UNIVERSIDADE DO MINDELO
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE
CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ANO LETIVO 2014/2015 – 4º ANO
Autor: Nilza Almeida Silva, N.º 2567
Mindelo, 2015
UNIVERSIDADE DO MINDELO
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE
NILZA ALMEIDA SILVA
O CONSUMO DE DROGAS NA ADOLESCÊNCIA:
UMA ABORDAGEM DA ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
Trabalho apresentado à Universidade do Mindelo como parte
dos requisitos para obtenção do grau de Licenciatura em
Enfermagem, sob a orientação científica da Psicóloga Mestre
Denise Oliveira Centeio.
Mindelo, Julho de 2015
ii
DEDICATÓRIAS
Aos meus familiares, que sempre apoiaram-me em todos os momentos da minha vida,
sobretudo durante todos esses anos de formação até chegar o final desta grande etapa.
Aos meus amigos, Mirian Almeida, Ineida Recheado e Ivan Candeias e irmã Milene
Silva pelo apoio, incentivo e companheirismo que sempre manifestaram e, por terem
estado sempre comigo nesta caminhada.
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço à Deus, porque sem Ele não seria possível a realização de todo
este processo de investigação e, por dar-me a capacidade e inteligência para elaborá-lo.
Também agradeço a importante colaboração de professores de Enfermagem,
Enfermeiros e meus colegas de curso, que contribuíram para a concretização deste
trabalho.
Um especial agradecimento à minha professora orientadora Denise Oliveira Centeio,
cujo apoio, dedicação, críticas e achegas contribuíram muito para o trabalho agora
apresentado. A quem agradeço pelo seu inestimável contributo.
iv
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém
ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”
(Arthur Schopenhauer)
v
ÍNDICE GERAL
RESUMO ..................................................................................................................... x
ABSTRACT ................................................................................................................ xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................. xii
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
Justificativa ........................................................................................................................... 14
Problemática ......................................................................................................................... 15
Objectivos ............................................................................................................................. 16
Objectivo Geral.................................................................................................... 16
Objectivos Específicos ......................................................................................... 16
CAPÍTULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................................... 18
1.1.Perspectiva Histórica das drogas................................................................................... 18
1.2.Drogas: Conceitos Gerais .............................................................................................. 19
1.3.Classificação das drogas ................................................................................................ 23
1.3.1.Depressores ou Psicolépticos ....................................................................... 24
1.3.2.Estimulantes ou Psicoanalépticos ................................................................ 24
1.3.3.Alucinogénio, Perturbadores ou Psicodislépticos ......................................... 24
1.4.Cannabis e seus efeitos .................................................................................................. 25
1.5.Adolescência .................................................................................................................. 27
1.6.O consumo de drogas entre adolescentes ..................................................................... 28
1.6.1.Factores de risco e de protecção do consumo de drogas na adolescência ...... 29
1.6.1.1. Influência da família ................................................................................ 30
1.6.1.2. Influência dos grupos de Iguais ou Pares ................................................. 31
1.7.Prevenção ....................................................................................................................... 32
1.8.Políticas na prevenção do consumo de drogas em Cabo Verde .................................. 33
1.9.Enfermagem Comunitária ............................................................................................. 35
1.9.1.Abordagem da Enfermagem Comunitária no consumo de drogas da
adolescência ......................................................................................................... 37
1.9.1.1. Função do enfermeiro na prevenção primária .......................................... 39
1.9.1.2. Função do enfermeiro na prevenção secundária ....................................... 39
1.9.1.3.Função do enfermeiro na prevenção terciária ............................................ 40
1.10.Modelos de Educação para Saúde .............................................................................. 41
1.10.1.Modelo PRECEDE-PROCEED ................................................................. 41
vi
1.10.2.Modelo saúde-crença ................................................................................. 42
1.10.3.Modelo de Promoção de Saúde.................................................................. 42
1.11.Intervenções de enfermagem comunitária aos adolescentes do bairro da Ilha de
Madeira que consomem drogas ................................................................................... 43
1.11.1.Processo de Enfermagem Centrada na Comunidade .............................................. 44
CAPÍTULO II: FASE METODOLÓGICA ................................................................. 45
2.1.Tipo de estudo/pesquisa................................................................................................. 46
2.2.Amostra/Participantes .................................................................................................... 47
2.3.Instrumentos de recolha de dados ................................................................................. 48
2.3.1.Questionário ................................................................................................ 49
2.3.2.Observação não participante ........................................................................ 49
2.3.3.Entrevista .................................................................................................... 49
2.4.Campo empírico ............................................................................................................. 50
2.4.1.Caracterização da comunidade .................................................................... 50
2.5.Procedimentos ................................................................................................................ 53
CAPÍTULO III – FASE EMPÍRICA ........................................................................... 55
3.1.Apresentação e interpretação de resultados.................................................................. 56
3.1.1.Caracterização sócio-demográfica da amostra ............................................. 56
3.1.2.Apresentação de resultados da estatística descritiva das variáveis estudadas 57
3.1.3.Comparação de variáveis .................................................................................... 69
CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................. 69
Propostas do estudo .............................................................................................................. 74
Proposta do programa – Programa de Prevenção de drogas “Adolescer Saudável” 72
Referências bibliográficas ........................................................................................... 81
Apêndice I: Consentimento Informado ........................................................................... i
Apêndice II: Questionário ............................................................................................. ii
Apêndice III: Guião de entrevista ........................................................................................ iii
Apêndice IV Guião de observação ....................................................................................... iv
Apêndice V: Dicionário de váriaveis .................................................................................... v
Apêndice VI: Ilha de Madeira .............................................................................................. vi
Apêndice VII: Cronograma da Investigação ...................................................................... vii
Apêndice VIII: Diagnóstico, Intervenções e Actividades de Enfermagem ..................... viii
vii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico1. Experimentação ........................................................................................... 57
Gráfico 2. Idade do 1º consumo .................................................................................. 57
Gráfico 3. Substância do 1º consumo .......................................................................... 58
Gráfico 4. Sensação do 1º consumo ............................................................................. 58
Gráfico 5. Motivo do 1º consumo ................................................................................ 59
Gráfico 6. Consumo Actual ......................................................................................... 59
Gráfico 7. Substâncias de Consumo Actual ................................................................. 60
Gráfico 8. Frequência do Consumo ............................................................................. 61
Gráfico 9. Companhia de Consumo ............................................................................. 61
Gráfico 10. Consumo dos membros do Grupo ............................................................. 62
Gráfico 11. Aquisição da Substância ........................................................................... 62
Gráfico 12. Dinheiro da compra .................................................................................. 63
Gráfico13. Venda de Substância Local ........................................................................ 63
Gráfico 15. Familiares que consomem ........................................................................ 64
Gráfico 16. Substância do Consumo Familiar .............................................................. 65
Gráfico 17. Conflito Familiar ...................................................................................... 65
Gráfico 18. Conhecimento do Consumo por dos Familiares ........................................ 66
Gráfico 20. Prática Desportiva .................................................................................... 67
Gráfico 21. Práticas Religiosas .................................................................................... 67
Gráfico 22. Consumo de substância como resolução de problemas .............................. 68
Gráfico23. Substâncias e problemas de Saúde ............................................................. 68
Gráfico 24. Mudar o hábito ......................................................................................... 68
Gráfico 25. Mudança comportamental......................................................................... 69
viii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Comparação das médias e desvio padrão da idade do primeiro consumo em
função do sexo ............................................................................................................ 70
ix
RESUMO
O uso de drogas tem revelado um sério problema de saúde pública. O estudo que se
apresenta debruça-se sobre o problema. Especificamente, pretende identificar as
intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas entre adolescentes do
bairro de Ilha de Madeira, em São Vicente. Para tal, foi estudada uma amostra de 50
adolescentes de ambos os sexos, com idade compreendida entre os 12 e os 18 anos
inclusive, sendo a média de idades 15,98 anos (DP = 1,532). Os dados foram recolhidos
com base num questionário. Os resultados revelaram que, a maioria dos adolescentes já
experimentaram e continuam a experimentar substâncias psicotrópicas. Alguns dos quais
experimentaram ainda na infância. Na globalidade os resultados mostram que o álcool é a
substância lícita mais experimentada e, a padjinha, a substância ilícita mais consumida. A
história do consumo familiar é outro resultado encontrado. Estes resultados apelam a
intervenção de enfermagem comunitária e indicam a necessidade de uma intervenção
precoce voltada para práticas de promoção de saúde, delimitando acções educativas que
reflictam comportamentos e atitudes assertivos de saúde dos adolescentes e suas
respectivas famílias.
Palavras-chave: adolescência, drogas, intervenções, enfermagem comunitária.
x
ABSTRACT
The drug use has revealed a severe public health. This study focuses on the problem,
specifically, it aims to identify the community nursing intervention for the drug use
among adolescent from community of bairro da Ilha de Madeira, in São Vicente. For
this, it studies a sample of 50 adolescent of both gender, whose age between 12 and 18.
The mean of age is 15, 98 years old (SD = 1,532). The data were collected based on a
questionnaire. The results showed that the most of adolescent have tried and continue to
try psychotropic substances.
Some of them experienced it in their childhood. In
general, the findings show that the alcohol is the most experienced legal substance, and
the padjinha, is the most experienced illegal substance. The story of the familiar
consumption is another result found. The results aware for the community nursing
intervention and indicate the need of early intervention aimed at the health promotion
practices, by defining educative activities that reflects healthy behaviors and attitudes of
adolescent and their families.
Keywords: adolescent, community nursing, drugs, intervention.
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a.C.
antes Cristo
apud
citado por
CAP’s ad
Centro de Atenção Psicossocial - álcool e drogas
CCCD
Comissão de Coordenação de Combate à Droga
cf
conferir
ECA
Estatuto da Criança e do Adolescente
et al
e outros
EUA
Estado Unidos da América
ibid
na mesma obra
id
do mesmo autor
INE
Instituto Nacional de Estatística
LSD
Ácido Lisérgico
MS
Ministério da Saúde
NANDA
North American Nursing Diagnosis Association
NIC
Classificações das Intervenções de Enfermagem
OMS
Organização Mundial da Saúde
ONG
Organização Não Governamental
PJ
Polícia Judiciaria
PN
Polícia Nacional
PNDS
Plano Nacional de Desenvolvimento
THC
Tetraidrocanabinol
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
ONUCD
Office des Nations Unies Contre la drogue et le crime
s.d.
sem data
s.p.
sem página
SNC
Sistema Nervoso Central
SPSS
Statistical Package for the Social Science
xii
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
INTRODUÇÃO
O presente estudo, que ora se apresenta surge no âmbito da conclusão da
Licenciatura em Enfermagem realizada na Universidade do Mindelo e, tem como tema
O Consumo de Drogas na Adolescência: uma abordagem da enfermagem
comunitária.
O consumo de substâncias psicotrópicas na adolescência é um tema demasiado
estudado e discutido ao longo dos tempos. Contudo, parece ser um tema que, pela sua
complexidade e multiplicidade de factores envolvidos, ainda não atingiu a sua
maturidade, uma vez que à medida que evoluem as gerações, sociedades e culturas
progride similarmente as variáveis a ter em consideração quando está-se perante este
tipo de comportamento de risco.
Os adolescentes que adoptam pelo menos um comportamento de risco
geralmente reúnem maior declive para outros comportamentos de risco, sobretudo o uso
de drogas. Em específico, os comportamentos de risco podem ser vivenciado como algo
positivo, no sentido em que são encarados pelo adolescente como uma forma de
comprovar a si próprio ou aos outros a capacidade de ser autónomo, manifestando
essencialmente a importância de como estes comportamentos são posteriormente
ajustados, verificando-se que os problemas na adolescência resultam da interacção de
múltiplos factores de risco e não apenas de um factor isolado.
Verdadeiramente muitos factores ligados à protecção e ao risco relacionados a
saúde, tiveram a sua origem na infância e na adolescência, resultado de um aprendizado
social (história do consumo familiar), de uma experimentação ou de uma aderência a
um grupo de pertença. Neste sentido, numa perspectiva de promoção e educação para a
saúde, os adolescentes e crianças são um importante alvo, gerando acções preventivas
específicas para cenários específicos.
Assim, para melhor entender este conceito na sua plenitude, torna-se essencial
a abordagem desta temática nas ciências de saúde, que contribuem e/ou influenciam
para a compreensão, antecipação e decréscimo desse fenómeno.
Estruturalmente, o estudo encontra-se organizado em quatro capítulos distintos,
incluindo as referências bibliográficas. No primeiro momento é abordado uma nota
introdutória, os principais resultados e limitações, o enquadramento do problema e a
13
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
justificativa da investigação, estando em evidência a pergunta de partida, o objectivo
geral e os objectivos específicos definidos ao longo da investigação apresentada. O
Capítulo I versa o enquadramento teórico, onde pretende-se expor os principais
conceitos e o estado da arte do tema em questão. O Capítulo II, apresenta-se a fase
metodológica, o Capítulo III, consta a fase empírica onde se apresentará os resultados. E
por último, o Capitulo IV, versa a discussão e as considerações finais, procurando
apontar a pertinência dos dados recolhidos assim como pontos-chave e, proposta de
trabalho.
Justificativa
A razão da escolha do tema O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma
abordagem da Enfermagem Comunitária deve-se por uma lado, a compreensão e
enriquecimento intelectual, levando a construção de uma reflexão crítica sobre o
consumo de drogas e, por outro, a pertinência de realçar a importância da enfermagem
comunitária no tratamento deste problema de saúde pública. Estudar este fenómeno sob
o ponto de vista da enfermagem comunitária é de grande ponderação, pois mostra o
quão importante trabalhar junto com as comunidades, detectando situações de risco a
saúde, dispondo de acções educativas para lidar com situações adversas, visando a
prevenção do consumo de drogas na adolescência e, consequentemente promover o
bem-estar e o constante equilíbrio da saúde (biológica e psicológica) dos adolescentes e
comunidade inseridos no seu contexto social (com seres biopsicossociais).
Este estudo visa proporcionar aos estudantes de enfermagem e aos dos outros
cursos referências que permitam aprofundar e aperfeiçoar a investigação ao nível do
consumo de drogas na adolescência, numa abordagem da Enfermagem Comunitária.
Pois, este estudo poderá servir de material de consulta aos académicos, docentes e
profissionais da área de enfermagem e pode constituir uma mais-valia na prática da
enfermagem da comunitária no âmbito da abordagem às drogas na adolescência.
14
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
Problemática
O consumo de substâncias psicotrópicas, é um fenómeno bastante antigo, que
vem acompanhando a história da humanidade, entretanto, alcançou proporções nunca
antes vistas, tornando-se actualmente um verdadeiro problema social e de saúde pública.
Segundo o Escritório das Nações Unidas contra Droga e o Crime calcula-se
que em todo o mundo, aproximadamente 200 milhões de pessoas, cerca de 5% da
população entre os 15 e os 64 anos de idade, usam drogas ilícitas pelo menos uma vez
por ano. Cerca da metade dos usuários usam drogas regularmente, isto é, pelo menos
uma vez por mês (CDDD/UNDC, 2011, p.7).
No que diz respeito às drogas legais, segundo o Relatório Mundial (2005) da
Organização das Nações Unidas existem, aproximadamente 200 milhões de
dependentes de drogas no mundo, com o predomínio nos adolescentes (Silva e Padilha,
2011, p.1064).
Neste sentido consta que a utilização de droga dá-se pela primeira vez, na
adolescência (Morel, Hervé e Fontaine, 1999, p.51). Sendo que é um período de procura
e descobertas no qual os adolescentes dão mais importância aos seus grupos de amigos
e, terminam por entrar em conflitos consigo mesmo e com a família, quando adoptam
novos espaços e comportamentos. Esses espaços muitas vezes tornam mais vulneráveis
a situações extremas, tais como o consumo de drogas, delinquência e condutas sexuais
de risco (Silva e Padilha, 2011, p.1064).
Em Cabo Verde a prevalência do consumo de drogas lícitas e ilícitas tem vindo
a aumentar nos últimos anos, de acordo com vários estudos realizados no país. De entre
esses estudos expõem-se em seguida, dois deles: o estudo realizado pelo Inquérito
Nacional sobre a Prevalência do Consumo de Substâncias Psicotrópicas, na população
geral em Cabo Verde, em 2012 (apresentado em Maio de 2013), e o primeiro Inquérito
Nacional de Prevalência do Consumo de Substâncias Psicotrópicas nas Escolas
Secundaria de Cabo Verde, realizado no ano 2013.
De acordo com estes estudos o consumo de substâncias psicotrópicas dá-se na
adolescência, sendo o álcool a substância lícita mais utilizada e a padjinha ou cannabis
a substância ilícita mais consumida. E no que tange ao consumo de substância
psicotrópicas lícitas e ilícitas, registou-se que São Vicente é a ilha que consome mais
(CCCD/Ministério da Justiça, 2013, s.p.).
15
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
Por isso surge o interesse em estudar o tema na ilha de São Vicente, visto que
este fenómeno está a afectar a nossa sociedade. E, para que todo este processo de
investigação seja mais preciso, faz-se uma delimitação do espaço geográfico (em São
Vicente), escolhendo o bairro de Ilha de Madeira, que fica dentro da comunidade de
Ribeira Bote. Por estar entre os bairros mais problemáticos da ilha.
Consoante Graça (2013, p.70) o bairro da Ilha de Madeira defronta com muitos
problemas sociais, realçando a prostituição infantil, delinquência juvenil, gravidez
precoce, tráfico de drogas e toxicodependência. Além de ser uma comunidade com uma
vida nocturna intensa, com fácil acesso a substâncias ilícitas.
Neste sentido, surge a seguinte pergunta de partida: Quais as intervenções de
Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas dos adolescentes do bairro da
Ilha de Madeira, São Vicente?
Assim sendo, torna-se pertinente estudar e intervir junto a essa comunidade e,
um estudo nessa comunidade de defronta vários problemas e, essa intervenção deve
contar com as várias áreas tanto das ciências de saúde como das sociais e
governamentais, promovendo a saúde biopsicossocial dos indivíduos constituem a
comunidade.
Objectivos
Objectivo Geral:
 Identificar as intervenções de Enfermagem Comunitária para o consumo de
drogas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira, São Vicente;
Objectivos Específicos:
 Identificar o perfil sócio-demográfico dos adolescentes do bairro da Ilha de
Madeira;
 Verificar a incidência do consumo de drogas entre os adolescentes do bairro da
Ilha de Madeira;
 Identificar as drogas mais usadas entre os adolescentes do bairro da Ilha de
Madeira;
 Propor um programa de intervenção comunitário para o consumo de drogas.
16
CAPÍTULO I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
1.1.
