ÂNGELA MARIA FERREIRA LIMA
AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO BRASIL –
INSERÇÃO E PERSPECTIVAS
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado
Profissional em Gerenciamento e Tecnologias
Ambientais no Processo Produtivo, Escola
Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.
Orientador: Profº Dr. Asher Kiperstok
Salvador
2007
L7324 Lima. Ângela Maria Ferreira
Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil: inserção e
perspectivas / Ângela Maria Ferreira Lima. – Salvador,
2007.
116p. : il.
Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok
Dissertação
(Mestrado
em
Gerenciamento
e
Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2007
1.Ciclo de Vida (Avaliação) 2.Impacto Ambiental
3.Poluição
(Prevenção)
4.Políticas
Públicas.
I.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica.
II.Kiperstok, Asher. III. Título.
CDD: 363.73
3
A meus pais, que mostraram que o crescimento pessoal tem como base a educação
e o conhecimento. E em especial ao meu pai, por sua capacidade de superação e
determinação.
Ao meu marido, pelo apoio em todos os momentos, companheirismo e presença
constante na minha vida.
Aos meus queridos filhos, pelo carinho e amor; e que, independentemente da
profissão que sigam futuramente, as questões relacionadas com o meio ambiente
estejam presentes em suas vidas.
Aos meus irmãos, que sempre me incentivaram e torceram por mim.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Profº Asher Kiperstok, pela orientação deste trabalho e por ter me mostrado os
primeiros ensinamentos sobre ACV, pela sua força positiva, acreditando que “tudo”
sempre dará certo.
Ao Profº Armando Caldeira-Pires, pelas informações tão valiosas transmitidas, por
colocar à minha disposição o seu acervo pessoal e por ter aberto os caminhos
necessários para minha pesquisa em Brasília.
A toda equipe da Rede de Tecnologia Limpas - TECLIM (especialmente a Suzete,
Lígia, Linda, Jaqueline e Loriana), que mesmo de longe me deram todo o suporte
necessário.
Ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), representado
pela Celina Lamb e Sander Ferreira, que disponibilizaram as informações para este
trabalho.
A Ana Maria Siqueira pela cuidadosa revisão do texto.
A todos que gentilmente responderam aos meus e-mails, e aos que enviaram cópias
de suas teses, dissertações e artigos.
A FAPESB/CAPES, pela bolsa de estudo que me permitiu a dedicação a este
trabalho.
5
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar ações para a inserção da Avaliação do
Ciclo de Vida (ACV) como um instrumento para a sustentabilidade ambiental da
sociedade brasileira e procura mostrar qual a participação e quais os estímulos para
que essa inserção ocorra. A idéia central é subsidiar o uso da ACV em nosso país. A
pesquisa consiste nas seguintes etapas: uma revisão bibliográfica, com o objetivo de
fundamentar conceitos e estratégias da Avaliação do Ciclo de Vida; a identificação
do estágio atual de conhecimento e de utilização dessa ferramenta no Brasil em três
setores distintos, a academia, as empresas e as instituições governamentais; e a
apresentação de proposições para a implementação de seu uso. O levantamento
bibliográfico focou os seguintes aspectos: o estado da arte de ACV (panorama geral,
conceitos, classificação); experiências consolidadas de ACV em países ou regiões
desenvolvidos, iniciativas de países ou regiões em desenvolvimento e os diferentes
atores envolvidos na ACV no Brasil. Para identificar o estágio atual de
desenvolvimento da ACV em nosso país, este trabalho levantou informações em
bancos de dados acadêmicos, no sistema de informação curricular da comunidade
científica
brasileira,
em
sites
institucionais
e
em
relatórios
socioambientais/sustentabilidade feitos por empresas. Posteriormente, organizou as
informações coletadas de acordo com diversas categorias como, por exemplo, nível
de trabalho acadêmico, setores produtivos. Nas instituições governamentais, houve
a preocupação em verificar as ações para construção de um banco de dados em
ACV. Este estudo mostra um panorama dessa importante ferramenta no mundo e no
Brasil. A análise realizada conclui que as parcerias entre os diversos setores, as
ações conjuntas e os investimentos, entre outras possibilidades, são de fundamental
importância para programas sobre ACV, bem como para a criação de um banco de
dados brasileiro, e que nos países em desenvolvimento essas parcerias ainda estão
se formando. No Brasil, são as universidades que se destacam em relação a essa
temática, sendo que algumas já apresentaram uma definição em determinadas
áreas de inserção da Avaliação do Ciclo de Vida. Este trabalho faz também 19
proposições para melhorar as interações entre os três setores aqui analisados, no
intuito de favorecer a incorporação da ACV pelos mesmos, com uma expectativa de
prazo para que isso ocorra. Todas as proposições estão acompanhadas de fatos
motivadores para tal incorporação.
Palavras-Chave: Avaliação do Ciclo de Vida, Análise do Ciclo de Vida, ACV,
Políticas Públicas, Rotulagem Ambiental.
6
ABSTRACT
The objective of this study is to identify actions to include Life Cycle Assessment
(LCA) as an instrument for environmental sustainability of Brazilian society, as well
as attempting to identify the participation and incentives for this inclusion. The main
idea is to support the use of ACV in Brazil. The study is divided into the following
stages: a bibliographic survey with the objective of establishing concepts and
strategies of Life Cycle Assessment; identification of the current level of knowledge
and use of this tool in Brazil in three distinct sectors, i.e. universities, companies and
government institutions; and proposals for implementation of its use. The following
aspects were emphasized in the bibliographic assessment: the state-of-the-art of
LCA (overview, concepts, classification); consolidated LCA experiences in developed
countries or regions, initiatives in developing countries or regions and the different
stakeholders involved with LCA in Brazil. In order to identify the current stage of LCA
in Brazil, this study assessed information in academic databases, in the curricular
information system of the Brazilian scientific community, institutional websites and
socio-environmental/sustainability reports prepared by companies. Next, the data
collected was classified according to categories such as level of academic work and
productive sectors. In government agencies, care was taken to identify possibilities
for construction of an LCA database. This study provides an overview of this
important tool throughout the world and in Brazil. The assessment came to the
conclusion that partnerships among the several sectors, joint actions and
investments, among other possibilities, are of paramount importance for LCA
programs, as well as for creation of a Brazilian database, and that in developing
countries these partnerships are under construction. In Brazil, universities are
leaders in this field, and some have already defined certain areas of Life Cycle
Assessment insertion. This study also presents 19 proposals for improved
interactions among the three sectors analyzed, with the purpose of contributing to
LCA incorporation by these sectors, with timeframes for this to take place. All
proposals come with justification for their incorporation.
Key words: Life Cycle Assessment, Life Cycle Analysis, LCA, Public Policies,
Environmental Labeling.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Taxa de variação do consumo de alguns produtos entre 1950 e 2000
14
Figura 2 - Esquema de um ciclo biológico
18
Figura 3 - Esquema de um ciclo industrial
18
Figura 4 - Dimensões da sustentabilidade
25
Figura 5 - Representação do ciclo de vida de um produto
26
Figura 6 - Abordagem do Ciclo de Vida, consistindo de análise e prática direcionadas
por conceitos e baseadas em dados e informações.
31
Figura 7 - Apresentações da estrutura da ACV no decorrer dos anos.
33
Figura 8 - Conteúdo do banco de dados e os institutos responsáveis
40
Figura 9 - Organização do projeto de ACV japonês
44
Figura 10 - Associações industriais que participaram do Projeto de ACV desenvolvido
no Japão
45
Figura 11 - Principais atividades da ACV no mundo
54
Figura 12 - Número de artigos onde apareceu a expressão “Life Cycle Assessment”
no Science Direct.
55
Figura 13 - Número de artigos onde apareceu a palavra “Landfill” no Science Direct 56
Figura 14 - Evolução dos artigos “Landfill” e “LCA” no Science Direct
57
Figura 15 - Quantidade de dissertações produzidas por ano no Brasil na temática
ACV
68
Figura 16 - Quantidade de teses produzidas por ano no Brasil na temática ACV
68
Figura 17 - Produção de dissertações de ACV por segmento produtivo
70
Figura 18 - Produção de teses de ACV por segmento produtivo
70
Figura 19 - Principais atividades da ACV no Brasil
80
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Simplificações para a Avaliação do Ciclo de Vida...................................34
Quadro 2 - Banco de dados de ICV por status do projeto e organização que o
coordena.................................................................................................51
Quadro 3 - Principais países que possuem bancos de dados de ACV no mundo
..................................................................................................................................52
Quadro 4 - Organizações industriais que possuem banco de dados de ACV...........53
Quadro 5 - Exemplo de três grandes empresas que utilizam ACV na Europa ..........59
Quadro 6 - Número
de dissertações
de mestrado
em ACV
produzidas por
universidades .........................................................................................62
Quadro 7 - Cursos de pós-graduação da USP em que se produziram dissertações
em ACV ..................................................................................................63
Quadro 8 - Número de teses de doutorado em ACV produzidas por universidade...66
Quadro 9 - Empresas pesquisadas em relatórios socioambientais/sustentabilidade
ou sites institucionais..............................................................................72
Quadro 10 - Origem das empresas que usam ACV no Brasil ...................................76
Quadro 11 - Proposições de inserção da ACV no Brasil...........................................82
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCV
Associação Brasileira do Ciclo de Vida
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRE
Associação Brasileira de Embalagem
ACLCA
American Center for Life Cycle Assessment
ACV
Avaliação do Ciclo de Vida
AICV
Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida
AISI
American Iron and Steel Institute
AIST
National Institute of Advanced Industrial Science and Technology
ALCALA
Associación Life Cycle Assessment LatinoAmérica
APC
American Plastics Council
APEC
Asian-Pacific Economic Cooperation
APLCANET
LCA Researcher Network for APEC Member Economies
B2B
Business to Business
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEBDS
Conselho
Empresarial
Brasileiro
para
o
Desenvolvimento
Sustentável
CETEA
Centro de Tecnologia de Embalagem
CILCA
Conferência Internacional de Avaliação do Ciclo de Vida
CML
Centrum voor
Milieuwetenschappen Leiden
(Instituto de
Ciências Ambientais da Universidade de Leiden)
CMLCA
Chain Management by Life Cycle Assessment
CNI
Confederação Nacional da Indústria
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CPM
Center for Environmental Assessment of Product and Material
Systems
DfE
Design for Environment
EAA
European Aluminium Association
ECI
European Copper Institute
ECO
European Container Board Organization
EDIP
Environmental Development of Industrial Products
ELCD
European Reference Life Cycle Assessment Data System
EMPA
Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research
EPD
Environmental Product Declaration System
10
ETA
Estação de Tratamento de Água
EUA
Estados Unidos da América
FEFCO
European Federation of Corrugated Board Manufactures
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FURB
Universidade Regional de Blumenau
GANA
Grupo de Apoio à Normalização Ambiental
GCV
Gestão do Ciclo de Vida
GEDnet
Global Type III Environmental Product Declarations Network
GEMIS
Global Emissions Model for Integrated Systems
GEO
Groupement Ondulé, European Association of Makers of
Corrugated Base Papers
GP2
Grupo de Prevenção da Prevenção
IAM
U.S. EPA´s Impact Assessment and Measurement
IBICT
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
ICV
Inventário do Ciclo de Vida
IFEU
Institute for Energy and Environmental Research
IFU
Institute for Environmental Informatics
IISI
International Iron and Steel Institute
IPP
Integrated Product Policy
ISE/BOVESPA
Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de
São Paulo
ISO
International Organization for Standardization
ISSF
International Stainless Steel Forum
JEMAI
Japan Environmental Management Association for Industry
MCT
Ministério da Ciência e Tecnologia
METI
Ministry of Economy Trade and Industry
NEDO
New
Energy
and
Industrial
Technology
Development
Organization
NiD
Nickel Development Institute
PET
Polietileno Tereftalato
PUC
Pontifícia Universidade Católica
PVC
Policloreto de Vinila
REPA
Resource and Environmental Profile Analysis
RoHS
Restriction of Hazardous Substances
SETAC
Society for Environmental Toxicology and Chemistry
11
SPOLD
Society for the Promotion of LCA Development
TECLIM
Rede de Tecnologias Limpas
UFBA
Universidade Federal da Bahia
UFF
Universidade Federal Fluminense
UFMG
Universidade Federal de Minas Gerais
UFPA
Universidade Federal do Pará
UFPR
Universidade Federal do Paraná
UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCAR
Universidade Federal de São Carlos
UFSM
Universidade Federal de Santa Maria
UFTPR
Universidade Federal Tecnológica do Paraná
UFV
Universidade Federal de Viçosa
UnB
Universidade de Brasília
UNEP
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
UNESP
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu
UNICAMP
Universidade Estadual de Campinas
UNIDERP
Universidade para Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal
UNIFEI
Universidade Federal de Itajubá
UNIMEP
Universidade Metodista de Piracicaba
UNITAU
Universidade de Taubaté
USP
Universidade de São Paulo
WEEE
Waste from Electrical and Electronic Equipment
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................14
1.1 Caracterização do problema.........................................................................14
1.2 Objetivos ........................................................................................................21
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................21
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................21
1.3 Metodologia....................................................................................................21
1.4 Estrutura da dissertação...............................................................................23
2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA...............................................................
25
3 PANORAMA DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO MUNDO...................35
3.1 Regiões / países desenvolvidos ...................................................................39
3.1.1 Suíça .........................................................................................................39
3.1.2 Região Nórdica .........................................................................................40
3.1.3 Holanda.....................................................................................................41
3.1.4 Alemanha ..................................................................................................42
3.1.5 Japão ........................................................................................................42
3.1.6 América do Norte ......................................................................................45
3.2 Regiões / países em desenvolvimento ........................................................47
3.2.1 China.........................................................................................................48
3.2.2 África do Sul..............................................................................................48
3.2.3 América Latina ..........................................................................................48
3.3 Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC ) ..........................................49
3.4 Consolidação dos bancos de dados no mundo..........................................50
3.5 ACV no meio acadêmico ...............................................................................55
3.6 ACV no meio empresarial .............................................................................58
4 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO BRASIL ............................................ 60
4.1 ACV no meio acadêmico brasileiro ..............................................................61
4.1.1 Dissertações de mestrado.........................................................................62
4.1.2 Teses de doutorado ..................................................................................66
4.1.3 Evolução dos estudos acadêmicos da ACV..............................................67
4.1.4 ACV no meio acadêmico por setor produtivo ............................................69
4.2 ACV no meio empresarial brasileiro ............................................................71
4.3 ACV no meio governamental brasileiro .......................................................77
5 PROPOSIÇÕES ................................................................................................81
6 CONCLUSÕES..................................................................................................89
REFERÊNCIAS ....................................................................................................91
ANEXO A – RELAÇÃO DAS NORMAS ISO/ABNT DE ACV ............................103
APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES
DE DOUTORADO ..............................................................................................104
APÊNDICE B - LISTAGEM DAS DISSERTAÇÕES E TESES DE ACV DE
ACORDO COM O ANO DE PUBLICAÇÃO .......................................................110
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Caracterização do problema
A humanidade está consumindo os recursos naturais em um ritmo superior à
capacidade de reposição das matérias-primas retiradas, assim como descarta os
resíduos de forma indevida, comprometendo a autodepuração que a natureza
realiza há milhares de anos. Isso decorre dos modelos de produção e consumo que
têm prevalecido e que deterioram cada vez mais as fontes de recursos naturais,
consideradas inesgotáveis num passado recente. A Terra com sua população
superior a seis bilhões de habitantes tende a demandar mais ainda os já escassos
recursos como, por exemplo, a água para consumo humano.
Conforme pode ser visualizado na Figura 1, entre 1950 e 2000, a capacidade de
geração de energia elétrica cresceu 2.100%, aumento este necessário para atender
tanto à demanda do setor industrial quanto do doméstico; a produção de celulose,
1.425%, acarretando um aumento substancial de área fértil para o plantio de
eucalipto; o número de veículos rodando nas cidades cresceu acima de 1.000%,
demandando por sua vez mais combustível fóssil e gerando poluentes para a
atmosfera; o crescimento da produção de milho, de ferro e de carvão ficou na faixa
dos 400%. O aumento da população, no entanto, não chegou a 250% nesse mesmo
período (YAMAMOTO, 2006).
Percentual de crescimento do Consumo
1950 a 2000
2500%
2000%
1500%
1000%
500%
0%
Eletricidade
Gás Natural
Celulose
No de
veículos
Óleo
Milho
Ferro
Carvão
População
Figura 1 - Taxa de variação do consumo de alguns produtos entre 1950 e 2000.
Fonte: YAMAMOTO, 2006.
14
De acordo com Yamamoto (2006), as projeções feitas pelas Nações Unidas indicam
que no ano de 2050 haverá uma estabilização da população mundial em torno de 9
bilhões de habitantes; isso representa um aumento de 40% (2,6 bilhões de
pessoas). Essa desaceleração do crescimento demográfico não deve ser
interpretada como um fator atenuante para a alta demanda por recursos naturais,
uma vez que, intrinsecamente, a forma de consumo é muito mais significativa como
causadora de impactos ambientais do que o crescimento da população.
Antes do advento da revolução industrial iniciada no século XVIII, o homem vivia
regido pelas leis da natureza. Segundo Ayres (1994), na era pré-industrial a
antroposfera estava balanceada com a biosfera e com os outros elementos do
sistema da terra. Os seres humanos correspondiam a uma parte do ecossistema
natural e os animais serviam para o seu alimento, a sua roupa e para a manufatura
de materiais para o seu uso. Os resíduos eram reciclados por processos naturais de
decomposição. Os artigos metálicos, por exemplo, foram utilizados e reusados por
séculos ou milênios. Depois disso, o homem passou a impor seu ritmo de vida num
mundo cada vez mais competitivo, onde sob o argumento de atender a uma
demanda de mercado passou-se à exploração cada vez mais insustentável dos bens
naturais.
Foi somente na década de 70 que a sociedade e os governos começaram a se
preocupar com as questões ambientais1, procurando discutir ações voltadas para a
preservação da natureza. Tal preocupação culminou com a publicação do relatório
“Os Limites do Crescimento2”, em 1972, pelo Clube de Roma. Esse documento
denunciava que o crescente consumo mundial ocasionaria um limite de crescimento
e um possível colapso do ecossistema global. A partir daí, surgiu a preocupação
com os danos causados pela destinação de poluentes industriais e pela extração
das matérias-primas necessárias para atender à demanda da população,
principalmente a dos países do hemisfério norte. São desenvolvidos, então,
processos de redução desses poluentes, quer estivessem na forma sólida, líquida ou
gasosa, o que vai dar origem às estações de tratamento de esgotos, aos
incineradores, às unidades de compostagem, aos aterros sanitários e industriais,
1
Em junho de 1972, ocorreu a primeira reunião promovida pela Organização das Nações Unidas sob o tema
Meio Ambiente Humano (Convenção de Estocolmo) com a participação de líderes políticos e pesquisadores,
para discutir os rumos que evitassem o esgotamento dos recursos naturais da humanidade.
2
Do inglês Limits to Growth, obra de Donela H. Meadows, Dennis L. Meadows e Jorgen Randers,
(http://www.clubofrome.org/docs/limits.rtf).
15
entre outros. Essas formas de reduzir a poluição ficaram conhecidas como técnicas
“fim de tubo”, uma vez que a única preocupação era garantir a redução dos impactos
ocasionados pelo lançamento de carga poluidora no meio ambiente.
A legislação americana, através do Clean Air Act (versão de 1970) passa a
estabelecer padrões de lançamento máximo para os principais poluentes
atmosféricos permitindo inclusive ao cidadão tomar ações legais contra qualquer
poluidor que viole os padrões ambientais (EPA, 1990). Esse ato influenciou as
demais nações industrializadas, popularizando assim os instrumentos de “comando
e controle”.
No setor produtivo, em sua área de planejamento de negócios, a questão ambiental
passa a ser considerada uma consumidora de recursos, um fator de aumento no
custo da produção, uma vez que as externalidades provocadas pelos poluentes não
eram internalizadas pelos próprios poluidores, ficando a sociedade a arcar com os
seus custos (OLIVEIRA, 2003).
Segundo Gassi (2006 apud GIANNETTI, 2006), a década seguinte (80) caracterizouse pela internalização dos conceitos de impacto ambiental. A partir daí, passou-se a
entender o meio ambiente como parte integrante de um processo mais amplo,
envolvendo o setor produtivo, o ambiente e a sociedade. Os grandes acidentes
ambientais3 e as conseqüências do uso indiscriminado de substâncias químicas
alertam para as conseqüências desastrosas na condução dos processos de
produção e consumo da sociedade contemporânea.
No início dos anos 1990, observou-se a quebra de um paradigma ao se mudar o
foco da ação, que passou de corretiva para preventiva. Desse modo, prioriza-se a
eliminação/minimização dos poluentes na fonte da sua geração, através de
mudanças de tecnologias, rotas de produção com matérias-primas e insumos menos
poluidores, melhorias nos procedimentos operacionais, o que resulta numa maior
eficiência ambiental e minimização nos custos de produção (GIANNETTI, 2006). A
partir dessa mudança de pensamento, surgem novas formas de interação entre o
meio ambiente, o setor produtivo e a sociedade. Apesar de esse tipo de discussão
3
Exxon Valdez (Alasca); Bhopal (Índia); Chernobyl (Ex-URSS); Love Canal (NY-USA); Destruição da camada
de ozônio.
16
de “sistemas4” ter se iniciado nas décadas anteriores (FORRESTER, 1968 e 1971;
MEADOWS, 1972; ODUM, E. 1971; ODUM, H. 1971 apud GIANNETTI, 2006), a
descrição de um processo como um fluxo de material e energia só foi disseminada
mais tarde por Ayres (1989 apud AYRES, 1994) e recebeu o nome de “Metabolismo
Industrial”5.
O termo metabolismo aplicado a uma planta ou animal é usado para denominar a
totalidade dos processos internos – físicos, químicos e biológicos – que fornecem a
energia e os nutrientes necessários para um organismo manter as condições de sua
própria vida. Esses processos podem ser descritos em termos das transformações
das entradas (luz solar, energia química, nutrientes, água e ar) na biomassa até a
saída dos resíduos. O metabolismo industrial, por analogia, é o conjunto das
transformações bio-físico-químicas que convertem matérias-primas (biomassa,
combustíveis, minerais, metais) em produtos e resíduos. Assim, esse processo
compreende todas as transformações de energia/materiais que permitem ao sistema
econômico produzir e consumir (AYRES, 1994). Outra analogia, também descrita por
Ayres (1994), entre o metabolismo biológico e o metabolismo industrial refere-se ao
ciclo de vida de componentes individuais, como o ciclo hidrológico, o ciclo de
carbono e o ciclo de nitrogênio. Constata-se que, o sistema metabólico industrial
difere do metabolismo natural pelo fato de o primeiro não reciclar totalmente os seus
resíduos. Normalmente, o sistema industrial consome materiais de alta qualidade
(combustíveis fósseis, minérios) extraídos do solo e os devolve à natureza em uma
forma degradada. Ayres (1994) mostra também a conveniência de se definir o
modelo de quatro caixas para descrever os fluxos de materiais. A versão biológica é
mostrada na Figura 2 e sua analogia industrial na Figura 3.
4
Meadows utilizou a análise de sistemas para simular a degradação ambiental do planeta. Já Odum resgata a
idéia de que os sistemas humanos e também os sistemas industriais estão inseridos no ambiente (GIANNETTI,
2006).
5
Este termo foi criado durante a fase preparatória de uma conferência em Tókio, em setembro de 1988. Esta
conferência serviu para explorar maneiras de ampliar as ações do International Geosphere-Biosphere
Programme (IGBP) por considerar explicitamente as dimensões humanas na mudança global. Os artigos
selecionados desta conferência foram publicados no International Social Science Journal (ISSJ) em 1989
(AYRES, 1994).
17
Mobilização
Nutrientes
Inorgânico
Assimilação
(fotossíntese)
Regeneração
Regeneração
Captura
Mobilização
Captura
Bioprodutos
Biomassa
Material em decomposição
Figura 2 - Esquema de um ciclo biológico
Fonte: AYRES, 1994.
Ambiente
Natural
Extração
Matérias-primas,
Mercadorias
(commodities)
Remanufatura,
recondicionamento
Produtos
Finais
Distribuição de bens finais
Processos de produção
Reciclagem
dos resíduos
Subprodutos / Resíduos
Resíduos
Resíduos
Capital Produtivo
(máquinas,
estruturas,
inventário, terra)
Acúmulo de bens de capital
Figura 3 - Esquema de um ciclo industrial
Fonte: AYRES, 1994.
