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pode ser aberto pela ECT
Impresso
Especial
1000013828-D R/CE
Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano IV n No 46 n MARÇO/2011
FIEC
CORREIOS
3
Momento histórico
Setor gráfico cearense ganha força com a unificação dos dois sindicatos que
representavam o segmento, formando o Sindigráfica. Para o presidente da FIEC,
Roberto Macêdo, e os ex-presidentes do Singrace, José Mozart Martins (à esquerda),
e do Unigráfica, Fernando Esteves (à direita), o momento é histórico
No IEL/CE, conhecimento,
inovação e competitividade
andam juntos.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará
MARÇO 2011 | No 46
........................................................................................
Eólica
08
Potencial para crescer
Bons ventos começam a soprar a
favor de quem investe e acredita no
mercado brasileiro de produção de
energia eólica
Comércio exterior
14
A bola da vez
A situação econômica brasileira fez
com que as potências mundiais
passassem a olhar o Brasil com
grande interesse
Educação executiva
16
IEL lança programa
Parcerias com universidades de
Stanford GDB, Wharton Scholle e
Insead oferecem oportunidade a
altos executivos
Conselhos Temáticos
26
Em tempos tão competitivos, conhecimento é a grande chave para o
sucesso empresarial. A constante capacitação passou a ser uma exigência
para o desenvolvimento sustentável das empresas. Por isso o IEL/CE atua na
perspectiva de que o uso de novas tecnologias pela indústria é condição
indispensável para crescer numa economia globalizada.
Os Conselhos Temáticos, órgãos de
assessoramento de direção da FIEC,
estão sendo fortalecidos na atual
gestão da entidade
Mão de obra
34
39
www.sfiec.org.br/iel
Sindicatos
22
O mês de março deste ano será lembrado na FIEC para
sempre com o feito histórico da unificação dos dois
sindicatos do setor gráfico. O fato reforça a diretriz traçada
pela atual gestão da FIEC: o fortalecimento sindical como
base do crescimento da entidade maior da indústria cearense
Legislativo
Prêmio
com a AL
24 Aproximação
Presidente da Assembleia
ambiental
29 desempenho
A FIEC está com inscrições
Legislativa, Roberto Cláudio,
destaca papel estratégico da FIEC
na defesa do setor produtivo
Dengue
abertas para a 8ª
edição do Prêmio por
Desempenho Ambiental
Mercado verde
sem dengue
30 Indústria
Em Maracanaú, a Esmaltec
competitivo
40 Diferencial
Mercado voltado à
Eletrodomésticos é uma das
indústrias engajadas no esforço
industrial de combate à doença
preocupação com o meio
ambiente é uma tendência que
se consolida em todo o planeta
Falta engenheiro
O Ceará projeta, com o aquecimento
econômico, uma série de
empreendimentos estruturantes, mas
enfrenta carência de profissionais
Sindiembalagens
Procure o IEL. Sua empresa só tem a ganhar.
FIEC/AIRM
FIEC fortalece apoio
Capa
Associativismo fortalecido
Reempossado à frente do
Sindiembalagens, Hélio Perdigão
tem como meta o fortalecimento
do associativismo
Seções
MensagemdaPresidência........5
Notas&Fatos..............................6
Inovações&Descobertas..........13
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
3
Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José
Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos
Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.
CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando
Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando
Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita,
Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério
do Trabalho e Emprego Efetivo Célia Romeiro de Sousa Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representantes do Governo do Estado do
Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado
do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no
Estado do Ceará Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard
Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa
Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio
Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa
Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito
de Oliveira Suplente Célia Romeiro de Sousa Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio
Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]),
David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e
Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.
Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia
(AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf
Publicidade (85) 3421-5434 e 9187-5063 — [email protected] e [email protected]
Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec
Revista da FIEC. – Ano 4, n 46 (mar. 2011) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
CDU: 67(051)
4 | RevistadaFIEC | Março de 2011
MensagemdaPresidência
Roberto Proença de Macêdo
Fornecedores de excelência
2 – Informar-se
Com a aproximação da Copa de 2014 e a cheBuscar informações para conhecer as oportunidades e
gada dos grandes projetos estruturantes, as empresas cearenses estão sendo desafiadas a atender a novos e rigoro- para tomar todas as medidas necessárias para aproveitá-las.
3 - Focar
sos padrões reguladores das relações cliente/fornecedor.
Definir e manter o foco no negócio para otimizar esMas isso que poderia ser visto como um problema é, na
verdade, uma oportunidade para elevar a nossa competi- forços e recursos.
4 – Preparar-se
tividade aos níveis da concorrência global.
Organizar a empresa, planejar detalhadamente as ações,
O desafio inclui questões de tecnologia, qualidade,
quantidade, segurança, responsabilidade ambiental, cum- providenciar investimentos, capacitar o pessoal, modernizar
primento rigoroso de prazos, enfim, tudo o que diz respei- o parque industrial e melhorar processos.
5 – Ser proativo
to à integridade negocial e à rastreabilidade de produtos e
Identificar os potenciais clientes, tomar a iniciativa de
serviços. Temos o dever de já a partir de hoje vencermos
procurá-los e não ficar à espera deles.
a inércia e nos colocarmos à altura
6 – Antecipar-se
dessas novas exigências.
Agir ainda na fase de projeto para
As dificuldades existem, mas esse integrar em todas as etapas do proTemos o dever de
tou certo de que a nossa capacidade
cesso de fornecimento.
e a vontade de nos superarmos fajá a partir de hoje
7 – Capturar sinergias
rão com que as empresas cearenses,
Proceder com espírito associativista
organizadas em cadeias produtivas, vencermos a inércia e nos
dentro do sindicato, tratando o conaproveitem todas as possibilidades
que estão colocadas para nos tor- colocarmos à altura dessas corrente como parceiro, contribuindo
para o sucesso da empresa e fortalecinarmos fornecedores de excelênnovas exigências.
mento do setor.
cia. Devemos ter sempre em men8 – Explorar a complementaridade
te que estamos concorrendo com
Lançar mão de atributos que potenfornecedores de países desenvolvidos e também com a China e sua conhecida política de cializem a atuação nas cadeias produtivas.
9 – Consorciar-se
preços baixos.
Procurar participar de consórcios que possibilitem a reaPrecisamos participar desse novo mercado e demonstrar a nossa competência e capacidade para o atendimen- lização de ações mais efetivas quando feitas somando forças.
10 – Usar o Sistema FIEC
to de todas as exigências. Esse jogo é de gente grande e
Tirar proveito máximo da estrutura do SENAI, SESI, IEL,
requer que, independentemente da natureza e do porte
das nossas empresas, nos posicionemos em igualdade de INDI, CIN e FIRESO, que a nossa entidade oferece às empresas, por meio dos seus sindicatos.
condições.
Como diz a sabedoria popular, o “cavalo selado está pasTenho refletido muito sobre o nosso posicionamento
diante desses desafios e organizei alguns pontos que cer- sando à nossa porta” e não podemos perder a oportunidade
tamente serão úteis na nossa atuação como fornecedores de conquistar maior penetração nacional e internacional dos
produtos made in Ceará, participando diretamente dos inde excelência:
vestimentos estruturantes que colocarão as nossas empresas
1 – Pensar grande
Assegurar que nossas empresas estejam funcionando e o nosso estado em um novo patamar de desenvolvimento.
Mãos à obra!
com padrões de fornecimento em nível de classe mundial.
“
“
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge
Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo
Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha
Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
5
q u e
Notas&Fatos
a c o n t e c e
n o
S i s t e ma
F IEC ,
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P o l í t i c a
e
n a
E c o n om i a
Indústria
Alimentos
Ponto eletrônico
PIB cresce,
mas retração
preocupa
SENAI/Certrem
completa 31 anos
CNI
aprova
prorrogação
>> Cartas à redação contendo
comentários ou sugestões de
reportagens podem ser enviadas
para a Assessoria de Imprensa
e Relações com a Mídia (AIRM)
Avenida Barão de Studart, 1980,
térreo, telefone: (85) 3421-5434.
E-mail: [email protected]
O
SENAI/Certrem completou em fevereiro 31 anos de
atividade. A inspiração para a criação do Certrem foi
o Curso de Formação de Moleiro Júnior, realizado
anualmente de 1980 até hoje. Atualmente, o portfólio da
escola inclui ainda cursos nas modalidades de iniciação
profissional, aprendizagem, qualificação, aperfeiçoamento
e habilitação técnica. Além deles, o SENAI/Certrem
presta assessoria técnica e tecnológica e realiza serviços
laboratoriais. Atende aos segmentos de moagem de
trigo, panificação, confeitaria e segurança de alimentos
e laticínios, constituindo seu público-alvo as indústrias
de alimentos e bebidas, as instituições de ensino e a
comunidade em geral. Informações: (85) 3421-5100.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB)
industrial de 10,1% e a
elevação 7,5% do PIB
do país em 2010, ante
2009, são resultados
expressivos, mas a retração
da atividade industrial
no segundo semestre de
2010 preocupa a CNI. A
entidade observa que a
trajetória do desempenho
recente da indústria
deve ser encarada pelas
autoridades econômicas
do país como um alerta.
Segundo a CNI, a retração
deve ser levada em conta
pelo Banco Central na
condução da política
de combate à inflação.
Destaca ainda que deve
balizar a elaboração da
segunda etapa da Política
de Desenvolvimento
Produtivo (PDP), em
processo de formulação.
O PIB da indústria recuou
0,3% no quarto trimestre
de 2010, diante do terceiro
trimestre do mesmo ano.
Foi a segunda queda
seguida da atividade
industrial. No terceiro
trimestre, o PIB da indústria
caiu 0,6% ante o segundo.
O adiamento da adoção do
registro de ponto eletrônico
e a criação de um grupo
de trabalho para avaliar
a questão mostram que o
governo está sensível às
questões que prejudicam
a competitividade das
empresas brasileiras. A
avaliação é do presidente
da CNI, Robson Braga de
Andrade, ao comentar a
decisão do Ministério do
Trabalho e Emprego que
prorrogou a adoção do
registro eletrônico de ponto
para 1º de setembro deste
ano. A Portaria 373/201
também prevê a formação de
um grupo de trabalho que vai
propor o aperfeiçoamento do
sistema de registro de ponto
eletrônico. Estabelece ainda
a possibilidade de adoção de
outras formas de controle da
jornada de trabalho a partir
de acordos coletivos.
Inovação
Edital SENAI/SESI garante recursos a indústrias
Indústrias de todo o Brasil que possuem
projetos inovadores já podem participar
do edital SENAI/SESI de inovação. Serão
colocados à disposição R$ 26 milhões para
as empresas selecionadas receberem apoio
tecnológico e de equipes especializadas, além
de suporte financeiro para o desenvolvimento
de produtos, melhoria de processos de
produção ou criação de serviços que
6 | RevistadaFIEC | Março de 2011
proporcionem qualidade de vida ao trabalhador
ou à comunidade. A iniciativa objetiva,
principalmente, promover a transferência
de tecnologias para o setor industrial. As
inscrições podem ser feitas até 6 de maio.
Informações: www.editaldeinovacao.com.br
e pelos telefones (85) 3421-5009 (projetos
de inovação tecnológica) ou (85) 3421-5819
(projetos de inovação social).
Procompi
Caatinga
Indústrias
de sorvetes
beneficiadaS
Projeto intensifica ações
de conservação
O Sindicato das Indústrias
de Sorvetes do Ceará
(Sindsorvetes) deu início à
participação do segmento
em uma nova edição do
Programa de Apoio à
Competitividade das Micro
e Pequenas Indústrias
(Procompi). Mais 25
fabricantes cearenses
do produto ampliarão
a competitividade de
seus negócios a partir da
iniciativa, coordenada pelo
IEL e Sebrae. O presidente
do Sindsorvetes, Roberto
Botão de Aquino, espera
que a nova edição do
programa proporcione mais
união e competitividade ao
setor. “Depois do primeiro
Procompi, passamos a
nos ajudar mais, a união
do setor aumentou e hoje
somos parceiros, inclusive,
nos negócios. Com a
segunda edição, a parceria
só tende a crescer”, aposta
Botão. A edição anterior
do Procompi trouxe
resultados significativos às
empresas participantes, que
registraram, nos dois anos
de execução do projeto,
aumento acumulado de
86% na produção e 62%
no faturamento.
AGENDA
...................................................
n O SESI realizará em
14 de maio, na cidade de
Jaguaruana, a Ação Global
2011. Informações:
(85) 3421-5809.
CURTAS
--------------------n Com o maior crescimento
econômico desde o Plano
Cruzado de 1986, o Brasil
alcançou expansão de 7,5%
do PIB em 2010. O resultado
– impulsionado pela expansão
do consumo das famílias
– elevou o país à condição
de sétima economia mundial,
segundo o ministro da
Fazenda Guido Mantega.
Foto: ARQUIVO ASSOCIAÇÃO CAATINGA
O
Notas&Fatos
n Empresas cearenses
A
sede da FIEC será palco
em 30 de março do
lançamento do projeto No
Clima da Caatinga, iniciativa
da Associação Caatinga que ao
longo de dois anos receberá
o patrocínio da Petrobras,
por meio do Programa
Petrobras Ambiental.
O objetivo principal é
contribuir para a redução
de efeitos potencializadores
do aquecimento global
a partir conservação da
caatinga e a consequente
fixação e diminuição da
emissão de gás carbônico
(CO2). Serão adotadas no
projeto estratégias com foco
na manutenção de áreas
conservadas, recomposição
florestal, disseminação de
tecnologias sustentáveis
e educação ambiental. As
ações serão aplicadas nas
comunidades vizinhas à
Reserva Natural Serra das
Almas, em Crateús.