Perspectiva Histórica das drogas
O refúgio à substâncias capazes de agir sobre o espírito, é tão antiga como a
própria existência humana. O consumo de substância foi outrora atribuído ao alívio de
dores físicas e morais e, muitas vezes utilizadas como escape dos limites da condição
humana, até chegar, por meio do transe e da alucinação, a mundos estranhos (Richard,
1995, p.11).
Assim, tanto nas civilizações antigas como nas indígenas, as plantas
psicotrópicas, como a cannabis, ópio e coca eram usadas em múltiplos cenários, desde a
cura de doenças, afastamento de espíritos maus, conquistas nas caçadas, na atenuação
da fome e, o rigor do clima de determinadas regiões (Lacerda, 2008, p.2).
Entretanto, algumas dessas plantas psicotrópicas foram primeiramente
consumidas como alimento, depois vistas como objecto de culto e, mais tarde, utilizadas
pela medicina, posteriormente consumidas como droga. As plantas eram como alimento
mitológico, através de um preparado alcoólico, extraído do suco fermentado de
cogumelo, para se comunicarem com os Deuses designado por “soma”, pouco antes dos
anos 700 a.C. Este preparado era também utilizado como medicamento, a fim de tratar
dores físicas, assim como, dores morais (angustia e desgostos) (Andrade, 1994, p.4647).
Várias pesquisas arqueológicas apontaram que determinadas pinturas deixadas
pelos homens da idade da pedra teriam sido criadas sob efeito de transe que
provavelmente incluíam o consumo de plantas psicotrópicas (Lesse, 1998 apud
Lacerda, 2008, p.2).
No século XVI, começaram a associar a droga à medicina. Neste período
Renascentista, Veneza e Nápoles conheceram uma grande magnificência graças ao
comércio de especiarias orientais. Das suas jornadas ao Médio Oriente, importavam a
cannabis e o ópio. Concomitantemente, com o desenvolvimento do comércio, as drogas
de meros instrumentos de culto e bruxaria acabaram, igualmente, a serem conhecidas
pelos seus resultados terapêuticos (Andrade, 1994, p.46).
Com a chegada da ciência e seu desenvolvimento, as drogas que eram a
princípio de origem natural, foram transformadas e deu-se origem a outras, as drogas
sintéticas. Esta por sua vez, fizeram-se presente nas duas grandes Guerras Mundiais,
18
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
utilizadas pelas populações e pelos soldados para acalmar a fome, a fadiga, a dor e o
sono (Lacerda, 2008, p.3).
Logo após a segunda Guerra, as drogas sintéticas começaram a ser utilizadas
como tranquilizantes, nomeadamente, os benzodiazepínicos, com fins de tratarem
algumas enfermidades, que aliviavam as tensões e que permitiam um sono tranquilo.
Além disso, outro marco, é o surgimento do movimento hippie nos anos 60, um
movimento liberalista, onde buscavam sair do sistema social padrão, tentando criar uma
nova forma de pensar, sentir e perceber a realidade bem diferente que as sociedades
estabeleciam. Utilizavam drogas e experiências míticas procurando sensações
prazerosas e modificação do estado de consciência (id, p. 4).
Com isso, as drogas actuais não surgiram do nada. Antagonicamente, a proeza
dos psicotrópicos foi-se alargando aos poucos, de continente em continente, adoptando
um ritmo de trocas comerciais, culturais e religiosos. Ao mesmo tempo que as
variedades dos produtos e utilizações iam apropriando-se dos contactos entre
divergentes hábitos sociais (Xiberras, 1989, p.57).
Contudo, a cultura e, também a religião, para além das próprias sociedades,
estimulam o uso de algumas drogas, uma vez que desencorajam a utilização de outras.
Ou seja, o café, o álcool e o tabaco são drogas socialmente aceites por várias culturas,
outras as proíbem. Enquanto, o consumo de cannabis, cocaína e heroína não é aceite por
muitas, embora sejam encaradas como sagradas e o seu consumo instigado em outras
culturas (Mathre, 1999, p.776).
Ainda, Xiberras (1989, p. 58) sublinha que “as culturas dispuseram de total
liberdade para escolher, dentre as drogas, aquelas que eram susceptíveis de
determinarem os efeitos sócias mais favoráveis, os que melhor se adequavam aos seus
desejos ou, seu modo de perspectivar a realidade”.
Como pode-se assimilar, o fenómeno do uso de drogas psicotrópicas é
historicamente remota. Contudo, é na actualidade que este está se intensificando em
grandes proporções, transformando-se num dos problemas sociais mais graves das
sociedades contemporâneas (Cury, 2000, p. 23).
1.2.
Drogas: Conceitos Gerais
Conhecer alguns conceitos e definições científicos sobre o assunto é
fundamental para se ter o alicerce adequado e uma melhor compreensão do problema.
19
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
O conceito de droga é bastante vasto, pois existem várias definições que
privilegiam alguns aspectos em perda de outros. Umas reflectem nos efeitos das
substâncias sobre o indivíduo, outras realçam o papel do indivíduo na procura de
substância, outras ainda ponderam também a influência dos factores do meio envolvente
(Nina e Cruz, 2001, p.235).
Bergeret (1983 apud Nina e Cruz, 2001, p.235) definiu o fenómeno da droga
como um encontro fortuito entre um determinado indivíduo com uma determinada
substância, num determinado contexto.
Nesta mesma perspectiva, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contextuase numa noção mais condensada da definição da droga, referindo tratar-se de todas as
substâncias (natural e sintético), que introduzidas no organismo humano vivo podem
modificar uma ou mais das suas funções (CCCD/ONUCD, 2011, p. 9).
Cavalcante, Alves e Barroso (2008, p.557) salientam que “um conjunto de
drogas que tem a capacidade de actuar no psíquico, as intituladas psicotrópicas, que
acarretam mudanças de humor, percepção, sentimento de prazer e entusiasmo, alívio,
pânico, entre outros, e sobretudo esse grupo que refere o termo droga”. Estas alteram o
funcionamento do cérebro e o comportamento do indivíduo, entrando na corrente
sanguínea por via oral, endovenosa ou por inalação, seguindo até o sistema nervoso
central, onde agem, interferindo no campo de energia emocional e intelectual do
indivíduo (Cury, 2000, p.93). Mostrando um importante potencial de risco de uso
abusivo e desenvolvimento de um quadro de dependência (Lemos, 2008, p.53).
Sendo assim, o nome psicotrópico é, uma denominação científica dado às
drogas que causam dependência psicológica e/ou física (Cury, 2000, p.93).
O potencial de abuso destas drogas está intimamente relacionado com o fato
de, inicialmente produzirem uma sensação de bem-estar. Na medida que esta sensação
de bem-estar vai diminuindo, o indivíduo aumenta a quantidade do uso para voltar a
sensação inicial, a isto designa-se – tolerância (Lemos, 2008, p. 53).
Conforme Cury (2000, p.101) a tolerância à droga refere-se a necessidade do
individuo usar dose cada vez maiores para obter os mesmos efeitos que sentia no inicio.
O autor faz um distingue três tipos de tolerância: (1) Tolerância comportamental que
corresponde a uma adaptação aos efeitos psicológicos da droga; (2) tolerância
farmacodinâmica que corresponde a uma adaptação no lugar específico onde as drogas
actuam, de forma que a resposta se torna reduzida; (3) tolerância farmacocinética que
20
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
consiste na destruição mais rápida da droga no sangue, principalmente da activação de
enzimas do fígado.
Pois, quanto faz-se o uso repetitivo da substância, com o intuito de manter a
sensação agradável inicial é necessário doses maiores, criando uma tolerância à droga.
O indivíduo abusa dessa substância para sustentar o grau de satisfação desejada, assim
inicia-se o quadro de dependência (Lemos, 2008, p. 53).
Andrade (1994, p.14) postula que qualquer tipo de substância pode levar a
dependência. Porém, nem todos se tornam dependentes, pois existem factores como
variabilidade individual e mesmo a constituição psicossocial que impede o indivíduo de
se tornar dependente. Neste sentido, a OMS (apud Nina e Cruz, 2001, p.238) define a
dependência ou toxicodependência como sendo:
Um estado psíquico e por vezes físico caracterizado por comportamentos e
respostas que incluem sempre a compulsão e necessidade de tomar droga, de
forma contínua ou periódica, de modo a experimentar efeitos físicos ou evitar
o desconforto da sua ausência, podendo a tolerância estar ou não presente.
A dependência pode ser física e psíquica. Consoante Cury (2000, p.94) explica,
a dependência psíquica “é a relação estreita entre o usuário e a droga psicotrópica em
virtude da representação inconsciente e superdimensionada que a droga tem em sua
memória”. Por outras palavras, Teixeira (s.d., p.42) sustenta que a dependência psíquica
estabelece-se quando a pessoa acostuma-se a viver sob os efeitos de um produto
psicotrópico.
Cury (2000, p.95) afirma existir pelo menos três tipos de motivação ou reforços
psicológicos, que fazem com que as pessoas cedem as drogas.
1. Reforço psicológico positivo: busca-se experimentar drogas com o objectivo de
obter prazer. E, este reforço é geralmente sustentado pela curiosidade, influência
e pressão dos grupos de amigos e também por traficantes. Sendo, a porta de
entrada para a dependência psicológica.
2. Reforço psicossocial: trata-se da solicitação dos feitos psicológicos da droga
para aguentar os problemas, dificuldades sociais e pessoais, ou como forma de
ausentar-se deles. Esse tipo de reforço é sustentado pelos conflitos familiares,
pelos transtornos psíquicos, pela rejeição social, pelas dificuldades financeiras,
entre outros.
3. Reforço psicológico: nesse estágio, chega-se a dependência propriamente dita.
Nesta fase a pessoa usa drogas, não fará apenas para buscar prazer ou suportar
21
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
os problemas, mas para aliviar os efeitos psicológicos indesejáveis, decorrentes
da abstenção, tais como insónia, ansiedade, angústia, depressão e irritabilidade, e
esses sintomas variará de acordo com a intensidade da dependência.
Por seu turno, a dependência física acontece quando o organismo habitua-se a
presença do produto (Teixeira, s.d., p.42), pois a droga é capaz de passar a fazer parte
do organismo, de tal maneira que, na sua falta o organismo produz reacções intensas,
reacções de sofrimento, a chamada síndrome de abstinência, esta por sua vez pode
produzir desde sinais e sintomas leves até a morte (Cury, 2000, p.98).
Deste modo, López, Páez, Sánchez e Piedras (s.d., p.4) definem a síndrome de
abstinência como a privação à droga que é caracterizado por um grupo de sinais e
sintomas no indivíduo devido à supressão ou redução do consumo de uma droga e são
característicos de cada tipo de droga.
A característica fundamental da síndrome de abstinência da substância é o
progresso de uma alteração comportamental mal adaptativa e específica, com prejuízos
fisiológicos e cognitivos, devido à cessação do uso pesado e prolongado da substância
(Gonçalves, 2005 apud Lacerda, 2008, p.6).
Assim, o mecanismo da toxicodependência ou dependência das drogas figurase muito ao que se passa com as pessoas que são escravas do televisor, do seu carro, do
seu trabalho, ou outro nível de ideologia, uma religião ou desporto. Todas as drogas têm
sua função de comprimir os sentimentos menos agradáveis e ocorre os sentimentos de
bem-estar. Mas quando se é dependente, já não se aplica o prazer neste cenário, mas de
uma necessidade dominadora. Cada dependência tem suas particularidades e cada uma
comporta os seus riscos, mas todos os indivíduos dependentes têm de comum a sua
vulnerabilidade e o fato de estarem privadas de uma parte da sua liberdade (Andrade,
1994, p.7-8).
Contudo, as experiências dos usuários de drogas não são iniciadas de forma
solitária ou voluntariamente, realizam no interior, de um contexto socioeconómico, de
uma história submersa em momentos socioculturais, enraizados a sistemas familiares e
regulados pela manipulação e apelo da sociedade na qual vivem. O consumo de drogas
fundamenta-se, portanto, com os dados da história do indivíduo (Paulilo e Jeolás, 2008,
p.36).
Parece-nos então que cada usuário da droga experiencia esse cenário de
maneira diferente, pelo que se mostra valioso apresentar a cosmovisão da UNESCO
(apud Teixeira, s.d., p.42) sobre o assunto. A UNESCO distingue quatro tipos de
22
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
usuários: (1) Experimentador refere que é aquele limita-se a experimentar uma ou
várias drogas, por diversos motivos, tais como curiosidade, sem dar continuidade ao
uso; (2) Usuário ocasional que é aquele utiliza uma ou várias substâncias, quando
disponível ou em ambiente favorável, sem rupturas nas relações afectivas, sociais ou
profissionais; (3) Usuário habitual ou “funcional” que é aquele faz uso frequente,
ainda que controlado, mesmo assim “funciona” socialmente, embora de forma precária
e correndo risco da dependência; e, (4) Usuário dependente ou “disfuncional”
(toxicómano, drogado, dependente químico) que é aquele vive pela droga e para a
droga, descontroladamente, com rupturas em seus vínculos sociais, podendo haver
marginalização e isolamento.
Importa pois frisar que, o usuário ocasional do dependente é a frequência do
uso de drogas. Enquanto, alguns indivíduos consomem drogas esporadicamente, outras
se tornarão dependentes, sem saber como controlar esse consumo que torna-se
impulsivo e repetitivo (Ferreira, Souza e Cubas, 2008, p.64).
Esse é o caminho normalmente percorrido pelos usuários da droga, em que
com o tempo, esse simples consumo ocasional passa ao consumo regular e, sem dar
conta, este torna-se dependente, pensado que podia dominar e controlar o consumo
(Teixeira, sd, p. 42).
1.3.
Classificação das drogas
As drogas psicotrópicas podem ser classificadas de várias maneiras, levando
em conta sua estrutura química, seus efeitos farmacológicos ou sua origem natural ou
sintética (Lacerda, 2008, p.14). Cavalcante, Barbosa e Barroso (2008, p.557)
classificam as drogas psicotrópicas de seguinte forma: (a) psicolépticos (sedativos); (b)
psicoanalépticos (estimulantes); e, (c) psicodislépticos (perturbadores) ou ainda, de
resultados combinados ou potenciais. Podem ser divididos em naturais, sintéticos e
semissintéticos, ilícitas ou lícitas. Além disso, do ponto de vista sociocultural, podem
ser integrados ou rejeitados, de finalidade terapêutica ou não.
Esta classificação, segundo Mathre (1999.p.779) relaciona-se com o efeito que
as drogas produzem no Sistema Nervoso Central (SNC) e com as sensações gerais ou
experiências que induzem.
23
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
Para melhor elucidar, passar-se-á a apresentar uma breve explicação das
alterações que as drogas produzem no SNC, consoante a classificação anterior proposta
por Cavalcante, Alves e Barroso.
1.3.1. Depressores ou Psicolépticos
São substâncias capazes de atenuar a actividade cerebral, havendo também
propriedades analgésicas (CCCD/ONUCD, 2011, p.9). Diminuem o nível total de
energia corporal, a coordenação muscular, a respiração, o ritmo cardíaco, reduzem a
sensibilidade aos estímulos exteriores e, em altas doses, induzem ao sono, até o estado
de coma e, se falharem as funções vitais, à morte (Mathre, 1999, p.780). São exemplos
dessas drogas, o álcool, os hipnóticos, os inalantes, os opióides (heroína, morfina), os
ansiolíticos e os benzodiazepinicos.
1.3.2. Estimulantes ou Psicoanalépticos
Segundo CCCD/ONUCD (2011, p.9) são substâncias capazes de aumentar a
actividade cerebral. Fazendo com as pessoas se sintam mais alertas e mais activas. Estas
drogas contribuem para diminuir o sono e o apetite, acelera o pensamento, tornando as
pessoas eufóricas e com sensação de poder. Por isso mesmo, possuem alto poder de
abuso e dependência. Com exemplo cocaína, anfetaminas, nicotina, xantina, entre
outros;
1.3.3. Alucinogénio, Perturbadores ou Psicodislépticos
Estas produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do SNC,
nomeadamente alterações mentais como os delírios ilusões e alucinações. Por isso, são
também designadas psicoticomiméticas ou seja, mimetizam a psicose (Carlini, Nappo,
Galduróz e Noto, 2001, s.p.). São exemplos a maconha, LSD, anticolinérgicos, ecstasy,
entre outros.
Relativamente a classificação das drogas Teixeira (s.d., p.43) apresenta uma
perspectiva diferente classificando-as do seguinte modo: (a) drogas lícitas referindo-se
àquelas que, apesar de regulamentadas, não são proibidas por lei, como por exemplo: o
24
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
álcool e o tabaco; (b) drogas ilícitas, cuja produção e o consumo são proibidos por lei
no território nacional; (c) drogas duras são aquelas que causam danos visíveis e a curto
prazo, sobre o organismo; e, (d) drogas leves referindo aquelas cujos efeitos sobre o
organismo são de longo prazo e não são percebidos facilmente. Estas duas últimas são
assim socialmente designadas, pelos seus efeitos sobre o organismo.
1.4.
Cannabis e seus efeitos
A cannabis é um alucionogénio, considera como uma droga psicotrópica ilegal
mais consumida em Cabo Verde. De acordo com os resultados do Inquérito Nacional
sobre a Prevalência do Consumo de Substâncias Psicoativas, na população geral em
Cabo Verde, 7.6% da população com idade entre 15 a 64 anos de idade consumiram
alguma droga ilícita, em algum momento da sua vida, principalmente a cannabis ou
padjinha, a droga mais consumida, com 7.2% (CCCD/Ministério da Justiça, 2012, s.p).
A Cannabis ou Cânhamo indiano é uma das plantas mais antigas conhecida e
cultivada pelo ser humano (Richard, 1995, p.25). Originária da Índia, Nepal e
Afeganistão e presumivelmente surgiu na China no período neolítico, há 6000 anos
(Andrade, 1994, p.53). Durante muito tempo, constitui-se uma importante riqueza
agrícola, pois suas sementes permitem fabricar telas, para além de estarem na base do
fabrico de rações de gado e, suas folhas são ricas em inúmeros compostos químicos com
interesse terapêutico (Richard, 1995, p.25). Tal com no tratamento da dismenorreia e
enxaqueca e, tratamento da adição da heroína ou cocaína. Porém nos dias de hoje já não
é utilizada para fins terapêuticas, uma vez que é uma substância psicotrópica
considerada ilegal por lei (Mathre, 2008 p.861).
Descrita cientificamente em 1753 por Linné, por Cannabis Sativa (Richard,
1995, p.26). Podendo apresentar sob três formas: a erva (cor esverdeada ou castanha), o
haxixe a (resina de cannabis, uma pasta semi-sólida em forma concentrada, de cor preta
os castanha) e óleo de cannabis (menos comum) (CCCD/ONUCD, 2011, p.14).
