Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT Impresso Especial 1000013828-D R/CE Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano IV n No 46 n MARÇO/2011 FIEC CORREIOS 3 Momento histórico Setor gráfico cearense ganha força com a unificação dos dois sindicatos que representavam o segmento, formando o Sindigráfica. Para o presidente da FIEC, Roberto Macêdo, e os ex-presidentes do Singrace, José Mozart Martins (à esquerda), e do Unigráfica, Fernando Esteves (à direita), o momento é histórico No IEL/CE, conhecimento, inovação e competitividade andam juntos. Foto: JOSÉ SOBRINHO Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará MARÇO 2011 | No 46 ........................................................................................ Eólica 08 Potencial para crescer Bons ventos começam a soprar a favor de quem investe e acredita no mercado brasileiro de produção de energia eólica Comércio exterior 14 A bola da vez A situação econômica brasileira fez com que as potências mundiais passassem a olhar o Brasil com grande interesse Educação executiva 16 IEL lança programa Parcerias com universidades de Stanford GDB, Wharton Scholle e Insead oferecem oportunidade a altos executivos Conselhos Temáticos 26 Em tempos tão competitivos, conhecimento é a grande chave para o sucesso empresarial. A constante capacitação passou a ser uma exigência para o desenvolvimento sustentável das empresas. Por isso o IEL/CE atua na perspectiva de que o uso de novas tecnologias pela indústria é condição indispensável para crescer numa economia globalizada. Os Conselhos Temáticos, órgãos de assessoramento de direção da FIEC, estão sendo fortalecidos na atual gestão da entidade Mão de obra 34 39 www.sfiec.org.br/iel Sindicatos 22 O mês de março deste ano será lembrado na FIEC para sempre com o feito histórico da unificação dos dois sindicatos do setor gráfico. O fato reforça a diretriz traçada pela atual gestão da FIEC: o fortalecimento sindical como base do crescimento da entidade maior da indústria cearense Legislativo Prêmio com a AL 24 Aproximação Presidente da Assembleia ambiental 29 desempenho A FIEC está com inscrições Legislativa, Roberto Cláudio, destaca papel estratégico da FIEC na defesa do setor produtivo Dengue abertas para a 8ª edição do Prêmio por Desempenho Ambiental Mercado verde sem dengue 30 Indústria Em Maracanaú, a Esmaltec competitivo 40 Diferencial Mercado voltado à Eletrodomésticos é uma das indústrias engajadas no esforço industrial de combate à doença preocupação com o meio ambiente é uma tendência que se consolida em todo o planeta Falta engenheiro O Ceará projeta, com o aquecimento econômico, uma série de empreendimentos estruturantes, mas enfrenta carência de profissionais Sindiembalagens Procure o IEL. Sua empresa só tem a ganhar. FIEC/AIRM FIEC fortalece apoio Capa Associativismo fortalecido Reempossado à frente do Sindiembalagens, Hélio Perdigão tem como meta o fortalecimento do associativismo Seções MensagemdaPresidência........5 Notas&Fatos..............................6 Inovações&Descobertas..........13 Março de 2011 | RevistadaFIEC | 3 Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita. Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho Serviço Social da Indústria — sesi CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita, Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Célia Romeiro de Sousa Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito de Oliveira Suplente Célia Romeiro de Sousa Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães Instituto Euvaldo Lodi — IEL Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434 e 9187-5063 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec Revista da FIEC. – Ano 4, n 46 (mar. 2011) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm. Mensal. ISSN 1983-344X 1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia. CDU: 67(051) 4 | RevistadaFIEC | Março de 2011 MensagemdaPresidência Roberto Proença de Macêdo Fornecedores de excelência 2 – Informar-se Com a aproximação da Copa de 2014 e a cheBuscar informações para conhecer as oportunidades e gada dos grandes projetos estruturantes, as empresas cearenses estão sendo desafiadas a atender a novos e rigoro- para tomar todas as medidas necessárias para aproveitá-las. 3 - Focar sos padrões reguladores das relações cliente/fornecedor. Definir e manter o foco no negócio para otimizar esMas isso que poderia ser visto como um problema é, na verdade, uma oportunidade para elevar a nossa competi- forços e recursos. 4 – Preparar-se tividade aos níveis da concorrência global. Organizar a empresa, planejar detalhadamente as ações, O desafio inclui questões de tecnologia, qualidade, quantidade, segurança, responsabilidade ambiental, cum- providenciar investimentos, capacitar o pessoal, modernizar primento rigoroso de prazos, enfim, tudo o que diz respei- o parque industrial e melhorar processos. 5 – Ser proativo to à integridade negocial e à rastreabilidade de produtos e Identificar os potenciais clientes, tomar a iniciativa de serviços. Temos o dever de já a partir de hoje vencermos procurá-los e não ficar à espera deles. a inércia e nos colocarmos à altura 6 – Antecipar-se dessas novas exigências. Agir ainda na fase de projeto para As dificuldades existem, mas esse integrar em todas as etapas do proTemos o dever de tou certo de que a nossa capacidade cesso de fornecimento. e a vontade de nos superarmos fajá a partir de hoje 7 – Capturar sinergias rão com que as empresas cearenses, Proceder com espírito associativista organizadas em cadeias produtivas, vencermos a inércia e nos dentro do sindicato, tratando o conaproveitem todas as possibilidades que estão colocadas para nos tor- colocarmos à altura dessas corrente como parceiro, contribuindo para o sucesso da empresa e fortalecinarmos fornecedores de excelênnovas exigências. mento do setor. cia. Devemos ter sempre em men8 – Explorar a complementaridade te que estamos concorrendo com Lançar mão de atributos que potenfornecedores de países desenvolvidos e também com a China e sua conhecida política de cializem a atuação nas cadeias produtivas. 9 – Consorciar-se preços baixos. Procurar participar de consórcios que possibilitem a reaPrecisamos participar desse novo mercado e demonstrar a nossa competência e capacidade para o atendimen- lização de ações mais efetivas quando feitas somando forças. 10 – Usar o Sistema FIEC to de todas as exigências. Esse jogo é de gente grande e Tirar proveito máximo da estrutura do SENAI, SESI, IEL, requer que, independentemente da natureza e do porte das nossas empresas, nos posicionemos em igualdade de INDI, CIN e FIRESO, que a nossa entidade oferece às empresas, por meio dos seus sindicatos. condições. Como diz a sabedoria popular, o “cavalo selado está pasTenho refletido muito sobre o nosso posicionamento diante desses desafios e organizei alguns pontos que cer- sando à nossa porta” e não podemos perder a oportunidade tamente serão úteis na nossa atuação como fornecedores de conquistar maior penetração nacional e internacional dos produtos made in Ceará, participando diretamente dos inde excelência: vestimentos estruturantes que colocarão as nossas empresas 1 – Pensar grande Assegurar que nossas empresas estejam funcionando e o nosso estado em um novo patamar de desenvolvimento. Mãos à obra! com padrões de fornecimento em nível de classe mundial. “ “ Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Março de 2011 | RevistadaFIEC | 5 q u e Notas&Fatos a c o n t e c e n o S i s t e ma F IEC , n a P o l í t i c a e n a E c o n om i a Indústria Alimentos Ponto eletrônico PIB cresce, mas retração preocupa SENAI/Certrem completa 31 anos CNI aprova prorrogação >> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected] O SENAI/Certrem completou em fevereiro 31 anos de atividade. A inspiração para a criação do Certrem foi o Curso de Formação de Moleiro Júnior, realizado anualmente de 1980 até hoje. Atualmente, o portfólio da escola inclui ainda cursos nas modalidades de iniciação profissional, aprendizagem, qualificação, aperfeiçoamento e habilitação técnica. Além deles, o SENAI/Certrem presta assessoria técnica e tecnológica e realiza serviços laboratoriais. Atende aos segmentos de moagem de trigo, panificação, confeitaria e segurança de alimentos e laticínios, constituindo seu público-alvo as indústrias de alimentos e bebidas, as instituições de ensino e a comunidade em geral. Informações: (85) 3421-5100. Foto: JOSÉ SOBRINHO O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) industrial de 10,1% e a elevação 7,5% do PIB do país em 2010, ante 2009, são resultados expressivos, mas a retração da atividade industrial no segundo semestre de 2010 preocupa a CNI. A entidade observa que a trajetória do desempenho recente da indústria deve ser encarada pelas autoridades econômicas do país como um alerta. Segundo a CNI, a retração deve ser levada em conta pelo Banco Central na condução da política de combate à inflação. Destaca ainda que deve balizar a elaboração da segunda etapa da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em processo de formulação. O PIB da indústria recuou 0,3% no quarto trimestre de 2010, diante do terceiro trimestre do mesmo ano. Foi a segunda queda seguida da atividade industrial. No terceiro trimestre, o PIB da indústria caiu 0,6% ante o segundo. O adiamento da adoção do registro de ponto eletrônico e a criação de um grupo de trabalho para avaliar a questão mostram que o governo está sensível às questões que prejudicam a competitividade das empresas brasileiras. A avaliação é do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, ao comentar a decisão do Ministério do Trabalho e Emprego que prorrogou a adoção do registro eletrônico de ponto para 1º de setembro deste ano. A Portaria 373/201 também prevê a formação de um grupo de trabalho que vai propor o aperfeiçoamento do sistema de registro de ponto eletrônico. Estabelece ainda a possibilidade de adoção de outras formas de controle da jornada de trabalho a partir de acordos coletivos. Inovação Edital SENAI/SESI garante recursos a indústrias Indústrias de todo o Brasil que possuem projetos inovadores já podem participar do edital SENAI/SESI de inovação. Serão colocados à disposição R$ 26 milhões para as empresas selecionadas receberem apoio tecnológico e de equipes especializadas, além de suporte financeiro para o desenvolvimento de produtos, melhoria de processos de produção ou criação de serviços que 6 | RevistadaFIEC | Março de 2011 proporcionem qualidade de vida ao trabalhador ou à comunidade. A iniciativa objetiva, principalmente, promover a transferência de tecnologias para o setor industrial. As inscrições podem ser feitas até 6 de maio. Informações: www.editaldeinovacao.com.br e pelos telefones (85) 3421-5009 (projetos de inovação tecnológica) ou (85) 3421-5819 (projetos de inovação social). Procompi Caatinga Indústrias de sorvetes beneficiadaS Projeto intensifica ações de conservação O Sindicato das Indústrias de Sorvetes do Ceará (Sindsorvetes) deu início à participação do segmento em uma nova edição do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi). Mais 25 fabricantes cearenses do produto ampliarão a competitividade de seus negócios a partir da iniciativa, coordenada pelo IEL e Sebrae. O presidente do Sindsorvetes, Roberto Botão de Aquino, espera que a nova edição do programa proporcione mais união e competitividade ao setor. “Depois do primeiro Procompi, passamos a nos ajudar mais, a união do setor aumentou e hoje somos parceiros, inclusive, nos negócios. Com a segunda edição, a parceria só tende a crescer”, aposta Botão. A edição anterior do Procompi trouxe resultados significativos às empresas participantes, que registraram, nos dois anos de execução do projeto, aumento acumulado de 86% na produção e 62% no faturamento. AGENDA ................................................... n O SESI realizará em 14 de maio, na cidade de Jaguaruana, a Ação Global 2011. Informações: (85) 3421-5809. CURTAS --------------------n Com o maior crescimento econômico desde o Plano Cruzado de 1986, o Brasil alcançou expansão de 7,5% do PIB em 2010. O resultado – impulsionado pela expansão do consumo das famílias – elevou o país à condição de sétima economia mundial, segundo o ministro da Fazenda Guido Mantega. Foto: ARQUIVO ASSOCIAÇÃO CAATINGA O Notas&Fatos n Empresas cearenses A sede da FIEC será palco em 30 de março do lançamento do projeto No Clima da Caatinga, iniciativa da Associação Caatinga que ao longo de dois anos receberá o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental. O objetivo principal é contribuir para a redução de efeitos potencializadores do aquecimento global a partir conservação da caatinga e a consequente fixação e diminuição da emissão de gás carbônico (CO2). Serão adotadas no projeto estratégias com foco na manutenção de áreas conservadas, recomposição florestal, disseminação de tecnologias sustentáveis e educação ambiental. As ações serão aplicadas nas comunidades vizinhas à Reserva Natural Serra das Almas, em Crateús. Eletrometalmecânico Setor ganha fórum de inovação e suprimentos O SINDICATO das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Ceará (Simec), em parceria com a FIEC, por meio do IEL, iniciou em fevereiro as atividades do 1° Fórum de Inovação e Suprimentos do Setor Eletrometalmecânico do Ceará. Ao longo deste ano, haverá palestras, feira e cursos nas áreas de inovação e gestão de compras e suprimentos e sobre elaboração de projetos e fontes de informação à inovação. O objetivo do fórum é a implementação de um ambiente de troca de conhecimento e informações sobre inovação na área de gestão de compras e suprimentos, além de fomentar e mobilizar as empresas para importância do estabelecimento de uma cultura de inovação. Informações: (85) 3421-6508. devem receber, até agosto, cerca de 30 000 toneladas (t) de castanha de caju in natura da África. A operação utiliza pela primeira vez uma estratégia comercial de compra in loco e entrega o produto sem a participação de intermediários. O risco comercial é assumido pela subsidiária. