52 ANOS Novembro/2014 Nº 609 Eles têm a força Mercado elege os melhores profissionais e empresas para o Prêmio Plásticos em Revista PVC Como fica a Solvay Indupa após o veto à sua compra pela Braskem? Unipac Vocação para inovar EDITORIAL Composto indigesto Não é mole aditivar a oratória oficial com cargas de realidade E m seu primeiro discurso como ministro do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro emitiu os chamados ruídos apropriados. Prometeu empenhar-se em prol da competitividade, desburocratização, ambiente regulatório e tributário, redução de custos e aumento da produtividade e exportações da indústria brasileira. Monteiro, em suma, fez o pronunciamento tornado clássico por seus antecessores no posto. Mas se sua intenção for mesmo passar do microfone aos atos, ele terá, logo de cara, de romper com diversas posições envergadas no cargo anterior de presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em seus oito anos de comando da entidade, Monteiro não imprecou contra uma política econômica adepta de seletivos benefícios fiscais setoriais. Também não se colocou de público contra as medidas que tornaram o Brasil referência de protecionismo na Organização Mundial do Comércio nem reclamou do uso do câmbio para conter a inflação, das pedaladas na contabilidade da dívida pública e demais barbeiragens na condução da economia cujo saldo são a estagnação do país e a confiança do empresariado hoje abaixo do pré-sal e do Botafogo. A situação de Monteiro não difere muito da dos ocupantes anteriores de sua pasta no primeiro mandato de Dilma. Na prática, seu ministério fica abaixo do andar onde mora quem agora se diz ter poder de mando, os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, Nelson Barbosa, do Planejamento, e o presidente do BC, Alexandre Tombini. Mas mesmo dentro de suas limitações, Monteiro tem como marcar presença e território pondo a boca no trombone, o primeiro passo para se tentar de fato que alguma coisa aconteça na vida pública. O novo ministro promete, por exemplo, trabalhar pelo comércio exterior de produtos industrializados. Pois um bom começo nesse rumo seria Monteiro defender alto e bom som o estabe- lecimento de acordos comerciais fora desse casulo aos farrapos chamado Mercosul e a redução gradativa (para a indústria nacional ter tempo para adequar-se) das alíquotas brasileiras de importação. Isso soa a heresia nos corredores da CNI mas, como prova todo santo dia a realidade globalizada, é o modo mais lógico de a indústria nacional sair da redoma e fortalecer a competitividade tendo as mesmas condições de acesso aos insumos, peças e equipamentos desfrutados pela concorrência internacional e assim disputar com ela, aqui e lá fora, em maior pé de igualdade. As empresas que não conseguirem sobreviver em ambiente de abertura, já dizia Mário Henrique Simonsen, vate da economia e ex-ministro, já estavam fadadas a virar sucata e, portanto, não farão falta. Em seu pronunciamento inicial, divulgado na mídia, Monteiro prometeu também lutar por mais recursos do bancos públicos para a renovação do parque industrial. Pois é outra oportunidade de mão cheia para ele mandar ver da tribuna defendendo a retirada de outros entraves não contestados pela CNI, o conceito da similaridade local para dificultar importações e a política de conteúdo local praticada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar bens de capital como máquinas para a transformação de plástico. No mundo de hoje, virou praxe a montagem de equipamentos suprida por componentes adquiridos não importa onde por critérios de qualidade e preço, um cenário imposto pela velocidade do processo tecnológico e o consequente barateamento de peças e equipamentos. Ao pressionar a indústria brasileira a nacionalizar ao extremo suas máquinas, o governo contribui para minar a competitividade delas num efeito bumerangue, encarecendo-as e dificultando-lhes a incorporação dos avanços integrantes nos competidores internacionais. Em Brasília, ainda se tira passaporte para chegar à vida real. • 3 plásticos em revista Novembro / 2014 SUMÁRIO 06 Visor PVC Quem pega a Solvay Indupa após o Cade vetar sua compra pela Braskem? 26 12 Perfis Alemã Rehau mostra como se faz a diferença 14 Conjuntura PET O Brasil ainda é um oásis para a resina, julga a Abipet 18 Sensor Marcos Antonio Ribeiro Unipac é movida a inovação com pés no chão 22 Rasante Plano geral Curtas, quentes e cáusticas 46 3 Questões Roberto Ribeiro Petroquímica mundial trepida com preços do óleo e gás Diretores Beatriz de Mello Helman Hélio Helman REDAÇÃO Diretor Hélio Helman [email protected] ESPECIAL Eles têm a força Fernanda de Biagio [email protected] Direção de Arte Samuel Felix [email protected] 10 Oportunidades Compostos de PP Borealis Brasil afia operação industrial Novembro/2014 Nº 609 - Ano 52 ADMINISTRAÇÃO Diretora Mercado elege os melhores profissionais e empresas para o Prêmio Plásticos em Revista 48 Ponto de Vista José Ricardo Roriz Coelho Uma ferramenta de governança pouco usada pelo transformador 50 Mercado Unigel Boas novas em PS e estireno 54 Fábrica Modelo Chiva Plásticos Ela vive conectada na excelência 56 Sustentabilidade Muzzicycles Bike verde por obra do plástico 58 Tendências Nilo Mestanza Muñoz As vantagens de uma impressora 3D nacional Beatriz de Mello Helman [email protected] Publicidade Jalil Issa Gerjis Jr. Sergio Antonio da Silva [email protected] International Sales Multimedia, Inc. (USA) Tel.: +1-407-903-5000 Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: [email protected] Assinaturas Keli Oyan Assinatura anual R$ 110,00 Plásticos em Revista é uma publicação mensal para a indústria do plástico e da borracha, editada pela Editora Definição Ltda. CNPJ 60.893.617/0001-05 Redação, administração e publicidade Rua Itambé, 341 - casa 15 São Paulo-SP - CEP 01239-001 Telefax: 3666-8301 e-mail: [email protected] www.plasticosemrevista.com.br As opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas por Plásticos em Revista. CTP e impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Capa Samuel Felix Foto da Capa Shutterstock Retificações – *Na edição impressa de outubro (nº608), a entrevista de Lírio Parisotto contém informação improcedente: mediante ajustes no craqueamento da central em Triunfo (RS), a Braskem poderá gerar mais benzeno e não eteno, como foi publicado. Por seu turno, Parisotto equivocou-se ao fixar a capacidade de estireno da concorrente Unigel em 120-140.000 t/a, pois o número correto é 260.000 t/a. Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90 *Na mesma edição, a reportagem sobre a política de RH da Termotécnica divulgou erradamente o quadro de fábricas da empresa, integrado pela sede em Joinville, uma filial em Santa Catarina, uma no Paraná, duas em São Paulo, uma em Pernambuco, uma em Goiás e uma no Amazonas. A empresa também corrige seu número de funcionários: são hoje 1.226 e não 435 conforme a fonte da Termotécnica repassou originalmente, calculando apenas o efetivo de empregados da matriz. Membro da ANATEC Associação das Editoras de Publicações Técnicas Dirigidas e Especializadas 4 plásticos em revista Novembro / 2014 Circulação: Dezembro / 2014 visor PVC Façam suas apostas Consultores se debruçam sobre o destino da Solvay Indupa C ontra a bússola do palpitômetro na praça, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pespegou uma reviravolta e tanto no horizonte de PVC no Cone Sul. A virada pipocou com o veto do órgão antitruste a compra da Solvay Indupa pela Braskem. A decisão mina, até segunda ordem, a constituição de um único produtor sul-americano do vinil ao manter a região servida por dois fornecedores, com plantas no Brasil e Argentina. A mexida no tabuleiro apimenta o suspense em torno dos próximos capítulos, pois o inconformado grupo belga Solvay já verberou o intento de continuar a vender sua controlada, empoleirada numa capacidade de 300.000 t/a de PVC em Santo André (SP) e de 230.000 t/a em Bahia Blanca. Com a Braskem por ora barrada do baile pelo Cade, acenderam-se as conjeturas sobre o desfecho da novela. Para João Cataldo, camisa 10 em PVC da consultoria norte-americana IHS, as alternativas para a Solvay são duas petroquímicas: a mexicana Mexichem e a norte-americana Westlake, “devido a sinergias com o negócios de vinílicos”, argumenta. “Mas tanto a Braskem não irá desistir da compra como a Solvay procurará outros potenciais candidatos”. O analista argentino Jorge BühlerVidal, dirigente da consultoria Polyolefins Consulting, concorda pela metade com a visão de Cataldo. Os demais produtores latino-americanos do vinil, ele nomeia, incluem Mexichem e a venezuelana Pequiven. Nos EUA, o time com vendas do 6 plásticos em revista Novembro / 2014 polímero bafejadas pelo baixo custo do eteno resultante do gás de xisto alinha Mexichem, Westlake, Axiall, CertainTeed, Formosa Plastics, OxyVinyls e Shintech. “À primeira vista, os norte-americanos não aparentam ser candidatos à compra da Solvay Indupa por não terem familiaridade ou interesse na região”, opina. “Quanto à Pequiven, não parece dispor de possibilidades de aquisição ou expansão e, assim, a Mexichem figura como o candidato mais apropriado”. Maurício Jaroski, líder da área sustentável da procurada consultoria brasileira MaxiQuim, fecha com Bühler-Vidal. “Parece que os ativos da Solvay Indupa caíram no colo da Mexichem, pois já indicou seu interesse logo que a Solvay divulgou a intenção de vendê-los”. No momento, ele reitera, a companhia mexicana pinta como a única interessada, “mas a brasileira Carbocloro poderia entrar no páreo, dada sua expertise na cadeia cloro/soda”, encaixa. Simone de Faria, dirigente da 2U, outra consultoria nacional de primeira linha, não digere numa boa esse ponto de vista. “A Mexichem poderia ser outra interessada, mas após a reforma do setor de energia no México, findando com o monopólio estatal da Pemex, o cenário mudou ainda mais e a compra de ativos tromba com o crescente déficit na oferta doméstica do vinil. A propósito, arremata a analista, de janeiro a outubro último, as importações brasileiras de PVC tipo suspensão, o mais consumido, já totalizavam 321.862 toneladas, das quais 49,5% provenientes da unidade na Colômbia da Mexichem e cujo maior cliente no Brasil é o seu conglomerado de tubos e conexões. A intenção original da Solvay era negociar fechado o conjunto de fábricas da Solvay Indupa, mas uma pergunta do res, pois a venda de apenas uma delas poderia ser ainda mais difícil e soa mais atraente adquirir o conjunto para alguém estabelecer-se com firmeza em PVC no Mercosul”. A unidade em Bahia Blanca, ele expõe, é alimentada com gás natural de custos relativamente baixos. “Ela obtém eteno do cracker controlado pela Dow, que não é seu competidor direto”. Um quadro oposto, portanto, ao vivido pelo complexo em Santo André, dependente do eteno provido pela concorrente Braskem. Apoiado em fatores como a recém aprovada Ley Galuccio (ver seção Rasante), que flexibilizou para investidores o marco regulatório argentino do petróleo, Bühler-Vidal confia na disponibilidade de mais gás natural no Bühler-Vidal: momento Cataldo: fundos Simone de Faria: Jaroski: Solvay país, ensejando a posapropriado ao argentinos complicam Braskem não atirou Indupa cai no colo sibilidade de ampliar comprador. a venda. a toalha. da Mexichem. a atual capacidade de eteno, insuficiente para em regiões de alto custo de matériasmercado que não quer calar é, se depois emparelhar com a demanda. -primas, leia-se eteno e eletricidade, da rejeição do Cade à transação com a Do observatório da MaxiQuim, alteram de todo o foco dos investimenBraskem, a hipótese da venda por partes Jaroski contorna o debate entre a venda tos”, ela pondera. Para a Mexichem, não merece reconsideração. “Há um fatiada ou por inteiro da Solvay Indupa nº1 em PVC na América Latina e com grande problema nesse negócio”, interconsiderando a redução no preço de venfábricas do vinil no México, Colômbia cede Cataldo. “Cerca de 30% do capital da a melhor forma da Solvay desvencilhare EUA, Simone só vê nexo em arrebatar da Solvay Indupa pertencem a fundos -se dela . “A força vendedora e uma baixa a Solvay Indupa “havendo redução nos argentinos, governo incluso, e não estão concorrência de compradores, da qual a custos de produção”, sublinha. Por isso, interessados em se desfazer da empresa”. Braskem foi barrada pelo Cade, deve fazer ela não vê a Braskem alijada da disputa, De acordo com pitacos ventilados pelo o preço da transação cair e, quanto à oferta apesar da negativa do Cade. “Ela deve mercado local, abre o analista da IHS, do conjunto de fábricas, é intuitivo pensar estar trabalhando para conseguir realizar “grupos privados argentinos pretendem que essa modalidade de venda pode atrair a compra, quem sabe abrindo mão da negociar a compra de parte desses ativos um eventual investidor internacional”. tarifa antidumping, vigente há anos para com a Solvay Indupa”. No consenso dos consultores, a importação de PVC”. No caso, Simone Bühler-Vidal admite a hipótese de a fase palmeirense da petroquímica alude à sobretaxa brasileira para PVC do candidatos a comprar apenas uma das mundial não colabora com a oferta da México e EUA, renovada seguidamente há duas fábricas de PVC. “Mas o objetivo Solvay Indupa. “Não há interesse real mais de 20 anos, recorde no gênero digno da Solvay dever ser a venda simultânea dos produtores, tanto da América Latina do Guinness Book e cuja compreensão das unidades a um ou dois compradocomo do mercado internacional”, atesta 7 plásticos em revista Novembro / 2014 visor PVC Cataldo. “Seja técnica, econômica, financeira ou de risco, qualquer análise mais profunda inviabiliza a compra desses ativos em relação a outras alternativas”. Simone de Faria corta as firulas. “O momento é péssimo!”, resume.