Eletrometalmecânico
Setor ganha fórum de
inovação e suprimentos
O
SINDICATO das Indústrias
Metalúrgicas,
Mecânicas e de
Materiais Elétricos do Ceará
(Simec), em parceria com
a FIEC, por meio do IEL,
iniciou em fevereiro as
atividades do 1° Fórum de
Inovação e Suprimentos do
Setor Eletrometalmecânico
do Ceará. Ao longo deste
ano, haverá palestras,
feira e cursos nas áreas
de inovação e gestão de
compras e suprimentos e
sobre elaboração de projetos
e fontes de informação à
inovação. O objetivo do
fórum é a implementação
de um ambiente de troca de
conhecimento e informações
sobre inovação na área
de gestão de compras
e suprimentos, além de
fomentar e mobilizar as
empresas para importância
do estabelecimento de
uma cultura de inovação.
Informações:
(85) 3421-6508.
devem receber, até agosto,
cerca de 30 000 toneladas
(t) de castanha de caju in
natura da África. A operação
utiliza pela primeira vez uma
estratégia comercial de
compra in loco e entrega o
produto sem a participação
de intermediários. O risco
comercial é assumido pela
subsidiária. Segundo o
presidente do Sindicato das
Indústrias de Beneficiamento
da Castanha de Caju do Ceará
(Sindicaju), Lúcio Carneiro, as
primeiras 250 t, oriundas de
Gana, chegaram ao Ceará no
final de fevereiro e já estão
completamente internalizadas.
Elas vão atender a três
empresas – Amêndoas do
Brasil, Usibras e Resibras.
Essas são as indústrias que
montaram uma empresa, a
Tafalco, que está comprando,
fazendo a pré-limpeza e
enviando para solo cearense
um produto pronto para
industrializar. A importação,
autorizada pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), deve
assegurar o funcionamento
das indústrias, a manutenção
de empregos e o cumprimento
dos contratos de exportação
para 40 países.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
7
Energia eólica
POR GEVAN OLIVEIRA
B
Foto: JOSÉ SOBRINHO
ons ventos, enfim, parecem estar soprando a favor da fatia do mercado brasileiro que acredita e
investe na produção de energia eólica. Em comparação aos países que lideram o ranking, no entanto,
os ventos por aqui não passam ainda de brisa suave.
Mas já existe o que comemorar. Projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgada em janeiro
deste ano aponta que a capacidade instalada das usinas
eólicas no Brasil crescerá 320% até 2020. Atualmente,
elas somam 930 megawatts (MW), divididas em 50
parques. Para se ter uma ideia da distância a ser percorrida na matriz brasileira, as hidrelétricas, principais
fontes de geração, possuem 110 000 MW instalados.
Para 2011, estão previstos mais 510 MW distribuídos
por 14 novos parques eólicos, totalizando 1 440 MW,
oriundos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), que fomentou a demanda no
segmento com a queda no preço. A previsão do governo
é que em 2019 as unidades geradoras tenham potência
total superior a 6 041 MW, quase equivalente aos 6 400
MW das usinas de Santo Antônio e Jirau, em construção no rio Madeira, em Rondônia.
8 | RevistadaFIEC | Março de 2011
Pedro Terrelli, diretor da Abeeólica
Foto: Giovanni santos
Capacidade de geração ainda é
pequena no país se comparada aos
grandes produtores mundiais
“
É preciso que
se adicionem
2 500 MW de
energia eólica no
país por ano na
próxima década.
“
Potencial
para crescer
Segundo o diretor da Associação Brasileira
de Energia Eólica (Abeeólica), Pedro Terrelli,
o crescimento da energia eólica é um processo
irreversível, mas para se consolidar de vez no
país “é preciso que se adicionem 2 500 MW
por ano na década seguinte”. Pelo menos nos
próximos três anos, caso as forças externas e
internas soprem a favor, a expansão (ainda que
lenta) das eólicas está garantida pela venda de
projetos nos leilões voltados para o segmento.
A ideia do governo, ao menos nas palavras do
ministro das Minas e Energias, Edson Lobão,
é que as termelétricas movidas a gás, óleo ou
carvão cedam gradativamente cada vez mais
espaço às eólicas e a outras fontes renováveis.
Conforme a EPP, os últimos três leilões
realizados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para a contratação de energia eólica foram responsáveis pela queda na tarifa
elétrica no Brasil, que passou de R$ 291 para
R$ 126 por MW/h. Esse dado técnico confirma a energia dos ventos como a bola da vez.
“Houve um período no qual todos queriam
investir em biomassa; agora, só dá eólica”, disse Maurício Tiomno Tolmasquim, presidente
da EPE, em entrevista ao Portal IG. De 2009
para cá, a economia gerada pela redução das
tarifas é estimada em R$ 11 bilhões.
A energia dos eventos hoje representa menos de 1% da geração total no Brasil, mas há
um grande potencial de expansão, reconhecido
internacionalmente. Tolmasquim lembra que,
segundo o último levantamento do mapa eólico brasileiro, o potencial era de 143 gigawatts
(GW), o que significa hoje 53% do mercado de
energia elétrica no Brasil. Porém, ele ressalva
que o potencial é pelo menos o dobro. Isso porque o cálculo anterior se baseou em torres de
geração com 50 metros de altura. Hoje, as torres das turbinas superam cem metros de altura,
duplicando o potencial de geração.
Se as torres cresceram e o potencial subiu,
os leilões (do governo) surgiram e o preço
despencou. No primeiro leilão, em 2009, foi
contratada energia eólica de 71 empreendimentos, com capacidade total de geração de
1 086 MW, a preço médio de R$ 157,20 por
MW/h. Nos dois leilões seguintes, realizados em 2010, os deságios foram de 26,5% e
19,7%, respectivamente.
Neste ano, o governo irá realizar um novo
leilão e deverá partir de uma oferta que varia entre 6 000 e 9 000 megawatts, isso com
base nos projetos que “sobraram” dos leilões
anteriores, ou seja, empresas que tiveram suas
propostas derrotadas em 2009 e 2010. Para
participar, as companhias devem se cadastrar
na EPE e apresentar estudos sobre o vento e
comprovar posse de terreno e licença ambiental, entre outras exigências.
Capacidade instalada das usinas eólicas no Brasil
Segundo o engenheiro e especialista em energias
renováveis Fernando Alves Ximenes, o Ceará
possui hoje 518 MW de potência eólica instalada,
mais 542 MW contratados no leilão de dezembro
de 2009 e outros 150 MW nos leilões de 25 e 26
de agosto de 2010
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
9
E
m resumo, nos leilões de 2009 e 2010
foram contratados 3,8 mil MW para
entrega até 2013. Na opinião do jornalista
e PhD em Ciência Política pela Universidade
de Cornell, Sérgio Abranches, trata-se de um
volume significativo, mas pequeno, tanto em
relação ao potencial brasileiro, quanto ao
que se faz na China, Estados Unidos (EUA),
Alemanha ou Espanha. “Vários desses países
têm potencial eólico menor e de mais difícil
exploração que o nosso e geram muito mais
energia”, explica.
Entre as regiões no Brasil com maior potencial
o Nordeste é, com sobra, o mais propício. O
apagão que deixou sete estados da região sem
luz, no início de fevereiro, acendeu a chama
de queixas e desconfianças quanto aos reais
“
“
Foto: Giovanni santos
O Nordeste é a
maior fonte de
energia eólica e solar
do Brasil. Limpa e
segura.
Sérgio Abranches, jornalista e
PhD em Ciência Política
interesses e potencial do governo federal no
assunto. Os estudiosos afirmam que o Nordeste
não tem mais como gerar energia via hidrelétrica,
ao mesmo tempo que desperdiça milhares de
megawatts porque não aproveita sua vocação
natural: sol e vento.
“O governo escolhe o pior caminho: faz
termelétricas a combustível fóssil, poluindo a
região e sujando a matriz elétrica brasileira, e quer
fazer usinas nucleares. Não precisa: o Nordeste é
a maior fonte de energia eólica e solar do Brasil.
Limpa e segura. Há áreas do semiárido hoje quase
sem população, muito secas e ficarão mais secas
ainda no futuro. Poderiam ser instaladas nelas
centrais de energia solar fotovoltaica”, escreve
Sérgio Abranches em seu blog.
Critíco, o jornalista credita o descaso, quando
o assunto é geração de energia, “a uma política
energética ultrapassada e que virou monopólio de
uma clique de tecnocratas e donatária de grupos
políticos”. E emenda: “O Ministério das Minas e
Energia é como uma grande sesmaria, loteada
politicamente. É comandado por uma facção
política como se fosse direito hereditário. As
empresas elétricas são capitanias hereditárias, os
partidos viraram donos delas. Com o loteamento
de um setor estratégico para o país aos grupos
mais clientelistas da política brasileira, fica difícil
imaginar políticas públicas com visão de futuro,
voltadas para a inovação, sintonizadas com as
tendências mundiais”.
O que fazer?
D
e acordo com Sérgio Abranches, seriam
três as providências a serem adotadas
para facilitar o desenvolvimento da energia
eólica no Brasil. A primeira é deixar de tratá-la
como uma energia secundária, introduzindo-a no
centro da matriz elétrica. “Contrassenso gritante
é que a termeletricidade, que foi admitida como
um recurso emergencial, hoje está no centro da
matriz elétrica e tem expansão mais forte, mais
subsídios e mais apoio político do que as fontes
eólica e solar”, avalia.
A segunda medida é dar melhor tratamento
regulatório à energia eólica, com base em
uma política efetiva de desenvolvimento do
setor. Para Sérgio Abranches, a expansão de
usinas onshore (em terra) e offshore (no mar)
implicará uma série de questões sobre uso
10 | RevistadaFIEC | Março de 2011
do vento e localização de instalações, que
demandam regulamentação que dê segurança
aos investidores. A terceira atitude é fazer um
inventário mais preciso da capacidade onshore
e quantificar o potencial eólico offshore. Ele
lembra que o país não tem sequer boias para
monitoramento de ventos no mar em número
suficiente. “Há algumas estimativas acadêmicas
com base em dados de satélite que mostram
que temos grande potencial offshore em pelo
menos metade da costa brasileira. Mas ainda
são resultados estimativos”, ratifica o jornalista.
Em termos técnicos, o inventário é uma
necessidade elementar e parte de um conjunto
mais amplo de pesquisas sobre energia do
vento no país. Nesse sentido, há uma série
de especialistas alertando que o Brasil
precisa ter um centro dedicado à pesquisa e
desenvolvimento sobre energia eólica. A ideia é
que o centro seja utilizado para testar protótipos
de turbinas e novas tecnologias que possam
ser lançados comercialmente, além de estudar
melhor o regime de ventos, em cada região,
onshore e offshore.
De fato, o Brasil está atrasadíssimo nesse
campo. Os Estados Unidos (EUA) têm seu centro,
a Europa possui vários centros nacionais e a
União Europeia trabalha com uma política clara
de apoio à pesquisa e desenvolvimento no setor.
A Alemanha, um país bem menor do que o Brasil,
mas caminhando a passos largos em energia
eólica, tem iniciativas importantes de pesquisa
e desenvolvimento e instalou em 2009 um
moderno complexo de pesquisa que desenvolve
projetos com o Canadá e a China, hoje o maior
produtor do mundo.
Outro parâmetro usado para afirmar que
os investimentos do governo são ainda muito
acanhados é a falta de indústrias capazes de
produzir equipamentos voltados à geração de
energia eólica. O exemplo a ser seguido nessa
área é a China. O país se tornou um grande
exportador de turbinas eólicas com poucos
anos de investimentos público e privado. Já nos
EUA e Europa, os especialistas desenvolvem
regularmente modelos com design diferente dos
típicos cataventos. A intenção é aproveitar ao
máximo o vento em situações específicas, tanto
em terra como no mar.
Em janeiro passado, durante o Wind Forum
Brazil 2011, o presidente da Abeeólica, Ricardo
Simões, defendeu, fazendo coro a centenas
de empresários e estudiosos, a criação de um
centro de pesquisas e de um centro de testes
específico para desenvolver equipamentos
voltados ao setor. Ele ressaltou que o
crescimento da importância das usinas movidas
pelo vento na matriz energética brasileira
ocorreu devido a uma “janela de oportunidades”
aberta pela crise financeira de 2009 (o que
aumentou a capacidade ociosa dos grandes
produtores na União Europeia).
Resumindo: as propostas apresentadas nos
últimos leilões só foram possíveis em função
do dólar baixo, que, por sua vez, tem permitido
a importação de equipamentos mais baratos.
Como incentivo ao setor, o dirigente defende a
continuidade dos leilões que priorizem a energia
eólica pelo período de mais oito ou dez anos.
“Os leilões exclusivos são fundamentais para
consolidarmos a produção de equipamentos”,
finaliza Ricardo Simões.
Parque eólico da Prainha,
um dos primeiros do país
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Queixas e desconfianças
Ainda na frente
A
pesar de o Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do
Sul (nessa ordem) caminharem fortes para tomar a ponta
na produção de energia eólica, o estado do Ceará ainda
está na frente na geração desse tipo de energia. No entanto,
vale ressaltar que no último leilão o estado teve fraquíssimo
desempenho. Segundo o vice-presidente da Abeeólica, empresário
cearense Lauro Fiúza Filho, na prática o Ceará já seria o quarto
colocado, isso porque a quantidade de megawatts contratada por
esses três estados supera o potencial que o Ceará contratou e está
em execução, ou mesmo ainda será construído.
Para ele, apesar de o Ceará ser reconhecido mundialmente
como o estado de maior poder de geração, há uma forte barreira,
por parte do Ministério Público Federal (MPF), na liberação das
licenças ambientais (o órgão contesta as licenças das entidades
de meio ambiente cearenses). Isso fez com que os empresários
fugissem para outros locais. “Enquanto os demais estados
fazem de tudo para atrair investidores, no Ceará andamos para
trás. O resultado é que os empreendedores fugiram porque não
conseguem aprovação de seus projetos. É um absurdo que
contraria os interesses econômicos, sociais e ambientais dos
cearenses”, declara Lauro Fiúza.