18
Observa-se que na natureza os ciclos relativos aos principais elementos (carbono,
oxigênio, nitrogênio, enxofre) são fechados. São os processos biológicos os
principais responsáveis pelo fechamento desses ciclos. Em contraste, o sistema
industrial é aberto no sentido de que os "nutrientes" são transformados em
"resíduos”, mas não são necessariamente reciclados.
Algumas empresas agora adotam o conceito de ciclo de vida considerando que os
impactos dos produtos não se restringem apenas aos processos de fabricação, mas
também aos impactos ambientais associados ao seu uso e descarte. Melhorias na
concepção do produto podem trazer tanto benefícios econômicos ao longo do seu
ciclo de vida (menor geração de resíduo, substituição de produtos perigosos),
quanto
organizacionais
(vantagem
competitiva)
(SONNEMANN,
2005).
O
desempenho ambiental dos produtos e dos processos transformou-se numa questão
importante, fazendo com que algumas empresas adotem maneiras de minimizar
seus efeitos no ambiente, na busca da sustentabilidade (REBITZER, 2004).
Segundo Andrade (1997), as empresas que forem pró-ativas, no sentido de fazerem
mais do que a legislação determina, terão a possibilidade de liderar um processo de
transformação no mercado, além de converter sua experiência em oportunidade de
negócio. Nesse contexto, destaca-se a importância do objeto que este trabalho se
propõe a estudar: a ACV. A Avaliação do Ciclo de Vida6 (ACV) é um instrumento de
avaliação do impacto ambiental associado a um produto ou processo que
compreende etapas que vão desde a retirada das matérias-primas elementares da
natureza que entram no sistema produtivo (berço) à disposição do produto final após
uso (túmulo). A ACV é normatizada pela série ISO 14.040 (CHEHEBE, 1998).
Existe uma expectativa mundial em relação à Rotulagem Ambiental7 tipo III, norma
ISO 14.025, publicada em julho de 2006, que contém uma série de informações
ambientais baseados em ACV, de que ela seja utilizada nas relações comerciais
(B2B – business to business) (TOSTA, 2004). Embora a Rotulagem Ambiental não
seja obrigatória nas relações comerciais no mundo, ela já ocasiona um diferencial
competitivo dos produtos num mercado cada vez mais exigente em relação às
questões ambientais. É o que acontece, por exemplo, na Política Integrada de
6
7
Do inglês Life Cycle Assessment. É também conhecida no Brasil por Análise do Ciclo de Vida.
Os rótulos ambientais são selos que visam informar ao consumidor algumas características sobre o produto.
Também são conhecidos como “selo verde”, “selo ambiental” ou “rótulo ecológico”.
19
Produtos (IPP), que é desenvolvida na Europa e tem por base o conceito de Ciclo de
Vida (CALDEIRA-PIRES, 2005). Atualmente já existem várias demandas de
mercado baseadas na ACV, principalmente nos países da Europa, referentes às
exigências comerciais do Rótulo Ambiental tipo III.
A ACV é praticada de forma isolada há mais de 30 anos em países desenvolvidos.
Os primeiros estudos relacionados ao tema foram realizados no final da década de
60 e início dos anos 1970 (HUNKELER, 2005) e foram aplicados pela indústria, pelo
governo e pela academia.
Nos países em desenvolvimento, e em especial no Brasil, estudos sobre a ACV vêm
sendo desenvolvidos pela academia, através de trabalhos de mestrado e doutorado,
e por algumas empresas. Destacam-se também: o projeto em andamento da Rede
Latino-Americana de Ciclo de Vida, coordenado pela Universidade de Brasília (UnB);
a Associação Brasileira de Análise do Ciclo de Vida (ABCV), sociedade sem fins
lucrativos que foi fundada em 2002 com uma proposta de discussão dos primeiros
trabalhos de Avaliação do Ciclo de Vida; a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), que possui um subcomitê específico para discussão das normas
sobre ACV.
Na esfera governamental existe um outro projeto, do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), no sentido de viabilizar o Inventário do
Ciclo de Vida no Brasil, uma das etapas da ACV que contempla todas as entradas e
saídas de sistemas produtivos.
Nos países desenvolvidos, como Suíça, Alemanha, Japão e EUA, existem bancos
de dados de Inventários de Ciclo de Vida, aplicáveis às condições destes países ou
regiões. Nos países em desenvolvimento, essas informações ainda não estão
sistematizadas.
Este tema faz parte de uma das linhas de pesquisa da Rede de Tecnologias Limpas
(TECLIM), da Universidade Federal da Bahia, onde esta mestranda integra o grupo
de pesquisa na área de Avaliação do Ciclo de Vida, temática em que já vinha
estudando anteriormente – tendo inclusive apresentado um trabalho de Monografia
da Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo, denominado “Estudo da Cadeia Produtiva do Polietileno Tereftalato (PET)
20
na Região Metropolitana de Salvador, como subsídio para Análise do Ciclo de Vida”
(LIMA, 2001).
1.2 Objetivos
Este trabalho propõe-se a responder à seguinte pergunta:
Qual a participação e quais os estímulos para a incorporação da Avaliação do
Ciclo de Vida como instrumento para a sustentabilidade ambiental no Brasil?
1.2.1 Objetivo geral
Na tentativa de responder a essa pergunta, o objetivo geral desta pesquisa é
identificar as ações para a inserção da Avaliação do Ciclo de Vida como instrumento
para a sustentabilidade ambiental brasileira.
1.2.2 Objetivos específicos
Guiado por esse objetivo maior, este trabalho pretende alcançar os seguintes
objetivos específicos:
a) Analisar experiências internacionais em que a prática de Avaliação do Ciclo de
Vida esteja consolidada para subsidiar a sua aplicação no Brasil;
b) Pesquisar iniciativas da Avaliação do Ciclo de Vida em países em
desenvolvimento e de que maneira elas podem ser aplicadas à nossa
realidade;
c) Avaliar o estágio atual da Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil;
d) Identificar formas de inserção da Avaliação do Ciclo de Vida, considerando as
características do país e os atores envolvidos no processo.
1.3 Metodologia
A metodologia utilizada incorporou as seguintes etapas:
a) Revisão bibliográfica, com o objetivo de fundamentar conceitos e estratégias da
Avaliação do Ciclo de Vida. Foi realizada a partir de buscas em periódicos
21
específicos, tais como: International Journal of Life Cycle Assessment, Journal of
Industrial Ecology e Journal of Cleaner Production, em livros técnicos, artigos
publicados em anais de congressos e em sites institucionais como os da
Sociedade Internacional de Química e Toxicologia Ambiental (Setac), Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e o portal da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), onde se encontram
teses e dissertações defendidas junto aos programas de pós-graduação do país,
entre outros sites.
Os aspectos considerados para o levantamento dos dados nesta etapa
metodológica foram:
o O estado da arte da ACV (panorama geral, conceitos, classificação);
o Experiências consolidadas da ACV em países ou regiões desenvolvidos, tais
como: Suíça, Holanda, Região Nórdica, Alemanha, Japão e América do
Norte;
o Iniciativas de países ou regiões em desenvolvimento;
o Os diferentes atores envolvidos na ACV no Brasil, governo, academia e
empresas.
b) Identificação do estágio atual de implementação da ACV nos diversos ambientes,
tais como:
o Na
academia,
nos
trabalhos
científicos
de
doutorado
e
mestrado,
identificando onde estavam concentrados os grupos de pesquisa, as áreas
abordadas, a quantidade de produção cadastrada etc. Foi realizada uma
pesquisa no site do IBICT, onde existe uma relação com o resumo de teses e
dissertações. Em seguida, foi feita uma busca no portal da Capes, que dispõe
de ferramentas de busca e consulta de resumos sobre teses e dissertações.
Também foi realizada uma pesquisa no sistema de informação curricular da
comunidade científica brasileira, Plataforma Lattes, do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e os currículos dos
principais pesquisadores que trabalham com a temática ACV foram
analisados. Assim sendo, obteve-se um levantamento de dissertações e teses
brasileiras cujos resumos contêm a temática ACV.
o Nas empresas, nos trabalhos de ACV desenvolvidos e de que maneira os
resultados destes estudos foram incorporados. Foram pesquisados sites
22
institucionais, relatórios de sustentabilidade/socioambientais e algumas
empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de
Valores de São Paulo (ISE/Bovespa). Foram selecionadas e analisadas 33
empresas;
o Nas instituições governamentais. Nestas, foram analisadas as iniciativas para
construção do banco de dados brasileiro de ACV.
c) Proposições de formas de interação entre os atores (academia, empresa e
governo) envolvidos com o processo de ACV no Brasil, considerando as
características do país. A essas proposições foram associados fatos motivadores
para a sua inserção. Também foi projetada uma perspectiva temporal (curto,
médio e longo prazos) para que as proposições apresentadas sejam
implementadas.
1.4 Estrutura da dissertação
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos, incluindo este introdutório, que
caracterizou o problema, descreveu os objetivos e a metodologia utilizada para
atingi-los.
O capítulo 2 aborda a sustentabilidade nas dimensões ambiental, social e
econômica e apresenta a ACV como uma ferramenta que pode ajudar a identificar
os impactos de bens e serviços no meio ambiente. Define-se a ACV, faz-se um
breve histórico sobre a mesma, desde os primeiros estudos realizados pela CocaCola em 1969 até o Programa de Iniciativa do Ciclo de Vida, da Unep/Setac, que
dissemina o Pensar o Ciclo de Vida. Contextualiza-se a ACV dentro de uma visão
mais abrangente: a Abordagem do Ciclo de Vida. Logo após, mostra-se a evolução
da estrutura da ACV no decorrer dos anos. As simplificações da ACV também são
abordadas.
No capítulo 3, descreve-se um panorama da ACV no mundo, a importância das
políticas públicas, como a Política Integrada de Produto (IPP), além de outras
diretivas e ações na Europa e a Rotulagem Ambiental Tipo III (ISO 14.025). Detalhase a ACV em regiões e países desenvolvidos (Suíça, Região Nórdica, Holanda,
Alemanha, Japão e América do Norte) e em regiões e países em desenvolvimento
23
(China, África do Sul e América Latina). Faz-se também uma consolidação dos
principais bancos de dados, observando suas características. Em seguida, abordase a ACV nos meios acadêmicos e empresariais no mundo.
No capítulo 4, aborda-se a ACV no Brasil. Descreve-se a ACV na academia, nas
empresas e no governo. No meio acadêmico, faz-se um levantamento geral dos
trabalhos de mestrado e doutorado, em bancos de dados acadêmicos, onde, até o
momento, 47 dissertações de mestrado e 17 teses de doutorado foram identificadas
como sendo relativas ao tema. Em seguida, esses trabalhos foram arranjados de
acordo com seu ano de publicação. Por fim, foram analisados por segmento
produtivo e de acordo com as universidades onde foram produzidos. No meio
empresarial, analisaram-se 33 empresas para verificar onde ACV é utilizada. E no
âmbito governamental, a ACV é abordada no projeto de Inventário de Ciclo de Vida
do Brasil – executado pelo IBICT/MCT em parceria com algumas universidades.
No capítulo 5, apresentam-se as proposições de inserção da ACV no Brasil,
considerando-se as características do país e os atores envolvidos no processo
(academia, empresa e governo). Essas proposições são apresentadas associadas a
fatos que justificam a sua inserção e a uma expectativa de prazo para que tal ocorra.
O capítulo 6 apresenta as conclusões deste trabalho. Em relação ao panorama
mundial, conclui-se que a Europa se destaca no desenvolvimento da ACV,
possuindo um banco de dados comum para a região e políticas públicas e ações
integradas. No Brasil, o setor acadêmico é o que está mais evoluído, comparado às
empresas e ao governo.
No Anexo A, encontra-se a relação das normas ISO/ABNT sobre ACV. Nos
Apêndices A e B, têm-se, respectivamente, a relação das dissertações de mestrado
e teses de doutorado e a listagem das dissertações e teses de ACV de acordo com
o ano de publicação.
24
2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA
Atualmente, existe uma conscientização ambiental maior por parte das empresas e
da sociedade. As empresas começaram a avaliar como suas atividades afetam o
meio ambiente e a sociedade tem se mostrado mais interessada em questões
ambientais, tais como: a diminuição dos recursos naturais e a degradação
ambiental. No mundo dos negócios, muitos responderam a essa consciência,
fornecendo produtos e/ou processos "mais verdes". O desempenho ambiental dos
produtos e dos processos transformou-se numa questão importante, fazendo com
que algumas empresas encontrassem maneiras de minimizar os efeitos dos
impactos de sua produção no ambiente, ao buscar meios de garantir a
sustentabilidade (EPA, 2001).
A sustentabilidade é usualmente descrita em três dimensões: a ambiental, a social e
a econômica. Nos negócios, essa tridimensionalidade tem sido denominada the
triple bottom line. A idéia é expandir os aspectos econômicos para incluir as
dimensões sociais e ambientais, criando negócios mais sustentáveis (ELKINGTON
apud SONNEMANN, 2005). A Figura 4 mostra como estas três dimensões estão
interligadas.
ECONÔMICO
bens
equidade
eco-eficiência
sustentabilidade
SOCIAL
pessoas
bem-estar
AMBIENTAL
planeta
Figura 4 - Dimensões da sustentabilidade
Fonte: ELKINGTON apud SONNEMANN, 2005.
A dimensão ambiental requer o equilíbrio entre proteção do ambiente físico e seus
recursos, bem como a capacidade da natureza para absorver as alterações sofridas
e se recuperar das agressões antrópicas. A dimensão social requer o
desenvolvimento de sociedades justas, com melhoria da qualidade de vida. Já a
dimensão econômica requer um sistema econômico que facilite o acesso a recursos
e oportunidades e o aumento da prosperidade para todos, dentro dos limites do que
25
é ecologicamente possível e sem ferir os diretos humanos básicos (CIB/UNEP-IETC
apud SILVA 2003; GUIMARÃES, 1997).
Segundo Rebitzer (2004), para se atingir o Desenvolvimento Sustentável necessitase de métodos e ferramentas que ajudem a quantificar e comparar os impactos
ambientais dos bens (produtos) e serviços para a sociedade. Todo produto tem uma
“vida” que começa com o seu planejamento e a extração dos recursos naturais que
vão possibilitar a sua existência. A sua produção e o seu uso/consumo são as fases
seguintes, e, finalmente, o produto passa pelas atividades do fim de sua “vida”
(coleta/separação, reúso, reciclagem, disposição dos resíduos). A Figura 5
apresenta um esquema simplificado do conceito de ciclo de vida dos produtos.
Extração da
matéria-prima
Reuso/
reciclagem
Recuperação
Reciclagem
componentes
de
materiais
e
Design e
produção
Reuso
Uso e
manutenção
Embalagem e
distribuição
Figura 5 - Representação do ciclo de vida de um produto
Fonte: SONNEMANN, 2005.
Alguns estudiosos entendem que a concepção de um produto, o seu projeto, seja
uma etapa no contexto da ACV denominada “Projeto para o Meio Ambiente8”. A
partir de uma abordagem holística, no entanto, o “Projeto para o Meio Ambiente” é
considerado um projeto que leva em conta todo o ciclo de vida. Nesse caso,
normalmente ele é denominado Ecodesign (BRADLEY, 2002).
8
Do inglês Design for Environment (DfE).
26
Segundo Ribeiro (2004), a preocupação com a chamada “sustentabilidade” tem feito
surgir a abordagem de enfoque sobre o produto. Esse enfoque incide principalmente
sobre a função que este produto “se propõe” a cumprir. Sua concepção depende do
chamado ciclo de vida do produto.
Vários autores (CHEHEBE, 1998; GRAEDEL,1998; JENSEN,1997) descrevem a
ACV como sendo um instrumento de avaliação do impacto ambiental associado a
um produto ou processo cuja abrangência compreende etapas que vão desde a
retirada das matérias-primas elementares da natureza que entram no sistema
produtivo (berço) à disposição do produto final após uso (túmulo). Essa concepção
de ACV inclui extração, processamento da matéria-prima, manufatura, transporte,
distribuição, uso, reúso, manutenção, reciclagem e disposição final. Isso possibilita
uma visão abrangente dos diversos impactos provocados ao meio ambiente,
favorecendo a identificação das medidas mais adequadas do ponto de vista
ambiental e econômico para sua minimização. A partir dessa perspectiva, a ACV
constitui-se
numa
técnica
de
apoio
ao
gerenciamento
ambiental
e
de
desenvolvimento sustentável.
Nos últimos anos, o interesse em ACV tem aumentado. Indústrias, especialistas
ambientais, governo, associações de consumidores, organizações ambientais e o
público em geral têm mostrado interesse em conhecer a qualidade ambiental dos
processos de produção e dos produtos. A ACV está se tornando um instrumento
comum nos países da Europa, nos Estados Unidos e Japão.
Os primeiros estudos de ACV no mundo foram realizados pela Coca-Cola em 1969,
pelo Midwest Research Institut (MRI) nos EUA, com o objetivo de analisar diferentes
tipos de embalagens para refrigerantes e qual apresentava índices menores de
emissões. Nos EUA, esse processo de quantificação do uso de recursos e de
emissões ficou conhecido como Resource and Environmental Profile Analysis –
REPA (CHEHEBE,1998). Na Europa, esse processo foi chamado de Ecobalanço
Com a crise do petróleo, aproximadamente 15 REPAs foram realizados entre 1970 e
1975 (CURRAN, 1993). Logo, a crise do petróleo e o debate sobre o uso dos
recursos naturais foram temas que influenciaram os primeiros estudos da ACV.
27
O pioneiro em desenvolver a ACV no Reino Unido foi Ian Boustead, da Open
University, em 1972. Os primeiros trabalhos de ACV na Alemanha, também em
1972, foram sobre as embalagens. O problema dos resíduos das embalagens levou
o Ministério Alemão da Educação e Ciência a contratar o Batelle-Institut
(BAUMANN&TILLMAN, 2004). Tanto o trabalho do Reino Unido quanto o da
Alemanha foram inspirados no projeto americano. Já na Suécia a inspiração foi
local. Foi encomendado, pela Tetra Pak, um estudo comparativo de embalagens,
do “berço ao túmulo”, de 1970 a 1973 (BAUMANN&TILLMAN, 2004).
O Instituto Suíço para Pesquisa e Teste de Materiais9 (EMPA), por solicitação do
Ministério do Meio Ambiente (Buwal), publicou, em 1984, um boletim de ecobalanço
para materiais de embalagem baseado nos estudos REPA (MOURAD, 2002).
Durante as décadas de 70 e 80, vários estudos foram desenvolvidos com a
utilização de diferentes métodos e sem uma estrutura teórica comum (UDO de
HAES, 2002).
A Sociedade Internacional para a Química e Toxicologia Ambiental10 (Setac) foi uma
das fomentadoras da metodologia de ACV, promovendo diversos workshops na
década de 90 com representantes da comunidade internacional com o objetivo de
desenvolver um consenso sobre a metodologia de ACV. Depois desses
workshops11, foi então publicado, em 1993, o primeiro guia sobre aspectos
metodológicos de ACV denominado “Código de Prática” (SETAC, 1993). Depois
dessa publicação, houve um consenso para a continuidade desses trabalhos. O
passo seguinte foi a padronização da metodologia da ACV, dentro da Organização
Internacional de Padronização (ISO) que culminou com a publicação da série de
normas 14.040.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente12 (Unep) é outra organização
internacional que dissemina a ACV, principalmente em países em desenvolvimento.
A Unep e a Setac uniram esforços para fomentar o “Pensar o Ciclo de Vida13”
9
Do inglês Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research – EMPA.
Do inglês Society for Environmental Toxicology and Chemistry, foi fundada em 1979.
11
Os workshops foram: LCA, Vermont/EUA, em Ago./1990; LCA, Leiden/Holanda em Dez/1991; LCA Avaliação de Impacto, Flórida/EUA em Fev./1992 e LCA – Qualidade dos dados, Virginia/EUA, em 1992.
12
Do inglês United Nations Environment Programme.
13
Do inglês Life Cycle Thinking.
10
28
através do programa denominado “Iniciativa do Ciclo de Vida14”. Este programa tem
como meta desenvolver e difundir ferramentas práticas para identificar as
oportunidades, as compensações e os riscos associados aos produtos e serviços
durante todas as etapas do ciclo de vida. As principais áreas do programa são:
Gestão do Ciclo de Vida (GCV), Inventário do Ciclo de Vida (ICV) e Avaliação do
Impacto do Ciclo de Vida (AICV) (UDO de HAES, 2005; UNEP, 2004; FAVA, 2002).
A ACV também pode ser contextualizada dentro de um enfoque mais amplo
denominado “Abordagem do Ciclo de Vida15”. Inserir a ACV em um enfoque mais
amplo implica considerar a influência de nossas escolhas em cada etapa de um
processo e assim ponderar suas vantagens e desvantagens, contribuindo para a
economia, o meio ambiente e a sociedade. Essa abordagem abrangente ajuda a se
perceber de que maneira nossas ações (Ex. comprar uma camiseta nova) fazem
partes de um sistema (UNEP, 2004). Dentro dessa abordagem, utilizam-se como
meios para ajudar na tomada de decisões: ferramentas, programas e procedimentos
desenvolvidos com essa finalidade. Esse enfoque mais amplo, a Abordagem do
Ciclo de Vida, pode conter uma divisão: “abordagem analítica” e “abordagem prática”
(UDO de HAES, 2005). A Figura 6 mostra uma visão da Abordagem do Ciclo de
Vida.
A “abordagem analítica” contém ferramentas analíticas, checklists, modelos e
técnicas que são usadas para avaliar os efeitos de decisões em áreas científicas.
Um exemplo desta abordagem é a “Avaliação do Ciclo de Vida”. A “abordagem
prática” é utilizada para traduzir os resultados das ferramentas analíticas. Por
exemplo, governo e organizações podem promulgar “políticas de compras verdes”,
para apoiar o consumo de produtos e serviços com reduzido impacto ambiental
(UDO de HAES, 2005).
Toda a Abordagem do Ciclo de Vida é dirigida por conceitos-guia para alcançar a
Economia de Ciclo de Vida. Alguns exemplos desses conceitos são: a
sustentabilidade e o “Pensar o Ciclo de Vida. Ambas as abordagens (a analítica e a
prática) são suportes para os Dados e Informações. Os exemplos de Dados e
Informação são os bancos de dados com especificações de uso dos recursos e
emissões. A simples tomada de consciência para a importância de se pensar em
14
15
Do inglês Life Cycle Initiative.
Do inglês Life Cycle Approach.
29
termos do ciclo de vida completo de um produto é muitas vezes assumida como uma
das principais vantagens decorrentes da sua aplicação. Logo, “Pensar o Ciclo de
Vida” é um conceito importante para se alcançar a sustentabilidade, pois expande o
foco do produto para o seu ciclo de vida (FERRÃO, 1998). Facilita também as
interações entre as dimensões ambientais e econômicas dentro das empresas, que
encontram produtos e processos mais limpos, assim como vantagens competitivas
(SONNEMANN, 2005).
A área do programa “Iniciativa do Ciclo de Vida” denominada “Gestão do Ciclo de
Vida16” corresponde à gestão de produtos e serviços ao longo do ciclo de suas
vidas. Ela ocorre por meio da responsabilidade em relação ao produto, das compras
verdes ou da gestão responsável do resíduo. Essa gestão pode ser descrita como a
aplicação do “Pensar o Ciclo de Vida” na prática.
As principais normas sobre Avaliação do Ciclo de Vida foram elaboradas pela ISO e
têm suas similares brasileiras publicadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). No anexo A, encontra-se a relação dessas normas.
A ACV pode ser usada para:
o Identificar oportunidades de melhorias dos aspectos ambientais de produtos
em vários pontos de seu ciclo de vida;
o Avaliar a tomada de decisão na indústria, assim como nas organizações
governamentais e não governamentais (planejamento estratégico, projeto de
produto ou processo);
o Selecionar indicadores relevantes da performance ambiental, incluindo
técnicas de medição;
o Promover marketing institucional e de produto.
16
Do inglês Life Cycle Management.
30
CONCEITOS
- Desenvolvimento Sustentável
- Ecologia Industrial
- Princípio da Precaução
- Princípio do Risco
- Pensar o Ciclo de Vida
- Desmaterialização
- Eco-eficiência
ANÁLISE
PRÁTICA
FERRAMENTAS ANALÍTICAS
- Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
- Análise de Fluxo de Substância
- Avaliação de Risco Ambiental
- Análise de Custo Benefício
- Contabilidade Ambiental
- Pegada Ecológica
PROGRAMAS POLÍTICOS
- Contabilidade de Fluxo de Material
- Análise de Entrada e Saída Ambiental
- Contabilidade de Custo Total
- Custo de Ciclo de Vida
- Eficácia de Custo
- Avaliação de Produção mais Limpa
- Produção e Consumo Sustentável
- Compras Sustentáveis
- Política Integrada de Produto
- Política de Produto Químico
- Responsabilidade do Produtor
- Gestão Integrada de Resíduos
PROGRAMAS CORPORATIVOS
- Gestão do Ciclo de Vida
- Gestão da Cadeia de Suprimento
- Gestão de Fim de Vida
- Gestão do Produto
- Responsabilidade Social Corporativa
- Gestão Integrada de Material
INSTRUMENTOS POLÍTICOS
- Instrumentos legais Ex. Licenças e regulação
- Instrumentos financeiros. Ex. Taxas e subsídios
- Instrumentos de comunicação. Ex. Campanhas de comunicação
- Instrumentos estruturais. Ex. Confiabilidade
- Adesões voluntárias. Ex. Acordos entre indústria e governo
CHECKLISTS
Feitos para eco-design, gestão de resíduos, rótulos ambientais e gestão
ambiental nas empresas.