O Tetraidrocanabinol (THC) é o principal princípio activo responsável pelos
efeitos psíquicos da droga no organismo, pois este composto químico é lipófilo, tendo a
capacidade de dissolver nos lípidos, assim procura-se fixar no tecido cerebral e, ali
exerce a sua acção (Richard, 1995, p.26 e 31).
25
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
A cannabis pode provocar sensação de bem-estar ou euforia, relaxamento e
percepção sensorial intensa. Os efeitos secundários incluem olhos secos e vermelhos,
aumento do apetite, boca seca, sonolência, e uma ligeira taquicardia (Mathre, 2008,
p.861). Por outro lado, interfere na execução de tarefas físicas e intelectuais
(CCCD/ONUCD, 2011, p.15). As reacções adversas são ansiedade, desorientação e
psicose (Mathre, 2008, p.861). A psicose aguda induzida por cannabis normalmente
ocorre logo após o uso dessa substância e ocorre com delírios persecutórios, ansiedade,
labilidade emocional, despersonalização e amnésia em relação ao episódio (Hallak,
Bressan, Crippa e Zuardi, 2008, p. 191).
Atrapalha as capacidades de memorização a curto prazo, a atenção e a
concentração intelectual. Constituindo perturbações progressivamente reversíveis com a
paragem do consumo. Entretanto o uso prolongado, num ritmo aparentemente sem
perigo, com o acúmulo do THC no cérebro, altera as capacidades de trabalho, de
aprendizagem e, cria-se um estado de passividade e desinteresse. Com isso, um
adolescente pode comprometer num momento crucial da sua existência tanto a sua
inclusão afectiva como no seu êxito escolar ou universitário (Richard, 1995, 38 e 39).
Manifestado por atraso no desenvolvimento mental e predominância de determinados
estados psíquicos de carência, moleza, angustia, aborrecimento, etc. (Andrade, 1994,
p.21).
Estes aglomerados de manifestações constituem, segundo uma terminologia
criticada mas bastante usada, a síndrome amotivacional ou síndrome de défice
energético, que é o efeito verdadeiramente mais preocupante do consumo da cannabis
(Richard, 1995, 39).
A principal preocupação física dos consumidores crónicos é a possível
danificação do trato respiratório devido ao facto de ser inalada, podendo desenvolver
tolerância bem como dependência física. Contudo, a síndrome de abstinência é benigna.
A adição pode ocorrer em alguns e é difícil de tratar porque a progressão tende a ser
subtil. (Mathre, 2008, p.861).
26
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
1.5.
Adolescência
A o termo adolescência deriva do latim adolescere que significa idade que
cresce (Tourrete, 2012, p.186).
Depara-se na literatura uma certa dificuldade em conceitualizar o termo
adolescência. Aparecendo este, muitas vezes, definido como período de transição da
infância e a idade adulta. Que neste estudo considerou-se ser adolescente individuo com
idade compreendida entre 12 e os 18 anos, conforme o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) vigente em Cabo Verde (ECA, 2014, p.5). Porém, tal como a
infância e a idade adulta a adolescência também é uma fase do ciclo vital ou uma etapa
do desenvolvimento marcada por características próprias, podendo no entanto ser
definida na sua dimensão psicobiológica, histórica, política, económica social e cultural.
Nesta fase do desenvolvimento ocorrem modificações corporais (físicas e
fisiológicas) decorrentes da segregação de hormonais pelas glândulas endócrinas
(hipófise e glândulas supra-renais). Essas alterações que confluem na maturação dos
órgãos genitais e na capacidade reprodutiva levam a um despertar da sexualidade.
Contudo, a adolescência é muito mais do que mera eclosão das hormonas. Relacionada
as mudanças púberes estão as mudanças comportamentais que têm consequências
imediatas nas relações consigo e com os outros nomeadamente a família e os grupos de
pares, que advêm também das novas capacidades a nível intelectual (capacidade de
abstracção e relativização, pensamento formal/lógico, proposicional e reflexivo)
(Tourrette, 2012, p.189 e 190).
Estas novas habilidades intelectuais permitem o indivíduo a apreciar a
dimensão dessas mudanças e com isso reorganizar o senso de self, questionando “Quem
sou eu?”.Com todo este arranjo as tarefas evolutivas desta fase de desenvolvimento é a
procura da identidade e a conquista da autonomia pessoal. Esta descoberta de si próprio
leva ao distanciamento da família e a aproximação dos grupos de pares (Rabello e
Passos, sd., sp.)
O efeito combinado das mudanças
físicas e sociais costuma ser
psicologicamente devastador, não raras vezes, gerando sentimentos de insegurança,
solidão e até confusão. O compromisso com a procura da identidade que nem sempre se
processa de forma suave leva o adolescente a comportamento de auto-exploração
27
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
através da experimentação (Enciclopédia) por vezes dentro do grupo (Corpas, Surís e
Limonta, sd.).
1.6.
O consumo de drogas entre adolescentes
O uso de drogas pelos jovens e os problemas que acarreta tem sido uma
enorme preocupação por partes das sociedades modernas e, não só. Em Cabo Verde, a
situação não difere.
Já na década de 90, vários autores entre as quais Morel, Hervé, e Fontaine
(1999, p.51) e Murad (s.d., p.118) expuseram suas preocupações quanto à exposição dos
adolescentes às drogas.
Mas recentemente, a este propósito Ventikides e Cordellini (2008, p.56),
postulam que ao longo dos tempos e, no quotidiano da sociedade contemporânea, a
presença de drogas lícitas e ilícitas tem sido frequente entre adolescentes, independente
do seu nível socioeconómico.
Paulilo e Jeolás (2008, p.60) salientam que a exposição ou vulnerabilidade do
adolescente às drogas leva-o ao envolvimento, este que pode ocorrer com a droga por
fases: (1) a fase de abstinência em que não existe nenhum contacto com a droga; (2) a
fase do uso experimental, fase esta que ocorre casualmente; (3) fase do abuso inicial
onde começa o abuso de substância e, por conseguinte, prejuízos sócias e legais e, (4) a
dependência, onde aparece a tolerância que por sua vez acarreta prejuízos de índole
físico, sociais e legais significativas/severas.
Relativamente às causas do consumo entre os adolescentes, a literatura revelase clara quanto a multifatorialidade. Deste modo, Canavez, Alves e Canavez, (2010,
p.58) salienta que um dos factores implicados no envolvimento e/ou exposição dos
adolescentes ao consumo de drogas são as características próprias da adolescência
marcadas essencialmente pelas transformações biopsicossociais. Transformações estas
que segundo os autores, vêm permeados de dúvidas, instabilidade emocional, baixa
auto-estima, etc.
Acrescentam, Silva e Radecki (2014, p.170), sustentam que a vulnerabilidade
às drogas é potenciada também por factores relacionados ao próprio adolescente como o
sexo, factores sociais (classe social), padrões de relacionamento, parentalidade
nomeadamente os padrões de relacionamentos marcados por conflitos; história familiar
28
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
de consumo; vivencias infantis traumáticas, curiosidade, busca de aceitação no grupo de
pares e, a própria cultura ou religião.
Por seu turno a OMS (apud Freire, Lôbo e Oliveira, 2010, p.84) aponta 5
razões por que os jovens podem se aliciados pelas drogas (1) necessidade de sentir
adulto para tomar suas próprias decisões; (2) o anseio de ser popular entre o grupo de
convívio; (3) a busca de relaxamento e de bem-estar; (4) o desejo de conseguir vencer o
medo, para ter coragem de correr riscos e rebelar-se; e (5) a simples curiosidades.
Numa perspectiva diferente, Cavalcante, Alves e Barroso (2008, p.556) um
factor que incita o consumo de drogas entre os adolescentes prende-se com a crescente
produção industrial de bebidas alcoólicas e o forte incentivo dos meios de comunicação
em favor ao consumo.
Além do exposto, o não cumprimento das leis vigentes, a não fiscalização das
exigências legais, as normas sociais do consumo de drogas e mesmo às crenças em
torno do consumo são outros factores que estimulam o uso de drogas entre adolescentes
como é perceptível a reflexão de Alvarase (2006) e Almeida (2007) ( apud Cavalcante,
Alves e Barroso, 2008, p.556).
Simões et al (2006 apud Passos, Evagenlistas e Barros, s.d., p.6) a opção pelo
consumo de drogas pelos adolescentes ocorre em larga escala pelos efeitos da
substância, normalmente bem-estar, satisfação, desinibição, relaxamento, etc.
1.6.1. Factores de risco e de protecção do consumo de drogas na
adolescência
No período de adolescência, o adolescente vê-se exposto a diversos factores
que podem ou não aumentar a probabilidade do mesmo a usar qualquer substância
psicotrópica (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.58). Sublinhando que, a actuação
desses não é de igual maneira em todos os adolescentes, o que pode ser um factor de
risco para um indivíduo, poderá não ser para outro. (CCCD/ONUCD, 2011, p.21). Além
disso, os factores de riscos também podem ser identificados como factores específicos
de protecção e, vice-versa. (Brasília, 2006, p.10). Deste modo, os factores protectores
são características da pessoa ou circunstância que minimizam a possibilidades de
consumir drogas (CCCD/ONUCD, 2011, p.21).
29
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
E, os factores predisponentes ou de risco ao consumo indevido de drogas, são
considerados particularidade de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social
que colaboram, em maior ou menor grau, para ampliar a probabilidade deste consumo
(Brasília, 2006, p.10). Esses factores podem ser divididos nos diversos âmbitos tais
como biológico, individual, familiar, o ambiente, cultural, entre outros (Canavez, Alves
e Canavez, 2010, p.60). Assim, numa óptica mais condensada, Teixeira refere que:
Os problemas relacionados ao uso de drogas surgem, de fato, de um encontro
entre três factores básicos. Operando juntos, eles provocam sérios problemas,
que podem levar à dependência.
São eles: droga, “o produto” e seus efeitos; a pessoa, a personalidade e seus
problemas pessoais; a sociedade, o contexto sociocultural e económico, suas
pressões e contradições (Teixeira, s.p., p.43).
Para isso, não deixando de realçando que, cada factor tanto de risco como de
protecção não pode ser visto separadamente (CCCD/ONUCD, 2011, p.21) e, encarados
de forma linear, pois a protecção contra o abuso de substâncias psicotrópicas não é dada
pela presença de um único factor (Moreira, 2005, p.16).
Pois, o modo que estes factores interferirão dependerá muito dos factores de
resiliência de cada sujeito (Canavez, Alves Canavez, 2010, p.60), por outras palavras, é
a capacidade do indivíduo tem para adaptar-se de forma positiva ou não as situações
adversas, que engloba vários factores de risco deste de ameaças internas e externas, ou a
capacidade de recuperar das situações de trauma (Moreira, 2005, p. 16).
1.6.1.1. Influência da família
A família é um dos importantes indicadores para o crescimento biopsicossocial
do adolescente (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.61).
Assim, a família é de extrema relevância para a formação dos princípios morais
próprios do adolescente, sobretudo, na sua essência são transmitidas valores que vão
guiá-los no seu convívio social, constituindo a base para o desenvolvimento deste.
Esperando que essa formação transmita influências positivas, atendendo as necessidades
psicológica e sociais do indivíduo (Zeitoune, Ferreira, Silveira, Domingos, Maia e
Oliveira, 2012, p.58).
No entanto, se houver ruptura no desenvolvimento saudável do adolescente
como conviver num ambiente (podendo ser um aspecto cultural ou religioso) onde o
consumo de substâncias psicotrópicas é aceitável, a presença de um dos pais no
domicílio (família monoparental), uso de substância psicotrópicas (principalmente as
30
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
licitas) dos pais, atitudes permissivas pelos pais ou autoridade excessivas discórdias e
insulto, divórcio, relação ruim com pai ou a mãe, entre outros problemas. Logo, a
família passa a ser um factor de risco que aumenta a probabilidade do adolescente vir a
fazer uso de drogas (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.61-62).
1.6.1.2. Influência dos grupos de Iguais ou Pares
Uma outra necessidade fundamental do homem que traduz a adolescência, é a
uniformidade entre os semelhantes unidos em sociedade, sendo que cada sujeito não só
constrói-se com a identidade própria mas também com os elementos de uma unidade e
parte de um conjunto e, esta necessidade de apego manifesta-se na tendência em
pertencer a um grupo (Morel, Hervé e Fontaine, 1999, p.56). Pois, o adolescente é um
indivíduo que afirma com o grupo de pertença, passando a ajustar com os integrantes
dessa turma (Zeitoune et al, 2012, p.58).
Geralmente os grupos de amigos têm características próprias e são constituídas
por regras. Regras que podem ser saudáveis ou não e, uma das principais regras de um
grupo, que todos os integrantes tenham os mesmos comportamentos. Comportamentos,
que muitas vezes começa pela transgressão da lei, dando prova de serem dignos para
pertencerem ao grupo, mostrando a sua coragem e determinação (Morel, Hervé e
Fontaine, 1999, p.56).
Com isso, Silber e Souza (1998, p.13, apud Canavez, Alves e Canavez, 2010,
p.61) realçam que:
Um dos mais poderosos factores predisponentes ao uso de substância é a
influência do grupo de iguais. Um adolescente cujos melhores amigos usam o
fumo, o álcool e outras drogas será mais facilmente levado a experimentar do
que aquele que os amigos evitam drogas e não estão de acordo com seu uso”
Os grupos não só influenciam as atitudes do adolescente em relação as drogas,
mas fornecem os contextos para o uso daquelas substâncias. A coacção do grupo
começa a manifestar-se com maior evidência por volta dos 14-16 anos, altura em que se
verifica um declínio da influência da família e onde ganham especial relevo a outras
influências sociais como os mass média, a escola e os próprios grupos de pares
(Campos, 1997, p.227).
Portanto, os adolescentes que consomem drogas têm mais probabilidade de
estarem associados a pares que usam drogas e, essa associação, aumenta as chances de
31
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
que eles mantenham ou incrementam o seu desenvolvimento com as drogas (Pechansky,
Zsobot e Scivoletto, 2004, p.16).
1.7.
Prevenção
Os usuários de substâncias psicotrópicas, geralmente procuram ou são
encaminhados aos serviços especializados já numa fase muito avançada (Formigoni,
1992, apud Lacerda, 2008, p32).
Deste modo, a detecção precoce do uso dessas substâncias e suas consequências
a saúde, tem sido de grande valia para intervir nas fases iniciais do problema,
optimizando o prognóstico (Rubin, 1996, WHO ASSIST WORKING GROUP, 2002,
apud ibid).
Neste sentido, Nina e Cruz (2001, p.245) definem a prevenção como “um
conjunto de estratégias destinadas a criar e manter estilos de vida saudável e engloba o
envolvimento das comunidades (incluindo família, escolas, igrejas) e dos seus sistemas
(políticos, forças de segurança, meios de comunicação social) ”.
A literatura sugere duas tipologias de prevenção: (1) a tipologia clássica que se
refere essencialmente ao momento da evolução em que as estratégias preventivas são
implementadas, esta distingue 3 níveis de prevenção, a prevenção primária, a secundária
e a terciária; (2) a tipologia proposta por Gordan que focaliza o tipo de população a que,
em que apresenta três categorias: prevenção universal (destinada à população em geral),
indicada (direccionada a grupo de indivíduos que se apresentam numa situação de alto
risco do que a população geral), e selectiva (dirigida ao grupo de alto risco) (Moreira,
2005, p.12).
O modelo de prevenção desenvolvido em Cabo Verde suporta-se numa
perspectiva de saúde pública, focando-se nos três níveis da tipologia clássica.
No que diz respeito ao uso/abuso das drogas, Martin (1995, p.55 apud Moreira,
2005, p.13) descreve a prevenção da toxicodependência “como um processo activo de
implementação de iniciativas tendentes a modificar e melhorar a formação integral e a
qualidade de vida dos indivíduos, fomentando o autocontrolo individual e a resistência
colectiva face à oferta de drogas”.
A prevenção do uso de substância psicotrópica visa a adopção de uma atitude
responsável baseada no conhecimento científico nessa área, tendo como finalidade
32
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
exclusiva, ajudar as pessoas de uma referida população a não abusar das drogas e,
consequentemente, a não causar danos à si mesmo e às sociedades (Babor, Carroli,
Christiansen, Donaldson, 2004, apud Lacerda, 2004, p.33).
Contudo, uma prevenção eficaz só é possível se houver uma noção clara do que
se quer atenuar ou anular (factores de risco) e, do que se quer melhorar (factores
protectores) (Moreira, 2005, p. 13).
Com isso é, fundamental programas preventivos eficazes que devem dar ênfase
aos temas, nomeadamente: informações sobre a saúde e a sua promoção, capacidade de
tomar decisões e resolver problemas, competência de comunicação, pressão negativas
do grupo de pares e modo de lhes fazer frente, alternativas ao uso de drogas, identidade
e auto-estima, informações precisas sobre as drogas (Nina e Cruz, 2001, p.246).
Portanto, pode-se afirmar que a eficácia das intervenções preventivas na área
das drogas dependerá do grau em que essas estratégias forem capazes de fortalecer a
autonomia do indivíduo perante os vários determinantes (psicológico, sócio-cultural)
para usar as drogas lícitas e ilícitas, com que se confrontará ao longo da sua existência
(ibid, p. 236).
1.8.
Políticas na prevenção do consumo de drogas em Cabo Verde
O governo de Cabo Verde, ciente do consumo de drogas e do agravamento
mundial, tem investido esforços no combate ao tráfico e ao consumo de drogas, junto
com a comunidade internacional.
Do ponto de vista governamental, o Ministério da Justiça e, através da
Comissão de Coordenação de Combate à Droga (CCCD), Ministério da Saúde, Policia
Nacional (PN) e a Policia Judiciaria (PJ), evidenciam-se no país como os que têm tido
importante função no combate/controlo das drogas. A CCCD foi criada a fim de dar
resposta ao aumento da escala da oferta e procura de substâncias ilícitas, através do
decreto regulamento 2/95, de 18 de Janeiro, que regula a composição, as atribuições e as
actividades da comissão de luta contra o tráfico ilícito de estupefacientes e outras
substâncias psicotrópicas (Barros, 2014, p. 45- 46).).