Polêmica à parte, além da grande vocação natural, que lhe
confere o primeiro lugar em termos de potencial de geração no
Brasil, com duas vezes mais capacidade do que a Alemanha,
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
11
por exemplo, parte do sucesso do Ceará é creditado ao pioneirismo
de ter realizado um levantamento da capacidade eólica quando
pouco se falava no assunto.
O resultado é que os primeiros parques eólicos no Brasil foram os
de Prainha (Fortaleza) e Taíba, com um total de 15 MW instalados. Hoje,
as terras alencarinas possuem, segundo o engenheiro e especialista
em energias renováveis Fernando Alves Ximenes, 518 MW de potência
eólica instalada, mais 542 contratados no leilão de dezembro de 2009 e
outros 150 MW nos leilões de 25 e 26 de agosto de 2010. Parte desse
montante é gerada nos três maiores parques em operação no Brasil:
Complexo Eólico Aracati, com 138,5 MW; Praia Formosa, Camocim, com
105 MW; e Eólica Icaraizinho, em Amontada, com 54,6 MW.
Os fortes e constantes ventos locais têm atraído a atenção de
gigantes do setor mundial, que por aqui fincaram suas bases, a
exemplo da indiana Suzlon Energy. A empresa mantém a filial brasileira
em Fortaleza desde 2007. De lá para cá, já instalou 182 turbinas
eólicas no estado, todas em operação, resultando em uma capacidade
de geração de cerca de 380 MW, correspondente a 50% da capacidade
nacional em operação.
Para 2011, a Suzlon deve instalar mais três parques eólicos no Ceará,
gerando cerca de 142 MW – correspondentes a cerca de 65% dos 218
MW negociados no leilão de 2009 – e 3 000 postos de trabalho. O
empreendimento, no valor de R$ 700 milhões, é fruto de uma parceria
com a empresa portuguesa Martifer Renováveis Geração de Energia e
Participações S.A para implantar, operar e manter cinco usinas ao todo
(três aqui e duas no Rio Grande do Norte).
Os três parques já passam por obras de engenharia (preparação do
terreno) e estão localizados em Parque Icaraí, no município de Amontada,
e parques Faísa e Emboaca, no município de Trairi. No total, serão 104
turbinas. As torres que fixarão os aerogeradores terão entre 80 e 100
metros de altura, com potência de 2,1 MW. A capacidade é suficiente
para abastecer mais de 160 000 famílias. A previsão de funcionamento é
para março de 2012. Os aerogeradores, vindos do EUA e Índia, começam
a chegar ao Ceará a partir de agosto.
Por falar em aerogeradores, a Suzlon deve anunciar agora em
março o nome do município cearense que abrigará uma fábrica desse
equipamento. O investimento será de R$ 30 milhões e a primeira fase do
empreendimento terá capacidade para produzir 300 pás, já em março de
2012. Serão gerados cerca de 200 postos de trabalho na indústria.
12 | RevistadaFIEC | Março de 2011
Inovaçoes
&Descobertas
Água com sabor de carne
Diesel e etanol a partir da água
Negócio da China
O
gigante asiático ultrapassou os Estados
Unidos em janeiro deste ano e ocupa a
primeira posição em capacidade instalada
de energia dos ventos. No total, os parques eólicos
chineses somam mais de 41 000 MW de potência.
Em junho passado, tinham 33 800 MW, contra
36 300 dos EUA. O ritmo de instalação de novos
parques eólicos na China é atualmente seis vezes
superior ao dos norte-americanos. Apenas em
2010, à capacidade existente foram adicionados
mais 15 800 MW – quatro vezes a potência eólica
instalada de Portugal.
A informação é ainda mais relevante
quando se observa que, em janeiro de 2010, a
China ocupava a quarta colocação do ranking
mundial da energia eólica, segundo a Global
Wind Energy Council (GWEC), atrás dos EUA,
Alemanha e Espanha. Segundo o estudo
Potential for Wind-Generated Electricity in China,
elaborado por cientistas de Harvard e publicado
pela revista Science, a capacidade dos ventos
chineses é capaz de suprir toda a demanda
energética do país até 2030, caso os US$ 4,6
trilhões sejam investidos em um período de 20
anos. O valor corresponde a quase o triplo do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Sabedores da fome de desenvolvimento desse
tigre asiático, os especialistas não duvidam que
isso seja possível. Indícios não faltam. Hoje,
as duas maiores usinas de energia eólica do
mundo estão em construção no território chinês.
A maior, na Província de Gansu, terá capacidade
de 20 gigawatts e investimentos de R$ 30
bilhões. Em 2020, ela poderá gerar 20 vezes
mais energia do que o parque de Roscoe, no
Texas (EUA), hoje o maior. A segunda usina, em
Ordos, contará com 12 gigawatts de potência
instalada. Essa, além da eólica, também
produzirá energia solar e biomassa.
Pizza de presunto, almôndegas
italianas, ovos com bacon e
presunto, salada de camarão. O
menu bem que poderia fazer parte
do cardápio de qualquer restaurante
à la carte, mas, na verdade, é a
mais recente inovação de uma
indústria americana de bebidas. A
empresa Liquid Innovations lançou a
MeatWater, ou seja, água com sabor
de carne. O diferencial é que se trata
de uma bebida aromatizada com
sabor de carne e enriquecida com
proteínas. Ao todo, são 16 sabores
que prometem matar a sede e a
fome ao mesmo tempo.
Sapatilha eletrônica
acaba com o chulé
Cientistas ingleses inventaram
um aparelho eletrônico chamado
SteriShoe que tira, para sempre,
o cheiro ruim dos sapatos em 45
minutos. A novidade, que parece um
pé robótico e esteriliza a bactéria
responsável pelo odor por meio da
luz ultravioleta, foi produzida em
vários tamanhos e custa cerca de
R$ 215. Os inventores afirmam
que uma pessoa normal produz até
284 ml de suor nos pés por dia,
mas o aparelho é capaz de matar
99,9% das bactérias e também
funciona para quem tem pé de
atleta, fungo ou apenas chulé. “É
um método sem química que mata
as bactérias e diminui o risco de
infecção por pé de atleta”, disse
Rainer Kuehling, porta-voz da
fabricante, ao jornal Daily Mail.
Uma empresa da área de biotecnologia de
Massachusetts, nos Estados Unidos, anunciou uma
nova tecnologia que permite criar, a partir de um
organismo geneticamente modificado, diesel ou
etanol com água, sol e gás carbônico (CO2), ou
seja, usando os mesmos ingredientes que fazem
uma planta crescer. O organismo em questão é uma
cianobactéria, uma espécie de alga capaz de produzir
e secretar etanol ou hidrocarbonetos – substâncias
que compõem diversos combustíveis – como
subproduto da fotossíntese. A empresa afirma ainda
que pode manipular os organismos em locais grandes
ou pequenos e que a produção vai ter um custo
comparável aos menores preços de combustíveis
fósseis. A companhia também tem a intenção de
construir biorreatores com as cianobactérias, de
forma que elas também consumam o dióxido de
carbono emitido pelas indústrias. Esse método tem
sido estudado por cientistas para a redução de
emissões de CO2, inclusive no Brasil. A expectativa
dos inventores é que a tecnologia esteja disponível
para comercialização em menos de dois anos.
Computador controlado pelo olhar
Efeito jeans em pinturas decorativas
Entre as novidades apresentadas na CeBIT, feira
tecnológica realizada em Hannover, na Alemanha, em
fevereiro passado, está o primeiro laptop eye-tracking,
ou seja, movido pelo olhar. Segundo o fabricante,
a nova tecnologia objetiva facilitar a interação de
pessoas que possuam algum tipo de limitação física.
A novidade pretende melhorar o desempenho de
atividades cotidianas como a leitura de textos ou
navegação por sites. Exemplo de como a tecnologia
pode ser empregada é a leitura de textos com termos
complicados. Caso o usuário demore muito tempo
em alguma palavra, surge automaticamente na
tela a função dicionário com dicas que ajudam a
compreender o que está escrito. Da mesma forma,
deixar o olhar sobre um link em determinado site
pode fazer com que o navegador abra o endereço que
despertou interesse em uma nova aba.
Que tal o
efeito do tecido
jeans azul nas
paredes da sua
casa ou escritório?
Isso agora é
possível graças à
inovação de uma
empresa brasileira
especializada na
fabricação de
ferramentas e
acessórios para as
áreas de acabamento e pintura. O efeito é possível
graças ao Rolete de Aço para Efeito Jeans, que
funciona com a utilização de gel ou glaze (itens
utilizados em pinturas especiais). Para obter o
efeito desejado, o fabricante recomenda que a
parede esteja lisa e totalmente seca. A superfície
a ser trabalhada deve ser dividida em áreas não
superiores a um metro de largura. Com o rolo de
espuma, aplica-se uma camada fina e homogênea
de gel. Em seguida, deve-se passar o rolete de aço
no sentido vertical e, depois, no sentido horizontal.
Pelo fato de o efeito imitar o tecido jeans, o
acabamento ficará levemente irregular e as
emendas feitas parecerão com um desbotamento
natural desse tecido.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
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13
Comércio exterior
País passou a ser uma espécie de “bola da vez” e é desejado até
pelas grandes potências mundiais. O estado do Ceará, por sua
localização estratégica, poderá tirar proveito do fenômeno
POR ÂNGELA CAVALCANTE
O
mundo se volta para o Brasil. De olho
em nosso crescimento, a União Europeia (UE) retomou as negociações com
o Mercosul, suspensas desde 2004. O diálogo,
reiniciado em novembro passado, teve um segundo encontro em fevereiro deste ano, sob
a liderança de diplomatas com o apoio do
empresariado. E a terceira rodada de negociações para firmar um acordo comercial com o
bloco econômico já foi realizada este mês na
Bélgica. O interesse dos europeus parece ter
chamado a atenção do Japão, que procurou
o Brasil no início de 2011 para facilitar um
acordo bilateral com o Mercosul. Em seguida,
14 | RevistadaFIEC | Março de 2011
foi a vez de os chineses buscarem negociação
com o bloco latino-americano a fim de não
perder competitividade para outros países no
mercado interno brasileiro.
De repetente, o nosso país se tornou uma
espécie de “bola da vez” ou uma “galinha dos
ovos de ouro”, passando a ser desejado por
todos, incluindo as grandes potências mundiais. E o Ceará, com sua localização estratégica, entre outras vantagens competitivas,
poderá somar dividendos a partir dessas relações. Setores como as indústrias química,
têxtil, alimentícia, metal-mecânica e minerais não-metálicos tendem a se beneficiar,
Foto: Giovanni santos
“
Temos uma
economia
estável, somos um
país de atração
de investimentos,
dispomos de reservas e
temos condições mais
facilitadas de importar
produtos europeus.
Eduardo Bezerra,
superintendente do CIN
“
De olho no Brasil
com amplas possibilidades de ampliar a participação no comércio exterior. Outros segmentos ganharão indiretamente, pois, com a
redução ou isenção de alíquotas de importação entre os mercados envolvidos, eles poderão importar máquinas, equipamentos e até
insumos com menor custo.
Segundo o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação
das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC),
Eduardo Bezerra Neto, o mundo está de
olho no Brasil porque as condições do país
são muito positivas. “Temos uma economia
estável, somos um país de atração de investimentos, dispomos de reservas e temos condições mais facilitadas de importar produtos
europeus. Mas a questão é que o Brasil não
quer só importar. O país quer uma balança
comercial equilibrada”, explica.
Eduardo Bezerra lembra que há sete anos
os cenários do Brasil e da UE eram opostos.
Na época, os europeus recuaram porque estavam em posição de vantagem. “Em 2004, as
negociações não foram à frente porque, enquanto as condições da economia europeia
eram muito positivas, na América Latina e
no Brasil eram de desvantagem diante da comunidade europeia e do mercado mundial.
Mas vieram as crises de 2008 e 2009 e os europeus não conseguiram sair sem arranhões.
Então, a situação se inverteu”, argumenta o
superintendente do CIN.
Foi então que a União Europeia procurou
o Brasil para intermediar a retomada das
negociações no Mercosul, visando tratar de
tarifas preferenciais para transações de produtos. Em 2004, a proposta da UE era criar
uma área de livre comércio entre a América
Latina e a Europa, na qual a troca de produtos de ambos os lados seria facilitada. “Ficou
subentendido à época que haveria uma classe de produtos que poderia ser importada
sem tributo algum. Outros produtos teriam
tributação diferenciada, abaixo da vigente.
Ou seja: era um tratado que pretendia beneficiar as importações, consequentemente favorecendo os países exportadores”, esclarece
Eduardo Bezerra.
Em novembro de 2010, foi realizada a
primeira rodada de negócios entre a UE e o
Mercosul, em Bruxelas, com a presença da
Confederação Nacional da Indústria (CNI),
além de representantes dos ministérios das Relações Exteriores e de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC). Em 7 de fevereiro de
2011, ocorreu na sede da CNI, em Brasília, a
segunda reunião entre a Coalizão Empresarial
Brasileira e representantes do governo federal.
Na ocasião, ficou acertada que a próxima rodada de negociações seria realizada em Bruxelas,
de 14 a 18 de março.
Conforme o titular do CIN, as relações estão progredindo, mas ainda há entraves. “As
condições propostas para transações de produtos têxteis, por exemplo, foram aceitas por
Brasil e Argentina, mas rejeitadas por Uruguai e Paraguai. Como se trata de um bloco
econômico, todos precisam concordar para
que seja oficializado o acordo bilateral com a
União Europeia”, sublinha Eduardo Bezerra.
Nas rodadas, os empresários se reúnem numa
sala ao lado do local onde as negociações são
firmadas por representantes de governos. Em
caso de impasse nas relações diplomáticas, os
empresários são consultados.
