O CONTADOR DO FUTURO
* Por Domingos Orestes Chiomento
A Contabilidade tem registros desenhados há mais de 6.000 anos antes de
Cristo. Durante muito tempo, a Contabilidade foi feita manualmente. Só por
volta de 1950 é que começaram a surgir novas formas de escrituração.
Inicialmente, a ficha tríplice, que consistia num impresso que tinha três vias
carbonadas. Em seguida, vieram as máquinas de Contabilidade: Ruff, Ascota,
Olivetti e outras. Paralelamente, existiam as calculadoras que, inicialmente,
calculavam apenas as três primeiras operações: soma, subtração e
multiplicação. Havia também uma máquina mecânica, que era a coqueluche, a
famosa Facit, que fazia essas três operações e também a divisão. "O mundo
calcula com a Facit", dizia o anúncio da marca.
O mundo mudou e a profissão do Contador deu um salto muito grande na
história: da caneta tinteiro bico fino mosquitinho, passando pela caneta
esferográfica, as máquinas eletromecânicas e chegando aos modernos e
potentes computadores.
Não tardaram a chegar os primeiros computadores pessoais, em 1991: Apple,
Prológica, IBM, Borroughs etc., juntamente com as primeiras impressoras
matriciais e, em seguida, as de jato de tinta. A tecnologia avançou tanto que
quase não é possível imaginar como tudo era feito até então. Hoje, todos os
sistemas fisco-contábeis operacionais estão integrados: Nota Fiscal Eletrônica
e todas as obrigações acessórias integradas ao Sped (Sistema Público de
Escrituração Digital).
Então, como fica a profissão contábil?
O Brasil adotou o padrão internacional de Contabilidade. Hoje, fazemos parte
da harmonização contábil ao lado das mais avançadas economias do mundo.
São mais de cento e vinte países que integram esse tratado de adoção das
Normas Internacionais e que representam mais de 85% do PIB mundial.
Por outro lado, o perfil do Contador passa por uma grande transformação. Os
conceitos que já vinham sendo aplicados nestes últimos trinta anos também
mudaram. O leasing era lançado como despesa; hoje, é investimento no
imobilizado. Há novos grupos dentro do Ativo e Passivo; as depreciações
passam a ser feitas em função da vida útil do bem, menos o valor de venda no
término da sua vida útil.
Por este exemplo dá para perceber o quanto mudou o conceito contábil e que
hoje temos um novo Contador. Usando uma metáfora, a Contabilidade vinha
sendo feita como se estivéssemos dirigindo um carro, olhando pelo retrovisor.
Agora, temos que fazer a Contabilidade como se estivéssemos dirigindo o
carro olhando para frente.
O Contador do futuro tem de estar atualizado de forma eclética, sob pena de o
próprio mercado não aproveitar esse profissional. As empresas necessitam de
excelentes profissionais. O Brasil está passando por um ciclo de prosperidade
poucas vezes registrado na história econômica deste País.
* Domingos Orestes Chiomento foi presidente do CRC SP (Conselho Regional
de Contabilidade do Estado de São Paulo), gestão 2010-2011.
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O Contador do Futuro *Por Domingos Orestes Chiomento