No que diz respeito as leis que regem o controlo de tráfico de estupefacientes:
33
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
Lei n.º 27/IV/91
 Agrava pena aplicável à produção de tráfego de estupefacientes e substâncias
psicotrópicos -Boletim Oficial I S nº52 de 30 de Dezembro de 1991;
Lei n.º 78/IV/93
 Decreta os crimes do consumo e tráfico de estupefacientes e substâncias
psicotrópicas - Boletim Oficial I S n.º 25 de 12 de Julho de 1993;
Em relação, ao consumo de álcool, a lei nacional não proíbe a produção, apenas regula
as condições que ela deve ocorrer. No que refere-se a legislação, esta proíbe a venda de
bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.
Lei nº 27/V/97
 Interdita a venda de bebidas alcoólicas a menores – Boletim Oficial I S nº 24, de
23 de Junho de 1997;
Portaria nº 54/97
 Aprova os modelos e as dimensões das placas de advertências das proibições de
entradas e permanência de menores de 18 anos em locais de venda, a oferta ou o
fornecimento de bebidas alcoólicas, bem como salas de danças e locais de
diversões onde se vendam essas bebidas – Boletim oficial I S nº 34, suplemento
de 9 de Setembro de 1997.
Cabo Verde conhecendo a complexidade deste fato, admitiu em 1998 um
programa inteirado no combate à droga considerando os domínios da prevenção das
toxicomanias, do tratamento, reabilitação e inserção social do toxicodependente e do
combate ao tráfico. No qual, a área de prevenção primária, secundária e terciária, tem
vindo a ser implementado, com os esforços coordenados dos Ministérios da Justiça e da
Saúde. Assim, a Unidade Terapêutica da Granja de S. Filipe sediada na Cidade da Praia,
Instituição criada por Decreto-Lei n.º 50/2005 de 25 de Julho, destinada ao tratamento,
recuperação e reinserção social dos toxicodependentes (Barros, 2014, p.46).
O Ministério da Saúde (MS) de Cabo Verde tem desenvolvido várias acções e
políticas de combate ao álcool, tabaco e outras drogas. Segundo o MS (2012, p.83) o
consumo abusivo de álcool, além de ser um factor de risco para várias doenças crónicas,
também traz consigo consequências de várias ordens conhecidas, nesta óptica, verificase que o consumo dá-se precocemente, na adolescência. Por isso, tornam-se necessárias
medidas de prevenção e diagnóstico precoce, nomeadamente:
 Na aplicação rigorosa da lei que proíbe a venda, distribuição de bebidas
alcoólicas entre os menores e a publicidade das mesmas (lei n º 271/V/97);
34
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
 Na implementação de instrumentos de eficácia comprovada, a nível da atenção
primária para o diagnóstico precoce do risco de dependência;
 Na informação da sociedade sobre a gravidade do risco e sobre a necessidade e
formas de combate aos efeitos nefastos resultante do consumo excessivo do
álcool.
Ainda MS desenvolveu um Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário
(PNDS) para os anos 2012 a 2016, que contempla como uma de suas componentes a
luta contra os efeitos nefastos resultantes do consumo abusivo do álcool e a luta contra o
tabagismo. Este documento, além de encorajar acções conjuntas intersectoriais para uma
abordagem integrada aos problemas relacionados com o uso abusivo do álcool e o
alcoolismo, define as seguintes medidas de protecção e de prevenção contra o consumo
do tabaco (id, p.89):
 A criação de zonas 100% não fumadoras, como uma estratégia eficaz para
reduzir a exposição ao fumo do tabaco;
 A elaboração e aplicação rigorosa de uma legislação exigindo que todos os
espaços públicos, incluindo os locais de trabalho sejam “100% não fumadores”;
 A implementação de programas de educação e sensibilização com vista a reduzir
a exposição ao tabagismo passivo no seio da família;
No ponto de vista do plano não-governamental, às acções e iniciativas de
combate e controlo das drogas, destacam-se as Organizações Não-Governamentais
(ONG) e as Organizações da Sociedade Civil que na sua pluralidade têm influência na
intervenção de planos de luta contra drogas, apesar de nem sempre sejam organizações
que trabalham unicamente com a problemática das drogas. Neste sentido algumas
entidades têm tido grande destaque na actuação em actividades de sensibilização e
combate às drogas: a Associação de Promoção de Saúde Mental (A Ponte), a
Associação Zé Moniz e a Associação Cabo-verdiana de Prevenção do Alcoolismo, entre
outras (Barros, 2014, p.49).
1.9.
Enfermagem Comunitária
Como o passar dos anos, a saúde colectiva tem vindo a ser uma preocupação
crescente e, com isso, a enfermagem comunitária vem ganhando maior expressão A
enfermagem comunitária reconhece que a saúde é um directo humano universal e
35
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
reconhece o homem como um ser biopsicossocial isto é, com um corpo e uma mente
que se encontra interligados e, em constante interacção como meio ambiente. Além
disso, valoriza a comunidade nos programas de saúde e admite a existência de uma
estreita relação entre a saúde e o desenvolvimento económico e social (Sobreira, 1981,
p.41 e 42).
Assim a enfermagem comunitária é uma prática continuada e globalizante
dirigida a todos os indivíduos ao longo do seu ciclo vital e desenvolve-se em diferentes
locais da comunidade, respeitando e encorajando a independência e o direito dos
indivíduos e famílias a tomarem as suas decisões e a assumirem as suas
responsabilidades em matéria de saúde até onde forem capazes de o fazerem (Correia,
Dias, Page e Vitorino, 2001, p. 76).
Deste modo, pode-se definir a enfermagem comunitária como “a síntese e
aplicação de um amplo espectro de conhecimentos e técnicas científicas para promoção,
restauração e conservação da saúde comunitária” (OMS apud Sobreira, 1981, p.40).
Pois, a saúde comunitária, está determinada pela interacção do homem com o
seu meio ambiente e o impacto dos serviços de saúde sobre ele (id, p.20). Sendo esta
denominada como a satisfação de necessidades colectivas, através de identificação de
problemas e gestão de interacção dentro da comunidade e entre a comunidade e a
sociedade em geral (Brady et al, 1992; Hoover e Schwartz, 1992, apud Shuster e
Goeppinger, 1999, p.315).
A enfermagem comunitária integra o processo de promoção da saúde e
prevenção da doença, evidenciando-se as actividades de educação para a saúde,
manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e avaliação dos cuidados prestados,
quanto no fomento de políticas voltadas para o bem-estar social dos indivíduos, famílias
e comunidade (Correia, Dia, Coelho, Page e Vitorino, 2001, p. 76).
Contudo para intervenções eficazes é importante destacar o processo de
enfermagem nas comunidades. Processo esse que se estabelece por etapas fundamentais
tanto na detecção e diagnóstico de problemas, como na própria intervenção e, mais tarde
na avaliação dos resultados obtidos. Assim, as fases do processo de enfermagem que
envolve directamente a comunidade como cliente, começa com o estabelecimento da
parceria e inclui a identificação dos problemas, diagnóstico, o planeamento, a
implementação e a avaliação (Shuster e Goeppinger, 1999, p.319).
A sua prática complementa a dos outros profissionais de saúde e parceiros
comunitários,
requerendo
por
um
lado
identificar
as
necessidades
dos
36
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
indivíduos/famílias e grupos de determinada área geográfica e, por outro, assegurar a
continuidade dos cuidados, estabelecendo as articulações necessárias (Backes, Backes,
Erdmann e Buscher, 2009, p.224).
Em suma o papel do enfermeiro comunitário é reconhecido pela capacidade e
habilidade de compreender o ser humano como um todo, pela integralidade da
assistência à saúde, pela capacidade de acolher e identificar-se com as necessidades e
expectativas dos indivíduos e famílias e, de compreender as diferenças sociais, bem
como, pela capacidade de promover a interacção e a associação entre os usuários, a
equipe de saúde da família e a comunidade (Correia et al, 2001, p. 77).
A enfermagem comunitária aproxima, identifica e procura criar uma relação
efectiva com o usuário, independentemente das suas condições económicas, culturais ou
sociais, ou seja, busca optimizar as intervenções de cuidado em saúde de modo que
integre e contemple tanto os saberes profissionais quanto os saberes dos usuários e da
comunidade (Backes et al, 2009, p.224).
1.9.1. Abordagem da Enfermagem Comunitária no consumo de drogas
da adolescência
Na adolescência, o consumo de substâncias psicotrópicas é um fato complexo e
que decorre do arranjo de vários factores (Brusamarello, Maftum, Mazza Silva e
Oliveira, 2010, p.766).
Considerando, este um problema bastante preocupante é, de extrema relevância
aproximar-se do mundo dos adolescentes, a fim de conhecer o problema e elaborar
estratégias para a prevenção e tratamento do consumo e abuso das substâncias
psicotrópicas, visando a qualidade e manutenção da saúde destes e, consequentemente a
saúde das comunidades (Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.556). No qual, o
profissional de saúde, o enfermeiro comunitário, tem um papel importante, procurando
razões subjacentes aos vários problemas de saúde (relacionado ao consumo de drogas) e
as acções preventivas, como o intuito de promover um estilo de vida saudável, (Mathre,
1999, p.776; Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.58)
No que diz respeito a promoção de saúde, ela é definida pela Carta de Ottawa
(apud Buss, 2003, p.25) “como um processo de capacitação da comunidade para actuar
na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no
controle deste processo”.
37
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
Andrade (1994, p.9) referiu a importância de mostrar a sociedade (família,
escola, grupos) a necessário combater esse problema com maior afinco e a necessidade
de elaborar planos estratégicos para ajudar os adolescentes a se estabelecerem e
reintegrarem nas comunidades. Nisto o enfermeiro tem o papel de suma importância.
Eis que é o agente fundamental no processo de transformação social, por meio
da promoção da saúde na optimização da qualidade da saúde (Canavez, Alves e
Canavez, 2010:58).
Pelo que já dito, percebe-se que é pertinente que a vertente social também seja
um parceiro na promoção da saúde do indivíduo, onde estes constituem partes
integrantes das sociedades. Cavalcante, Alves e Barroso (2008, p.557), em seus estudos
sobre o consumo de drogas na adolescência, realçam que as cartas para promoção de
saúde destacam a importância das sociedades no consumo de drogas:
A Segunda Conferência sobre a Promoção da Saúde, Adelaide, Austrália,
identificou quatro áreas prioritárias para promover acções imediatas em
políticas públicas saudáveis. Entre elas, confirmou o uso de tabaco e álcool,
descritos como dois grandes riscos à saúde, que merecem atenção dentro da
perspectiva das políticas públicas voltadas a saúde. As cartas para a
promoção da saúde não só têm interesse em elaborar políticas públicas
saudáveis como também em promover a responsabilidade social para com a
saúde.
Com isso, o enfermeiro comunitário junto com as comunidades e o Estado, têm
a incumbência de ajudar o adolescente a criar estratégias defensivas aos factores de
risco, valorizando a família e a escola como espaços primordiais para formação de
opinião desses sujeitos no sentido de promover a saúde (Zeitoune et al, 2012, p.58).
Todo este processo na compreensão dos adolescentes das transformações nas
vertentes, psicológica, fisiologia e social e manutenção do estilo de vida saudável
designa-se de educação para saúde, sendo uma importante ferramenta da promoção da
saúde (Valera, Silva e Barroso apud Cavalcante, Alves e Barroso, 2008, p.557) e, que
segundo Onega e Devers (2008, p.304) a educação para saúde traduz em:
Capacitar os clientes para atingir níveis óptimos de saúde, prevenir
problemas de saúde, identificar e tratar precocemente os problemas de saúde
e minimizar a incapacidade. A formação permite aos indivíduos decisões
relacionadas com a saúde de forma fundamentada, assumir pessoalmente a
responsabilidade pela sua saúde e lidar efectivamente com as alterações na
sua saúde e estilos de vida.
A acções preventivas voltada as substâncias psicotrópicas enquadradas na
enfermagem comunitária é assente no modelo clássico de prevenção: prevenção
primária, secundária e terciária. De seguida, descrever-se-á as funções dos enfermeiros
38
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
comunitários nos 3 níveis de prevenção consoante a tipológica clássica referida
anteriormente:
1.9.1.1. Função do enfermeiro na prevenção primária
Na prevenção primária as estratégias preventivas são aplicadas ao estado de
susceptibilidade da doença que consiste na prevenção da doença através da alteração da
susceptibilidade ou da redução exposição dos indivíduos susceptíveis (Moreira, 2005,
p.13). Assim, na enfermagem comunitária, voltada às acções preventivas, a prevenção
primária abrange a promoção de estilo de vida saudável, factores de resiliência e
educação para saúde (Mathre, 2008, p.863), no sentido de evitar ou adiar a
experimentação do uso de drogas (CCCD/UNDC, p.19).
A importância do enfermeiro, na execução de acções educativas com os
adolescentes, voltada à promoção do estilo de vida saudável, visualizando e dispondo de
estratégia educativas, dando ao jovem informações relevantes sobre as drogas e também
informações para saberem lidar numa situação de risco (Passos, Evangelista e Barros,
s/a:8).
Deste modo, Mathre (1999, p787)., acrescenta que:
(…) ajuda-los a desenvolver um sentido aumentado de responsabilidade para
o seu próprio sucesso; ajuda-lo a identificar os seus talentos; motivá-los a
dedicar as suas vidas e ajudar a sociedade (…); encorajar e valorizar a
educação e o treino de qualidade; e aumentar as soluções de cooperativas
para os problemas em vez de soluções agressivas e competitivas.
Isto tudo contribui para a diminuição dos factores de risco e o fortalecimento dos
factores de resiliência (factores protectores) dos jovens, com a ajuda dos pais e
professores (Mathre, 2008, p.863).
1.9.1.2. Função do enfermeiro na prevenção secundária
Na prevenção secundária conforme postula Moreira (2005, p.13) as estratégias
preventivas são aplicadas no inicio da doença, neste caso, no consumo drogas e,
consiste na detenção precoce.
Assim sendo, as estratégias preventivas para evitar o progresso do consumo da
droga para usos mais frequentes e prejudiciais é dirigida à indivíduos que já
experimentaram drogas ou usam-nas de forma moderada (CCCD/UNDC, 2011, p.19).
39
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
Em primeiro lugar, o enfermeiro comunitário, junto com os parceiros
comunitários, detectam os problemas relacionados com o consumo de substâncias
psicotrópicas na comunidade e, o envolvimento familiar (Mathre, 1999, p.788 a 791).
Neste sentido, quando já detectado o problema, é necessário que o enfermeiro
identifique os grupos de risco, criando posteriormente programas que vão de encontro
com as necessidades de cada grupo (etário e/ou género) (Mathre, 2008, p.865 e 867).
Além disso, é de extrema importância ajudar os indivíduos a compreender a
relação existente entre o consumo de drogas e as consequências negativas que traz para
sua saúde e, para as famílias e comunidade (Mathre, 1999, p.788).
O enfermeiro comunitário pode ajudar as famílias a conhecerem o problema do
abuso de drogas e as formas de manejar as condutas e problemas de saúde do usuário,
demonstrando que todos devem estar unidos para dar o suporte emocional como
financeiro para atender aos cuidados que devem ter com o familiar usuário (Passos,
Evangelista e Barros, s.d., p.9).
Sobretudo, o profissional, ajuda a identificar opções de tratamento, assistência
de aconselhamento, serviços de apoio, evitando assim possível dependência de
substâncias (Mathre, 1999, p.791).
1.9.1.3.Função do enfermeiro na prevenção terciária
Para Moreira (2005, p.13) na prevenção terciária as intervenções preventivas
são implementadas quando o estado da doença/incapacidade ou condição é adiantada e
visa a diminuição da incapacidade e/ou o restabelecimento de um funcionamento eficaz.
No concerne ao consumo de drogas, este tipo de prevenção é direccionado para
o restabelecimento e reintegração dos indivíduos que têm problema com o consumo de
drogas ou que apresentam dependência. Sobretudo, busca optimizar a qualidade de vida
dos usuários junto à família, a escola e à comunidade (CCCD/UNDC, 2011, p.20).
O enfermeiro comunitário é a peça chave para ajudar o dependente e a família
porque é o profissional que trabalha nas comunidades conhecendo a historia dos
clientes, do ambiente e os sistemas de apoio e, por isso, está em melhor posição para
saber quais os programas de tratamento locais que pode proporcionar orientação para
mobilidade de tratamento mais eficaz (Mathre, 2008, p.869).
Entretanto, para além do enfermeiro comunitário, que ajuda tanto na detenção
dos indivíduos, à que haver uma equipa multidisciplinar, deste de psiquiatras, de
40
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
psicólogos, de médicos de clínica geral, entre outros, juntos para ajudarem no
melhoramento do indivíduo.
Neste sentido, há que haver uma serie de acções que evolvem identificar e lidar
com casos emergentes (como síndrome de abstinência, overdose, tentativas de suicídio,
entre outros) e/ou os usuários que são portadores de problemas adicionais e que
precisam de encaminhamento, como o caso dos portadores de hepatite, Sida, cirrose,
tuberculose, entre outros (Noto e Galduróz, 1999, p.149).
Há vários modelos de tratamento para dependência química, incluindo várias
linhas de grupos de auto-ajuda (com destaque para os Alcoólicos Anónimos),
abordagens psicanalíticas, comportamentais, cognitivas, medicamentosas (ibid).
Entretanto, o tratamento não se confina ao usuário, estende-se também à
orientação familiar e o auxílio na reabilitação dos usuários. Evitando uma recaída em
comportamentos de abuso de substância pelo indivíduo, cujo enfermeiros comunitários
pode contribuir para estes esforços, prestando apoio emocional para recuperar os
dependentes químicos e suas famílias e, ligando-os com outros grupos de apoio. Além
de incluir esforços para eliminar ou modificar factores stressores que contribuem para a
recaída (Clark, 1998, p.881)
1.10. Modelos de Educação para Saúde
Os modelos ajudam os enfermeiros a compreender e identificar situações de
risco e de protecção da saúde dos indivíduos, planeando e implementando acções
educativas aos utentes, família e comunidade. Descreve-se três modelos de Educação
para Saúde: Modelo PRECEDE-PROCEED, Modelo Saúde-Crença e Modelo
Promoção da Saúde. Estes modelos aplicam-se directamente em saúde comunitária e
fornecem uma maneira prática de abordar o processo de edução para saúde.
1.10.1. Modelo PRECEDE-PROCEED
Fundamenta na planificação e avaliação da educação da comunidade, tendo
como ponto de referência a resolução de problemas, numa área identificada de
necessidades. Sendo que o seu objectivo é apoiar as comunidades na mudança dos seus
comportamentos. (1) avalia o ambiente em que vive o grupo e toma em consideração os
factores sociais que influenciam os comportamentos em relação à saúde. (2) apura os
41
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
factores internos e ambientais que incitam a comunidade para determinados
comportamentos ou problemas de saúde. E, (3), identifica os factores que irão ajudar
essa comunidade a adoptar comportamentos saudáveis. Após este processo, desenvolvese o planeamento, implementação e avaliação (Edwards, 1990, Green e Kreuter, 1992,
Padilla E Bulcavage, 1991, apud Lancaster, Onega e Forness, 1999, p.270).