A expectativa é que o volume de exportações e importações entre a América Latina
e a Europa cresça substancialmente, gerando impacto positivo para grandes blocos de
produtos. Entre os segmentos que devem se
beneficiar estão as indústrias química, têxtil,
alimentícia e minerais não metálicos, além
da importação de máquinas e equipamentos.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
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15
Indústria cearense
Potencial para crescer
segmento de panificação do estado espera
ser beneficiado pelos acordos bilaterais em
curso, especialmente caso se efetive parceria
entre China e Mercosul. “Nosso benefício será
indireto. É claro que quando há uma interferência
dessas no mercado interno, todos ganham. No
caso da panificação, vamos ter condição de
importar máquinas, equipamentos e insumos com
menor custo. Hoje, a maior dificuldade do nosso
setor é renovar o parque industrial. Em relação ao
maquinário, a China tem os preços mais acessíveis
do mercado. Então, são muito bem-vindos acordos
bilaterais com mercados como China, Japão e União
Europeia”, afirma o presidente do Sindicato das
Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do
Ceará (Sindpan), Lauro Martins de Oliveira Filho.
Para José Dias de Vasconcelos Filho, presidente
do Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas
e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado
do Ceará (Sindquímica), “mesmo sendo a ‘bola da
vez’, o Brasil precisa melhorar e muito em relação
à sua eficiência para tirar proveito dessa situação”.
Ele lembra que o Fórum Econômico Mundial, que
se dedica a estimar os principais indicadores de
competitividade entre os países, classificou o Brasil
com pontos fracos em relação a vários aspectos, como
elevada tributação, alta regulação estatal, desperdício
das contas públicas, burocracia nos negócios, rigidez
no mercado de trabalho, spread da taxa de juros e a
burocracia aduaneira. No conjunto de 139 países, o
Brasil ficou entre o 122º e o 139° lugares. “Estamos
na ‘lanterna’. Precisamos urgentemente sair dessa
m 2010, as exportações brasileiras para a
União Europeia renderam US$ 43,1 bilhões,
enquanto as importações somaram US$
39,1 bilhões. O saldo da balança comercial
totalizou US$ 4,01 bilhões. Ao contrário do Brasil,
a balança comercial do Ceará no ano passado
apresentou déficit de US$ 52,5 milhões, resultado
da diferença entre os US$ 379,2 milhões
exportados e os US$ 431,7 milhões importados.
Os principais produtos exportados no ano
passado pelo Ceará ao bloco econômico
europeu foram melões, calçados e castanha de
caju, com participação de 19%, 18,8% e 8,3%,
respectivamente, do valor total exportado pelo
estado ao destino. Em relação às importações, o
Ceará comprou principalmente motores e máquinas
à União Europeia, produtos de alto valor agregado.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
José Dias de Vasconcelos:
“Mesmo sendo a ‘bola
da vez’, o Brasil precisa
melhorar em relação à
sua eficiência”.
16 | RevistadaFIEC | Março de 2011
E
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O
incômoda posição. É necessário avançar na reforma
do estado”, alerta José Dias.
Dentro da indústria química, afirma que a
situação é mais confortável para o país: “O Brasil
tem se destacado na área farmacêutica. Já estamos
exportando com relativa facilidade”. O Ceará se
distingue na produção de Soluções Parenterais de
Grande Volume (SPGV) e Soluções Parenterais de
Pequeno Volume (SPPV). “Somos os maiores produtores
nacionais do seguimento na área farmacêutica e os
únicos das regiões Norte e Nordeste e com grande
potencial para exportação”, garante José Dias.
Na área de cosméticos, o empresário assegura que
o país também está bem posicionado, disputando
a vice-liderança com o Japão, atrás apenas do
maior mercado produtor e consumidor do planeta:
os Estados Unidos. Nesse contexto, porém, o Ceará
representa em torno de 4% da produção nacional.
No seguimento de fabricação de tintas, o estado
também precisa avançar, na opinião do líder classista.
“Somos em torno de 25 fabricantes de tintas
imobiliárias. O estado exporta muito timidamente
para mercados africanos e Mercosul. Mas com a
instalação do laboratório de tintas do Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI/CE),
avançaremos bastante, com produtos de qualidade
e certificados”, planeja o presidente do Sindquímica,
para quem a realização dos acordos internacionais
dará mais impulso às relações do setor com o
comércio exterior.
Foto: Giovanni santos
Lauro Martins: “São muito bem-vindos acordos bilaterais
com mercados como China, Japão e União Europeia”
Barros Teixeira: “Potencial das relações comerciais
entre Ceará e UE tende a crescer”
“O potencial das relações comerciais entre
Ceará e UE tende a crescer a partir da crise
que abalou a economia europeia”, disse o
presidente do Conselho de Administração da
Escola Internacional de Bruxelas, João André
de Barros Teixeira, que visitou a FIEC no fim de
janeiro deste ano. As oportunidades, segundo
ele, estão em toda a Europa, envolvendo diversos
setores, como a indústria de alimentos, e as
áreas de logística e cooperação tecnológica.
Particularmente na Bélgica, Teixeira afirma que
há oportunidades de negócio com grandes
indústrias de biotecnologia, produtores de
automóveis e indústrias químicas, entre outras.
CHINA – A balança comercial do Ceará
em relação à China é bem mais deficitária do
que se apresenta com a UE. No ano passado,
as exportações do Ceará ao mercado chinês
renderam apenas US$ 39,2 milhões, contra os
US$ 469,1 milhões totalizados pelas importações
da China. O balanço ficou negativo em US$
429,8 milhões para mercado cearense, revelando
um amplo potencial de crescimento. Na lista
dos produtos mais vendidos aos chineses estão
couros e peles de animais, além de complementos
alimentares. De lá para cá, os chineses
comercializaram lâminas de ferro e aço, que
servem de insumo à indústria metal-mecânica.
JAPÃO – As relações comerciais do Ceará com
o Japão são bem mais incipientes. Em 2010, o
valor total exportado pelo estado ao mercado
japonês foi somente de US$ 14,5 milhões. As
importações do Japão para o Ceará totalizaram
apenas US$ 10,7 milhões. A balança comercial
foi superavitária, com saldo de US$ 3,8 milhões
para o Ceará. No rol dos produtos vendidos aos
japoneses, o destaque foram as ceras vegetais,
com 69,9% de participação na pauta. A indústria
têxtil foi o segmento que mais comprou dos
japoneses em 2010. Na liderança dos produtos
importados do mercado japonês pelo Ceará estão
os teares e outras máquinas para costurar tecidos.
Principais produtos
exportados à Europa:
melões, calçados e
castanha de caju
Porto de Hong Kong
Março de 2011 | RevistadaFIEC
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17
Gestão
Cursos são realizados em parceria com as melhores e mais
conceituadas escolas de negócio do mundo, tendo como parceiras a
Stanford GSB, a Wharton School e a Insead
C
om foco na formação de líderes para um mercado
global, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) inicia este
ano no Ceará o Programa de Educação Executiva.
Criado nacionalmente há dez anos, é realizado em parceria com as melhores e mais conceituadas escolas de negócio do mundo: as americanas Stanford GSB e Wharton
School e a francesa Insead. Desenvolvidos em projetos de
curta duração, de até três semanas, os eventos ocorrem
em caráter de imersão. Destinam-se a pessoas responsáveis por atuar em áreas de tomadas de decisão estratégicas dentro das empresas.
No Ceará, o primeiro curso está previsto para o segundo semestre do ano, logo após o IEL/CE, entidade
18 | RevistadaFIEC | Março de 2011
componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC), concluir um levantamento
de demanda. Segundo Vera Ilka Meireles Sales, superintendente da instituição, identificar interesses é necessário
porque os cursos são promovidos com focos específicos.
É por isso que a preparação é promovida de forma bem
adiantada a fim de que os participantes possam tirar o máximo proveito em termos de resultado. Vera Ilka destaca
que esse será um dos grandes desafios do IEL/CE em 2011,
já que o Programa de Educação Executiva tem gerado verdadeiras mudanças de mentalidade nos gestores.
Tatiana Farah de Melo, gerente de Educação Empresarial do IEL Nacional, explica que já participaram dos
a importância do programa do IEL. Um dos
aspectos está relacionado à necessidade de
que os cursos possam ser de curta duração.
O outro é que o foco das qualificações está
deixando de ser baseado no conhecimento
individual para voltar-se a interesses mais
específicos em relação à criticidade dos processos em vários sentidos. “Isso prova que
as pessoas estão querendo apreender instrumentos que lhes permitam tomar decisões
com reflexo direto no lidar com as mudanças”, arremata Tatiana Farah de Melo.
“
Os grandes desafios
no mundo globalizado
são a competitividade e
a inovação. Quem não se
preparar estrategicamente
estará fadado a enfrentar
sérios problemas no futuro
de seus negócios.
“
IEL lança Programa de
Educação Executiva
cursos oferecidos pelo programa cerca de mil
grandes executivos de vários estados brasileiros, comprovando o nível de excelência das
pessoas que passaram pelo processo de qualificação. Ela acrescenta: “Os grandes desafios
no mundo globalizado são a competitividade
e a inovação. Quem não se preparar estrategicamente estará fadado a enfrentar sérios problemas no futuro de seus negócios”.
Essa visão propiciou ao IEL, destaca Tatiana,
preparar os gestores para lidar com tais temáticas, tendo em vista as transformações por que
passa o mundo. Ela lembra que o Ceará está na
iminência de receber grandes empreendimentos que mudarão a face do estado. “Em vista disso, os empresários precisam estar cada vez mais
preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirão com a chegada desse novo momento”, sublinha Tatiana.
Nesse sentido, elogia a atuação do empresariado
cearense em relação à demanda por cursos no
IEL – o Ceará é o segundo no país em adesão a
eventos oferecidos pela entidade.
A gerente destaca que o Programa de
Educação Executiva é voltado a pessoas responsáveis por decisões estratégicas. A ideia
é prepará-las para conviver com as transformações. Tatiana cita pesquisa recente da
Duke Corporate Education, na qual dois
dados chamam a atenção quanto à demanda por qualificação em gestão, para reforçar
Tatiana Farah de Melo, gerente de
Educação Empresarial do IEL Nacional
Foto: Giovanni santos
Março de 2011 | RevistadaFIEC
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19
Opinião de quem já fez
Escolas parceiras
Fernando Cirino Gurgel (industrial e ex-presidente da FIEC)
Stanford GSB (EUA)
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Fernando Cirino participou há 15 anos de um curso promovido pela Insead.
Para ele, significou um marco na sua vida empresarial. Na época, destaca, falava-se muito em globalização, mas não se sabia direito do que se
tratava. “Hoje, o que comecei a ouvir falar naquele tempo está presente
fortemente ao nosso redor.” Fernando Cirino ressalta que muitas das coisas que ouvimos falar hoje no mundo dos negócios, e achamos que não
fazem parte da nossa realidade, vão se concretizar em breve. “Aqueles
que não se prepararem vão ficar pelo meio do caminho”, alerta. O empresário do setor metal-mecânico cita o exemplo da Petrobras, que está em
busca de fornecedores locais, ao se referir às oportunidades e desafios
que os empresários têm pela frente. “Mas é preciso estar preparado”,
resume Fernando Cirino.
Ao longo de sua história de 85 anos, ganhou reconhecimento como líder global em educação executiva. A
escola conta com professores que ganharam o Prêmio
Nobel e, em 2010, obteve o terceiro lugar no ranking
do setor pela Business Week. Conta com o Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento para Liderança, criado
para aprofundar a compreensão do ambiente organizacional com abordagens inovadoras para a análise e
o desenvolvimento de capacidades críticas, de modelos mentais e de consequências da gestão executiva.
Insead (França)
Paulo Studart Filho
(ex-comandante da 10ª Região Militar e
atual superintendente geral do Sistema FIEC)
Esteve no ano passado participando de um curso da Wharton Scholl, na
Universidade da Pensilvânia (Filadélfia). Segundo ele, a experiência começa logo ao chegar ao campus, quando é possível estabelecer parâmetros
com o que existe no Brasil. Até mesmo as conversas informais, ressalta,
servem como consultorias gratuitas, pois é possível estabelecer relações
com pessoas de vários setores e de diversas partes do mundo. “Há um mix
de visões que proporciona uma rica troca de experiências”, destaca Paulo
Studart, que considera ainda ser impossível mensurar o retorno financeiro
do investimento realizado, tendo em vista que esses ganhos se propagam
por várias formas de conhecimento adquirido.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O Insead ocupa o primeiro lugar em escolas de negócio não americanas pelo ranking da Forbes (2010),
que considera o maior retorno sobre o investimento.
É também a primeira escola de negócio internacional
para a Bloomberg Business Week (2010). Desde 1957,
seus cursos revolucionam o ensino empresarial. Hoje, a
instituição conta com unidades em Fontainebleau, na
França, nos Emirados Árabes, em Cingapura e Israel.
São 145 professores residentes oriundos de 36 países,
pesquisadores de referência mundial em gestão e em
pesquisa de ponta. A instituição ainda atrai anualmente
mil estudantes de MBA, Executive MBA e PhD. Mais de
9 500 executivos já participaram de seus programas de
Educação Executiva.
Francisco Baltazar Neto (empresário e ex-presidente do
Os cursos realizados no campus da Wharton School da
Filadélfia mesclam aulas expositivas, estudos de casos,
trabalhos em grupo e rodas de discussão com temas
como táticas para expansão internacional, negociação,
vantagem competitiva, planejamento em diversos cenários e implementação de estratégias.
20 | RevistadaFIEC | Março de 2011
Centro Industrial do Ceará - CIC)
O empresário Baltazar Neto resume como uma verdadeira mudança de paradigma sua experiência de menos de um mês no ano passado na Insead.
“Eles sabiam mais de nós, brasileiros, do que nós mesmos.” Baltazar diz
isso para assegurar que as empresas brasileiras vão enfrentar nos próximos anos verdadeira avalanche de concorrentes internacionais no país
em diversos segmentos. “Eles virão para cá com toda a força”, destaca.
Segundo ele, essa talvez tenha sido a maior lição que tirou do encontro.
