. Agradeço a sua colaboração. Contacto: Nilza Siva (9527101) APÊNDICE II: QUESTIONÁRIO ii QUESTIONÁRIO A. Características Sociodemográficas 1. Idade:________anos 2. Sexo: F M 3. Grau de Escolaridade: 6º classe 8º ano 10º ano 12º ano 7º ano 9º ano 11º ano Outro qual?________ 4. Trabalhas? Sim Não 5. Moras com quem? Mãe Pai Mãe e Pai Outros familiares Sozinho quem?_____________________ 6. Quantas pessoas moram na tua casa, contando contigo? __________pessoas 7. Qual é o rendimento da tua família (condições financeiras)? Alta Média alta Média baixa Baixa 8. A sua casa é construída de: Lata Betão Papelão 9. A sua casa tem rede de esgoto? Sim Não Leia com atenção! As perguntas que virão a seguir serão sobre o consumo de drogas (álcool, tabaco e outras drogas). Novamente é de reforçar que é do meu interesse preservar o anonimato, quero que fique à vontade em responder pois o bom resultado depende da exatidão das suas respostas. B. Informações sobre ti e seus amigos em relação as drogas 10. Já consumiste drogas? (Se não consomes drogas podes passar para pergunta 19) Sim Não 1 11. Que idade tinha quando consumiste drogas pela primeira vez? ________anos 12. Qual foi a 1º droga que consumiste pela primeira vez? Álcool Tabaco Haxixe Cola Padjinha Sedativos Pedra Outra Cocaína qual?_____________ 13. Por que resolveste experimentar droga pela primeira vez? Curiosidade Para aliviar o stress ou problemas Influência dos amigos Outrosmotivos_____________________________________________________ 14. O que sentiste ao experimentar pela 1º vez? Sensação de bem-estar Euforia Desespero Normal 15. Ainda usas drogas (incluindo álcool e tabaco)? Sim Não 16. Se sim, qual ou quais as drogas que usas? (Podes assinalar mais que uma opção) Álcool Tabaco Haxixe Heroína Padjinha Pedra Cola Sedativos Cocaína Outra qual?____________ 17. Com que frequência consomes drogas? Todos os dias De vez enquanto Só nos fins de semana Várias vezes ao dia Em festas ou convívios Sempre que convidarem 18. Com quem consomes drogas? Sozinho Com amigos Outro quem?________________ 19. A maioria dos teus amigos consome drogas? Sim Não Não são todos 20. Como adquires as drogas? (Se não consomes drogas, podes passar para pergunta 22) Compras É oferecido As vezes compro, outra vez é oferecido 2 21. Se compras a droga, como arranjas o dinheiro? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 22. Na tua zona vendem drogas (álcool, tabaco, padjinha, cocaína, haxixe, entre outros)? Sim Não 23. Enumera algumas drogas que são vendidas na zona. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 24. As drogas são vendidas: Alto custo Baixo custo Uns são de alto custo outros são de baixo custo C. Informações em relação aos teus familiares, sobre o consume de drogas 25. Algum membro da família consome drogas? Sim Não 26. Se, sim quem ou quais consomem drogas? Mãe Pai Outros familiares quem?_____________ 27. E qual é à droga que consomem? (Podes assinalar mas que uma opção) Álcool Tabaco Haxixe Cola Padjinha Pedra Sedativos Outra Cocaína qual?