6 - O Estado do Maranhão - São Luís, 6 de setembro de 2014 - sábado
FUTEBOL NACIONAL
Torcedora gremista que ofendeu
o goleiro Aranha pede perdão
Acompanhada de seu advogado, Patrícia Moreira chorou ontem ao se pronunciar sobre acusação, depois de prestar
depoimento à polícia; ela é acusada de injúrias raciais contra o atleta do Santos após ser flagrada chamando-o de “macaco”
Agência O Globo
N
o dia seguinte ao depoimento à polícia, a torcedora Patrícia Moreira,
flagrada por câmeras de televisão gritando "macaco" ao goleiro Aranha no jogo entre Grêmio
e Santos na Arena, pela Copa do
Brasil, falou à imprensa. Foi a
primeira manifestação oficial
dela após o episódio. Acompanhada do advogado e chorando
muito, a gremista fez um pronunciamento, mas não respondeu perguntas. Ela falou aos jornalistas na sala de um prédio no
Centro de Porto Alegre na manhã desta sexta-feira.
“Boa tarde, eu quero pedir
desculpas para o goleiro Aranha,
desculpa mesmo, perdão de coração. Não sou racista. Aquela
palavra macaco não foi racismo
da minha parte. Não teve intenção racista. Foi no calor do jogo,
o Grêmio tava perdendo. O Grêmio é minha paixão. Minha paixão mesmo. Eu vivi sempre indo ao jogo do Grêmio. Sempre.
Largava tudo pra ir no jogo do
Grêmio. Peço desculpas pro
Grêmio, pra nação tricolor, não
queria nunca prejudicar o Grêmio. Eu amo o Grêmio. Desculpas para o Aranha. Perdão, perdão, perdão mesmo”, disse.
Já chorando, Patrícia chegou à sala e falou por cerca de
dois minutos. Emocionada,
deixou o local antes de conceder a palavra ao advogado, Alexandre Rossato. “Sem dúvida,
a Patrícia já foi julgada socialmente. Independente de inquérito policial, de indicia-
Ameaças
O advogado ainda afirmou
que Patrícia vem sofrendo
ameaças desde o episódio. “A
Patrícia já sofreu ameaças. Só
não vem sofrendo ameaças
porque saiu de redes sociais,
saiu da casa dela. A Patrícia
perdeu a vida dela. Por isso
não vem sofrendo ameaças,
por não ser localizada. Acho
que esse caso vai ser um marco pra efetivamente terminar
com o racismo. Estaríamos
sendo hipócritas se punirmos
a Patrícia, tão somente ela,
por esse ato”.
Patrícia Moreira chorou durante entrevista e seu advogado afimou que ela teria sofrido ameaças após o fato ser noticiado na imprensa nacional
mento ou não. Infelizmente,
ela já está julgada”, disse ele.
O advogado ainda afirmou
que Patrícia deseja se encontrar
pessoalmente com o goleiro Ara-
nha para pedir desculpas. “Ela
deseja muito esse encontro com
ele. Ela quer pedir desculpa”.
Alexandre foi na mesma linha da sua cliente e garantiu
que os gritos de Patrícia não tiveram cunho racista: “A Patrícia
vai provar que a exposição dela
não foi racista de forma verdadeira. Vocês viram quem foi a
Patrícia. Ela tem se demonstrado muito abalada com essa situação toda. Ela perdeu todo o
contexto da vida dela. A Patrícia, sendo a Patrícia, vai de-
monstrar que não houve racismo da parte dela. Macaco, no
contexto dentro do jogo de futebol, não se tornou racista. Ainda mais com a intenção que ela
teve. Ela [a expressã] se torna
um xingamento dentro do futebol. Como inúmeras expressões dentro do futebol, a própria mãe dos árbitros vem sofrendo tanto historicamente. O
termo macaco é só mais um
xingamento no futebol”.
Na delegacia, Patrícia já havia se explicado. Ao delegado,
não negou as palavras, mas
afirmou que a intenção não
era ofender, que foi no embalo da torcida. A jovem chegou
à delegacia por volta das 10h
chorando muito, abraçada pelo irmão, e escondendo seu
rosto das câmeras.
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