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IMPLANTAÇÃO DE REDE DE COLETA DE DADOS CLIMÁTICOS COMO
SUBSÍDIO À PESQUISA GEOAMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE IPORÁ-GO – 1º
FASE.
Valdir Specian1, 3; Leidiane Aparecida de Andrade2, 3
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Pesquisador – orientador
Bolsista PBIC/UEG
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Curso de Geografia – Unidade Universitária de Iporá - UEG
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RESUMO
A pesquisa teve por finalidade inicial criar e monitorar uma rede de coleta de dados
climatológicos, dando destaque para os elementos: pluviosidade e temperatura (máxima e
mínima). Durante o processo de implantação do projeto verificamos a inviabilidade de se
implantar uma rede de tamanha dimensão, 15 postos pluviométricos. Dessa forma a
metodologia inicial de instalar um posto climatológico a cada 50 km² e que formasse uma
rede de coleta por todo o município de Iporá, teve que ser reordenada para atender a realidade
local de desenvolvimento da pesquisa. A prática, ainda em andamento, é da instalação de uma
estação meteorológica clássica, dentro do campus da UEG - UnU Iporá (Convênio
SIMEGO/UEG) e o aproveitamento dos dados de postos meteorológicos espalhados pelo
município, reativando os mesmos. A estação tem como objetivo monitorar os dados
climáticos do município, servir como suporte para pesquisas na UnU, ser usada como
laboratório de aula e ser utilizada através de visitas, monitoradas, de estudantes em geral.
Palavras-chave: clima, estação meteorológica convencional, monitoramento.
Introdução
Para que se possa estudar o clima é necessário uma rede de estações e postos
meteorológicos espalhados pela área de abrangê ncia do estudo, visto que a dinamicidade do
clima e sua abrangência extrapola os limites locais e regionais.
Apesar do “clima” ser um assunto em evidência na sociedade os pesquisadores ainda
tem dificuldade em obter dados dos elementos do clima para todo o território nacional. No
caso de alguns estados brasileiros não se trata da falta de estações meteorológicas e sim a falta
de articulação entre as mesmas, são vários órgãos coletando dados, mas sem banco de
informações em comum para acesso da sociedade.
Galina e Verona (2004), realizaram uma pesquisa para saber a relação de fontes de
observações meteorológicas no Estado de São Paulo e constataram que existe uma série de
empresas e órgãos que realizam esse tipo de atividade, cada qual para seus fins específicos.
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Souza e Galvani (2004) pesquisando sobre a rede de estações meteorológicas do
Estado do Paraná constataram que de maneira geral o estado consegue um nível de excelência
na distribuição de estações, em média o estado possui uma estação a cada 14,4 km, bem
acima do recomendado que é de uma estação a cada 50 km. Mas as informações estão
dispersas, como no Estado de São Paulo, em vários órgãos de estado e empresas particulares.
Quando as estações são automáticas a disponibilidade de dados é facilitada.
Em relação ao Estado de Goiás, o assunto da falta de uma rede de coleta foi abordado
por Monteiro (1951), o autor conseguiu identificar apenas 6 estações espalhadas pelo Estado.
De meados do século passado para aos dias atuais o número de estações aumentou, mas a
integração entre as mesmas continua precária.
Para facilitar o entendimento da realidade climática de cada espaço, segundo suas
configurações de latitude, relevo e outros, são propostas divisões ou níveis de atuação de um
determinado sistema atmosférico, facilitando o entend imento do "fato" climático de cada área,
seja urbana ou rural. Nessa perspectiva costuma-se elencar uma série de escalas de abordagem
do estudo do clima. A escala que atende as necessidades de entendimento local/regional dos
processos climáticos é a escala sub-regional, segundo a classificação de MONTEIRO (1976).
Entre os elementos do clima, a precipitação pluviométrica e a temperatura ajudam a
compreender a realidade climática de uma determinada região. Segundo CONTI (1975) o
estudo da chuva é particularmente atraente, devido a dependência em que nos encontramos
desse fenômeno. Precipitação e temperatura podem oferecer respostas há muitas indagações
de uma grande maioria de profissionais de diferentes áreas que estudam o meio físico,
conforme descritos nos trabalhos de Santos (1993); Salami (1996) e Boin (2000).
A proposta inicial de criar uma rede de coleta de dados visava compreender a
dinâmica das chuvas e temperatura no município de Iporá e região, além de subsidiar outros
trabalhos que abordem temas relacionados a biodiversidade, ao planejamento agrícola e
estudos voltados para ciência da terra de forma geral. Ao longo da pesquisa por questões de
logística e financeira mudamos a proposta para a instalação de uma estação convencional no
campus da UEG/UnU Iporá, além de fazer um levantamento das estações existentes em todo
o Estado de Goiás e dos postos meteorológicos instalados no município.