Fato que, para Baltazar, tende a se acelerar com a maior exposição por
causa da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Wharton School (EUA)
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
21
Processo é uma das bandeiras da atual gestão da FIEC, liderada pelo
industrial Roberto Proença de Macêdo, para quem a indústria só se
torna forte com uma base sindical também fortalecida
A
pós mais de uma década com dupla representatividade, os dois sindicatos da indústria gráfica cearense – Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado
do Ceará (Singrace) e Sindicato da Indústria Editorial, de
Formulários Contínuos e de Embalagens Gráficas do Estado do Ceará (Unigráfica) – promoveram a fusão das duas
entidades e criaram o Sindigráfica. A unificação é uma das
bandeiras da atual gestão da Federação das Indústrias do
Estado do Ceará (FIEC), que entende, segundo seu presidente Roberto Proença de Macêdo, que a indústria só se
torna forte com uma base sindical também fortalecida.
De acordo com Roberto Macêdo, a fusão dos sindicatos gráficos é um momento histórico para o segmento no
22 | RevistadaFIEC | Março de 2011
Ceará e um dos mais importantes em seus quatro anos e
meio à frente da FIEC. Desde o início de sua administração,
Roberto Macêdo tem colocado como uma de suas bandeiras o fortalecimento sindical, considerando, inclusive, que a
duplicidade de sindicatos é um impeditivo para tal intento.
Para ele, o exemplo dos dois sindicatos mostra que é possível superar divergências com força de vontade e persistência. “Vocês estão provando que podem ir ainda mais longe
do que imaginam”!, exclamou durante a assembleia para
unificar os dois sindicatos realizada em 15 de março.
O novo sindicato é presidido pelo empresário Fernando
Antônio de Assis Esteves, com mandato de dois anos, que, empossado no começo deste ano como presidente do Unigráfica,
“
A unificação
recupera a
tradicional força de
um segmento que
sempre teve muita
representatividade
no estado.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
José Mozart Martins,
ex-presidente do Singrace
Maia, seu primeiro presidente, e a quem coube dirigir a reunião de fundação da FIEC, tendo sido eleito vice-presidente
da Federação.
Nascido em Russas, Pergentino Maia foi uma das pessoas
mais influentes no comércio de Fortaleza na primeira metade
do século passado, com sua Livraria Renascença sendo considerada ponto de encontro de intelectuais, escritores e pessoas
de destaque na cidade.
O setor gráfico teria ainda em Luiz Esteves Neto uma das
grandes lideranças do segmento industrial cearense. Presidente da FIEC no período 1986 a 1992, fez da Casa da Indústria um fórum democrático prestigiado, pelo qual passaram eventos da mais alta expressão para o desenvolvimento
socioeconômico do Ceará e da região Nordeste.
Foco na mão de obra
O
empresário Fernando Esteves assume o
Sindgráfica com a intenção de enfatizar a
formação de mão de obra para o setor. Por
isso pretende ampliar as relações com o Sistema
FIEC, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial do Ceará (SENAI/CE) e do Serviço Social
da Indústria do Ceará (SESI/CE). Ele destaca que
90% das gráficas cearenses se enquadram na categoria de micro e pequena empresa e, por serem
optantes do Supersimples, não contribuem com as
duas instituições. A intenção de Fernando Esteves é
oferecer, mediante convênios, os serviços prestados
pelo SESI e SENAI. “Hoje, já existe a possibilidade
de utilização dos serviços de saúde. Queremos agora incluir ações das duas entidades nas áreas de
treinamento, esporte, lazer e educação”, completa.
Diretor da Tiprogresso, Fernando Esteves é filho
do sócio da empresa, Geraldo Esteves, e sobrinho
de Luiz Esteves. De acordo com os estatutos do novo
sindicato, o mandato é de dois anos sem a possibilidade de recondução seguida ao mandato de presidente. A intenção é permitir a formação de lideranças
Fernando Esteves é
o presidente do novo
sindicato, o Sindigráfica
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Unificado, setor
gráfico ganha força
tinha como uma de suas metas o processo de unificação sindical. “Só não esperava que fosse tão rápido”, diz.
Ele lembra que a unificação é uma luta histórica que já durava algum tempo, “mas o processo se concretizou porque a
diretoria da FIEC, por meio do presidente Roberto Macêdo,
envidou todos os esforços nesse sentido. A unificação talvez
seja a maior conquista do setor nos últimos anos”, sublinha.
Para Fernando Esteves, as lutas do setor no Ceará poderão ser
travadas agora de forma mais coesa, lembrando que na época
dos dois sindicatos havia empresas filiadas às duas entidades.
O ex-presidente do Singrace, José Mozart Martins Júnior,
também avalia o momento como histórico. Segundo ele, nesse período de existência dos dois sindicatos só quem perdeu
foi o segmento. José Mozart (ele não participa da composição
da diretoria do novo sindicato porque considera que deve abrir
espaço para outras lideranças) entende que a unificação recupera a tradicional força de um segmento que sempre teve
muita representatividade no estado. Mesmo não compondo
a nova diretoria, ele deixa claro que apoiará todas as ações
empreendidas pelo novo sindicato.
A reunificação do setor gráfico é emblemática para a indústria cearense, já que para a criação da FIEC, em maio de
1950, cinco sindicatos se uniram em torno desse objetivo.
Entre eles estava o da Indústria de Tipografia de Fortaleza.
Além dele, participaram do processo os sindicatos da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará; da
Construção Civil de Fortaleza; da Indústria de Calçados de
Fortaleza e de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens de Fortaleza. Na época, a instituição representativa do
setor gráfico industrial cearense era presidida por Pergentino
“
Sindicatos
e uma maior participação dos filiados nas decisões.
Antes da unificação, o Unigráfica já era um dos mais
atuantes sindicatos ligados à FIEC, com cerca de 90
filiados, representando 3,8% do total de indústrias do
estado. Agora, o Sindigráfica deverá reunir cerca de
80% do Produto Interno Bruto (PIB) gráfico cearense.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
23
Assuntos legislativos
FIEC acompanhará matérias
de interesse do setor industrial
Segundo ele, para lidar com essas necessidades serão adotadas medidas administrativas, de gestão e de contenção de
custos. “Nesses 45 dias, já estamos fazendo algumas mudanças para facilitar a execução dos projetos que pretendemos
para a AL”, acrescentou. Está prevista, inclusive, a realização
de concurso público, após radiografia completa do processo
de enxugamento por que passa o legislativo estadual.
Nos próximos dias, algumas dessas ações deverão estar
sendo iniciadas por meio do que chamou de “pacote de
ações”. Entre elas, a criação de um fórum específico visando discutir a Copa do Mundo 2014, cuja intenção é agilizar
os processos de fiscalização sobre as obras em curso. Outro
projeto que divulgou foi o estabelecimento de uma agenda
ambiental no âmbito da Assembleia. Roberto Cláudio citou
ainda a criação de um fórum de inovação em gestão pública,
no qual haverá a discussão de temas estratégicos para o desenvolvimento do estado.
Ele destacou também a ideia da criação de um pacto pela
bionergia na área de petróleo e gás no Ceará e de outro pela
Copa 2014 para discutir pendências relativas ao andamento
dos projetos relativos ao evento esportivo.
Presidente da AL, Roberto
Cláudio Bezerra, participou na
Casa da Indústria de almoço com
empresários e diretoria da entidade
24 | RevistadaFIEC | Março de 2011
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O
presidente da Assembleia Legislativa (AL) do Ceará, Roberto Cláudio Bezerra, participou no dia 14 de
março, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), de almoço com a diretoria da instituição. Na oportunidade, ele expôs seus planos para os próximos dois anos à frente da Assembleia Legislativa. Além
de representantes de sindicatos filiados à FIEC e membros
da diretoria, participaram da reunião os ex-presidentes
Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior, o
presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cedes) do estado, o primeiro vice-presidente da
FIEC, Ivan Bezerra, e os deputados Tin Gomes (PHS), Neto
Nunes (PMDB) e Teo Menezes (PSDB).
Segundo o presidente da FIEC, Roberto Proença de
Macêdo, que destacou a disposição de Bezerra, o encontro
está dentro do que preceitua uma das diretrizes da atual
gestão da instituição: mais interação com a representatividade político-social do estado. Roberto Macêdo lembrou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI),
por meio do Conselho de Assuntos Legislativos (Coal), já
mantém essa ligação com o Congresso Nacional. “A FIEC
também pretende seguir esse caminho. Temos visto que
frequentemente o Legislativo aprova muitas leis que são
de nosso interesse. Precisamos, portanto, ficar atentos e
mais próximos do Legislativo para que nossos pontos de
vista sejam fortalecidos”, frisou ele.
Roberto Cláudio disse que pela primeira vez, em sua
gestão, a mesa diretora da Assembleia realizava um encontro institucional externo. Segundo ele, a iniciativa
é importante porque o Poder Legislativo estadual tem a
função de mediar demandas sociais. De acordo com ele, a
FIEC, por sua importância para o desenvolvimento do estado, é a instituição mais estratégica para receber a visita.
O presidente acrescentou que, com relação à ideia de mediação de interesses, a Assembleia pretende, sempre que
necessário, recorrer à FIEC para aproveitar sua experiência como representante da indústria cearense.
O deputado fez também uma prestação de contas dos
primeiros meses à frente da AL, lembrando que as ações
atuais não destoam das desenvolvidas em gestões anteriores porque cada uma teve seu tempo e os momentos
e demandas são sempre diferentes. “Cada época tem suas
peculiaridades e demandas próprias”, acrescentou. Nesse
sentido, sublinhou que a presidência anterior foi marcada por três aspectos, os quais pretende potencializar mais
ainda. Um deles, disse, é o complexo de comunicação.
“Queremos levar esses meios a mais pessoas e lugares.”
Outro ponto é a questão da estrutura física: “Temos
enormes dificuldades e a ampliação é essencial e necessária para o bom funcionamento da Casa”, afirmou
Roberto Cláudio. Outra característica apontada como
digna de registro na gestão passada foi a produção legislativa. “Essas três marcas merecem ser destacadas e serão
reforçadas na atual gestão.” No entanto, o atual presidente da Assembleia Legislativa ressaltou que as imposições
atuais são outras.
Propostas de Roberto Cláudio
Potencializar o complexo de comunicação, melhorar a estrutura física e aumentar a produção legislativa.
Mudanças nas áreas administrativa, de pessoal, redução de
custos e concurso público para criar carreiras legislativas.
Desenvolver no âmbito da Assembleia uma agenda ambiental.
Fórum de inovação em gestão pública com a discussão de
temas estratégicos para o desenvolvimento do estado.
Pacto de bionergia do petróleo e gás no Ceará.
Pacto pela Copa 2014 a fim de discutir pendências relativas
ao andamento dos projetos no Ceará. Com isso, pretende
agilizar a solução de tais pendências.
Criação de um conselho gestor para gerir a AL e de um
conselho consultivo para lidar com projetos de interesses
da população.
Assessoramento
C
riados na primeira gestão do empresário Jorge Parente Frota Júnior na Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (FIEC), os Conselhos Temáticos funcionam como órgãos consultivos e de assessoramento à hierarquia superior da entidade.
Composto no mínimo por cinco membros e
no máximo por 11, os fóruns representam
ainda o elo para solucionar gargalos que estejam impedindo o desenvolvimento da indústria cearense, subsidiando a alta direção
da entidade a exercer o papel de promotora
do desenvolvimento. No total, são 11 Conselhos Temáticos distribuídos nas seguintes áreas:
Relações Internacionais (Corin), Meio Ambiente
“
Queremos que os
conselhos aumentem
a sua inserção nas ações da
Federação como forma de
fortalecer a nossa entidade
por meio de discussões que
lhes são pertinentes.
“
Carlos Fujita,
diretor administrativo da FIEC
Foto: GIOVanni santos
26 | RevistadaFIEC | Março de 2011
(Cotema), Economia, Finanças e Tributação
(Cofin), Micro e Pequena Empresa (Compem),
Assuntos Legislativos (Coal), Relações Trabalhistas e Sindicais (Cosin), Responsabilidade Social (Cores), Agronegócio (Conag), Tecnologia
(Contec), Infraestrutura (Coinfra) e Conselho
Temático de Educação (Coed).
Além dos conselhos locais, a FIEC também
está representada em nove dos 12 Conselhos
Temáticos existentes na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2007, como forma
de apoio à ação dos conselhos, a FIEC criou
uma secretaria executiva específica, que, além
de assessorar todos os fóruns, proporciona
uma maior aproximação com os sindicatos filiados. Recentemente, foi criado pelo setor de
Tecnologia da Informação da entidade um site
para facilitar o melhor acompanhamento das
ações desenvolvidas pelos respectivos fóruns.
Mas se já tinham esse função dentro da
estrutura da FIEC, os conselhos serão mais
fortalecidos na segunda gestão do presidente
Roberto Proença de Macêdo. Para isso ficarão
sob a coordenação da diretoria administrativa da entidade, que tem à frente o empresário
Carlos Fujita. “Queremos que os conselhos aumentem a sua inserção nas ações da Federação
como forma de fortalecer a nossa entidade por
meio de discussões que lhes são pertinentes”,
diz Carlos Fujita. A partir deste ano, inclusive,
todos os presidentes dos conselhos têm status
de diretor da FIEC.
Cotema Cofin
Conag
Cores
Coinfra
Fóruns ajudam a solucionar gargalos que estejam impedindo o
desenvolvimento da indústria cearense, subsidiando a alta direção da
entidade a exercer o papel de indutora do desenvolvimento
Corin Contec
FIEC fortalece
Conselhos Temáticos
Compem
Coal
Outra providência foi a criação de um
regimento interno para organizar a atuação
dos fóruns. Segundo Carlos Fujita, a grande
mudança que se pretende é que os conselhos
passem a atuar como instâncias de debates
qualificados em torno de ações que visem
defender os interesses dos sindicatos e da indústria como um todo. A proposta defendida
por Carlos Fujita é que os conselhos se enquadrem nas diretrizes do Mapa Estratégico
2010-2014 da FIEC, que aponta como visão
tornar a entidade “uma referência na representação e defesa da indústria e na atuação
sindical, mobilizando o empresariado e assegurando a sua participação na liderança de
um ambiente favorável ao desenvolvimento
sustentável do Ceará”.