1.10.2. Modelo saúde-crença
Apareceu mediante a inquietação dos sectores públicos e privados de saúde ao
averiguarem que determinadas pessoas mostravam-se relutantes quando solicitadas para
vigiar o seu estado de saúde. Este modelo foi desenvolvido no sentido de prever
situações e para propor intervenções que pudessem diminuir a resistência das mesmas a
decidirem-se pelos cuidados de saúde. Baseia-se em três componentes: (1) percepção
individuais, (2) factores de mudança e (3) variáveis que afectam a probabilidade de
acção. Aparece em acções de campanhas na comunicação social, artigos de jornais ou
revistas com o intuito de motivar os utentes a tomar providência (Couto, 1998, p.5).
1.10.3. Modelo de Promoção de Saúde
Este surge como complemento de outros modelos de protecção de saúde,
expondo a hipótese que os modelos de estilo de vida saudável e comportamentos de
promoção da saúde têm de ocorrer. Fortalece os princípios do modelo saúde - crença,
prevendo que os indivíduos podem modificar o seu comportamento para sentirem-se
melhor física, psicológica, social e espiritualmente (Lancaster, Onega e Forness, 1999,
p.271).
Portanto, os modelos de educação em Saúde, contribuem para traçar estratégias
educativas, que ajudam os jovens a adoptarem um estilo de vida mais saudável, porque
facilita a identificação dos factores de riscos e, com o objectivo de atenuar a
vulnerabilidade desses indivíduos e famílias (Silva, Dias, Viera e Pinheiro, 2010, p.
607).
42
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
1.11. Intervenções de enfermagem comunitária aos adolescentes do
bairro da Ilha de Madeira que consomem drogas
As intervenções comunitárias dirigem-se para trabalhar em colaboração e
parceria com as comunidades para abordar as preocupações locais ou esperanças de
melhoria. Este tipo de intervenção pode ser definida como sendo as influências
planificadas na vida de um pequeno grupo, organização ou comunidade, com o
objectivo de prevenir/reduzir a desorganização social ou pessoal e promover a saúde e o
bem-estar da comunidade. A intervenção comunitária tem como objectivo específico
provocar uma mudança na comunidade (Carvalhosa, Domingos, e Sequeira, 2010,
p.479).
Neste sentido, as intervenções voltadas a um grupo específico na comunidade,
tem como finalidade capacitá-lo para aumentar e melhorar o controlo sobre a sua saúde
e, que entretanto é uma tarefa árdua que exige o envolvimento de toda a comunidade
(Gomes e Loureiro, 2013, p.33).
Os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira encontram-se num ambiente
social pouco saudável e, é de extrema importância intervir nesse grupo e, sobretudo na
infância, visto que muitos fizeram a experimentação de substâncias psicotrópicas ainda
na infância (segundo o questionário aplicado). Constatando a importância das
intervenções de enfermagem comunitária, principalmente nos níveis de prevenção
primária e secundária. Pois, é de extrema importância intervir junto àqueles que ainda
não fizeram a experimentação e, para aqueles já experienciaram este comportamento
insano ou junto dos que ainda estão numa fase inicial e, portanto, não se encontram na
fase de dependência da substância. Entretanto, é importante realçar as intervenções
voltadas aos familiares, sendo a família o alicerce para um desenvolvimento
psicossocial saudável desses jovens.
Com isso, para melhor eficácia nas intervenções, é de grande valia o processo
de enfermagem aplicada na comunidade. As fases do processo de enfermagem que
envolvem directamente a comunidade como cliente, inicia-se primeiramente com o
estabelecimento da parceria e inclui a identificação dos problemas, do diagnóstico, do
planeamento, da implementação e da avaliação (Shuster e Goeppinger, 1999, p.319).
43
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária
1.11.1. Processo de Enfermagem Centrada na Comunidade
Identificação do estado de Saúde dos Adolescentes da Ilha de Madeira
De acordo com os resultados do questionário e a literatura, relatos feitos pelos
moradores e as observações feitas na comunidade, em torno dos adolescentes. Os
problemas de saúde levantados nestes jovens foram: (1) o consumo de substâncias
psicotrópicas; (2) história de consumo familiar; (3) gravidez precoce; e (4) abandono e
insucesso escolar.
Para melhor compreensão, elaborou-se um quadro, abaixo referido, contendo o
diagnóstico de saúde segundo a North American Nursing Diagnosis Association
(NANDA) e as intervenções/actividades segundo as Classificação das Intervenções de
Enfermagem (NIC) (cf APÊNDICE VIII).
No que diz respeito, a quarta e quinta fase do processo de enfermagem centrada
na comunidade, estas são desenvolvidas posteriormente.
44
CAPÍTULO II: FASE METODOLÓGICA
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
A investigação científica é um processo metódico de colheitas de dados
observáveis e verificáveis no mundo experienciado, isto é, no mundo que é acessível
aos nossos sentidos, com vista a descrever, explicar, predizer ou controlar fenómenos.
(Seaman, 1987 apud Fortin, 2009, p.5)
Lakatos e Marconi (2007, p. 157, apud Prodanov e Freitas, 2013, p.44), frisam
que a investigação pode ser vista como um procedimento formal com método de
pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se estabelece no caminho
para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais, a pesquisa desenvolve-se
por um processo composto por quatro fases: (1) fase conceptual; (2) fase metodológica;
(3) fase empírica; e (4) fase de interpretação e de difusão.
Estas etapas da investigação foram seguidas de forma metódica e programada,
a fim de ter uma investigação bem elaborada (cf APÊNDICE VII)
Neste sentido, este capítulo recai sobre a fase metodologia, que aborda toda a
estrutura e desenvolvimento da fase empírica do trabalho, aportando aspectos atinentes
aos métodos, técnicas e procedimentos utilizados no estudo.
Sendo assim, a metodologia segundos Prodanov e Freitas (2013, p.14) é
assente na aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para
construção do conhecimento, com o propósito de provar sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade.
Com isso, pretende-se definir e descrever todo o processo que envolveu a
pesquisa, desde a abordagem e tipo de estudo, às características específicas da
população e amostra, o método de amostragem, os instrumentos de colheita de dados e,
a previsão de tratamento dos dados.
2.1.
Tipo de estudo/pesquisa
Para persecução dos objectivos utilizou-se um desenho de investigação
descritivo e uma abordagem quantitativa servindo-se de uma lógica de pesquisa
dedutiva na base de uma filosofia de investigação positivista. Quanto ao horizonte de
tempo, trata-se de um estudo transversal.
O desenho de investigação é determinado por um conjunto das decisões a
tornar para levantar uma estrutura, que permita explorar empiricamente as questões de
46
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
investigações, guiando o investigador na planificação e realização do seu estudo de
maneira que os seus objectivos sejam alcançados (Fortin, 2009, p.214).
O estudo é do tipo descritivo, pois permite descrever os factos e os fenómenos
de determinada realidade (Coutinho, 2011, p.37). Pretende-se, particularmente,
conhecer e descrever o fenómeno do consumo de drogas entre adolescentes do bairro da
Ilha de Madeira e, a partir dessa descrição traçar possíveis intervenções da enfermagem
comunitária.
Quanto a abordagem quantitativa, esta é um processo metódico de colheita de
dados observáveis e quantificáveis. Baseado na observação de fatos objectivos, de
factos e de fenómenos que existem independentemente do investigador (Fortin, 1999, p.
22). A autora ainda frisa que este tipo de abordagem permite ter precisão e
objectividade, possibilitando também a comparação, reprodução e generalização para
casos semelhantes (ibid).
O raciocínio dedutivo na base do positivismo possibilita predizer e controlar
fenómenos. Este paradigma tem a sua origem nas ciências físicas; implica que a verdade
é absoluta e que os factos e os princípios existem independentemente dos contextos
históricos e social. Se uma coisa existe ela pode ser medida (Fortin, 2009, p.19).
No que diz respeito ao horizonte de tempo, o estudo que se apresenta é de
carácter transversal. Acerca do método transversal, Fortin postula que serve para
mensurar a frequência da aparição de um acontecimento ou de um problema numa
população num dado momento. As avaliações ao público-alvo desse estudo foram feitas
num
único
momento,
não
havendo,
portanto,
período
de seguimento
ou
acompanhamento dos adolescentes (id, p. 252).
2.2.
Amostra/Participantes
Coutinho (2011, p. 85) refere que a amostra é entendida como “um conjunto de
sujeitos (pessoas, documentos, etc.) de quem se recolherá os dados e deve ter as mesmas
características da população de onde foi extraída”.
Trata-se de uma amostra de conveniência ou acidental ou seja, utilizou um
método de amostragem não-probabilístico. O que significa que os adolescentes do
bairro não tiveram igual probabilidade de participar do estudo, a sua participação deu-se
pelo facto da sua presença no local determinado e no momento preciso.
47
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
A selecção dos participantes obedeceu aos seguintes critérios: (1) idade
compreendida entre os 12 e os 18 anos inclusive; (2) ser morador do bairro da Ilha de
Madeira; (3) saber ler e escrever; e (4) participação voluntária.
Neste sentido a amostra constitui por 50 participantes, sendo 40 do sexo
masculino (80%) e 10 do sexo feminino (20%). A idade dos participantes varia entre os
12 e os 18 anos, com uma média de idades de 15,98 (DP = 1,532).
No que concerne as habilitações literárias, 21 dos participantes (42%) são do 2º
Ciclo do Ensino Secundário (9º e 10º ano), 20 (40%) são do 1º Ciclo do Ensino
Secundário (7º e 8º ano), 4 (8%) são do 3º Ciclo do Ensino Secundário (11º e 12º ano) e
3 (6%) são do Ensino Básico, mais concretamente 6º classe. Dos inquiridos 8 (16%) se
encontra em situação laboral.
A maioria dos participantes (86%) vive com os progenitores, sendo que 18
(36%) vivem com ambos progenitores; 25 (50%) vivem numa família monoparental (20
deles vivem com a mãe e os outros 5 vivem com o pai) e 7 (14%) dos participantes
vivem com outros familiares que não sejam os progenitores (avó, tios, irmãos, etc.).
O número médio de membros que compõem o agregado familiar é 5,70 (DP =
2, 332).
Não se utilizou nenhum procedimento para determinar o tamanho da amostra,
pois não se tem dados isolados da população desse bairro. Para além disso, Fortin
(2009, p.327) afirma que a determinação do tratamento da amostra depende de vários
factores entre os quais o objectivo e natureza do estudo assim, a autora postula que os
estudos descritivos de natureza quantitativa, amostras pequenas são suficientes.
2.3.
Instrumentos de recolha de dados
Cada passo de uma investigação científica é importante, entretanto a colheita
de dados é fundamental para a sua realização. Deste modo, levando em conta que esta é
uma pesquisa de campo e, partindo do princípio que uma pesquisa de campo é norteada
pela indispensabilidade de recolha de dados, torna-se necessário definir e descrever os
instrumentos utilizados para a recolha dos dados empíricos, optando-se pela utilização
dos seguintes instrumentos:
48
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
2.3.1. Questionário
Wood e Haber (apud Vitelas, 2009, p.287) descrevem questionário como um
instrumento de “[…] registos e planeados para pesquisar dados de sujeitos, através de
questões a respeito de conhecimentos, atitudes, crenças e sentimentos”. Com a ajuda
deste instrumento foi possível conhecer alguns aspectos pertinentes desta investigação,
já referindo anteriormente. Assim para recolha dos dados utilizou-se um questionário
que comportou um conjunto de 37 questões atinentes a características sóciodemográficas, ao consumo propriamente dito, a história de consumo familiar, e a
percepção das implicações do consumo na saúde (cf APÊNDICE II). Constituída por
questões do tipo: dicotómica, questões-filtro, escolha múltipla e, texto resposta.
2.3.2. Observação não participante
Segundo Alvarez (1991, p.560), a observação é o “único instrumento de
pesquisa e colecta de dados que permite informar o que ocorre de verdade, na situação
real, de facto”. Ainda o autor assegura que a observação não participante, o investigador
não participa na observação. Neste sentido, utilizou-se este instrumento como um guião
de observação feito pela investigadora (cf APÊNDICE IV) com a intenção de levantar
as características/perfil do bairro da Ilha de Madeira e, sobretudo na validação do
fenómeno em estudo (consumo de drogas na adolescência).
2.3.3. Entrevista
Fortin (1999, p.147) frisa que a entrevista é um formato de comunicação verbal
que se estabelece entre o entrevistador, que recolhe os dados e, um entrevistado, que
proporciona os dados.
Elaborou-se um guião de entrevista semi-estrutura (cf APÊNDICE III), que
permitiu recolher informações, junto a um morador do bairro, que pudesse
complementar os dados obtidos com base na observação, de forma melhor descrever o
perfil comunitário.
Assim, a entrevista semi-estruturada, é uma entrevista na qual o informante
tem a possibilidade de discursar sobre suas experiências, a partir do foco principal
sugerido pelo pesquisador e, ao mesmo tempo permite respostas livres e espontâneas do
49
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
informante, valorizando a actuação do entrevistador (Lima, Almeida e Lima, 1999,
p.132).
2.4.
Campo empírico
Ilha de Madeira (cf APÊNDICE VI), um bairro pequeno situado dentro da
comunidade de Ribeira Bote, em São Vicente, é considerada um dos bairros mais
pobres da ilha. Por sua vez Ribeira Bote, também apelidada de “zona libertada”, por ser
o primeiro bairro da cidade a impedir a entrada de tropas portuguesas logo após o 25 de
Abril (Rodrigues, 2011, apud Graça 2013, p.68), além disso, protagonista da história de
São Vicente, A Revolução de Capitão Ambrósio do ano de 1934, em que se deu o
primeiro grito de liberdade, em que o povo mindelense, já não mais podendo aguentar a
angústia da fome crónica e a incerteza do futuro, assistiu-se a marcha revolucionária,
que partiu da zona de Ribeira bote até a cidade (Ramos, 2003, apud ibid).
2.4.1.
Caracterização da comunidade
a) Contexto geográfico e demográfico
A Ilha de Madeira sendo um bairro situado dentro da comunidade Ribeira
Bote, a sua caracterização demográfica será feita à partir da comunidade de Ribeira
Bote, pois nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta toda a zona.
Ribeira Bote situa-se na periferia da cidade do Mindelo em São Vicente, que
segundo os dados pautados pelo INE no censo 2010, a população total da comunidade é
de 3.956 habitantes, composta por uma população maioritariamente jovem (1082 da
população criança/adolescentes e de jovens/ adultos de 2502 habitantes), além dos
agregados familiares serem numerosos, com predomino matriarcal.
b) Ambiente Físico
Pavimentação e poluição das ruas
As ruas da Ilha de Madeira são muito estreitas, pouco alinhadas e, em algumas
partes mal estruturadas, e com várias vias. A maioria das estradas é calcetada havendo
50
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
algumas de terra batida. Os automóveis não têm dificuldade em circular no bairro, assim
como os pioneiros têm alta mobilidade nas ruas.
Pôde-se observar que não há muito lixo fora dos depósitos, possuindo
contentores ao arredor e, o carro da Câmara Municipal faz a recolha dos lixos nos dias
estabelecidos. No entanto, nota-se resíduos de materiais de construção nalgumas ruas,
alguns animais que circulam pelas ruas, principalmente cães e galinhas.
Iluminação pública
Da observação feita, pode-se ressaltar que a iluminação pública é insuficiente,
em algumas ruas estas apresentam às escuras à noite.
Casas
Algumas das habitações são construídas de betão armado possuindo condições
básicas de saneamento (casa de banho, rede de esgotos, água potável) electricidade,
telefone. Contudo existem casas de lata sem condições sanitárias e, nem electricidade.
c)
Educação
Existe instituições de educação dentro da Ilha de Madeira, nomeadamente um
jardim infantil, que segundo um morador tem poucas condições. Nos arredores tem
várias instituições que ficam na Ribeira Bote (por exemplo escola secundária, primária
e, jardins. Além das instituições educacionais que ficam nos arredores da comunidade
de Ribeira Bote.
No que refere-se a taxa de alfabetização, a maioria dos habitantes é alfabeta,
contudo a taxa de absentismo escolar é preocupante.
d) Segurança
Segundo um morador, a segurança é péssima, afirmando que se sentem
inseguros, apesar de haver patrulhas constantes na comunidade. Não existe nenhum
posto policial na região, sendo que posto policial mais próximo localiza-se em Fonte
Inês.
Afirma ocorrência de violência na comunidade, por vezes resultante da invasão
de jovens de comunidades vizinhas que se deslocam para cometerem intencionalmente
actos de vandalismo. Além disso, existem grupos organizados de jovens (gang) na
comunidade. E, apresenta altas taxas de criminalidade, abuso generalizado de drogas,
51
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
prostituição e grande quantidade de pessoas alienadas que fogem as obrigações
escolares.
e)
Comunicação
Em relação a comunicação interpessoal, as informações passam extremamente
rápidas de forma informal, ponto que pode ser aproveitado para transmissão de
informações. Comunicam normalmente, mas com alguma discórdia em alguns
momentos. Apesar disso o morador afirma que são unidos, solidários sempre apoiando
uns aos outros nos momentos de dificuldade.
f)
Economia
Antigamente o bairro tinha um cenário mais precário, com extrema pobreza,
mas pôde-se observar que está em desenvolvimento, mas ainda com algum défice de
recursos económicos, visto que são poucos os grupos de profissões em actividade.
Conseguiu-se verificar a existência de comerciantes, pedreiros, funcionários públicos,
barbeiros, artistas plásticos, serralheiros, mecânicos, músicos. Há um grande número de
pessoas que sobrevivem por conta própria, com pequenos negócios como mercearias,
bares, confecção de vestuários, oficina de carpintarias e vendedores ambulantes de
géneros alimentícios.
Ainda, há o Centro Social da Ribeira Bote, o edifício central, tendo os ateliers
de Costura Dy Body e de Artesanato Djoy e a Associação Regional de Boxe, que ali tem
instalado um pequeno ginásio para a preparação dos seus atletas.
Para além, de algumas instituições mencionadas, temos os Banco,
nomeadamente Banco Comercial do Atlântico e a Caixa Económica que ficam
próximos dessa comunidade, também o mercado, onde vendem desde géneros
alimentício até vestuários e produtos de beleza e higiene.
g) Acessibilidade e Transporte
Observou-se que a utilização de meios de transporte vai de encontro com as
condições financeiras de cada família. Existem poucas pessoas com transportes
52
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
familiares (carros, motos, bicicletas), nos arredores do bairro há pontos de transportes
públicos (autocarros) e táxis.
h) Lazer
No bairro existe um polidesportivo, anexo no Centro social de Ribeira Bote. O
polidesportivo voltado para vertente desportiva, desenvolve actividades todos os finsde-semana, com objectivo de entreter os jovens nos seus tempos livres.