MODELOS E TÉCNICAS
Os modelos freqüentemente utilizados são: modelos ecológicos e modelos
de alocação. Exemplos de técnicas são: pesagem, análise de incerteza,
análise de sensibilidade e normalização.
FERRAMENTAS DE PROCEDIMENTO
- Sistema de Gestão Ambiental
- Projeto para Sustentabilidade
- Sistema de Certificação Ambiental
- Rotulagem Ambiental
- Avaliação de Impacto Ambiental
- Relatórios de Sustentabilidade
- Evolução da Performance Ambiental
DADOS E INFORMAÇÃO
Dados Quantitativos
- Dados de Processo Ambiental
- Dados Genéricos
- Referências
-
- Dados Qualitativos
- Dados Técnicos de Processos
- Dados Específicos
- Benchmarking
Figura 6 - Abordagem do Ciclo de Vida, consistindo de análise e prática direcionadas por conceitos e baseadas em dados e informações.
Fonte: UDO de HAES, 2005.
31
A Avaliação do Ciclo de Vida inclui as seguintes fases:
a) Definição dos objetivos e escopo de trabalho – Os objetivos devem ser
claramente definidos e consistentes com a aplicação pretendida. A sua definição
deve incluir, de forma clara, os propósitos pretendidos e conter todos os aspectos
considerados relevantes para direcionar as ações que deverão ser realizadas
(CHEHEBE, 1998).
b) Análise de inventário – É a fase de coleta e quantificação de todas as variáveis
(matéria-prima, energia, transporte, emissões atmosféricas, efluentes líquidos,
resíduos sólidos etc.) relacionadas com a análise de vida de um produto ou
processo. A condução do inventário é um processo interativo. A seqüência de
eventos envolve a checagem de procedimentos de forma a assegurar que os
requisitos de qualidade estabelecidos na primeira fase sejam obedecidos
(CHEHEBE, 1998).
c) Avaliação de impacto – Representa o entendimento e a avaliação da significância
de impactos ambientais potenciais, usando os resultados da análise de inventário
(CHEHEBE, 1998).
d) Interpretação – Consiste na identificação e análise dos resultados obtidos nas
fases de inventário e/ou avaliação de impacto de acordo com o objetivo e o escopo
previamente definidos pelo estudo. Os resultados desta fase podem tomar a forma
de conclusões e recomendações aos tomadores de decisão (CHEHEBE, 1998).
Para o desenvolvimento da metodologia da ACV, muitos debates em conferências e
workshops aconteceram. A adoção de uma determinada estrutura ocorreu por meio
de um processo contínuo, envolvendo diferentes fases de um estudo de ACV. A
Figura 7 ilustra o desenvolvimento da estrutura da ACV no decorrer dos anos
(BAUMANN &TILLMAN, 2004).
32
1992
1990
Objetivo
Análise de Impacto
do Ciclo de Vida
Análise de Melhorias
do Ciclo de Vida
Inventário
Avaliação do
Ciclo de Vida
Análise de Impacto
Valoração / Análise
de melhorias
Inventário do Ciclo
de Vida
Depois do workshop, Smugglers Notch em
1990 (SETAC apud Baumann &Tillman, 2004)
Interpretação da Chalmers da estrutura da SETAC
(Ekvall apud Baumann &Tillman, 2004)
1993
Avaliação de Impacto
Avaliação de melhorias
Objetivo
e Escopo
Análise de Inventário
No Código de Prática da SETAC 1993
(SETAC apud Baumann &Tillman, 2004)
1997
Norma ISO 14.040
Figura 7 – Apresentações da estrutura da ACV no decorrer dos anos.
Fonte: BAUMANN &TILLMAN, 2004.
33
Existem casos de aplicações parciais da ACV. Uma aplicação parcial pode ser
suficiente para os objetivos de um determinado estudo. Existem três variações da
ACV parcial, conforme mostra o Quadro 1.
Quadro 1 - Simplificações para a Avaliação do Ciclo de Vida
Técnicas
Abordagem
Cradle-to-gate
Eliminação de etapas posteriores: todos os processos após a
manufatura do produto são excluídos.
Gate-to-grave
Eliminação de etapas anteriores: todos os processos anteriores
à manufatura do produto são excluídos.
Gate-to-gate
Somente o estágio de fabricação é considerado.
Fonte: NICOLETTI apud ALMEIDA, 2002.
Vários autores já escreveram sobre a importância do banco de dados para um
estudo de ACV, pois a etapa de inventário requer uma grande quantidade de dados
a serem levantados, além do conhecimento da área a ser trabalhada. Borges (2004)
descreve que os bancos de dados reduzem o tempo de estudos e os custos e
originam dados confiáveis e de boa qualidade. Conseqüentemente, auxiliam
corretamente em decisões de gerenciamento ambiental. Mas, para que isso ocorra,
faz-se necessário que esse banco de dados contenha inventários de elementos
comuns a vários ciclos de vida, como: energia, metal, plásticos, transportes etc.
Neste capítulo, descreveu-se a importância da ACV como um instrumento para a
sustentabilidade. A definição da ACV também foi abordada. Mostrou-se a evolução
dessa ferramenta desde os primeiros estudos desenvolvidos pela Coca-Cola em
1969 até a união da Setac e Unep, através do Programa de Iniciativa do Ciclo de
Vida, criado para disseminar o Pensar o Ciclo de Vida, principalmente em países em
desenvolvimento. A ACV foi definida dentro de uma contextualização mais
abrangente, a Abordagem do Ciclo de Vida. No próximo capítulo, será apresentado
o panorama da ACV no mundo, tanto em regiões/países desenvolvidos (Suíça,
Região Nórdica, Holanda, Alemanha, Japão e América do Norte), como em
regiões/países em desenvolvimento (China, África do Sul e América Latina).
34
3 PANORAMA DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO MUNDO
Muitos países desenvolvidos possuem iniciativas em que a ferramenta ACV é
utilizada, com ações nas empresas, no governo e na academia. A União Européia
está bem avançada na abordagem da ACV, possuindo desde bancos de dados já
consolidados, o desenvolvimento de softwares e até políticas públicas com base
nessa ferramenta. Nesse sentido, destaca-se a “Política Integrada de Produto17”
(IPP), que se constitui de políticas ambientais que procuram minimizar os impactos
causados pelos produtos e serviços através do seu ciclo de vida, utilizando
instrumentos de gestão que atuam na produção e consumo desses produtos.
A União Européia desenvolveu, em 1993, o Quinto Programa de Ação Ambiental
denominado “Towards Sustainability”, no qual estabelecia a necessidade de maior
abrangência das políticas ambientais (FERRÃO, 2000). Em 1997, a Comissão
Européia encomendou um estudo sobre a IPP. A principal característica desse
estudo foi a sua abordagem, cuja abrangência atingia ações, agentes e impactos ao
longo do ciclo de vida dos produtos. Esse estudo analisou a evolução da IPP nos
Estados-Membros e a utilização do conceito de ciclo de vida dos produtos pelas
empresas e pelos consumidores (COMISSÃO EUROPÉIA, 2001).
Esse estudo identificou cinco pilares da IPP. São eles:
o Administração de resíduos, visando reduzir e gerir resíduos criados durante o
consumo de produtos;
o Inovações de produtos ‘verdes’, buscando incentivar o desenvolvimento de
produtos menos danosos ao meio ambiente;
o Criação de mercados, com o intuito de desenvolver mercados capazes de
absorver os produtos ‘verdes’ criados;
o Transmissão de informações ambientais, visando à difusão, ao longo da
cadeia produtiva, de informações capazes de levar ao desenvolvimento de
tais produtos;
o Atribuição de responsabilidades, de forma que cada agente econômico
assuma a sua parcela de responsabilidade no processo (PALHARES, 2003).
17
Do inglês Integrated Product Policy.
35
Com base nesse estudo, em dezembro de 1998, a Comissão Européia organizou
um workshop para discutir a IPP. As partes interessadas estiveram presentes com
mais de 180 participantes (autoridades públicas, empresas, consumidores e
organizações ambientais). Foi iniciada uma discussão das definições, prioridades e
dos objetivos para a IPP na Comunidade. Nas conclusões gerais, estabeleceu-se o
consenso em relação ao interesse de uma abordagem de ciclo de vida do produto e
ao envolvimento das partes interessadas. Em maio de 1999, aconteceu uma reunião
com os ministros responsáveis pelo tema de meio ambiente da Europa, em Weimar
(Alemanha), em que eles reconheceram a necessidade de desenvolver uma
abordagem integrada, que envolvesse toda a sociedade e que contemplasse todo o
ciclo de vida dos produtos. Em fevereiro de 2001, a Comissão Européia adotou o
Livro Verde da IPP, com o objetivo de iniciar um debate público sobre a referida
proposta e os seus elementos e de conhecer as perspectivas em relação às partes
interessadas, à ecologização dos produtos e à abordagem da IPP,
Um dos desdobramentos dessa iniciativa foi o projeto denominado “Plataforma
Européia em Avaliação do Ciclo de Vida18” – que iniciou suas atividades em 2005 e
tem previsão de término em 2008 – para disseminar o “Pensar o Ciclo de Vida” em
negócios e numa variedade de políticas, dentro da União Européia. Dentro desse
projeto, está sendo desenvolvido o banco de dados de ACV europeu, com acesso
gratuito, denominado “Sistema de Dados de ACV de Referência Europeu19 (ELCD)”,
que já possui mais de 110 “conjuntos de dados” de Inventário de Ciclo de Vida (ICV)
de várias associações industriais20 (EUROPEAN PLATFORM ON LCA, 2006).
Outra questão em destaque com a utilização da ACV é a Rotulagem Ambiental Tipo
III, (ISO 14.025), preparada como uma parte do trabalho do comitê da ISO TC/207,
da série ISO 14.000. Foi publicada pela ISO21, em 30 de Junho de 2006, para uso
em comunicação em business-to-business. O Brasil, por meio do CB-38/SC03, se
absteve na votação que permitiu o lançamento internacional dessa norma (FIESP,
18
Do inglês European Platform on Life Cycle Assessment.
Do inglês European Reference Life Cycle Assessment Data System (ELCD).
20
São elas: European Confederation of Iron and Steel Industries (EUROFER); Association of Plastics
Manufacturers in Europe (PlasticsEurope); The European Federation of Corrugated Board Manufacturers
(FEFCO); European Container Board Organization (ECO). Estão para ser adicionadas: European Aluminium
Association (EAA) e European Copper Institute (ECI).
21
Site ISO: <http://www.iso.org/iso/en/CatalogueDetailPage.CatalogueDetail?CSNUMBER=38131&
ICS1=13&ICS2=20&ICS3=50&scopelist=>
19
36
2006). Segundo consta na estrutura disponível no site da ABNT22, o subcomitê de
Rotulagem Ambiental é coordenado por um membro da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), do sistema da Confederação Nacional da Indústria
(CNI). Logo, a mencionada abstenção demonstra a posição dos empresários
brasileiros, que ainda não se sentem preparados para este tipo de rotulagem
baseada em estudos de ACV.
A organização internacional, GEDnet (Rede Global de Declaração Ambiental de
Produtos Tipo III) tem promovido a cooperação e a troca de informações sobre
Rotulagem Ambiental Tipo III entre seus membros. São participantes os seguintes
países: Japão, Canadá, Alemanha, Coréia do Sul, Noruega, Dinamarca, China, EUA
e Suécia (GEDnet, 2006).
Existem várias demandas de mercado baseadas em ACV, principalmente européias,
referente às exigências comerciais do Rótulo Tipo III. O governo sueco tem
fomentado a implementação de um programa nacional desse rótulo. O Conselho de
Gerenciamento Ambiental Sueco é o órgão responsável por informações e registro
sobre o tema. Trata-se de um sistema aberto para todos os produtos e serviços e
acessível a todo importador, fabricante e varejista. Existe um programa oficial de
declaração ambiental tipo III, chamado “EPD System23”, baseado na ISO 14.025.
Atualmente, sete países (Bélgica, Itália, Japão, Coréia do Sul, Noruega, Polônia e
Suécia) juntaram-se a esse programa, que está aberto para qualquer país
interessado e aos poucos está sendo convertido em um sistema internacional. Este
sistema possui um site com orientações e informações para o processo de
declaração ambiental tipo III e também está ligado à GEDnet (EPD, 2006).
Deve-se destacar outra iniciativa na Europa, denominada COST Action 530 –
Sustainable Materials Technology – Life Cycle Inventories for Environmentally
Conscious Manufacturing Processes. Deste grupo, participam vários países
europeus para adoção de uma tecnologia de materiais sustentáveis. É uma estrutura
aberta para cooperação européia no campo de ACV e de métodos relacionados.
Mais de doze países europeus confirmaram a sua participação. O objetivo principal
22
23
<http://www.abnt.org.br/cb38/ >
Do inglês Environmental Product Declaration System.
37
da COST Action 530 é construir um elo entre a pesquisa de ACV e as necessidades
da indústria (EMPA – COST Action 530, 2006).
Além da Rotulagem Ambiental Tipo III, existem também outras diretivas européias
que podem causar impacto no meio empresarial, principalmente naquele que
exporta seus produtos para a Europa. Essas diretivas são:
o Reciclagem de Produtos Eletroeletrônicos – WEEE (Waste from Electrical and
Electronic Equipment) – é baseada no princípio do ‘Poluidor-Pagador’ e atribui ao
fabricante a responsabilidade pelo gerenciamento do final do ciclo de vida do seu
produto. Diretiva 2002/96/EC publicada em 2003 e implementada a partir de 2004
(EUROPA, 2006).
o Restrição de Uso de Substâncias Nocivas – RoHS (Restriction of Hazardous
Substances) – trata da restrição do uso de seis24 substâncias perigosas na
fabricação de vários tipos de equipamentos eletroeletrônicos, passou a vigorar a
partir de 1º de junho de 2006. Diretiva 2002/95/CE publicada em 2003 pela União
Européia (EUROPA, 2006).
O panorama da ACV no mundo será desenvolvido da seguinte forma:
o ACV em regiões/países desenvolvidos
Europa – Suíça, Países Nórdicos, Alemanha e Holanda;
Ásia – Japão;
América do Norte – EUA e Canadá.
o ACV em regiões/países em desenvolvimento
China;
África do Sul;
América Latina – Argentina, Chile, Colômbia e México.
24
Chumbo, mercúrio, cádmio, cromo hexavalente e retardadores de chama utilizados em plásticos: polibromatos bifenílicos
(PBBs), e polibromatos bifeníl-éteres (PBDEs).
38
3.1 Regiões / países desenvolvidos
3.1.1 Suíça
Desde o início da década de 90, vários institutos suíços começaram a desenvolver
seus próprios bancos de dados para estudos de Avaliação do Ciclo de Vida. Como
os esforços não estavam concentrados, existiam limitações, tais como: origens de
dados diferentes e muito tempo gasto em atualizações dos bancos de dados. Assim,
em 1998, o Instituto Federal Suíço para Pesquisa e Teste de Materiais (EMPA) e
diversos institutos governamentais, em parceria, fundaram o Centro Suíço de
Inventário de Ciclo de Vida e lançaram o projeto Ecoinvent, banco de dados de
inventário de ciclo de vida (HISCHIER, 2005).
Segundo Hischier (2005), o banco de dados suíço consiste em valores médios para
um grande número de materiais, sistemas de energia, de transporte, de disposição
de resíduos etc. O Ecoinvent possui em seu banco de dados mais de 2700 conjunto
de dados válidos para as condições da Suíça e parte da Europa. A Figura 8 ilustra o
conteúdo do banco de dados e os institutos responsáveis. O investimento total para
a sua criação foi de 1,15 milhão de euros, a maior parte oriunda do setor público
(governo e suas instituições). O acesso ao banco de dados do inventário custa 1,2
mil euros. Esse valor é pago uma vez e os dados ficam então disponíveis até que o
número da versão do programa que os armazena mude (Ex. Quando for publicada a
versão 2 do Ecoinvent, todos os clientes que desejarem continuar têm que pagar
novamente) (HISCHIER, 2006). Segundo Hischier (2005), os fatores de sucesso
desse projeto foram:
•
Parcerias realizadas (com o Centro Ecoinvent; com os produtores de
softwares e com as partes interessadas);
•
Gestão da informação;
•
Dados harmonizados;
•
Formato de troca de dados: EcoSPOLD.
39
EMPA SG
FAL
•
Plásticos
•
Papel
& Papelão
Your Research and Testing
Institution
•
Químicos básicos
•
Detergentes
•
Tratamento de Resíduos
•
Agricultura
PSI
•
EMPA Dü
•
•
•
•
Banco
Banco
de de
dados
dados
central
central
Metais
Materiais de construção
Madeira e floresta
Químicos básicos
Suprimento de energia
Combustíveis
Eletricidade
Calor
ETHZ ICB
ETHZ UNS
•
•
Químicos básicos
Transportes
Figura 8 – Conteúdo do banco de dados e os institutos responsáveis
Fonte: HISCHIER, 2005.
3.1.2 Região Nórdica
O Conselho Nórdico de Ministros iniciou, em 1991, um projeto em Avaliação do Ciclo
de Vida. As atividades de ACV na Região Nórdica (Suécia, Dinamarca, Noruega, e
Finlândia) foram desenvolvidas em empresas e institutos de pesquisas, resultando
numa publicação denominada Nordic Guidelines on Life-Cycle Assessment
(LINDFORS, 1995).
Na Dinamarca, a Sociedade para a Promoção do Desenvolvimento da ACV25
(SPOLD) iniciou suas atividades em 1992, como uma associação de indústrias
interessadas em acelerar o desenvolvimento de ACV como sendo uma ferramenta
de desenvolvimento sustentável. No período de 1995 a 1997, em parceria com
diferentes organizações, desenvolveu o “formato SPOLD”, para troca de inventário
de ciclo de vida, permitindo que os dados fossem compreendidos, comparados e
trocados (SPOLD, 2006). No início deste século, foi desenvolvido o formado
EcoSPOLD a partir do SPOLD 99 e do formato de relatório dos dados da ISO/TS
14.048. A maioria dos softwares de ACV disponíveis comercialmente (CMLCA,
25
Do inglês Society for the Promotion of LCA Development.
40
EMIS, GaBi, KCL-eco, Regis, SimaPro, TEAM e Umberto) pode importar e exportar
dados do EcoSPOLD (CURRAN, 2006). Existe também o Centro Dinamarquês de
ACV26, que fomenta a ACV e a “Abordagem do Ciclo de Vida” e é financiado em
parte pela Agência de Proteção Ambiental Dinamarquesa. Nesse centro, foi
desenvolvido o banco de dados EDIP, que poderá tornar-se acessível através da
versão do “GaBi EDIP”, ou adquirido separadamente (LCA-CENTER, 2006).
A Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, começou as suas atividades
com ACV em 1990, com um estudo sobre materiais de embalagens. Questões
metodológicas (alocação, limites do sistema, papel da ACV nos processos de
tomada de decisão) foram discutidas no “Projeto Ecologia do Produto”, coordenado
pela Federação das Indústrias Sueca, em parceria com outras instituições de
pesquisa. Em 1996, foi criado o CPM27, dentro da Universidade de Chalmers
(CARLSON, 1998; CPM, 2006). O CPM é igualmente financiado pelo governo, pela
indústria e a universidade. O trabalho é desenvolvido por membros da Universidade
de Chalmers ou das indústrias. O sistema organizacional do banco de dados sueco
é parcialmente acadêmico e principalmente industrial e multisetorial (PÁLSSON,
2004). Foi desenvolvido um banco de dados baseado na descrição ambiental dos
produtos, um formato denominado SPINE (CPM, 2006).
3.1.3 Holanda
Nesse país, foi criado em 1997 um projeto em política ambiental de ACV com a
participação do governo, por meio de três ministérios, e da academia, por meio do
Instituto de Ciências Ambientais (CML28) da Universidade de Leiden. O CML
também desenvolveu um software de ACV denominado CMLCA29 (LEIDEN
UNIVERSITY, 2006). O referido instituto teve uma posição de destaque dentro do
debate europeu no desenvolvimento de uma metodologia padrão de ACV. Em 1992,
o mesmo publicou o Guide and Backgrounds30, que foi um marco para uma
fundamentação científica da metodologia da ACV (GABATHULER, 2006). A Holanda
26
Do inglês LCA Center Denmark.
Do inglês Center for Environmental Assessment of Product and Material Systems (CPM)
28
Do holândes Centrum voor Milieuwetenschappen Leiden (CML).
29
Do inglês Chain Management by Life Cycle Assessment (CMLCA).
30
A versão em inglês foi publicada em 1993.
27
41
também produziu um dos mais conhecidos softwares de ACV, denominado Simapro,
desenvolvido pela empresa Pré Consultants.
3.1.4 Alemanha
A Alemanha foi um dos países pioneiros no desenvolvimento de um banco de dados
de ICV disponíveis ao público. Em 1989, foi criado o “Modelo de Emissão Global
para Sistemas Integrados” (GEMIS)31. Esse banco de dados oferece informações
sobre energia, material e transporte. Atualmente, já está na versão 4.3, disponível
em site e possui versão multilínguas (GEMIS, 2007; NORRIS, 2002). Em 2002,
criou-se a “Rede Alemã de Inventários do Ciclo de Vida32”, que é uma plataforma de
cooperação e informação envolvendo a academia, indústria e o governo. Foi uma
iniciativa do Centro de Pesquisa Karlsruhe (FZKarlsruhe) que contou com o apoio do
Ministério Federal Alemão de Educação e Pesquisa. Essa rede visa fornecer dados
melhorados e harmonizados de ICV para diferentes grupos de usuários (academia,
indústria e sociedade). Os grupos de trabalho foram divididos em áreas
interdependentes: metodologia, fonte e aplicação de dados de ICV. A rede funciona
com aproximadamente 30 instituições participantes (SCHEBEK, 2004).
Dois importantes softwares de ACV foram desenvolvidos na Alemanha. O software
Umberto, de gestão ambiental e análise de fluxos de materiais e energia, foi
desenvolvido pelo Instituto de Informática Ambiental Hamburg Ltda (IFU), em
parceria com o Instituto de Pesquisas sobre Energia e Meio Ambiente33 (IFEU)
(UMBERTO, 2006). O outro é o software Gabi desenvolvido pela PE Europe e a
Universidade de Stuttgart.
3.1.5 Japão
O Japão desenvolveu um Projeto Nacional de Avaliação do Ciclo de Vida como
estratégia do Fórum Japonês de ACV, que foi estabelecido dentro da Associação
31
Do inglês Global Emissions Model for Integrated Systems (GEMIS).
Do inglês German Network on Life Cycle Inventory Data.
33
O Institute for Energy and Environmental Research (IFEU) foi fundado em 1972 por pesquisadores da
Universidade de Heidelberg, mas funciona com independência e é organizado como companhia privada.
32
42
Japonesa de Gestão Ambiental para a Indústria34 (JEMAI), com apoio do Ministério
da Indústria e Comércio Internacional35 (METI) e da Organização para o
Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Energia36 (NEDO). Várias entidades
participaram deste projeto, como governo, instituições de pesquisa, indústria e
academia, o que contribuiu para o avanço das atividades do país (NARITA, 2004;
FINKBEINER, 2000, ZAKARIA, 1999). Uma das características do projeto japonês é
que o banco de dados foi construído com dados primários, ou seja, coletados
diretamente das indústrias participantes.
Segundo o JEMAI (2005), os estudos abrangeram os seguintes itens:
•
Construção de um banco de dados público japonês;
•
Regras de aplicação da ACV;
•
Sistema de educação e popularização para o público e a indústria.
A primeira fase do projeto durou 5 anos, de 1998 a 2003, da qual resultou um banco
de dados público, em japonês, construído com dados de inventário de ACV
desenvolvidos Gate to Gate, ou seja, somente o estágio de fabricação foi
considerado. Sagisaka (2005) relata que o Projeto Nacional Japonês tem outras
fases: a segunda de 2003 a 2005 e a terceira a partir de 2006.