O diretor administrativo explica que, em
relação à parte de assessoramento técnico dos
conselhos, todas as casas do Sistema FIEC
ficarão à disposição do desenvolvimento desse trabalho. Ele apontou que os órgãos terão
também espaço nas reuniões ordinárias de diretoria para expor sua atuação. Carlos Fujita
ressalta que a intenção é que haja uma maior
aproximação da diretoria com os conselhos,
Cosin
Coed
por meio da direção administrativa, a fim de
que não se perca o trabalho realizado nesses
fóruns, bem como permita à FIEC atuar quando essa ação extrapolar as possibilidades dos
Conselhos Temáticos.
Roberto Macêdo reconhece que a diretoria tem recebido poucas demandas de alguns
conselhos e incentiva que haja por parte dos
fóruns uma maior cobrança institucional à
FIEC. No último dia 21 de fevereiro, essa discussão ganhou corpo durante almoço de Roberto Macêdo e da Diretoria Executiva (Direx)
com os presidentes dos conselhos. Na ocasião,
várias sugestões foram apresentadas para que
se possam corrigir rumos nessa relação.
O presidente da FIEC ressaltou que a entidade não pode prescindir de um instrumento como os Conselhos Temáticos porque são
específicos e tratam praticamente de todos os
assuntos pertinentes ao setor industrial. “Os
conselhos devem servir como meio de aproximação entre a Federação e os sindicatos e
entre os sindicatos e as empresas, já que tratam de temas do nosso dia a dia. Portanto,
não podemos desperdiçar essas oportunidades”, arrematou Roberto Macêdo.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
27
Como funcionam os Conselhos Temáticos
Atuam na discussão de estratégias relacionadas com as macroquestões de interesse do setor industrial, no âmbito de sua
respectiva abrangência temática. Nesse sentido, têm como papel
apresentar subsídios ao processo decisório dos órgãos diretivos da
FIEC, procurando ampliar a participação no sistema de empresas,
organizações e associações do segmento.
Como atribuições, cada conselho deverá apresentar plano de trabalho anual e manter a presidência e a diretoria da FIEC informadas
da atuação por meio de relatórios e documentos.
Presidentes dos Conselhos Temáticos da FIEC
Responsabilidade Social (Cores) – Wânia Cysne Dummar
Assuntos Legislativos (Coal) – Affonso Taboza Pereira
Economia, Finanças e Tributação (Cofin) – Fernando Castelo Branco
Tecnologia (Contec) – Francisco José Lima Matos
Micro e Pequenas Empresas (Compem) – Francisco Baltazar Neto
Meio Ambiente (Cotema) – Marcos Augusto Albuquerque
Infraestrutura (Coinfra) – Ricardo Teixeira
Relações internacionais (Corin) – Verônica Maria Perdigão
Relações Trabalhistas e Sindicais (Cosin) – Jaime Bellicanta
Cadeias Produtivas e Agronegócios (Conag) – Frederico Hosanan
Educação (Coed) – Ednilton Gomes de Soarez
Cada conselho é integrado por no mínimo cinco e no máximo 11
membros, com a seguinte composição: um presidente, escolhido pelo
presidente da FIEC, entre os titulares da diretoria plena e do conselho
de representantes ou dentre os empresários filiados aos sindicatos. O
mandato do presidente e dos demais membros é de quatro anos.
Os conselhos deverão se reunir, ordinariamente, pelo menos a cada
dois meses (preferencialmente encontros mensais) e, extraordinariamente, por convocação do seu presidente.
Aos conselheiros não será abonado qualquer pagamento em função
do exercício do cargo.
Representantes nos Conselhos Temáticos da CNI
Responsabilidade Social (Cores) – Jorge Parente (presidente) e Wânia Dummar
Assuntos Legislativos (Coal) – Affonso Taboza Pereira
Política Econômica (Copec) – Fernando Castelo Branco
Política Industrial e Desenvolvimento (Copin) – Francisco José Lima Matos
Micro e Pequena Empresa (Compem) – Francisco Baltazar Neto
Meio Ambiente (Coema) – Renato Lima Aragão
Infraestrutura (Coinfra) – Heitor de Mendonça Studart
Integração Nacional (Cin) – Álvaro de Castro Correia
Educação (Coed) – Ednilton Gomes de Soarez
Desempenho ambiental
FIEC inscreve para
8ª edição do prêmio
Inscrições estão abertas até
14 de abril próximo no Núcleo
de Meio Ambiente (Numa)
A
Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (FIEC) está com inscrições abertas, até 14 de abril, para a 8ª edição do
Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental.
A premiação visa reconhecer publicamente
o esforço de indústrias cearenses, filiadas
aos sindicatos integrantes da FIEC, que obtiveram destaque na conservação do meio
ambiente e na implementação de atividades
que resultam em melhoria da qualidade ambiental, de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. O prazo para entrega dos projetos vai até 29 de abril deste ano.
Os participantes podem concorrem em quatro modalidades: Reuso de Água, Produção mais
Limpa, Integração com a Sociedade e Educação
Ambiental. Cada empresa poderá disputar com
um projeto por categoria, desde que tenham sido
implantados até a data da inscrição e possam ser
divulgados pela FIEC, de modo a servir de modelo para outras indústrias.
Para participar, a empresa deverá estar em dia
com as exigências da legislação ambiental vigente e apresentar a documentação descrita no regulamento do prêmio, disponível no Núcleo de
Meio Ambiente (Numa) – organismo da FIEC
que instituiu a comenda.
As empresas vencedoras receberão troféu e
diploma alusivos ao prêmio, em cerimônia que
será realizada na Sede da FIEC, sendo os resultados divulgados nos veículos de comunicação e
publicações do Sistema FIEC. Todos os inscritos
no prêmio receberão diploma pela participação.
Na edição 2010 do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental foram inscritos 19 projetos de
11 empresas. Venceram a Companhia Energética
do Ceará – Coelce (categoria Integração com a
Sociedade); Fazenda Amway Nutrilite do Brasil
(Reuso de Água); Morefácil Construtora e Incorporadora (Produção mais Limpa) e Rigesa do
Nordeste (Educação Ambiental). A premiação
ocorreu no Centro de Convenções, durante o encerramento da feira Recicla Nordeste.
SERVIÇO
Informações e inscrições no Numa, Avenida
Barão de Studart, 1980, 2º andar. Telefones
(85) 3421-5916 e 3421-5923.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
29
Foto: GIOVanni santos
Campanha foi lançada no auditório da FIEC em 28 de fevereiro
Ação de cidadania
Movimento do Sistema FIEC gera resultados. Em Maracanaú, região
metropolitana de Fortaleza, a Esmaltec Eletrodomésticos é uma das
inúmeras indústrias mobilizadas contra a doença
C
om 5 534 casos de dengue confirmados até 18 de
março, o Ceará está entre os 16 estados brasileiros
com alto risco de gerar uma epidemia da doença. A
união entre os diversos setores da sociedade é arma importante no combate à proliferação da doença.
Em âmbito nacional, o governo federal convida a população a acessar o site do Ministério da Saúde, imprimir
o material de campanha e participar da mobilização nacional contra a doença, cujo slogan é Dengue, se você agir,
podemos evitar. No Ceará, poder público, empresários e
30 | RevistadaFIEC | Março de 2011
trabalhadores também estão unidos contra o mosquito
Aedes aegypti. No dia 28 de fevereiro, a Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) lançou a campanha Indústria sem Dengue, que já mobilizou, por meio
do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), 182 000 trabalhadores de 282 indústrias, número que corresponde
a 60% dos industriários cearenses e supera a meta inicial
de 150 000 atendimentos.
A campanha já está gerando resultados práticos. Em Maracanaú, município da região metropolitana de Fortaleza, a
Esmaltec Eletrodomésticos realizou
no início de março, entre os colaboradores, campanha de conscientização e ação contra a dengue.
A partir da campanha lançada
pelo Sistema FIEC, a Esmaltec levou a efeito uma vistoria completa
na empresa para localizar possíveis
focos do mosquito transmissor da
dengue. Ao observar que alguns copos descartáveis levados para fora
do refeitório depois das refeições
eram jogados em locais inadequados e acabavam acumulando água
parada, os gestores decidiram iniciar uma campanha de conscientização em todos os setores da empresa. De início, o foco foi o refeitório,
mas a campanha foi estendida e
absorveu outros locais, envolvendo
do profissional de jardinagem ao
pessoal operacional, que lida com o
maquinário, passando ainda pelos
setores administrativos. A empresa
utilizou folders, panfletos e adesivos, material oferecido pelo Serviço Social da
Indústria (SESI), para informar os colaboradores
sobre os riscos e formas de prevenção da dengue. A ação teve também o apoio da Secretaria
de Saúde de Maracanaú, onde já foram confirmados 73 casos de dengue neste ano.
Como o movimento ocorreu próximo do carnaval, a descontração tomou conta da campanha
contra a dengue na Esmaltec. Por uma semana,
o almoço dos colaboradores foi acompanhado de
música, apresentação de humorista e exibição de
vídeos educativos da campanha do Sistema FIEC.
Cipeiros, brigadistas e profissionais de jardinagem foram mobilizados para percorrer toda
a extensão da empresa, recolhendo materiais
descartados em locais indevidos e identificando
pontos suscetíveis à proliferação de mosquitos.
Em parceria com a Secretaria de Saúde de
Maracanaú, os colaboradores foram informados sobre as formas de combate ao mosquito
transmissor da doença por meio de palestras e
montagem de maquetes que simulam o ambiente
familiar com possíveis pontos de risco.
O agente de endemias do Núcleo de Educação
em Saúde e Mobilização Social da Prefeitura de
Maracanaú, Gilberto Mendes, avaliou a ação do
Foto: GIOVanni santos
“
A semente foi
plantada. O
mais importante é que
os funcionários saem
daqui e levam para seus
ambientes de convívio as
informações, tornandose multiplicadores da
campanha.
“
Campanha
Gilberto Mendes, agente de endemias do
Núcleo de Educação em Saúde e Mobilização
Social da Prefeitura de Maracanaú
Sistema FIEC e da Esmaltec como importante
para a empresa, sociedade e município. “A semente foi plantada. O mais importante é que os
funcionários saem daqui e levam para seus ambientes de convívio as informações, tornando-se
multiplicadores da campanha”, frisou.
Gilberto Mendes disse que, depois das ações
da empresa, os funcionários puderam perceber
que o trabalho de recolher o material descartado é maior que o de destiná-lo corretamente. “É melhor utilizar alguns segundos do seu
tempo buscando o local adequado de descarte
a arriscar adoecer e deixar o ambiente de trabalho sujo. Temos de nos tornar agentes e não
esperar pelo comportamento do outro”, ponderou Gilberto Mendes.
Roberto Silva de França, auxiliar de produção,
depois de enfrentar a doença de perto, aprovou a
ideia da campanha. A filha mais velha de Roberto,
de 16 anos, contraiu dengue tipo 1, nível mais
leve da doença. “Foi difícil combater. Minha filha enfraqueceu, mas foi bem acompanhada pelo
médico e está curada. Agora, estou de olho [nos
locais que possam ser de risco para reprodução do
mosquito] tanto aqui quanto na minha casa. Não
podemos relaxar”, frisou Roberto Silva.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
31
A
Distribuição de folders e
adesivos da campanha
contra a dengue na
empresa Esmaltec
ideia incentivada pela FIEC de constituir
pequenos comitês em empresas, escolas
e canteiros de obras visando formar
multiplicadores para conscientizar trabalhadores
sobre a necessidade de combater a proliferação
do mosquito foi acolhida pela Esmaltec. Cerca
de 800 colaboradores foram envolvidos na ação
e a ideia principal é formar funcionários aptos
a repassar o que aprenderam aos colegas. A
reunião de líderes frequentemente realizada
pela empresa foi o espaço utilizado para formar
multiplicadores, treinados para agir diariamente
observando e orientando o comportamento do
seu setor de atuação. Na área de maquinário, os
supervisores de produção foram os escolhidos. No
setor administrativo, em cada ambiente há um líder
de sala preparado para observar possíveis focos
de proliferação de mosquitos, como geláguas e
geladeiras. Para manter a campanha latente, serão
feitas reuniões semanais com os multiplicadores.
Para Gilberto Mendes, a formação de
multiplicadores é o caminho. “Os funcionários
passam a maior parte do dia na empresa.
Saindo daqui, levam as informações aonde
forem, seja para casa, para a conversa com
os vizinhos, ao encontro com os amigos. Tudo
que é passado aqui vai chegar a muitas outras
pessoas. Assim o combate é completo”, finalizou.
32 | RevistadaFIEC | Março de 2011
FIEC contra a dengue
A
FIEC e as secretarias de Saúde
do Ceará e de Fortaleza iniciaram
em 28 de fevereiro, na Casa da
Indústria, a campanha Indústria sem
Dengue. Lançada simultaneamente em
Sobral e Juazeiro Norte, a campanha
pretendia atingir inicialmente cerca
de 150 000 trabalhadores com
a distribuição de vários materiais
educativos, mas o sucesso da campanha
pode ser observado pela superação dos
números. Segundo o superintendente
do SESI/CE, Francisco das Chagas
Magalhães, em todo o Ceará 182 000
industriários de 282 empresas já foram
assistidos. O SESI está distribuindo um
milhão de adesivos, 150 000 folders e
panfletos, 200 000 cartilhas e 2 000
DVDs educativos. Magalhães acrescenta
que a FIEC também está colocando à
disposição recursos para a compra de
25 000 telas para cobertura de 10 000
caixas de água em todo o Ceará, sendo
6 000 em Fortaleza e 2 000 em Sobral e
em Juazeiro do Norte.
Foto: GIOVanni santos
Multiplicadores
Mão de obra
“
Nós temos algumas
dificuldades pontuais.