Realiza várias actividades culturais, nomeadamente um festival musical
(festival morna jazz.) que é realizado (anualmente) em Setembro desde o ano de 2013.
Outra manifestação cultural é os mandigas de Ribeira Bote que todos os anos, aos
domingos, arrasta milhares de pessoas pelas ruas de São Vicente, com ponto de
concentração na Ilha de Madeira. Segundo o morador, apesar de existir espaços e
actividades de lazer, ainda os jovens estão em caminhos perigosos, mas realça a forte
exposição dos jovens ao consumo de drogas.
i)
Instituições sociais e de saúde
Há instituições dentro do bairro que faz parte do Centro Social voltadas para os
problemas sócias e de saúde, O CAP ad (Centro de Atenção Psicossocial para usuários
de Álcool e Drogas) e, também a Associação dos seropositivos - Abraço. Ainda no
bairro, existe um lar da Promoção Social para pessoas idosas, que acolhe os idosos de
famílias carenciadas e que não tem disponibilidade suficiente para cuidar. Além do
Centro de Saúde de Fonte Inês, que abrange essa comunidade.
2.5.
Procedimentos
A recolha dos dados ocorreu no interior do bairro de Ilha de Madeira, no ponto
estratégico nas proximidades do Centro Social de Ribeira Bote. Através da observação
feita. Pôde-se perceber da concentração frequente dos adolescentes no ponto escolhido
para recolha de dados, a partir da 17h da tarde. Após a identificação do ponto a
investigadora aproximou-se e, a medida que os jovens se aproximavam esses iam sendo
abordados.
53
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
A primeira abordagem consistiu sempre na apresentação pesquisadoraadolescente e na filtragem dos critérios de inclusão dos participantes no estudo que ora
se aduz, mediante uma atitude humilde e calorosa. Aos adolescentes que reuniram os
critérios foi-lhes explicados o objectivo geral da investigação e solicitou-se a sua
colaboração para sua colaboração. Foram informados das modalidades de participação e
dos aspectos éticos do mesmo. Essas modalidades e aspectos éticos foram igualmente
explicados e garantidos no termo de consentimento informado (cf APÊNDICE I). Após
terem dados o seu consentimento foi-lhes dado a instrução da tarefa de preenchimento
do questionário.
As dúvidas que surgiram esclarecidas de uma forma que tentou ser objectiva e
não gerar subjectividade não houve registo de caso de desistência. Entretanto, houve
quem se recusasse após saber que se tratava de um estudo sobre o consumo de drogas.
Os adolescentes preencheram os questionários na rua, individualmente, porém,
em contexto grupal (dois à três adolescentes a preencher ao mesmo tempo), na presença
e sob vigilância da pesquisadora, que, por sua vez, tentou oferecer o melhor conforto de
preenchimento dos questionários disponibilizando-os canetas e uma pasta para apoiarem
o questionário. O preenchimento individual dos questionários teve uma duração média
de 15 minutos, a recolha dos dados durante os meses de Abril e Maio perfez um total de
72 horas distribuídos por três horas diárias (das 17 as 20 horas), numa frequência de três
vezes semanais.
Após obtido o preenchimento do número de questionários predefinidos (50)
estes foram codificados e operacionalizados em variáveis num dicionário de variáveis
(cf APÊNDICE V) de forma a facilita a construção da base de dados.
Recorreu-se ao programa Statistical Package For Social Sciences (SPSS),
versão 20.0 para Windows para realizar as análises estatísticas.
Salienta-se que foi conduzida uma entrevista (mas na base de uma conversa
informal) a um morador do bairro afim de adquiri informações detalhadas sobre o
campo empírico descrito anteriormente.
54
CAPÍTULO III – FASE EMPÍRICA
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
3.1.
Apresentação e interpretação de resultados
Para o tratamento dos dados, recorreu-se ao programa SPSS, versão 20.0 para
Windows. Segundo Pereira (2006, p. 16) Este software é considerado uma poderosa
ferramenta informática, pois permite realizar cálculos estatísticos complexos e, também
permite, visualizar os resultados em poucos segundos.
Os dados foram obtidos nomeadamente a partir de procedimentos estatísticos
descritivos e interpretados à luz da literatura existente sobre o tema em questão.
Com o intuito de facilitar a criação da base de dados elaborou-se previamente
um dicionário de variáveis (c.f. APÊNDICE V) e, posteriormente os dados foram
trabalhados, pelo que segue a sua descrição pormenorizada.
3.1.1. Caracterização sócio-demográfica da amostra
O estudo intitulado O consumo de drogas na adolescência: uma abordagem da
enfermagem comunitária incidiu sobre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira.
Trata-se de uma amostra de 50 participantes, sendo 40 do sexo masculino (80%) e 10 do
sexo feminino (20%). A idade dos participantes varia entre os 12 e os 18 anos, com uma
média de idades de 15,98 anos (DP = 1,532).
No que concerne as habilitações literárias, 21 dos participantes (42%) são do 2º
Ciclo do Ensino Secundário (9º e 10º ano), 20 (40%) são do 1º Ciclo do Ensino
Secundário (7º e 8º ano), 4 (8%) são do 3º Ciclo do Ensino Secundário (11º e 12º ano) e
3 (6%) são do Ensino Básico, mais concretamente 6º classe. Dos inquiridos, 8 (16%) se
encontra em situação laboral.
A maioria dos participantes (86%) vive com os progenitores, sendo que 18
(36%) vivem com ambos os progenitores; 25 (50%) vivem numa família monoparental
(20 deles vivem com a mãe e os outros 5 vivem com o pai) e 7 (14%) dos participantes
vivem com outros familiares que não sejam os progenitores (avó, tios, irmãos, etc.).
O número médio de membros que compõem o agregado familiar é 5,70 (DP =
2, 332).
Posteriormente, apresentar-se-á os resultados encontrados e seus respectivos
gráficos. Para as variáveis nominais apresentara um gráfico de sectores, para as
variáveis ordinais gráfico de barras e, para as variáveis intervalares histograma.
56
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
3.1.2. Apresentação de resultados da estatística descritiva das variáveis
estudadas
Consumo de drogas
Relativamente a experimentação de drogas, a esmagadora maioria dos
inquiridos (47-94%) fizeram uso de drogas até então e, apenas uma minoria não fizeram
o uso de drogas (3-6%). Neste sentido, Morel, Hervé, e Fontaine (1999, p.51) e Murad
(sd, p.118) em tempos passados, já tinham mostrado suas preocupações no que diz
respeitos à exposição dos adolescentes às drogas e, que este fenómeno inicia-se nessa
fase de vida, que é considera por si só uma fase de vulnerabilidade.
Gráfico1. Experimentação
Fonte: Elaboração própria
Idade do primeiro consumo
A idade média do primeiro consumo é de 13,32 anos (DP= 1,682). Entretanto,
40 (80%) experimentaram na adolescência e, 7 (14%) experimentaram ainda na
infância. Ainda os mesmo autores postularam que a experimentação dá-se nesse período
de vida, visto que é um fase, em que os indivíduos estão expostos aos variados factores
que contribuem para o ingresso dos adolescentes para este caminho (ibid).
Gráfico 2. Idade do 1º consumo
57
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Fonte: Elaboração própria
Primeira substância de consumo
No que diz respeito à primeira substância de consumo, 26 (55,32%)
consumiram bebidas alcoólicas, 19 (40,43%) experimentaram a padjinha e 2 (4,26%)
usaram o tabaco.
Gráfico 3. Substância do 1º consumo
Fonte: Elaboração própria
Sensação do primeiro consumo
Relativamente a sensação do primeiro consumo, 20 dos participantes (42,55%)
relataram ter tido a sensação de bem-estar; 14 (29,79%) afirmaram ter tido a sensação
de euforia; 9 (18,15%) revelaram sensações de indiferença e 4 (8,51%) referiram ter
tido a sensação de desespero. Deste modo, Simões e colaboradores (2006 apud Passos,
Evagenlistas e Barros, sd, p.6) contextuam que a opção pelo consumo de drogas pelos
adolescentes ocorre em larga escala pelos efeitos da substância, normalmente bem-estar,
satisfação, desinibição ou euforia e relaxamento.
Gráfico 4. Sensação do 1º consumo
58
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Fonte: Elaboração própria
Motivo do primeiro consumo
A experimentação foi na sua maioria incitada pela curiosidade, correspondente
a 23 (48,94%) dos participantes; em segundo lugar 19 (40,43%) participantes referiram
que o experimento de substância psicotrópica deu-se pela influência dos grupos de
pares; 2 (8,51%) alegaram ter experimentado por outros motivos (como inocência; em
festas); 1 (2,13%) relatou ter experimentado para aliviar o stress. Assim, para Canavez,
Alves e Canavez (2010, p. 61), indicam que as os factores motivacionais para a
experimentação inicial de substâncias psicotrópicas dá-se principalmente pela
curiosidade e pelo facto de o adolescente ter amigos que usam drogas.
Gráfico 5. Motivo do 1º consumo
Fonte: Elaboração própria
Consumo Actual
Em relação ao consumo actual, dos 47 inquiridos que referiam ter já usado, 41
(82%) continuam a usar drogas, 6 (12%) deles já não fazem o uso de substâncias
psicotrópicas e 3 (6%) dos valores em falta correspondem aos inquiridos que não fazem
o uso de drogas. Com isso, Teixeira (sd., p.42) postula que os usuários ocasionais na
maioria das vezes, passa dum mero consumo ocasional para um consumo regular e sem
dar conta, tornar-se num vício ou dependência.
Gráfico 6. Consumo Actual
59
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Fonte: Elaboração própria
Substâncias de Consumo Actual
No que diz respeito as substâncias de consumo actual, das drogas lícitas, o
álcool é a droga mais usada pelos inquiridos, seguida do tabaco. 38 dos participantes
consomem álcool e, 8 consomem o tabaco. Das drogas ilícitas, a padjinha é a droga de
eleição, sendo consumida por 28 dos participantes; a cocaína é a menos usada pelos
inquiridos, sendo consumida por 3 dos participantes. Assim estes resultados estão em
conformidade ao que foi dito pelo CCCD e Ministério da Justiça (2012, sp.), nos
estudos sobre consumo de substâncias psicotrópicas em Cabo Verde, indicando que as
drogas mais usadas são o álcool e a padjinha.
Gráfico 7. Substâncias de Consumo Actual
Fonte: Elaboração própria
Frequência do Consumo
Relativamente a frequência do consumo, 18 (43,9%) participantes afirmaram
fazer uso de substância de vez em quando, 15 (36,6%) fazem-no só nos fins-de-semana,
5 (12,2%) deles referem consumir várias vezes ao dia e, 3 (7,3%) relataram que fazemno uma vez ao dia.
60
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Gráfico 8. Frequência do Consumo
Fonte: Elaboração própria
Companhia de Consumo
A maioria dos inquiridos relatou que fazem o uso de substâncias psicotrópicas
com os grupos de pares, que representa 39 (97,50%) dos participantes e, 1 (2,50%) dos
participantes refere consumir com familiares (primos).
Gráfico 9. Companhia de Consumo
Fonte: Elaboração própria
Consumo de grupo de pares.
Dos participantes, 44 (88%) revelaram que a maioria dos amigos fazem o uso
de substâncias psicotrópicas, 4 (8%) relataram que os amigos não fazem de drogas e, 2
(4%) não responderam.
61
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Gráfico 10. Consumo dos membros do Grupo
Fonte: Elaboração própria
Aquisição da Substância Vinte e três (57,5%) dos participantes afirmaram
que a droga lhes é oferecida (amigos), 14 (35) dos participantes revelaram que a vezes
compram e outras vezes é oferecido e, 3 (7,5%) dos participantes relataram que
compram as drogas.
Gráfico 11. Aquisição da Substância
Fonte: Elaboração própria
Dinheiro da compra
Daqueles que afirmaram que compram a droga, a maioria relataram pedir o
dinheiro aos pais (8-41,18%), 5 (29,41%) dos participantes pedem a pessoas que
estejam a passar pela rua (“Crave”), 4 (23,53%) dos participantes trabalham e sustentam
o consumo e, 1 (5,88%) afirma que além de pedir aos pais, vende algum objecto de
valor, para sustentar o sue vício.
62
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Gráfico 12. Dinheiro da compra
Fonte: Elaboração própria
Venda de Substância Local
Em relação a venda de substância no bairro, 49 (98%) dos participantes
afirmaram que a venda local de substâncias psicotrópicas (lícitas e ilícitas) e, que
embora o preço seja variável, o custo é acessível e, 1 (2%) não respondeu a esta
questão. Este é um ponto em Alvarase (2006) e Almeida (2007) ( apud Cavalcante,
Alves e Barroso, 2008, p.556) já tinham referido na literatura, postulando que o não
cumprimento das leis vigentes, a não fiscalização das exigências legais, são outros
factores que estimulam o uso de drogas entre adolescentes.
Gráfico13. Venda de Substância Local
Fonte: Elaboração própria
Consumo Familiar
A maioria dos inquiridos relata que algum membro da familiar faz uso de
substâncias psicotrópicas correspondentes a 46 (92%) dos participantes. Neste sentido, a
atmosfera familiar acaba por influir os jovens a experimentar substâncias psicotrópicas,
63
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
onde pais e familiares mais próximos adoptam comportamentos que não são
aconselháveis, entre eles o consumo familiar (Moreno, Ventura e Brêtas, 200, p.355).
Gráfico 14. Consumo Familiar
Fonte: Elaboração própria
Familiares que consomem
Dezasseis dos participantes afirmaram que o pai faz o uso de substâncias
psicotrópicas, 8 afirmaram que a mãe faz uso, entretanto a maioria refere que outros
familiares (avó, tios, irmãos, primos) fazem uso drogas, correspondendo 30 dos
participantes.
Gráfico 15. Familiares que consomem
Fonte: Elaboração própria
Substância do Consumo Familiar
No que diz respeito as substâncias consumidas pelos familiares, a maioria
afirma que as bebidas alcoólicas são mais consumidas pelos familiares (40 dos
participantes), o tabaco é a segunda mais usada pelos mesmos (20 dos inquiridos); a
64
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
padjinha representa 13 dos participantes e, a cocaína a menos usada, representa 2 dos
participantes.
Gráfico 16. Substância do Consumo Familiar
Fonte: Elaboração própria
Conflitos Familiares
A maioria dos participantes (33-66%) respondeu que não há conflitos
familiares, 16 (32%) afirmaram viver numa família conflituosa. Já a literatura mostra
que um dos factores que contribuem para o consumo de drogas é o relacionamento
conturbado com os pais (Passos, Evangelistas e Barros, s.d., p. 6).
Gráfico 17. Conflito Familiar
Fonte: Elaboração própria
65
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Conhecimento do Consumo por parte dos Familiares
Vinte e dois (44%) dos participantes afirmaram que os familiares não sabem
que consomem drogas e, 19 (38%) afirmaram que os familiares sabem.
Gráfico 18. Conhecimento do Consumo por dos Familiares
Fonte: Elaboração própria
Atitude dos familiares perante o Consumo
Dos 19 participantes que revelaram que os familiares têm conhecimento do
consumo, 11 (61,11%) afirmaram que os familiares não dizem nada, 4 (22,22%)
relataram que seus familiares não concordam e, 3 (16,67%) dos participantes
responderam que os pais são liberais. A falta de limites e liberdade em excesso contribui
de forma mais negativa do que positiva para o consumo de substâncias psicotrópicas
entre os adolescentes (Canavez, Alves e Canavez, 2010, p.62).
Gráfico 19. Atitude dos familiares perante o Consumo
Fonte: Elaboração própria
Prática Desportiva
A maioria dos inquiridos pratica desporto (35-70%) e, 15 (30%) dos
participantes afirmaram não praticar qualquer tipo de desporto.
66
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Gráfico 20. Prática Desportiva
Fonte: Elaboração própria
Culto Religioso
A maior parte dos inquiridos responderam que não participam nenhum culto
religioso, correspondendo a 48 (96%) dos inquiridos e 2 (4%) praticam algum culto
religioso.
Gráfico 21. Práticas Religiosas
Fonte: Elaboração própria
Consumo de substância como resolução de problemas
A maior parte dos inquiridos, 40 (80%), relatou que a droga não é solução para
resolver os problemas, 9 (18%) afirmaram que consomem drogas como forma de
resolverem seus problemas e, 1 (2%) não respondeu a questão. Canavez, Alves e
Canavez (2010, p.58), asseguram que as substâncias psicotrópicas podem ser usada
pelos adolescentes como forma de refúgio da realidade insatisfatória, ou seja, um meio
para resolver os problemas gerados por uma cultura de crise.
67
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Gráfico 22. Consumo de substância como resolução de problemas
Fonte: Elaboração própria
Substâncias e problemas de Saúde
Trinta e nove (68%) dos participantes afirmaram ter a noção que o uso de
substâncias psicotrópicas podem trazer vários problemas a saúde e, 16 (32%) afirmaram
que o uso de drogas não trás problemas a saúde.
Gráfico23. Substâncias e problemas de Saúde
Fonte: Elaboração própria
Mudar o hábito
Catorze (28%) dos participantes responderam que não pensou em mudar esse
comportamento insano e, 13 (26%) dos inquiridos afirmaram ter pensado em mudar de
comportamento.
Gráfico 24. Mudar o hábito
68
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Fonte: Elaboração própria
Mudança Comportamental
No que diz respeito a mudanças comportamentais, dos participantes que
pensaram em mudar o comportamento (13-26%), 4 (36,4%) ainda não fizeram nada
para mudar esse comportamento, 3 (27,3%) afirmaram tentativas falhadas, 2 (18,2%)
relataram que recorreram à práticas desportivas, 1 (9,09%) afirmou não ser mais
influenciado e, 1 (9,09 %) afirmou sair de casa com menos frequência.
Gráfico 25. Mudança comportamental
Fonte: Elaboração própria
3.2.
Comparação de variáveis
Os resultados que se seguem são de comparação de médias da variável idade
do primeiro consumo, em função do sexo. Para tal utilizou-se um teste estatístico
paramétrico tendo em conta que se trata de uma amostra de 50 participantes. À luz do
Teorema do Limite Central (TLC), numa amostra maior que 30 a curva da distribuição
tende a aproximar-se da curva normal. Sendo assim, pode-se utilizar testes
paramétricos, estes que são mais precisos, mais robustos e mais potentes de forma que
permitem descobrir diferenças melhor do que os testes não-paramétricos (Pocinho,
2010, p.50).