“Na verdade, o valor do negócio já caiu um bocado com a decisão do Cade”. Ela enxerga ainda empecilhos como a abundância norte-americana de gás natural acessível, extraído do xisto, e a queda dos preços do petróleo. “Hoje em dia, os EUA são o melhor lugar para aquisição de fábricas ou expansões de capacidades PVC: captação difícil de sangue novo em investimentos na América do Sul. de PVC”. Outro grande imbróglio a ser destrinchado pelos candidatos às unidades da Solvay Indupa, ela enquadra, é o alto custo de energia para a notoriamente eletrointensiva produção do vinil no Brasil e na Argentina, esta também marcada pela insuficiência de gás para eletricidade e aumento na produção de eteno. Por seu turno, o complexo de PVC em Santo André é suprido por eteno da rota nafta, um ponto a desejar aos olhos de Jaroski. “No contexto global, o momento da petroquímica base nafta é desfavorável e isso faz a planta no Brasil não ser muito visada no exterior, em particular por alguém fora do mercado sul-americano”. Líderes mundiais em PVC, ele reforça, pendem para investir em ativos ou projetos greenfield (novas unidades) “em localidades de maior perspectiva de matérias-primas competitivas”, frisa. Quanto aos produtores do vinil na região, completa o porta-voz da MaxiQuim, a oferta da Solvay Indupa previsivelmente chama atenção como alternativa para essas empresas protegerem seus mercados. Na bancada da Polyolefins Consulting, Bühler-Vidal fisga um peixe das águas paradas da conjuntura. “Um momento de crescimento global relativamente baixo não parece o mais apropriado para vender, mas para comprar as unidades oferecidas pela Solvay”, avalia. “A demanda regional de PVC decerto existe e uma das fábricas tem acesso à matéria-prima a preços muito competitivos”. Sob essa premissa, ele amarra, os ativos em Santo André e Bahía Blanca cairiam bem para um produtor de PVC de presença regional, como a Mexichem. “Essa incorporação lhe permitiria integrar verticalmente a resina aos negócios de tubos, conexões e compostos para usos como fios e cabos”, ele interpreta. Pela lupa da Mexichem, repassa Bühler-Vidal, a demanda latino-americana de PVC deve crescer cerca de 8 plásticos em revista Novembro / 2014 4% no período 2010-2015. No ano que vem por sinal a Mexichem prevê para o vinil uma demanda da ordem de 3.016 milhões de toneladas na América Latina perante uma capacidade regional da ordem de 2.616 milhões de toneladas. Apesar do hiato entre oferta e demanda, os consultores emanam ceticismo quanto às possibilidades de expansão, ao longo da próxima década, da produção de PVC no Brasil e Argentina. “Não há projetos anunciados e, embora PVC tenha lugar no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), esse projeto não parece estar em vias de acontecer nos próximos anos”, percebe Jaroski. Simone de Faria não desafina nesse coro. “Embora a demanda sul-americana supere a oferta de PVC e assim deve continuar, é remota a possibilidade de expansão da capacidade da resina nos dois países”, sustenta. “No mundo, as atuais capacidades de PVC rodam com ocupação na média de 65%, traduzindo espaço disponível para elevar a oferta e,desse modo, a América do Sul deve continuar importando produto de outras fontes fora da região para complementar o abastecimento do seu mercado”. Nesse sentido, Cataldo é taxativo e vai direto ao ponto. “Não há condição de aumentar a capacidade instalada nominal no Brasil e Argentina, em razão dos custos proibitivos de produção, excessiva carga tributária, péssima infraestrutura, altos custos de transferência e distribuição e disputa desigual com os produtores internacionais de PVC”, sintetiza o titular da IHS. Para engrossar o caldo, aponta, nos dois países o setor de vinílicos padece com desbalanceamento entre a demanda de cloro e soda cáustica. “Esse descompasso não permite a construção de mais uma planta de cloro-álcalis totalmente integrada na cadeia”, vaticina Cataldo. • Oportunidades Borealis Força concentrada Borealis racionaliza operação de compostos no Brasil Harsch: crescimento do setor automotivo é caminho sem volta. M esmo blindada como o setor mais protegido do Brasil, a indústria automobilística sente a cruz da economia em pandarecos pesar nas suas costas. Apesar das nuvens hoje carregadas, a previsão de bom tempo mais à frente não empalidece aos olhos da Borealis Brasil, ás de ouros em compostos de polipropileno (SP). Seu voto mais bombástico de confiança na virada do jogo a médio prazo tomará forma em abril de 2015, com a inauguração da segunda unidade no complexo em Itatiba, interior paulista. “Passarmos da área atual de 60.000 m² para 200.000 m², mediante a compra de um terreno vizinho, suficiente para alojar três plantas do nosso padrão”, antecipa Leonardo Harsch, presidente da subsidiária brasileira da corporação petroquímica sediada na Áustria. Na constelação de fábricas de poliolefinas e compostos da Borealis, a operação no Brasil não tem par na ativa em mercados emergentes, reconhece Harsch. “O país é o único mercado em desenvolvimento no qual vemos possibilidades de expansão das vendas de carros”, sustenta o dirigente, apesar de admitir a existência de pedras no caminho. Para fora do portão da indústria automobilística, ele exemplifica os entraves com a escassez de crédito, juros na lua, baixa poupança interna, as sarnas do Custo Brasil e um grau de intervencionismo e dependência do governo nos negócios a ponto de estar para nascer a grande empresa que não convide político para cortar cordão inaugural de sua fábrica. Do lado de dentro do setor automotivo, Harsch admite um choque entre a capacidade produtiva acima de 5 milhões de veículos anuais, a cargo de dezenas de montadoras, e uma demanda da ordem de 3,5 milhões de unidades nos seus melhores dias – para emoldurar o drama, apenas de outubro de 2013 a outubro de 2014 a produção do setor ruiu 16%. No consenso de analistas como o ex-ministro e conselheiro de governos Delfim Netto, a pobreza da poupança interna conjugada com a capacidade excedente e o enterro do ciclo de crescimento da economia 10 plásticos em revista Novembro / 2014 via estímulos ao consumo tornam o setor automotivo, mesmo hiperprotegido, digno de muita pena. Em clima contemporizador, Harsch afirma com diplomacia esperar dessa zona de turbulência por nada além de uma repaginada no pool de vendas do ramo, com alguma transferência percentual da fatia das maiores montadoras (Fiat, GM, VW e Ford) para a multidão dos concorrentes locais, entre eles os recém-chegados chineses . Mas esses estorvos não desfocam a foto do nosso mercado automotivo, insiste o porta-voz da componedora, pois ele escora-se na solidez de pilares a exemplo da renda gerada no interior do país pelo agronegócio e mineração, o acabrunhante transporte urbano avivando a imagem do carro como salvação e status para o povaréu de baixa renda ou a efetiva implantação do sistema de inspeção veicular, contribuindo para varrer das ruas os fósseis sobre rodas e assim dar corpo à renovação da ala grisalha da frota nacional de carros de passeio. Harsch abre espaço em suas justificativas até para a montagem no Brasil de modelos premium, engatilhada pela Audi e BMW na região sul, com início agendado para 2015. “Isso também contribui para as vendas locais de matérias-primas e evita a remessa de divisas com carros de luxo importados”, acentua o presidente da Borealis Brasil. Ao colocar prós e contras na balança, deixa claro Harsch, a Borealis não deixa apagar a chama da credibilidade conquistada pelo Brasil como mercado, mas reconhece a necessidade de ajustes no posicionamento mantido em 14 anos de milhagem de voo no país. Até então, a operação de compostos de PP cindia-se em duas unidades: em Itatiba e Triunfo, bem no cerne do polo petroquímico gaúcho. “Uma das incumbências da fábrica no Rio Grande do Sul era suprir clientes baseados na Argentina, como a Fiat”, alega o dirigente. Com o país vizinho a estrebuchar sob protecionismo e mandracarias econômicas, a unidade em Triunfo viu-se no meio dessa saia justa, deixa patente Harsch, agravada pela constatação de que, apesar do potencial de peso, o crescimento do mercado automotivo brasileiro não deve, como se trombeteava na passada alta da economia global, crescer com intensidade chinesa. O redesenho desse panorama, aliado a complicações como frete caro, duplicação de funções e a demarcação do mix de produção de duas unidades motivaram a Borealis Brasil a por em campo, em 2010, o projeto de desativar a base em Triunfo e concentrar as forças em Itatiba, cuja logística racionaliza a cobertura da clientela de compostos tanto no Sul como no Sudeste. Matéria-prima não pesa na decisão. Tal como ocorria em Triunfo, a unidade paulista opera próxima da fábrica de polipropileno (PP) da sua acionista minoritária Braskem, no caso a planta em Paulínia. Da mesma forma, intercede Harsch, a questão das exportações para a Argentina não pintou como motivo por si suficiente para baixar as portas em Triunfo. “Afinal, essas vendas não vão além de 5% da nossa receita atual”, situa o dirigente, arisco a abrir o faturamento. Orçada em R$120 milhões, a saída de Triunfo, com desligamento efetivo marcado para o primeiro trimestre de 2015, e o incremento da infra no interior paulista não afetará, de imediato, o potencial produtivo da Borealis Brasil. “A capacidade nominal permanece 60.000 t/a e, se preciso, pode ser aumentada em 4.000 toneladas”, asseguram Harsch e Vanessa Crespo, especialista em comunicação da empresa. Além de silos e linhas de ensaque, sobressai na nova instalação em Itatiba o contingente de extrusoras. Teto de BMW: campo de compostos de fibra longa da Borealis. “O quadro atual de três máquinas ganhará duas novas linhas além de um equipamento transferido de Triunfo”, revela o dirigente. Das duas extrusoras restantes na unidade gaúcha, uma foi aposentada e outra remetida para uma fábrica europeia da Borealis. Na calculadora de Harsch, o país possui capacidade instalada da ordem de 180-200.000 t/a de compostos de PP e cruzou 2014 ocupado-a num nível de dar palpitação, na faixa de 70%. O excedente e a concorrência a ferro e fogo, ele aponta, levaram à saída do negócio no país de um nome global nesses compostos, a norte-americana PolyOne, ao fechar a unidade em Diadema, na Grande São Paulo, especifica o porta-voz da Borealis Brasil, revelando ter sido informado da decisão, verbalizada em julho último, pelo próprio presidente da componedora norte-americana. “O mercado nacional de compostos de PP caiu 10% em 2014 e nossa expectativa é recuperar esse índice em 2015”, estabelece Harsch. Para ajudar a empresa nesse intento, ele apresenta mais duas frentes de atuação. Antes com foco quase exclusivo em autopeças, a componedora ampliará seu assédio sobre o mercado da linha branca, cuja presença em seu faturamento hoje 11 plásticos em revista Novembro / 2014 restringe-se a 15%, efeito de materiais para injeção de peças de lavadoras e aparelhos de ar condicionado. Nessa mesma vertente, outra estratégia refere-se à prospecção de oportunidades para agregar valor pelo caminho da inovação. Vanessa Crespo exemplifica com o desenvolvimento de compostos de PP para o carrinho de supermercado ofertado pela transformadora Plascar. A segunda frente para a Borealis Brasil manobrar, retoma o fio Harsch, é o enriquecimento do mix de formulações geradas em Itatiba. “Entre as novidades no portfólio , constam compostos com teores de PP reciclado e tipos com fibra longa, estes já empregados na Alemanha em tetos de carros da BMW”, indica o porta-voz. A propósito, sustenta, a Borealis Brasil é fornecedora de carteirinha para a maioria das montadoras em ação no país. Para aumentar esse cerco, ele antecipa, os planos para 2015 incluem ampliar a presença da Toyota em sua carteira de pedidos e cruzar a soleira da Hyundai. Quanto à BMW, parceira internacional da Borealis, Harsch informa que, no estágio inicial, a unidade que parte em Santa Catarina em 2015 recorrerá ao esquema CKD de produção, à base de montagem complementar de componentes importados. • Oportunidades Fernanda de Biagio Rehau Abrindo a janela Rehau cresce em esquadrias de PVC à margem da crise na construção O s dados para a construção civil este ano não são animadores. O Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP) projeta estagnação do setor, enquanto a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) estima redução do faturamento de seus associados. Alheia à depressão sugerida por esses números, a unidade brasileira do grupo alemão Rehau comemora expansão das vendas de seus perfis de PVC em 2014. O aumento estará em linha com o avanço geral do mercado de esquadrias vinílicas, situado entre 25% e 30% ao ano, taxa aferida desde 2009, confirma Thomas Goerigk, gerente de vendas técnicas da empresa no Brasil. 