IV Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública
Belo Horizonte; 18 a 22 de Março de 2013
Mesa redonda
TECNOLOGIA SOCIAL E RURAL
Cícero Onofre de Andrade Neto
Tecnologia adequada à realidade
(social, econômica e ambiental),
A sustentabilidade é necessariamente
social, econômica e ambiental,
de forma indissociável
Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, Ano XVII Nº 51, abr/jun 2009
Alguns avanços elogiáveis do P1MC e do P1+2:
as diretrizes políticas, voltadas para o retorno social dos
investimentos, o fortalecimento da economia local, a valorização
da cidadania e a participação efetiva da sociedade civil
organizada e do povo;
os esforços de formação e mobilização social da população rural
para o uso racional da água de chuva (embora carecendo de
melhor fundamentação técnico-científica); entre outros aspectos
sociais e políticos.
Elogiável também os avanços na gestão dos programas, e a
implantação do SIG Cisternas.
Desafios
Além de consolidar as ações atuais em arranjo
institucional mais bem definido para suportar políticas
permanentes de aproveitamento e uso racional da água
de chuva, mantendo as diretrizes políticas voltadas para
a rentabilidade social, acelerar o andamento de
implantação para ampliar a cobertura e fixar metas mais
ambiciosas, é necessário adequar e desenvolver a
tecnologia, aperfeiçoar a transmissão de conhecimento
(educação sanitária e ambiental) com base em
informações mais bem fundamentadas, e assegurar a
qualidade da água, mantendo o marco cultural pelo qual
cisterna no meio rural é para água de boa qualidade.
Problemas tecnológicos:
1) usa a mesma tecnologia de construção de cisternas
sem questionar suficientemente;
2) adota o mesmo volume para as cisternas em todas
as situações, sem considerar o regime pluviométrico
local, o numero de pessoas nem a área de captação;
3) não está fazendo, nem divulgando, a correta
proteção sanitária (barreiras sanitárias físicas e
culturais) da água e não tem dado a devida importância
ao uso do tanque de descarte do primeiro milímetro de
cada chuva, nem da bomba, na ingênua pretensão de
garantir a qualidade da água apenas mediante
desinfecção com cloro.
Aspectos construtivos
Dimensionamento do reservatório
Função de:
Área de captação
Regime pluviométrico
Perdas na captação
Número de pessoas
Consumo por pessoa
Podem ser estabelecidas tipologias
Proteção sanitária
Depende do risco
O risco depende, principalmente: das condições de uso (público ou familiar); das condições da
superfície de captação (material, situação, facilidade de limpeza, etc); da exposição a
contaminantes (localização: rural ou urbana, isolada ou exposta); das condições epidemiológicas da
região (doenças endêmicas, higidez ambiental, risco de surto, etc); e da operação e manutenção do
sistema.
educação sanitária;
barreiras sanitárias:
descarte das primeiras águas;
tomada d’água por tubulação;
outras medidas de proteção.
A contaminação atmosférica da água das chuvas normalmente é limitada a
zonas urbanas e industriais fortemente poluídas e, mesmo nestes locais, a
água de chuva quase sempre tem uma boa qualidade química (dureza,
salinidade, alcalinidade, etc) para vários usos, inclusive para diluir águas
duras ou salobras. Ademais, após os primeiros minutos de precipitação
geralmente a qualidade melhora muito.
Na maioria dos locais do mundo, especialmente em áreas rurais, pequenas
cidades e bairros de cidades maiores os níveis de poluição e contaminação
da atmosfera são baixos e não atingem concentrações capazes de
comprometer significativamente a qualidade da água das chuvas, que é a
água natural disponível no local de melhor qualidade, salvo raras exceções.
Mas sempre há partículas em suspensão no ar, inclusive micróbios, que
também sedimentam na superfície de captação, e, em algumas áreas
agrícolas, veneno na atmosfera.
MELO, Luciano R C; ANDRADE NETO, Cícero O de. Um Amostrador Automático Simples para Avaliação da Qualidade da Água de
Chuva e para Avaliação Preliminar da Qualidade do Ar. In XXXI Congreso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambiental AIDIS. Santiago, Chile, 12 a 15 de outubro de 2008. Anais ... Santiago: AIDIS, 2008
UFRN
ANDRADE NETO, Cícero O de. Proteção Sanitária das Cisternas Rurais. In: XI SIMPÓSIO LUSO-BARSILEIRO DE ENGENHARIA
SANITÁRIA E AMBIENTAL. 2004, Natal, Brasil. Anais ... Natal: ABES/APESB/APRH. 2004
7º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva (2009)
Autores: Marina Boldo Lisboa; Marcio
Andrade; Henrique de Melo Lisboa
Aspectos culturais
Além do necessário avanço na transmissão de conhecimentos mais bem
fundamentados, há que se ter mais atenção com a séria questão do uso das
cisternas como reservatório de água de carros-pipa de procedência duvidosa. O
Projeto Cisterna (UFCG, UFPE, UEPB e UFRPE como executoras, e mais o consultor
da UFRN) e a EMBRAPA (CPATSA semi-árido), constatou o desvirtuamento cultural
ao qual as cisternas estão expostas, porque há séculos “percebidas” na cultura
popular como reservatório próprio para captar e armazenar água de chuva, de boa
qualidade, ao serem utilizadas indiscriminadamente para armazenar água de carro
pipa proveniente de fontes de água não potável, a cisterna passa a ser “entendida”
e “percebida” como um reservatório de água de qualidade duvidosa.
