Hebreus 5.5-10 5 Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei. 6 Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. 7 O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. 8 Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. 9 E, sendo ele aperfeiçoado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem; 10 Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Este texto nos traz algumas lições e curiosidades. Começarei por apresentar o texto através de algumas curiosidades, questões que me vieram a mente enquanto eu pensava sobre este texto. Inicialmente o texto apresenta Cristo como sumo sacerdote, intercessor do povo diante de Deus. Mas ele é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Mas os sacerdotes não eram da ordem levítica? Por que Jesus não era sacerdote segundo essa ordem? Por que era necessário essa segunda ordem? Simplesmente porque Jesus não se encaixava no sacerdócio levítico. Por que? Os sacerdotes do povo de Israel eram descendentes de Levi, e Jesus era descendente de Judá, por isso Jesus não tinha como ser, segundo a lei de Moisés, sumo sacerdote. Sendo assim, Jesus como sumo sacerdote representa uma mudança no sacerdócio e com isso uma mudança na lei, sendo assim uma garantia de que a lei (ou aliança) com o povo foi a melhor estabelecida, foi mudada. E quem era Melquisedeque? Esse personagem aparece poucas vezes nos textos bíblicos. No AT ele é citado em Genesis 14 como sacerdote do Deus altíssimo e rei em Jerusalém, antes dos tempos do sacerdócio levítico, mais precisamente no tempo de Abraão. Resumindo, Cristo é o sumo sacerdote da nova aliança, da qual fazemos parte, e que é superior a antiga aliança. Sua vocação aconteceu antes de sua encarnação, contudo entra em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e ascensão. Mesmo sendo sumo sacerdote, vocacionado por Deus antes do mundo ser mundo, Cristo não se auto glorifica, mas rende glórias ao Deus altíssimo. Eis aqui nossa primeira lição: Jesus, em toda a sua glória e majestade, sendo filho de Deus, e vocacionado como sumo sacerdote, humildemente glorifica a Deus. Ele nos ensina que, por mais reconhecidos que sejamos, sempre temos que nos manter no mesmo nível de nossos irmãos, e reconhecer o quanto Deus é extraordinário conosco. No sermão do monte, Jesus reconhece a humildade como característica do verdadeiro discípulo: “Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” Relembrando o versículo 7: O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.Tiramos daqui a segunda e a terceira lição. A primeira era humildade, a segunda então é a importância da oração em qualquer momento, a conversa diária com Cristo, mas principalmente em momentos de grande aflição. Jesus estava diante da morte e orou a Deus, com confiança de que seria ouvido. E, de acordo com o texto, Jesus foi ouvido. E daí eu me pergunto: se Ele foi ouvido, como ainda assim morreu? Relembro vocês da oração de Jesus no Getsemani: “Meu pai, se é possível, passa de mim este cálice, todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. Deus o atendeu, pois esteve com ele até o último minuto. Eis mais duas lições: a terceira de nossa lista é a submissão a vontade de Deus e a quarta, a confiança de que Ele está no controle de tudo. Destas quatro lições já apresentadas, todas elas estão implícitas no texto. Porém a quinta lição está bem explicita, e esta até Cristo teve que aprender, como nos mostra o versículo 8, mesmo sendo Filho, aprendeu a obediência. Em muitos textos bíblicos, obediência é sinal de amor, e fecho essa última lição com parte do versículo de 1 samuel 15.22: Obedecer é melhor que sacrificar. Eis nossas cinco lições: Humildade, Oração, Submissão, Confiança e Obediência. Mas, porque agir assim? Por que devemos ser humildes? Por que ser submisso a vontade de Deus? Por que confiar? Por que obedecer? Por que? Por que, como servos, não nos resta outra opção. Por causa da obediência de Cristo ele tornou-se a causa, o motivo de termos ganho o maior e mais precioso de todos os presentes: a salvação! E isso me fez lembrar do epílogo de um livro, que retrata de uma maneira diferente a salvação da humanidade, cito aqui uma parte: De tão cansados do incerto, angustiados por tanta liberdade, os amigos (homens)inventaram ídolos, pretensos profetas e arrogantes senhores do futuro, sacerdotes e magos de um deus acuado, cristos milagreiros da mesmice ressurreta. Inventaram a religião, vestiram-se de absoluto. Deus, que do absoluto fugiu em desespero, que inventara o imperfeito, imperfeito se fez. Inventou-se entre os incertos. Aperfeiçoou a imperfeição. Humanizou-se entre humanos. De tão impreciso, despido das forças do absoluto, igualmente inapreensível, excepcionalmente frágil, tão vivo e tão morto, descortinou o absoluto como quem desnuda o que é mau. Imperfeito, salvou-nos da perfeição. Cristo em toda sua perfeição divina, tornou-se homem imperfeito, desceu ao nosso mundo imperfeito, nos ensinou tudo isso, teve fome como nós, teve sede, cansaço, sofreu e morreu por cada um de nós, e a pior das mortes da época: a morte de cruz. Por que?Para ser motivo de salvação para as pessoas. Sendo homem, teoricamente imperfeito, pela obediência foi aperfeiçoado e nos presenteou com a perfeita vida. A vida eterna! A vida com Ele. E eu lhes pergunto, por que cada um de vocês aplicaria essas lições em suas vidas? Quais delas vocês tem aplicado com frequência? Obedecer a vontade de Deus pode não ser fácil, mas buscá-la já é um começo!