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento da Castanha de Caju do Ceará (Sindicaju), Lúcio Carneiro, as primeiras 250 t, oriundas de Gana, chegaram ao Ceará no final de fevereiro e já estão completamente internalizadas. Elas vão atender a três empresas – Amêndoas do Brasil, Usibras e Resibras. Essas são as indústrias que montaram uma empresa, a Tafalco, que está comprando, fazendo a pré-limpeza e enviando para solo cearense um produto pronto para industrializar. A importação, autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), deve assegurar o funcionamento das indústrias, a manutenção de empregos e o cumprimento dos contratos de exportação para 40 países. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 7 Energia eólica POR GEVAN OLIVEIRA B Foto: JOSÉ SOBRINHO ons ventos, enfim, parecem estar soprando a favor da fatia do mercado brasileiro que acredita e investe na produção de energia eólica. Em comparação aos países que lideram o ranking, no entanto, os ventos por aqui não passam ainda de brisa suave. Mas já existe o que comemorar. Projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgada em janeiro deste ano aponta que a capacidade instalada das usinas eólicas no Brasil crescerá 320% até 2020. Atualmente, elas somam 930 megawatts (MW), divididas em 50 parques. Para se ter uma ideia da distância a ser percorrida na matriz brasileira, as hidrelétricas, principais fontes de geração, possuem 110 000 MW instalados. Para 2011, estão previstos mais 510 MW distribuídos por 14 novos parques eólicos, totalizando 1 440 MW, oriundos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), que fomentou a demanda no segmento com a queda no preço. A previsão do governo é que em 2019 as unidades geradoras tenham potência total superior a 6 041 MW, quase equivalente aos 6 400 MW das usinas de Santo Antônio e Jirau, em construção no rio Madeira, em Rondônia. 8 | RevistadaFIEC | Março de 2011 Pedro Terrelli, diretor da Abeeólica Foto: Giovanni santos Capacidade de geração ainda é pequena no país se comparada aos grandes produtores mundiais “ É preciso que se adicionem 2 500 MW de energia eólica no país por ano na próxima década. “ Potencial para crescer Segundo o diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Pedro Terrelli, o crescimento da energia eólica é um processo irreversível, mas para se consolidar de vez no país “é preciso que se adicionem 2 500 MW por ano na década seguinte”. Pelo menos nos próximos três anos, caso as forças externas e internas soprem a favor, a expansão (ainda que lenta) das eólicas está garantida pela venda de projetos nos leilões voltados para o segmento. A ideia do governo, ao menos nas palavras do ministro das Minas e Energias, Edson Lobão, é que as termelétricas movidas a gás, óleo ou carvão cedam gradativamente cada vez mais espaço às eólicas e a outras fontes renováveis. Conforme a EPP, os últimos três leilões realizados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para a contratação de energia eólica foram responsáveis pela queda na tarifa elétrica no Brasil, que passou de R$ 291 para R$ 126 por MW/h. Esse dado técnico confirma a energia dos ventos como a bola da vez. “Houve um período no qual todos queriam investir em biomassa; agora, só dá eólica”, disse Maurício Tiomno Tolmasquim, presidente da EPE, em entrevista ao Portal IG. De 2009 para cá, a economia gerada pela redução das tarifas é estimada em R$ 11 bilhões. A energia dos eventos hoje representa menos de 1% da geração total no Brasil, mas há um grande potencial de expansão, reconhecido internacionalmente. Tolmasquim lembra que, segundo o último levantamento do mapa eólico brasileiro, o potencial era de 143 gigawatts (GW), o que significa hoje 53% do mercado de energia elétrica no Brasil. Porém, ele ressalva que o potencial é pelo menos o dobro. Isso porque o cálculo anterior se baseou em torres de geração com 50 metros de altura. Hoje, as torres das turbinas superam cem metros de altura, duplicando o potencial de geração. Se as torres cresceram e o potencial subiu, os leilões (do governo) surgiram e o preço despencou. No primeiro leilão, em 2009, foi contratada energia eólica de 71 empreendimentos, com capacidade total de geração de 1 086 MW, a preço médio de R$ 157,20 por MW/h. Nos dois leilões seguintes, realizados em 2010, os deságios foram de 26,5% e 19,7%, respectivamente. Neste ano, o governo irá realizar um novo leilão e deverá partir de uma oferta que varia entre 6 000 e 9 000 megawatts, isso com base nos projetos que “sobraram” dos leilões anteriores, ou seja, empresas que tiveram suas propostas derrotadas em 2009 e 2010. Para participar, as companhias devem se cadastrar na EPE e apresentar estudos sobre o vento e comprovar posse de terreno e licença ambiental, entre outras exigências. Capacidade instalada das usinas eólicas no Brasil Segundo o engenheiro e especialista em energias renováveis Fernando Alves Ximenes, o Ceará possui hoje 518 MW de potência eólica instalada, mais 542 MW contratados no leilão de dezembro de 2009 e outros 150 MW nos leilões de 25 e 26 de agosto de 2010 Março de 2011 | RevistadaFIEC | 9 E m resumo, nos leilões de 2009 e 2010 foram contratados 3,8 mil MW para entrega até 2013. Na opinião do jornalista e PhD em Ciência Política pela Universidade de Cornell, Sérgio Abranches, trata-se de um volume significativo, mas pequeno, tanto em relação ao potencial brasileiro, quanto ao que se faz na China, Estados Unidos (EUA), Alemanha ou Espanha. “Vários desses países têm potencial eólico menor e de mais difícil exploração que o nosso e geram muito mais energia”, explica. Entre as regiões no Brasil com maior potencial o Nordeste é, com sobra, o mais propício. O apagão que deixou sete estados da região sem luz, no início de fevereiro, acendeu a chama de queixas e desconfianças quanto aos reais “ “ Foto: Giovanni santos O Nordeste é a maior fonte de energia eólica e solar do Brasil. Limpa e segura. Sérgio Abranches, jornalista e PhD em Ciência Política interesses e potencial do governo federal no assunto. Os estudiosos afirmam que o Nordeste não tem mais como gerar energia via hidrelétrica, ao mesmo tempo que desperdiça milhares de megawatts porque não aproveita sua vocação natural: sol e vento. “O governo escolhe o pior caminho: faz termelétricas a combustível fóssil, poluindo a região e sujando a matriz elétrica brasileira, e quer fazer usinas nucleares. Não precisa: o Nordeste é a maior fonte de energia eólica e solar do Brasil. Limpa e segura. Há áreas do semiárido hoje quase sem população, muito secas e ficarão mais secas ainda no futuro. Poderiam ser instaladas nelas centrais de energia solar fotovoltaica”, escreve Sérgio Abranches em seu blog. Critíco, o jornalista credita o descaso, quando o assunto é geração de energia, “a uma política energética ultrapassada e que virou monopólio de uma clique de tecnocratas e donatária de grupos políticos”. E emenda: “O Ministério das Minas e Energia é como uma grande sesmaria, loteada politicamente. É comandado por uma facção política como se fosse direito hereditário. As empresas elétricas são capitanias hereditárias, os partidos viraram donos delas. Com o loteamento de um setor estratégico para o país aos grupos mais clientelistas da política brasileira, fica difícil imaginar políticas públicas com visão de futuro, voltadas para a inovação, sintonizadas com as tendências mundiais”. O que fazer? D e acordo com Sérgio Abranches, seriam três as providências a serem adotadas para facilitar o desenvolvimento da energia eólica no Brasil. A primeira é deixar de tratá-la como uma energia secundária, introduzindo-a no centro da matriz elétrica. “Contrassenso gritante é que a termeletricidade, que foi admitida como um recurso emergencial, hoje está no centro da matriz elétrica e tem expansão mais forte, mais subsídios e mais apoio político do que as fontes eólica e solar”, avalia. A segunda medida é dar melhor tratamento regulatório à energia eólica, com base em uma política efetiva de desenvolvimento do setor. Para Sérgio Abranches, a expansão de usinas onshore (em terra) e offshore (no mar) implicará uma série de questões sobre uso 10 | RevistadaFIEC | Março de 2011 do vento e localização de instalações, que demandam regulamentação que dê segurança aos investidores. A terceira atitude é fazer um inventário mais preciso da capacidade onshore e quantificar o potencial eólico offshore. Ele lembra que o país não tem sequer boias para monitoramento de ventos no mar em número suficiente. “Há algumas estimativas acadêmicas com base em dados de satélite que mostram que temos grande potencial offshore em pelo menos metade da costa brasileira. Mas ainda são resultados estimativos”, ratifica o jornalista. Em termos técnicos, o inventário é uma necessidade elementar e parte de um conjunto mais amplo de pesquisas sobre energia do vento no país. Nesse sentido, há uma série de especialistas alertando que o Brasil precisa ter um centro dedicado à pesquisa e desenvolvimento sobre energia eólica. A ideia é que o centro seja utilizado para testar protótipos de turbinas e novas tecnologias que possam ser lançados comercialmente, além de estudar melhor o regime de ventos, em cada região, onshore e offshore. De fato, o Brasil está atrasadíssimo nesse campo. Os Estados Unidos (EUA) têm seu centro, a Europa possui vários centros nacionais e a União Europeia trabalha com uma política clara de apoio à pesquisa e desenvolvimento no setor. A Alemanha, um país bem menor do que o Brasil, mas caminhando a passos largos em energia eólica, tem iniciativas importantes de pesquisa e desenvolvimento e instalou em 2009 um moderno complexo de pesquisa que desenvolve projetos com o Canadá e a China, hoje o maior produtor do mundo. Outro parâmetro usado para afirmar que os investimentos do governo são ainda muito acanhados é a falta de indústrias capazes de produzir equipamentos voltados à geração de energia eólica. O exemplo a ser seguido nessa área é a China. O país se tornou um grande exportador de turbinas eólicas com poucos anos de investimentos público e privado. Já nos EUA e Europa, os especialistas desenvolvem regularmente modelos com design diferente dos típicos cataventos. A intenção é aproveitar ao máximo o vento em situações específicas, tanto em terra como no mar. Em janeiro passado, durante o Wind Forum Brazil 2011, o presidente da Abeeólica, Ricardo Simões, defendeu, fazendo coro a centenas de empresários e estudiosos, a criação de um centro de pesquisas e de um centro de testes específico para desenvolver equipamentos voltados ao setor. Ele ressaltou que o crescimento da importância das usinas movidas pelo vento na matriz energética brasileira ocorreu devido a uma “janela de oportunidades” aberta pela crise financeira de 2009 (o que aumentou a capacidade ociosa dos grandes produtores na União Europeia). Resumindo: as propostas apresentadas nos últimos leilões só foram possíveis em função do dólar baixo, que, por sua vez, tem permitido a importação de equipamentos mais baratos. Como incentivo ao setor, o dirigente defende a continuidade dos leilões que priorizem a energia eólica pelo período de mais oito ou dez anos. “Os leilões exclusivos são fundamentais para consolidarmos a produção de equipamentos”, finaliza Ricardo Simões. Parque eólico da Prainha, um dos primeiros do país Foto: JOSÉ SOBRINHO Queixas e desconfianças Ainda na frente A pesar de o Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul (nessa ordem) caminharem fortes para tomar a ponta na produção de energia eólica, o estado do Ceará ainda está na frente na geração desse tipo de energia. No entanto, vale ressaltar que no último leilão o estado teve fraquíssimo desempenho. Segundo o vice-presidente da Abeeólica, empresário cearense Lauro Fiúza Filho, na prática o Ceará já seria o quarto colocado, isso porque a quantidade de megawatts contratada por esses três estados supera o potencial que o Ceará contratou e está em execução, ou mesmo ainda será construído. Para ele, apesar de o Ceará ser reconhecido mundialmente como o estado de maior poder de geração, há uma forte barreira, por parte do Ministério Público Federal (MPF), na liberação das licenças ambientais (o órgão contesta as licenças das entidades de meio ambiente cearenses). Isso fez com que os empresários fugissem para outros locais. “Enquanto os demais estados fazem de tudo para atrair investidores, no Ceará andamos para trás. O resultado é que os empreendedores fugiram porque não conseguem aprovação de seus projetos. É um absurdo que contraria os interesses econômicos, sociais e ambientais dos cearenses”, declara Lauro Fiúza. Polêmica à parte, além da grande vocação natural, que lhe confere o primeiro lugar em termos de potencial de geração no Brasil, com duas vezes mais capacidade do que a Alemanha, Março de 2011 | RevistadaFIEC | 11 por exemplo, parte do sucesso do Ceará é creditado ao pioneirismo de ter realizado um levantamento da capacidade eólica quando pouco se falava no assunto. O resultado é que os primeiros parques eólicos no Brasil foram os de Prainha (Fortaleza) e Taíba, com um total de 15 MW instalados. Hoje, as terras alencarinas possuem, segundo o engenheiro e especialista em energias renováveis Fernando Alves Ximenes, 518 MW de potência eólica instalada, mais 542 contratados no leilão de dezembro de 2009 e outros 150 MW nos leilões de 25 e 26 de agosto de 2010. Parte desse montante é gerada nos três maiores parques em operação no Brasil: Complexo Eólico Aracati, com 138,5 MW; Praia Formosa, Camocim, com 105 MW; e Eólica Icaraizinho, em Amontada, com 54,6 MW. Os fortes e constantes ventos locais têm atraído a atenção de gigantes do setor mundial, que por aqui fincaram suas bases, a exemplo da indiana Suzlon Energy. A empresa mantém a filial brasileira em Fortaleza desde 2007. De lá para cá, já instalou 182 turbinas eólicas no estado, todas em operação, resultando em uma capacidade de geração de cerca de 380 MW, correspondente a 50% da capacidade nacional em operação. Para 2011, a Suzlon deve instalar mais três parques eólicos no Ceará, gerando cerca de 142 MW – correspondentes a cerca de 65% dos 218 MW negociados no leilão de 2009 – e 3 000 postos de trabalho. O empreendimento, no valor de R$ 700 milhões, é fruto de uma parceria com a empresa portuguesa Martifer Renováveis Geração de Energia e Participações S.A para implantar, operar e manter cinco usinas ao todo (três aqui e duas no Rio Grande do Norte). Os três parques já passam por obras de engenharia (preparação do terreno) e estão localizados em Parque Icaraí, no município de Amontada, e parques Faísa e Emboaca, no município de Trairi. No total, serão 104 turbinas. As torres que fixarão os aerogeradores terão entre 80 e 100 metros de altura, com potência de 2,1 MW. A capacidade é suficiente para abastecer mais de 160 000 famílias. A previsão de funcionamento é para março de 2012. Os aerogeradores, vindos do EUA e Índia, começam a chegar ao Ceará a partir de agosto. Por falar em aerogeradores, a Suzlon deve anunciar agora em março o nome do município cearense que abrigará uma fábrica desse equipamento. O investimento será de R$ 30 milhões e a primeira fase do empreendimento terá capacidade para produzir 300 pás, já em março de 2012. Serão gerados cerca de 200 postos de trabalho na indústria. 