12 plásticos em revista Novembro / 2014 Em sua planta em Cotia (SP), a Rehau produz fitas de borda para a indústria e perfis de PVC para linha branca, segmentos à parte das esquadrias para construção. Estas, devido ao ainda baixíssimo volume movimentado domesticamente, são importadas de unidades na Argentina, Alemanha, China, França e Inglaterra, com as duas primeiras na dianteira dos embarques para cá. No país vizinho, a empresa gera 160 t/mês em duas extrusoras instaladas na planta de Rosario. “Um parque de 300 t/mês, ou quatro máquinas, seria o necessário para nacionalizar a produção”, estima Goerigk. Mas este não é um plano de curto prazo. “Linhas no Brasil não saem antes de cinco anos, pelo menos”, ele acrescenta. Por aqui, perfis de PVC há décadas se arrastam para ganhar espaço entre concorrentes de alumínio e madeira, porém, pela percepção de Goerigk, a clientela começa a conhecer melhor o produto e entender seus benefícios em comparação aos outros materiais. Isso, em parte, explica as elevadas taxas de crescimento, bem acima da economia nacional. Ainda assim, a participação do vinil no mercado local de esquadrias está em tímidos 2,5%, o executivo calcula. Antonio Rodolfo, executivo da Braskem, durante a conferência LAPPC em setembro, estabeleceu o consumo de 7.400 t/a da resina para o reduto de perfis, volume que deve chegar a 70.000 t/a em 2024. A base de clientes da Rehau no Brasil Navarro e Goerigk: isolamento térmico e acústico justificam preço dos perfis de vinil. conta hoje com 50 fabricantes em relação a apenas cinco em 2009. Do contingente atual, 58% estão no Rio Grande do Sul, primeiro Estado a utilizar itens do mostruário do grupo alemão. As esquadrias fazem sucesso no Sul devido à cultura e ao clima. “O principal diferencial dos perfis de PVC é promover isolamento térmico e acústico. Em locais de temperaturas mais extremas, seja frio ou calor, o produto tem mais êxito”, encaixa Rafael Navarro, supervisor de comunicação da empresa. No Brasil, ele insere, muitos hotéis já estão substituindo esquadrias de alumínio, mais barulhentas e que não protegem de forma eficaz o ambiente de intempéries. Além do mais, os perfis de PVC dispensam pintura, não oxidam e requerem baixa manutenção, ele complementa. Apesar dessas vantagens, as esquadrias de vinil engasgam devido ao seu custo. “O perfil de PVC agrega valor à construção e, por isso, é um produto premium”, lembra Navarro. A Rehau até lançou algumas linhas mais acessíveis, mas sem popularizar demais o artefato. “Isso tiraria o apelo do PVC”, atesta Goerigk. O perfil de plástico consegue apenas ser mais barato quando utilizado em grandes vãos, como em shopping centers, ele exemplifica. Depois do Rio Grande do Sul, São Paulo aparece na sequência da lista de principais compradores, seguido por Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e, por fim, pelo Nordeste. Essa base sólida assegura à fabricante fatia de 11% de participação no mercado, embora todo o atendimento seja feito via importações com alíquota de 16%. “São 40 dias corridos desde que o pedido é colocado até a instalação da janela”, assinala Goerigk. Diversidade no portfólio e assistência técnica local também ajudam a manter a Rehau em posição vantajosa sobre seus competidores, ele assegura. A norma NBR 15.575 é outra esperança para alavancar o uso do PVC em esquadrias. A regulação institui desempenho mínimo para diversos elementos de construções, incluindo aqueles que conferem conforto acústico e térmico. “Ela trará benefícios para as vendas dos perfis de PVC”, confia o gerente.• Diga adeus para a ineficiência hidráulica Agora você pode obter uma enorme economia de energia elétrica, por um preço muito atrativo. Descubra a Magna T Servo. Saiba mais em www.Milacron.com/ServoHybrid ou ligue para (11) 5051-1838 13 plásticos em revista Novembro / 2014 Plastics Technologies conjuntura Fernanda de Biagio PET Continua tentador Apesar da pressão da superoferta mundial, PET tem fôlego para crescer forte no Brasil. C om alguns bons anos de atraso e sem alarde, a primeira linha de produção de PET da PetroquímicaSuape, controlada pela Petrobras, partiu em agosto deste ano, adicionando 225.000 t/a à capacidade nacional da resina. O volume instalado no Brasil bateu 775.000 t/a, considerando as 550.000 t/a da M&G, também estabelecida em Suape (PE). A produção brasileira ganha, assim, estatura suficiente para suprir por completo o consumo local do poliéster, situado em 620.000 toneladas em 2013, segundo a Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). Com duas plantas de classe mundial, assegura o presidente da entidade Auri Marçon, o Brasil não precisa se preocupar com os solavancos internacionais desse setor, há tempos arfando com a cruz da capacidade excedente nas costas. Para o dirigente, a indústria brasileira de PET consegue ser competitiva apesar de não influir no mercado mundial, um mandamento para quem atua em qualquer commodity. O que determina esse fator, comenta Marçon, é escala e proximidade ao mercado consumidor. Apesar de o excedente global pressionar os preços do poliéster para baixo, ele contrapõe, as empresas instaladas aqui possuem alto poder de compra de matéria-prima devido ao seu porte, o que aprimora suas vantagens mercadológicas. O desempenho dessas fábricas também está relacionado à logística. “Duas empresas (M&G e PetroquímicaSuape) movimentam mais material e tornaram-se bem preparadas 14 plásticos em revista Novembro / 2014 Isotônicos: destaque entre os novos campos. nesse aspecto”, julga. Além do mais, o setor há anos importa seus insumos e, por isso, a base operacional de portos e transporte foi aperfeiçoada e hoje em nada deixa a desejar, ele acrescenta, na contramão do exército de analistas que lista a falta de infraestrutura portuária e rodoviária entre as principais mazelas do Custo Brasil. Pela percepção do presidente da Abipet, as bases do setor industrial no Brasil precisam ser fortalecidas para que o PET não perca essa posição. “Na indústria química como um todo, o rombo na balança comercial se aprofunda cada vez mais”, ele assevera. Para engrossar o problema, projetos na América do Norte, liderados por M&G, Indorama e Selenis, vão adicionar mais toneladas à capacidade de poliéster no continente. Em contraste, segundo avalia Marçon, a exploração do gás de xisto não terá influência na precificação do PET naquela região, porque a participação do eteno, usado na formulação do monoetilenoglicol (MEG), um componente fundamental para a resina, não tem peso preponderante na conta. “PET não ficou e não vai ficar mais barato por conta disso”, ele diz. O plano da PetroquímicaSuape é lançar a segunda parte de sua produção de PET até meados de 2015, elevando a capacidade doméstica total da resina a 1 milhão de toneladas anuais. Esse volume, para Marçon, está de acordo com o crescimento da demanda sul-americana. Para ele, essas plantas saturam seu potencial em passo acelerado. Há espaço, ele confia, para ações como substituir a importação brasileira da resina, estimadas por Marçon em 120.000 toneladas em 2014. Outra oportunidade está em alavancar a produção de pré-formas, pois cerca de 100.000 toneladas desse artefato entram no Brasil via Mercosul todos os anos, contabiliza a Abipet. A fábrica da Petrobras também tem capacidade nominal de 640.000 t/a de PTA, outra matéria-prima do PET, em produção iniciada no ano passado. Isso deve mudar o fluxo de importação desse insumo, deduz o dirigente. Em 2013, coloca, tais desembarques de PTA rondaram 370.000 t/a, com o México despachando para cá 80% desse volume. Os 20% restantes chegaram da Ásia. Marçon não arrisca uma projeção para o consumo aparente da resina grau garrafa em 2014. “Muita coisa mudou com o lançamento da PetroquímicaSuape e é prematuro arriscar um palpite”, ele pondera. De qualquer forma, aponta, a demanda brasileira cresceu, em média, 5% ao ano desde 2009. Ao considerar o consumo de embalagens, Marçon constata expansão da ordem de 7% por exercício, devido à diminuição da gramatura das garrafas. “O PetroquímicaSuape: mercado aguarda partida da segunda linha de produção. 15 plásticos em revista Novembro / 2014 conjuntura PET recipiente de dois litros, carro-chefe do PET, pesava 56g há 12 anos. Hoje está em 43g”, ele compara. Tecnicamente, ainda é possível reduzir mais o peso das garrafas, ele julga, mas esse artifício de diminuição no uso da matéria-prima está no limite da apreciação do consumidor. “Ninguém quer uma garrafa que dobre ao servir um refrigerante. Algumas empresas chegaram a esse extremo, mas voltaram atrás”, lembra Marçon. Para a demanda de PET continuar a aumentar no Brasil, condiciona o dirigente, a indústria precisa mirar novos nichos. Por exemplo, a participação do poliéster de 80%, 87% e 84% em embalagens de menos de cinco litros de refrigerante, água mineral e óleo de cozinha, respectivamente, segue estável há muitos anos. “Esses três segmentos já foram devidamente explorados”, Marçon comenta. Estudo encomendado pela Abipet à consultoria Canadean revelou que o potencial de consumo de bebidas é de 800 litros/ano Marçon: Brasil é uma ilha por pessoa e, no à parte do excedente Brasil, as bebidas global da resina. comercializáveis somam perto de 400 litros/ano. O restante, explica, fica com o suco natural que a população faz em casa ou mesmo com a água de torneira. Em outras palavras, é possível dobrar a ingestão de bebidas embaladas. Em comparação, a média mundial de consumo dessas bebidas comercializáveis é de 269 l/ano/pessoa, resultado puxado para baixo por China e Índia, onde vivem metade dos habitantes do mundo e que, por seu turno, têm pouco poder de compra. O México fica com 633 l/ano/pessoa, enquanto nos Estados Unidos o volume é de 580 l/ano/pessoa. Pelo acompanhamento da Abipet, Água mineral e refrigerantes: Abipet e Abinam divergem sobre quem lidera consumo de PET. apesar da busca pela saudabilidade, a água mineral ainda está longe de bater o refrigerante da demanda por PET no país. Essa dianteira, aliás, bate de frente com a visão da Associação Brasileira da Indústria de Águas Mineral (Abinam), segura de que seu produto, aliado aos sucos naturais, está dizimando o mercado dos refrigerantes. Por aqui, retoma o fio Marçon, bebidas carbonatadas não alcoólicas correspondem a 59% do consumo da resina, enquanto a água fica com 16%. O óleo de cozinha aparece na sequência com 11%. Em contrapartida, no plano mundial, a água já encostou, com 34% de participação, no refrigerante, este possuidor de fatia de 36% da demanda mundial pelo poliéster. De acordo com Marçon, a disponibilidade de fontes de água mineral é fator preponderante nessa distribuição. Outros redutos de crescimento acelerado, ele cita, são o de isotônicos, bebida quase totalmente envasada em PET, e o de energéticos, anteriormente supridos apenas em latinhas. “Esse produto tem se popularizado. Em vez de comprar só na balada, as pessoas já o adquirem em supermercados para uso compartilhado. Os energéticos agora são vendidos em garrafas PET de até 2l”, ele ilustra. Sob o prisma econômico e sustentável, o poliéster sai na frente de outros tipos de materiais de embalagem. Uma pesquisa da associação atestou que o mililitro de refrigerante chega a ser, em um extremo, 16 plásticos em revista Novembro / 2014 180% mais barato do que o líquido envasado em lata ou vidro. “Consideramos a menor embalagem de PET e várias marcas, em diversos supermercados”, Marçon conta. Leveza é outro trunfo. A Abipet atestou que a embalagem corresponde a 2% de uma carga, enquanto no caso do vidro a participação da garrafa sobe para 48%. Marçon viu com surpresa a entrada da Coca-Cola em reciclagem em 2007 e, por isso, sua recente decisão de sair dessa atividade não espantou o dirigente. “Para o consumidor é uma pena, pois a Coca-Cola tornou-se uma vitrine em tecnologia de reciclagem. De outro ponto de vista, como conhecedor do setor, um dono de marca tem mais impacto divulgando desenvolvimentos e testando técnicas do que simplesmente coletando, moendo e reciclando garrafas”, ele assinala. Enquanto a reciclagem bottle-to-bottle avança no Brasil e no mundo, o uso de fontes renováveis ainda vai engatinhar por um bom tempo na seara de PET. “Para se tornarem economicamente viáveis, essas rotas precisam de escala industrial”, avalia Marçon. Mas, por ora, ele suaviza, é importante a existência de, ao menos, estudos sobre o tema. “Há algumas décadas não havia pesquisa sobre como substituir o petróleo em diversos usos, o energético incluso. Hoje há pelo menos um punhado de cadeias que o dispensam”, completa o porta-voz da Abipet. • sensor Marcos Ribeiro/unipac A arte de pensar fora da caixa Como a inovação bombeia o coração da Unipac T ransformados que fizeram história no Brasil, como o primeira pulverizador costal de agroquímicos atestam a taxa alta de glóbulos de inovação na corrente sanguínea da Unipac, divisão de plásticos, cerâmica e borracha do grupo Máquinas Agrícolas Jacto. Fundado por Shunji Nishimura na cidade de Pompeia (SP), ele hoje agrega empresas atuantes nos segmentos agrícola, de transporte, veículos elétricos, maquinário para limpeza, fundição e saneamento. Para diversificar ainda mais, a corporação entrou recentemente em componentes médico-hospitalares, nicho sem o menor parentesco com aqueles nos quais ela forma opinião em plástico desde 1966. A Unipac, por seu turno, hoje corresponde a cerca de 30% dos negócios do grupo, cuja receita em 2013 foi recorde: R$ 1.397 bilhão. À frente das operações, com o crachá de presidente executivo da Jacto-divisão Unipac, está Marcos Antonio Ribeiro, primeiro CEO da transformadora sem o sobrenome Nishimura. Na companhia desde 1991, ele é técnico mecânico e administrador de empresas, com MBA na Dom Cabral e pós-MBA na Fundação Instituto de Administração (FIA). Nesta entrevista, Ribeiro repensa a caminhada da Unipac e se apega à vocação dela para produtos complexos e de baixa tiragem para manter o negócio com torque aceitável com a economia brasileira no acostamento. PR – A Jacto/Unipac fez fama como produtora de transformados para o setor industrial e agronegócios, áreas dependentes de escala e resinas commodities. Por quais motivos a empresa entrou recentemente em componentes cirúrgicos, um campo de materiais nobres? Ribeiro – Nossa empresa sempre foi inovadora. Antes do plástico éramos uma oficina metalúrgica. Por volta de 1965, a Jacto comprou a primeira sopradora, 18 plásticos em revista Novembro / 2014 iniciando a divisão de plásticos no grupo. Pouco depois, na