Narita (2003) e Sagisaka (2005) descrevem que três comitês foram estabelecidos
dentro do JEMAI, com especialistas da indústria, do governo e da academia (Figura
9). São eles:
•
Estudo de Inventários;
•
Estudo de Banco de Dados;
•
Avaliação de Impacto.
34
Do inglês Japan Environmental Management Association for Industry (JEMAI).
Do inglês Ministry of Economy Trade and Industry (METI).
36
Do inglês New Energy and Industrial Technology Development Organization (NEDO). .
35
43
METI
NEDO
JEMAI
Estudo de Inventários
WG-1: Coleta de Dados
WG-2: Reciclagem e Resíduo
Presidente: Takamatsu (Nippon Steel)
Harada (NRIM)
Comitê de Direção
Presidente:Yamamoto (Tokyo Univ.)
Estudo de Banco de dados
Comitê consultivo
Presidente:Inaba (AINST)
Setores: acadêmico & industrial
Fórum Japonês de ACV
Estudo de Avaliação de Impacto
Presidente: Sakai (Tókio Univ.)
Figura 9 – Organização do projeto de ACV japonês
Fonte: SAGISAKA, 2005.
Esses três comitês foram encarregados de cumprir o desenvolvimento de
determinadas atividades, como será descrito a seguir:
Comitê de Estudo de Inventários – É formado por dois grupos de trabalho (WG-1 e
WG-2). O primeiro desenvolveu dados de inventário coletados na produção e o
segundo, dados de inventário levantados nos processos de resíduo e reciclagem. O
trabalho desenvolvido pelo WG-1 teve uma característica importante, pois os dados
das associações industriais tiveram um caráter voluntário e uma larga abrangência,
indo desde a extração de recursos até indústria de montagem (Figura 10). Além das
22 associações de indústrias (membros), outras 32 cooperaram nesse projeto como
parceiras. O resultado do inventário obtido foi, aproximadamente, 250 produtos
industriais.
44
Fluxo do Ciclo de Vida de Produtos
Recursos
Energéticos
Materiais
Partes
9.
Investigação por
5.
6.
7.
8.
Ferro e aço
Alumínio
Papel
Borracha
Reciclagem
Partes
de
automóveis
10. Automóvel
11. Maquinário industrial
12. Arquitetura
consultores
13.
14.
15.
16.
Equipamentos eletrônicos
Indústria Eletrônica
Indústria de comunicações
Equipamentos p/ indústria de óleo e gás
Investigação por consultores
Petróleo
Energia Elétrica
Gás
Mineração
Uso
Investigação por consultores
1.
2.
3.
4.
Produto
Figura 10 – Associações industriais que participaram do Projeto de ACV desenvolvido no
Japão
Fonte: SAGISAKA, 2005.
Comitê de Estudo de Banco de Dados – Desenvolveu um software para a coleta de
dados que foi utilizado por todas as associações industriais no fornecimento de
informações que compuseram o próprio banco de dados. Este comitê construiu um
sistema que pode ser acessado pelos usuários através de meio eletrônico.
Comitê de Estudo de Avaliação de Impacto – Conduziu a pesquisa para a criação de
cálculo de danos, específico para o Japão, baseado em sistema de avaliação de
impacto.
3.1.6 América do Norte
O desenvolvimento e a aplicação de ACV na América do Norte estão num estágio
mais atrasado em relação à Europa, que tem consolidado várias práticas de ACV,
principalmente em relação às políticas públicas e aos bancos de dados. Segundo
Fava (2004), faz-se necessário o “desenvolvimento de competências” (FAVA, 2004,
p. 8) de ACV, ou seja, habilidades, série de dados (data sets), ferramentas e
conhecimentos para incorporar informações nos processos de tomadas de decisões
45
públicas e privadas. Nos EUA, desde 2001, os esforços estão concentrados no
Banco de Dados de Inventário do Ciclo de Vida Americano37, que contém dados do
cradle-to-gate e gate-to-gate. Esse banco de dados está hospedado no National
Renewable Energy Laboratory (NREL). As agências e os representantes financeiros
da indústria, a academia e os consultores deram o suporte necessário para o
projeto. Como resultado, um grupo de 45 representantes de indústrias, governo e
organizações-não-governamentais, além de especialistas em ACV, trabalharam
juntos para criar o guia U.S. LCI Database Project Development Guidelines (NREL,
2006; CURRAN, 2006).
No Canadá, a ACV está sendo conduzida por dois caminhos: governo e academia.
O primeiro procura abordagens de sistemas integrados para evolução e gestão das
questões ambientais desde os anos 90. Destaca-se a sua contribuição na
divulgação de ACV através de publicações, documentos, workshops e o boletim
informativo Ecocycle. O segundo, a academia, trabalha em um campo rico em
teorias, metodologias, dados e aplicações (YOUNG, 2003). Entre as suas
colaborações, destacam-se o Banco de Dados de Matérias Primas Canadenses38 e
o Instituto de Materiais Sustentáveis Athena (FAVA, 2002; FAVA, 2004; YOUNG,
2003).
Nos últimos anos, os avanços do “Pensar o Ciclo de Vida” e ACV na América do
Norte têm se dado através das seguintes instituições (FAVA, 2004):
•
Programa “Iniciativa de Ciclo de Vida” da Unep/Setac;
•
O Centro Americano para Avaliação do Ciclo de Vida (ACLCA39), que foi formado
em 2001 para aumentar o conhecimento e uso de ACV (ACLCA, 2005);
•
A Sociedade Internacional para a Ecologia Industrial40, que possui uma das
vertentes em ACV;
•
As atividades do Conselho de Pesquisa Nacional do Canadá41, organização do
governo, para pesquisa e desenvolvimento;
37
Do inglês U.S. Life-Cycle Inventory (LCI) Database.
Do inglês Canadian Raw Materials Database.
39
Do inglês American Center for Life Cycle Assessment (www.lcacenter.org).
40
<www.is4ie.org >.
41
Do inglês National Research Council (http://dfe-sce.nrc-cnrc.gc.ca/overview/lifeCycle_e.html).
38
46
•
Centro de Pesquisa Interuniversidade para Avaliação do Ciclo de Vida de
Produtos, Processos e Serviços – CIRAIG42, uma iniciativa acadêmica, com mais
de 30 pesquisadores na área de ACV e Gestão de Ciclo de Vida, dando suporte
às indústrias e governo.
Algumas empresas como a 3M e United Technologies têm utilizado o “Pensar o
Ciclo de Vida” para ajudar a incorporação de considerações ambientais com a
finalidade de estimular a inovação. No Canadá, os primeiros estudos foram
realizados pelas maiores companhias e grupos industriais. No início dos anos 1990,
foram realizados estudos para o alumínio, plásticos, indústrias de papel, aço e
outros metais, resultando num grande número de trabalhos de pesquisa e
publicações, alguns em parceria com empresas dos EUA. Em 1991, a empresa
Alcan Alumínios fez parte de um estudo de ICV em latas de bebidas de alumínio na
América do Norte, desde a sua produção até a reciclagem e disposição. Nesse
mesmo ano, o Conselho da Indústria de Plásticos e Ambiente43 contribuiu para o ICV
na América do Norte em sete resinas. Os estudos de ACV e o interesse na área,
resultaram na padronização da ACV, iniciados pela Associação de Padronização
Canadense44 (FAVA 2004; YOUNG, 2003).
3.2 Regiões / países em desenvolvimento
Em geral, nos países em desenvolvimento o interesse da indústria e do governo em
ACV é baixo. Praticamente, todas as atividades relacionadas a esse tema são
desenvolvidas pela academia e por institutos de pesquisas (CURRAN, 2006). Por
outro lado, muitas matérias-primas e produtos básicos utilizados nos países
desenvolvidos são produzidos nos países em desenvolvimento. Assim, a exigência
da rotulagem ambiental para os produtos manufaturados nos países em
desenvolvimento pode tornar-se uma barreira comercial. Outra questão é a falta de
cooperação entre os atores envolvidos em ACV (ARENA, 2001).
42
Do inglês Interuniversity Research Centre for the Life Cycle of Products, Processes and Services.
(http://www.polymtl.ca/ciraig/ciraig_eng.html).
43
Do inglês Industry´s Environment and Plastics Industry Council.
44
Do inglês Canadian Standards Association.
47
3.2.1 China
O governo chinês tem reconhecido a importância da ACV, delegando a
responsabilidade para o desenvolvimento dessa ferramenta à Agência de Proteção
Ambiental Nacional45. Tem havido também participação da academia, onde as
atividades de ACV têm sido mais ativas nas pesquisas em materiais (ZAKARIA,
1999). Desde o inicio da década de 90, várias universidades, empresas e diversos
laboratórios nacionais têm desenvolvido pesquisas sobre ecomateriais, com o
suporte do governo. O projeto de pesquisa denominado “Avaliação do Ciclo de Vida
dos materiais”, foi lançado em 1998. Em 2001, deu-se a continuação desses estudos
com o projeto “Avaliação do Ciclo de Vida de materiais e sua aplicação” (20012005). Essa pesquisa focou os materiais avançados compatíveis com o meio
ambiente, a medição do impacto ambiental (combinado com os materiais típicos) e o
desenvolvimento de materiais ambientais avançados. Foi criado também um banco
de dados básico. Ao mesmo tempo, o governo de Beijing também fomentou um
projeto de “Análise de Fluxo de Materiais e Banco de Dados” (NIE, 2003).
3.2.2 África do Sul
As atividades de ACV estão geralmente restritas à academia e aos institutos de
pesquisa. A indústria e o governo ainda não perceberam os benefícios da aplicação
da ferramenta (CURRAN, 2006).
3.2.3 América Latina
Os estudos de ACV na América Latina ainda estão incipientes, pois conduzir uma
ACV requer especialistas, custos envolvidos para a realização, tempo e dados
disponíveis (ARENA, 2001). Criou-se a “Rede Latino-Americana de Ciclo de Vida”,
uma parceria de instituições de ensino do Brasil e de outros países da América
Latina. Essa rede possui um projeto aprovado numa das instituições de fomento à
pesquisa no Brasil (CNPq), denominado “Projeto Sul-americano do Ciclo de Vida na
Produção de Metais”, que iniciou em 2006 e está previsto para encerrar no final de
45
Do inglês National Environment and Protection Agency.
48
2007. Nesse projeto, cada membro participa com artigos e trabalhos desenvolvidos
no seu país. Esse grupo publicou também em conjunto o livro “A Avaliação do Ciclo
de Vida - a ISO 14.040 na América Latina” (CALDEIRA-PIRES, 2005).
Algumas iniciativas para construção de banco de dados na América Latina já foram
iniciadas como, por exemplo, o projeto da Argentina, pela Universidade Tecnológica
Nacional (Mendoza), sem aporte financeiro no momento. No Chile, o trabalho está
sendo desenvolvido para dados de eletricidade; na Colômbia, também começou a
ser formado um banco de dados nacional; no México, o trabalho começou com
eletricidade e metais, em 2002, e continua, estendendo-se para outros setores
(combustíveis, substâncias químicas e alguns materiais de construção). Em 2005,
iniciaram-se as atividades do Mexican Center for LCA and Sustainable Design, que
agora gerencia o banco de dados e está trabalhando com o governo e a indústria
(CURRAN, 2006). No Brasil, destacam-se os estudos acadêmicos de mestrado e
doutorado desenvolvidos nas universidades.
3.3 Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC 46)
Nas últimas décadas, aconteceram importantes conferências e workshops que
fomentaram a ACV.
As atividades de ACV no Japão, Coréia, China, Taiwan e
Austrália têm sido muito ativas, através de padronização de metodologias,
desenvolvimento de banco de dados, pesquisa aplicada e desenvolvimento de
softwares. Em relação a esses países, vale destacar a importância de haver uma
instituição formal responsável pelas atividades de ACV, com a participação do
governo, indústria e academia/instituições de pesquisa. Nos países onde ACV está
mais desenvolvida, observa-se que a participação do governo é fundamental para
dar suporte às atividades, através de recursos financeiros, na promoção da idéia e
na sua implementação. A participação de outros países da APEC é também muito
importante para o seu desenvolvimento e troca de experiências (ZAKARIA, 1999).
A organização que fomenta a ACV na APEC é a “Rede de Pesquisadores de ACV
para membros da APEC47” (CURRAN, 2006).
46
São Países-Membros da APEC: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia,
Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Estados Unidos da América, China, Taiwan, México, Papua
Nova Guiné, Peru, Rússia e Vietnã.
49
3.4 Consolidação dos bancos de dados no mundo
Alguns bancos de dados de ACV já estão consolidados, como os da Suíça e do
Japão, que refletem a realidade destes países, principalmente na matriz energética,
outros se encontram na fase de projeto ou em andamento (Quadro 2). No setor
industrial, não foram encontrados bancos de dados em andamento. Existem bancos
de dados de ACV desenvolvidos por Consultores e Institutos de Pesquisas que já
estão concluídos (Dinamarca, França, Suécia) e outros em andamento que não
foram aprofundados nesta pesquisa.
No Quadro 3, apresenta-se um resumo dos países (Suíça, Japão, Suécia,
Alemanha, Dinamarca e EUA), que possuem bancos de dados de ACV, com suas
principais características. Observa-se a importância das parcerias entre governo,
indústria e academia/instituições de pesquisa, como no caso do Japão, da Suécia e
Alemanha, para o seu desenvolvimento. Já na Suíça, há uma característica
diferente, a formação do banco de dados deu-se através da junção de vários
institutos governamentais. A cobertura geográfica desses bancos de dados varia de
uma abrangência nacional, no caso do Japão, da Alemanha, Dinamarca e dos EUA;
de um continente, no banco de dados Suíço; até global, como o caso da Suécia. O
acesso a esses bancos de dados é permitido através do pagamento de uma taxa de
licença; exceto o da Alemanha, cuja formação ainda está em andamento, e dos
EUA, que é grátis. Em relação ao número de conjunto de dados (datasets) que
compõem o banco de dados, a Suíça possui o maior número entre os analisados
(>2700), seguido pelo Japão (> 600).
47
Do inglês LCA Researcher Network for APEC member Economies (APLCANET).
50
Quadro 2 – Banco de dados de ICV por status do projeto e organização que o coordena
Concluído
Itália (I-LCA database);
Suíça (BUWAL 250);
Suíça (Ecoinvent 2000);
Japão (JEMAI) (1ª e
concluídas).
Em andamento
Autoridades
Públicas,
nível
nacional
e
multigovernamental
o
o
o
o
Setor Industrial
o Plastics Europe (antes denominada
APME)48 - Plásticos;
o EAA49 - Alumínio;
o FEFCO50 - Placas corrugadas;
o IISI51 - Aço;
o NiD52 - Níquel.
o Dinamarca (EDIP database);
o Finlândia (KCL-Eco database);
o França (TEAM database);
o Alemanha (GaBi
database
e
Umberto database );
o Suécia (Spine@CPM
database e
LCAiT database) .
Consultores e Institutos de
Pesquisa
2ª
fases
o
o
o
o
o
o
o
o
o
Austrália;
Canadá (Raw Materials database);
China Nacionalista;
Europa (Cost Action 530);
Europa (ELCD)
Internacional (CODATA);
Japão (JEMAI) (3ª fase em andamento);
Coréia;
EUA (U.S. Life-Cycle Inventory Database).
-
o Áustria;
o Dinamarca;
o França;
o Alemanha (German Network on Life Cycle
Inventory Data);
o Suécia;
o Reino Unido;
o EUA.
Fonte: Adaptado de BAUMANN &TILLMAN (2004); NARITA (2003); SAGISAKA (2005);
HISCHIER (2005); CURRAN (2006); EUROPEAN PLATFORM LCA (2006).
As principais organizações industriais que possuem bancos de dados são
apresentadas no Quadro 4. O acesso a esses bancos de dados, na maioria dos
casos, é grátis.
A Figura 11 mostra um resumo das principais atividades de ACV no mundo no
período de 1968 a 2006, que foram discutidas neste trabalho.
48
Association of Plastics Manufactures in Europe
European Aluminium Association
50
European Federation of Corrugated Board Manufacture
51
International Iron and Steel Institute
52
Nickel Development Institute
49
51
Quadro 3 – Principais países que possuem bancos de dados de ACV no mundo
SUÍÇA
JAPÃO
SUÉCIA
ALEMANHA
DINAMARCA
EUA
Órgãos Fomentadores
Vários órgãos federais Suíços
participam do Centro Suíço de
Inventário do Ciclo de Vida
Parcerias entre governo, indústria
instituições de pesquisa e
academia
Indústria em parceria com
Academia
Academia, institutos de
pesquisa, indústria e governo
É parcialmente financiado
pela Agência de Proteção
Ambiental Dinamarquesa.
Parcerias entre governo,
indústria instituições de
pesquisa e academia
Projeto
Ecoinvent 2000
SPINE@CPM
US LCI Database Project
Necessidade de compatibilizar os
bancos de dados dos diversos
institutos nacionais
-
-
Dados
Energia, transporte, materiais de
construção, químicos, papel e
polpa, tratamento de resíduos,
agricultura
German Network on Life
Cycle Inventory Data
Foi uma iniciativa do Centro
de Pesquisa Karlsruhe
(FZKarlsruhe) e com o apoio
do Ministério Federal Alemão
de Educação e Pesquisa
Dados a serem levantados de
energia, metais, materiais de
construção e transporte.
EDIP
Como e porque se iniciou ACV
Projeto Nacional de Análise do
Ciclo de Vida
Como estratégia do Fórum
Japonês de ACV, que foi
estabelecido dentro da JEMAI,
com apoio do MITI e NEDO.
-
-
Ano
Situação de 2000
Cobertura geográfica
Estudo sobre materiais de
embalagens desenvolvido
pela Universidade de
Tecnologia de Chalmer
Energia, materiais (ferro e aço,
alumínio, papel, borracha)
produto, uso e reciclagem
(automóvel, maquinário industrial,
equipamentos eletrônicos etc.)
1998-2003 (1ª fase)
2003-2005 (2ª fase)
A partir de 2006 (3ª fase)
-
-
Iniciou em 2002
-
Iniciou em 2001
Europa
Japão
Global
Alemanha
Dinamarca
Estados Unidos
Características
Cada Instituto ficou responsável
por determinado conteúdo do
banco de dados
Dentro do JEMAI, formaram-se
Comitês de Estudo de Inventário;
de Estudo de Banco de Dados e de
Avaliação de Impacto, com
especialistas da indústria, governo,
e academia.
-
Formaram-se
grupos
de
trabalho de energia, metais,
materiais de construção e
transporte.
-
Idioma
Inglês, Alemão e Japonês
Japonês
Inglês
Alemão e Inglês
Dinamarquês, Inglês e
Alemão
Formou-se um grupo de
45 representantes da
indústria, governo, ONG
e especialistas em ACV,
para criar o guia de
desenvolvimento
de
banco de dados.
Inglês
Acesso
Taxa de licença
Taxa de licença
Taxa
Em andamento
Taxa de licença
Grátis
Número de conjunto de dados
(datasets)
> 2700
> 600
> 100
-
> 100
> 70
Fonte: CURRAN, 2006; FINKBEINER, 2000; GERMAN NETWORK ON LIFE CYCLE INVENTORY DATA, 2006; HISCHIER, 2005; LCA-Center, 2006; NARITA 2004; NREL, 2006;
PÁLSSON, 2004; SAGISAKA, 2005; ZAKARIA, 1999.
(-) Não disponível
52
Quadro 4 – Organizações industriais que possuem banco de dados de ACV
ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL
COBERTURA
GEOGRÁFICA
SETOR
SITE
Acesso
American Iron and Steel Institute (AISI)
América
Ferro e aço
http://www.steel.org
-
American Plastics Council (APC)
América
Polímeros
-
EDP-Norway
Noruega e Europa
Vários setores
http://www.americanplastics
council.org/s_apc/index.asp
www.epd-norge.no
Grátis
European Aluminium Association (EAA)
Europa
Alumínio
www.aluminium.org
Grátis
European Copper Institute
Europa
Cobre
www.cooper-life-cycle.org
Grátis sob consulta
European Federation of Corrugated Board
Manufacturers (FEFCO);
Groupement Ondulé, European
Association of Makers of Corrugated Base
Papers (GEO)
European Containerboard Organization
(ECO)
Europa
Papelão ondulado
www.fefco.org
Grátis
International Iron and Steel Institute (IISI)
Global
Aço
www.worldsteel.org
Grátis sob consulta
ISSF International Stainless Steel Forum
(ISSF)
KCL (EcoData)
Global
Aço Inoxidável
www.worldstainless.org/
Grátis sob consulta
Finlândia / Nórdico
Celulose e papel
http://www.kcl.fi/eco
Taxa
Nickel Institute
Global
Níquel
Grátis sob consulta
Plastics Europe (antes denominada APME)
Europa
Plástico
http://www.nickelinstitute.org/index.cfm/ci_id/114.ht
m
www.plasticseurope.org
Volvo EPDs
Europa
Caminhões e ônibus
http://www.volvo.com/group/global/engb/Volvo+Group/ourvalues/environmentalcare/produ
cts/products.htm
Fonte: CURRAN, 2006.
(-) Não disponível
53
Grátis
Grátis
Odum e
outros:
Sistemas
(1968/
1971)
1968
Estudo
CocaCola
(REPA)
1969
- Publicado
"Código de
Prática" SETAC
- Início processo
padronização
ACV pela ISO
1993
- Estudo
Tetra
Pak/Suécia
(19701973)
- Estudos
REPA
(19701975)
1970
Formato
SPOLD/
Dinamarca
(19951997)
1995
Primeiros
estudos no
Reino
Unido e
Alemanha
1972
Publicada
Norma ISO
14.040
1997
Fundação da
SETAC
1979
- Projeto Suiço
Ecoinvent
- Projeto
Japonês ICV
- Publicada
Norma ISO
14.041
- banco de
dados SPINE /
CPM , Suécia
1998
EMPA
(Suíça)
ecobalanço
embalagens
1984
Ayres:
Conceito
de Met.
Industrial
1988
Banco de
dados
GEMIS
(Alemanha)
1989
workshops
SETAC
(1990-1992)
1990
- Programa
Publicadas
Normas
ISO 14.042
e 14.043
2000
"Iniciativa do
Ciclo de Vida"
UNEP/SETAC
- Rede Alemã
de ICV
-Livro "Verde"
IPP;
- Projeto
Americano
ICV
2001
2002
Figura 11 - Principais atividades da ACV no mundo
54
- Início da
ACV na
Região
Nórdica, em
1995
publicado
um guia
LCA
1991
Projeto
Plataforma
Européia
ACV e
banco de
dados
ELCD
2005
-Publicado
"Guide and
Backgrounds"
CML/Holanda
1992
Publicada
Norma ISO
14.025
2006
3.5 ACV no meio acadêmico
Para verificar o interesse do assunto ACV no meio acadêmico mundial, foi realizada
em agosto de 2006 uma pesquisa no banco de dados Science Direct53, abrangendo
o período 1990 a 2006 (até agosto), com a palavra-chave Life Cycle Assessment, no
texto completo. Observou-se que existe um aumento das atividades de pesquisa em
ACV no decorrer dos anos, o que é refletido no número de artigos publicados em
revistas acadêmicas mantidas nesse banco de dados, conforme mostra a Figura 12.
Estudo semelhante foi realizado por Baumann & Tillman (2004), nos bancos de
dados de artigos do “Science Citation Index”, “Compendex” e “ABIInform”, de 1990 a
1999. A pesquisa conduzida por esses autores evidenciou resultados crescentes no
decorrer dos anos. Observa-se que em 1993 houve um salto no número de artigos.
Isso deve-se ao fato de nessa data ter sido publicada a primeira edição especial em
ACV, no Journal of Cleaner Production, nº 3-4, volume 1 (RUSSELL, 2005). O
aumento progressivo de artigos sobre o tema no decorrer dos anos mostra o
interesse que a ACV vem despertando na comunidade científica mundial.
500
Artigos onde apareceu "Life Cycle Assessment"
no Science Direct
Nº de publicações
404
400
289
300
200
100
0
0
4
1990
1991
1992
21
25
1993
1994
41
53
47
57
67
1996
1997
1998
1999
92
117
141
149 165
2002
2003
0
1995
2000
2001
2004
2005
2006
(até
ago.)
ano
Figura 12 – Número de artigos onde apareceu a expressão “Life Cycle Assessment” no
Science Direct.
53
Science Direct é um compêndio de artigos científicos de periódicos com texto completo; contempla
diversas áreas do conhecimento e é acessível através do sistema “Periódicos” da CAPES.