12 | RevistadaFIEC | Março de 2011 Inovaçoes &Descobertas Água com sabor de carne Diesel e etanol a partir da água Negócio da China O gigante asiático ultrapassou os Estados Unidos em janeiro deste ano e ocupa a primeira posição em capacidade instalada de energia dos ventos. No total, os parques eólicos chineses somam mais de 41 000 MW de potência. Em junho passado, tinham 33 800 MW, contra 36 300 dos EUA. O ritmo de instalação de novos parques eólicos na China é atualmente seis vezes superior ao dos norte-americanos. Apenas em 2010, à capacidade existente foram adicionados mais 15 800 MW – quatro vezes a potência eólica instalada de Portugal. A informação é ainda mais relevante quando se observa que, em janeiro de 2010, a China ocupava a quarta colocação do ranking mundial da energia eólica, segundo a Global Wind Energy Council (GWEC), atrás dos EUA, Alemanha e Espanha. Segundo o estudo Potential for Wind-Generated Electricity in China, elaborado por cientistas de Harvard e publicado pela revista Science, a capacidade dos ventos chineses é capaz de suprir toda a demanda energética do país até 2030, caso os US$ 4,6 trilhões sejam investidos em um período de 20 anos. O valor corresponde a quase o triplo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Sabedores da fome de desenvolvimento desse tigre asiático, os especialistas não duvidam que isso seja possível. Indícios não faltam. Hoje, as duas maiores usinas de energia eólica do mundo estão em construção no território chinês. A maior, na Província de Gansu, terá capacidade de 20 gigawatts e investimentos de R$ 30 bilhões. Em 2020, ela poderá gerar 20 vezes mais energia do que o parque de Roscoe, no Texas (EUA), hoje o maior. A segunda usina, em Ordos, contará com 12 gigawatts de potência instalada. Essa, além da eólica, também produzirá energia solar e biomassa. Pizza de presunto, almôndegas italianas, ovos com bacon e presunto, salada de camarão. O menu bem que poderia fazer parte do cardápio de qualquer restaurante à la carte, mas, na verdade, é a mais recente inovação de uma indústria americana de bebidas. A empresa Liquid Innovations lançou a MeatWater, ou seja, água com sabor de carne. O diferencial é que se trata de uma bebida aromatizada com sabor de carne e enriquecida com proteínas. Ao todo, são 16 sabores que prometem matar a sede e a fome ao mesmo tempo. Sapatilha eletrônica acaba com o chulé Cientistas ingleses inventaram um aparelho eletrônico chamado SteriShoe que tira, para sempre, o cheiro ruim dos sapatos em 45 minutos. A novidade, que parece um pé robótico e esteriliza a bactéria responsável pelo odor por meio da luz ultravioleta, foi produzida em vários tamanhos e custa cerca de R$ 215. Os inventores afirmam que uma pessoa normal produz até 284 ml de suor nos pés por dia, mas o aparelho é capaz de matar 99,9% das bactérias e também funciona para quem tem pé de atleta, fungo ou apenas chulé. “É um método sem química que mata as bactérias e diminui o risco de infecção por pé de atleta”, disse Rainer Kuehling, porta-voz da fabricante, ao jornal Daily Mail. Uma empresa da área de biotecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, anunciou uma nova tecnologia que permite criar, a partir de um organismo geneticamente modificado, diesel ou etanol com água, sol e gás carbônico (CO2), ou seja, usando os mesmos ingredientes que fazem uma planta crescer. O organismo em questão é uma cianobactéria, uma espécie de alga capaz de produzir e secretar etanol ou hidrocarbonetos – substâncias que compõem diversos combustíveis – como subproduto da fotossíntese. A empresa afirma ainda que pode manipular os organismos em locais grandes ou pequenos e que a produção vai ter um custo comparável aos menores preços de combustíveis fósseis. A companhia também tem a intenção de construir biorreatores com as cianobactérias, de forma que elas também consumam o dióxido de carbono emitido pelas indústrias. Esse método tem sido estudado por cientistas para a redução de emissões de CO2, inclusive no Brasil. A expectativa dos inventores é que a tecnologia esteja disponível para comercialização em menos de dois anos. Computador controlado pelo olhar Efeito jeans em pinturas decorativas Entre as novidades apresentadas na CeBIT, feira tecnológica realizada em Hannover, na Alemanha, em fevereiro passado, está o primeiro laptop eye-tracking, ou seja, movido pelo olhar. Segundo o fabricante, a nova tecnologia objetiva facilitar a interação de pessoas que possuam algum tipo de limitação física. A novidade pretende melhorar o desempenho de atividades cotidianas como a leitura de textos ou navegação por sites. Exemplo de como a tecnologia pode ser empregada é a leitura de textos com termos complicados. Caso o usuário demore muito tempo em alguma palavra, surge automaticamente na tela a função dicionário com dicas que ajudam a compreender o que está escrito. Da mesma forma, deixar o olhar sobre um link em determinado site pode fazer com que o navegador abra o endereço que despertou interesse em uma nova aba. Que tal o efeito do tecido jeans azul nas paredes da sua casa ou escritório? Isso agora é possível graças à inovação de uma empresa brasileira especializada na fabricação de ferramentas e acessórios para as áreas de acabamento e pintura. O efeito é possível graças ao Rolete de Aço para Efeito Jeans, que funciona com a utilização de gel ou glaze (itens utilizados em pinturas especiais). Para obter o efeito desejado, o fabricante recomenda que a parede esteja lisa e totalmente seca. A superfície a ser trabalhada deve ser dividida em áreas não superiores a um metro de largura. Com o rolo de espuma, aplica-se uma camada fina e homogênea de gel. Em seguida, deve-se passar o rolete de aço no sentido vertical e, depois, no sentido horizontal. Pelo fato de o efeito imitar o tecido jeans, o acabamento ficará levemente irregular e as emendas feitas parecerão com um desbotamento natural desse tecido. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 13 Comércio exterior País passou a ser uma espécie de “bola da vez” e é desejado até pelas grandes potências mundiais. O estado do Ceará, por sua localização estratégica, poderá tirar proveito do fenômeno POR ÂNGELA CAVALCANTE O mundo se volta para o Brasil. De olho em nosso crescimento, a União Europeia (UE) retomou as negociações com o Mercosul, suspensas desde 2004. O diálogo, reiniciado em novembro passado, teve um segundo encontro em fevereiro deste ano, sob a liderança de diplomatas com o apoio do empresariado. E a terceira rodada de negociações para firmar um acordo comercial com o bloco econômico já foi realizada este mês na Bélgica. O interesse dos europeus parece ter chamado a atenção do Japão, que procurou o Brasil no início de 2011 para facilitar um acordo bilateral com o Mercosul. Em seguida, 14 | RevistadaFIEC | Março de 2011 foi a vez de os chineses buscarem negociação com o bloco latino-americano a fim de não perder competitividade para outros países no mercado interno brasileiro. De repetente, o nosso país se tornou uma espécie de “bola da vez” ou uma “galinha dos ovos de ouro”, passando a ser desejado por todos, incluindo as grandes potências mundiais. E o Ceará, com sua localização estratégica, entre outras vantagens competitivas, poderá somar dividendos a partir dessas relações. Setores como as indústrias química, têxtil, alimentícia, metal-mecânica e minerais não-metálicos tendem a se beneficiar, Foto: Giovanni santos “ Temos uma economia estável, somos um país de atração de investimentos, dispomos de reservas e temos condições mais facilitadas de importar produtos europeus. Eduardo Bezerra, superintendente do CIN “ De olho no Brasil com amplas possibilidades de ampliar a participação no comércio exterior. Outros segmentos ganharão indiretamente, pois, com a redução ou isenção de alíquotas de importação entre os mercados envolvidos, eles poderão importar máquinas, equipamentos e até insumos com menor custo. Segundo o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Eduardo Bezerra Neto, o mundo está de olho no Brasil porque as condições do país são muito positivas. “Temos uma economia estável, somos um país de atração de investimentos, dispomos de reservas e temos condições mais facilitadas de importar produtos europeus. Mas a questão é que o Brasil não quer só importar. O país quer uma balança comercial equilibrada”, explica. Eduardo Bezerra lembra que há sete anos os cenários do Brasil e da UE eram opostos. Na época, os europeus recuaram porque estavam em posição de vantagem. “Em 2004, as negociações não foram à frente porque, enquanto as condições da economia europeia eram muito positivas, na América Latina e no Brasil eram de desvantagem diante da comunidade europeia e do mercado mundial. Mas vieram as crises de 2008 e 2009 e os europeus não conseguiram sair sem arranhões. Então, a situação se inverteu”, argumenta o superintendente do CIN. Foi então que a União Europeia procurou o Brasil para intermediar a retomada das negociações no Mercosul, visando tratar de tarifas preferenciais para transações de produtos. Em 2004, a proposta da UE era criar uma área de livre comércio entre a América Latina e a Europa, na qual a troca de produtos de ambos os lados seria facilitada. “Ficou subentendido à época que haveria uma classe de produtos que poderia ser importada sem tributo algum. Outros produtos teriam tributação diferenciada, abaixo da vigente. Ou seja: era um tratado que pretendia beneficiar as importações, consequentemente favorecendo os países exportadores”, esclarece Eduardo Bezerra. Em novembro de 2010, foi realizada a primeira rodada de negócios entre a UE e o Mercosul, em Bruxelas, com a presença da Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de representantes dos ministérios das Relações Exteriores e de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC). Em 7 de fevereiro de 2011, ocorreu na sede da CNI, em Brasília, a segunda reunião entre a Coalizão Empresarial Brasileira e representantes do governo federal. Na ocasião, ficou acertada que a próxima rodada de negociações seria realizada em Bruxelas, de 14 a 18 de março. Conforme o titular do CIN, as relações estão progredindo, mas ainda há entraves. “As condições propostas para transações de produtos têxteis, por exemplo, foram aceitas por Brasil e Argentina, mas rejeitadas por Uruguai e Paraguai. Como se trata de um bloco econômico, todos precisam concordar para que seja oficializado o acordo bilateral com a União Europeia”, sublinha Eduardo Bezerra. Nas rodadas, os empresários se reúnem numa sala ao lado do local onde as negociações são firmadas por representantes de governos. Em caso de impasse nas relações diplomáticas, os empresários são consultados. A expectativa é que o volume de exportações e importações entre a América Latina e a Europa cresça substancialmente, gerando impacto positivo para grandes blocos de produtos. Entre os segmentos que devem se beneficiar estão as indústrias química, têxtil, alimentícia e minerais não metálicos, além da importação de máquinas e equipamentos. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 15 Indústria cearense Potencial para crescer segmento de panificação do estado espera ser beneficiado pelos acordos bilaterais em curso, especialmente caso se efetive parceria entre China e Mercosul. “Nosso benefício será indireto. É claro que quando há uma interferência dessas no mercado interno, todos ganham. No caso da panificação, vamos ter condição de importar máquinas, equipamentos e insumos com menor custo. Hoje, a maior dificuldade do nosso setor é renovar o parque industrial. Em relação ao maquinário, a China tem os preços mais acessíveis do mercado. Então, são muito bem-vindos acordos bilaterais com mercados como China, Japão e União Europeia”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará (Sindpan), Lauro Martins de Oliveira Filho. Para José Dias de Vasconcelos Filho, presidente do Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do Ceará (Sindquímica), “mesmo sendo a ‘bola da vez’, o Brasil precisa melhorar e muito em relação à sua eficiência para tirar proveito dessa situação”. Ele lembra que o Fórum Econômico Mundial, que se dedica a estimar os principais indicadores de competitividade entre os países, classificou o Brasil com pontos fracos em relação a vários aspectos, como elevada tributação, alta regulação estatal, desperdício das contas públicas, burocracia nos negócios, rigidez no mercado de trabalho, spread da taxa de juros e a burocracia aduaneira. No conjunto de 139 países, o Brasil ficou entre o 122º e o 139° lugares. “Estamos na ‘lanterna’. Precisamos urgentemente sair dessa m 2010, as exportações brasileiras para a União Europeia renderam US$ 43,1 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 39,1 bilhões. O saldo da balança comercial totalizou US$ 4,01 bilhões. Ao contrário do Brasil, a balança comercial do Ceará no ano passado apresentou déficit de US$ 52,5 milhões, resultado da diferença entre os US$ 379,2 milhões exportados e os US$ 431,7 milhões importados. Os principais produtos exportados no ano passado pelo Ceará ao bloco econômico europeu foram melões, calçados e castanha de caju, com participação de 19%, 18,8% e 8,3%, respectivamente, do valor total exportado pelo estado ao destino. Em relação às importações, o Ceará comprou principalmente motores e máquinas à União Europeia, produtos de alto valor agregado. Foto: JOSÉ SOBRINHO José Dias de Vasconcelos: “Mesmo sendo a ‘bola da vez’, o Brasil precisa melhorar em relação à sua eficiência”. 16 | RevistadaFIEC | Março de 2011 E Foto: JOSÉ SOBRINHO O incômoda posição. É necessário avançar na reforma do estado”, alerta José Dias. Dentro da indústria química, afirma que a situação é mais confortável para o país: “O Brasil tem se destacado na área farmacêutica. Já estamos exportando com relativa facilidade”. O Ceará se distingue na produção de Soluções Parenterais de Grande Volume (SPGV) e Soluções Parenterais de Pequeno Volume (SPPV). “Somos os maiores produtores nacionais do seguimento na área farmacêutica e os únicos das regiões Norte e Nordeste e com grande potencial para exportação”, garante José Dias. Na área de cosméticos, o empresário assegura que o país também está bem posicionado, disputando a vice-liderança com o Japão, atrás apenas do maior mercado produtor e consumidor do planeta: os Estados Unidos. Nesse contexto, porém, o Ceará representa em torno de 4% da produção nacional. No seguimento de fabricação de tintas, o estado também precisa avançar, na opinião do líder classista. “Somos em torno de 25 fabricantes de tintas imobiliárias. O estado exporta muito timidamente para mercados africanos e Mercosul. Mas com a instalação do laboratório de tintas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI/CE), avançaremos bastante, com produtos de qualidade e certificados”, planeja o presidente do Sindquímica, para quem a realização dos acordos internacionais dará mais impulso às relações do setor com o comércio exterior. Foto: Giovanni santos Lauro Martins: “São muito bem-vindos acordos bilaterais com mercados como China, Japão e União Europeia” Barros Teixeira: “Potencial das relações comerciais entre Ceará e UE tende a crescer” “O potencial das relações comerciais entre Ceará e UE tende a crescer a partir da crise que abalou a economia europeia”, disse o presidente do Conselho de Administração da Escola Internacional de Bruxelas, João André de Barros Teixeira, que visitou a FIEC no fim de janeiro deste ano. As oportunidades, segundo ele, estão em toda a Europa, envolvendo diversos setores, como a indústria de alimentos, e as áreas de logística e cooperação tecnológica. Particularmente na Bélgica, Teixeira afirma que há oportunidades de negócio com grandes indústrias de biotecnologia, produtores de automóveis e indústrias químicas, entre outras. CHINA – A balança comercial do Ceará em relação à China é bem mais deficitária do que se apresenta com a UE. No ano passado, as exportações do Ceará ao mercado chinês renderam apenas US$ 39,2 milhões, contra os US$ 469,1 milhões totalizados pelas importações da China. O balanço ficou negativo em US$ 429,8 milhões para mercado cearense, revelando um amplo potencial de crescimento. Na lista dos produtos mais vendidos aos chineses estão couros e peles de animais, além de complementos alimentares. De lá para cá, os chineses comercializaram lâminas de ferro e aço, que servem de insumo à indústria metal-mecânica. JAPÃO – As relações comerciais do Ceará com o Japão são bem mais incipientes. Em 2010, o valor total exportado pelo estado ao mercado japonês foi somente de US$ 14,5 milhões. As importações do Japão para o Ceará totalizaram apenas US$ 10,7 milhões. A balança comercial foi superavitária, com saldo de US$ 3,8 milhões para o Ceará. No rol dos produtos vendidos aos japoneses, o destaque foram as ceras vegetais, com 69,9% de participação na pauta. A indústria têxtil foi o segmento que mais comprou dos japoneses em 2010. Na liderança dos produtos importados do mercado japonês pelo Ceará estão os teares e outras máquinas para costurar tecidos. Principais produtos exportados à Europa: melões, calçados e castanha de caju Porto de Hong Kong Março de 2011 | RevistadaFIEC | 17 Gestão Cursos são realizados em parceria com as melhores e mais conceituadas escolas de negócio do mundo, tendo como parceiras a Stanford GSB, a Wharton School e a Insead C om foco na formação de líderes para um mercado global, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) inicia este ano no Ceará o Programa de Educação Executiva. Criado nacionalmente há dez anos, é realizado em parceria com as melhores e mais conceituadas escolas de negócio do mundo: as americanas Stanford GSB e Wharton School e a francesa Insead. Desenvolvidos em projetos de curta duração, de até três semanas, os eventos ocorrem em caráter de imersão. Destinam-se a pessoas responsáveis por atuar em áreas de tomadas de decisão estratégicas dentro das empresas. No Ceará, o primeiro curso está previsto para o segundo semestre do ano, logo após o IEL/CE, entidade 18 | RevistadaFIEC | Março de 2011 componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC), concluir um levantamento de demanda. Segundo Vera Ilka Meireles Sales, superintendente da instituição, identificar interesses é necessário porque os cursos são promovidos com focos específicos. É por isso que a preparação é promovida de forma bem adiantada a fim de que os participantes possam tirar o máximo proveito em termos de resultado. Vera Ilka destaca que esse será um dos grandes desafios do IEL/CE em 2011, já que o Programa de Educação Executiva tem gerado verdadeiras mudanças de mentalidade nos gestores. Tatiana Farah de Melo, gerente de Educação Empresarial do IEL Nacional, explica que já participaram dos a importância do programa do IEL. Um dos aspectos está relacionado à necessidade de que os cursos possam ser de curta duração. O outro é que o foco das qualificações está deixando de ser baseado no conhecimento individual para voltar-se a interesses mais específicos em relação à criticidade dos processos em vários sentidos. “Isso prova que as pessoas estão querendo apreender instrumentos que lhes permitam tomar decisões com reflexo direto no lidar com as mudanças”, arremata Tatiana Farah de Melo. “ Os grandes desafios no mundo globalizado são a competitividade e a inovação. Quem não se preparar estrategicamente estará fadado a enfrentar sérios problemas no futuro de seus negócios. “ IEL lança Programa de Educação Executiva cursos oferecidos pelo programa cerca de mil grandes executivos de vários estados brasileiros, comprovando o nível de excelência das pessoas que passaram pelo processo de qualificação. Ela acrescenta: “Os grandes desafios no mundo globalizado são a competitividade e a inovação. Quem não se preparar estrategicamente estará fadado a enfrentar sérios problemas no futuro de seus negócios”. Essa visão propiciou ao IEL, destaca Tatiana, preparar os gestores para lidar com tais temáticas, tendo em vista as transformações por que passa o mundo. Ela lembra que o Ceará está na iminência de receber grandes empreendimentos que mudarão a face do estado. “Em vista disso, os empresários precisam estar cada vez mais preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirão com a chegada desse novo momento”, sublinha Tatiana. Nesse sentido, elogia a atuação do empresariado cearense em relação à demanda por cursos no IEL – o Ceará é o segundo no país em adesão a eventos oferecidos pela entidade. A gerente destaca que o Programa de Educação Executiva é voltado a pessoas responsáveis por decisões estratégicas. A ideia é prepará-las para conviver com as transformações. Tatiana cita pesquisa recente da Duke Corporate Education, na qual dois dados chamam a atenção quanto à demanda por qualificação em gestão, para reforçar Tatiana Farah de Melo, gerente de Educação Empresarial do IEL Nacional Foto: Giovanni santos Março de 2011 | RevistadaFIEC | 19 Opinião de quem já fez Escolas parceiras Fernando Cirino Gurgel (industrial e ex-presidente da FIEC) Stanford GSB (EUA) Foto: JOSÉ SOBRINHO Fernando Cirino participou há 15 anos de um curso promovido pela Insead. Para ele, significou um marco na sua vida empresarial. Na época, destaca, falava-se muito em globalização, mas não se sabia direito do que se tratava. “Hoje, o que comecei a ouvir falar naquele tempo está presente fortemente ao nosso redor.” Fernando Cirino ressalta que muitas das coisas que ouvimos falar hoje no mundo dos negócios, e achamos que não fazem parte da nossa realidade, vão se concretizar em breve. “Aqueles que não se prepararem vão ficar pelo meio do caminho”, alerta. O empresário do setor metal-mecânico cita o exemplo da Petrobras, que está em busca de fornecedores locais, ao se referir às oportunidades e desafios que os empresários têm pela frente. “Mas é preciso estar preparado”, resume Fernando Cirino. Ao longo de sua história de 85 anos, ganhou reconhecimento como líder global em educação executiva. A escola conta com professores que ganharam o Prêmio Nobel e, em 2010, obteve o terceiro lugar no ranking do setor pela Business Week. Conta com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Liderança, criado para aprofundar a compreensão do ambiente organizacional com abordagens inovadoras para a análise e o desenvolvimento de capacidades críticas, de modelos mentais e de consequências da gestão executiva. Insead (França) Paulo Studart Filho (ex-comandante da 10ª Região Militar e atual superintendente geral do Sistema FIEC) Esteve no ano passado participando de um curso da Wharton Scholl, na Universidade da Pensilvânia (Filadélfia). Segundo ele, a experiência começa logo ao chegar ao campus, quando é possível estabelecer parâmetros com o que existe no Brasil. Até mesmo as conversas informais, ressalta, servem como consultorias gratuitas, pois é possível estabelecer relações com pessoas de vários setores e de diversas partes do mundo. “Há um mix de visões que proporciona uma rica troca de experiências”, destaca Paulo Studart, que considera ainda ser impossível mensurar o retorno financeiro do investimento realizado, tendo em vista que esses ganhos se propagam por várias formas de conhecimento adquirido. Foto: JOSÉ SOBRINHO O Insead ocupa o primeiro lugar em escolas de negócio não americanas pelo ranking da Forbes (2010), que considera o maior retorno sobre o investimento. É também a primeira escola de negócio internacional para a Bloomberg Business Week (2010). Desde 1957, seus cursos revolucionam o ensino empresarial. Hoje, a instituição conta com unidades em Fontainebleau, na França, nos Emirados Árabes, em Cingapura e Israel. São 145 professores residentes oriundos de 36 países, pesquisadores de referência mundial em gestão e em pesquisa de ponta. A instituição ainda atrai anualmente mil estudantes de MBA, Executive MBA e PhD. Mais de 9 500 executivos já participaram de seus programas de Educação Executiva. Francisco Baltazar Neto (empresário e ex-presidente do Os cursos realizados no campus da Wharton School da Filadélfia mesclam aulas expositivas, estudos de casos, trabalhos em grupo e rodas de discussão com temas como táticas para expansão internacional, negociação, vantagem competitiva, planejamento em diversos cenários e implementação de estratégias. 