__________ 28. Há sempre conflitos em tua família? Sim Não 29. A sua mãe ou seu pai sabem que consomes drogas (álcool, tabaco, outras drogas)? (Se não consomes drogas podes passar para pergunta 31) Sim Não 30. Se sim, o que acham em consumires drogas 3 São liberais e acham normal Não concordam Não dizem nada D. Aspectos sociais e de saúde 31. Praticas algum tipo de desporto? Sim Não 32. Nos tempos livres, o que gostas de fazer? _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 33. Fazes parte de algum culto religioso? Sim Não 34. Achas que às drogas (álcool, tabaco, outra drogas) podem ser solução para os problemas? Sim Não 35. Tens à noção que consumir qualquer tipo de droga trás vários problemas a saúde? Sim Não 36. Se sim, já pensou em mudar este hábito de consumir drogas? Sim Não 37. Se sim. O que já fez para mudar _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 4 APÊNDICE III: GUIÃO DE ENTREVISTA iii Guião de entrevista sobre as características do barro da Ilha de Madeira 1-Como é a segurança do bairro? 2-Como é a relação entre os moradores? 3-Existe muitas actividades culturais desenvolvidas no bairro? 4-Existe conflitos entre os jovens? 5-As instituições (Jardins, Lar de idoso) no bairro têm alguma condição? 6-Quais são os maiores problemas desse bairro? APÊNDICE IV: GUIÃO DE OBSERVAÇÃO Categorias Características 1. Ambiente Físico Estreitas Dimensão das Ruas Largas Nenhuma Condição de acessibilidade Alguma Bastante Alcatrão Pavimento Terra batidas Calcetadas Inexistente Poluição Pouca Muita Contentores (número) Insuficiente Iluminação Pública Suficiente Boa iluminação Opção Observação Lata Casas Betão Papelão Uniformes Distribuição das casas Disformes Espaços livres/verde Saneamento Electricidade Jardins Infantis 3. Instituições Educacionais Escola Básica Escola Secundária Patrulha de Policia 4. Segurança Posto policial Grupos Organizados (gang) Transporte público 5. Transporte Táxis Transportes domésticos (bicicleta, carros, mota) Centro de Saúde 6. Serviços da Saúde Centro de Apoio Social Lares de idosos Bancos Bares Lojas de produtos diversos 6. Outras instituições Barbearias Associações desportivas Ateliês Praças/Parque infantil Cyber Cafés Campos/Polidesportivos 7. Lazer Grupos de jovens Polidesportivos Discotecas Igrejas APÊNDICE V: DICIONÁRIO DE VÁRIAVEIS v Nº de Definição células extenso por Valor que assume Missing value Tipo de escala 99 Nominal 99 99 Intervalar Ordinal 99 Nominal 99 Nominal 99 Intervalar 99 Ordinal 99 Nominal 99 Nominal ID Sexo Idade 1 1 1 H_lit Sit_lab 1 1 Ag_fam Nr_fam 1 1 Rend_fam 1 Const_c Saneam 1 Sexo Masc-1 Fem-2 Valor real 1-EBI 2-1º Ciclo ES 3-2º Ciclo ES 4- 3º Ciclo ES 5- Outro Situação laboral 1-Sim 2-Não Agregado familiar 1-Mãe e Pai 2-Mãe 3-Pai 4-Sozinho 5-Outros familiares Número do Valor real agregado familiar Rendimento 1-Baixa familiar 2-Média Baixa 3-Media Alta 4-Alta Construção da casa 1-Lata 2-Papelão 3-Betão Saneamento Básico 1-Sim 2-Não Habilitações literárias Cons I_PCons S_PCons Mot_Exp Sens_PCons Cons_At SubConsAt 1 Consumo 1-Sim 2-Não Idade do primeiro Valor real consumo Substância do 1-Álcool primeiro consumo 2-Tabaco 3-Padjinha 4-Pedra 5-Cocaína 6-Haxixe 7-Heroína 8-Cola 9-Sedativos 10-Outro Motivo da 1-Curiosidade experimentação 2-Aliviar stress 3-Influência de amigos 4-Outros Sensações do 1-Bem estar primeiro consumo 2-Euforia 3-Desespero 4-Nada Consumo atual 1-Sim 2-Não Substancia de 1-Álcool consumo atual 2-Padjinha 3-Álcool e Tabaco 4-Álcool e Padjinha 5-Álcool, Tabaco e Padjinha 6-Álcool, Tabaco Padjinha e Cocaína 99 Nominal 99 Intervalar 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal Nominal 99 Nominal FreqCons CompCons ConsGP Aq_Sub DC_Sub V_SubL Sub_V Cust_SubV Cons_Fam Fam_Cons 7-Álcool, Padjinha e Cocaína do 1-Uma vez ao dia 2-De vez em quando 3-Várias vezes ao dia 4-Só nos fins-de-semana Companhia de 1-Sozinho consumo 2-Com amigos 3-Outro Consumo de grupo 1-Sim de pares 2-Não