55
Para efeito comparativo em relação à evolução do crescimento da ACV, foi
pesquisada uma medida remediadora de disposição de resíduos sólidos, “Landfill”,
que á a destinação em aterro sanitário, uma técnica “fim-de-tubo”. A palavra de
busca no “Science Direct” foi “Landfill”, em texto completo. A pesquisa foi realizada
em novembro de 2006, abrangendo o período de 1990 a 2006 (até novembro)
(Figura 13).
Artigos onde apareceu a palavra "lanfdfill"
no Science Direct
Nº de publicações
2500
2000
1500
1000
500
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001 2002
2003
2004
2005 2006
(até
no v)
ano
Figura 13 – Número de artigos onde apareceu a palavra “Landfill” no Science Direct
Para se analisar a evolução do número de artigos publicados com o tema “Landfill”,
em relação à ACV, foi elaborada a Figura 14. Conforme se pode constatar, esse
número cresce proporcionalmente no decorrer dos anos. Pelo fato de a ACV ser
uma ferramenta mais nova do que a prática de destinação em “Landfill”, esse
crescimento pode ser visto como um fator positivo, pois reflete uma preocupação
crescente em relação a essa questão.
56
2.500
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
-
Landfill
2.000
1.500
1.000
500
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
06 20
(a 05
té
no
v)
0
LCA
Evolução de artigos Landfill e LCA no Science Direct
landfill
LCA
Figura 14 - Evolução dos artigos “Landfill” e “LCA” no Science Direct
Na América do Norte, Cooper e Fava (2000) realizaram uma pesquisa informal em
algumas universidades, em 1998. Foram escolhidas universidades que recebiam o
Journal of Industrial Ecology e outras publicações de nível universitário, nos EUA e
no Canadá. Foram enviados questionários em que o foco era a característica do
curso no qual ACV era ensinada e quais os recursos utilizados no seu ensino. Do
universo de retorno afirmativo, verificou-se que ACV estava sendo ensinada em 29
cursos, 21 nos EUA e 8 no Canadá, na maioria dos cursos a disciplina ACV era
opcional. De acordo com as resposta a esse questionário, o livro mais indicado no
ensino de ACV era Industrial Ecology, de Graedel & Allenby´s, 1995. Também foi
possível identificar as principais barreiras para o seu ensino, quais sejam:
o Administrativas - carência de suporte administrativo e espaço pequeno no
currículo para novos conceitos;
o De aplicação - o uso limitado de ACV na prática profissional;
o Temporais - muito tempo na montagem dos dados e carência de exemplos
simples para terminar dentro de 1-2 períodos, entre outras.
Em um outro trabalho, Cooper e Fava (2001), esses autores discutem o
desenvolvimento de competências em ACV nas universidades, em 3 áreas:
melhorias
em
recursos
de
ensino;
temas
das
atividades
de
classe
e
desenvolvimento de parcerias no setor público. Eles usaram a internet como guia
57
para as suas pesquisas e identificaram aproximadamente 50 cursos em 32
instituições. Observaram que, na maior parte dos casos, os cursos de ACV são
aplicados em programas multidisciplinares.
3.6 ACV no meio empresarial
O crescimento do uso do conceito de Ciclo de Vida pela indústria em países
desenvolvidos confirma o potencial para o uso da Abordagem do Ciclo de Vida,
sendo que o maior engajamento nesse sentido é observado em grandes empresas
em regiões desenvolvidas como a Europa, América do Norte, Japão e Coréia. Existe
pouco uso de Abordagem do Ciclo de Vida nas pequenas e médias empresas,
menos ainda nas empresas de países em desenvolvimento (SONNEMANN, 2005).
Segundo Rex (2005), as várias pesquisas realizadas para traçar o uso de ACV na
indústria mostraram que as principais áreas de aplicação foram as de pesquisa e
desenvolvimento de produtos. As principais barreiras para o uso da ACV na indústria
são: a complexidade da ferramenta, os custos elevados e o tempo envolvido. As
médias
e
pequenas
empresas
consideram
esse
custo
acima
das
suas
possibilidades. As empresas maiores lidam melhor com esses obstáculos. Betz
(2005) apresentou, no seminário “Impacto da Avaliação do Ciclo de Vida na
Competitividade
da
Indústria
Brasileira”,
exemplos
de
grandes
empresas
multinacionais na Europa que utilizam ACV: Basf, Unilever e Volkswagen (Quadro
5). Vale observar a quantidade de profissionais treinados da equipe elaboradora
para o para a aplicação da ACV e o número de estudos de casos já realizados por
essas empresas.
58
Quadro 5 – Exemplo de três grandes empresas que utilizam ACV na Europa
GRANDES EMPRESAS
Nome
BASF AG
UNILEVER
Segmento
•
Químico.
•
Quantidade
de
componentes
e estudos
realizados
•
10 especialistas, sendo 2 no
Brasil;
ACV é praticada desde 1990,
eco-eficiência desde 1996;
Aproximadamente
250
estudos, sendo 85% para
clientes internos e 15% para
clientes externos.
•
•
Abordagem e
Fatores
de
Sucesso
•
Comprometimento do nível
hierárquico mais elevado;
Combinação de ACV com
Ecoeficiência
e
SócioEcoeficiência
(Aspectos
Sociais);
Experiência;
Tempo de execução curto e
baixo custo para análises.
•
•
•
•
•
•
•
•
VOLKSWAGEN
Alimentos, higiene e
beleza.
5 especialistas;
ACV é praticada
desde 1980;
Possui centenas de
estudos.
•
Montadora de automóveis.
•
•
•
3 especialistas;
ACV é praticada desde 1990;
15 ACV completas de
veículos (6 delas publicadas);
Aproximadamente
200
estudos de ACV.
Equipe experiente;
Comprometimento do
nível hierárquico mais
elevado.
•
•
•
ACV completa, baseada nos
resultados de estratégias de
ACV otimizada;
Comunicação dos resultados
é
uma
importante
característica para aceitação
interna.
Fonte: BETZ, 2005.
Deve-se ressaltar ainda que, nas regiões/países desenvolvidos, a ACV vem sendo
difundida cada vez mais, através de bancos de dados consolidados, políticas
públicas (Política Integrada de Produtos) e desenvolvimento de estudos por
empresas. As parcerias entre a academia, o governo e a empresa são importantes
para implementação da ACV. A Suíça e o Japão destacam-se com seus bancos de
dados em ACV, que possuem uma grande quantidade de conjunto de dados
(datasets). Esses bancos são distintos, pois foram estruturados de forma diferente.
No caso japonês, os dados são de origem primária, coletados diretamente das
associações industriais; já o banco de dados suíço é predominantemente
secundário. Mundialmente, o crescimento do interesse em ACV é progressivo no
meio acadêmico, o que pode ser verificado no levantamento da base de dados
Science Direct.
Nos países em desenvolvimento, existem iniciativas, mas estas ainda estão
incipientes em comparação aos países desenvolvidos. Além disso, é necessário
fomentar mais estudos e promover maior capacitação em ACV, além da própria
formação de bancos de dados.
A seguir será detalhada a inserção da ACV no Brasil, nos meios: acadêmico,
empresarial e governamental.
59
4 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA NO BRASIL
Neste capítulo, serão relatados os principais fatos que marcam a história da ACV no
Brasil.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou em 1994 o Grupo de
Apoio à Normalização Ambiental (Gana), Subcomitê de ACV, para acompanhar e
analisar os trabalhos do Comitê Técnico 207 (TC 207), gestão ambiental da ISO54.
Este grupo foi criado pelo esforço de algumas entidades e empresas brasileiras.
Segundo a ABNT (2005), o Gana teve uma participação importante no TC 207 da
ISO, na elaboração das normas da série ISO 14000, para que os interesse da
indústria nacional fossem levados em consideração, evitando que prevalecessem
apenas as visões dos países desenvolvidos. Esse grupo de apoio encerrou suas
atividades em junho de 1998. Em abril de 1999, a ABNT criou o comitê ABNT/CB-38
(Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental) para substituí-lo nas discussões das
normas internacionais da série 14000 e suas similares nacionais. Esse comitê
possui estrutura semelhante ao TC 207 da ISO, com seus subcomitês.
Em 1998, foi lançado o livro brasileiro “Análise de Ciclo de Vida de Produtos –
Ferramenta Gerencial da ISO 14000”, de José Ribamar Chehebe, que explica e
comenta as normas da série ISO relativas à ACV (CHEHEBE, 1998). Este livro foi
muito importante na história da ACV brasileira, pois foi o primeiro com esta temática
escrito originalmente em língua portuguesa no país.
O Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), do Instituto Técnico de Alimentação
(Ital), desenvolveu um estudo denominado “Análise do Ciclo de Vida de embalagens
para o mercado brasileiro”, de 1997 a 1999, com o objetivo de conduzir um estudo
sobre vinte sistemas de embalagens no mercado nacional, considerando as
condições e o nível de tecnologias (CETEA, 2006). Esse estudo foi realizado em
uma parceria com um consórcio de associações e empresas. Apesar de ter sido um
54
Este comitê técnico da ISO, TC 207, foi criado para desenvolver a série de normas internacionais de gestão
ambiental, denominadas série 14.000. Esta série refere-se a vários aspectos, tais como: sistemas de gestão
ambiental auditorias ambientais, rotulagem ambiental, avaliação de desempenho ambiental, Avaliação do
Ciclo de Vida, terminologia, projeto para o meio ambiente e comunicação ambiental.
60
projeto pioneiro de ACV, teve caráter confidencial, ou seja, os dados não foram
divulgados para a comunidade, deixando assim de dar a sua contribuição científica.
Em 29 de novembro de 2002, a Associação Brasileira do Ciclo de Vida (ABCV) foi
criada no Rio de Janeiro. Ela surgiu da necessidade de alguns órgãos, entidades e
empresas de discutirem as questões relativas à Avaliação do Ciclo de Vida. Desde a
sua fundação até o ano de 2005, a ABCV enfrentou questões legais para sua
formação como associação, com isso, houve uma lacuna de um órgão que reunisse
especialistas e empresas interessadas na temática ACV no Brasil.
O grande
destaque da ABCV foi a coordenação da segunda “Conferência Internacional de
Avaliação de Ciclo de Vida” - CILCA 2007, realizada na cidade de São Paulo em
fevereiro de 2007.
Essa conferência deu continuidade ao CILCA 2005, que
aconteceu em San José, Costa Rica, na busca da consolidação do “Pensar o Ciclo
de Vida” e “Gestão do Ciclo de Vida” na América Latina e do aprofundamento da
integração desta região com outras onde o tema encontra-se num estágio mais
avançado (ABCVBRASIL, 2007).
Os principais workshops sobre a temática ACV, abertos ao público, aconteceram no
eixo São Paulo/Rio de Janeiro e foram os seguintes:
o Seminário sobre ACV, com lançamento do livro “Avaliação do Ciclo de Vida,
Princípios e Aplicações” (MOURAD, 2002), realizado em 17 de maio de 2002;
o Workshop Estratégias para Consolidação da ACV no Brasil, em 30 de novembro
de 2004, realizado pelo Instituto Ekos Brasil;
o Seminário “Impacto da Avaliação do Ciclo de Vida na Competitividade da
Indústria Brasileira”, realizado nos dias 03 a 04 de outubro de 2005, em São
Paulo.
4.1 ACV no meio acadêmico brasileiro
Para verificar o estágio atual dos trabalhos de ACV na área acadêmica, foi realizada,
no período de abril a junho/2006, uma revisão bibliográfica para o levantamento de
dados, em que se buscou o tema ACV55 no resumo dos trabalhos de mestrado e
55
As palavras de busca foram: Avaliação do Ciclo de Vida; Análise do Ciclo de Vida e ACV.
61
doutorado. Procedeu-se a esse levantamento nos seguintes bancos de dados
acadêmicos:
o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), onde existe
uma relação com resumos de teses e dissertações com a temática ACV;
o Banco de teses, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), que disponibiliza ferramentas de busca e consulta de resumos sobre as
teses e dissertações defendidas junto a programas de pós-graduação no país;
o Plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Foi realizada uma pesquisa no sistema de informação
curricular da comunidade científica brasileira, nos principais currículos dos
professores universitários que trabalham com a ACV.
A primeira abordagem desse levantamento foi a quantificação desses trabalhos
acadêmicos; no total foram: 47 dissertações de mestrado e 17 teses de doutorado.
A relação dos mesmos encontra-se no apêndice A.
4.1.1 Dissertações de mestrado
Estes trabalhos foram separados e quantificados por universidade, para se ter uma
visão onde estão concentrados. Eles estão distribuídos conforme o Quadro 6.
Quadro 6 – Número de dissertações de mestrado em ACV produzidas por universidades
UNIVERSIDADE
Universidade de São Paulo – USP
Nº. de dissertações
produzidas em ACV
13
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Universidade Regional de Blumenau – FURB
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Universidade de Brasília – UnB
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Universidade Federal do Paraná – UFPR
Universidade para Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal UNIDERP
Universidade Est. Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu – UNESP
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Universidade Federal de Viçosa – UFV
Universidade Federal Fluminense – UFF
Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP
Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI (MG)
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC
Universidade de Taubaté – UNITAU
TOTAL
4
4
3
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
47
62
A universidade que tem o maior número de dissertações na temática ACV, no Brasil,
é a USP, com 13 trabalhos. O Quadro 7 ilustra a distribuição dessas dissertações
dentro dos cursos de pós-graduação na USP.
Quadro 7 – Cursos de pós-graduação da USP em que se produziram dissertações em ACV
CURSOS DA USP
Engenharia Química
Administração
Engenharia Civil
Engenharia Elétrica
Interunidades em Energia
Saúde Pública
TOTAL
Nº. de dissertações
produzidas em
ACV
8
1
1
1
1
1
13
A maior produção da USP, com oito dissertações, está concentrada no mestrado de
Engenharia Química. Este fato deve-se à existência de um grupo de pesquisa em
ACV, denominado “Grupo de Prevenção da Poluição (GP2)”. O grupo iniciou suas
atividades em 1997 e foi estruturado em duas vertentes, uma para estabelecer
banco de dados nacional e a outra para estudar os usos e as aplicações da ACV
(KULAY, 2004). É também é responsável por uma disciplina na pós-graduação
dedicada exclusivamente à ACV. Na vertente de banco de dados, foram produzidas
dissertações na área de energia elétrica: na geração, “Inventário de Ciclo de Vida da
Geração Hidrelétrica no Brasil – Usina de Itaipu: Primeira Aproximação” (RIBEIRO,
2003); na transmissão, “Inventário de ciclo de vida do sistema de transmissão de
energia elétrica” (CNPq, 2006) e na distribuição, “Inventário de ciclo de vida da
distribuição de energia elétrica no Brasil” (YOKOTE, 2003). Além dessas
dissertações, foram produzidos dois trabalhos na área de plásticos: “Inventário do
ciclo de vida do PVC produzido no Brasil” (BORGES, 2004) e “Estudo quantitativo do
impacto ambiental na produção industrial do polietileno” (SOUZA, 2004). Na outra
vertente, foi proposto um modelo de ACV para a produção de um fertilizante
fosfatado (KULAY, 2000). Em seguida, Benjamin (2002) desenvolveu um modelo de
avaliação de softwares de ACV disponíveis no mercado, comparando cinco deles.
Por fim, Ribeiro (2004) propõe no seu trabalho um conjunto de critérios para a
construção do modelo representativo de sistema de produto em estudos de ACV que
63
visam à formação de um banco de dados e à consolidação de uma metodologia de
execução de estudos da técnica.
Entre as demais produções da USP, destaca-se um trabalho em saúde pública
denominado “O Fator Higiene Ocupacional, dentro da Análise do Ciclo de Vida de
um produto: proposta para abordagem”, por este ter sido realizado em uma área
diferente daquela em que a maioria dos trabalhos levantados nesta pesquisa se
insere.
Os quatro trabalhos produzidos pela Universidade Federal de Santa Maria são do
curso de Engenharia de Produção, e três deles foram escritos sob a supervisão do
mesmo orientador.
A produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul está dividida entre os
cursos de Engenharia Civil (2), Engenharia de Produção (1), Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental (1) e tem a característica de ser descentralizada, ou seja,
todos os trabalhos tiveram orientadores diferentes.
Na Universidade Regional de Blumenau, a produção está dividida entre os cursos de
pós-graduação em Administração (2) e Engenharia Ambiental (2). O fato de haver
dois trabalhos da área de administração chama atenção, pois a grande maioria vem
dos cursos da área 1 (engenharias).
Na Universidade Federal de Santa Catarina, a produção está distribuída pela
Engenharia Ambiental (1) e Engenharia Civil (2). O trabalho de Engenharia
Ambiental faz uma abordagem sobre o PVC, especificamente sobre a decisão do
Grupo Amanco de voluntariamente substituir, no Brasil, o estabilizante à base de
chumbo e a estratégia utilizada para influenciar a cadeia produtiva do PVC brasileiro
(ZIMMERMANN, 2004). Na área de engenharia civil, Mesquita (2001) no seu
trabalho faz uma análise econômica comparativa de custos entre a alternativa de
pavimento de concreto de cimento Portland (pavimento rígido) e a alternativa mais
utilizada para a pavimentação rodoviária no país, o pavimento flexível ou pavimento
asfáltico, enfocando o conceito de Análise do Ciclo de Vida desses dois tipos de
pavimentação. E a dissertação de Mastella (2002) faz uma comparação entre os
64
processos de produção de blocos cerâmicos e de concreto para alvenaria estrutural
através da Análise do Ciclo de Vida.
Na Universidade de Brasília, foram produzidos três trabalhos com o mesmo
orientador, sendo dois na área de produção agrícola (RABELO, 2003; XAVIER,
2003; XAVIER, 2005) e um na gestão do óleo lubrificante usado (BARROS, 2005).
Este mesmo professor da UnB orientou também uma dissertação na Universidade
de Taubaté, sobre os efeitos ambientais da produção do vidro plano, com o objetivo
de estruturar e propor o Inventário do Ciclo de Vida deste segmento (SANTOS,
2002).
A Universidade Federal da Bahia, através da Rede de Tecnologias Limpas, no curso
do Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo
Produtivo, produziu dois trabalhos: um com proposições de inserção de ACV na área
de políticas públicas, especificamente na Bahia através do órgão ambiental do
estado (TOSTA, 2004), e o outro uma proposta de Simbiose Industrial no Pólo
Petroquímico de Camaçari/BA (TANIMOTO, 2004).
As duas dissertações da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) estão
distribuídas nos cursos de Ciência e Engenharia dos Materiais e da Engenharia de
Produção. A primeira é um trabalho que analisa as relações entre o meio ambiente e
o pneu automotivo ao longo de todo o seu ciclo de vida, abordando principalmente a
necessidade de disposição final e oportunidades de reaproveitamento de pneus
inservíveis (ALMEIDA, 2002). Já a segunda verifica a viabilidade da utilização do
método de estratégias de projeto para o ciclo de vida Lifecycle Design Strategies
(LiDS) para a avaliação dos impactos ambientais no ciclo de vida de uma família de
produtos
veterinários
(LUCENTE,
2004).
Foram
orientadas
por
diferentes
professores.
As duas produções da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) são dos
cursos de Engenharia de Produção e de Planejamento Energético e tiveram
orientadores diferentes.
65
Constatou-se que na Universidade Federal de Viçosa foi elaborada em 2003 uma
dissertação em ACV, para analisar o impacto ambiental potencial dos resíduos de
dois sistemas de manejo de suínos (PRETTO, 2003; PRETTO, 2005).
4.1.2 Teses de doutorado
O mapeamento dos trabalhos de doutorado está distribuído no Quadro 8.
Quadro 8 – Número de teses de doutorado em ACV produzidas por universidade
UNIVERSIDADE
Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
Universidade de São Paulo – USP
Universidade Federal do Pará – UFPA
Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR
Universidade de São Paulo – São Carlos
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
TOTAL
Nº. de teses produzidas em ACV
5
4
2
2
1
1
1
1
17
A Unicamp destaca-se com a maior produção de teses em ACV, cinco trabalhos
sendo três da Engenharia Mecânica: “Análise do Ciclo de Vida: estudo de caso para
materiais e componentes automotivos” (UGAYA, 2001); “Proposta de metodologia e
concepção e projeto de produto considerando aspectos ambientais no ciclo de vida”
(LOBO, 2000) e “Síntese otimizada de sistemas de aquecimento solar de água”
(BORGES, 2000). A Engenharia Química produziu a tese denominada “Metodologia
e procedimentos para a consideração ambiental no projeto de processos químicos”
(BAUER, 2003) e a tese intitulada “Análise de Ciclo de Vida aplicada ao processo de
cerâmica tendo como insumo energético capim-elefante” (SEYE, 2003), produzida
pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético. Todas as teses foram
realizadas com orientadores diferentes.
Os trabalhos de tese da USP estão divididos entre a pós-graduação de Engenharia
Civil (2), Engenharia Química (1) e Engenharia Metalúrgica (1). O da Engenharia
Química (GP2) é sobre fertilizantes e o autor já tinha produzido uma dissertação
nesta área (KULAY, 2004).
66
A Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de pós-graduação em
Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, possui duas teses, a primeira
avalia diferentes alternativas dos resíduos produzidos na Estação de Tratamento de
Água (ETA) do Bolonha, através da ACV (MACHADO, 2003). A segunda é sobre
reciclagem das latas de alumínio (VIEIRA, 2004).
São duas as teses da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR): uma da
Engenharia Hidráulica e Saneamento, sobre Avaliação do Ciclo de Vida do álcool
etílico hidratado combustível, com a utilização do método EDIP (Environmental
Development of Industrial Products) e a introdução das avaliações exergéticas e
emergéticas na avaliação e valoração do impacto (OMETTO, 2005), e outra da
Ciência e Engenharia dos Materiais denominada “Avaliação de Ciclo de Vida de
garrafas PET: materiais, energia e emissões” (REMÉDIO, 2004).
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Engenharia Metalúrgica e de
Minas produziu uma tese: “Desenvolvimento de uma metodologia e um software
para avaliação ambiental de processos metalúrgicos” (SANTOS, 2001). Parte dessa
tese foi publicada no livro “Avaliação ambiental de processos industriais56”.
4.1.3 Evolução dos estudos acadêmicos da ACV
As dissertações (47) e teses (17) foram arranjadas de acordo com o ano de
publicação (Figuras 15 e 16). A listagem destes trabalhos por ano de elaboração
encontra-se no Apêndice B.
56
www.signuseditora.com.br
67
Dissertações com a temática ACV produz idas por ano no Brasil
16
quantidadede dissertações
14
12
10
8
6
4
2
0
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
ano
Figura 15 – Quantidade de dissertações produzidas por ano no Brasil na temática ACV
Teses com a temática ACV produzidas por ano no Brasil
6
quantidade de teses
5
4
3
2
1
0
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
ano
Figura 16 – Quantidade de teses produzidas por ano no Brasil na temática ACV
Com base no levantamento aqui realizado, a primeira produção acadêmica no Brasil
na temática ACV foi uma tese de doutorado no ano de 1997, na Universidade
Federal de Santa Catarina, na Engenharia de Produção, denominada “Planejamento
baseado em casos aplicados na resolução de não-conformidades (NC) ambientais
no ciclo de vida de produtos, processos e serviços” (SILVA, 1997). Nesse mesmo
ano, foram iniciadas também as atividades do Grupo de Prevenção da Poluição
(GP2), grupo de pesquisa em ACV da USP. As primeiras dissertações com a
temática ACV viriam um ano depois, em 1998. Foram identificadas três, sendo duas
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (pós-graduação em Planejamento
68
Energético e Engenharia de Produção) e outra da Universidade Metodista de
Piracicaba.
Em 1999, foram publicadas também três dissertações, sendo duas da Universidade
Regional de Blumenau – Administração –, e uma da Universidade de São Paulo –
Interunidades em Energia. No ano de 2000, a produção científica aumentou em
relação aos anos anteriores, com quatro dissertações e duas teses. As dissertações
produzidas foram: duas da USP (Engenharia Elétrica e Engenharia Química); uma
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho/Botucatu – Agronomia – e
uma da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental. As duas teses foram da Universidade Estadual de
Campinas – Engenharia Mecânica.
O período mais produtivo foi o biênio 2003 (onze dissertações e cinco teses) a 2004
(catorze dissertações e cinco teses). Pode-se supor que um dos motivos desse
aumento foi a divulgação da 1ª norma ABNT/ISO 14.040 no Brasil, em 2001, o que
facilitou o acesso a informação sobre ACV. Deve-se também levar em consideração
que uma das principais fontes de pesquisa deste estudo, o banco de dados da
Capes, possui o “Aplicativo Coleta de Dados” que é um sistema informatizado,
desenvolvido com o objetivo de coletar informações dos programas de pósgraduação de mestrado e doutorado de todo o país. Essa coleta é realizada a cada
dois anos, ou seja, os dados de 2003 e 2004 foram lançados em 2005. Os de 2005 e
2006 foram coletados no início de 2007 e serão lançados nos próximos meses.