Os resultados apresentados na Tabela 1 foram obtidos através do teste t de
amostras independentes visto que a variável sexo possui duas categorias.
69
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
Tabela 1. Comparação das médias e desvio padrão da idade do primeiro
consumo em função do sexo
Sexo
N
Idade do primeiro
consumo
38
Masculino
Média
13,21
DP
1,758
Feminino
Média
DP
13,78
1,302
t
- 0,908
Nota: *p ≤ .05;**p≤ .01;***p≤ .001.
Fonte: Elaboração própria
A Tabela 1 permite-nos verificar que a idade média do primeiro consumo dos
participantes do sexo masculino é de 13,21 (DP= 1,758) e a idade média de consumo
dos participantes do sexo feminino é de 13, 78 (DP=1,302). Porém, o Teste t revela que
esta diferença não é significativa t (47) = - 0,908, p=0,369.
70
CAPÍTULO IV: DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
A presente investigação teve como objectivo geral identificar as intervenções
de Enfermagem Comunitária para o consumo de drogas entre os adolescentes do bairro
da Ilha de Madeira, em São Vicente. Para tal, foram postulados os seguintes objectivos:
(a) identificar o perfil sócio-demográfico dos adolescentes do bairro da Ilha de Madeira;
(b) verificar a incidência do consumo de drogas entre os adolescentes do bairro; (c)
identificar as drogas mais usadas entre os adolescentes do bairro; e (d) propor um
programa de intervenção comunitária para o consumo de drogas entre adolescentes.
Relativamente ao primeiro objectivo, os adolescentes que participaram da
investigação têm idade compreendida entre os 12 e os 18 anos de idade, vêm na sua
maioria, de uma família desestrutura, alguns de famílias extensas e conflituosas,
vivendo em condições habitacionais precárias. Alguns deles já se encontram-se situação
laboral.
Quanto ao segundo objectivo verifica que a uma forte incidência de consumo
de substâncias psicotrópicas entre os adolescentes do bairro que participaram do estudo,
alguns do quais experimentaram ainda na infância (10 e 11 anos). Neste sentido, estes
resultados vão ao encontro aos estudos pautado por Graça que 2013 retratou este
fenómeno no bairro. Estes dados apelam a necessidade de intervenção em faixas etárias
mais jovens (em idade pré-escolar e escolar). De modo que atinja pessoas em fase de
formação física, mental e social que, em geral, não tiver ainda a oportunidade de
adquirir hábitos insanos e que são muito mais receptivas à aprendizagem de hábitos e à
assimilação de conhecimento.
Relativamente ao terceiro objectivo, os resultados apontam que as substâncias
mais consumidas são as bebidas álcool (lícitas) e a padjinha (ilícita), este dados estão
em conformidade com os estudos feitos pelo CCCD e Ministério da Justiça (2013, sp.).
Dada a situação preocupante, entendeu-se necessário desenvolver e propor um
programa de intervenção comunitária, voltada à prevenção do consumo de substâncias,
abrangendo não só adolescentes como crianças. Pois, as bases do nosso do
comportamento e modo de vida, no plano sanitário, se situam na infância e
adolescência.
Outros resultados encontrados, verificou-se como circunstâncias motivadoras a
curiosidade, influência e convivência com grupos de risco (grupos de pares), nos quais
fazem uso de drogas. Para além disso, a existência de influências advindas do contexto
familiar onde o comportamento disciplinador (em relação ao uso de substâncias) dos
pais torna-se insuficiente em relação a limites e a liberdade em excesso, e ainda o uso de
72
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
drogas pelos pais e outros familiares. Isto vem ao encontro com o que foi dito por Silva
e Radecki (2014, p.170), Canavez, Alves e Canavez (2010, p.61-62).
Deste modo considera-se que o contexto em que vive estes sujeitos, é de risco e
seus pensamentos sobre a inserção de substâncias psicotrópicas como meio facilitador
de vida que proporcione medidas prazerosas, integração pelos grupos de pares e, como
alívio para as modificações físicas e psicológicas inerentes a esta fase da vida.
Entretanto, um factor positivo é o fato da maioria fazerem práticas desportivas,
o que facilita, em traçar estratégias por meio de práticas de exercício físico, sendo um
importante determinante para saúde.
Outro aspecto a considerar é o trabalho precoce, verificando que alguns dos
inquiridos estão em situação laboral, porém a maioria ainda não completou os 18 anos
de idade. Podendo ponderar sobre essa questão, que muitas vezes, o trabalho inicia-se
prematuramente para colaborar economicamente nas necessidades familiares. Entretanto
é de considerar que são menores e, ao invés de estarem a trabalhar poderiam estar na
escola.
Um outro ponto indispensável, é a questão das leis em relação as substâncias
psicotrópicas. Identificou-se nesse estudo que a proibição de venda desses produtos a
menores e sanções legais ao tráfico de drogas, sobre as leis nº 27/V/97 e n.º 78/IV/93,
do boletim oficial de Cabo Verde, ao que se entende não está surtindo o efeito desejável
pelas autoridades e, a falta de fiscalização é notória, visto que os resultados indicam
fácil acesso às substâncias de abuso.
Ainda outro ponto, muito importante, é o facto de alguns acharem que o
consumo de drogas pode ser solução para resolver os problemas e, que este por sua vez
não traz problemas à saúde e, consequentemente alguns não pensam em mudar de
comportamento. Isto mostra a importância em traçar estratégias para mudanças das
crenças de saúde, modificando o modo de pensar destes adolescentes em relação a este
comportamento.
Conclui-se que há necessidade de uma intervenção adequada e articulada que
envolva diversos parceiros como os decisores políticos, o poder local, as unidades de
saúde, de modo que os vários ambientes de convivências dos jovens, sejam mais
seguros e saudáveis para as nossas crianças e adolescentes em Cabo Verde.
Sobretudo, evidencia-se que há a necessidade de um trabalho de intervenção da
enfermagem comunitária em favor a este público-alvo, no controle do uso dessas
substâncias psicotrópicas. Priorizando políticas preventivas, principalmente nos níveis
73
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
de prevenção primária e secundária. E, cabe ao enfermeiro desenvolver actividades
educativas e de consciencialização com os adolescentes e familiares a fim de esclarecer
dúvidas e, ajudá-los a desenvolver neles uma cultura preventiva com relação ao uso e
abuso de drogas quer sejam as lícitas ou ilícitas, uma vez que ambas podem trazer
prejuízos para a pessoa e sociedade e posteriormente a dependência.
Além disso, é necessário que as pessoas tomem consciência da gravidade desse
fenómeno, pois um futuro saudável dependerá dos comportamentos e atitudes adoptados
pelos indivíduos, por isso é necessário estar atento a qualidade e bem-estar dos jovens.
No que se refere as limitações encontradas no decorrer deste estudo, em
primeiro, particularmente, ao nível da amostra, uma vez que se trata de uma amostra de
conveniência. Outro o tamanha da amostra pode não ser representativo a população
alvo.
Pelo que ressalta-se a necessidade que os resultados obtidos não podem ser
generalizados a população geral de adolescentes do bairro. Outra limitação prende-se
com o facto do relato do consumo de drogas e não o consumo em si. Neste sentido as
respostas podem não equivaler precisamente as suas vivências, podendo terem
transmitido uma imagem favorável de si (desejabilidade social).
E, por último, a escassez de bibliografia disponível, principalmente sobre
enfermagem comunitária, visto que são poucos os livros que falam sobre está
especialidade, fazendo com que o trabalho fique pouco enriquecedor neste aspecto.
Assim, em modo de conclusão, parece possível afirmar que este trabalho
alcançou os objectivos estipulados, reforçando o desenvolvimento de intervenções
comunitárias no consumo de substâncias psicotrópicas. Entretanto, está-se convencido
que este trabalho de conclusão de curso constitui apenas um ponto de partida para um
futuro estudo, obviamente, mais ponderado, elaborado e portanto, mais completo.
Propostas do estudo
Numa apreciação integral deste trabalho apresentado pode realçar-se alguns
aspectos que afiguram-se como consistentes propostas, não só para trabalhos futuros,
como oferecendo implicações para a prática de profissionais de saúde que se debruçam
a estudar e a desenvolver os seus trabalhos nesta área.
Impõe-se a necessidade de investigações como esta a que foi proposta, com o
intuito de compreender melhor a problemática do consumo de drogas na adolescência e,
74
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
que o questionário contemple outras variáveis. Seria importante se no futuro pudesse
aprofundar a investigação, alargando o mesmo a uma amostra maior, estudando outras
comunidades de São Vicente.
Numa óptica preventiva, as acções/estratégias preventivas devem ser colocadas
em práticas em idades cada vez mais precoces, uma vez que é evidente que o risco a que
os adolescentes estão expostos, pelo que a prevenção poderá ser mais eficaz
antecipando-se ao comportamento de risco.
Outra sugestão seria, a criação de possibilidade dos Centros de Saúde darem
mais atenção a saúde dos adolescentes e das crianças (fase de transição da infância para
adolescência), realizando mais programas de saúde (palestras), disponibilizando
informações a cerca do desenvolvimento que ocorre nesta fase, factores que contribuem
para comportamentos desviantes (consumo de drogas, sexualidade de risco), estratégias
de coping, entre outros. Contudo, nos Centros de Saúde realizam-se palestras sobre
sexualidade, mas não basta, é preciso também um trabalho continuo de
acompanhamento dos adolescentes, principalmente para aqueles que estão em situação
de risco, para uma melhor eficácia do que foi transmitido. Além da criação de grupos
terapêutico nos Centros de Saúde, abordando temas variados.
Apesar de não existir muito espaço livre nos Centros de Saúde, sugere-se a
criação de um espaço direccionado aos adolescentes, sendo que só no Centro
Reprodutivo – PMI/PF de Bela Vista dispõe desse espaço.
Mas, para que tudo isso seja exequível, efectivamente, é preciso que o Estado
gere condições.
Sugere-se, ainda, que sejam introduzidos mais programas de prevenção ao
consumo de drogas principalmente nas escolas do ensino básico, com o intuito de
incutir nas crianças desde cedo, as consequências desse comportamento insano.
Também esses programas podem incluir palestras acerca de comportamentos assertivos
e estratégias de coping, contribuindo mais para atitude e comportamentos saudáveis.
75
Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável”
Proposta do programa - Projecto Intervenção Comunitária “Adolescer
Saudável”
I. Introdução
O programa “Adolescer Saudável” é um programa de cariz comunitário
voltado na promoção de efectivos ganhos em saúde na área da saúde da criança e do
adolescente.
Este projecto quer promover a melhoria do estado de saúde das crianças e
adolescentes, fazendo com que deixem atitudes que comprometem a saúde, passando a
envolver-se mais directamente na realização de práticas saudáveis.
Além disso, não só promove a educação em saúde, mas também, permite o
desenvolvimento e facilita melhor integração na escola e o sucesso escolar e educativo.
II. Contextualização e justificativa do projecto
O quotidiano que leva-se em dia oferece as crianças e jovens imensos perigos,
com que facilmente poderão ser levados. A desestabilização nas famílias motivadas pelo
desemprego, consumo de álcool ou droga ou a própria desestruturação familiar, leva a
ao caminho da criminalidade e da droga, ou até mesmo da prostituição. Seja cada vez
mais uma procura e um caminho, que pensam ser o mais fácil para obter o que se
deseja. Atingir proporções alarmantes, impedindo o desenvolvimento, do bem-estar, da
paz e da harmonia da sociedade, transfigurando-se num problema da saúde pública
Pois, parte-se do principio que o uso de drogas é um problema social com
impactos diversos directos da saúde do individuo, família, comunidade e sociedade em
geral e, que a promoção da saúde dos mesmos, inclui a prevenção, que esta voltada a
evitar ou minimizar os problemas de saúde (Passos, Evangelistas e Barros).
Neste sentido, a promoção da saúde apoia o desenvolvimento de acções que
aumentam a qualidade, criando estratégias com programas de educação para saúde,
actuando nas comunidades, escolas, instituições de lazer, entre outros (Cavalcante,
Alves e Barroso, 2008, p.557).
Deste modo, como pretexto de actuação, vai-se utilizar as escolas e jardins
infantis para intensificar a acção e organizar sessões de educação para saúde das
crianças
e
adolescentes.
Alertá-los
para
as
consequências
maléficas
dos
72
Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável”
comportamentos de risco, visto que é de extrema importância actuar o mais precoce
possível, incutindo deste de cedo a importância de práticas e comportamentos
saudáveis.
III. Objectivos
1. Objectivo geral
 Contribuir para uma sociedade saudável;
 Prevenir comportamentos aditivos, transgressivos e desviantes nos jovens,
 Sensibilizar a família para o importante papel que tem como agente de
prevenção do consumo de substâncias psicotrópicas e desenvolvimento da
criança e do adolescente.
2. Objectivos específicos
 Prevenir a população jovem dos riscos do consumo substâncias psicotrópicas;
 Fomentar a participação dos jovens, o trabalho em equipa nas actividades
amigáveis e saudáveis;
 Reforçar e desenvolver bons hábitos e comportamentos saudáveis.
 Estimular as habilidades criativas e de iniciativa;
 Consciencializar os jovens a utilizar o preservativo como forma de prevenção de
doenças e gravidez não planeada e, alerta-los sobre comportamentos e situações
de risco;
 Fomentar a auto-estima e confiança;
 Promover competências relacionais em detrimento de conflitos interpessoais;
 Ampliar competências pessoais e sociais através de prática educativas;
IV. Público-alvo
 Crianças pré - escolares e crianças dos 9/11anos - EBI (4º,5º e 6º classe):
visto que ainda muitos não adquiriam hábitos insanos.
 Adolescentes dos 12/18 anos - Escolas Secundários (1º, 2º e 3º ciclo):
prevalência do consumo de drogas nessa faixa etária.
73
Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável”
 Famílias (pais ou encarregados) com crianças e adolescentes: as famílias são
peças chaves para um desenvolvimento saudável da criança e dos adolescentes.
V. Lugares de intervenção
 Escolas básicas e secundárias; Jardins infantis; Bairro da Ilha de
Madeira.
VI. Duração do programa
O programa será desenvolvido durante o período lectivo, visto que o públicoalvo, são as crianças e adolescentes.
VII. Actividades desenvolvidas
Secção 1: Apresentação do programa

Primeiramente fazer a apresentação do programa nos locais da realização
do projecto;
Secção 2:Adolescer saudável - Educação para Saúde
Módulo 1: “Em busca de um caminho seguro” – Consumo de drogas na
adolescência e suas implicações;
Neste módulo abordar-se-á o tema drogas na adolescência e suas implicações,
disponibilizando ao público informações a cerca desse tema, com intuito oferecer-lhes
uma bagagem suficiente para fazerem práticas assertivas voltadas a saúde.
Módulo 2: “O que é ser adolescente? A procura do desconhecido” - Fase de
desenvolvimento biopssicosocial do adolescente;
É de extrema importância dar conhecimento a cerca da fase de
desenvolvimento de um adolescente, a fim de dar respostas as modificações que
acontecem nessa fase da vida que muitas vezes é desconhecida e, também ajudar os pais
ou encarregados de educação a lidar com os filhos que estão a passar por esta fase.
Módulo 3: “A minha imagem” - Promoção da auto-estima e reforço das
estratégias de coping;
74
Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável”
Ajudar os jovens a lidar com a sua imagem é muito importante, isso reforça a
sua auto-confiança. Além de ajuda-los a reforçar as suas estratégias para lidar com
situações difíceis e de stress.
Módulo 4: “Amor e sexualidade” - Sexualidade segura;
Oferecendo-lhes conhecimento a cerca do funcionamento sistema reprodutor,
sexualidade segura e saudável, importância do preservativo e outros métodos
(prevenção da gravidez precoce), as doenças e infecções sexualmente transmissíveis e, a
relação entre o uso de drogas e a sexualidade de risco.
Módulo 5: “Meu lar, meu porto seguro” - Aconselhamento dos pais
encarregados de educação no desenvolvimento de um indivíduo;
Discutir a importância de um seio familiar saudável, demonstrando a
importância do acompanhamento no desenvolvimento dos filhos.
Nota: alguns dos módulos haverá apresentação de filmes relacionado com o
tema. Estas palestras são voltadas para as escolas básica, escolas secundárias e, no
bairro da Ilha de Madeira e outras comunidades.
Secção 2: “Saúde é desporto, saúde é arte”:
 Realização de Actividades Desportivas (futsal, futebol);
 Criação de Ateliers Artísticos (ambiental, expressão plástica, cerâmica,
expressão corporal);
 Jogos diversos.
Nota: estas actividades serão desenvolvidas nos jardins infantis (jogos,
expressões plásticas, cerâmica e corporais). Em relação as actividades desportivas são
desenvolvidas entre as escolas.
Secção 3: “Eu e o grupo”: Terapia de grupo
 Sessões de esclarecimento e sensibilização para saúde;
 Dinâmica de Grupo para desenvolvimento pessoal e social;
 Criação de parceria com o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPs ad) para
atendimento, encaminhamento e acompanhamento de situações individuais, nos
adolescentes do bairro (psicoterapia de individual).
75
Programa de Prevenção de drogas – “Adolescer saudável”
Nota: Estas actividades poderão ser desenvolvidas no Centro Social de Ribeira
Bote, no CAPs ad.
Recursos
Formado por, Enfermeiros comunitários; psicólogos; psicólogos das escolas
secundárias; pessoas da comunidade que queiram participar; líderes comunitários.
Como potenciais parceiros levanta-se desde já o possível apoio da Câmara
Municipal, Câmara Municipal de São Vicente, CCCD, Delegacia de Saúde, CAPs ad,
Escolas e jardim infantis, Centro de juventude.
Em relação aos recursos, necessitará de materiais desportivos, expressão
plástica (materiais recicláveis), projector; computador, materiais de escritório, cadeiras e
mesas, etc.
VIII.
Cronograma de actividades
O cronograma serve para apresentará as actividades realizadas de forma
detalhada, que poderão ou não decorrer durante o ano lectivo, com visitas programadas,
que adequa a cada instituição ou comunidade. Entretanto, o cronograma não será
apresentado no trabalho, é necessário o consentimento das instituições que irão
participar e, posteriormente elaborar o cronograma de forma adequar as respectivas
instituições. Além disso, que é necessário levar em conta a disponibilidade dos
profissionais (equipa multidisciplinar) que vão participar no projecto. As actividades
poderão sofrer alterações, no sentido de desenvolver mais actividades para satisfação do
público-alvo.