Aquisição da 1-Compra substância 2-Oferta 3-Compra e oferta Dinheiro para 1-Pede a mãe ou pai compra de 2-Pede a qualquer pessoa substância 3-Pede a mãe ou pai ou vende algo 4-Trabalha Venda de substância 1-Sim local 2-Não Substâncias 1-Drogas lícitas vendidas 2-Drogas ilícitas 3-Drogas lícitas e ilícitas Custo de 1-Baixo Custo substâncias 2-Alto Custo vendidas 3-De baixo e outros de alto custo Consumo familiar 1-Sim 2-Não Familiares que 1-Mãe e Pai consumem 2-Mãe 3-Pai Frequência consumo 99 Ordinal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal SubCFam ConfFam ConhCF Atit_FC P_Desp 4-Outros familiares 5-Pai e outros familiares Substâncias 1-Álcool consumidas pelos 2-Tabaco familiares 3-Padjinha 4-Álcool e Tabaco 5-Álcool e Padjinha 6-Álcool e Cocaína 7-Álcool, Tabaco e Padjinha 8-Álcool, Padjinha e Cocaína Conflitos familiares 1-Sim 2-Não Conhecimento do consumo por parte dos familiares Atitude dos familiares face ao consumo Prática de desporto Lazer Lazer 99 Nominal 99 Nominal 1-Sim 2-Não 99 Nominal 1-São liberais 2-Não concordam 3-Não dizem nada 1-Sim 2-Não 1-Prática desportiva 2-Convívio com amigos 3-Jogar no PC 4-Passear 5-Ver TV 6-Ficar em casa sem fazer nada 7-Fumar Padjinha 8-Prática desportiva e convívio amigos 9-Prática desportiva e jogar no PC 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal com Relig SubRP Sub_Saúd M_HabC M_Cl Religião 10-Prática desportiva e dançar 11-Convívio com amigos e ver TV 12- Dançar e passear 13- Prática desportiva, jogar no PC e passear 14- Prática desportiva, Convívio com amigos, jogar no computador, dançar, passear e ver TV 1-Sim 2-Não como 1-Sim de 2-Não Substância resolução problema Substâncias e problemas de saúde Mudar o hábito de consumo Mudança comportamental 1-Sim 2-Não 1-Sim 2-Não 1-Não deixar influenciar 2-Prática desportiva 3-Ainda nada 4-Ficar em casa 5-Não consigo mudar esse hábito 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal 99 Nominal APÊNDICE VI: ILHA DE MADEIRA vi APÊNDICE VII: CRONOGRAMA DA INVESTIGAÇÃO vii Atividades Fase Inicial Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Tema Pesquisa P. Partida e Justificativa Objetivos Escolha da abordagem Construção da Problemática Enquadramento teórico Apresentação do Projeto Procedimentos Éticos Trabalho de Pesquisa Iniciar a invsetigação Fase de Execução Meses Metodo e Instr. de recolha de dados Participantes Campo Emp. Fase de Encerramento Recolha de dados Tratamento de dados Apresentação dos resultados Interpretação dos resultados Introdução Considerações Finais Resumo Enviar o TCC ao Orientador Revisão e tradução Entregar no SAA 15 26 6 APÊNDICE VIII: DIAGNÓSTICO, INTERVENÇÕES E ACTIVIDADES DE ENFERMAGEM viii Diagnóstico Intervenções Actividades Adolescentes Manter o estímulo positivo para mudança de comportamento 1-Adaptação prejudicada Identificar temas para tópicas que Definição: Estado em que o indivíduo não deseja modificar seu estilo de vida/comportamento de modo compatível com a mudança no estado de saúde. ocorrem nas discussões do grupo Modificar Características definidoras: Ensinar estratégias que podem ser Prevenção de drogas o comportamento Verbalização da não aceitação da mudança no estado de saúde ou incapacidade de envolver-se na solução dos problemas e no estabelecimento de metas. Grupo de Apoio Educação para Saúde Assistência para parar de fumar/uso de substância Ensino de Grupo Ensino: sexo seguro e 2-Comportamento de Saúde propenso a risco Definição: Incapacidade de modificar