Logo, a maior concentração dos dados da pesquisa no biênio 2003/2004 pode
também ser devida à atualização do sistema Capes.
4.1.4 ACV no meio acadêmico por setor produtivo
Dos trabalhos acadêmicos avaliados, observa-se que os setores produtivos
abordados são bem diversificados: construção civil, automobilístico, embalagens,
energia, agro-pecuário, mineração, químico etc. Por outro lado, já se identifica um
direcionamento das universidades por determinados segmentos. Nesse sentido, a
USP destaca-se com trabalhos na área de energia, a UFSC e a UFGRS concentram
69
trabalhos em construção civil, a UnB, em agricultura e a UFBA, em políticas públicas
e industriais. A Figura 17 ilustra as instituições por segmento produtivo, no que se
refere aos trabalhos de mestrado.
Em relação às teses analisadas, os setores que aparecem são bem diferentes. Há
uma predominância de trabalhos da Unicamp no que se relaciona à aplicação da
metodologia de ACV (Figura 18).
Gráfico das Instituições x Segmentos das ACV - Mestrado
outros
Políticas (Públicas/Industriais)
14
Embalagens
12
Químico
Metodologia
8
Mineração
6
Energia
4
Agro-pecuário
2
Plásticos
0
USP
UFSM
UFRGS
FURB
UFSC
UnB
UFBA
UFSCar
UFRJ
Demais
Automobilistico
Instituições
Construção Civil
Figura 17 – Produção de dissertações de ACV por segmento produtivo
Gráfico das instituições x Segmentos de ACV - Doutorado
outros
6
P o líticas
(P úblicas/Industriais)
5
Embalagens
Metodologia
4
Químico
3
Mineraçào
0
Plásticos
s
ai
Construção Civil
D
em
FS
C
Automobilistico
U
U
U
NI
CA
M
FP
A
Energia
SP
Agro-pecuário
1
P
2
U
Nº de trabalhos
Nº de Trabalhos
10
Instiuições
Figura 18 – Produção de teses de ACV por segmento produtivo
70
4.2 ACV no meio empresarial brasileiro
Há poucos trabalhos referentes à ACV sendo desenvolvidos dentro das empresas
no Brasil. A maioria desses trabalhos encontra-se em empresas de grupos
multinacionais que já têm a prática de utilizar essa ferramenta em outras unidades
em seus países de origem.
Para verificar se a Avaliação do Ciclo de Vida tem sido utilizada nas empresas
brasileiras, buscou-se o tema ACV nos seguintes locais:
o Relatório
de
Sustentabilidade
Empresarial,
publicado
pelo
Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS57) em
2004, no qual as empresas associadas expõem suas ações nas áreas de
ecoeficiência e responsabilidade social. Esse relatório é publicado a cada dois
anos (CEBDS, 2004) e integra 32 empresas. Neste estudo, foram analisadas
25;
o Algumas empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da
Bolsa de Valores de São Paulo (ISE/Bovespa);
o Sites institucionais de grandes empresas de diversos segmentos produtivos.
Tanto do relatório do CEBDS, quanto das empresas que integram o ISE/Bovespa,
foram excluídas da análise aquelas que pertencem a setores que não têm tradição
de ACV, tais como: aéreo, bancário, de cigarros, de fomento a pequenas empresas
e o setor de instituições de ensino (este já tinha sido analisado no item 4.1).
Nesse levantamento dentro do setor empresarial, realizado no período de setembro
a outubro de 2006, foram selecionadas e analisadas 33 empresas (Quadro 9), sendo
que apenas sete (Amanco, Natura, Tetra Pak, Unilever, DaimlerChrsyler, Basf e
Suzano) citam o uso da ACV, representando 21% do universo pesquisado.
57
O CEBDS tem o compromisso de disseminar o conceito de desenvolvimento sustentável junto ao setor
empresarial brasileiro.
71
Quadro 9 – Empresas pesquisadas em relatórios socioambientais/sustentabilidade ou sites
institucionais
EMPRESAS
1
2
3M do Brasil
ABB Service
3
4
ALCOA
AMANCO
5
6
7
AMBEV
ARACRUZ*
BAYER
8
BRASKEM*
9
COMPANHIA
SIDERÚRGICA DE
TUBARÃO
COPESUL
COSIPA
DUPONT
ELETRONUCLEAR
FURNAS
GERDAU
NATURA*
NESTLÉ
PETROBRÁS
SHELL
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
SIEMENS
SYNGENTA
USIMINAS
VALE DO RIO DOCE
VOTORANTIM
CELULOSE E PAPEL
WHITE MARTINS
BASF
BELGO MINEIRA
28
29
CSN
DAIMLERCHRSYLER
30
31
PERDIGÃO
SUZANO
32
TETRA PAK
33
UNILEVER
Segmento
Cita ACV
Diversificado
Tecnologia de energia e
automação
Alumínio
Tubos e conexões de
PVC
Bebidas
Celulose
Agronegócios, polímeros
e farmacêutica.
Petroquímicos básicos e
intermediários e resinas
termoplásticas,
Siderúrgica
Não
Não
Fonte
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Relatório de Sustentabilidade
Empresarial – CEBDS 2004
Não
Petroquímica
Siderúrgica
Diversificado
Energia
Energia
Aço
Cosmético
Alimentícia
Petróleo
Distribuidora de
combustíveis
Eletroeletrônico
Agronegócios
Siderúrgica
Mineração
Celulose e papel
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Gases industriais
Química
Siderúrgica
Não
Sim
Não
Site institucional
Site institucional
Siderúrgica
Fabricante de veículos
comerciais
Alimentícia
Papel e celulose e
petroquímica
Embalagens cartonadas
e máquinas de envase.
Alimentos, higiene e
beleza.
Não
Sim
Relatório Anual CSN 2005
Site institucional
Não
Sim
ISE / Site institucional
ISE / Relatório Socioambiental
Suzano 2006
Relatório Socioambiental
Tetra Pak 2004/2005
Site institucional
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Fonte: ARCELOR, 2006; BASF, 2006; CEBDS, 2004; CSN, 2005; DAIMLERCHRSYLER, 2006;
PERDIGÃO, 2006; SUZANO 2006; TETRA PAK, 2006; UNILEVER, 2006; VERACEL 2005.
* Estas empresas também compõem o ISE.
72
O grupo Amanco, detentor das marcas Akros e Fortilit, fabricante de tubos e
conexões à base de policloreto de vinila (PVC), é de origem suíça. Em 2001, iniciou
o processo de transformar o PVC, principal matéria-prima utilizada, em um material
ambientalmente mais seguro. Foi realizada uma avaliação ambiental do PVC que
identificou 16 pontos críticos ao longo do ciclo de vida do material, desde a extração
das matérias-primas até a disposição final dos produtos de pós-consumo. As etapas
incluíram a política de fornecedores, com limite máximo de 3 ppm de emissão de
MVC (monocloreto de vinila) para os fabricantes de resina de PVC; além de
auditorias nos fabricantes de matérias-primas referentes a quesitos de qualidade,
meio ambiente, saúde, segurança e serviços (CEBDS, 2004). Para atender às
demandas dos estudos de ACV, alguns programas de substituição de materiais
foram implementados (CEBDS, 2004). São estes:
o Eliminação dos pigmentos à base de metais pesados por pigmentos
orgânicos ou inorgânicos, em 2001;
o Eliminação de plastificantes à base de naftalatos, por adipatos, em 2002;
o Substituição dos estabilizantes à base de chumbo, por estabilizante de cálcio
e zinco, em 2003.
Esse grupo suíço convidou seu principal concorrente brasileiro para juntos
conduzirem o processo de substituição de materiais. Diante das várias polêmicas
ambientais sobre o PVC, o convite foi aceito para o processo de substituição. Juntos
os dois concorrentes desenvolveram vários testes com estabilizantes alternativos até
decidirem pelo sistema de estabilização à base de cálcio e zinco. Após essa primeira
etapa, uma nova fase do processo passou a envolver os demais fabricantes
brasileiros de tubos e conexões de PVC. Para formalizar o envolvimento de toda a
cadeia, os associados do Instituto do PVC foram convidados a assinar o “termo de
adesão” que os comprometia a substituir voluntariamente os estabilizantes de
chumbo (Pb) do PVC por estabilizantes de cálcio e zinco. O “termo de adesão” foi
assinado em 25 de abril de 2002 pelas empresas Amanco, Asperbrás, Cardinali,
DVG, Krona, Polyvin, Providência, Plastilit, Tigre, Tiletron, Tubozan e Majestic,
totalizando 80% dos transformadores brasileiros de tubos e conexões de PVC
(ZIMMERMANN, 2004).
73
O grupo Amanco utilizou ACV como uma estratégia de mercado, em resposta às
várias polêmicas que o PVC tem despertado nas últimas décadas, antecipando aqui
no Brasil os acordos realizados na Europa com fabricantes do PVC (Programa
“VINIL 2010”). Esses estudos de ACV incluem várias ações e compromissos como
progressiva substituição de estabilizantes de chumbo: em 15% até 2005, 50% até
2010 e a eliminação total até 2015, além da substituição dos estabilizantes de
cádmio, já efetivada em março de 2001 (ZIMMERMANN, 2004).
A empresa Natura, do segmento de cosméticos, produtos de higiene e de
perfumaria, é uma empresa de capital nacional. Essa empresa afirma no relatório de
sustentabilidade que utiliza a ACV e cita, como um exemplo desse fato, a
substituição das sacolas plásticas usadas para enviar produtos às consultoras. Estas
consistiam um dos itens de maior impacto no meio ambiente e foram substituídas
pelas de papel reciclado. Baseado também em estudos de ACV, a empresa
considera que um dos maiores impactos ambientais de suas atividades é
proveniente do descarte das embalagens dos seus produtos. Segundo consta no
relatório de sustentabilidade, em 2003, 94% das embalagens do portfólio e 100%
das embalagens dos lançamentos da empresa foram submetidas à avaliação de
impacto ambiental (CEBDS, 2004).
No site da Unilever, na página desenvolvimento sustentável, a ACV aparece citada
no item Ecoeficiência da seguinte maneira: “Desenvolver atividades através do
Sistema de Gestão Ambiental, assim garantindo a melhoria contínua na
contabilidade ambiental e impactos ambientais, através da ferramenta de inovação
(ecodesign) e avaliação de impacto (ACV)” (UNILEVER, 2006).
O grupo alemão Daimler-Chrysler cita a ferramenta ACV em seu site institucional
(DAIMLER-CHRYSLER, 2006). Além disso, desenvolveu em 1996, um projeto piloto
em que fez um comparativo entre almofadas de bancos confeccionadas a partir de
fibra de coco e outras confeccionadas com espuma de poliuretano (LIMA, 2001).
A Tetra Pak, fabricante de embalagens cartonadas e máquinas de envase foi
inaugurada em 1951 em Lund, na Suécia e atua no Brasil desde 1957. Em seu
relatório socioambiental, ACV é citada como um item da sua política ambiental, qual
74
seja: “Ter perspectiva de longo prazo e visão do ciclo de vida de seus produtos”.
Aparece também no item “desenvolvimento de produtos”, em que o ciclo de vida dos
produtos e serviços é avaliado a partir de critérios ambientais desde o design e
seleção de fornecedores até a operação, fabricação, transporte e entrega aos
clientes e consumidores (TETRA PAK, 2006).
A Basf no Brasil utiliza a Análise de Ecoeficiência, desenvolvida pela Basf Alemã em
1996, para comparação do ciclo de vida de produtos, com o propósito de avaliar o
grau de satisfação, de acordo com os requisitos econômicos, sociais e ambientais
(BASF, 2006).
Em 2003, a Suzano Papel e Celulose iniciou a aplicação da ACV em seus produtos.
Essa metodologia permite que a companhia monitore a ecoeficiência dos mesmos e
a compare com a dos concorrentes, além de ajudar a empresa a definir objetivos e
metas para a redução de impactos ambientais. A análise conduzida foi do tipo “do
berço ao túmulo”, para dois tipos de papéis de sua fabricação. A partir de 2006, a
ACV será estendida a outro tipo de papel, e os planos de longo prazo envolvem a
análise de todos os produtos da empresa (SUZANO, 2006).
A Suzano Petroquímica está iniciando o processo de ACV de seus produtos e está
concluindo o levantamento dos impactos da transformação do propeno em
polipropileno. O trabalho será ampliado com a avaliação dos impactos da
transformação do polipropileno em produtos finais e do pós-consumo com a
disposição em aterros sanitários ou reciclagem (SUZANO, 2006).
Das sete empresas analisadas, observa-se que apenas duas são nacionais, o grupo
Suzano e a Natura, as outras são multinacionais com origem Européia (Quadro 10).
Isso demonstra a importância deste continente para o desenvolvimento da ACV.
Outro ponto deve ser destacado entre essas sete empresas é que, de alguma forma,
esses estudos estão associados a uma estratégia de mercado, devido à imagem
que seus produtos representam para a sociedade. Isso é observado desde a
Amanco, com as polêmicas ambientais do PVC; a Basf, como indústria química; a
Natura, que lida com produtos de beleza relacionados com a natureza; a Suzano,
75
produtora de papel, até as questões das embalagens da Tetra Pak e a produção de
veículos pela Daimler-Chrysler.
Quadro 10 – Origem das empresas que usam ACV no Brasil
EMPRESAS
ORIGEM DA EMPRESA
AMANCO
Suíça
BASF
Alemanha
DAIMLERCHRSYLER
Alemanha
NATURA
Brasil
SUZANO
Brasil
TETRA PAK
Suécia
UNILEVER
Inglaterra
Fonte: ARCELOR 2006; CEBDS, 2004; DAIMLERCHRSYLER 2006; SUZANO 2006;
TETRA PAK, 2006; UNILEVER, 2006.
Vale ressaltar que existem duas empresas entre as analisadas em que o uso de
ACV não foi registrado, mas estas já iniciaram estudos nesse sentido. A primeira é a
Braskem, que iniciou em 2005 um projeto piloto de “Análise de Ecoeficiência”, com
consultores da “Fundação Espaço ECO58”. Essa empresa está desenvolvendo seu
primeiro trabalho, denominado de “Projeto Piloto de Aplicação da Ferramenta de
Análise de Ecoeficiência da Basf na empresa Braskem”.
Neste projeto com a
Braskem, serão desenvolvidos pilotos para o PET (polietileno tereftalato), PVC
(policloreto de vinila) e gasolina (FUNDAÇÃO ESPAÇO ECO, 2005). A outra é a
Aracruz Celulose, que está iniciando um estudo dos seus produtos por meio de uma
empresa de consultoria (SOUZA, 2006). Para efeito desta pesquisa, elas não foram
computadas na análise.
A Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) fez uma pesquisa para levantar o
nível de conscientização ambiental de cada empresa associada. Participaram 31
associados representando todos os elos da cadeia produtiva (fabricantes de
embalagens,
fornecedoras
de
matéria-prima
e/ou
insumos,
fabricantes de
acessórios e equipamentos para embalagem, agências de design, entre outras).
Entre as empresas que responderam à pesquisa, 45% são transformadoras de
embalagens, 19,5% são fornecedoras de matérias-primas e/ou insumos, 16% são
58
Fundação Espaço ECO – recebeu o nome de primeiro Centro na América Latina para aplicar a Ecoeficiência,
está localizada no site da Basf, em São Bernardo do Campo/São Paulo/Brasil. Iniciou suas atividades em
junho 2005 (www.basf.com).
76
agências de design, 6,5% são usuários de embalagens (fabricantes de produtos),
6,5% são fabricantes de acessórios e 6,5% pertencem a outras categorias. (ABRE,
2006).
O item da pesquisa sobre o grau de conhecimento da Avaliação do Ciclo de Vida,
resultou nos seguintes dados: 10% não ouviram falar; 53% já ouviram falar e estão
interessados no assunto e 37% já trabalharam com esse assunto. Estes 37%
representam 11 empresas.
4.3 ACV no meio governamental brasileiro
O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), através do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), planeja viabilizar o Inventário do Ciclo
de Vida no Brasil. Desde 2002, vem atuando na construção de um projeto nacional
denominado
“Projeto
Brasileiro
de
Inventário
do
Ciclo
de
Vida
para
a
Competitividade da Indústria Brasileira”. O IBICT está se estruturando para ser o elo
do governo no desenvolvimento do ICV nacional. No período de 2003 a 2004, esse
instituto desenvolveu um site59 informativo sobre ACV que disponibiliza informações
sobre este tema.
Em outubro de 2005, o MCT organizou em São Paulo o Seminário Internacional
“Impacto da Avaliação do Ciclo de Vida na Competitividade da Indústria Brasileira”,
com o objetivo de disseminar a importância da técnica da ACV para indústria. Desse
evento, participaram diversos palestrantes do governo, da academia e da indústria
nacional, além de pesquisadores internacionais. O IBICT estabeleceu também uma
parceria com o Instituto Ekos Brasil e o Instituto suíço EMPA, para capacitação em
elaboração da base de dados em ACV. Esse projeto de capacitação, ministrado por
um membro do EMPA, foi estruturado a partir do modelo “Ecoinvent”. Aconteceram
três workshops: o primeiro em Brasília, de 13 a 16 de julho de 2005; o segundo em
São Paulo, de 25 a 28 de fevereiro de 2006; e o terceiro em Brasília, de 2 a 5 de
maio 2006. O workshop final ocorreu durante a “Conferência Internacional do Ciclo
de Vida – CILCA”, em fevereiro de 2007.
59
<www.acv.ibict.br>.
77
No mês de agosto de 2006, o IBICT enviou, para um edital da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep), uma proposta cuja meta era desenvolver projeto
nacional de ICV. Este teria como co-executores três universidades, UnB, USP e
UFTPR, e como parceiros, a ABNT, o Sebrae60, INT61, Inmetro62, a ABIPTI63, a
ABCV e Petrobras. Esse projeto foi aprovado e está previsto para iniciar em 2007.
Cada uma das universidades ficará com um tema específico do inventário.
Inicialmente, será realizado um projeto piloto para energia, combustível e transporte.
No âmbito desse projeto, será contratada uma consultoria internacional para se
conhecer uma outra maneira de organização de informações do banco de dados,
diferente da experiência com a Suíça. Será o primeiro passo para o desenvolvimento
do inventário brasileiro, levando em consideração que o projeto nacional de ACV
ficou estagnado durante algum tempo, principalmente por falta de recursos
financeiros.
Neste capítulo sobre ACV no Brasil, foram levantados dados da academia, empresa
e do governo. No meio acadêmico, foram levantadas 47 dissertações e 17 teses. A
universidade que tem o maior número de dissertações na temática ACV é a USP
com 13 trabalhos, sendo que oito destes foram produzidas pela Engenharia
Química, pelo grupo de pesquisa em denominado “Grupo de Prevenção da Poluição
(GP2)”. Vale ressaltar a importância desse grupo no desenvolvimento da ACV no
país. Em relação às teses, a universidade que mais produziu foi a Unicamp, com
cinco trabalhos. A pesquisa com os dados acadêmicos dá uma visão das
universidades onde estão concentrados os trabalhos de ACV e possibilita a
identificação não só das competências por segmento, mas também das lideranças já
formadas. Mostra também que não existe uma evolução progressiva dos trabalhos
no decorrer dos anos. No entanto, houve um período em que a produção cresceu: o
biênio 2003/2004.
Poucos trabalhos usando ACV foram desenvolvidos em empresas no Brasil. A
maioria das empresas onde trabalhos com essa temática foram encontrados
60
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Instituto Nacional de Tecnologia (INT)
62
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)
63
Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa (ABIPTI)
61
78
pertencem a grupos multinacionais, que já têm a prática de utilizar essa ferramenta
em outras unidades de outros países, principalmente na Europa. Nesses casos,
essa prática está devidamente evidenciada nos seus instrumentos de comunicação
(sites institucionais e relatórios).
O papel do governo brasileiro na implantação do banco de dados é imprescindível. A
ação governamental faz-se necessária no desenvolvimento de parcerias, com os
diversos atores, conforme se pode constatar a partir do exemplo de outros países.
Espera-se que com o desenvolvimento deste banco de dados de ACV, a ferramenta
seja mais difundida e utilizada. A Figura 19 mostra os principais marcos para o
desenvolvimento da ACV no Brasil.
79
- Estudo do
Criação
GANA/
ABNT
1994
Centro de
Tecnologia
de
Embalagem
CETEA/ITAL
(1997-1999)
- Inicio
Grupo de
Prevenção à
Poluição
GP2/USP
1997
- Criação da
Associação
Brasileira do
Ciclo de Vida
(ABCV)
Livro "ACV de
Produtos"
(CHEHEBE)
1998
Criação CB38/ ABNT
1999
Norma
ABNT/ISO
14.040
2001
- Livro "ACV:
a ISO 14.040
na América
Latina
(CALDEIRAPIRES)
- Livro “ACV
Princípios e
Aplicações"
(MOURAD)
2002
Normas
ABNT/ISO
14.041 e
14.042
2004
Figura 19 - Principais atividades da ACV no Brasil
80
- Norma
ABNT/ISO
14.043
2005
- Conferência
Internacional de
Avaliação de
Ciclo de Vida
(CILCA 2007)
- Início do
Projeto
Brasileiro de
ICV
2007
5 PROPOSIÇÕES
Pelos levantamentos desta pesquisa, para o desenvolvimento da ACV em um país é
de fundamental importância que os diversos atores envolvidos na questão atuem de
forma integrada. Observa-se que no Brasil isso não está existindo. Na academia, os
estudos da ACV são desenvolvidos em trabalhos da pós-graduação (mestrado e
doutorado), com esforços de professores e seus alunos, e sem aportes financeiros
para o desenvolvimento das pesquisas. Não se tem uma continuidade da produção
científica. Mesmo assim, já existem algumas universidades formando lideranças e há
professores coordenando essas atividades.
Nas empresas, os poucos estudos desenvolvidos no Brasil, foram, na maioria,
realizados pelas filiais de grupos multinacionais que já têm a prática de usar a ACV
em suas matrizes. Esses estudos não estão associados a grupos de pesquisas das
universidades, são desenvolvidos pela necessidade imposta por um contexto dentro
destas empresas. Observa-se a importância do envolvimento da alta gerência no
desenvolvimento da ACV nessas instituições.
Vários autores (BORGES, 2004; RIBEIRO, 2004; SANTOS, 2001; SILVA, 2003)
falam da carência de um banco de dados brasileiros, pois a cada estudo que se
inicia faz-se necessário levantar uma grande quantidade de informações na fase de
Inventário de Ciclo de Vida. Isso torna muito complexa a realização do mais simples
estudo. O banco de dados reduziria o tempo gasto para a realização de um estudo e
a quantidade de recursos necessários para a sua execução. Também viabilizaria
novos estudos, que se tornariam mais fáceis de serem finalizados. Por causa da
carência de dados nacionais, alguns estudos desenvolvidos no Brasil foram
adaptados a partir de uma base de dados estrangeiros, o que diminui a qualidade do
inventário, pois este deve representar a realidade brasileira.
Para formação do banco de dados nacional, o governo vem procurando desenvolver
um projeto de ICV. Deve-se ressaltar que nesse projeto inicial apenas uma empresa,
a Petrobras, faz parte da parceira. Desse modo, abrangência das informações fica
reduzida e perde-se em riqueza de dados.
Em outros países, observa-se a
81
importância do setor governamental para a implementação, divulgação e o fomento
à ACV.
Baseado no que foi descrito anteriormente, serão apresentadas proposições de
inserção da Avaliação do Ciclo de Vida no Brasil, considerando as características do
país e os atores envolvidos no processo. Estas proposições, especificadas para os
setores acadêmico, empresarial e governamental, encontram-se apresentadas na
Quadro 11 abaixo. Foi projetada uma perspectiva de prazo (curto, médio e longo)
para que as mesmas sejam implementadas.
Quadro 11 - Proposições de inserção da ACV no Brasil
PROPOSIÇÕES
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
ACADEMIA
EMPRESA
1. Divulgar a ACV, através do “Pensar o Ciclo de
Vida” nos ensinamentos da graduação e pósgraduação, através de disciplinas específicas
ou como um tema dentro de outras.
Como exemplo, podemos citar a Escola
Politécnica da USP, Dep. de Engenharia
Química, que tem uma disciplina somente
sobre ACV ministrada na pós-graduação.
CP
2. Nas universidades que já têm estudos de ACV,
seguir uma linha de pesquisa com foco em
determinados segmentos produtivos (Ex.
energia, construção civil, metais etc.). Assim,
formar-se-iam
grupos
consolidados,
competências e trabalhos publicados.
Algumas
universidades
brasileiras
já
apresentam definição em determinadas áreas,
tais como: a USP em energia, a UFSC e a
UFGRS em construção civil, a UnB em
agricultura e a UFBA em políticas públicas e
industriais.