Faltam engenheiros,
principalmente, que trabalhem
na área de planejamento.
Países em ritmo acelerado de crescimento optaram pelo
desenvolvimento tecnológico via engenharia. Enquanto o Brasil forma
em média 32 000 engenheiros por ano, na China são 400 000
C
om a economia aquecida, o Ceará se tornou um dos
principais alvos dos projetos estruturantes previstos
para o país. A instalação no estado da refinaria e da
siderúrgica, dentre outros empreendimentos em curso, e as
obras de infraestrutura voltadas à Copa de 2014, além do
programa de habitação popular do governo federal Minha
Casa, Minha Vida, ampliaram sobremaneira a demanda da
construção civil por mão de obra especializada.
A perspectiva, considerando apenas a refinaria, com operação
prevista para 2017, é de geração em torno de 90 000 postos
de trabalho durante a instalação do empreendimento. Para
a siderúrgica, a projeção é criar 15 000 empregos diretos até
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2014, quando entrará em funcionamento. Diante do curto prazo e da defasagem de profissionais qualificados no
mercado local, algumas empresas começam a importar mão
de obra de outros países, especialmente engenheiros, para
assumir posições que deveriam ser ocupadas por cearenses
ou, pelo menos, por brasileiros.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria
da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto
Sérgio Ferreira, o segmento já estuda trazer engenheiros da
Espanha e de Portugal para suprir a demanda, principalmente na área de planejamento. “Nós temos algumas dificuldades pontuais. Faltam engenheiros, principalmente,
brasileira apontam a dificuldade em contratar
empregados aptos a trabalhar em obras como
um dos três maiores entraves da atividade. Nas
empresas de grande porte, o problema é ainda
mais crítico. Dentre as grandes construtoras
consultadas 85,4% apontaram a falta de trabalhadores qualificados como um de seus principais problemas. Entre as pequenas 61,5% dos
empresários ouvidos reclamaram da falta de
mão de obra qualificada.
O gerente executivo da unidade, Renato da
Fonseca, afirma que a escassez de mão de obra é
causada pelo crescimento acelerado do setor da
construção combinado com a pequena capacidade de formação de profissionais para a atividade. Para ele, os dados preocupam porque as
dificuldades para contratação podem impactar
nos custos da construção e comprometer resultados do setor. “Isso pode reduzir a velocidade
do crescimento”, argumenta o executivo da CNI.
Renato da Fonseca: escassez
de mão de obra é causada
pelo crescimento acelerado do
setor da construção combinado
com a pequena capacidade de
formação de profissionais
Foto: CNI
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Sem engenheiros,
sem desenvolvimento
que trabalhem na área de planejamento. Existe
até a possibilidade de trazer espanhóis e portugueses para cá”, admite Roberto Sérgio.
A carência de engenheiros no Brasil não é
fato novo. Porém, tornou-se mais evidente a
partir do boom da construção civil no Brasil.
Dados da Coordenação Geral de Imigração do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que entre 2008 e 2009 o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros
saltou 27%, de 2 712 para 3 542. O número de
pedidos de registro de estrangeiros triplicou
em 2010, segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea).
Em janeiro deste ano, o jornal Folha de
S.Paulo publicou reportagem informando que
vários engenheiros e até arquitetos estrangeiros
estão na fila por uma oportunidade de emprego no país. De acordo com a matéria, não são
apenas espanhóis e portugueses que querem
uma vaga no mercado de trabalho brasileiro,
mas norte-americanos, italianos e ingleses, além
dos vizinhos chilenos e argentinos. A explicação
é a falta de mão de obra qualificada no Brasil e o
excesso de profissionais sem emprego nos países
ricos devido à crise econômica. Governos e entidades de classe do exterior têm contatado empresários e associações de engenheiros e arquitetos nacionais para oferecer trabalhadores. Em
alguns casos, o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC) faz a intermediação de alguns encontros.
Segundo sondagem realizada pela Unidade de Pesquisas da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), com 375 empresas do setor,
68,4% dos empresários da construção civil
“
Roberto Sérgio, presidente do Sinduscon
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
35
“
“
Foto: GIOVanni santos
Faltam até
candidatos a
engenheiros. A relação
candidato X vaga média
no Brasil é de dois para
um no Brasil.
Marcos Formiga, assessor especial
do Departamento Nacional do SENAI
36 | RevistadaFIEC | Março de 2011
José Roberto: só
para as obras do PAC
estão previstos 250
bilhões de dólares
Foto: GIOVanni santos
Conforme informação do Conselho Federal de
Engenharia, Agronomia e Arquitetura (Confea), o
Brasil conta com cerca de 712 400 engenheiros registrados. Outro estudo realizado pela CNI estima
que o Brasil precisaria formar 60 000 profissionais
de engenharia por ano para atender à demanda
existente. Hoje, porém, são formados em torno de
32 000 engenheiros anualmente em todo o país.
Em artigo publicado no jornal O Estado de
S.Paulo, o diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), José Roberto Cardoso, declara que se o Brasil continuar formando em
média 32 000 engenheiros anualmente precisará de
oito anos para atender à demanda de profissionais
para as anunciadas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, para cada
US$ 1 milhão investido no país surge a necessidade
de gerar uma vaga de engenheiro. “Só para as obras
do PAC estão previstos 250 bilhões de dólares em
investimentos, o que cria uma demanda de 250 000
engenheiros”, calcula José Roberto.
De acordo com Marcos Formiga, assessor especial do Departamento Nacional do SENAI
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)
e coordenador do Inova Engenharia – programa
da CNI/SENAI –, se forem considerados as descobertas das reservas de petróleo e gás do pré-sal
e os preparativos para o país sediar a Copa do
Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016,
a situação ainda é mais preocupante. “Faltam até
candidatos a engenheiros. A relação candidato X
vaga média no Brasil é de dois para um no Brasil”,
observa. Formiga lembra que todos os países que
estão em ritmo acelerado de crescimento no cenário internacional optaram pelo desenvolvimento
tecnológico via engenharia.
Enquanto no Brasil apenas 32 000 obtêm o
diploma de engenheiro a cada ano, na China são
formados 400 000 profissionais no período. Nosso
país fica atrás também de outras nações emergentes como Índia (250 000 engenheiros/ano), Rússia
(100 000/ano) e Coreia do Sul (80 000/ano), a qual,
depois de promover uma reforma educacional no
país, obteve resultados em pouco mais de 20 anos.
Em termos percentuais, de cem alunos que ingressam nos cursos de graduação do Brasil, somente
5% optam por alguma modalidade de engenharia.
Na China, a participação do segmento é 35,6%. Na
Coreia do Sul, a proporção é 25%.
As estatísticas indicam que existe desinteresse
dos jovens pelas vagas de engenharia. Segundo
dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, existem 400 000 universitários de engenharia
nas 400 faculdades da área no Brasil. A cada ano,
os vestibulares oferecem 197 000 vagas, mas apenas 120 000 são preenchidas, ficando então já no
primeiro ano do curso 77 000 vagas desocupadas.
Outro fator crítico é o índice de desistência dos
alunos, que chega a 60%. A evasão se concentra
no primeiro e no segundo ano da graduação. Os
prováveis motivos, apontados por professores de
engenharia, são o alto custo de faculdades particulares e a formação deficitária no ensino médio,
que dificulta o acompanhamento do curso por
parte dos alunos.
Para Marcos Formiga, é preciso encontrar urgentemente formas de estimular os egressos do
nível médio a optarem por cursos de engenharia,
já que a perspectiva favorável de vagas no mercado de trabalho e a melhoria dos patamares salariais não têm sido suficientes. Uma das saídas,
segundo ele, pode ser a modernização do ensino.
“Poderia ser de três anos de graduação com mais
um ano e meio de mestrado técnico, como é na
Europa”, exemplifica.
O último levantamento salarial da Catho
Online, com base no mês de outubro de 2010,
mostra que oito áreas de engenharia estão entre
as dez profissões com maior aumento salarial no
ano. Engenharia geológica e cartográfica lidera
os aumentos com 17,6%, seguida de mecatrônica
(14,5%) e de civil, qualidade, de obras, naval, minas e meio ambiente, todas com mais de 11% de
aumento salarial.
Marcos Formiga ressalta que, apesar de
o piso salarial dos engenheiros ter mais que
duplicado nos últimos anos, ainda é baixo. A
remuneração inicial dos profissionais gira em
torno de R$ 6 000. No mercado de administração, financeiro ou até nas vagas abertas em concursos públicos o salário é mais atraente, segundo
ele, fazendo com que pelo menos dois terços dos
profissionais optem por essas atividades.
Outros entraves à formação de engenheiros no
Brasil é a baixa qualidade de parte dos cursos de
graduação existentes no mercado e o excesso de
modalidades de engenharia existentes no ensino
superior. Enquanto no Brasil há mais de 250 títulos diferentes para cursos de engenharia, na Alemanha não passa de 14 especificações. Avaliação
do Ministério da Educação e Cultura (MEC), por
meio do Conceito Preliminar de Cursos, revela
que um em cada quatro engenheiros brasileiros
formou-se em curso inadequado. Em números
absolutos, 6 300 dos 24 900 formandos da área
que participaram em 2010 da avaliação federal
estavam em cursos com notas 1 e 2, as mais baixas
na escala de qualidade (que vai até 5).
O professor de Relações do Trabalho da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), José Pastore, reconhece que a carência por engenheiros se
deve em parte à baixa qualidade na formação de
alguns profissionais. “Profissional pronto e acabado, com conhecimento amplo das novidades
da ciência e da tecnologia, é raro. Os especialistas dizem que, dos 35 000 engenheiros que se
formam no Brasil todos os anos, apenas 10 000
têm a necessária competência para atender às
novas necessidades”, afirma Pastore.
José Roberto Cardoso, diretor da Poli/USP, reforça a tese. Segundo ele, avaliações apontam que
apenas um quarto dos graduados em engenharias
tem nível de formação considerado satisfatório.
Para ele, uma das razões da baixa qualidade dos
profissionais é a pouca importância que se dá no
ensino médio às disciplinas de física, química e
matemática. “Se o país pretende atingir um patamar de desenvolvimento superior, suportado
por uma tecnologia própria e de alto nível, apenas
uma formação sólida nessas disciplinas garantirá
a segurança que buscamos no futuro, senão continuaremos fadados a ser apenas exportadores de
commodities, e não de produtos manufaturados”,
destaca José Roberto.
Conforme o diretor da Poli/USP, o governo,
considerando a dificuldade do momento, deveria
injetar recursos nas escolas de engenharia para
atualização de laboratórios e revisar as estruturas
curriculares a fim de acelerar o processo de aprendizagem e garantir uma boa formação. O MEC,
por sua vez, diz Cardoso, precisa encontrar uma
solução para mitigar esse baixo rendimento, que
ocorre apenas nas carreiras tecnológicas.
Outro fator apontado pelo professor Pastore
para a escassez de profissionais de engenharia
capacitados às demandas atuais do mercado foi
a estagnação da economia brasileira por mais de
20 anos. Segundo ele, isso contribuiu para que
muitos engenheiros fossem trabalhar em outras
áreas, como financeira, comercial, administrativa
e até recursos humanos. “Esses profissionais, em
sua maioria, não conseguem se reciclar para atender às tecnologias de última geração. Por isso os
engenheiros existentes no Brasil não podem ser
considerados como a oferta total”, diz José Pastore.
Como principais interessadas, as empresas
também podem fazer sua parte, propiciando o
complemento da formação dos jovens por meio
de programas de estágio e principalmente de
trainee. A saída encontrada por muitas empresas
tem sido qualificar seus próprios quadros. Segundo especialistas, os treinamentos in company
de engenharia estão em primeiro lugar, seguidos
Avaliação do MEC
revela que um em cada
quatro engenheiros
brasileiros se formou
em curso inadequado
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
37
Sindiembalagens
38 | RevistadaFIEC | Março de 2011
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Fortalecendo o
associativismo
Sindicato estimula
o ingresso de
novos associados,
intensificando a oferta de
ações e serviços
Do debate à ação
P
ara debater os entraves vinculados às engenharias no
estado, o Instituto Euvaldo Lodi do Ceará (IEL/CE),
órgão componente do Sistema FIEC, em parceria com
outras seis instituições interessadas no tema, lançaram em
2009 o Fórum das Engenharias do Ceará, um espaço para
engenheiros, universidades e setor produtivo discutirem por
aqui as demandas da profissão. Sob a coordenação do IEL,
o fórum é formado também pelo SENAI/CE, Universidade
Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza (Unifor),
Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará (Senge),
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
do Estado do Ceará (Crea) e o Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE).
De acordo com a gerente de Tecnologia do IEL/CE,
Adriana Kellen, coordenadora na instituição do fórum, o
problema da falta de engenheiros no mercado era debatido
desde a criação do Inova Engenharia em 2006. Hoje,
com o fórum, ela garante que as universidades cearenses
já trabalham na perspectiva de suprir o mercado com
profissionais de engenharia.
“O fórum não é apenas uma instância de discussão, mas
também de ação. Nas reuniões bimensais, são aprovados
projetos, ampliadas as discussões de questões voltadas
às engenharias e propostas soluções. Cada instituição
participante define seu papel e diz qual o apoio que
busca para mudar a realidade atual da profissão”, explica
Adriana Kellen. O resultado desse trabalho conjunto será
apresentado no dia 29 de março, durante reunião do Fórum
das Engenharias do Ceará. “A publicação irá pautar suas
próximas ações”, antecipa Adriana Kellen.
R
eempossado na presidência do
Sindicato das Indústrias de Papel,
Papelão, Celulose e Embalagens
em Geral do Ceará (Sindiembalagens)
para atuar no quadriênio 2011-2014,
o empresário Hélio Perdigão promete
manter o foco de sua gestão no fortalecimento do associativismo. Na solenidade de posse, ocorrida em 21 de
fevereiro, o empresário declarou que pretende estimular
o ingresso de novos associados, intensificando a oferta
de ações e serviços às empresas filiadas à entidade.