Materiais e Métodos
A metodologia inicial era de instalar um posto meteorológico a cada 50km de extensão
no município de Iporá. Em contato com o SIMEGO (Sistema Meteorológico de Goiás) os
técnicos nos apontaram as dificuldades que encontraríamos para estas ações: aquisição dos
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abrigos meteorológicos e pluviógrafos, aliados a incerteza de um procedimento de coleta
eficaz nas propriedades rurais, além da possibilidade de reclamações trabalhistas por parte dos
agricultores nas fazendas responsáveis pela leitura diária dos aparelhos.
A proposta passou a ser a instalação de uma estação convencional no campus da UEG
- UnU Iporá. Para a escolha do local seguimos em parte a proposta apresentada por Pedro
Júnior et all (1987) que assinala algumas precauções para a instalação da estação,
independente se a mesma é convencional ou automática.
A área escolhida foi um espaço adjacente ao local onde já existe uma PCD – SIMEGO
(Plataforma de Coleta de Dados) instalada, abrangendo uma área total de 290 m2 .
Em substituição a proposta de instalar postos meteorológicos, procuramos mapear e
verificar as instalações dos antigos postos pluviométricos instalados no município.
A terceira e última abordagem é o da criação de um banco de dados meteorológicos na
UnU de todas estações do Estado de Goiás, considerando que é preciso inicialmente conhecer
a estações existentes, para depois solicitar os dados das séries históricas (próxima etapa), para
tanto usaremos a metodologia aplicada por Souza e Galvani (2004).
Resultados
A compreensão das dificuldades que se apresentaram frente à proposta inicial de
pesquisa, instalação de rede de coleta de dados meteorológicos, constitui nosso primeiro
resultado. As dificuldades que se apresentaram na aquisição e manutenção de equipamentos,
a confiabilidade das leituras dos aparelhos e a possibilidade de que em alguns mome ntos não
se poderia ser construídas série históricas, por simples falta pessoal para coleta.
A visualização das dificuldades iniciais permitiu que a proposta encontrasse novas
frentes de trabalho para o tema apresentado. A pesquisa bibliográfica resultou no
entendimento das dificuldades de pesquisadores brasileiros tem para organizar informações
climáticas, a rede não se completa e as séries históricas têm falhas, dessa forma partimos para
entender o funcionamento da rede no estado de Goiás, quais os órgãos que possuem estações,
onde estão instaladas e qual área de cobertura.
A procura para aquisição e/ou doação de equipamentos de estações convencionais,
como pluviômetros e pluviográfos, termômetros e outros nos fez conhecer de perto o trabalho
do Sistema Meteorológico de Goiás (SIMEGO). Os técnicos do SIMEGO nos alertaram dos
possíveis problemas de instalação da rede de superfície, obedecendo o raio de 25 km.
O contato com o SIMEGO e apresentação de nossa proposta permitiu a criação de
convênio entre a UEG/UnU Iporá e o SIMEGO, que já mantém uma PCD (Plataforma de
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Coleta de Dados) no campus da UnU. O SIMEGO com o apoio da UEG, através da cessão do
espaço e técnicos, participou do edital número 13/2006 da FINEP que teve como objetivo o
fortalecimento das Redes Estaduais de Meteorologia. O resultado do edital, publicado em
dezembro de 2006 foi favorável ao projeto da SECTEC/UEG, intitulado: Ampliação da Rede
Meteorológica e Pluviométrica para Melhoria das Previsões do Tempo e Clima no Estado de
Goiás, refe rência nº 3635/06.
Após o contato com o SIMEGO mudamos a metodologia da pesquisa e passamos a
trabalhar não mais como uma rede de postos pluviométricos e sim com uma estação
convencional instalada no campus da UnU. A estação ainda não foi instalada devido a
burocracia jurídica do Estado.
Em contrapartida, já foi preparada uma área dentro do campus da UnU para receber e
instalar os equipamentos. A área escolhida fica junto ao local onde já existe uma estação
climatológica automática instalada (PCD). Na área foram realizados os trabalhos de
terraplanagem, preparação para o plantio de grama, isolamento da área - instalação de uma
cerca de tela, além de ter sido plantado a grama.
Avaliação dos Postos Meteorológicos no Município e Região - O Estado de Go iás, assim
como grande parte das outras unidades da federação, tem sua base econômica na agricultura.