década de 1970, a Unipac começou a produzir embalagens para transporte de produtos químicos, em substituição ao vidro. Se olharmos para o portfólio do grupo, temos negócios na área de saneamento, equipamentos de alta pressão para limpeza, aspiradores de pó e veículos elétricos, para citar alguns campos distintos entre si. A área médica nasceu não diretamente para ortopedia, onde estamos hoje, mas fornecendo produtos para o setor hospitalar, como ventiladores mecânicos e aparelhos de anestesia, equipamentos dependentes de peças de resinas como polissulfona (PSU), aliás um material de processamento muito particular. Em 2006, um cliente nos convidou a suprir esses componentes, mas eles precisavam ser produzidos em sala limpa (clean room). Montamos essa instalação e, a partir daí, começamos a fornecer peças para a indústria farmacêutica, então injetados em alta escala e à base de resinas commodities. A seguir, firmamos parceria com a Fundação Adib Jatene, no Hospital Dante Pazzanese (SP), em torno da fabricação de uma bomba de circulação extracorpórea, empregando material nobre em volume menor. Àquela altura, começamos a investigar o mercado médico no Brasil. Em grande parte, ele ainda é suprido por produtos importados. No campo da ortopedia, fomos atrás dos implantes, dominado pelo titânio e uma participação menor do aço inox. Fora do Brasil, já havia implantes bioabsorvíveis. Iniciamos o desenvolvimento de um produto próprio, com características inovadoras inclusive em comparação a similares fornecidos por multinacionais. Conduzimos todo o projeto, desde o laboratório até a validação da degradação, com protocolo científico de avaliação com animais e apresentação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O processo demorou aproximadamente quatro anos e obtivemos o registro em setembro de 2014. Agora, portanto, estamos aptos a vender o produto para uso em humanos. PR – Como conquistar terreno nesse nicho dominado por importados? Ribeiro – Trata-se mesmo de um nicho e a barreira de entrada é alta. O projeto da bomba de circulação extracorpórea, de policarbonato (PC), levou seis anos para ser concluído. O implante ortopédico levou quase cinco. Uma das barreiras de entrada é o tempo de desenvolvimento. No mercado de sopro, à guisa de comparação, as etapas de concepção da embalagem, confecção do molde e início da produção são completadas em menos de seis meses. Na área médica, em particular em segmentos onde atuamos, como o de implantes e produtos para administração intravenosa, as exigências da Anvisa são muito altas. PR – Isso justifica a criação de uma razão social à parte da Unipac? Ribeiro: lucro é meio e Ribeiro não fim. – Decidimos criar a Sintegra Surgical Sciences primeiramente por questões regulatórias. Em segundo lugar, o pessoal que trabalha lá tem outra cabeça. São ortopedistas, cardiologistas, enfermeiras e alguns engenheiros de materiais. Ou seja, competências que não tínhamos. Não se trata apenas de processar uma resina, mas é preciso atentar para questões como contaminação. O produto sai da fábrica, passa pela esterilização e é implantado no paciente. O conceito muda. É outro mundo. PR – O grosso do atendimento hospitalar no Brasil provém da rede pública, de verbas à míngua. Não é um inibidor para um investimento desse tipo? Ribeiro – Pode ser, sim. Mas precisamos olhar o conceito da companhia. Temos um propósito quando decidimos montar um negócio ou empresa. Ganhar dinheiro é parte do meio, não do fim. O objetivo da área médica é trazer soluções que não existem para a saúde no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem lá seus problemas. Mas, ainda assim, fizemos o projeto da bomba de circulação extracorpórea com um hospital público. A ideia foi ofertar um produto acessível inclusive aos usuários do SUS. Obviamente, com isso vem a tecnologia. Temos de atender a todos os protocolos. Claro que precisamos remunerar o investimento e o negócio precisa ser rentável para haver 19 plásticos em revista Novembro / 2014 reinvestimento e continuar crescendo. PR – Qual é a participação de artefatos plásticos produzidos pela Unipac para uso cativo do grupo Jacto? Ribeiro – Hoje está entre 18% e 20% em todos os processos que administramos, incluindo sopro de plásticos, cerâmica e borracha. PR – Na área automobilística, por que a Unipac concentrou seu foco em caminhões e agroveículos e não extrapola para carros de passeio? Ribeiro – Uma das competências do grupo é trabalhar com baixo volume. Isso significa que a manufatura precisa ser muito flexível. Fazer o set-up numa sopradora de grande porte é muito custoso e nossa história começou no mercado agrícola, um segmento com essas características. Você não vende um milhão de tratores ou um milhão de colheitadeiras. Produzimos itens de alta complexidade e baixos volumes, algo bem específico de caminhões e agroveículos. PR – A Unipac se apresenta como primeira produtora de caixas d’água no Brasil. Trata-se de um sólido campo de materiais de construção e fortalecido por cisternas de PEAD distribuídas pelo governo no semiárido. Por que a Unipac saiu desse negócio? Ribeiro – Esse é um mercado de varejo. Por volta de 2004 e 2005, revisitamos nosso propósito como divisão dentro do grupo e concluímos pelo foco em business to business. Ou seja, sabemos vender para a indústria, para outras empresas. Assim, nos desfizemo de toda a parte de caixas d’água, garrafas térmicas e produtos destinados ao varejo. Essa é também uma das razões pelas quais constituímos uma empresa à parte para a área médica. PR –Qual porcentagem da receita da Unipac é destinada a P&D e qual estrutura sensor Marcos Ribeiro/unipac dispõe para isso? Ribeiro – Temos uma área de pesquisa, com doutores na área de materiais e processos, e um departamento de desenvolvimento de produto. Aportamos entre 3% e 3,5% do faturamento da Unipac em P&D. Contamos também com muitos acordos com universidades dentro e fora do Brasil, a exemplo da Alemanha, Japão e EUA. PR – Apesar da vocação para o plástico, a Unipac dedica-se também à produção de peças de cerâmica. Qual a justificativa? Ribeiro – As peças de cerâmica já existiam dentro do grupo. São peças Pesou nessa ruptura do modelo de gestão a falta de preparo ou desinteresse pelo cargo por parte da nova geração da família Nishimura? Ribeiro – Foi uma questão cronológica, por conta da distância de idade entre a segunda geração e a terceira. Havia um acordo, entre os acionistas, de uma data limite para saída de Jiro Nishimura, meu antecessor, das operações. Depois disso, ele iria para o conselho e assim foi feito. Mas a geração seguinte ainda era muito jovem; nada a ver com desinteresse. Temos hoje, por exemplo, uma pessoa da terceira geração que é gestor de um dos negócios. Bomba extra corpórea de circulação de sangue e parafusos de implantes: mostruário da estreia da Sintegra. técnicas. Em determinado momento de reorganização da companhia, foi entendido que uma área concentraria tudo o que era polímero. Por isso, somos a divisão de plástico e a marca é Unipac. Ainda assim, a atividade das peças cerâmicas veio para nós administrarmos, assim como as áreas de borracha e compósitos (termofixos). PR – Não há conflito de materiais por aplicações? Ribeiro – Sim e o objetivo é esse mesmo. Assim, ofertamos ao cliente a melhor solução. PR – O grupo Jacto é de controle familiar. Na Unipac, você é o primeiro CEO fora da linhagem dos fundadores. PR – Os jovens hoje preferem buscar trabalho em serviços em lugar da indústria que, por sua vez, se ressente da crescente escassez de pessoal qualificado. A Unipac confirma isso? Ribeiro – Pela minha percepção, o jovem não vai atrás do setor de serviço em detrimento da indústria. No entanto, ele procura algo que tenha propósito. Busca mais identificação da companhia com os objetivos particulares em relação ao ambiente e ao que quer da vida. Na minha geração, entrávamos em uma empresa para trabalhar e sobreviver. Acho que o jovem procura algo relacionado àquilo que ele pensa. Participo de entrevistas com 20 plásticos em revista Novembro / 2014 estagiários e eles me perguntam o motivo de a empresa existir. Pela amostragem que chega à nossa fábrica, o candidato quer trabalhar e se entregar por inteiro a uma atividade, porém não quer fazer trabalhos manuais. PR – Como a empresa lida com o despreparo da mão de obra, em especial para o chão de fábrica? Ribeiro – Esse despreparo é uma verdade, inclusive em nossa região (oeste paulista). O problema começa no ensino fundamental. Não é uma questão só do curso técnico, mas de uma deficiência existente desde o início da formação escolar. Fizemos um convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Pompeia, que prepara mão de obra para a indústria plástica. Os jovens entram na escola com 16 anos, se formam com 18 e estão prontos para trabalhar na indústria. Ainda assim, sempre formamos pessoal dentro da empresa, com tutores ajudando os iniciantes. PR – Em comparação à epoca em que entrou na Unipac, a qualificação de um jovem candidato a uma vaga melhorou ou piorou? Ribeiro – A qualidade do ensino está pior, não é uma questão de qualificação. Hoje em dia, há mais pessoas com nível superior do que no passado. Mas, comparando um mesmo técnico ou engenheiro de 20 anos atrás, naquela época o pessoal era mais bem preparado. PR – Como é o grau de intervenção manual dentro dos processos da Unipac? Ribeiro – Está diminuindo e assim vai continuar. A automação é caminho sem volta. Noto pelo número de pessoas que empregávamos no passado por tonelada processada. PR – A Jacto tem fábrica na Tailândia. Compare os custos, carga tributária, infraestrutura e ambiente de negócios daqui com os de lá. Ribeiro – Na Tailândia, a empresa produz pulverizadores costais. Os custos são mais competitivos, a matéria-prima é mais barata e o salário base é um pouco mais baixo. Mas a grande diferença está na carga tributária, bem menor do que aqui. Lá não há altas tarifas para importação de maquinário como no Brasil e o investimento não é tão tributado. A burocracia existe, mas é mais ágil e o governo não intervém no negócio. PR – Diante da revolução do gás de xisto barateando resinas e energia, da recuperação da indústria norte-americana e do vigor econômico do México, qual a chance de montar uma fábrica no bloco Nafta? Ribeiro – Como negócio, isso me parece muito oportuno, principalmente no México. Sempre olhamos as oportunida- des. Já estudamos no passado e fomos para a Tailândia por questões de mercado. PR – Com a globalização cada vez mais forte do mercado e das compras de componentes, além da pressão das cadeias mundiais de manufatura, como a Unipac encara a hipótese de se aliar a um player de peso Tanque para 4.000 litros: substituição do metal na internacional? agricultura. Ribeiro – Não temos restrições. Sempre vamos olhar a PR – Como foi 2014 para a Unipac? questão da agregação de valor. Temos, Ribeiro – Um ano desafiador. O por sinal, um contrato com uma empresa mercado de caminhões caiu drasticainternacional no sentido de agregar valor mente, o agrícola passa por um momento para a cadeia. Prefiro não declinar o crítico com a queda do preço das comnome. Nós ofertamos ao mercado um modities e isso afeta a rentabilidade. Não produto em conjunto. Em vez de entregar foi um ano desastroso, mas não estamos um tanque, fornecemos todo o sistema de soltando rojões. • combustível já montado. 21 plásticos em revista Novembro / 2014 rasante Eteno para estireno Lirio Parisotto, presidente da Videolar e Innova, tece o plano de dobrar para 520.000 t/a sua capacidade de estireno, tacada dependente de eteno e e benzeno no polo gaúcho para geração de etilbenzeno, o intermediário para produção do monômero. Benzeno para tanto depende de expansão da central da Braskem no Sul, hoje apta a formular 287.000 t/a do insumo, mas eteno não aparenta ser problema. O grupo não abre o volume local não utilizado desse petroquímico básico, mas Simone de Faria, sócia da consultoria 2U, tem uma metodologia de cálculo. “Em Triunfo, a capacidade de PE é de 1.452 milhão de t/a, enquanto a de bate e volta A única saída Uma pergunta para Jorge Bühler-Vidal, presidente da Polyolefins Consulting. Bühler-Vidal PR- A Argentina aprovou lei com atrativos para investidores internacionais nas gigantescas jazidas de gás de xisto de Vaca Muerta, para gerar assim capital, desenvolvimento, energia elétrica e emprego hoje à míngua no país. Como avalia as possibilidades de esse objetivo ser concretamente alcançado, uma vez que: 1)O governo argentino é intervencionista, instável e sem credibilidade internacional. 2)Deflação global vem reduzindo os preços e gerando excedente mundial de petróleo. 3)Na América Latina, o fim do monopólio estatal de combustíveis atrai investidores em petróleo e gás para o México. 4)Os investimentos no gás de xisto exigem pesados aportes de recursos em logística e água para o fraturamento hidráulico, além da concessão de licenças ambientais, entre outras condições. Bühler-Vidal – A nova lei passou pelo Congresso graças à maioria de votos que permite ao partido do governo aprovar regulamentações sem a participação da oposição. É interessante notar que dois aspectos foram considerados negativos pelos opositores, a extensão por mais 10 anos para exploração das concessões existentes e o período ainda maior deferido para as novas concessões, enquanto essas mesmas questões são vistas como muito positivas por quem está fora da Argentina. A razão para esse diferente ponto de vista é que a extensão do prazo favorecerá concessões de ‘amigos do governo’, considerados testas de ferro de indivíduos no poder. Mesmo sem experiência no negócio de óleo e gás, eles têm obtido concessões à frente de sólidas empresas há bom tempo no ramo. À margem desses pormenores, os grandes investimentos em vista chegarão somente após o término, ao final de 2015, do mandato presidencial de Cristina Kirchner. Por ora, os aportes de recursos nas concessões são pequenos, a título de garantir lugar no futuro. Independentemente de quem ganhe as próximas eleições para presidente, pode-se antever uma onda de investimentos internacionais em 2016, embora os preços em baixa do petróleo deixe esses aportes menos atraentes. Para a Argentina, é sua única possibilidade de evitar a crescente sangria monetária causada pela maior compra de energia complementar (N.R.