50º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 50º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2004 Costão do Santinho • Florianópolis • Santa Catarina • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-04-6 [email protected] Palavras-chave: dourada, Rio Japurá, região controle Batista, JS1; Magalhões, AS2; Formiga-Aquino, K2; Alves-Gomes, JA1 1 Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática 2 Laboratório Temático de Biologia Molecular/ Coordenação de Pesquisas, INPA, Manaus-AM Bases genéticas da dourada Brachyplatystoma rousseauxii (Pimelodidae - Siluriformes) do rio Japurá para a compreensão do seu ciclo de vida na Amazônia Os grandes bagres (Siluriformes: Pimelodidae) perfazem de 80 a 100% da explotação de pescado na Amazônia, sendo que Brachyplatystoma rousseauxii, popularmente conhecida como dourada, está entre as duas espécies mais capturadas. Estima-se que, pelo menos cerca de 30.000t de dourada são capturadas e comercializadas a cada ano. Dados oriundos de estudos biológicos e de pesca experimental sugerem que a dourada realize grandes migrações, incluindo áreas distintas de criação, alimentação e reprodução a fim de completar o seu ciclo de vida. Durante o período de migração para reproduzir, dá-se o pico da captura, desde Belém no Brasil, até Iquitos no Peru, incluindo localidades na Colômbia e Bolívia. Uma das cabeceiras utilizadas pela dourada para desovar é a do rio Japurá, um dos afluentes da margem esquerda do rio Solimões. Estudos genéticos já realizados indicam que a variabilidade genética da dourada decresce no sentido estuário amazônico → alto Solimões, corroborando a hipótese migratória nessa extensão geográfica. Este estudo foi realizado com o intuito de caracterizar geneticamente a dourada do rio Japurá, para melhor entender o seu ciclo de vida na Amazônia. Coletas de 37 indivíduos de dourada foram realizadas em frota pesqueira artesanal, em três localidades distribuídas ao longo do rio Japurá, sendo 17 indivíduos em Vila bittencourt, 11 na boca do lago do rio Japurá - lago do Jacaré, e 09 na comunidade do Cuiu-Cuiu, na região do médio Japurá. Foram seqüenciados 911pb da região controle do DNA mitocondrial dos 37 indivíduos coletados. As seqüências nucleotídicas foram utilizadas para estimar vários parâmetros estimadores de variabilidade genética, incluindo análise de variância molecular (AMOVA). Foram identificados 12, 11 e 09 haplotipos e 07, 08 e 08 haplotipos únicos de dourada em Vila Bitencourt, lago do Jacaré e Cuiu Cuiu, respectivamente. Não houve segregação genética entre os indivíduos das 03 localidades (Fst = 0.01929, P>0.21505). Os indivíduos do lago do Jacaré apresentaram, significativamente, a maior diversidade nucleotídica, Pi (0.0102 ± 0.0012, IC 0.0007) e os de Vila Bitencourt, alto Japurá, a menor (0.00877 ± 0.00084, IC 0.0004). Não houve diferenças significativas entre as três localidades para os demais índices estimados. Com base nos resultados obtidos, incluindo o compartilhamento de haplotipos, pode-se verificar não só que o rio Japurá possa representar uma espécie de um corredor de via migratória, rumo à reprodução nas cabeceiras deste rio, como também corroboram a hipótese de que a variabilidade genética decresce no sentido da calha principal do rio Solimões às cabeceiras. Dado a importância comercial, área de abrangência e o esforço de pesca exercido sob este recurso pesqueiro há vários anos, torna-se necessário obter informações concretas a fim de balizar políticas de manejo que assegurem a sustentabilidade da atividade econômica e a conservação deste recurso na Amazônia. Apoio financeiro: INPA/MCT; Provárzea-PNUD; IFS. 35