CP
3. Interagir e trocar experiências entre as
universidades e empresas, principalmente com
aquelas que estejam mais avançadas nos
estudos de ACV, através do intercâmbio de
pessoal, palestras e cursos.
MP
MP
4. Desenvolver estudos de Inventários de Ciclo
de Vida em determinados segmentos
produtivos, por equipes multidisciplinares, para
diminuir as dificuldades enfrentadas no
levantamento dos dados.
MP
MP
GOVERNO
CP
82
PROPOSIÇÕES
5. Participar de projetos com o governo,
principalmente na formação do banco de dados
de ACV brasileiro.
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
ACADEMIA
EMPRESA
CP
CP
6. Desenvolver estudos de ACV dos seus
produtos prioritários, baseado na performance
ambiental, gerenciamento ambiental, mudança
de design, entre outros.
As empresas: Amanco, Natura, Tetra Pak,
Unilever, DaimlerChrsyler, Basf e Suzano são
exemplos de empresas que desenvolveram
estudos sobre ACV.
MP
7. Capacitar equipes de trabalho na ferramenta
de ACV para que as empresas possam utilizar
e se beneficiar dos resultados dos estudos,
aliando metas ambientais e de sustentabilidade
com estratégias de negócios (marketing em
favor de produtos que têm menor impacto
ambiental em uma perspectiva de ciclo de
vida).
MP
8. Envolver as associações empresariais no
desenvolvimento da ACV. Assim se reduzem
os custos e riscos associados com a
implementação da ACV, além de se promover
a colaboração e troca de informações sobre a
metodologia.
Um exemplo desta ação é o caso da empresa
Amanco, descrita no item 4.2, que através de
estudos de ACV envolveu toda a cadeia
produtiva do PVC e sua associação de classe,
o Instituto do PVC.
MP
9. As empresas devem assumir um papel próativo na solução dos problemas ambientais,
tanto internamente, quanto externamente,
atuando junto às partes interessadas
(associações
de
classe,
fornecedores,
consumidores) e na cooperação com o
governo e a academia.
MP
10. Dar prioridade a projetos cooperativos para a
ACV se desenvolver em setores prioritários da
economia, através de editais públicos, por ex.
Finep, que contemplem as empresas e as
universidades/institutos de pesquisas, aliando
assim o conhecimento acadêmico com as
informações das empresas.
Os editais da Finep são lançados através de
chamadas públicas e abrangem diversas
etapas de um projeto: pesquisa básica e
GOVERNO
MP
CP
83
PROPOSIÇÕES
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
ACADEMIA
EMPRESA
GOVERNO
aplicada, inovações e desenvolvimento de
produtos, serviços e processos. Frisa-se a
necessidade da abertura de uma linha de
fomento para ACV.
11. Fomentar o IBICT como órgão gestor do banco
de dados brasileiro de ACV, com capacitação
em recursos humanos.
CP
12. Promover a articulação entre os outros órgãos
governamentais ligados ao meio ambiente,
como o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e
as áreas tecnológicas.
MP
13. Incluir ACV em linhas de créditos de bancos
oficiais
do
governo
federal
para
o
financiamento de projetos com as empresas.
Isso estimularia a adoção de estudos de ACV,
com foco na minimização dos impactos
ambientais.
Ex. O Banco do Nordeste possui uma linha de
financiamento para projetos em Produção mais
Limpa (P+L) destinada aos empresários
nordestinos, além do fomento para a instalação
de Núcleos de P+L e formação de consultores.
Esta ação poderia ser estendida para ACV,
além abranger outros bancos oficiais com
atuação nacional.
MP a LP
14. Difundir o conhecimento da ACV, através de
seminários, workshops e congressos, em
diversas
cidades
brasileiras
onde
se
concentram os principais pólos industriais.
CP
CP
15. Conscientizar os segmentos produtivos sobre a
ACV, principalmente nas questões comerciais
para o Brasil, no que se refere à Rotulagem
Ambiental tipo III.
CP
16. Utilizar estudos de ACV para tomada de
decisão e planos de ação governamental (Ex.:
escolha de sistema de transporte público;
contratos públicos; política de compras, em
que as diferentes alternativas de produtos com
menor impacto sejam avaliadas).
LP
17. Inserir ACV como uma terminologia nos
principais bancos de dados de pesquisas
brasileiros, para facilitar a indexação e
recuperação da informação.
Ex.: na base de dados do CNPq - Plataforma
CP
84
PROPOSIÇÕES
PERSPECTIVAS DE INSERÇÃO
ACADEMIA
EMPRESA
GOVERNO
Lattes, incluir o termo ACV dentro da área
”outras”, subárea “ciências ambientais”; isso
facilitará a organização da informação dos
pesquisadores que trabalham com o tema.
18. Fomentar políticas públicas para incorporar o
“Pensar o Ciclo de Vida”; isso incentivaria
estudos nos diversos setores e influenciaria
toda a cadeia produtiva.
Tem-se como exemplo a Política Integrada de
Produtos na Europa.
19. Criar parcerias com:
o Órgãos ambientais dos estados, para que as
licenças ambientais possam servir como
instrumento de pesquisas para o banco de
dados brasileiro. Escolher um órgão ambiental
como piloto para analisar o formulário da
licença ambiental, levantar os dados que este
órgão possui atualmente e identificar como as
informações podem ser melhoradas e
direcionadas para servir de fonte para o banco
de dados.
o Associação Brasileira do Ciclo de Vida para
estimular um fórum de discussões e o seu
fortalecimento, para representar e impulsionar
o desenvolvimento de ACV no Brasil.
Em alguns países as associações de classe
têm
um
papel de
destaque,
sendo
responsáveis pelas atividades de ACV,
mantendo articulações com o governo, a
indústria e a academia.
o Países com experiências em ACV, para
interagir com os casos de sucesso, além de
fornecedores de softwares e institutos que já
desenvolveram banco de dados.
Em relação ao banco de dados, devem-se
conhecer os modelos, a forma de concepção e
as dificuldades enfrentadas por países como
Japão, Suíça e Alemanha, entre outros, que já
têm seus bancos de dados mais avançados.
Deve-se também interagir com os fornecedores
de softwares, pois estes possuem experiência
acumulada no uso da ACV.
LP
CP
CP
CP
Legenda: CP - Curto Prazo; MP - Médio Prazo; LP - Longo Prazo.
85
Fatos motivadores para a inserção da ACV no meio acadêmico:
o Desenvolvimento de competências em ACV (formação de mão-de-obra
especializada, com aplicação da ferramenta e uso de softwares específicos);
o Reconhecimento dos grupos de estudos, através dos trabalhos acadêmicos
publicados dentro e fora do país;
o As parcerias com empresas resultariam em capacitação, metodologia sendo
aplicada na prática, troca de informação, coleta de dados primários,
resultando em um rico acervo para ensinamentos da ACV;
o Desenvolvimento da capacidade de “tomada de decisão” baseada em
estudos de ACV, dentro das disciplinas nas universidades;
o Contribuição para o projeto do banco de dados de ACV brasileiro.
Fatos motivadores para inserção da ACV nas empresas:
o Através de estudos de ACV serão identificados os pontos críticos ambientais
ao longo do ciclo de vida do produto. A partir dessa identificação, a empresa
pode melhorar a performance ambiental e utilizá-la como uma estratégia de
marketing almejando obter o reconhecimento do público consumidor por meio
do aumento das vendas. Conseqüentemente, a empresa obtém ganhos
econômicos;
o O trabalho de parcerias resulta em ganhos e trocas de informações
importantes, em que as empresas se beneficiam por meio das pesquisas e
estudos com as universidades e com a interação com as associações de
classe. Com o governo será um forte aliado para alimentação de informação
para o banco de dados brasileiro de ACV;
o As empresas pró-ativas terão a possibilidade de melhorar o processo de
transformação do mercado, com melhoria da imagem, através de uma
diferenciação do produto, de maiores vendas e do retorno financeiro;
o Atendimento das exigências da Rotulagem Ambiental tipo III, baseada em
estudos de ACV, para as empresas que desejarem expandir seus negócios
através da exportação de seus produtos para a Europa.
86
Fatos motivadores para inserção da ACV no governo:
o Melhor utilização dos recursos públicos, fomentando a participação financeira
do setor privado nos projetos cooperativos de ACV e promovendo resultados
mais visíveis para a sociedade;
o Criação de competências no seu quadro institucional, facilitando as
articulações com os parceiros, mantendo um grupo de trabalho permanente
sem sofrer descontinuidades. Atualmente, o corpo técnico do IBICT envolvido
nesse tema é bastante restrito;
o As parcerias entre o governo e os diversos atores são de fundamental
importância para o desenvolvimento e sucesso do banco de dados. Isso pode
ser verificado nos países que já têm seus bancos de dados avançados, como
Japão, Suécia e Alemanha;
o A concessão de uma linha de crédito baseada numa ferramenta ambiental
nos bancos públicos será um estímulo ao uso, desenvolvimento e à prática da
ACV pelas empresas;
o Fortalecimento nas ações a serem desenvolvidas no âmbito dos governos
federal e estadual, com articulações com outros ministérios e órgãos
governamentais;
o As tomadas de decisões baseadas em estudos de ACV na área pública têm
um respaldo ambiental, pois essa ferramenta integra estudos envolvendo toda
a cadeia produtiva, logo tais decisões serão tomadas com base no menor
impacto ambiental;
o Desenvolvimento da ferramenta ACV, no que se refere aos aspectos
ambientais, econômicos e sociais, para orientar políticas públicas, que podem
ser viabilizadas da seguinte forma:
•
Realizar uma caracterização preliminar em conjunto com especialistas
para traçar um esboço de ações de políticas públicas que contemplem
ACV respeitando os interesses das partes interessadas;
•
Com base neste estudo, envolver os diversos atores, ligados a diferentes
setores, para que participem de um processo de discussão e,
conseqüentemente, atinjam um consenso sobre as ações a serem
desenvolvidas;
•
Identificar as oportunidades de investimentos e prioridades políticas,
considerando os pilares da sustentabilidade para definir prioridades de
87
implementação. Pode-se trazer como exemplo o caso de tributação
diferenciada em função do desempenho ambiental dos produtos.
88
6 CONCLUSÕES
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de propor ações para a inserção da
Avaliação do Ciclo de Vida como instrumento para a sustentabilidade ambiental
brasileira. Mostrou-se um panorama da ACV no mundo e no Brasil, identificando
estudos acadêmicos realizados sobre o tema e apontando as competências
regionais que têm sido formadas em torno do assunto, assim como as iniciativas de
uso desse instrumento no meio governamental e empresarial brasileiro. Ao final,
foram feitas proposições para melhorar as interações entre os diversos atores.
Acerca do panorama da ACV no mundo, conclui-se que as parcerias entre os
diversos setores, as ações integradas e os investimentos nos trabalhos conjuntos,
são importantes para se chegar ao processo de formulação de políticas públicas e
programas sobre ACV. Observa-se que os bancos de dados são de fundamental
importância para a implementação da ACV. Nesse contexto, a Europa desponta em
relação ao desenvolvimento da ACV. Nos países em desenvolvimento, ainda não
existem parcerias suficientes ou estas ainda estão se formando, havendo poucos
estudos sobre a ACV. No Brasil, pesquisou-se sobre os setores acadêmico,
empresarial e governamental.
No setor acadêmico brasileiro, algumas universidades, que já despontam com seus
grupos de pesquisa em ACV, devem ser destacadas. Podemos citar o caso da USP,
com o Grupo de Prevenção da Poluição, que já contabiliza oito dissertações de
mestrado e uma tese de doutorado. Faz-se necessário frisar a importância deste
grupo no desenvolvimento da ACV no país. A universidade que até o momento
produziu mais teses de doutorado foi a Unicamp, com cinco trabalhos. De acordo
com o ano de publicação desses trabalhos, observou-se que não existe uma
evolução quantitativa dos mesmos no decorrer dos anos. Os trabalhos acadêmicos
brasileiros contemplam diversos segmentos produtivos, tais como: petroquímico,
construção civil, agricultura, energia elétrica, alumínio etc. Observa-se uma afinidade
de algumas universidades por determinados assuntos: a USP, em energia; a UFSC
e a UFGRS, em construção civil; a UnB, em agricultura e a UFBA, em políticas
públicas e industriais. É no setor acadêmico em que há o maior desenvolvimento da
ACV no Brasil, apesar de atrasado em relação aos países desenvolvidos. Entende89
se que as universidades devam procurar parcerias, principalmente com empresas
para desenvolver projetos cooperativos, e com o governo para que os resultados
das pesquisas possam servir para construção do banco de dados nacional e para a
formulação de políticas públicas. Sugere-se que a academia concentre seus
esforços em linhas específicas de pesquisa, criando centros de referência em
determinados temas de ACV.
Foram identificadas poucas empresas que utilizam a ferramenta ACV, a maioria
destas é de grande porte ou faz parte de grupos multinacionais de origem Européia.
Conclui-se que se deve fomentar a ACV dentro das empresas e incentivar parcerias
entre as mesmas ou com associações empresariais, com as universidades e com o
governo, para aumentar o uso dessa ferramenta.
No governo, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)
possui um projeto de Inventário do Ciclo de Vida que está na fase de planejamento e
capacitação para formação de um banco de dados nacional. Até o momento, o
projeto só conta com a parceria de uma empresa, a Petrobras, sendo importante a
adesão de outras, e principalmente de associações empresariais para que as
informações para construção do banco de dados estejam acessíveis. Conclui-se que
o esforço demonstrado pelo governo, na construção de um banco de dados
brasileiro, seja um passo importante para o desenvolvimento do seu inventário.
Entretanto, observa-se que a equipe técnica do IBICT deve estar estruturada para
este fim e ser multidisciplinar; que promova parcerias com universidades, outros
órgãos
governamentais,
órgãos
ambientais
estaduais
e
com
instituições
estrangeiras. Sugere-se divulgar a ACV nos principais pólos industriais, para
disseminar o conhecimento e a informação. Espera-se também que, a médio e longo
prazo, o governo amplie as suas ações indo além do banco de dados, ou seja, que
viabilize políticas públicas que tenham por base estudos de ACV, envolvendo os
diversos atores brasileiros. A longo prazo, o esperado é que as ações em ACV
sejam estendidas também para tomada de decisão no plano governamental.
Sugere-se que uma das formas de avaliar os efeitos destas proposições no futuro,
seja através de um novo levantamento nos três setores analisados.
90
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Química) Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química, Universidade
de São Paulo, São Paulo.
YOUNG, Steven B. Life Cycle Assessment in Canada. International Journal of Life
Cycle Assessment. V. 8, N. 6. p 321-322. 2003.
ZAKARIA, Zulina; HASSAN, M.; AWANG, M. Current status and needs for Life
Cycle Assessment development in Asian/Pacific regions. International Journal of
Life Cycle Assessment. V. 4, N. 4. p 191 – 194. 1999.
ZIMMERMANN, Regina Celia O PVC e a sustentabilidade ambiental: marcos
históricos e o caso Amanco Brasil. 2004. 116 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Ambiental). Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
102
ANEXO A – RELAÇÃO DAS NORMAS ISO/ABNT DE ACV
o ISO 14040 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment - Principles and Framework. 1997.
NBR ISO 14.040 - Princípios e estrutura, em 2001.
o ISO 14041 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment Goal and Scope Definition and Inventory Analysis.1998.
ABNT NBR ISO 14.041 - Definições e análise de inventário, em 2004.
o ISO 14042 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment - Life Cycle Impact Assessment. 2000.
ABNT NBR ISO 14.042 – Avaliação de impactos, em 2004.
o ISO 14043 - International Standard. Environmental Management - Life Cycle
Assessment - Life Cycle Interpretation. 2000.
ABNT NBR ISO 14.043 – Interpretação do ciclo de vida, em 2005.
ISO TR 14047: Exemplos de Aplicação da ISO 14042
ISO TR 14048: Formato da Apresentação de Dados
ISO TR 14049: Exemplos de Aplicação da ISO 14041
103
APÊNDICE A – RELAÇÃO DAS DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE
DOUTORADO
Identificadas no período da busca, de abril a junho de 2006.
1.
Titulo
Inventário de Ciclo de Vida da
Geração Hidrelétrica no Brasil Usina
de
Itaipu:
Primeira
Aproximação. 2003.
MESTRADO
Aluno
Orientador
Flávio de
Gil Anderi
Miranda
Ribeiro.
2.
Inventário de ciclo de vida do sistema
de transmissão de energia elétrica.
2004 214p.
Wady Facury
Victorino
3.
Inventário de ciclo de vida da
distribuição de energia elétrica no
Brasil. 2003. 341p.
Alexandre
Yoshikazu
Yokote.
4.
Inventário do ciclo de vida do PVC
produzido no Brasil. 2004. 174 p.
Fúlvia Jung
Borges
Universidade
Universidade
de São Paulo
(USP)
Mestrado
Engenharia
Química
5.
Estudo Quantitativo do Impacto
Ambiental na Produção Industrial do
Polietileno. Resumo de dissertação.
2004.
Éden R. C
Souza
Pedro Mauricio
Büchler
6.
Desenvolvimento de Modelo de
Análise de Ciclo de Vida adequado
às Condições Brasileiras: Aplicação
ao Caso do Superfosfato Simples.
2000. 141p.
Luiz
Alexandre
Kulay.
Gil Anderi
7.
Desenvolvimento de Modelo para
Avaliação de Softwares de apoio à
Análise de Ciclo de Vida. 2002. 109p.
Adriana
Karaver
Benjamin
8.
Modelagem de sistemas de produto
em estudos de avaliação do ciclo de
vida (ACV). 2004. 135p
Paulo
Henrique
Ribeiro
9.
O impacto do Marketing 'verde' nas
decisões sobre embalagens das
cervejarias que operam no Brasil.
2003 139p.
Marcos Fruet
Palhares
Celso Cláudio de
Hildebrand e Grisi
Administração
10. Análise de Ciclo de Vida Ambiental
Aplicada à Construção Civil - Estudo
de
Caso:
Comparação
entre
Cimentos Portland com Adição de
Resíduos. 2005
Juliana de
Carvalho
Vanderley Moacyr
John
Engenharia Civil
11. A Análise do Ciclo de Vida e os
Custos Completos no Planejamento
Energético. 2000. 228p.
Claudio Elias
Carvalho
Lineu Belico dos
Reis
Engenharia
Elétrica
12. Análise de Ciclo de Vida como
Contribuição à Gestão Ambiental de
Processos
Produtivos
e
Empreendimentos energéticos. 1999.
190p.
Osvaldo Stella
Martins
Célio Bermann
Interunidades em
Energia
13. O Fator Higiene Ocupacional, dentro
da Análise do Ciclo de Vida de um
Telmo Luiz
Bruson
João Vicente de
Assunção
Saúde Pública
104
Titulo
Produto: Proposta para Abordagem.
2001. 211p.
MESTRADO
Aluno
Orientador
14. Delineamento de metodologias de
gestão ambiental para execução de
teste hidrostático em dutos de gás
natural. 2004. 63p.
Renato Paula
de Andrade
15. ACV (Análise do Ciclo de Vida) como
Ferramenta de decisão para diminuir
o passivo ambiental numa indústria
moveleira. 2003. 201 p.
Rosane
Rodrigues
Pagno
16. Programa de Gestão Ambiental para
o processo de mineração no
município de São Domingos do Sul,
RS. 2003. 143p.
Luciane
Poleto Gatto
17. Análise de Ciclo de Vida na
fabricação de reservatórios de água
de fibra de vidro. 2004. 58p.
Husein Husni
Caldeira
Husein
18. Captação residencial de água
chuva para fins não potáveis
porto alegre: aspectos básicos
viabilidade técnica e benefícios
sistema. 2004. 116p.
Rafael
Simões Mano
da
em
da
do
Djalma Dias da
Silveira
Universidade
Universidade
Federal de
Santa Maria
(UFSM)
Mestrado
Engenharia de
Produção
Jorge Orlando
Cuéllar Noguera
Carin Maria Schmitt
Engenharia Civil
19. Identificação
dos
Impactos
Ambientais causados pela Indústria
de Cerâmica Vermelha do Rio
Grande do Sul. 2003. 179p.
20. Avaliação de Impactos e Custos
Ambientais em Processos Industriais:
uma abordagem metodológica. 2003.
170p.
Constance
Manfredini.
Miguel Aloysio
Sattler
Paulo Ricardo
Santos da
Silva.
Fernando Gonçalves
Amaral
21. Tecnologias de Produção mais
Limpas e Análise de Ciclo de Vida na
Indústria da Construção Civil Estudos de Casos. 2000. 119p.
Carlos
Vicente John
dos Santos
Luiz Fernando de
Abreu Cybis
22. Avaliação de Ciclo de Vida de
Produtos Metalúrgicos. 01/03/2003.
81p.
Sérgio Luiz
Puff.
Ingeborg Sell
23. Diretrizes de Gestão Ambiental na
Indústria da Construção Civil de
Edificações. 2002. 84p.
Sheila Elisa
Scheidemante
l Klein
24. Barômetro de Gestão no Estado de
Santa Catarina – Brasil. 1999. 97p.
Luiz Pedro
Benvenutti
25. Utilização da ACV (Avaliação do
Ciclo de Vida) e do DFE (Design for
Environment) como subsídio em
processos decisórios na avaliação da
melhor opção de projeto do produto
objetivando a redução dos custos
ambientais nas empresas. 1999.
170p.
George Luiz
Bleyer
Ferreira
Universidade
Federal do Rio
Grande do Sul
(UFRGS)
Engenharia de
Produção
Recursos
Hídricos e
Saneamento
Ambiental
Engenharia
Ambiental
Beate Frank
Universidade
Regional de
Blumenau
(FURB)
Administração
105
Titulo
26. O PVC e a sustentabilidade
ambiental: marcos históricos e o
caso Amanco Brasil. 2004. 116p.
MESTRADO
Aluno
Orientador
Regina Celia
Fernando Soares
Zimmermann.
Pinto Sant´Anna
Universidade
Mestrado
Engenharia
Ambiental
Universidade
Federal de
Santa Catarina
(UFSC)
27. Pavimento rígido como alternativa
econômica
para
pavimentação.
2001.117p.
José Carlos
Lobato
Mesquita
Antonio Edésio
Jungles
28. Comparação entre os processos de
produção de blocos cerâmicos e de
concreto para alvenaria estrutural
através da Análise do Ciclo de Vida.
2002. 121p.
Deise Viana
Mastella
Philippe Jean Paul
Gleize
29. Análise de Ciclo de Vida (ACV) da
produção agrícola familiar em Unaí,
MG: resultados econômicos e
impactos ambientais. 2003. 149 p.
José
Humberto
Valadares
Xavier
Armando CaldeiraPires
Universidade
de Brasília
(UnB)
30. Normatização,
padronização,
classificação e qualidade de grãos de
arroz para comercialização interna:
uma abordagem crítica. 2003. 204p.
Raimundo
Ricardo
Rabelo
31. Gestão do Ciclo de Vida (GCV) como
auxilio à ciência e tecnologia para a
gestão ambiental: o caso do óleo
lubrificante automotivo usado. 2005.
140 p.
Gustavo
Felice de
Barros
32. Proposta de Simbiose Industrial para
Minimizar os Resíduos Sólidos no
Pólo Petroquímico de Camaçari.
2004. 139p.
Armando
Hirohumi
Tanimoto.
Asher Kiperstok
Universidade
Federal da
Bahia (UFBA)
33. Inserção da Análise de Ciclo de Vida
no Estado da Bahia, através da
atuação do órgão ambiental. 2004.
144p.
Cristiane
Sandes Tosta.
34. Utilização do método LiDS para
identificação de diretrizes visando a
Análise de Impactos Ambientais no
ciclo
de
vida
de
produtos
veterinários. 2004 Mestrado
Adriano dos
Reis Lucente.
José Flávio Diniz
Nantes
35. Estudo do Ciclo de Vida do pneu
automotivo e oportunidades para a
disposição final de pneus. 2002.
130p.
Marcelo Costa
Almeida.
José Angelo
Rodrigues Gregolin
e Sati Manrich
Engenharia dos
Materiais
36. Análise de Ciclo de Vida orientada
para o meio ambiente: uma revisão
crítica. 1998 173p.
Rita Mello
Magalhães.
Luiz Antonio
Meirelles
Engenharia de
Produção
37. Estudo da Técnica de Análise do
Ciclo de Vida e sua Aplicação como
Ferramenta de Gestão Ambiental nas
Stella Maris
Gomes de
Almeida.
Rafael Schechtman
Engenharia Civil
Universidade
Federal de São
Carlos
(UFSCAR)
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro
(UFRJ)
Desenvolvimento
Sustentável
Gerenciamento e
Tecnologia
Ambiental no
Processo
Produtivo
Engenharia d e
Produção
Planejamento
Energético
106
Titulo
Empresas. 1998. 232p.