“Precisamos nos unir para fortalecer a FIEC, nossa
casa, e assim sermos cada vez mais influentes no país e
a nossa indústria mais competitiva. Quanto mais unidos formos, mais fortes seremos”, exclamou o titular do
Sindiembalagens, que conta com o apoio e o reconhecimento do presidente da FIEC, Roberto Proença de
Macêdo. “O Sindiembalagens é exemplo de uma nova
fase da atuação sindical, bem mais efetiva, que busca
por melhorias para o setor”, ratificou.
Em seu primeiro mandato à frente do Sindiembalagens,
o líder classista conseguiu ampliar o número de associados
em mais de 100%, chegando a 17 empresas filiadas, correspondendo a 56,6% do total de empresas do segmento no
estado. Segundo Hélio Perdigão, o setor de embalagens,
papel, papelão e plástico reúne cerca de 30 indústrias no
Ceará, das quais 50% são empreendimentos de micro e
pequeno portes. O restante se divide em médias (30%) e
grandes empresas (20%).
Foto: JOSÉ SOBRINHO
de administração. Iniciativas como a Universidade Petrobras estão sendo adotadas também em outras companhias, que treinam os profissionais da própria empresa
para atuar no setor. Esses programas das empresas são
voltados para a capacitação do engenheiro à área de gestão e não na formação técnica. Eles passam a ser treinados para o trabalho em equipe, análise de mercado, visão
estratégica, comunicação e administração.
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, se a economia apresentar
um crescimento médio de 3,5% ao ano, o estoque de
profissionais não será suficiente para atender à demanda
por engenheiros em 2015. Segundo a CNI, até 2012 já
faltarão cerca de 150 000 engenheiros para preencher as
vagas que estão surgindo. A maior demanda será por engenheiros na área de energia. Esse engenheiro lida com
todas as formas de energia que compõem a matriz energética brasileira – seja ela renovável, como hídrica, solar,
eólica ou de biomassa, seja não renovável, obtida de petróleo, carvão, gás natural ou material radioativo, como
o urânio (usado em usinas nucleares). Faltarão também
engenheiros para as áreas de transporte (terrestre, marítimo e aéreo), óleo e gás, construção pesada, produção
industrial e sistemas de informação.
A falta de engenheiros no mercado brasileiro afeta o setor de inovação no país, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que avaliou
dados da formação de engenheiros no Brasil. O Censo da
Educação Superior de 1999 mostra que 5,9% dos formandos eram engenheiros. Em 2008, esse número caiu para 5%.
O Brasil ocupa o último lugar em número de engenheiros
em relação à população, segundo estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) com 35 países.
Preocupado com o problema, o MDIC anunciou no
início de fevereiro que vai mapear a falta de mão de obra
em setores de tecnologia estratégicos para o país. O ministério pretende realizar um censo nacional para medir
a oferta de profissionais de engenharia no Brasil. A Secretaria de Comércio e Serviços do ministério planeja dar
início ao processo em junho deste ano, em parceria com
o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e com os conselhos regionais.
De acordo com o MDIC, a intenção é “criar um banco de informações que permitirá às empresas saber onde
buscar engenheiros para as grandes obras de infraestrutura
e do pré-sal previstas nos próximos anos”. Os engenheiros serão convocados pelos conselhos regionais e federal
para responderem a um questionário sobre a instituição
de graduação, o ano de formatura, o tempo de exercício e
a disponibilidade para voltar a atuar na área, se estiverem
em outras ocupações. O levantamento será estendido futuramente às demais profissões regulamentadas para auxiliar
empresas e trabalhadores na ocupação de vagas abertas.
Roberto Macêdo dá posse a Hélio Perdigão
O empresário reforça a importância e abrangência do
setor. “Quase todos os ramos da economia utilizam embalagens para armazenar seus produtos”, sublinha. Segundo
ele, as embalagens produzidas no Ceará atendem bem mais
que a demanda local, liderada por grandes clientes do setor têxtil e da moagem de trigo. A indústria cearense de
embalagens conquista dia a dia mais espaço no mercado,
atendendo também a outros estados do Nordeste.
“O alto padrão de exigência dos nossos grandes clientes no Ceará nos qualifica para atender a outros mercados. Fornecemos embalagens para estados como Alagoas,
Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão. No caso da minha empresa (Tubocone), por exemplo, 30% da produção
são vendidos para fora do Ceará”, diz Hélio Perdigão.
De acordo com o presidente do Sindiembalagens, o
fortalecimento sindical é o caminho para o sucesso da
indústria cearense de embalagens, na medida que proporciona ganhos não apenas ao sindicato e à Federação,
mas também às empresas e ao setor. Para Hélio Perdigão,
o apoio da FIEC tem sido fundamental. “Temos recebido suporte não apenas financeiro, mas pessoal. Todos os
pleitos para o fortalecimento do Sindiembalagens têm
sido aceitos pela presidência da FIEC”, arremata.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
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39
Mercado verde
Preocupação com o meio ambiente gera oportunidades de
negócio em muitos mercados. Essa é uma tendência que deve se
consolidar em todo o planeta
D
e acordo com o Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF (World Wide Fund For Nature ou, em
português, Fundo Mundial para a Natureza) e lançado em 2002 em Genebra, a humanidade utiliza 20% a mais
dos recursos naturais que o planeta é capaz de repor. A consequência desse consumo desenfreado é o esgotamento de
tudo que nos proporciona vida (água, ar, solo, fauna e flora)
e qualidade de vida (petróleo, minerais, energia, espaço etc.).
Sem uma mudança de atitude, é inevitável a extinção em cadeia da vida na Terra, a começar pelas plantas, seguidas dos
animais e depois do próprio homem.
A constatação de que o modelo de vida extrativista e poluidor está com os dias contatos, ou será o fim do planeta,
40 | RevistadaFIEC | Março de 2011
extrapolou o limiar da percepção ambientalista e atingiu
o público consumidor e a esfera produtiva, iniciando uma
revolução lenta e gradual nos hábitos de consumo e, por
conseguinte, na economia mundial. O respeito hoje ao
meio ambiente, por meio de produtos e processos produtivos ecologicamente corretos, desponta como um diferencial capaz de tornar as empresas mais competitivas no
cenário mundial.
Segundo o consultor da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex Brasil) para o
Projeto Extensão Industrial Exportador (PEIEx/RS), Luiz
Roberto de Oliveira, que também presta consultoria à Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
“
Hoje, a
preocupação
com o meio
ambiente gera
oportunidades de
negócio em muitos
mercados.
“
Diferencial competitivo
para exportar
(FIERGS) e é diretor do Escritório de Negócios Internacionais (ENI), diante da “commoditização” em plena “era da globalização”,
a adequação das empresas às exigências do
“mercado verde” é uma alternativa para manter a competitividade no mercado externo.
“O mundo se tornou um grande parque fabril e os produtos são mais ou menos parecidos. Por conta disso, podem ser produzidos em
qualquer lugar do mundo. Dentro dessa nova
realidade, a China desponta como a ‘grande
fábrica’ do planeta. Com dificuldades de competir em termos de volume e preço, cabe aos
exportadores brasileiros buscar uma diferenciação, que pode ser justamente a melhoria dos
seus processos produtivos, visando às questões
ambientais”, recomenda Luiz Roberto.
Ele lembra que já existem mercados desenvolvidos e exigentes, como a União Europeia e os Estados Unidos (EUA), onde há um
nicho de consumidores de alto poder aquisitivo que leva em conta as questões socioambientais no momento de comprar. O mercado europeu tem os mais elevados índices de
barreiras ambientais e de controle de procedimentos. Segundo pesquisa realizada na Europa, os países que mais valorizam produtos
ecologicamente corretos são Espanha (83%),
Rússia (76%) e Alemanha (73%).
Outros destaques são a Inglaterra e os países
nórdicos. (Compõem uma região da Europa setentrional e do Atlântico Norte. São eles: Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia,
e seus territórios associados, que incluem as
Ilhas Faroé, Groelândia, Svalbard e Aland). Os
EUA têm evitado importar produtos chineses
em virtude de o país não cumprir normas e
legislações socioambientais. “É uma prática
conhecida como dumping socioambiental”,
explica Luiz Roberto.
A tendência, diz o consultor, é que a consciência ambiental evolua de nicho de mercado
para prática universal. “Hoje, a preocupação
com o meio ambiente gera oportunidades
de negócio em muitos mercados. No futuro, é uma tendência que deve se consolidar
mundialmente, a exemplo do que ocorreu no
Brasil com os produtos orgânicos. Anteriormente, nos supermercados, havia apenas uma
gôndola expondo os produtos. Agora, as lojas
têm setores inteiros especializados. Apesar de
um pouco mais caros, as pessoas compram
Luiz Roberto de Oliveira,
consultor da Apex
porque se preocupam com a saúde e o meio
ambiente. Essa consciência tende a se ampliar”, sublinha Luiz Roberto.
Dentro desse cenário é que surgiu o chamado marketing verde, que ressalta o mercado
sob a ótica dos produtos ambientalmente corretos, contribuindo para ampliar a competitividade das empresas no mercado externo. “De
nada adianta fazer uma ação e não divulgá-la.
Nesse aspecto, desde que as ações adotadas
pelas empresas sejam sérias, devemos ressaltar
o impacto positivo gerado no meio ambiente.
Tal divulgação deve ser feita de forma que o
consumidor perceba a ação realizada e os benefícios gerados. Quanto ao mercado externo,
a divulgação é extremamente importante porque o importador repassará as informações
recebidas aos seus clientes. Entretanto, se este
ficar numa posição delicada, certamente não
desejará fazer novamente negócios com o exportador”, alerta Luiz Roberto.
Isso significa que mais do que divulgar que
se tem uma postura ambientalmente correta,
é fundamental incorporar as boas práticas à
empresa para ter êxito dentro dos mercados
mediante a oferta de produtos e serviços direcionados a um segmento específico que
valoriza e consome produtos ecologicamente
corretos (nicho verde). Ser ecologicamente
correto é uma forma de abrir portas no mercado externo, evitando barreiras na importação de seus produtos.
Março de 2011 | RevistadaFIEC
|
41
Barreiras não tarifárias
D
iferentes das barreiras tarifárias, que se baseiam na
imposição de tarifas aos produtos importados, as
barreiras não tarifárias (BNTs) são restrições à entrada de
mercadorias importadas com base em uma série de requisitos
técnicos, sanitários, ambientais e laborais, dentre outros. Alguns
países, porém, aplicam medidas ou exigências sem que haja
fundamentos nítidos que as justifiquem, formando o que se
chama de neoprotecionismo. Em geral, todos os procedimentos
excessivamente morosos, com critérios técnicos duvidosos e
que inviabilizem efetivamente as relações comerciais, podem ser
considerados uma espécie de barreira não tarifária.
“Hoje, muitos setores da economia brasileira que exportam para
a União Europeia estão preocupados com o Reach, um conjunto de
normas ambientais que restringem a utilização de certos insumos,
impactando diretamente no setor de calçados e componentes.
Além disso, enfrentamos barreiras não tarifárias com a exportação
de nossas frutas e carnes”, exemplifica Luiz Roberto.
No caso do setor calçadista, o Reach em vigor na União
Europeia determina, por exemplo, a quantidade de cromo que
deve constar no couro a ser exportado para lá. Outro exemplo
diz respeito à barreira imposta pelos EUA ao mamão brasileiro,
alegando eventual contaminação por um tipo específico
de mosca. Mesmo após o país comprovar a existência de
controles que impedem tal contaminação, as barreiras não
foram suspensas. Além disso, é cada vez maior o número de
importadores que passam a exigir uma certificação ISO 14 001
dos seus fornecedores. “Cabe ressaltar que para nós é muito
mais fácil nos adaptarmos a essas exigências internacionais, uma
vez que nossa legislação ambiental é uma das mais exigentes do
mundo”, observa Luiz Roberto.
O primeiro passo para a empresa se adequar às exigências do
chamado mercado verde, segundo ele, é cumprir integralmente
as exigências da legislação ambiental brasileira. Em seguida,
42 | RevistadaFIEC | Março de 2011
analisar o seu processo produtivo e estudar melhorias que
reduzam o impacto ambiental. As técnicas de produção mais
limpa têm demonstrado bons resultados. Posteriormente, analisar
os mercados-alvo e estudar as exigências feitas por eles e as
adaptações necessárias para atendê-las. Esses são alguns
passos que podem ser seguidos na busca por uma adaptação
para atender aos mercados verdes.
A escolha do mercado-alvo é outro fator vital ao sucesso
nas exportações. Conforme o mercado, maior será a exigência
feita ou maiores serão as barreiras ambientais impostas. Em
contrapartida, maior será o valor dos produtos nesses mercados
e menor a concorrência.
Ao se tornar ambientalmente correta, a empresa
cumpre mais uma etapa do seu processo de globalização.
Certamente, em virtude da dinâmica do próprio mercado
e do aumento da concorrência como um todo, novas
exigências surgirão com o passar do tempo. Nesse contexto,
a atualização frequente, a prospecção de mercado e a
incorporação de tecnologias inovadoras aos produtos
e processos produtivos são estratégias para ampliar a
competitividade. O acesso a tecnologias mais limpas e a
própria tecnologia de informação e difusão de conhecimentos
agilizam processos e mudanças de hábitos e atitudes.
Com vasto potencial de crescimento nessa área, o Ceará
não pode se render a entraves como a concorrência de países,
– China e Índia, por exemplo –, nem à questão cambial. “Vejo
a ecoexportação como uma alternativa viável de trabalhar a
diferenciação do produto, bem como lhe agregar valor. O fato
é que, quanto mais rápido encararmos essa realidade, mais
rápido nos prepararemos para as novas exigências do mercado
internacional. Não adianta nada ficarmos lamentando a situação
cambial ou as ações chinesas. Temos de arregaçar as mangas
para mudar essa realidade”, propõe Luiz Roberto de Oliveira.
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