- gás importado). A exploração de gás nas reservas de xisto em Vaca Muerta decerto aplainarão o terreno para investidores na petroquímica argentina. Prevejo para a próxima década um novo cracker de escala mundial no país, ou então uma expansão da mesma magnitude no complexo de Bahía Blanca. Os mercados local e regional exigem esse aumento, hoje limitado apenas pela inexistência de matéria-prima. Nesse mesmo período, o Brasil também sentirá falta de capacidade adicional em sua petroquímica. As potenciais ampliações na Argentina não dissuadirão os projetos no Brasil, mas serão complementares a eles que, por sua vez, dependerão de acesso assegurado a mais gás natural para serem efetivados. No momento, a implantação da parte petroquímica do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) aparenta tardar indefinidamente, mas isso não implica que, de forma independente a esse empreendimento, não se possa expandir o cracker no mesmo Estado num futuro próximo. C M Y CM MY CY CMY K 22 plásticos em revista Novembro / 2014 polietileno chega a 1.170 milhão”, expõe. “Como a conversão de eteno em PE é praticamente de 1 para 1 e por tratar-se de processo contínuo e 99% do eteno não convertido retorna ao processo, teríamos 1 milhão de toneladas dessa matéria-prima aproveitada no polímero, com base numa taxa arredondada de operação da ordem de 90% Lirio para poliolefiParisotto nas”. Como o eteno também serve à produção de polipropileno, cuja capacidade da Braskem no Sul Simone fixa em 740.000 t/a, “das quais cerca de 25% são copolímeros de bloco e random”, a consultora atribui a essa atividade cerca de 10.000 t/a de eteno. Parte do saldo remanescente do material, ela fecha, é dirigido para o potencial (540.000t/a) de etilbenzeno da Innova – cuja operação de estireno absorveria cerca de 72.000 t/a de eteno rodando a pleno– e uma parcela mais diminuta vai para borrachas sintéticas. Pelo fecho da conta de Simone, portanto, 1.3_Jalil_210x90mm_A.pdf 25/04/13 16:13 a Braskem disporia de 1eteno suficiente , X E T ESA R O W EMPR S! O D LTA U S E DE R A UM para materializar a expansão idealizada por Parisotto. A calculadora de Solange Henri Slezynger Stumpf, sócia da consultoria MaxiQuim, assina embaixo dessa dedução. “Estimamos que, no total, deve haver perto de 90.000 t/a de eteno disponíveis, caso todas as plantas de resinas da Braskem rodem a plena carga em Triunfo”. Correndo por fora, a Unigel, presidida por Henri Slezynger, assegurou eteno e benzeno da Braskem para rodar em Camaçari com capacidade aumentada de estireno já em 2015 (ver seção Mercado). -americano na América Latina, esquivou-se de informar sobre a tonelagem a ser adicionada, os meios para Fabian Gil expandir sem energia e eteno locais para tanto e, por fim, silenciou sobre a motivação para desgargalar sob recessão sem término à vista na Argentina e Brasil, hiperinflação e default na gestão econômica de Cristina Kirchner e, para apimentar a relação, diante da expectativa de colisão na América Latina da resina gerada em Bahia Blanca com a desova na região do excedente de PE norte-americano derivado do gás de xisto. Não é pra explicar Fera no tatame A Dow verbalizou em novembro plano de desgargalamento, orçado em US$48 milhões, no complexo de 667.000 t/a de polietileno (PE) na Argentina, expansão com término previsto para 2016 em Bahía Blanca. Procurado por Plásticos em Revista, Fabian Gil, diretor comercial para plásticos do grupo norte- Produtos com tecnologia de padrão Internacional, imprescindíveis para as indústrias de plásticos (sopro, injeção e extrusão), alimentos e borracha, que buscam produtividade, economia e alta qualidade no seu produto final. 23 Hercules Piazzo Hércules Piazzo assumiu o leme da comercialização no país das injetoras da japonesa Toshiba Machine. RECYCLINGTECHNOLOGIES for a sustainable future Rua Dr. Elton César 587 . Campo dos Amarais . Campinas . São Paulo . Brasil . CEP: 13.082-025 plásticos em revista Tel: +55 19 3797-2555 . Home: www.wortex.com.br . E-mail: [email protected] Novembro / 2014 ESPECIAL Contra quem pensa pequeno Os vencedores do Prêmio Plásticos em Revista 2014 mantêm viva a cultura da competência numa conjuntura alheia a ela “N ão é o dinheiro que faz gente boa. Gente boa quer construir, meter bronca. O dinheiro é o que você deve a essas pessoas pelos resultados que elas trazem. Muita gente acha que balançar dinheiro na frente de uma pessoa vai fazê-la mudar, correr atrás ou se transformar. Não vai. Aquela pessoa já traz em si esse tipo de atitude”. Marcel Telles, um dos ases da trindade formadora do conglomerado integrado por Inbev, Burger King e Heinz, deu essa declaração sobre a meritocracia em recente seminário sobre a cultura da eficiência nas empresas. Trata-se de um voto de fé em quem tem ambição, brilho nos olhos, faca nos dentes e vontade de fazer, diz Telles. Divulgar essa obsessão pela excelência profissional tornou-se um comprometimento não só ético, mas até cívico, diante da estagnação do país. Criado há 13 anos, o Prêmio Plásticos em Revista (PPR) consolidou-se como a forma de o setor plástico reavivar as razões para acreditar em si mesmo. Essa luz é dada pelos eleitos sem cambalachos e pedaladas no tapetão, pois apontados por pesquisa independente de opinião a cargo da consultoria MaxiQuim com chancela da Simonsen & Associados. Os vencedores são quem melhor representa a vitalidade e a contribuição da cadeia nacional do plástico para atingir as metas e continuar a perseguição dos sonhos seguintes. “Cabeça vazia é o templo do diabo”, considera Telles. Entre empresas, dirigentes e executivos, os 52 ganhadores do PPR 2014, entregue em 27 de novembro último em noite de gala com cerca de 450 convidados no espaço paulistano Vila dos Ipês, compõem um pipeline de gente movida a idealismo e força de vontade para as coisas darem certo e o setor plástico ir em frente. É com essa atitude que uma indústria e um país se realizam. 28 plásticos em revista Novembro / 2014 ESPECIAL Top Profissional Estirênicos-PS José Cláudio Ximenes – Unigel PET Marco Arena – M&G Vinílicos-PVC / Marcelo Majoros Dominguez – Braskem Wendel Souza, da Unigel, entrega o prêmio a José Cláudio Ximenes. Marco Arena com o prêmio recebido de Theresa Moraes, da M&G. Marcelo Majoros Dominguez recebe o prêmio de Gustavo Sergi, da Braskem. Polímeros de Engenharia Vitor Sobral – Petropol Poliolefinas / Marcelo Pires dos Santos – Braskem Top Equipamentos Nacionais Extrusão de Chapas / Rulli Standard Vitor Sobral com o prêmio dado por Rafael Prado Moraes, da Petropol. Marcelo Pires dos Santos cumprimentado pelo prêmio por Carlos Lollato, da Braskem. Top Profissional/Distribuição Luiz Carlos Rulli, da Rulli Standard, cumprimentado pelo prêmio por Ricardo Soler de Almeida, da Birla Carbon. Poliolefinas Alex Nunes – Piramidal PS Kattiussa Gentilini – Activas Injeção/Romi Alex Nunes cumprimentado pelo prêmio por Amauri dos Santos, da Piramidal. Kattiussa Gentilini recebe o prêmio de Laércio Gonçalves, da Activas. William dos Reis, da Romi, recebe o troféu de Nicolai Duboc, da Braskem. 29 plásticos em revista Novembro / 2014 ESPECIAL Extrusão de tubos / Miotto Sopro / Pavan Zanetti Extrusão de filmes / Carnevalli Enrico Miotto com o troféu dado por Ricardo Prado Santos, da Piovan e CSMAIP. Edvalter Zanetti, da Pavan Zanetti, cumprimentado pelo prêmio por Marcelo Neves, da Braskem. Wilson Carnevalli Filho, da Carnevalli, com o prêmio recebido de Fábio Agnelli, da Braskem. Top Equipamentos Importados Extrusão de tubos Battenfeld-Cincinnati Injeção Haitian Extrusão de chapas Bandera Cássio Luis Saltori, da battenfeld-cincinnati, com o prêmio dado por Wagner Bordonco, da Cabot. Aluisio Dutra, da Haitian, cumprimentado pelo prêmio por Denilson Sesti, da Basell Poliolefinas. Carlos Dainese Maia, da Luigi Bandera, com o prêmio dado por Márcia Gonçalves, da Feiplastic/Reed Exhibitions Alcantara Machado. Extrusão de filmes Windmoeller Sopro Bekum Willi Mueller, da Windmoeller, recebe o troféu de José Fernandes Filho, da Cromaster. Valdemar Harms, da Bekum, recebe o troféu de João Viale Cordeiro, da Simonsen. Case Sustentabilidade Tetra Pak 32 plásticos em revista Novembro / 2014 Fernando Von Zuben, da Tetra Pak, recebe o prêmio dado por Luciano Guidolin, da Braskem. ESPECIAL Top Distribuidor Região Sul / Poliolefinas Piramidal Região Sul / Poliestireno Replas Região Norte-Nordeste Eteno Tadeu Zilli, da Piramidal, com o prêmio dado por César Dumont, da Braskem. Marcos Prando, da Replas, com o troféu recebido de Cláudio Rocha, da Videolar. Rodrigo Brayner Fernandes, da Eteno, recebe o prêmio de Antonio Acetoze, da Braskem. Região Norte-Nordeste Poliestireno – Premix Região Sudeste / Poliolefinas Piramidal Região Centro-Oeste / Poliestireno Activas Anderson Luiz Baron Silva, da Premix, com o troféu entregue por Edson Joaquim, da Sabic e ABPOL. Wilson Donizete Cataldi, da Piramidal, cumprimentado pelo troféu por Cláudia Arruda, da Braskem. Laércio Gonçalves, da Activas, recebe o troféu de Flávio Barbosa, da Innova. Top Distribuidor/Fornecedor de Polímeros de Engenharia Região Sudeste/Poliolefinas – Piramidal Região Sudeste/Poliestireno – Premix Entec Glauco Sancho, da Piramidal, cumprimentado pelo prêmio por Antonio Acetoze, da Braskem. Andrea Lopes dos Santos Tammaro, da Premix, com o prêmio recebido de Cláudio Rocha, da Videolar. Luiz Cláudio Squilante, da Entec, comemora o troféu dado por Solange Stumpf, da MaxiQuim. 34 plásticos em revista Novembro / 2014 ESPECIAL Top Transformador Sacos e Sacolas Valbags Embalagens para Cosméticos & Higiene Pessoal / Spil Tag Frascos para Limpeza Doméstica Greco & Guerreiro Flávia Silveira, da Valbags, recebe o prêmio de Edison Terra, da Braskem. Patrícia Rodrigues, da Spil Tag, comemora a conquista do prêmio com Paulo Henrique Teixeira, do Sindiplast e Abiplast. Alcides Guerreiro Torres, da Greco & Guerreiro, com o prêmio dado por Fábio Santos, da Braskem. Embalagens Flexíveis de Alimentos / Zaraplast Embalagens Rígidas de Alimentos Bemis Embalagens Laminadas de Alimentos / Converplast José Rocco, da Zaraplast, cumprimentado pelo prêmio por Edison Terra, da Braskem. Luiz Butti, da Bemis, com o troféu dado por Walmir Soller, da Braskem. Luciana Camacho, da Converplast, com o troféu recebido de Adriano Aun, da Dow. Embalagens Industriais Valfilm Descartáveis Copobrás Nãotecidos Providência Juvenal Loureiro, da Valfilm, cumprimentado pela premiação por Letícia Jensen, da Dow. Jânio Koch, da Copobrás, com o prêmio recebido de Marco Cione, da Braskem. Gabriela Las Casas, da Providência, com o prêmio dado por Marcelo Fornereto, da Braskem. 36 plásticos em revista Novembro / 2014 ESPECIAL Ráfia Rafitec Produtos para Construção Civil / Tigre Embalagens para bebidas / Amcor Wagner Sanchez, da Rafitec, cumprimentado pelo prêmio por Marco Cione, da Braskem. Rogerio Kohntopp, da Tigre, com o prêmio recebido de Gustavo Sergi, da Braskem. Felipe Salles, da Amcor, recebe o prêmio de Theresa Moraes, da M&G. Utilidades domésticas Sanremo Peças Técnicas para Indústria Eletroeletrônica / Masa Peças Técnicas para Indústria Automobilística / Metagal Rozane Chernicoski Penkal, da Sanremo, com o troféu entregue por Walmir Soller, da Braskem. David Kermanar, da Masa, com o prêmio entregue por Carlos Benedetti Junior, da Nova Trigo. Adilson de Souza, da Metagal, com o prêmio recebido de Fernando Ribeiro, da Rhodia-Solvay. Outros Produtos para Construção Civil / Plasbil Embalagens para Pet Food Incoplast Produtos para Indústria Agrícola Unipac Cláudio José Bianchini, da Plasbil, com o prêmio entregue por Antonio de Pádua Dottori, da CSMAIP e Pavan Zanetti. Milton Schlickmann, da Incoplast, com o troféu entregue por Charly Eid, da Dow. José Renato Demian Ferreira e Vailton Carlos Bonfim, da Unipac, cumprimentados pelo troféu por Edison Terra, da Braskem. 38 plásticos em revista Novembro / 2014 ESPECIAL Top Reciclador Top Trajetória Sudeste/ Raposo Plásticos Sul/ Alcaplas Cipatex Adriano Tanaka, da Raposo Plásticos, recebe o prêmio de Silvia Rolim, da Plastivida. Alceu Lorenzon, da Alcaplas, com o prêmio recebido de Paolo de Filippis, da Wortex e CSMAIP. William Nicolau, da Cipatex, cumprimentado pelo prêmio por José Ricardo Roriz Coelho, da Abiplast, Sindiplast e Fiesp. Top Componedor TOP Contribuição para o Setor Masterbatches / Cromex Compostos / Karina Marcos Pinhel, da Cromex, com o prêmio dado por Paulo Gubeissi, da Unigel. Hagop Guerekmezian Filho, da Karina, recebe o troféu de Gustavo Sergi, da Braskem. 40 plásticos em revista Novembro / 2014 Abiplast e Braskem – Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico – PIC Luciano Guidolin, da Braskem, e José Ricardo Roriz Coelho, da Abiplast, com os troféus recebidos de Rogério Mani (ao centro), da Epema. ESPECIAL flashes Sandro Trigo (Nova Trigo) e Eliane Trigo Newton Zanetti (Pavan Zanetti), Maria Lúcia e Rafael Zanetti Edson Joaquim (Sabic) e Marcos Prando (Replas) Lounge da Nova Trigo Rogério Mani (Epema) Paolo de Filippis (Wortex) Alexandrino Alencar (Odebrecht) Fernanda Boldo (PolyOne) Amauri dos Santos (Piramidal) e Antonio Carlos Chelomo Venezia Acetoze (Braskem) (Intermarketing) Time da Unigel: Michelle Branco, Carolina Felix, Wendel de Souza e Paulo Gubeissi. 