MESTRADO
Aluno
Orientador
Universidade
Mestrado
38. Analise do Ciclo de Vida de
embalagens de PET, de aluminio e
de vidro para refrigerantes no Brasil
variando a taxa de reciclagem dos
materiais. 01/12/2004 1v. 193p.
Renata
Bachmann
Guimaraes
Valt.
Georges Kaskantzis
Neto
Universidade
Federal do
Paraná (UFPR)
Engenharia
39. Situação da Gestão dos Resíduos
Sólidos Urbanos em Campo Grande,
MS 2002. 1v. 122p.
Helena
Cisotto
Sartori.
Osni Corrêa de
Souza; Silvio Favero;
Vera Lucia Ramos
Bononi.
Meio Ambiente e
Desenvolvimento
Regional
40. Subsídios para Análise do Ciclo de
Vida de assentos à base de côco e
látex. 2000. 131p.
Vera Lúcia
Pimentel
Salazar.
Alcides Lopes Leão;
Jayme de Toledo
Piza e Ameida Neto
Universidade
para Des. do
Estado e da
Região do
Pantanal
(UNIDERP)
Universidade
Estadual
Paulista Júlio
de Mesquita
Filho/Botucatu
(UNESP)
41. Florestas, madeira e habitações:
Análise energética e ambiental da
produção e uso de madeira como
uma contribuição para o desafio da
valorização da Floresta Amazônica.
2001. 130p.
Gisela de
Andrade
Brugnara
José Tomaz Vieira
Pereira
Universidade
Estadual de
Campinas
(UNICAMP)
Planejamento de
Sistemas
Energéticos
42. Técnica de Análise do Ciclo de Vida
para gerenciamento ambiental de
propriedades produtoras de suínos.
2003. 124p.
Giovanno
Pretto
Aziz Galvão da Silva
Júnior
Universidade
Federal de
Viçosa (UFV)
Economia
Aplicada
43. Aplicação da Avaliação do Ciclo de
Vida do produto pelas organizações
com sistema de gestão ambiental e
certificado. 2004. 129p.
Margareth
Lafin.
João Alberto Neves
dos Santos
Universidade
Federal
Fluminense
(UFF)
Sistemas de
Gestão
44. Análise das potencialidades da
Avaliação do Ciclo de Vida de
produto como instrumento de apoio à
gestão ambiental. 1998. 122p
45. Balanço, análise de emissão e
seqüestro de CO2 na geração de
eletricidade excedente no setor
sucro-alcooleiro. 2004. 174p.
Antônio dos
Santos
Paulo Jorge Moraes
Figueiredo
Engenharia de
Produção
Felipe
Moreton
Chohfi
Electo Eduardo Silva
Lora; Francisco
Antonio Dupas
Universidade
Metodista de
Piracicaba
(UNIMEP)
Universidade
Federal de
Itajubá
(UNIFEI)
46. O designer e a Avaliação do Ciclo de
Vida dos produtos: análise do uso
das ferramentas. 2006
Ricardo
Barreto
Moraes
Alfredo Jefferson de
Oliveira
47. Implantação da norma ISO14040
numa indústria de vidro plano. 2002.
Rose Maria
Arantes
Santos
Armando CaldeiraPires
Pontifícia
Universidade
Católica (PUC)
Rio de Janeiro
Universidade
de Taubaté
(UNITAU)
Agronomia
(Energia na
Agricultura)
Engenharia de
Energia
Gestão
Ambiental
107
DOUTORADO
Titulo
Análise de Ciclo de Vida: estudo de
caso para materiais e componentes
automotivos. 2001. 180 p.
Aluno
Cássia Maria Lie
Ugaya
Orientador
Arnaldo Cesar da
Silva Walter
2.
Proposta
de
metodologia
e
concepção e projeto de produto
considerando aspectos ambientais
no ciclo de vida. 2000. 163p.
Yane Ribeiro de
Oliveira Lobo
Paulo Correa Lima
3.
Síntese otimizada de sistemas de
aquecimento solar de água. 2000.
130p.
Metodologia e procedimentos para a
consideração ambiental no projeto
de processos químicos. 2003. 347p.
Thomaz Penteado
de Freitas Borges
Paulo Ernani
Bauer
Rubens Maciel Filho
Análise de Ciclo de Vida aplicada ao
processo de cerâmica tendo como
insumo energético capim elefante
2003. 116p.
Avaliação da sustentabilidade de
edifícios de escritórios brasileiros:
diretrizes e base metodológica. 2003.
210p.
Eco-eficiência na indústria de
celulose e Papel. 2003 375p.
Omar Seye
Luis
Augusto
Barbosa Cortez
Zeila Chittolina
Piotto
Dione Mari Morita
Análise ambiental de aços forjados.
2004. 100p
Jean Carlo
Camasmie de
Paola.
Jorge Alberto
Soares Tenório
Engenharia
Metalúrgica
Uso da Análise de Ciclo de Vida para
a comparação do desempenho
ambiental das rotas úmida e térmica
de
produção
de
fertilizantes
fosfatados. 2004. 314p.
10. Análise do Ciclo de Vida aplicada ao
Gerenciamento de Resíduos: o caso
da ETA Bolonha. 2003. 340p.
Luiz Alexandre
Kulay
Gil Anderi
Engenharia
Química
Luiza Carla Girard
Teixeira Machado
11. Análise do Ciclo de vida: uma
avaliação social e econômica da
reciclagem das latas de alumínio da
cidade de Belém. 2004. 296p.
Arimar Leal Vieira
José
Almir
Rodrigues Pereira;
Marcos
Ximenes
Ponte
Marcos
Ximenes
Ponte
12. Avaliação de Ciclo de Vida de
garrafas PET: materiais, energia e
emissões. 2004.130p.
Marcus Vinicius
Pereira Remédio
Maria Zanin
13. Avaliação do Ciclo de Vida do álcool
etílico hidratado combustível pelos
métodos EDIP, Exergia e Emergia.
2005. 200 p
14. Seleção de fronteiras para Análise
de Ciclo de Vida de sistemas que
emitem
poluentes
tóxicos
de
chaminés. 2002. 130p.
Aldo Roberto
Ometto
Woodrow Nelson
Lopes Roma
Stelvia Vigolvino
Matos
Valdir Schalch
15. Desenvolvimento
de
uma
metodologia e um software para
avaliação ambiental de processos
metalúrgicos. 2001. 384p.
Luciano Miguel
Moreira dos
Santos
16. Planejamento baseado em casos
aplicado na resolução de nãoconformidades (NC) ambientais no
Harryson Luiz da
Silva
1.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Vanessa Gomes
da Silva.
Sílvia Azucena
Nebra de Pérez
Vahan Agopyan
Universidade
Doutorado
Engenharia
Mecânica
Universidade
Estadual
de
Campinas
(UNICAMP)
Engenharia
Química
Planejamento
de
Sistemas
Energéticos
Universidade de
São Paulo (USP)
Universidade
Federal do Pará
(UFPA)
Universidade
Federal de São
Carlos
(UFSCAR) -
Engenharia Civil
Des.
Sustentável do
Trópico Úmido
Ciência e
Engenharia dos
Materiais
Engenharia
Hidráulica e
Saneamento
Universidade de
São Paulo / São
Carlos
Engenharia
Hidráulica
Saneamento
Edwin Auza Villegas
Universidade
Federal de Minas
Gerais (UFMG)
Engenharia
Metalúrgica e
de Minas
Luiz
Fernando
Jacintho Maia
Universidade
Federal de Santa
Engenharia
Produção
108
e
de
DOUTORADO
Titulo
ciclo de vida de produtos, processos
e serviços. 1997. 234p
17. Análise da eficiência da cadeia
energética para as principais fontes
de energia utilizadas em veículos
rodoviários no Brasil. 2004. 297p.
Aluno
Marcio de Almeida
D´Agosto
Orientador
Suzana
Ribeiro
Kahn
Universidade
Catarina (UFSC)
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro
(UFRJ)
Doutorado
Engenharia de
Transportes
109
APÊNDICE B - LISTAGEM DAS DISSERTAÇÕES E TESES DE ACV DE ACORDO COM
O ANO DE PUBLICAÇÃO
Titulo
Análise de Ciclo de Vida orientada
para o meio ambiente: uma revisão
crítica.
Aluno
MESTRADO
Professor
Rita Mello
Magalhães.
Luiz Antonio
Meirelles,
Estudo da técnica de Análise do Stella Maris
Ciclo de Vida e sua aplicação como Gomes de
ferramenta de gestão ambiental nas Almeida.
empresas.
Rafael
Schechtman.
Análise das potencialidades da Antônio dos
Avaliação do Ciclo de Vida de Santos
produto como instrumento de apoio
à gestão ambiental.
Paulo Jorge
Moraes
Figueiredo.
Análise de Ciclo de Vida como
contribuição à gestão ambiental de
processos
produtivos
e
empreendimentos energéticos.
Utilização da ACV (Avaliação do
Ciclo de Vida) e do DFE (Design for
Environment) como subsídio em
processos decisórios na avaliação
da melhor opção de projeto do
produto objetivando a redução dos
custos ambientais nas empresas.
Barômetro de gestão no Estado de
Santa Catarina – Brasil
Osvaldo Stella
Martins
Célio
Bermann.
George Luiz
Bleyer Ferreira
Beate Frank.
Luiz Pedro
Benvenutti
Beate Frank
A Análise do Ciclo de Vida e os
custos completos no planejamento
energético.
Claudio Elias
Carvalho
Lineu Belico
dos Reis.
Desenvolvimento de modelo de
Análise de Ciclo de Vida adequado
às condições brasileiras: aplicação
ao caso do superfosfato simples.
Subsídios para Análise do Ciclo de
Vida de assentos à base de côco e
látex.
Tecnologias de Produção mais
Limpas e Análise de Ciclo de Vida
na indústria da construção civil estudos de casos.
Universidade
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro Engenharia de
Produção
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro Planejamento
Energético
Universidade
Metodista de
Piracicaba Engenharia de
Produção
Universidade de
São Paulo Interunidades
Em Energia
Universidade
Regional de
Blumenau Administração
Ano de
Formação
Produção
por ano
3
1998
1999
3
2000
4
Universidade
Regional de
Blumenau –
Administração
Universidade de
São Paulo Engenharia
Elétrica
Luiz Alexandre
Gil Anderi
Universidade de
Kulay.
São Paulo Engenharia
Química
Vera Lúcia
Alcides Lopes Universidade
Pimentel Salazar. Leão
Est.Paulista Júlio
de Mesquita
Filho/Botucatu Agronomia
Carlos Vicente
Luiz Fernando Universidade
John dos Santos de Abreu
Federal do Rio
Cybis.
Grande do Sul Recursos
Hídricos e
Saneamento
Ambiental
110
Titulo
O Fator Higiene Ocupacional,
dentro da Análise do Ciclo de Vida
de um produto: proposta para
abordagem.
MESTRADO
Aluno
Professor
Telmo Luiz
Bruson
João Vicente
de Assunção.
Universidade
Universidade de
São Paulo Saúde Pública
Florestas, madeira e habitações:
Gisela de
análise energética e ambiental da
Andrade
produção e uso de madeira como
Brugnara
uma contribuição para o desafio da
valorização da Floresta Amazônica.
José Tomaz
Universidade
Vieira Pereira. Estadual de
Campinas Planejamento de
Sistemas
Energéticos
Pavimento rígido como alternativa
econômica para pavimentação.
Antonio
Edésio
Jungles.
Universidade
Federal de Santa
Catarina Engenharia Civil
Armando
CaldeiraPires.
Universidade de
Taubaté Gestão
Ambiental
Univ. para
Desenvol. do
Estado e da
Região do
Pantanal
Jose Carlos
Lobato Mesquita
Implantação da norma ISO 14040 Rose Maria
numa indústria de vidro plano.
Arantes Santos
Situação da Gestão dos Resíduos Helena Cisotto
Sólidos Urbanos em Campo Sartori.
Grande,
Osni Corrêa
de Souza
Desenvolvimento de modelo para Adriana Karaver
avaliação de softwares de apoio à Benjamin
Análise de Ciclo de Vida
Gil Anderi
Comparação entre os processos
de produção de blocos cerâmicos e
de
concreto
para
alvenaria
estrutural através da Análise do
Ciclo de Vida.
Estudo do Ciclo de Vida do pneu
automotivo e oportunidades para a
disposição final de pneus.
Deise Viana
Mastella
Philippe Jean
Paul Gleize.
Marcelo Costa
Almeida.
José Ângelo
Rodrigues
Gregolin.
Diretrizes de gestão ambiental na Sheila Elisa
indústria da construção civil de Scheidemantel
edificações.
Klein Sheila
Análise de Ciclo de Vida (ACV) da
produção agrícola familiar em Unaí,
MG: resultados econômicos e
impactos ambientais.
Normatização,
padronização,
classificação e qualidade de grãos
de arroz para comercialização
interna: uma abordagem crítica.
Ingeborg Sell.
Ano de
Formação
Produção
por ano
2001
3
2002
6
2003
11
Universidade de
São Paulo Engenharia
Química
Universidade
Federal de Santa
Catarina Engenharia Civil
Universidade
Federal de São
Carlos - Ciência
e Engenharia
dos Materiais
Universidade
Regional de
Blumenau Engenharia
Ambiental
José Humberto
Armando
Universidade de
Valadares Xavier Caldeira-Pires Brasília Desenvolvimento
Sustentável
Raimundo
Ricardo Rabelo
111
Titulo
O impacto do Marketing 'Verde'
nas decisões sobre embalagens
das cervejarias que operam no
Brasil.
ACV (Análise do Ciclo de Vida)
como ferramenta de decisão para
diminuir o passivo ambiental numa
indústria moveleira.
Programa de gestão ambiental para
o processo de mineração no
município de São Domingos do Sul,
RS
Técnica de Análise do Ciclo de Vida
para gerenciamento ambiental de
propriedades produtoras de suínos.
01/02/2003 1v. 124p.
Identificação
dos
impactos
ambientais causados pela indústria
de cerâmica vermelha do rio grande
do sul.
Inventário de ciclo de vida da
geração hidrelétrica no Brasil usina
de
Itaipu:
primeira
aproximação.
Inventário de Ciclo de Vida da
distribuição de energia elétrica no
Brasil.
Avaliação de impactos e custos
ambientais
em
processos
industriais:
uma
abordagem
metodológica.
MESTRADO
Aluno
Professor
Marcos Fruet
Palhares
Celso Cláudio
de Hildebrand
e Grisi
Ano de
Formação
Produção
por ano
2004
14
Universidade de
São Paulo Administração
Rosane
Jorge Orlando Universidade
Rodrigues Pagno Cuéllar
Federal de Santa
Noguera.
Maria Engenharia de
Produção
Luciane Poleto
Jorge Orlando Universidade
Gatto
Cuéllar
Federal de Santa
Noguera
Maria Engenharia De
Produção
Giovanno Pretto Aziz Galvão
Universidade
da Silva
Federal de
Junior.
Viçosa Economia
Aplicada
Constance
Manfredini.
Flávio de
Miranda Ribeiro.
Alexandre
Yoshikazu
Yokote.
Paulo Ricardo
Santos da Silva.
Avaliação de Ciclo de Vida de Sérgio Luiz Puff.
Produtos Metalúrgicos.
Miguel Aloysio Universidade
Sattler
Federal do Rio
Grande do Sul Engenharia Civil
Gil Anderi
Universidade de
São Paulo Engenharia
Química
Fernando
Gonçalves
Amaral.
Ingeborg Sell
Inserção da Análise de Ciclo de Cristiane Sandes Asher
Kiperstok.
Vida no Estado da Bahia, através Tosta.
da atuação do órgão ambiental.
Proposta de Simbiose Industrial Armando
para minimizar os resíduos sólidos Hirohumi
no Pólo Petroquímico de Camaçari. Tanimoto.
Inventário de Ciclo de Vida do
sistema de transmissão de energia
elétrica.
Modelagem de sistemas de produto
em estudos de Avaliação do Ciclo
de Vida (ACV).
Universidade
Wady
Facury Gil Anderi
Victorino
Paulo Henrique
Ribeiro
Universidade
Federal do Rio
Grande do Sul Engenharia de
Produção
Universidade
Regional de
Blumenau Engenharia
Ambiental
Universidade
Federal da Bahia
- Gerenciamento
e Tecnologia
Ambiental no
Processo
Produtivo
Universidade de
São Paulo Engenharia
Química
112
Titulo
MESTRADO
Aluno
Professor
Universidade
Ano de
Formação
Produção
por ano
Inventário do Ciclo de Vida do PVC Fúlvia Jung
produzido no Brasil. 2004
Borges
Estudo quantitativo do impacto Eden Roberto
ambiental na produção industrial do Cavalcante
polietileno.
Souza
O PVC e a sustentabilidade
ambiental: marcos históricos e o
caso Amanco Brasil.
Delineamento de metodologias de
gestão ambiental para execução de
teste hidrostático em dutos de gás
natural.
Análise de Ciclo de Vida na
fabricação de reservatórios de água
de fibra de vidro.
Utilização do Método LiDS para
identificação de diretrizes visando a
análise de impactos ambientais no
ciclo
de
vida
de
produtos
veterinários. 12/07/2004 Mestrado
Analise do Ciclo de Vida de
embalagens de PET, de alumínio e
de vidro para refrigerantes no Brasil
variando a taxa de reciclagem dos
materiais.
Captação residencial de água da
chuva para fins não potáveis em
porto alegre: aspectos básicos da
viabilidade técnica e benefícios do
sistema.
Aplicação da Avaliação do Ciclo de
Vida do produto pelas organizações
com sistema de gestão ambiental e
certificado.
Pedro
Mauricio
Büchler.
Universidade de
São Paulo Engenharia
Química
Regina Celia
Fernando
Universidade
Zimmermann.
Soares Pinto
Federal de Santa
Sant´Anna.
Catarina Engenharia
Ambiental
Renato Paula de Djalma Dias
Universidade
Andrade
da Silveira.
Federal de Santa
Maria Engenharia de
Produção
Husein Husni
Jorge Orlando Universidade
Caldeira Husein Cuéllar
Federal de Santa
Noguera
Maria Engenharia de
Produção
Adriano dos Reis José Flávio
Universidade
Lucente.
Diniz Nantes. Federal de São
Carlos –
Engenharia de
Produção
Renata
Bachmann
Guimaraes Valt.
Georges
Kaskantzis
Neto.
Universidade
Federal do
Paraná Engenharia
Rafael Simões
Mano
Carin Maria
Schmitt.
Universidade
Federal do Rio
Grande do Sul Engenharia Civil
Margareth Lafin.
João Alberto
Neves dos
Santos.
Universidade
Federal
Fluminense Sistemas de
Gestão
Universidade
Federal de
Itajubá Engenharia de
Energia
Balanço, análise de emissão e Felipe Moreton
seqüestro de CO2 na geração de Chohfi
eletricidade excedente no setor
sucro-alcooleiro.
Electo
Eduardo Silva
Lora
113
Titulo
MESTRADO
Aluno
Professor
Universidade
Gestão do Ciclo de Vida (GCV) Gustavo Felice
como auxilio à ciência e tecnologia de Barros
para a gestão ambiental: o caso do
óleo lubrificante automotivo usado.
Armando
Universidade de
Caldeira-Pires Brasília Desenvolvimento
Sustentável
Análise de Ciclo de Vida Ambiental
aplicada à construção civil - estudo
de
caso:
comparação
entre
cimentos Portland com adição de
resíduos.
O designer e a avaliação do ciclo
de vida dos produtos: análise do
uso das ferramentas.
Juliana de
Carvalho
Vanderley
Moacyr John.
Universidade de
São Paulo Engenharia Civil
Ricardo Barreto
Moraes
Alfredo
Jefferson de
Oliveira.
Pontifícia
Universidade
Católica do Rio
de Janeiro
Ano de
Formação
Produção
por ano
2
2005
2006
1
114
Título
Aluno
DOUTORADO
Professor
Universidade
Planejamento baseado em
casos
aplicado
na
resolução
de
nãoconformidades
(NC)
ambientais no ciclo de vida
de produtos, processos e
serviços
Proposta de metodologia e
concepção e projeto de
produto
considerando
aspectos ambientais no
ciclo de vida.
Síntese
otimizada
de
sistemas de aquecimento
solar de água.
Harryson
Luiz da
Silva
Luiz Fernando
Jacintho Maia
Universidade
Federal de Santa
Catarina Engenharia de
Produção
Yane
Ribeiro de
Oliveira
Lobo
Paulo Correa
Lima
Thomaz
Penteado
de Freitas
Borges
Sílvia Azucena
Nebra de Pérez
Análise de Ciclo de Vida:
estudo de caso para
materiais e componentes
automotivos.
Cássia
Maria Lie
Ugaya
Arnaldo Cesar
da Silva Walter.
Desenvolvimento de uma
metodologia e um software
para avaliação ambiental
de processos metalúrgicos.
Luciano
Miguel
Moreira
dos Santos
Edwin Auza
Villegas
Seleção de fronteiras para
Análise de Ciclo de Vida de
sistemas
que
emitem
poluentes
tóxicos
de
chaminés
Stelvia
Vigolvino
Matos
Valdir Schalch
Universidade
Estadual de
Campinas Engenharia
Mecânica
Universidade
Estadual de
Campinas Engenharia
Mecânica
Universidade
Estadual de
Campinas Engenharia
Mecânica
Universidade
Federal de
Minas Gerais Engenharia
Metalúrgica e de
Minas
Universidade de
São Paulo/São
Carlos Engenharia
Hidráulica e
Saneamento
Avaliação
da
sustentabilidade
de
edifícios de escritórios
brasileiros: diretrizes e
base metodológica.
Eco-eficiência na indústria
de celulose e papel
Vanessa
Gomes da
Silva.
Vahan Agopyan
Universidade de
São Paulo Engenharia Civil
Zeila
Chittolina
Piotto
Paulo
Ernani
Bauer
Dione Mari
Morita.
Omar Seye
Luis Augusto
Barbosa Cortez
Universidade de
São PauloEngenharia Civil
Universidade
Estadual de
Campinas Engenharia
Química
Universidade
Estadual de
Campinas Planejamento de
Sistemas
Energéticos
Metodologia
e
procedimentos
para
a
consideração ambiental no
projeto
de
processos
químicos
Análise de Ciclo de Vida
aplicada ao processo de
cerâmica
tendo
como
insumo energético capim
elefante
Rubens Maciel
Filho
Ano de
formação
1997
Produção
por ano
1
2000
2
2001
2
2002
1
2003
5
115
DOUTORADO
Professor
Título
Aluno
Análise do Ciclo de Vida
aplicada ao Gerenciamento
de Resíduos: o Caso da
ETA Bolonha
Luiza Carla
Girard
Teixeira
Machado
Uso da Análise de Ciclo de
Vida para a comparação
do desempenho ambiental
das rotas úmida e térmica
de
produção
de
fertilizantes fosfatados
Análise ambiental de aços
forjados
Luiz
Alexandre
Kulay
Gil Anderi da
Silva
Universidade de
São Paulo Engenharia
Química
Jean Carlo
Camasmie
de Paola.
Jorge Alberto
Soares Tenório
Universidade de
São Paulo Engenharia
Metalúrgica
Avaliação de Ciclo de Vida
de garrafas PET: materiais,
energia e emissões
Marcus
Vinicius
Pereira
Remédio
Maria Zanin
Universidade
Federal de São
Carlos - Ciência
e Engenharia
dos Materiais
Análise do Ciclo de Vida:
uma avaliação social e
econômica da reciclagem
das latas de alumínio da
cidade de Belém
Arimar Leal
Vieira
Marcos
Ximenes Ponte
Universidade
Federal do Pará.
Desenvolvimento
Sustentável do
Trópico Úmido
Análise da eficiência da
cadeia energética para as
principais fontes de energia
utilizadas
em
veículos
rodoviários no Brasil
Marcio de
Almeida
d´Agosto
Suzana Kahn
Ribeiro
Universidade
Federal do Rio
de Janeiro Engenharia de
Transportes
Avaliação do Ciclo de Vida
do álcool etílico hidratado
combustível pelos métodos
EDIP, Exergia e Emergia
Aldo
Roberto
Ometto
Woodrow
Nelson Lopes
Roma
Universidade
Federal de São
Carlos, UFSCAR
José Almir
Rodrigues
Pereira; Marcos
Ximenes Ponte
Universidade
Ano de
formação
Produção
por ano
2004
5
Universidade
Federal do Pará
Desenvolvimento
Sustentável do
Trópico Úmido
2005
1
116
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avaliação do ciclo de vida no brasil – inserção e