Para que a produção agrícola consiga atingir melhores níveis de produtividade é fundamental
a observação das condições climáticas. O conhecimento das variações de temperatura,
umidade, precipitação, níveis de radiação são fundamentais para a produção.
Souza e Galvani (2004) analisaram que o Estado do Paraná teve seu pico de instalação
de novas estações, 442 no total, no ano de 1975, o fato se deve aos grandes prejuízos
provocados por fortes geadas nesse ano.
Em relação ao município de Iporá, o levantamento inicial, constatou apenas um posto
meteorológico, que hoje se encontra em estado de abondono (Figura 1) . Além do posto existe
a PCD instalada pelo SIMEGO no campus da UEG/UnU Iporá e os pluviômetros espalhados
na propriedades rurais.
A relação entre clima e agricultura apresenta um outro fator importante, as variáveis
do relevo condicionam particularizações do clima em pequenas escalas, resultando que dados
de uma única estação regional não podem ser aplicados em áreas relativamente próximas.
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Figura 1 – Posto Meteorológico instalado nas proximidades da área urbana de Iporá, o estado
de abandono é aparente.
Redes de Estações Meteorológicas no Estado de Goiás - O Estado de Goiás não difere dos
outros estados em relação a área de cobertura da estações meteorológicas e disponibilidade de
dados. No nosso levantamento, ainda não completado, em 1951 existiam seis estações em
todo o estado (Monteiro, 1951), hoje a realidade mudou, vários órgãos de estado possui
estações e/ou postos meteorológicos e cada qual segue a algum sistema e ou interesse por uma
área especifica.
O SIMEGO, conta com 23 PCD (estações automáticas) instaladas e ativa s, as
informações coletadas são divulgadas e repassadas ao sistema CPTEC/INPE. O INMET
possui 17 PCD instalados, além de outras 15 estações convencionais. A EMBRAPA coleta
dados em 32 estações e postos meteorológicos (particulares e públicos), além dos dados
fornecidos pelas estações já citadas, dos sistemas SIMEGO e INMET. O INPE informa
através do seu site a existência de 24 PCD, além daqueles já mencionados pelo sistema
SIMEGO. Existem ainda estações de altitude (INMET) e estações de outros de órgão de
estado em Brasília (geograficamente inserida em Goiás). No levantamento parcial contamos
pelo menos 115 estações instaladas no estado.
O número de estações atende a prerrogativa da OMM, mas o problema já apontado é a
geração de um banco de dados dessas estações.
Conclusões
O sistema meteorológico do Estado de Goiás melhorou muito nos últimos 10 anos
quando foram instaladas uma série de estações automáticas. A questão crucial ainda está em
como organização um banco de dados únicos, pelos menos em relação às série s históricas,
próxima etapa de nosso trabalho. Em relação ao município de Iporá é preciso recuperar os
postos meteorológicos. Os postos são de fundamental importância para entendimento do
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tempo e do clima em escala local e regional, quanto maior e melhor a rede de informações
melhor a qualidade das previsões climáticas, por exemplo.
Em relação às estações convencionais é importante lembrar que didaticamente as
mesmas são melhores que as automáticas, pois permitem o aprendizado do comportamento
dos elementos do clima através de uma leitura direta, além de fornecer informações,
igualmente corretas, das variáveis climáticas.
Referências Bibliográficas
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aplicada. Rio Claro. Tese (Doutorado). Geociências - Unesp.
CONTI, J. B. (1975). A circulação Secundária e o Efeito Orográfico na Gênese das Chuvas: o
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MONTEIRO, C. A. F. (1951). Notas para o estudo do clima do Centro Oeste Brasileiro. In:
Rev. Brasileira de Geografia, n. 01. Rio de Janeiro, janeiro março.
MONTEIRO, C. A. de F. (1976) Teoria e Clima Urbano. USP – Instituto de Geografia, série
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PEDRO JR, M. J.; CAMARGO, M.B.P.; MACEDO, L. A.(1987). Guia para o Observador
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SALAMI, L. N. B. PERES. (1996). Estudo das Influências Climáticas e Antropogênicas
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(Mestrado). EESC/USP, 135 p.
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Ligadas com as Pesquisas em Climatologia Agrícola. In Boletim de Geografia Teorética.
Rio Claro, vol. 23, nº 45 - 46 (volume especial) pp. 39 – 48.
SOUZA, I. de A.; GALVANI, E. (2004). Diagnóstico da Rede de Estação Meteorológica no
Estado do Paraná, 1889 à 2003. In Anais do VI Simpósio Brasileiro de Climatologia
Geográfica. Aracaju-SE, 13-16/10/2004.
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