42 plásticos em revista Novembro / 2014 João Daniel (Cromaster), José Fernandes (Cromaster) e Wagner Bordonco (Cabot). ESPECIAL flashes Klaus Jell (KraussMaffei) William dos Reis (Romi) Edson Penido (Karina) e William Nicolau (Cipatex). Letícia Jensen (Dow). Evandro Cazzaro (Husky) Hagop Guerekmezian (Karina) e Gustavo Sergi (Braskem). Carlos Benedetti (Nova Trigo), Rose e Náthalie Benedetti. Hamilton Issa Fernandes (Innova), Cláudio Rocha (Videolar) e Fábio Meirelles (Innova). Espaço Vila dos Ipês Confraternização dos premiados veja todas as fotos do PPR no site: www.plasticosemrevista.com.br 44 plásticos em revista Novembro / 2014 3 questões Roberto Ribeiro/Townsend Fica pra outra, Comperj. Petróleo barato e exploração do gás remexem o futuro da petroquímica e põem no freezer o polo fluminense, considera presidente da Townsend. A Argentina aprovou recentemente novo marco regulatório para o setor de óleo e gás, flexibilizando o acesso e os prazos para concessões de exploração. O movimento do governo de Cristina Kirchner visa atrair aportes nas imensas jazidas de gás de xisto na região de Vaca Muerta. Instabilidades políticas e econômicas à parte, a medida abre uma porta para a autossuficiência energética e pode significar área fértil para a petroquímica local, jogando para escanteio qualquer réstia de esperança ainda remanescente para a produção de resinas no projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), cujos custos sofrem devassa no caudal de escândalos do petrolão. Mas o ambiente de negócios tem de melhorar muito para investidores se animarem com a Argentina tal como hoje pendem para mercados como o México, avalia Roberto Ribeiro, presidente da consultoria norte-americana Townsend Solutions. Na entrevista a seguir, o especialista ainda discorre sobre os efeitos da queda do preRibeiro: queda da ço do petróleo e influência da Opep no o futuro da pemercado do petróleo. troquímica base nafta versus a rota do gás natural. PR – Quais os possíveis efeitos da desaceleração mundial e da queda nos preços do petróleo sobre a competitividade em custos da petroquímica base nafta versus a baseada em gás de xisto? Ribeiro – A questão não é a concorrência entre nafta e xisto, mas entre nafta e gás natural. O único país hoje baseado em xisto são os EUA. Porém, temos de analisar outras regiões do globo. O gás 46 plásticos em revista Novembro / 2014 natural norte-americano está (N.R.- até o fechamento da edição) em torno de US$ 4/MMBTU, enquanto na Arábia Saudita o preço é de US$ 0,75/MMBTU. Em novos projetos na Ásia Central, como no Cazaquistão e Turcomenistão, o valor é ainda menor. A queda no preço do petróleo impacta a nafta e a cadeia a jusante, afetando produtores europeus, asiáticos e japoneses. A concorrência nessas regiões não é direta com o mercado norte-americano que, por seu turno não tem excedente para exportar (algo que só ocorrerá em até cinco anos, com a partida de crackers e plantas adicionais), mas com produtores do Oriente Médio, exportadores naturais de polietileno (PE). De qualquer forma, a petroquímica base nafta torna-se ligeiramente menos competitiva. Se analisarmos a curva de cash cost, os players de nafta continuam na ponta extrema da cadeia, porém a diferença entre essas empresas se achata. Com isso, se somarmos ao custo de produção dos produtores do Oriente Médio o gasto logístico, dependendo da região para onde eles exportam, é possível que o produto de áreas como a Ásia Central seja mais atraente, fazendo com que o produtor do Oriente Médio tenha de baixar seu preço para competir. O risco no mercado global está aí e não na competição com o xisto dos EUA. Nesse caso, produtores norte-americanos continuarão nadando de braçada, tendo custos extremamente competitivos e um mercado doméstico fechado às importações (devido a barreiras logísticas não tarifárias, como no Brasil), vendendo material a preços altos aos transformadores e, por isso, com margens muito boas. PR – A Argentina aprovou lei com atrativos para investidores nas gigantescas jazidas de gás de xisto de Vaca Muerta, gerando assim capital, desenvolvimento, energia elétrica e emprego, hoje à míngua no país. Como avalia as possibilidades de esse objetivo ser alcançado? Ribeiro – Minha visão ainda não é positiva para a Argentina. Sim, a flexibilização da lei ajuda, mas não resolve o problema de um governo instável, um ambiente de negócios extremamente complicado e infraestrutura legal pouco confiável. Com isso, investimentos reais e efetivos não serão vistos em breve. O que vislumbro são conversas: players buscando dialogar com YPF e governo para testar o quanto essa nova diretriz é real. Promessas de investimento, de pesquisa e de relacionamento somente vingarão quando o mercado perceber que a mudança é para valer. Em suma, os grandes players querem sentar à mesa para garantir futuras parcerias, mas não tenho certeza se colocarão dinheiro no curto prazo. Os preços do petróleo já caíram bastante e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) não reduziu o fornecimento – mesmo porque sua atual influência global é muito menor. Ao analisarmos a produção dos países integrantes da OPEP na década de 1980 versus hoje em dia, vemos claramente que a oferta adicional veio de países de fora do cartel. O crescimento global vem diminuindo e a oferta de petróleo, crescendo. Assim, os preços encolheram e tendem a se equilibrar no novo patamar de US$ 75 a US$ 85. Como o óleo é negociado globalmente em dólar, quando a moeda norte-americana se fortalece e, por isso, se torna mais cara, os preços dessa fonte de energia recuam naturalmente para compensar o Argentina: investidor cobra da Casa Rosada respeito ao marco regulatório para não cair do cavalo. movimento. Com isso e com a notícia de que produtores nos EUA não diminuirão a produção, o apetite de investidores para desenvolverem mais campos em lugares de ambiente de negócios pouco propício, como a Argentina, cai bastante. Além disso, o México está mais próximo dos EUA e possui ambiente mais convidativo. A nova fronteira do mercado de óleo e gás está no México, devido à flexibilização de sua lei de investimentos no setor. Abundantes reservas de petróleo e de gás convencional e não convencional (xisto) fazem com que os investimentos migrem para lá, tornando ainda mais escassas as chances de aportes na Argentina. PR – Como avalia os possíveis efeitos dos investimentos em Vaca Muerta sobre a viabilidade do Comperj e em relação ao 47 plásticos em revista Novembro / 2014 surgimento de futuros projetos petroquímicos na Argentina? Ribeiro – O Comperj petroquímico não é para nossa geração, infelizmente. Mais uma vez, perdemos o bonde. Não vejo a Petrobras em condições de investir em um projeto dessa monta e sem acertar a fórmula de preços para o produtor brasileiro, seja a Braskem ou qualquer outro. Não há motivo para que qualquer empresa privada invista em um projeto como esse. Pelo lado Petrobras, ela está atolada em denúncias e extremamente endividada. Por isso, as alternativas para garantir a manutenção dos investimentos não são muitas. A Petrobras poderia: a) vender ativos não estratégicos para melhorar o caixa; b) fazer mais uma rodada de IPO na qual o maior comprador seria o próprio governo, ou seja, uma injeção de capital às avessas, pois nenhum investidor poria seu dinheiro em uma empresa imersa em denúncias; c) reavaliar os investimentos planejados, focando apenas nos necessários e estratégicos, tudo obviamente em um cenário sem aumento massivo do preço de derivados. A petroquímica e Comperj não são e não devem ser estratégicos para a estatal, por isso não há motivo para a Petrobras investir nesse ativo em curto prazo se a decisão for, de fato, empresarial e não política. Pelo lado dos investidores privados, como Braskem, pergunto qual é o ponto favorável em investir em um projeto no qual não há certeza de fornecimento (vide Cabiunas/Riopol) e não há garantia de matéria-prima competitiva versus outras regiões (já que o mercado é global), além de estar em um país que não cresce, com custos logísticos e taxações ímpares e um balanço que não permite investir maciçamente para não correr o risco de perder o grau de investimento? De lado, há outras regiões atraentes para investimento, como México, EUA e Peru. • ponto de vista José Ricardo Roriz Coelho Bom conselho Além de agregar valor, a governança turbina a gestão das transformadoras de plásticos A s entidades representativas do setor de transformação do plástico têm feito grande empenho, ao lado de outras instituições, no sentido de que novas políticas públicas nas áreas econômica, tributária e monetária contribuam para o resgate da competitividade da indústria. No entanto, além das reivindicações relativas aos juros, câmbio, impostos, competitividade de matérias-primas e insumos, segurança jurídica, desenvolvimento de recursos humanos, sustentabilidade e outros temas que temos abordado na mídia e na interação com as autoridades, também é necessário fazer a lição de casa da gestão eficiente. Um conceito importante é o de que a profissionalização da administração e adoção com transparência de padrões e normas operacionais, de qualidade, gerenciais, contábeis, tributários e prevenção de ilícitos, mitigação de riscos independe do porte das empresas. São procedimentos que reduzem as dificuldades e melhoram a produtividade. Indústrias que cresceram bastante podem ir além, fazendo uma saudável transição entre a gestão familiar e a contratação de executivos no mercado. O momento certo para se realizar essa mudança é uma decisão específica de cada empresa, a ser tomada de modo maduro e consciente pelo fundador e/ou seus sócios familiares e herdeiros. Conceitualmente, um conselho de administração deve ser formado para agregar valor ao negócio, gerir conflitos e Roriz Coelho apoiar adequados processos de sucessão, o que explica o número reduzido desses órgãos em nosso setor, cuja gestão, majoritariamente de tradição familiar, não costuma gerar tais situações de embate. Porém, quando necessário, o conselho é fundamental para evitar que os interesses específicos de um sócio ou grupo de associados sobreponham-se às necessidades e metas da empresa, ameaçando sua perenidade. Tal órgão e forma de gestão independem de um perfil mercadológico, pois estão mais relacionados à profissionalização da administração estratégica do negócio e à garantia de que tudo será conduzido com foco na ampliação do seu valor. O conselho familiar, por sua vez, objetiva a integração dos parentes na gestão e colabora para o processo sucessório. Tais reflexões são pertinentes no parque de transformação do plástico, composto majoritariamente por indústrias de menor porte e gestão centralizada. 48 plásticos em revista Novembro / 2014 Das 11,5 mil empresas do setor, apenas cerca de 70 apresentam ao mercado seus resultados como prova de geração de valor. Algumas destas já têm conselhos de administração constituídos por profissionais independentes, que agregam experiências e visão estratégica ao negócio. Este mesmo caminho já começa a ser trilhado por outras firmas, que já deram o primeiro passo, criando conselhos familiares, preocupadas, também, com o processo sucessório e em incluir mais os herdeiros na gestão. É importante ter consciência de que a condução de um negócio por meio de um conselho de administração passa ao mercado mais credibilidade, mostrando que o foco é a geração de valor. Colegiados compostos por membros independentes de reconhecida expertise também agregam informações relevantes, experiências e competências muitas vezes não dominadas pela alta administração. O conselho deve estabelecer formas de otimizar e monitorar os indicadores de desempenho da empresa. Este tipo de enfoque também colabora para melhorar a sua avaliação geral, o que se reflete inclusive em melhores ratings em bancos e redução de riscos. Além disso, há ganhos relativos ao incremento da visão estratégica do negócio e para que esta seja refletida nas atividades operacionais e na retenção de talentos. Por todas essas razões, a constituição de um conselho de administração não deve ser encarada como custo. Seu retorno retorno do capital investido e mitigação de riscos, com funções executivas do dia a dia da administração de uma empresa. A geração de valor para uma empresa pressupõe a melhoria constante da gestão, que é um fator imprescindível a ser considerado. Afinal, contribui para a competitividade, à medida que tem impactos na qualidade, produtividade, custeio, investimentos, recursos humanos e relações com o mercado. E esses são itens fundamentais para o sucesso dos negócios. • pode ser mensurado como as demais áreas da companhia. A evolução dos indicadores de geração de valor como o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), sobre ativo (ROA), spread do acionista, margens bruta e líquida e giro do ativo podem ser utilizados para mensurar os resultados. Como o enfoque é a geração de valor, um conselho de administração traçará estratégias que maximizarão esses indicadores. Deve ser evitado que o acionista muitas vezes confunda o seu papel de buscar o 49 plásticos em revista Novembro / 2014 José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast-SP), vice-presidente e diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp. mercado Unigel Slezynger: México na mira de PS e aproximação de EPS com estireno adicional. Ela vem com tudo Unigel religa fábrica de PS e amplia produção de estireno em 2015 O mercado de estirênicos vai virar de ponta cabeça em 2015, por