estilo de vida/comportamentos de forma compatível com mudanças no estado de saúde. sexualidade Aconselhamento sexual Protecção contra infecção usadas para resistir a comportamentos não saudável ou assunção de aconselhamento a evitar ou mudar Estabelecer a necessidade de um programa Adaptar os métodos/materiais educativas às necessidades/características de aprendizagem de grupo quando adequado Orientar as pessoas significativas quanto ao programa educacional e os Características Definidoras: Demonstra não-aceitação da mudança no estado de saúde; Não consegue agir de forma a prevenir. Factores relacionados: objectivos que ele deve alcançar Ensino sobre a prevenção de infecção (sexualmente transmissíveis), Endossar o uso de contraceptivos Orientar os jovens sobre o uso de métodos contraceptivos eficazes. Apoio social inadequado; Providenciar informações factuais sobre Atitudes negativas aos cuidados de saúde; mitos e informações sexuais Múltiplos stressores. equivocados que o indivíduo possa verbalizar 3-Deficit de conhecimento Auxiliar o indivíduo a tolerar níveis aumentado de stress Definição: Estado no qual o individuo ou grupo apresenta Apoiar medidas que regulam a venda e deficiência no conhecimento cognitivo ou nas habilidades a distribuição de álcool a menores psicomotoras relativas à condições ao plano de tratamento. Características definidoras: Recomendar possíveis mudanças nos currículos sobre o uso de substâncias no ensino fundamental Verbaliza a deficiência de conhecimento ou solicitar informação; Expressa percepção incorrecta acerca do estado de saúde; Conduzir programas em escolas para evitar o uso de substâncias como actividade recreativa Auxiliar na organização de actividades Não desempenha correctamente um comportamento de saúde desejado. 4-Manutenção da saúde alterada Definição: Estado no qual o individuo ou grupo apresenta ou está em risco para apresentar um distúrbio de saúde devido ao estilo de vida pouco sadio à falta de conhecimento sobre o controle de uma condição Características definidoras: Comunica ou demonstra uma prática ou um estilo de vida pouco sadios: abuso de drogas. Factores relacionados: Relacionado à falta de educação sobre factores relativos à idade (Adolescência) abuso de drogas (álcool, outras drogas, tabaco). livres de substâncias para adolescentes 5-Risco para Infecção Definição: Estado em que o individuo está em risco de ser invadido por agentes oportunistas ou patogénicos de origem endógena ou exógena. Factores Relacionados: Comportamentos de risco: relação sexual sem protecção; alcoolismo. Pais/Família Ensinar 6-Paternidade ou maternidade alterada Melhora de papel novos comportamentos, necessário de modo a satisfazer; Educação para Saúde Definição: Estado em que um ou mais dos cuidadores demonstram incapacidade, real ou potencial para proporcionar um ambiente construtivo que favoreça o crescimento e o desenvolvimento do seus filhos. Aconselhamento Orientar os pais sobre a importância do exemplo no abuso de substância Orientar os pais no sentido de apoiarem políticas escolares que proíbem o consumo de álcool e de drogas em actividades extracurriculares Características definidoras: Comportamentos paternos/maternos inapropriados e/ou desfavoráveis (historia do consumo familiar e consentimento e liberalismo dos pais em relação ao consumo de drogas). Factores Relacionados: Abuso de drogas. Fonte: Adaptado: Diagnóstico – NANDA (2007-2008); Carpenito (1997) e Intervenção e actividade – NIC (2004).