O Projeto também comprovou a efetividade das barreiras sanitárias e a inclusão
cultural da importância das mesmas, mostrando que é possível criar essas barreiras
tecnológicas e de manejo, acessíveis às populações rurais.
Estes resultados precisam ser expostos e divulgados em todos os níveis e instancias
das ações voltadas para a construção de cisternas e aproveitamento da água de
chuva, e transmitidos de forma competente para o saber popular.
Revista Infraestrutura Urbana
(PINI), dez 2011.
Decanto digestores
(tanque séptico)
Filtro anaeróbio
Reatores anaeróbios são vantajosos porque o processo anaeróbio
é essencialmente catabólico.
Em clima quente, alem da maior atividade microbiana, a hidrólise
é bastante favorecida pela alta temperatura.
Há que se perceber que o clima quente favorece o processo
anaeróbio e não apenas um tipo de reator anaeróbio.
UFRN
Efluente de filtros
anaeróbios
As pesquisas na UFRN, durante seis anos,
mostraram, entre outras conclusões, que
filtros anaeróbios podem ser utilizados com
eficácia para tratamento de esgotos sanitários
diluídos, ou efluentes de outros reatores
anaeróbios, podendo produzir efluentes com
DBO média menor que 30 mg/L e menos de 20
mg/L de sólidos suspensos, e que é possível
obter alto rendimento (tempo de detenção de
5 horas e remoção de DQO maior que 85%)
operando-os com carga orgânica elevada.
(ANDRADE NETO, 2004)
Com o uso do filtro anaeróbio, e somente assim, é possível ter
uma estação de tratamento de esgoto totalmente anaeróbia,
com custos baixíssimos de implantação e operação, porém
eficiente o suficiente para atender padrões de órgãos
ambientais para os efluentes.
Pesquisas recentes têm demonstrado que os filtros anaeróbios
são eficientes na remoção de ovos de vermes e que doses de
cloro da ordem de 10 mg/L aplicadas em efluentes de filtros
anaeróbios com tempo de contato superior a 25 minutos pode
propiciar alta eficiência na remoção de coliformes fecais
(termotolerantes ou E. coli).
37
Recife/PE
40
SET-09
UFRN
Tratamento de esgotos em filtros anaeróbios e aerados submersos.
Alta eficiência: DBO 5mg/L; Amônia 6mg/L; Turbidez 4
Revista Infraestrutura Urbana
(PINI), dez 2011.
HIDROPONIA COM ESGOTO
TRATADO
Os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários
são ricos em macro e micronutrientes e podem, portanto, ser
utilizados como solução nutritiva, com algumas adaptações das
técnicas e, quando necessário, correções nutricionais.
Eluentes de filtros anaeróbios
SS < 20 mg/L
Ovos Helm < 1 /L
Mantêm nutrientes
UFRN
Tratamento de esgotos
em filtros anaeróbios e
aerados submersos.
Alta eficiência:
DBO 5mg/L;
SS 7mg/L;
Amônia 6mg/L.
Filtro anaeróbio
é uma excelente
opção para
tratamento de
esgotos quando
se usa o efluente
em hidroponia
Uso de esgoto tratado para produção de forragem verde hidropônica
(hidroponia em canteiros) para nutrição animal
UFRN
UFV
SCHNEIDER e TSUTIYA 2001
Forragem verde hidropônica com esgoto tratado
+ Tratamento complementar de esgotos em nível terciário com eficiência inigualável
+ Controle da poluição: não polui águas, nem solo nem ar
+ Proteção da saúde pública e do meio ambiente
+ Reúso de água e reciclagem de nutrientes
+ É hidropônica: pequena área; alta produção; controle natural de pragas
+ Hidropônica sem química, natural, orgânica
+ Produção de alimento
+ Alta relação benefício / custos e excelente retorno social do investimento
+ Proteção dos animais (rumem)
+ Altíssima eficiência evapotranspirométrica (clima)
+ Alta eficiência fotossintética (<< CO2; >> O2)
www.finep.gov.br/prosab/produtos.htm
Os livros do PROSAB não registram apenas os resultados das pesquisas, reúnem o
conhecimento dos pesquisadores.
www.finep.gov.br/prosab/produtos.htm
BASTOS, Rafael K X (coordenador) et al. Utilização de Esgotos Tratados em Fertirrigação,
Hidroponia e Piscicultura. Rio de Janeiro: ABES, RiMa, 2003. 267p.
FLHORENCIO, L; BASTOS, R K X; AISSE, M M. (coordenedores) et al. Tratamento e
utilização de esgotos sanitários. Rio de Janeiro: ABES, 2006. 427p.
MOTA e von SPERLING (coordenadores) et al. Nutrientes de Esgotos Sanitários:
utilização remoção. Rio de Janeiro: ABES, 2009.
Cícero Onofre de Andrade Neto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Engenharia Civil
Programa de Pós Graduação em Engenharia Sanitária
Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
[email protected]
55 (84) 3215 3775 Ramal 203
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