artes do grupo Unigel, nº1 do Brasil no monômero e no poliestireno (PS). Lenda viva da petroquímica nacional, Henri Slezynger, presidente dessa companhia em ascensão há 58 anos, acende os dois pavios de pólvora. “A fábrica de 190.000 t/a do polímero em São José dos Campos (SP), desligada em maio de 2013, vai voltar a operar, por ora de forma parcial, ao final do primeiro trimestre, com potencial para 120.000 t/a”, expõe o dirigente. Em paralelo, arremata, a atual capacidade de 260.000 t/a de estireno da Unigel ganhará mais 100.000 toneladas até o quarto trimestre de 2015. Na trincheira do polímero, as boas novas da Unigel dão a entender uma paisagem algo diversa da descortinada pela consultoria norte-americana IHS. Sua manifesta percepção para PS na América do Sul é a de crescimento em fogo brando ao longo dos próximos cinco anos, com os produtores locais do termoplástico às voltas com baixas taxas de ocupação. “O religamento da uni- dade em São José dos Campos decorre da produção em plena carga da nossa fábrica de 120.000 t/a de PS no Guarujá (SP), um nível de operação sob risco de stress se mantido por períodos prolongados e que também traduz a consistência do aquecimento da procura pela resina da planta”, justificam Slezynger e o vice-presidente Roberto Noronha Santos. Como referência do consumo reavivado de PS da Unigel, o presidente do grupo aponta para a demanda pulsante no reduto de refrigeradores, no qual o livre trânsito do grupo foi ilustrado ainda em novembro por dois prêmios top de excelência profissional, concedidos por grifes múltis da linha branca (ver box ao lado). Com essa tacada, a Unigel volta a ser entronizada na liderança efetiva em PS no Brasil, posto do qual se afastara de forma pontual, enquanto a unidade em São José dos Campos hibernava, a título de encurtar o delta existente entre oferta e demanda domésticas de PS. Com o retorno da fábrica ao palco, a capacidade brasileira efetiva subirá de 430.000 para 550.000 t/a, com diferença de 50 plásticos em revista Novembro / 2014 apenas 70.000 t/a (correspondente à parcela complementar da fábrica religada) perante a capacidade instalada nominal no país. Em 2015, portanto, o novo potencial efetivo será confrontado com um mercado interno calculado pela Unigel em 390.000 toneladas de PS em 2014, ou 2.000 a menos que em 2013. No pano de fundo, a IHS projeta em 5% a participação de PS na demanda sul-americana de resinas, estimada em 13 milhões de toneladas para o exercício de 2014. A mesma consultoria fixou a capacidade nominal da resina em 815.000 toneladas em 2013, versus produção no mesmo período calculada pela Unigel em 553.000 toneladas. Apesar da lacuna regional, Slezynger salienta que a Unigel não só tem produzido com carga total no Guarujá como sua participação no mercado interno do polímero tem engordado, mérito da operação ininterrupta da unidade detentora da última palavra em tecnologia da Dow e, nos bastidores, efeito da ourivesaria de desenvolvimentos a cargo de dois centros de pesquisa da Unigel focados em PS. Pelo sismógrafo de Slezynger, a capaci- Unigel: a excelência que saiu do frio. Pente fino da Unigel atribui à linha branca 21% do consumo brasileiro de poliestireno (PS). No balanço da empresa as aplicações em refrigeradores mobilizam 22% das suas vendas do polímero e compõem, entre os redutos usuários do material, o segmento de maior intensidade no avanço da demanda, além de atrair desenvolvimentos feito um ímã, atestam o vice presidente Roberto Noronha Santos e Wendel de Souza, diretor de negócios para estirênicos. O empenho da Unigel em corresponder a essas expectativas foi reconhecido na forma de duas láureas depositadas no seu colo em novembro por petardos globais em geladeiras, a sueca Electrolux e a japonesa Panasonic. O prêmio de excelência profissional dado pela Panasonic refere-se ao suprimento de PS para a montagem de refrigeradores Bicalho iniciada em 2012 na unidade da marca oriental na mineira Extrema. “Somos fornecedores exclusivos no gênero para a Panasonic no país”, sublinha Henri Slezynger, fundador e presidente da Unigel. Por sua vez, em disputa que teve como finalistas a petroquímica Braskem e outro titular do Brasil, a transformadora Tecnopeças, a Unigel conquistou o troféu “Supplier Award-Latin America”, aval da grife sueca à competência do grupo líder no Brasil em estireno e no polímero que dá as cartas no interior das geladeiras. “ O propósito desse prêmio, em sua segunda edição em 2014, é classificar os melhores fornecedores da companhia com base em rigorosos critérios de âmbito global”, descreve Lúcio Bicalho, vice presidente de avaliação a sua aptidão para resolver problemas e comprovação estatística da qualidade do produto (PPM) entregue”, insere o dirigente. O quarto e último pilar, ele sintetiza, consta do escrutínio feito pela Electrolux da obediência dos candidatos ao prêmio aos critérios do seu código Souza, Noronha e Gubeissi com os prêmios dados pela Electrolux de conduta estabelecido e Panasonic. para fornecedores. compras América Latina e Global Fabric Ainda mal recuperaCare da Electrolux. do de cirurgia no joelho, Henri Slezynger A Electrolux, abre Bicalho, reparte e Paulo Gubeissi, gerente comercial da seu abastecimento de peças de PS entre Unigel, receberam o prêmio em 12 de noaquelas injetadas internamente e os vembro, em jantar de gala em Estocolmo. componentes adquiridos de sua base de Em seu agradecimento, o presidente do transformadores. “Os critérios utilizados grupo brasileiro ressaltou a sua fábrica para determinar o nível de verticalização no Guarujá (SP), escalada para servir a da produção são confidenciais”, ele Electrolux e cuja qualificação para tanto assinala. Há quatro anos, situa Bicalho, a decorre da condição de ter sido a última – base latino-americana da Electrolux preza e, portanto,a mais completa – unidade de a qualidade da Unigel como fornecedora PS implantada pela norte-americana Dow filtrando-a pelas variáveis assentadas em antes de sair do negócio mundial do poquatro pilares. O vice-presidente começa límero estirênico. No arremate, Slezynger pelo atendimento aos critérios estabeleci- aproveitou a deixa da homenagem ali na dos e a parceria tecnológica e comercial. Suécia, assegurando que, para a Unigel, “Isso inclui o nível de competitividade, ganhar o prêmio da Electrolux era mais prazos de pagamento, capacidade de ino- valioso que o Nobel. vação e de desenvolvimento de produtos”, traduz Bicalho. O segundo pilar , ele segue, refere-se à capacidade de atendimento e nível de serviço da cadeia logística. “Entre os tópicos analisados, constam a acuracidade da remessa e a flexibilidade de lead time e de alterações de entrega”, aponta Bicalho. A Electrolux também se debruça sobre a qualiade do produto recebido e o cumprimento de metas nesse campo Geladeiras Electrolux e Panasonic: pelo fornecedor. “Nesse caso, passam por referências da Unigel na linha branca. 51 plásticos em revista Novembro / 2014 mercado Unigel Estireno na Bahia: capacidade ampliada em 100.000 t/a. dade brasileira é suficiente para acompanhar a demanda de PS até 2020. Noves-fora, fica clara a estratégia da Unigel de não direcionar a futura fração adicional de estireno à formulação do polímero – responsável por 55% do consumo do monômero por aqui e em toda a América do Sul, segundo aferição da Unigel. No mapa desenhado pelo grupo relativo ao monômero na mesma região, a Innova aparece com capacidade de 250.000 t/a em Triunfo (RS); a Petrobras responde por 160.000 t/a na Argentina e, de volta ao Brasil, a Unigel comparece com 120.000 t/a de estireno em Cubatão (SP) e 140.000 t/a em Camaçari (BA). É justo esta última unidade que foi contemplada com o acréscimo de 100.000 t/a, apoiada na elevação da ordem de 120.000 toneladas na capacidade vizinha do intermediário etilbenzeno (EB), hoje situada em 280.000 t/a. Slezynger encaixa, a propósito, que a expansão já está respaldada em suprimento de eteno e benzeno contratado junto à Braskem. “Num cálculo por alto, as 120.000 toneladas adicionais de EB demandarão cerca de 30.000 toneladas de eteno e 80.000 de benzeno”, reparte o dirigente. Quanto ao investimento na ampliação de EB e estireno, ele o arredonda em U$ 100 milhões, dos quais US$ 35 milhões aplicados na estrutura e equipamentos já implantados em Camaçari. O financiamento dos US$ 65 milhões, ele completa, foi solicitado ao BNDES e sua tramitação encontrava-se na fase de carta-consulta até o fechamento desta edição. O Brasil produziu 440.000 toneladas de estireno e consumiu 652.000 no balanço de 2013, delimita levantamento da Unigel. Slezynger intercede assinalando em relação às importações do monômero, arredondadas em 213.000 toneladas no mesmo período, que perto de 50% devem ser creditadas à produção de PS pela Videolar em Manaus. Com a entrada em cena da parcela adicional de estireno da Unigel, raciocina o presidente do grupo, as importações brasileiras tenderão a restringir-se. Para 2014 a Unigel as projeta em 188.000 toneladas do monômero. O grupo nacional projeta consumo nacional de estireno da ordem de 652.000 toneladas em 2015, chegando a 769.000 em 2020. Entre as frentes para colocar suas 52 plásticos em revista Novembro / 2014 100.000 toneladas suplementares do monômero, Slezynger acerca-se do potencial de poliestireno expandido, em especial na construção civil. Ele concorda que a envergadura atual da demanda doméstica carece de glamour, da ordem estimada de 100.000 t/a, das quais importações de 52.000 previstas pela Unigel para 2014. Na varredura do grupo, a propósito, EPS abocanha hoje perto de 10% do consumo nacional de PS. Slezynger enaltece atributos de EPS a exemplo da rapidez de instalação e custo mais atraente que opções como poliuretano na condição de isolante térmico. Trata-se de material sob medida, a seu ver, para a construção de moradias de baixa renda, amparada por investimentos do governo. Em contraponto, ele reconhece que essas vantagens de EPS já estão ultra difundidas e só não resultaram em aumento do consumo, justifica, por ações insuficientes em campos como marketing, lacuna que ele acha capaz de se estreitar mediante esforço mais intenso a ser desenvolvido pelo comitê de EPS da Associação Brasileira da Indústria Química. Na contramão de Lírio Parisotto, presidente da Videolar e controlador da Innova, Slezynger descarta a hipótese de a Unigel produzir EPS com seu monômero, por considerá-la fora da vocação do grupo. Pelo flanco do comércio exterior, o dirigente adianta o intento de exportar PS para o México a custos competitivos permitidos pelo emprego de monômero importado em regime de draw back. No caso, a escora da Unigel provém de sua familiaridade com o mercado mexicano, pois lá possui uma planta de chapas acrílicas cast, cinco centros de distribuição (além de um nos EUA) e uma unidade de acrilonitrila em joint venture com a petrolífera estatal Pemex. “No âmbito de PS, o país exporta cerca de 200.000 t/a e consome 500.000, das quais 300.000 importadas”, explica o empresário, dando a entrever uma fresta folgada o suficiente para embarcar o volume de resina pretendido. • 4-8 MAIO 2015 d a s 11 h à s 2 0 h Anhembi | São Paulo - SP TRANSFORME B O N S N E GÓ CI O S E M SUCESSO NA FEIRA ESSENCIAL PARA O MERCADO DO PLÁSTICO. SEJA UM EXPOSITOR! 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Devido a esse cordão umbilical, o vinil mostra-se tão dependente quanto o próprio PIB do Brasil em relação ao pêndulo do mercado predial e de infraestrutura. Mas, apesar da atual paradeira geral do setor, nas suas entrelinhas vicejam ilhas vendendo saúde. É o caso da ala dos pequenos transformadores de conexões, reduto no qual a Chiva Plásticos sobressai a ponto de ter sido contemplada em 2013, por sua gestão de qualidade, como melhor micro e pequena empresa do Paraná e uma das três melhores do país, com o prêmio concedido pelo Movimento Brasil Competitivo e pela Fundação Nacional da Qualidade. A cultura da excelência ricocheteia direto no balanço dessa indústria assentada há 22 anos em Palmas, no sudoeste paranaense. “Projetamos para 2014 faturamento da ordem de R$15 milhões, receita 10% acima do ano anterior e prevemos crescimento de 20% em 2015”, comemora o diretor Sadi Marini Junior. No embalo, ele revela o projeto de partir uma unidade de tubos em 2016 e acalenta enriquecer o portfólio da Chiva com a entrada na extrusão de telhas de PVC. Essa intenção tem sido alimentada pela atuação em paralelo da empresa como distribuidora exclusiva para a região sul da mineira Precon, pedra de toque brasileira em telhas do vinil. Na foto atual, desvenda Marini Junior, a Chiva produz conexões de acessórios de PVC pelos processos de injeção, rotomoldagem e a denominada atividade de moldagem. “Consta de um processo de transformação do tubo de PVC para conexões (acima de 200mm de diâmetro)”, esclarece o dirigente. “É efetuado através de processo de conformação do tubo mediante 54 plásticos em revista Novembro / 2014 etapas como corte, lixa, embolsadeira, solda, fibra e serigrafia”. Em média, ele estima, a capacidade total da planta consome 65 t/ mês de compostos adquiridos, em especial da Karina e Dacarto Benvic. “Terceirizávamos por inteiro a área de injeção até 2013”, explica o porta-voz. “Hoje em dia, a planta roda com três injetoras, a menor delas de 380 toneladas, e contratamos o serviço de mais quatro em atividade em fornecedores da Chiva”. Em relação ao seu parque industrial, Marini Junior informa trabalhar com o parâmetro de 10 anos, em média, de vida útil por máquina. “Nossa meta é comprar um equipamento novo a cada seis meses”, estabelece. No momento, encaixa o diretor, a Chiva destina de 6% a 8% de sua receita anual à manutenção preventiva