20 | RevistadaFIEC | Março de 2011 Centro Industrial do Ceará - CIC) O empresário Baltazar Neto resume como uma verdadeira mudança de paradigma sua experiência de menos de um mês no ano passado na Insead. “Eles sabiam mais de nós, brasileiros, do que nós mesmos.” Baltazar diz isso para assegurar que as empresas brasileiras vão enfrentar nos próximos anos verdadeira avalanche de concorrentes internacionais no país em diversos segmentos. “Eles virão para cá com toda a força”, destaca. Segundo ele, essa talvez tenha sido a maior lição que tirou do encontro. Fato que, para Baltazar, tende a se acelerar com a maior exposição por causa da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Foto: JOSÉ SOBRINHO Wharton School (EUA) Março de 2011 | RevistadaFIEC | 21 Processo é uma das bandeiras da atual gestão da FIEC, liderada pelo industrial Roberto Proença de Macêdo, para quem a indústria só se torna forte com uma base sindical também fortalecida A pós mais de uma década com dupla representatividade, os dois sindicatos da indústria gráfica cearense – Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Ceará (Singrace) e Sindicato da Indústria Editorial, de Formulários Contínuos e de Embalagens Gráficas do Estado do Ceará (Unigráfica) – promoveram a fusão das duas entidades e criaram o Sindigráfica. A unificação é uma das bandeiras da atual gestão da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), que entende, segundo seu presidente Roberto Proença de Macêdo, que a indústria só se torna forte com uma base sindical também fortalecida. De acordo com Roberto Macêdo, a fusão dos sindicatos gráficos é um momento histórico para o segmento no 22 | RevistadaFIEC | Março de 2011 Ceará e um dos mais importantes em seus quatro anos e meio à frente da FIEC. Desde o início de sua administração, Roberto Macêdo tem colocado como uma de suas bandeiras o fortalecimento sindical, considerando, inclusive, que a duplicidade de sindicatos é um impeditivo para tal intento. Para ele, o exemplo dos dois sindicatos mostra que é possível superar divergências com força de vontade e persistência. “Vocês estão provando que podem ir ainda mais longe do que imaginam”!, exclamou durante a assembleia para unificar os dois sindicatos realizada em 15 de março. O novo sindicato é presidido pelo empresário Fernando Antônio de Assis Esteves, com mandato de dois anos, que, empossado no começo deste ano como presidente do Unigráfica, “ A unificação recupera a tradicional força de um segmento que sempre teve muita representatividade no estado. Foto: JOSÉ SOBRINHO José Mozart Martins, ex-presidente do Singrace Maia, seu primeiro presidente, e a quem coube dirigir a reunião de fundação da FIEC, tendo sido eleito vice-presidente da Federação. Nascido em Russas, Pergentino Maia foi uma das pessoas mais influentes no comércio de Fortaleza na primeira metade do século passado, com sua Livraria Renascença sendo considerada ponto de encontro de intelectuais, escritores e pessoas de destaque na cidade. O setor gráfico teria ainda em Luiz Esteves Neto uma das grandes lideranças do segmento industrial cearense. Presidente da FIEC no período 1986 a 1992, fez da Casa da Indústria um fórum democrático prestigiado, pelo qual passaram eventos da mais alta expressão para o desenvolvimento socioeconômico do Ceará e da região Nordeste. Foco na mão de obra O empresário Fernando Esteves assume o Sindgráfica com a intenção de enfatizar a formação de mão de obra para o setor. Por isso pretende ampliar as relações com o Sistema FIEC, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI/CE) e do Serviço Social da Indústria do Ceará (SESI/CE). Ele destaca que 90% das gráficas cearenses se enquadram na categoria de micro e pequena empresa e, por serem optantes do Supersimples, não contribuem com as duas instituições. A intenção de Fernando Esteves é oferecer, mediante convênios, os serviços prestados pelo SESI e SENAI. “Hoje, já existe a possibilidade de utilização dos serviços de saúde. Queremos agora incluir ações das duas entidades nas áreas de treinamento, esporte, lazer e educação”, completa. Diretor da Tiprogresso, Fernando Esteves é filho do sócio da empresa, Geraldo Esteves, e sobrinho de Luiz Esteves. De acordo com os estatutos do novo sindicato, o mandato é de dois anos sem a possibilidade de recondução seguida ao mandato de presidente. A intenção é permitir a formação de lideranças Fernando Esteves é o presidente do novo sindicato, o Sindigráfica Foto: JOSÉ SOBRINHO Foto: JOSÉ SOBRINHO Unificado, setor gráfico ganha força tinha como uma de suas metas o processo de unificação sindical. “Só não esperava que fosse tão rápido”, diz. Ele lembra que a unificação é uma luta histórica que já durava algum tempo, “mas o processo se concretizou porque a diretoria da FIEC, por meio do presidente Roberto Macêdo, envidou todos os esforços nesse sentido. A unificação talvez seja a maior conquista do setor nos últimos anos”, sublinha. Para Fernando Esteves, as lutas do setor no Ceará poderão ser travadas agora de forma mais coesa, lembrando que na época dos dois sindicatos havia empresas filiadas às duas entidades. O ex-presidente do Singrace, José Mozart Martins Júnior, também avalia o momento como histórico. Segundo ele, nesse período de existência dos dois sindicatos só quem perdeu foi o segmento. José Mozart (ele não participa da composição da diretoria do novo sindicato porque considera que deve abrir espaço para outras lideranças) entende que a unificação recupera a tradicional força de um segmento que sempre teve muita representatividade no estado. Mesmo não compondo a nova diretoria, ele deixa claro que apoiará todas as ações empreendidas pelo novo sindicato. A reunificação do setor gráfico é emblemática para a indústria cearense, já que para a criação da FIEC, em maio de 1950, cinco sindicatos se uniram em torno desse objetivo. Entre eles estava o da Indústria de Tipografia de Fortaleza. Além dele, participaram do processo os sindicatos da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará; da Construção Civil de Fortaleza; da Indústria de Calçados de Fortaleza e de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens de Fortaleza. Na época, a instituição representativa do setor gráfico industrial cearense era presidida por Pergentino “ Sindicatos e uma maior participação dos filiados nas decisões. Antes da unificação, o Unigráfica já era um dos mais atuantes sindicatos ligados à FIEC, com cerca de 90 filiados, representando 3,8% do total de indústrias do estado. Agora, o Sindigráfica deverá reunir cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) gráfico cearense. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 23 Assuntos legislativos FIEC acompanhará matérias de interesse do setor industrial Segundo ele, para lidar com essas necessidades serão adotadas medidas administrativas, de gestão e de contenção de custos. “Nesses 45 dias, já estamos fazendo algumas mudanças para facilitar a execução dos projetos que pretendemos para a AL”, acrescentou. Está prevista, inclusive, a realização de concurso público, após radiografia completa do processo de enxugamento por que passa o legislativo estadual. Nos próximos dias, algumas dessas ações deverão estar sendo iniciadas por meio do que chamou de “pacote de ações”. Entre elas, a criação de um fórum específico visando discutir a Copa do Mundo 2014, cuja intenção é agilizar os processos de fiscalização sobre as obras em curso. Outro projeto que divulgou foi o estabelecimento de uma agenda ambiental no âmbito da Assembleia. Roberto Cláudio citou ainda a criação de um fórum de inovação em gestão pública, no qual haverá a discussão de temas estratégicos para o desenvolvimento do estado. Ele destacou também a ideia da criação de um pacto pela bionergia na área de petróleo e gás no Ceará e de outro pela Copa 2014 para discutir pendências relativas ao andamento dos projetos relativos ao evento esportivo. Presidente da AL, Roberto Cláudio Bezerra, participou na Casa da Indústria de almoço com empresários e diretoria da entidade 24 | RevistadaFIEC | Março de 2011 Foto: JOSÉ SOBRINHO O presidente da Assembleia Legislativa (AL) do Ceará, Roberto Cláudio Bezerra, participou no dia 14 de março, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), de almoço com a diretoria da instituição. Na oportunidade, ele expôs seus planos para os próximos dois anos à frente da Assembleia Legislativa. Além de representantes de sindicatos filiados à FIEC e membros da diretoria, participaram da reunião os ex-presidentes Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior, o presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cedes) do estado, o primeiro vice-presidente da FIEC, Ivan Bezerra, e os deputados Tin Gomes (PHS), Neto Nunes (PMDB) e Teo Menezes (PSDB). Segundo o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, que destacou a disposição de Bezerra, o encontro está dentro do que preceitua uma das diretrizes da atual gestão da instituição: mais interação com a representatividade político-social do estado. Roberto Macêdo lembrou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do Conselho de Assuntos Legislativos (Coal), já mantém essa ligação com o Congresso Nacional. “A FIEC também pretende seguir esse caminho. Temos visto que frequentemente o Legislativo aprova muitas leis que são de nosso interesse. Precisamos, portanto, ficar atentos e mais próximos do Legislativo para que nossos pontos de vista sejam fortalecidos”, frisou ele. Roberto Cláudio disse que pela primeira vez, em sua gestão, a mesa diretora da Assembleia realizava um encontro institucional externo. Segundo ele, a iniciativa é importante porque o Poder Legislativo estadual tem a função de mediar demandas sociais. De acordo com ele, a FIEC, por sua importância para o desenvolvimento do estado, é a instituição mais estratégica para receber a visita. O presidente acrescentou que, com relação à ideia de mediação de interesses, a Assembleia pretende, sempre que necessário, recorrer à FIEC para aproveitar sua experiência como representante da indústria cearense. O deputado fez também uma prestação de contas dos primeiros meses à frente da AL, lembrando que as ações atuais não destoam das desenvolvidas em gestões anteriores porque cada uma teve seu tempo e os momentos e demandas são sempre diferentes. “Cada época tem suas peculiaridades e demandas próprias”, acrescentou. Nesse sentido, sublinhou que a presidência anterior foi marcada por três aspectos, os quais pretende potencializar mais ainda. Um deles, disse, é o complexo de comunicação. “Queremos levar esses meios a mais pessoas e lugares.” Outro ponto é a questão da estrutura física: “Temos enormes dificuldades e a ampliação é essencial e necessária para o bom funcionamento da Casa”, afirmou Roberto Cláudio. Outra característica apontada como digna de registro na gestão passada foi a produção legislativa. “Essas três marcas merecem ser destacadas e serão reforçadas na atual gestão.” No entanto, o atual presidente da Assembleia Legislativa ressaltou que as imposições atuais são outras. Propostas de Roberto Cláudio Potencializar o complexo de comunicação, melhorar a estrutura física e aumentar a produção legislativa. Mudanças nas áreas administrativa, de pessoal, redução de custos e concurso público para criar carreiras legislativas. Desenvolver no âmbito da Assembleia uma agenda ambiental. Fórum de inovação em gestão pública com a discussão de temas estratégicos para o desenvolvimento do estado. Pacto de bionergia do petróleo e gás no Ceará. Pacto pela Copa 2014 a fim de discutir pendências relativas ao andamento dos projetos no Ceará. Com isso, pretende agilizar a solução de tais pendências. Criação de um conselho gestor para gerir a AL e de um conselho consultivo para lidar com projetos de interesses da população. Assessoramento C riados na primeira gestão do empresário Jorge Parente Frota Júnior na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), os Conselhos Temáticos funcionam como órgãos consultivos e de assessoramento à hierarquia superior da entidade. Composto no mínimo por cinco membros e no máximo por 11, os fóruns representam ainda o elo para solucionar gargalos que estejam impedindo o desenvolvimento da indústria cearense, subsidiando a alta direção da entidade a exercer o papel de promotora do desenvolvimento. No total, são 11 Conselhos Temáticos distribuídos nas seguintes áreas: Relações Internacionais (Corin), Meio Ambiente “ Queremos que os conselhos aumentem a sua inserção nas ações da Federação como forma de fortalecer a nossa entidade por meio de discussões que lhes são pertinentes. “ Carlos Fujita, diretor administrativo da FIEC Foto: GIOVanni santos 26 | RevistadaFIEC | Março de 2011 (Cotema), Economia, Finanças e Tributação (Cofin), Micro e Pequena Empresa (Compem), Assuntos Legislativos (Coal), Relações Trabalhistas e Sindicais (Cosin), Responsabilidade Social (Cores), Agronegócio (Conag), Tecnologia (Contec), Infraestrutura (Coinfra) e Conselho Temático de Educação (Coed). Além dos conselhos locais, a FIEC também está representada em nove dos 12 Conselhos Temáticos existentes na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2007, como forma de apoio à ação dos conselhos, a FIEC criou uma secretaria executiva específica, que, além de assessorar todos os fóruns, proporciona uma maior aproximação com os sindicatos filiados. Recentemente, foi criado pelo setor de Tecnologia da Informação da entidade um site para facilitar o melhor acompanhamento das ações desenvolvidas pelos respectivos fóruns. Mas se já tinham esse função dentro da estrutura da FIEC, os conselhos serão mais fortalecidos na segunda gestão do presidente Roberto Proença de Macêdo. Para isso ficarão sob a coordenação da diretoria administrativa da entidade, que tem à frente o empresário Carlos Fujita. “Queremos que os conselhos aumentem a sua inserção nas ações da Federação como forma de fortalecer a nossa entidade por meio de discussões que lhes são pertinentes”, diz Carlos Fujita. A partir deste ano, inclusive, todos os presidentes dos conselhos têm status de diretor da FIEC. Cotema Cofin Conag Cores Coinfra Fóruns ajudam a solucionar gargalos que estejam impedindo o desenvolvimento da indústria cearense, subsidiando a alta direção da entidade a exercer o papel de indutora do desenvolvimento Corin Contec FIEC fortalece Conselhos Temáticos Compem Coal Outra providência foi a criação de um regimento interno para organizar a atuação dos fóruns. Segundo Carlos Fujita, a grande mudança que se pretende é que os conselhos passem a atuar como instâncias de debates qualificados em torno de ações que visem defender os interesses dos sindicatos e da indústria como um todo. A proposta defendida por Carlos Fujita é que os conselhos se enquadrem nas diretrizes do Mapa Estratégico 2010-2014 da FIEC, que aponta como visão tornar a entidade “uma referência na representação e defesa da indústria e na atuação sindical, mobilizando o empresariado e assegurando a sua participação na liderança de um ambiente favorável ao desenvolvimento sustentável do Ceará”. O diretor administrativo explica que, em relação à parte de assessoramento técnico dos conselhos, todas as casas do Sistema FIEC ficarão à disposição do desenvolvimento desse trabalho. Ele apontou que os órgãos terão também espaço nas reuniões ordinárias de diretoria para expor sua atuação. Carlos Fujita ressalta que a intenção é que haja uma maior aproximação da diretoria com os conselhos, Cosin Coed por meio da direção administrativa, a fim de que não se perca o trabalho realizado nesses fóruns, bem como permita à FIEC atuar quando essa ação extrapolar as possibilidades dos Conselhos Temáticos. Roberto Macêdo reconhece que a diretoria tem recebido poucas demandas de alguns conselhos e incentiva que haja por parte dos fóruns uma maior cobrança institucional à FIEC. No último dia 21 de fevereiro, essa discussão ganhou corpo durante almoço de Roberto Macêdo e da Diretoria Executiva (Direx) com os presidentes dos conselhos. Na ocasião, várias sugestões foram apresentadas para que se possam corrigir rumos nessa relação. O presidente da FIEC ressaltou que a entidade não pode prescindir de um instrumento como os Conselhos Temáticos porque são específicos e tratam praticamente de todos os assuntos pertinentes ao setor industrial. “Os conselhos devem servir como meio de aproximação entre a Federação e os sindicatos e entre os sindicatos e as empresas, já que tratam de temas do nosso dia a dia. Portanto, não podemos desperdiçar essas oportunidades”, arrematou Roberto Macêdo. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 27 Como funcionam os Conselhos Temáticos Atuam na discussão de estratégias relacionadas com as macroquestões de interesse do setor industrial, no âmbito de sua respectiva abrangência temática. Nesse sentido, têm como papel apresentar subsídios ao processo decisório dos órgãos diretivos da FIEC, procurando ampliar a participação no sistema de empresas, organizações e associações do segmento. Como atribuições, cada conselho deverá apresentar plano de trabalho anual e manter a presidência e a diretoria da FIEC informadas da atuação por meio de relatórios e documentos. Presidentes dos Conselhos Temáticos da FIEC Responsabilidade Social (Cores) – Wânia Cysne Dummar Assuntos Legislativos (Coal) – Affonso Taboza Pereira Economia, Finanças e Tributação (Cofin) – Fernando Castelo Branco Tecnologia (Contec) – Francisco José Lima Matos Micro e Pequenas Empresas (Compem) – Francisco Baltazar Neto Meio Ambiente (Cotema) – Marcos Augusto Albuquerque Infraestrutura (Coinfra) – Ricardo Teixeira Relações internacionais (Corin) – Verônica Maria Perdigão Relações Trabalhistas e Sindicais (Cosin) – Jaime Bellicanta Cadeias Produtivas e Agronegócios (Conag) – Frederico Hosanan Educação (Coed) – Ednilton Gomes de Soarez Cada conselho é integrado por no mínimo cinco e no máximo 11 membros, com a seguinte composição: um presidente, escolhido pelo presidente da FIEC, entre os titulares da diretoria plena e do conselho de representantes ou dentre os empresários filiados aos sindicatos. O mandato do presidente e dos demais membros é de quatro anos. Os conselhos deverão se reunir, ordinariamente, pelo menos a cada dois meses (preferencialmente encontros mensais) e, extraordinariamente, por convocação do seu presidente. Aos conselheiros não será abonado qualquer pagamento em função do exercício do cargo. Representantes nos Conselhos Temáticos da CNI Responsabilidade Social (Cores) – Jorge Parente (presidente) e Wânia Dummar Assuntos Legislativos (Coal) – Affonso Taboza Pereira Política Econômica (Copec) – Fernando Castelo Branco Política Industrial e Desenvolvimento (Copin) – Francisco José Lima Matos Micro e Pequena Empresa (Compem) – Francisco Baltazar Neto Meio Ambiente (Coema) – Renato Lima Aragão Infraestrutura (Coinfra) – Heitor de Mendonça Studart Integração Nacional (Cin) – Álvaro de Castro Correia Educação (Coed) – Ednilton Gomes de Soarez Desempenho ambiental FIEC inscreve para 8ª edição do prêmio Inscrições estão abertas até 14 de abril próximo no Núcleo de Meio Ambiente (Numa) A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) está com inscrições abertas, até 14 de abril, para a 8ª edição do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. A premiação visa reconhecer publicamente o esforço de indústrias cearenses, filiadas aos sindicatos integrantes da FIEC, que obtiveram destaque na conservação do meio ambiente e na implementação de atividades que resultam em melhoria da qualidade ambiental, de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. O prazo para entrega dos projetos vai até 29 de abril deste ano. Os participantes podem concorrem em quatro modalidades: Reuso de Água, Produção mais Limpa, Integração com a Sociedade e Educação Ambiental. Cada empresa poderá disputar com um projeto por categoria, desde que tenham sido implantados até a data da inscrição e possam ser divulgados pela FIEC, de modo a servir de modelo para outras indústrias. Para participar, a empresa deverá estar em dia com as exigências da legislação ambiental vigente e apresentar a documentação descrita no regulamento do prêmio, disponível no Núcleo de Meio Ambiente (Numa) – organismo da FIEC que instituiu a comenda. As empresas vencedoras receberão troféu e diploma alusivos ao prêmio, em cerimônia que será realizada na Sede da FIEC, sendo os resultados divulgados nos veículos de comunicação e publicações do Sistema FIEC. Todos os inscritos no prêmio receberão diploma pela participação. Na edição 2010 do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental foram inscritos 19 projetos de 11 empresas. Venceram a Companhia Energética do Ceará – Coelce (categoria Integração com a Sociedade); Fazenda Amway Nutrilite do Brasil (Reuso de Água); Morefácil Construtora e Incorporadora (Produção mais Limpa) e Rigesa do Nordeste (Educação Ambiental). A premiação ocorreu no Centro de Convenções, durante o encerramento da feira Recicla Nordeste. SERVIÇO Informações e inscrições no Numa, Avenida Barão de Studart, 1980, 2º andar. Telefones (85) 3421-5916 e 3421-5923. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 29 Foto: GIOVanni santos Campanha foi lançada no auditório da FIEC em 28 de fevereiro Ação de cidadania Movimento do Sistema FIEC gera resultados. Em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, a Esmaltec Eletrodomésticos é uma das inúmeras indústrias mobilizadas contra a doença C om 5 534 casos de dengue confirmados até 18 de março, o Ceará está entre os 16 estados brasileiros com alto risco de gerar uma epidemia da doença. A união entre os diversos setores da sociedade é arma importante no combate à proliferação da doença. Em âmbito nacional, o governo federal convida a população a acessar o site do Ministério da Saúde, imprimir o material de campanha e participar da mobilização nacional contra a doença, cujo slogan é Dengue, se você agir, podemos evitar. No Ceará, poder público, empresários e 30 | RevistadaFIEC | Março de 2011 trabalhadores também estão unidos contra o mosquito Aedes aegypti. No dia 28 de fevereiro, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) lançou a campanha Indústria sem Dengue, que já mobilizou, por meio do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), 182 000 trabalhadores de 282 indústrias, número que corresponde a 60% dos industriários cearenses e supera a meta inicial de 150 000 atendimentos. A campanha já está gerando resultados práticos. Em Maracanaú, município da região metropolitana de Fortaleza, a Esmaltec Eletrodomésticos realizou no início de março, entre os colaboradores, campanha de conscientização e ação contra a dengue. A partir da campanha lançada pelo Sistema FIEC, a Esmaltec levou a efeito uma vistoria completa na empresa para localizar possíveis focos do mosquito transmissor da dengue. Ao observar que alguns copos descartáveis levados para fora do refeitório depois das refeições eram jogados em locais inadequados e acabavam acumulando água parada, os gestores decidiram iniciar uma campanha de conscientização em todos os setores da empresa. De início, o foco foi o refeitório, mas a campanha foi estendida e absorveu outros locais, envolvendo do profissional de jardinagem ao pessoal operacional, que lida com o maquinário, passando ainda pelos setores administrativos. A empresa utilizou folders, panfletos e adesivos, material oferecido pelo Serviço Social da Indústria (SESI), para informar os colaboradores sobre os riscos e formas de prevenção da dengue. A ação teve também o apoio da Secretaria de Saúde de Maracanaú, onde já foram confirmados 73 casos de dengue neste ano. Como o movimento ocorreu próximo do carnaval, a descontração tomou conta da campanha contra a dengue na Esmaltec. Por uma semana, o almoço dos colaboradores foi acompanhado de música, apresentação de humorista e exibição de vídeos educativos da campanha do Sistema FIEC. Cipeiros, brigadistas e profissionais de jardinagem foram mobilizados para percorrer toda a extensão da empresa, recolhendo materiais descartados em locais indevidos e identificando pontos suscetíveis à proliferação de mosquitos. Em parceria com a Secretaria de Saúde de Maracanaú, os colaboradores foram informados sobre as formas de combate ao mosquito transmissor da doença por meio de palestras e montagem de maquetes que simulam o ambiente familiar com possíveis pontos de risco. O agente de endemias do Núcleo de Educação em Saúde e Mobilização Social da Prefeitura de Maracanaú, Gilberto Mendes, avaliou a ação do Foto: GIOVanni santos “ A semente foi plantada. O mais importante é que os funcionários saem daqui e levam para seus ambientes de convívio as informações, tornandose multiplicadores da campanha. “ Campanha Gilberto Mendes, agente de endemias do Núcleo de Educação em Saúde e Mobilização Social da Prefeitura de Maracanaú Sistema FIEC e da Esmaltec como importante para a empresa, sociedade e município. “A semente foi plantada. O mais importante é que os funcionários saem daqui e levam para seus ambientes de convívio as informações, tornando-se multiplicadores da campanha”, frisou. Gilberto Mendes disse que, depois das ações da empresa, os funcionários puderam perceber que o trabalho de recolher o material descartado é maior que o de destiná-lo corretamente. “É melhor utilizar alguns segundos do seu tempo buscando o local adequado de descarte a arriscar adoecer e deixar o ambiente de trabalho sujo. Temos de nos tornar agentes e não esperar pelo comportamento do outro”, ponderou Gilberto Mendes. Roberto Silva de França, auxiliar de produção, depois de enfrentar a doença de perto, aprovou a ideia da campanha. A filha mais velha de Roberto, de 16 anos, contraiu dengue tipo 1, nível mais leve da doença. “Foi difícil combater. Minha filha enfraqueceu, mas foi bem acompanhada pelo médico e está curada. Agora, estou de olho [nos locais que possam ser de risco para reprodução do mosquito] tanto aqui quanto na minha casa. Não podemos relaxar”, frisou Roberto Silva. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 31 A Distribuição de folders e adesivos da campanha contra a dengue na empresa Esmaltec ideia incentivada pela FIEC de constituir pequenos comitês em empresas, escolas e canteiros de obras visando formar multiplicadores para conscientizar trabalhadores sobre a necessidade de combater a proliferação do mosquito foi acolhida pela Esmaltec. Cerca de 800 colaboradores foram envolvidos na ação e a ideia principal é formar funcionários aptos a repassar o que aprenderam aos colegas. A reunião de líderes frequentemente realizada pela empresa foi o espaço utilizado para formar multiplicadores, treinados para agir diariamente observando e orientando o comportamento do seu setor de atuação. Na área de maquinário, os supervisores de produção foram os escolhidos. No setor administrativo, em cada ambiente há um líder de sala preparado para observar possíveis focos de proliferação de mosquitos, como geláguas e geladeiras. Para manter a campanha latente, serão feitas reuniões semanais com os multiplicadores. Para Gilberto Mendes, a formação de multiplicadores é o caminho. “Os funcionários passam a maior parte do dia na empresa. Saindo daqui, levam as informações aonde forem, seja para casa, para a conversa com os vizinhos, ao encontro com os amigos. Tudo que é passado aqui vai chegar a muitas outras pessoas. Assim o combate é completo”, finalizou. 32 | RevistadaFIEC | Março de 2011 FIEC contra a dengue A FIEC e as secretarias de Saúde do Ceará e de Fortaleza iniciaram em 28 de fevereiro, na Casa da Indústria, a campanha Indústria sem Dengue. Lançada simultaneamente em Sobral e Juazeiro Norte, a campanha pretendia atingir inicialmente cerca de 150 000 trabalhadores com a distribuição de vários materiais educativos, mas o sucesso da campanha pode ser observado pela superação dos números. Segundo o superintendente do SESI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, em todo o Ceará 182 000 industriários de 282 empresas já foram assistidos. O SESI está distribuindo um milhão de adesivos, 150 000 folders e panfletos, 200 000 cartilhas e 2 000 DVDs educativos. Magalhães acrescenta que a FIEC também está colocando à disposição recursos para a compra de 25 000 telas para cobertura de 10 000 caixas de água em todo o Ceará, sendo 6 000 em Fortaleza e 2 000 em Sobral e em Juazeiro do Norte. Foto: GIOVanni santos Multiplicadores Mão de obra “ Nós temos algumas dificuldades pontuais. Faltam engenheiros, principalmente, que trabalhem na área de planejamento. Países em ritmo acelerado de crescimento optaram pelo desenvolvimento tecnológico via engenharia. Enquanto o Brasil forma em média 32 000 engenheiros por ano, na China são 400 000 C om a economia aquecida, o Ceará se tornou um dos principais alvos dos projetos estruturantes previstos para o país. A instalação no estado da refinaria e da siderúrgica, dentre outros empreendimentos em curso, e as obras de infraestrutura voltadas à Copa de 2014, além do programa de habitação popular do governo federal Minha Casa, Minha Vida, ampliaram sobremaneira a demanda da construção civil por mão de obra especializada. A perspectiva, considerando apenas a refinaria, com operação prevista para 2017, é de geração em torno de 90 000 postos de trabalho durante a instalação do empreendimento. Para a siderúrgica, a projeção é criar 15 000 empregos diretos até 34 | RevistadaFIEC | Março de 2011 2014, quando entrará em funcionamento. Diante do curto prazo e da defasagem de profissionais qualificados no mercado local, algumas empresas começam a importar mão de obra de outros países, especialmente engenheiros, para assumir posições que deveriam ser ocupadas por cearenses ou, pelo menos, por brasileiros. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio Ferreira, o segmento já estuda trazer engenheiros da Espanha e de Portugal para suprir a demanda, principalmente na área de planejamento. “Nós temos algumas dificuldades pontuais. Faltam engenheiros, principalmente, brasileira apontam a dificuldade em contratar empregados aptos a trabalhar em obras como um dos três maiores entraves da atividade. Nas empresas de grande porte, o problema é ainda mais crítico. Dentre as grandes construtoras consultadas 85,4% apontaram a falta de trabalhadores qualificados como um de seus principais problemas. Entre as pequenas 61,5% dos empresários ouvidos reclamaram da falta de mão de obra qualificada. O gerente executivo da unidade, Renato da Fonseca, afirma que a escassez de mão de obra é causada pelo crescimento acelerado do setor da construção combinado com a pequena capacidade de formação de profissionais para a atividade. Para ele, os dados preocupam porque as dificuldades para contratação podem impactar nos custos da construção e comprometer resultados do setor. “Isso pode reduzir a velocidade do crescimento”, argumenta o executivo da CNI. Renato da Fonseca: escassez de mão de obra é causada pelo crescimento acelerado do setor da construção combinado com a pequena capacidade de formação de profissionais Foto: CNI Foto: JOSÉ SOBRINHO Sem engenheiros, sem desenvolvimento que trabalhem na área de planejamento. Existe até a possibilidade de trazer espanhóis e portugueses para cá”, admite Roberto Sérgio. A carência de engenheiros no Brasil não é fato novo. Porém, tornou-se mais evidente a partir do boom da construção civil no Brasil. Dados da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que entre 2008 e 2009 o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros saltou 27%, de 2 712 para 3 542. O número de pedidos de registro de estrangeiros triplicou em 2010, segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). Em janeiro deste ano, o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem informando que vários engenheiros e até arquitetos estrangeiros estão na fila por uma oportunidade de emprego no país. De acordo com a matéria, não são apenas espanhóis e portugueses que querem uma vaga no mercado de trabalho brasileiro, mas norte-americanos, italianos e ingleses, além dos vizinhos chilenos e argentinos. A explicação é a falta de mão de obra qualificada no Brasil e o excesso de profissionais sem emprego nos países ricos devido à crise econômica. Governos e entidades de classe do exterior têm contatado empresários e associações de engenheiros e arquitetos nacionais para oferecer trabalhadores. Em alguns casos, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) faz a intermediação de alguns encontros. Segundo sondagem realizada pela Unidade de Pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com 375 empresas do setor, 68,4% dos empresários da construção civil “ Roberto Sérgio, presidente do Sinduscon Março de 2011 | RevistadaFIEC | 35 “ “ Foto: GIOVanni santos Faltam até candidatos a engenheiros. A relação candidato X vaga média no Brasil é de dois para um no Brasil. Marcos Formiga, assessor especial do Departamento Nacional do SENAI 36 | RevistadaFIEC | Março de 2011 José Roberto: só para as obras do PAC estão previstos 250 bilhões de dólares Foto: GIOVanni santos Conforme informação do Conselho Federal de Engenharia, Agronomia e Arquitetura (Confea), o Brasil conta com cerca de 712 400 engenheiros registrados. Outro estudo realizado pela CNI estima que o Brasil precisaria formar 60 000 profissionais de engenharia por ano para atender à demanda existente. Hoje, porém, são formados em torno de 32 000 engenheiros anualmente em todo o país. Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, o diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), José Roberto Cardoso, declara que se o Brasil continuar formando em média 32 000 engenheiros anualmente precisará de oito anos para atender à demanda de profissionais para as anunciadas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, para cada US$ 1 milhão investido no país surge a necessidade de gerar uma vaga de engenheiro. “Só para as obras do PAC estão previstos 250 bilhões de dólares em investimentos, o que cria uma demanda de 250 000 engenheiros”, calcula José Roberto. De acordo com Marcos Formiga, assessor especial do Departamento Nacional do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e coordenador do Inova Engenharia – programa da CNI/SENAI –, se forem considerados as descobertas das reservas de petróleo e gás do pré-sal e os preparativos para o país sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016, a situação ainda é mais preocupante. “Faltam até candidatos a engenheiros. A relação candidato X vaga média no Brasil é de dois para um no Brasil”, observa. Formiga lembra que todos os países que estão em ritmo acelerado de crescimento no cenário internacional optaram pelo desenvolvimento tecnológico via engenharia. Enquanto no Brasil apenas 32 000 obtêm o diploma de engenheiro a cada ano, na China são formados 400 000 profissionais no período. Nosso país fica atrás também de outras nações emergentes como Índia (250 000 engenheiros/ano), Rússia (100 000/ano) e Coreia do Sul (80 000/ano), a qual, depois de promover uma reforma educacional no país, obteve resultados em pouco mais de 20 anos. Em termos percentuais, de cem alunos que ingressam nos cursos de graduação do Brasil, somente 5% optam por alguma modalidade de engenharia. Na China, a participação do segmento é 35,6%. Na Coreia do Sul, a proporção é 25%. As estatísticas indicam que existe desinteresse dos jovens pelas vagas de engenharia. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, existem 400 000 universitários de engenharia nas 400 faculdades da área no Brasil. A cada ano, os vestibulares oferecem 197 000 vagas, mas apenas 120 000 são preenchidas, ficando então já no primeiro ano do curso 77 000 vagas desocupadas. Outro fator crítico é o índice de desistência dos alunos, que chega a 60%. A evasão se concentra no primeiro e no segundo ano da graduação. Os prováveis motivos, apontados por professores de engenharia, são o alto custo de faculdades particulares e a formação deficitária no ensino médio, que dificulta o acompanhamento do curso por parte dos alunos. Para Marcos Formiga, é preciso encontrar urgentemente formas de estimular os egressos do nível médio a optarem por cursos de engenharia, já que a perspectiva favorável de vagas no mercado de trabalho e a melhoria dos patamares salariais não têm sido suficientes. Uma das saídas, segundo ele, pode ser a modernização do ensino. “Poderia ser de três anos de graduação com mais um ano e meio de mestrado técnico, como é na Europa”, exemplifica. O último levantamento salarial da Catho Online, com base no mês de outubro de 2010, mostra que oito áreas de engenharia estão entre as dez profissões com maior aumento salarial no ano. Engenharia geológica e cartográfica lidera os aumentos com 17,6%, seguida de mecatrônica (14,5%) e de civil, qualidade, de obras, naval, minas e meio ambiente, todas com mais de 11% de aumento salarial. Marcos Formiga ressalta que, apesar de o piso salarial dos engenheiros ter mais que duplicado nos últimos anos, ainda é baixo. A remuneração inicial dos profissionais gira em torno de R$ 6 000. No mercado de administração, financeiro ou até nas vagas abertas em concursos públicos o salário é mais atraente, segundo ele, fazendo com que pelo menos dois terços dos profissionais optem por essas atividades. Outros entraves à formação de engenheiros no Brasil é a baixa qualidade de parte dos cursos de graduação existentes no mercado e o excesso de modalidades de engenharia existentes no ensino superior. Enquanto no Brasil há mais de 250 títulos diferentes para cursos de engenharia, na Alemanha não passa de 14 especificações. Avaliação do Ministério da Educação e Cultura (MEC), por meio do Conceito Preliminar de Cursos, revela que um em cada quatro engenheiros brasileiros formou-se em curso inadequado. Em números absolutos, 6 300 dos 24 900 formandos da área que participaram em 2010 da avaliação federal estavam em cursos com notas 1 e 2, as mais baixas na escala de qualidade (que vai até 5). O professor de Relações do Trabalho da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), José Pastore, reconhece que a carência por engenheiros se deve em parte à baixa qualidade na formação de alguns profissionais. “Profissional pronto e acabado, com conhecimento amplo das novidades da ciência e da tecnologia, é raro. Os especialistas dizem que, dos 35 000 engenheiros que se formam no Brasil todos os anos, apenas 10 000 têm a necessária competência para atender às novas necessidades”, afirma Pastore. José Roberto Cardoso, diretor da Poli/USP, reforça a tese. Segundo ele, avaliações apontam que apenas um quarto dos graduados em engenharias tem nível de formação considerado satisfatório. Para ele, uma das razões da baixa qualidade dos profissionais é a pouca importância que se dá no ensino médio às disciplinas de física, química e matemática. “Se o país pretende atingir um patamar de desenvolvimento superior, suportado por uma tecnologia própria e de alto nível, apenas uma formação sólida nessas disciplinas garantirá a segurança que buscamos no futuro, senão continuaremos fadados a ser apenas exportadores de commodities, e não de produtos manufaturados”, destaca José Roberto. Conforme o diretor da Poli/USP, o governo, considerando a dificuldade do momento, deveria injetar recursos nas escolas de engenharia para atualização de laboratórios e revisar as estruturas curriculares a fim de acelerar o processo de aprendizagem e garantir uma boa formação. O MEC, por sua vez, diz Cardoso, precisa encontrar uma solução para mitigar esse baixo rendimento, que ocorre apenas nas carreiras tecnológicas. Outro fator apontado pelo professor Pastore para a escassez de profissionais de engenharia capacitados às demandas atuais do mercado foi a estagnação da economia brasileira por mais de 20 anos. Segundo ele, isso contribuiu para que muitos engenheiros fossem trabalhar em outras áreas, como financeira, comercial, administrativa e até recursos humanos. “Esses profissionais, em sua maioria, não conseguem se reciclar para atender às tecnologias de última geração. Por isso os engenheiros existentes no Brasil não podem ser considerados como a oferta total”, diz José Pastore. Como principais interessadas, as empresas também podem fazer sua parte, propiciando o complemento da formação dos jovens por meio de programas de estágio e principalmente de trainee. A saída encontrada por muitas empresas tem sido qualificar seus próprios quadros. Segundo especialistas, os treinamentos in company de engenharia estão em primeiro lugar, seguidos Avaliação do MEC revela que um em cada quatro engenheiros brasileiros se formou em curso inadequado Março de 2011 | RevistadaFIEC | 37 Sindiembalagens 38 | RevistadaFIEC | Março de 2011 Foto: JOSÉ SOBRINHO Fortalecendo o associativismo Sindicato estimula o ingresso de novos associados, intensificando a oferta de ações e serviços Do debate à ação P ara debater os entraves vinculados às engenharias no estado, o Instituto Euvaldo Lodi do Ceará (IEL/CE), órgão componente do Sistema FIEC, em parceria com outras seis instituições interessadas no tema, lançaram em 2009 o Fórum das Engenharias do Ceará, um espaço para engenheiros, universidades e setor produtivo discutirem por aqui as demandas da profissão. Sob a coordenação do IEL, o fórum é formado também pelo SENAI/CE, Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza (Unifor), Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará (Senge), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Ceará (Crea) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE). De acordo com a gerente de Tecnologia do IEL/CE, Adriana Kellen, coordenadora na instituição do fórum, o problema da falta de engenheiros no mercado era debatido desde a criação do Inova Engenharia em 2006. Hoje, com o fórum, ela garante que as universidades cearenses já trabalham na perspectiva de suprir o mercado com profissionais de engenharia. “O fórum não é apenas uma instância de discussão, mas também de ação. Nas reuniões bimensais, são aprovados projetos, ampliadas as discussões de questões voltadas às engenharias e propostas soluções. Cada instituição participante define seu papel e diz qual o apoio que busca para mudar a realidade atual da profissão”, explica Adriana Kellen. O resultado desse trabalho conjunto será apresentado no dia 29 de março, durante reunião do Fórum das Engenharias do Ceará. “A publicação irá pautar suas próximas ações”, antecipa Adriana Kellen. R eempossado na presidência do Sindicato das Indústrias de Papel, Papelão, Celulose e Embalagens em Geral do Ceará (Sindiembalagens) para atuar no quadriênio 2011-2014, o empresário Hélio Perdigão promete manter o foco de sua gestão no fortalecimento do associativismo. Na solenidade de posse, ocorrida em 21 de fevereiro, o empresário declarou que pretende estimular o ingresso de novos associados, intensificando a oferta de ações e serviços às empresas filiadas à entidade. “Precisamos nos unir para fortalecer a FIEC, nossa casa, e assim sermos cada vez mais influentes no país e a nossa indústria mais competitiva. Quanto mais unidos formos, mais fortes seremos”, exclamou o titular do Sindiembalagens, que conta com o apoio e o reconhecimento do presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo. “O Sindiembalagens é exemplo de uma nova fase da atuação sindical, bem mais efetiva, que busca por melhorias para o setor”, ratificou. Em seu primeiro mandato à frente do Sindiembalagens, o líder classista conseguiu ampliar o número de associados em mais de 100%, chegando a 17 empresas filiadas, correspondendo a 56,6% do total de empresas do segmento no estado. Segundo Hélio Perdigão, o setor de embalagens, papel, papelão e plástico reúne cerca de 30 indústrias no Ceará, das quais 50% são empreendimentos de micro e pequeno portes. O restante se divide em médias (30%) e grandes empresas (20%). Foto: JOSÉ SOBRINHO de administração. Iniciativas como a Universidade Petrobras estão sendo adotadas também em outras companhias, que treinam os profissionais da própria empresa para atuar no setor. Esses programas das empresas são voltados para a capacitação do engenheiro à área de gestão e não na formação técnica. Eles passam a ser treinados para o trabalho em equipe, análise de mercado, visão estratégica, comunicação e administração. Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, se a economia apresentar um crescimento médio de 3,5% ao ano, o estoque de profissionais não será suficiente para atender à demanda por engenheiros em 2015. Segundo a CNI, até 2012 já faltarão cerca de 150 000 engenheiros para preencher as vagas que estão surgindo. A maior demanda será por engenheiros na área de energia. Esse engenheiro lida com todas as formas de energia que compõem a matriz energética brasileira – seja ela renovável, como hídrica, solar, eólica ou de biomassa, seja não renovável, obtida de petróleo, carvão, gás natural ou material radioativo, como o urânio (usado em usinas nucleares). Faltarão também engenheiros para as áreas de transporte (terrestre, marítimo e aéreo), óleo e gás, construção pesada, produção industrial e sistemas de informação. A falta de engenheiros no mercado brasileiro afeta o setor de inovação no país, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que avaliou dados da formação de engenheiros no Brasil. O Censo da Educação Superior de 1999 mostra que 5,9% dos formandos eram engenheiros. Em 2008, esse número caiu para 5%. O Brasil ocupa o último lugar em número de engenheiros em relação à população, segundo estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 35 países. Preocupado com o problema, o MDIC anunciou no início de fevereiro que vai mapear a falta de mão de obra em setores de tecnologia estratégicos para o país. O ministério pretende realizar um censo nacional para medir a oferta de profissionais de engenharia no Brasil. A Secretaria de Comércio e Serviços do ministério planeja dar início ao processo em junho deste ano, em parceria com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e com os conselhos regionais. De acordo com o MDIC, a intenção é “criar um banco de informações que permitirá às empresas saber onde buscar engenheiros para as grandes obras de infraestrutura e do pré-sal previstas nos próximos anos”. Os engenheiros serão convocados pelos conselhos regionais e federal para responderem a um questionário sobre a instituição de graduação, o ano de formatura, o tempo de exercício e a disponibilidade para voltar a atuar na área, se estiverem em outras ocupações. O levantamento será estendido futuramente às demais profissões regulamentadas para auxiliar empresas e trabalhadores na ocupação de vagas abertas. Roberto Macêdo dá posse a Hélio Perdigão O empresário reforça a importância e abrangência do setor. “Quase todos os ramos da economia utilizam embalagens para armazenar seus produtos”, sublinha. Segundo ele, as embalagens produzidas no Ceará atendem bem mais que a demanda local, liderada por grandes clientes do setor têxtil e da moagem de trigo. A indústria cearense de embalagens conquista dia a dia mais espaço no mercado, atendendo também a outros estados do Nordeste. “O alto padrão de exigência dos nossos grandes clientes no Ceará nos qualifica para atender a outros mercados. Fornecemos embalagens para estados como Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão. No caso da minha empresa (Tubocone), por exemplo, 30% da produção são vendidos para fora do Ceará”, diz Hélio Perdigão. De acordo com o presidente do Sindiembalagens, o fortalecimento sindical é o caminho para o sucesso da indústria cearense de embalagens, na medida que proporciona ganhos não apenas ao sindicato e à Federação, mas também às empresas e ao setor. Para Hélio Perdigão, o apoio da FIEC tem sido fundamental. “Temos recebido suporte não apenas financeiro, mas pessoal. Todos os pleitos para o fortalecimento do Sindiembalagens têm sido aceitos pela presidência da FIEC”, arremata. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 39 Mercado verde Preocupação com o meio ambiente gera oportunidades de negócio em muitos mercados. Essa é uma tendência que deve se consolidar em todo o planeta D e acordo com o Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF (World Wide Fund For Nature ou, em português, Fundo Mundial para a Natureza) e lançado em 2002 em Genebra, a humanidade utiliza 20% a mais dos recursos naturais que o planeta é capaz de repor. A consequência desse consumo desenfreado é o esgotamento de tudo que nos proporciona vida (água, ar, solo, fauna e flora) e qualidade de vida (petróleo, minerais, energia, espaço etc.). Sem uma mudança de atitude, é inevitável a extinção em cadeia da vida na Terra, a começar pelas plantas, seguidas dos animais e depois do próprio homem. A constatação de que o modelo de vida extrativista e poluidor está com os dias contatos, ou será o fim do planeta, 40 | RevistadaFIEC | Março de 2011 extrapolou o limiar da percepção ambientalista e atingiu o público consumidor e a esfera produtiva, iniciando uma revolução lenta e gradual nos hábitos de consumo e, por conseguinte, na economia mundial. O respeito hoje ao meio ambiente, por meio de produtos e processos produtivos ecologicamente corretos, desponta como um diferencial capaz de tornar as empresas mais competitivas no cenário mundial. Segundo o consultor da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex Brasil) para o Projeto Extensão Industrial Exportador (PEIEx/RS), Luiz Roberto de Oliveira, que também presta consultoria à Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul “ Hoje, a preocupação com o meio ambiente gera oportunidades de negócio em muitos mercados. “ Diferencial competitivo para exportar (FIERGS) e é diretor do Escritório de Negócios Internacionais (ENI), diante da “commoditização” em plena “era da globalização”, a adequação das empresas às exigências do “mercado verde” é uma alternativa para manter a competitividade no mercado externo. “O mundo se tornou um grande parque fabril e os produtos são mais ou menos parecidos. Por conta disso, podem ser produzidos em qualquer lugar do mundo. Dentro dessa nova realidade, a China desponta como a ‘grande fábrica’ do planeta. Com dificuldades de competir em termos de volume e preço, cabe aos exportadores brasileiros buscar uma diferenciação, que pode ser justamente a melhoria dos seus processos produtivos, visando às questões ambientais”, recomenda Luiz Roberto. Ele lembra que já existem mercados desenvolvidos e exigentes, como a União Europeia e os Estados Unidos (EUA), onde há um nicho de consumidores de alto poder aquisitivo que leva em conta as questões socioambientais no momento de comprar. O mercado europeu tem os mais elevados índices de barreiras ambientais e de controle de procedimentos. Segundo pesquisa realizada na Europa, os países que mais valorizam produtos ecologicamente corretos são Espanha (83%), Rússia (76%) e Alemanha (73%). Outros destaques são a Inglaterra e os países nórdicos. (Compõem uma região da Europa setentrional e do Atlântico Norte. São eles: Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia, e seus territórios associados, que incluem as Ilhas Faroé, Groelândia, Svalbard e Aland). Os EUA têm evitado importar produtos chineses em virtude de o país não cumprir normas e legislações socioambientais. “É uma prática conhecida como dumping socioambiental”, explica Luiz Roberto. A tendência, diz o consultor, é que a consciência ambiental evolua de nicho de mercado para prática universal. “Hoje, a preocupação com o meio ambiente gera oportunidades de negócio em muitos mercados. No futuro, é uma tendência que deve se consolidar mundialmente, a exemplo do que ocorreu no Brasil com os produtos orgânicos. Anteriormente, nos supermercados, havia apenas uma gôndola expondo os produtos. Agora, as lojas têm setores inteiros especializados. Apesar de um pouco mais caros, as pessoas compram Luiz Roberto de Oliveira, consultor da Apex porque se preocupam com a saúde e o meio ambiente. Essa consciência tende a se ampliar”, sublinha Luiz Roberto. Dentro desse cenário é que surgiu o chamado marketing verde, que ressalta o mercado sob a ótica dos produtos ambientalmente corretos, contribuindo para ampliar a competitividade das empresas no mercado externo. “De nada adianta fazer uma ação e não divulgá-la. Nesse aspecto, desde que as ações adotadas pelas empresas sejam sérias, devemos ressaltar o impacto positivo gerado no meio ambiente. Tal divulgação deve ser feita de forma que o consumidor perceba a ação realizada e os benefícios gerados. Quanto ao mercado externo, a divulgação é extremamente importante porque o importador repassará as informações recebidas aos seus clientes. Entretanto, se este ficar numa posição delicada, certamente não desejará fazer novamente negócios com o exportador”, alerta Luiz Roberto. Isso significa que mais do que divulgar que se tem uma postura ambientalmente correta, é fundamental incorporar as boas práticas à empresa para ter êxito dentro dos mercados mediante a oferta de produtos e serviços direcionados a um segmento específico que valoriza e consome produtos ecologicamente corretos (nicho verde). Ser ecologicamente correto é uma forma de abrir portas no mercado externo, evitando barreiras na importação de seus produtos. Março de 2011 | RevistadaFIEC | 41 Barreiras não tarifárias D iferentes das barreiras tarifárias, que se baseiam na imposição de tarifas aos produtos importados, as barreiras não tarifárias (BNTs) são restrições à entrada de mercadorias importadas com base em uma série de requisitos técnicos, sanitários, ambientais e laborais, dentre outros. Alguns países, porém, aplicam medidas ou exigências sem que haja fundamentos nítidos que as justifiquem, formando o que se chama de neoprotecionismo. Em geral, todos os procedimentos excessivamente morosos, com critérios técnicos duvidosos e que inviabilizem efetivamente as relações comerciais, podem ser considerados uma espécie de barreira não tarifária. “Hoje, muitos setores da economia brasileira que exportam para a União Europeia estão preocupados com o Reach, um conjunto de normas ambientais que restringem a utilização de certos insumos, impactando diretamente no setor de calçados e componentes. Além disso, enfrentamos barreiras não tarifárias com a exportação de nossas frutas e carnes”, exemplifica Luiz Roberto. No caso do setor calçadista, o Reach em vigor na União Europeia determina, por exemplo, a quantidade de cromo que deve constar no couro a ser exportado para lá. Outro exemplo diz respeito à barreira imposta pelos EUA ao mamão brasileiro, alegando eventual contaminação por um tipo específico de mosca. Mesmo após o país comprovar a existência de controles que impedem tal contaminação, as barreiras não foram suspensas. Além disso, é cada vez maior o número de importadores que passam a exigir uma certificação ISO 14 001 dos seus fornecedores. “Cabe ressaltar que para nós é muito mais fácil nos adaptarmos a essas exigências internacionais, uma vez que nossa legislação ambiental é uma das mais exigentes do mundo”, observa Luiz Roberto. O primeiro passo para a empresa se adequar às exigências do chamado mercado verde, segundo ele, é cumprir integralmente as exigências da legislação ambiental brasileira. Em seguida, 42 | RevistadaFIEC | Março de 2011 analisar o seu processo produtivo e estudar melhorias que reduzam o impacto ambiental. As técnicas de produção mais limpa têm demonstrado bons resultados. Posteriormente, analisar os mercados-alvo e estudar as exigências feitas por eles e as adaptações necessárias para atendê-las. Esses são alguns passos que podem ser seguidos na busca por uma adaptação para atender aos mercados verdes. A escolha do mercado-alvo é outro fator vital ao sucesso nas exportações. Conforme o mercado, maior será a exigência feita ou maiores serão as barreiras ambientais impostas. Em contrapartida, maior será o valor dos produtos nesses mercados e menor a concorrência. Ao se tornar ambientalmente correta, a empresa cumpre mais uma etapa do seu processo de globalização. Certamente, em virtude da dinâmica do próprio mercado e do aumento da concorrência como um todo, novas exigências surgirão com o passar do tempo. Nesse contexto, a atualização frequente, a prospecção de mercado e a incorporação de tecnologias inovadoras aos produtos e processos produtivos são estratégias para ampliar a competitividade. O acesso a tecnologias mais limpas e a própria tecnologia de informação e difusão de conhecimentos agilizam processos e mudanças de hábitos e atitudes. Com vasto potencial de crescimento nessa área, o Ceará não pode se render a entraves como a concorrência de países, – China e Índia, por exemplo –, nem à questão cambial. “Vejo a ecoexportação como uma alternativa viável de trabalhar a diferenciação do produto, bem como lhe agregar valor. O fato é que, quanto mais rápido encararmos essa realidade, mais rápido nos prepararemos para as novas exigências do mercado internacional. Não adianta nada ficarmos lamentando a situação cambial ou as ações chinesas. Temos de arregaçar as mangas para mudar essa realidade”, propõe Luiz Roberto de Oliveira.