IX- Resultados esperados
Com este projecto espera-se que:
 Espera-se com essas intervenções, que os jovens adoptem comportamentos
saudáveis;
 A curto prazo espera-se uma maior consciencialização para os malefícios do
consumo de drogas;
 A médio e longo prazo, a diminuição do consumo de drogas na adolescência;
 Mais e melhor aconselhamento por parte dos pais e encarregados de educação
nos hábitos de consumo de drogas e educação sexual.
76
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
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85
O Consumo de Drogas na Adolescência: Uma Abordagem da Enfermagem Comunitária.
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Nery, v.16, n.1, 57-63
86
APÊNDICE
APÊNDICE I: CONSENTIMENTO INFORMADO
i
UNIVERSIDADE DO MINDELO
Sapientia Ars Vivendi
12 ANOS PROMOVENDO A QUALIDADE
CONSENTIMENTO INFORMADO
No âmbito da Licenciatura em Enfermagem ministrada na Universidade do
Mindelo, eu Nilza Almeida Silva, pretendendo efectuar uma investigação, cujo tema, O
Consumo de Drogas da Adolescência: uma abordagem na Enfermagem Comunitária,
tendo como objectivo, identificar as intervenções de Enfermagem Comunitária para o
consumo de drogas entre os adolescentes do bairro da Ilha de Madeira, São Vicente.
A sua participação é voluntária e importante, contudo, é livre de abandonar o
estudo a qualquer momento. A sua tarefa consiste em preencher estes questionários. Para
isso, certifique-se de que responde sempre a todos os itens. As suas respostas só serão
analisadas, na extensão desta investigação e em conjunto com as de muitos outros
participantes, respeitando o anonimato e a confidencialidade.
Não há respostas certas ou erradas, no entanto, as suas respostas sinceras, são de
extrema importância para a investigação. Em caso de dúvida, não hesite em solicitar o seu
esclarecimento, por parte do investigador.
Agradeço a sua colaboração.
Contacto: Nilza Siva (9527101)
APÊNDICE II: QUESTIONÁRIO
ii
QUESTIONÁRIO
A. Características Sociodemográficas
1. Idade:________anos
2. Sexo: F
M
3. Grau de Escolaridade:
6º classe
8º ano
10º ano
12º ano
7º ano
9º ano
11º ano
Outro
qual?________
4. Trabalhas?
Sim
Não
5. Moras com quem?
Mãe
Pai
Mãe e Pai
Outros familiares
Sozinho
quem?_____________________
6. Quantas pessoas moram na tua casa, contando contigo?
__________pessoas
7. Qual é o rendimento da tua família (condições financeiras)?
Alta
Média alta
Média baixa
Baixa
8. A sua casa é construída de:
Lata
Betão
Papelão
9. A sua casa tem rede de esgoto?
Sim
Não
Leia com atenção!
As perguntas que virão a seguir serão sobre o consumo de drogas (álcool,
tabaco e outras drogas). Novamente é de reforçar que é do meu interesse
preservar o anonimato, quero que fique à vontade em responder pois o bom
resultado depende da exatidão das suas respostas.
B. Informações sobre ti e seus amigos em relação as drogas
10. Já consumiste drogas? (Se não consomes drogas podes passar para pergunta 19)
Sim
Não
1
11. Que idade tinha quando consumiste drogas pela primeira vez?
________anos
12. Qual foi a 1º droga que consumiste pela primeira vez?
Álcool
Tabaco
Haxixe
Cola
Padjinha
Sedativos
Pedra
Outra
Cocaína
qual?_____________
13. Por que resolveste experimentar droga pela primeira vez?
Curiosidade
Para aliviar o stress ou problemas
Influência dos amigos
Outrosmotivos_____________________________________________________
14. O que sentiste ao experimentar pela 1º vez?
Sensação de bem-estar
Euforia
Desespero
Normal
15. Ainda usas drogas (incluindo álcool e tabaco)?
Sim
Não
16. Se sim, qual ou quais as drogas que usas? (Podes assinalar mais que uma opção)
Álcool
Tabaco
Haxixe
Heroína
Padjinha
Pedra
Cola
Sedativos
Cocaína
Outra
qual?____________
17. Com que frequência consomes drogas?
Todos os dias
De vez enquanto
Só nos fins de semana
Várias vezes ao dia
Em festas ou convívios
Sempre que
convidarem
18. Com quem consomes drogas?
Sozinho
Com amigos
Outro
quem?________________
19. A maioria dos teus amigos consome drogas?
Sim
Não
Não são todos
20. Como adquires as drogas? (Se não consomes drogas, podes passar para
pergunta 22)
Compras
É oferecido
As vezes compro, outra vez é oferecido
2
21. Se compras a droga, como arranjas o dinheiro?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
22. Na tua zona vendem drogas (álcool, tabaco, padjinha, cocaína, haxixe, entre
outros)?
Sim
Não
23. Enumera algumas drogas que são vendidas na zona.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
24. As drogas são vendidas:
Alto custo
Baixo custo
Uns são de alto custo outros são de baixo
custo
C. Informações em relação aos teus familiares, sobre o consume de drogas
25. Algum membro da família consome drogas?
Sim
Não
26. Se, sim quem ou quais consomem drogas?
Mãe
Pai
Outros familiares
quem?_____________
27. E qual é à droga que consomem? (Podes assinalar mas que uma opção)
Álcool
Tabaco
Haxixe
Cola
Padjinha
Pedra
Sedativos
Outra
Cocaína
qual?__________
28. Há sempre conflitos em tua família?
Sim
Não
29. A sua mãe ou seu pai sabem que consomes drogas (álcool, tabaco, outras drogas)?
(Se não consomes drogas podes passar para pergunta 31)
Sim
Não
30. Se sim, o que acham em consumires drogas
3
São liberais e acham normal
Não concordam
Não dizem nada
D. Aspectos sociais e de saúde
31. Praticas algum tipo de desporto?
Sim
Não
32. Nos tempos livres, o que gostas de fazer?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
33. Fazes parte de algum culto religioso?
Sim
Não
34. Achas que às drogas (álcool, tabaco, outra drogas) podem ser solução para os
problemas?
Sim
Não
35. Tens à noção que consumir qualquer tipo de droga trás vários problemas a saúde?
Sim
Não
36. Se sim, já pensou em mudar este hábito de consumir drogas?
Sim
Não
37. Se sim. O que já fez para mudar
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4
APÊNDICE III: GUIÃO DE ENTREVISTA
iii
Guião de entrevista sobre as características do barro da Ilha de Madeira
1-Como é a segurança do bairro?
2-Como é a relação entre os moradores?
3-Existe muitas actividades culturais desenvolvidas no bairro?
4-Existe conflitos entre os jovens?
5-As instituições (Jardins, Lar de idoso) no bairro têm alguma condição?
6-Quais são os maiores problemas desse bairro?
APÊNDICE IV: GUIÃO DE OBSERVAÇÃO
Categorias
Características
1. Ambiente Físico
Estreitas
Dimensão das Ruas
Largas
Nenhuma
Condição de acessibilidade
Alguma
Bastante
Alcatrão
Pavimento
Terra batidas
Calcetadas
Inexistente
Poluição
Pouca
Muita
Contentores (número)
Insuficiente
Iluminação Pública
Suficiente
Boa iluminação
Opção
Observação
Lata
Casas
Betão
Papelão
Uniformes
Distribuição das casas
Disformes
Espaços livres/verde
Saneamento
Electricidade
Jardins Infantis
3. Instituições Educacionais
Escola Básica
Escola Secundária
Patrulha de Policia
4. Segurança
Posto policial
Grupos Organizados (gang)
Transporte público
5. Transporte
Táxis
Transportes domésticos (bicicleta, carros, mota)
Centro de Saúde
6. Serviços da Saúde
Centro de Apoio Social
Lares de idosos
Bancos
Bares
Lojas de produtos diversos
6. Outras instituições
Barbearias
Associações desportivas
Ateliês
Praças/Parque infantil
Cyber Cafés
Campos/Polidesportivos
7. Lazer
Grupos de jovens
Polidesportivos
Discotecas
Igrejas
APÊNDICE V: DICIONÁRIO DE VÁRIAVEIS
v
Nº de Definição
células extenso
por Valor que assume
Missing value
Tipo de escala
99
Nominal
99
99
Intervalar
Ordinal
99
Nominal
99
Nominal
99
Intervalar
99
Ordinal
99
Nominal
99
Nominal
ID
Sexo
Idade
1
1
1
H_lit
Sit_lab
1
1
Ag_fam
Nr_fam
1
1
Rend_fam
1
Const_c
Saneam
1
Sexo
Masc-1
Fem-2
Valor real
1-EBI
2-1º Ciclo ES
3-2º Ciclo ES
4- 3º Ciclo ES
5- Outro
Situação laboral
1-Sim
2-Não
Agregado familiar
1-Mãe e Pai
2-Mãe
3-Pai
4-Sozinho
5-Outros familiares
Número
do
Valor real
agregado familiar
Rendimento
1-Baixa
familiar
2-Média Baixa
3-Media Alta
4-Alta
Construção da casa 1-Lata
2-Papelão
3-Betão
Saneamento Básico 1-Sim
2-Não
Habilitações
literárias
Cons
I_PCons
S_PCons
Mot_Exp
Sens_PCons
Cons_At
SubConsAt
1
Consumo
1-Sim
2-Não
Idade do primeiro
Valor real
consumo
Substância
do 1-Álcool
primeiro consumo
2-Tabaco
3-Padjinha
4-Pedra
5-Cocaína
6-Haxixe
7-Heroína
8-Cola
9-Sedativos
10-Outro
Motivo
da 1-Curiosidade
experimentação
2-Aliviar stress
3-Influência de amigos
4-Outros
Sensações
do 1-Bem estar
primeiro consumo
2-Euforia
3-Desespero
4-Nada
Consumo atual
1-Sim
2-Não
Substancia
de 1-Álcool
consumo atual
2-Padjinha
3-Álcool e Tabaco
4-Álcool e Padjinha
5-Álcool, Tabaco e Padjinha
6-Álcool, Tabaco Padjinha e Cocaína
99
Nominal
99
Intervalar
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
Nominal
99
Nominal
FreqCons
CompCons
ConsGP
Aq_Sub
DC_Sub
V_SubL
Sub_V
Cust_SubV
Cons_Fam
Fam_Cons
7-Álcool, Padjinha e Cocaína
do 1-Uma vez ao dia
2-De vez em quando
3-Várias vezes ao dia
4-Só nos fins-de-semana
Companhia
de 1-Sozinho
consumo
2-Com amigos
3-Outro
Consumo de grupo 1-Sim
de pares
2-Não
Aquisição
da 1-Compra
substância
2-Oferta
3-Compra e oferta
Dinheiro
para 1-Pede a mãe ou pai
compra
de 2-Pede a qualquer pessoa
substância
3-Pede a mãe ou pai ou vende algo
4-Trabalha
Venda de substância 1-Sim
local
2-Não
Substâncias
1-Drogas lícitas
vendidas
2-Drogas ilícitas
3-Drogas lícitas e ilícitas
Custo
de 1-Baixo Custo
substâncias
2-Alto Custo
vendidas
3-De baixo e outros de alto custo
Consumo familiar
1-Sim
2-Não
Familiares
que 1-Mãe e Pai
consumem
2-Mãe
3-Pai
Frequência
consumo
99
Ordinal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
SubCFam
ConfFam
ConhCF
Atit_FC
P_Desp
4-Outros familiares
5-Pai e outros familiares
Substâncias
1-Álcool
consumidas pelos 2-Tabaco
familiares
3-Padjinha
4-Álcool e Tabaco
5-Álcool e Padjinha
6-Álcool e Cocaína
7-Álcool, Tabaco e Padjinha
8-Álcool, Padjinha e Cocaína
Conflitos familiares 1-Sim
2-Não
Conhecimento do
consumo por parte
dos familiares
Atitude
dos
familiares face ao
consumo
Prática de desporto
Lazer
Lazer
99
Nominal
99
Nominal
1-Sim
2-Não
99
Nominal
1-São liberais
2-Não concordam
3-Não dizem nada
1-Sim
2-Não
1-Prática desportiva
2-Convívio com amigos
3-Jogar no PC
4-Passear
5-Ver TV
6-Ficar em casa sem fazer nada
7-Fumar Padjinha
8-Prática desportiva e convívio
amigos
9-Prática desportiva e jogar no PC
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
com
Relig
SubRP
Sub_Saúd
M_HabC
M_Cl
Religião
10-Prática desportiva e dançar
11-Convívio com amigos e ver TV
12- Dançar e passear
13- Prática desportiva, jogar no PC e
passear
14- Prática desportiva, Convívio com
amigos, jogar no computador, dançar,
passear e ver TV
1-Sim
2-Não
como 1-Sim
de 2-Não
Substância
resolução
problema
Substâncias
e
problemas de saúde
Mudar o hábito de
consumo
Mudança
comportamental
1-Sim
2-Não
1-Sim
2-Não
1-Não deixar influenciar
2-Prática desportiva
3-Ainda nada
4-Ficar em casa
5-Não consigo mudar esse hábito
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
99
Nominal
APÊNDICE VI: ILHA DE MADEIRA
vi
APÊNDICE VII: CRONOGRAMA DA INVESTIGAÇÃO
vii
Atividades
Fase Inicial
Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Tema
Pesquisa
P. Partida e Justificativa
Objetivos
Escolha da abordagem
Construção da Problemática
Enquadramento teórico
Apresentação do Projeto
Procedimentos Éticos
Trabalho de
Pesquisa
Iniciar a
invsetigação
Fase de Execução
Meses
Metodo e Instr.
de recolha de
dados
Participantes
Campo Emp.
Fase de
Encerramento
Recolha de dados
Tratamento de dados
Apresentação dos resultados
Interpretação dos resultados
Introdução
Considerações Finais
Resumo
Enviar o TCC ao Orientador
Revisão e tradução
Entregar no SAA
15
26
6
APÊNDICE VIII: DIAGNÓSTICO, INTERVENÇÕES E ACTIVIDADES DE
ENFERMAGEM
viii
Diagnóstico
Intervenções
Actividades
Adolescentes
 Manter o estímulo positivo para
mudança de comportamento
1-Adaptação prejudicada
 Identificar temas para tópicas que
Definição: Estado em que o indivíduo não deseja modificar
seu estilo de vida/comportamento de modo compatível com a
mudança no estado de saúde.
ocorrem nas discussões do grupo
 Modificar
Características definidoras:
 Ensinar estratégias que podem ser
 Prevenção de drogas
o
comportamento
 Verbalização da não aceitação da mudança no estado
de saúde ou incapacidade de envolver-se na solução
dos problemas e no estabelecimento de metas.
 Grupo de Apoio
 Educação para Saúde
 Assistência para parar de
fumar/uso de substância
 Ensino de Grupo
 Ensino: sexo seguro e
2-Comportamento de Saúde propenso a risco
Definição:
Incapacidade
de
modificar
estilo
de
vida/comportamentos de forma compatível com mudanças no
estado de saúde.
sexualidade
 Aconselhamento sexual
 Protecção contra infecção
usadas para resistir a comportamentos
não saudável ou assunção de
aconselhamento a evitar ou mudar
 Estabelecer a necessidade de um
programa
 Adaptar os métodos/materiais
educativas às
necessidades/características de
aprendizagem de grupo quando
adequado
 Orientar as pessoas significativas
quanto ao programa educacional e os
Características Definidoras:
 Demonstra não-aceitação da mudança no estado de
saúde;
 Não consegue agir de forma a prevenir.
Factores relacionados:
objectivos que ele deve alcançar
 Ensino sobre a prevenção de infecção
(sexualmente transmissíveis),
 Endossar o uso de contraceptivos
 Orientar os jovens sobre o uso de
métodos contraceptivos eficazes.
 Apoio social inadequado;
 Providenciar informações factuais sobre
 Atitudes negativas aos cuidados de saúde;
mitos e informações sexuais
 Múltiplos stressores.
equivocados que o indivíduo possa
verbalizar
3-Deficit de conhecimento
 Auxiliar o indivíduo a tolerar níveis
aumentado de stress
Definição: Estado no qual o individuo ou grupo apresenta
 Apoiar medidas que regulam a venda e
deficiência no conhecimento cognitivo ou nas habilidades
a distribuição de álcool a menores
psicomotoras relativas à condições ao plano de tratamento.
Características definidoras:
 Recomendar possíveis mudanças nos
currículos sobre o uso de substâncias no
ensino fundamental
 Verbaliza a deficiência de conhecimento ou solicitar
informação;
 Expressa percepção incorrecta acerca do estado de
saúde;
 Conduzir programas em escolas para
evitar o uso de substâncias como
actividade recreativa
 Auxiliar na organização de actividades
 Não desempenha correctamente um comportamento de
saúde desejado.
4-Manutenção da saúde alterada
Definição: Estado no qual o individuo ou grupo apresenta ou
está em risco para apresentar um distúrbio de saúde devido ao
estilo de vida pouco sadio à falta de conhecimento sobre o
controle de uma condição
Características definidoras:
 Comunica ou demonstra uma prática ou um estilo de
vida pouco sadios: abuso de drogas.
Factores relacionados:
 Relacionado à falta de educação sobre factores
relativos à idade (Adolescência) abuso de drogas
(álcool, outras drogas, tabaco).
livres de substâncias para adolescentes
5-Risco para Infecção
Definição: Estado em que o individuo está em risco de ser
invadido por agentes oportunistas ou patogénicos de origem
endógena ou exógena.
Factores Relacionados:
Comportamentos de risco: relação sexual sem protecção;
alcoolismo.
Pais/Família
 Ensinar
6-Paternidade ou maternidade alterada
 Melhora de papel
novos
comportamentos,
necessário de modo a satisfazer;
 Educação para Saúde
Definição: Estado em que um ou mais dos cuidadores
demonstram incapacidade, real ou potencial para proporcionar
um ambiente construtivo que favoreça o crescimento e o
desenvolvimento do seus filhos.
 Aconselhamento
 Orientar os pais sobre a importância do
exemplo no abuso de substância
 Orientar os pais no sentido de apoiarem
políticas escolares que proíbem o
consumo de álcool e de drogas em
actividades extracurriculares
Características definidoras:
 Comportamentos paternos/maternos inapropriados e/ou
desfavoráveis
(historia
do
consumo
familiar
e
consentimento e liberalismo dos pais em relação ao
consumo de drogas).
Factores Relacionados: Abuso de drogas.
Fonte: Adaptado: Diagnóstico – NANDA (2007-2008); Carpenito (1997) e Intervenção e actividade – NIC (2004).
Download

Nilza Silva 2015. O consumo de drogas na adolescência