e renovação do parque de máquinas que é completado por duas linhas de rotomoldagem e 21 equipamentos de moldagem. Em Palmas, o galpão alojado em terreno de 12.000 m² recorre a três sistemas de climatização. “A fábrica conta com exaustor eólico de teto, lanternim e sistema de ventilação forçada, ligado apenas no pico do verão”, esclarece o dirigente. Para o monitoramento da produção, detalha Marini Jr., a indústria recorre ao software de gestão ERP (Enterprise Resource Planning). “Por meio de apontamentos por setor, ele indica o transcurso de cada parte do processo”, observa. Aos seus olhos, a manufatura opera bem servida pela automação. “São exemplos o sistema de alimentação a vácuo das injetoras e a ponta rolante, apta suportar até cinco toneladas, para descarga Marini Jr: meta de comprar máquina a cada semestre. de paletes ou big bags de matéria-prima”, expõe. A saída dos produtos das máquinas, ele admite, por ora é realizada por calhas ou intervenção manual e, no plano de metas para 2015, Marini Junior já incluiu a inserção de dispositivos de automação no processo de moldagem. “Assegura aos processos melhor nível de repetitibilidade”, justifica. Com operação em regime de três turnos ininterruptos, a Chiva possui 15 funcionários na área administrativa e 59 na produção. Credenciada pela ISO 9001, a empresa empreende anualmente uma análise da necessidade de treinamentos e cursos para reciclar e apurar os conhecimentos do pessoal do chão de fábrica. “Esse levantamento determina o cronograma de treinamentos para o ano seguinte”, explica Marini Junior. De janeiro a outubro último, ele delimita, foram dedicadas, em média, 23 horas de treinamento e capacitação por colaborador. “Para 2015, já temos um projeto de incentivo e bonificação para o funcionário que voltar a estudar”. Em meio à inquietação generalizada na indústria nacional quanto à escassez de pessoal capacitado a contento, o dirigente considera sua empresa afortunada por estar sediada num local de mão de obra farta, comprometida e de boa qualidade. Também para contribuir para o preparo do pessoal e lavrar um tento no âmbito de responsabildade social, Chiva Plásticos: crescimento apesar da crise. emenda o diretor, a Chiva concede bolsas de estudos, em colégio da rede escolar da base paranaense do Serviço Social da Indústria (Sesi), estendida a filhos de funcionários e adolescentes carentes que se destaquem em escolas públicas, para concluírem o ensino médio. Pelo flanco da produtividade, a Chiva é objeto de auditorias semestrais e anuais de gestão. “Também atuamos no terreno da inovação e melhorias a exemplo da busca de meios para reduzir os gastos de energia ou o refugo gerado em linha, incentivando e bonificando os autores das ideias”, assinala Marini Junior. Entre as sacadas dos funcionários premiadas, ele apresenta o projeto para economizar glicerina evaporada no setor de conexões. “Foi aprovada a sugestão de implantar um exaustor para captar a glicerina com apoio em coifas instaladas no ponto de saído do vapor em cada máquina (panela)”. A seguir, a glicerina entra em condensação num reservatório e segue para ser reaproveitada na linha de 55 plásticos em revista Novembro / 2014 produção. Na mesma trilha, Marini Junior destaca o desenvolvimento interno de um maçarico para solda de PVC mais leve, barato, ergonômico e gerador de menos aquecimento que o tipo oferecido por um fornecedor. Outro lance de epifania dos funcionários, ele enaltece, foi a instalação de refletores ecológicos na produção, para melhorar a claridade e ventilação, além de economizar energia. Ainda na esfera do engajamento na sustentabilidade, Marini Junior sublinha que todos os refugos gerados na linha da Chiva são reaproveitados ou vendidos. “No setor de injeção, 90% são reutilizados como matéria-prima e 10% comercializados para indústrias de tubos e conexões de eletrodutos, o mesmo destino de 100% da sucata gerada pela nossa área de moldados ”, ele fecha. • sustentabilidade Muzzicycle Fernanda de Biagio Pedalada ecológica Bicicleta de plástico reciclado tem pegada sustentável, mas a arrancada não é fácil. Muzzicycles: quadros moldados com blends de resinas recuperadas. T em tudo a ver: combina sustentabilidade e mobilidade urbana com saúde e bem estar. Mas a ideia continua dura de sair pedalando. Qual é o problema com a Muzzicycle, a bicicleta com estrutura de plástico reciclado? A resposta vem do criador do artefato, o uruguaio Juan Muzzi. “Ecologia é demagogia”, ele dispara, ao contar a história sobre como lhe bateu a epifania relativa à confecção do quadro da Muzzicycle, cuja produção ainda carece de escala suficiente para baratear o preço final de R$ 1.100 da bike. A história de Muzzi no ramo do plástico começou em 1976, quando abriu uma fábrica para produzir uma pomba de brinquedo. Desde então, ele está à frente da Imaplast, cujo forte é ferramentaria. A empresa também se especializou na injeção de tampas e lacres, todos patenteados, garante o industrial. Em 1998, ano em que Muzzi produzia patinetes, atividade abandonada devido à invasão de artigos chineses, veio a ideia para o quadro de plástico. “Visitei uma fábrica de bicicletas e vi que a produção era muito difícil. Havia mais de cem pessoas trabalhando na solda de inúmeros componentes. Considerei 56 plásticos em revista Novembro / 2014 um processo arcaico”, ele lembra. A veia ecológica saltou com o plano de utilizar plástico recuperado, em princípio PET, na composição da resina. Até acertar o molde do quadro foram seis tentativas e igual número de fracassos. “É muito difícil fazer algo sem similar algum no mundo”, considera o empresário. Em 2010, quando Muzzi chegou ao modelo que queria, acabou o dinheiro e o projeto ficou dois anos parados. “Até aquele momento, investimos cerca de R$ 4 milhões”, ele calcula. Faltava ainda o financiamento para a confecção do molde definitivo e o inventor tomou uma porta na cara do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Eles me disseram que se a ideia fosse realmente boa, já teria sido colocada em prática pelos norte-americanos ou chineses”, conta. Retomando o fio, Muzzi entrou então em contato com o Banco de la República Oriental del Uruguay, que acreditou no invento e emprestou US$ 1,3 milhão complementares para o início da produção. Depois disso, o mais trabalhoso foi conseguir a patente do molde definitivo, mas hoje Muzzi exibe orgulhoso os certificados obtidos nos Estados Unidos e Holanda, válidos em todo o mundo. Toda a cadeia de fabricação do quadro é terceirizada, desde o processamento de matéria-prima recuperada, extrusão dos compostos e injeção da peça, esta realizada em uma máquina de 1800 toneladas de força de fechamento. Questionado sobre a possibilidade de trazer essas etapas para dentro de casa, Muzzi avisa que é inviável economi- Muzzi: desinteresse do BNDES levou a financiamento uruguaio. camente devido ao baixo volume. O molde consegue gerar perto de 9000 quadros por mês, em ciclos de três a quatro minutos, em média, dependendo do material processado. O artefato é feito de blendas que levam PET, reciclado ou não, poliamida (PA), acrilonitrila butadieno estireno (ABS) ou polipropileno (PP), conforme a necessidade do cliente. Embora a Muzzicycle possa ser adquirida na loja virtual da empresa, não há muitas unidades em estoque e os lotes maiores são sempre feitos por encomenda. Um projeto quente está sendo tocado a quatro mãos com a fonte de água mineral Rocha Branca, cujos galões de plástico, quando chegam ao fim da vida útil, são reprocessados e transformados em Muzzicycles. Muzzi tam- bém toca uma parceria com uma empresa de cosméticos que envia refugos de embalagens de PET para ser transformadas em quadros de bicicleta. “Estamos agora negociando com o Parque do Ibirapuera (SP). Eles querem reaproveitar as garrafas descartadas pelo seus 1,5 milhão de visitantes mensais”, Muzzi prospecta. Uma iniciativa similar já foi realizada na cidade de Indaiatuba, interior paulista. O industrial, aliás, só não desistiu da produção local por conta do volume exportado para países como Honduras, Colômbia, Chile, México e Itália, e pela impulsão dada pela Borealis, parceira no fornecimento de compostos de PP. “Eles apostaram no projeto e desenvolveram uma fórmula exclusiva para a Muzzicycle”, comemora o inventor. Por ora, a produção das bicicletas não se paga e a empresa depende de suas outras atividades para continuar na ativa. Muzzi não prospecta novos investimentos enquanto o financiamento atual não for pago, mas está adaptando seu galpão no Bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, para montagem de 2000 unidades por mês. A maior parte dos componentes da bicicleta, como pneu, aro, selim e guidão, são comprados no Brasil, ao passo que partes como corrente e engrenagem traseira são trazidas da China. O câmbio é da grife japonesa Shimano, referência mundial nesse tipo de produto. Pronta, a Muzzicycle pesa 12 kg, enquanto o 57 plásticos em revista Novembro / 2014 quadro sozinho tem 5 kg aproximadamente, de acordo com o composto aplicado. Se as recomendações de conservação forem seguidas, Muzzi dá garantia vitalícia ao quadro da bicicleta. O produto é testado pelo laboratório Falcão Bauer, parte da Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios (RBLE) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “A aprovação final é nossa. Conduzimos testes internamente e só depois de passar por eles a bicicleta pode ir para a rua”, sinaliza Muzzi. As sacadas proliferam na cabeça do empresário de 65 anos feito escândalos em estatais. Ele já começa a desenvolver moldes para fazer também de plástico o para-lama e o suporte para garrafa da Muzzicycle. A empresa, da mesma forma, testa materiais de fonte renovável para incorporação nas fórmulas dos compostos. “Em algum momento, o petróleo deixará de ser usado e talvez nossos bisnetos vejam ações mais concretas nesse sentido”. A capacidade de Muzzi de criar desabrochou quando ele tinha 14 anos e fazia entalhes de madeira e os vendia no povoado uruguaio de La Paz. Suas criações de plástico, que incluem a mola mania, febre nos anos 1980, tomam forma no ateliê onde Muzzi pendura quadros pintados por ele mesmo, entre prateleiras atulhadas de livros de arte sobre Dalí, Gaudí, Matisse e Miró. Inspiração não falta. • TENDÊNCIAS Prótese Fernanda de Biagio 3D em carne e osso U m projeto do professor Nilo Mestanza Muñoz e 12 pesquisadores na Universidade Federal do ABC (UFABC) deve contar pontos para popularizar a impressão 3D no Brasil. Sem bolsa ou financiamento a tiracolo, o grupo começou há dois anos a desenvolver um equipamento mais barato e versátil que os convencionais na praça. Em regra, atesta o cientista, impressoras 3D processam copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) ou ácido polilático (PLA). “A nossa máquina utiliza qualquer material com temperatura de fusão de até 500ºC, inclusos poliamida (PA) e PVC”, ele sublinha. O preço do invento gestado na universidade beira U$ 1000, enquanto alguns tipos importados de alta tecnologia chegam a sair por algumas centenas de milhares de dólares, ele compara. A tacada deu certo a ponto de extrapolar a pesquisa acadêmica e, até agora, o grupo contabiliza quatro equipamentos produzidos e aperfeiçoados a cada unidade montada. Uma das formas de baratear a impressora, detalha Muñoz, é a utilização de software do tipo open source, ou código aberto, cuja licença para uso não é cobrada. O próximo passo buscado pelo grupo de pesquisadores, batizado de Dinama, é a possibilidade de ter na máquina um só bico extrusor que Muñoz: próteses mais acessíveis com impressora 3D brasileira. consiga processar mais de um material ou cor na mesma operação. Outras impressoras 3D, esclarece o especialista, mostram-se aptas a lidar com diferentes tipos de termoplásticos, porém sem que estejam juntos. A impressora 3D montada na UFABC é indicada para prototipagem rápida em diversos ramos, a exemplo do fornecimento de brinquedos e autopeças. Contudo, o projeto que mais ganhou relevância até agora foi a de prótese de mão, de apenas 400g, feita de ABS. O grupo já imprimiu todas as peças de um modelo utilizado para terapia de quem teve esse membro amputado. A inspiração, conta Muñoz, veio do exoesqueleto desenvolvido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, do corpo docente da Duke University, integrante da primeira linha do ranking do 58 plásticos em revista Novembro / 2014 ensino superior nos EUA. Sua invenção, aliás, permitiu a um jovem com paralisia nas pernas mover de leve a bola do jogo Brasil x Croácia no Itaquerão, como parte da festa da abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho passado. Maria Elizete Kunkel, professora da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), já trabalhou com o grupo do professor Nilo Muñoz. A prótese de ABS, ela assinala, ainda não foi regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) porque sua vida útil e resistência, por ora, não foram devidamente estudadas. De qualquer forma, concorda, configura uma opção de confecção rápida e baixo custo em comparação a contratipos de materiais tradicionais, mesmo que apenas usada dentro de hospitais para tratamento de deficientes físicos. Amputados no Brasil chegam a esperar anos por uma prótese definitiva, salienta a doutora. No plano geral das impressoras 3D, retoma o fio Muñoz, esse é o momento em que o equipamento, antes restrito às indústrias automobilísticas e aeroespacial, começam a se massificar mundo afora. Isso aconteceu, ele assinala, pela necessidade de se fabricar protótipos de forma ágil e acessível, mesmo em pequenas empresas. “Foi também a motivação para criarmos nossas impressoras”, conclui o pesquisador. •