ASPECTOS TÉCNICOS À IMPLANTAÇÃO DE VIVEIROS DE SERINGUEIRA Daniele Rodrigues Gomes1, Huezer Viganô Sperandio², Marcos Vinicius Winckler Caldeira³ 1,2 Graduando Engenharia Florestal/UFES, Av. Governador Lindemberg, 316 (NEDTEC), Centro Jerônimo Monteiro – ES, 29550-000, [email protected], [email protected] 3 Prof° DSc Departamento de Engenharia Florestal/UFES , [email protected] Resumo- A borracha natural é a matéria prima base nos diferentes ramos da indústria moderna (cosméticos, farmacêutica, pneumática, brinquedos, entre outras), contudo a produção brasileira de látex não é suficiente para atender toda a demanda existente no mercado nacional. Com isso, é necessária a implantação, além da melhoria genética dos clones existentes, de mais áreas de heveicultura no país. Surge então a necessidade de se produzir mudas de qualidade que atendam os padrões silviculturais, a fim de maximizar o potencial da cultura da seringueira. O objetivo deste trabalho é fornecer um subsidio para produção de mudas de seringueira com qualidade, em padrões que atendam economicamente o viveirista e o produtor, e fornecer uma base científica agrupada quanto à metodologia de viveiros de seringueira. Palavras-chave: enxertia marrom, produção de mudas, Hevea brasilensis Área do Conhecimento: Ciências Agrárias Introdução O Gênero Hevea, é um membro da família Euphorbiacea, e compreende cerca de 11 espécies, das quais a H. brasiliensis é a mais plantada e explorada comercialmente. A seringueira é uma cultura com grande potencial, seja econômico ou ecológico. A atual importância da borracha natural transcende o uso no transporte rodoviário, para ser aplicado em praticamente todos os ramos da atividade humana (farmacêutica, brinquedos, revestimentos e forrações, dentre outras). A cultura ainda possibilita a obtenção de renda em outros produtos como o óleo de sementes, que é muito usado na indústria de tintas e vernizes (LORENZI, 2000), mel, e torta para alimentação animal (IAC, 2004). De acordo com Macedo et al. (2002) as perspectivas para o mercado da borracha no Brasil são as melhores possíveis, o que se deve não apenas à produção ainda insuficiente para atender mercado nacional, como também à tendência de aumento de preços internacionalmente, devido o aumento do consumo e estabilização da produção mundial. Segundo Carmo et al. (2003) a espécie constitui uma boa opção para áreas degradadas por oferecer uma excelente cobertura vegetal ao solo. Ainda de acordo com os autores, a cultura propicia ganhos ambientais por estocar carbono em quantidades equivalentes ao da floresta natural. Contudo, é necessário anteriormente à implantação da heveicultura, estudos que viabilizem a produção de clones e mudas de qualidade à implantação desses povoamentos, em nível de viveiro e à campo. Desde modo, o viveiro possui por finalidade a produção e o manejo de mudas, ou seja, as fases iniciais de desenvolvimento das , preparando-as para sua adaptação no campo após o plantio. No que diz respeito aos aspectos técnicos para produção de mudas de seringueira em viveiros de sacos plásticos, observa-se uma lacuna quanto à qualidade e quantidade das mudas. Desta forma, este trabalho visa fornecer informações sobre a cadeia produtiva de um viveiro de sacos plásticos, visando à produção de mudas de seringueira com qualidade. Metodologia O viveiro, segundo Farias et al (2009) deve ser construído em local próximo, preferencialmente central às áreas de plantio, para que o transporte das mudas para transplante não se torne muito oneroso, e em terreno plano levemente inclinado (2 a 4 %) e o menos acidentado possível. Também deve estar sujeito à maior incidência possível de luz e calor, em local arejado, porém protegido de ventos fortes. O processo de produção de mudas constitui-se na coleta das sementes, germinação, transplante, enxertia e avaliação final da muda. As sementes forma obtidas de árvores sadias e vigorosas (árvores matrizes), para garantir a qualidade e fornecer o vigor necessário para um bom desempenho e a confirmação da sanidade. O transporte das sementes ocorreu em temperaturas mais amenas, desta forma evitou-se XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 as horas mais quentes do dia, de maneira com que as sementes fiquem protegidas da ação direta do sol e da chuva, sendo armazenadas em geladeira, no máximo, por dois dias, ou em local fresco e ventilado, porém é recomendado utilizálas imediatamente. Após o processo de logística, as sementes ao chegarem ao viveiro, foram distribuídas em sementeiras com o micrópilo voltado para o substrato, o qual era constituído de areia lavada, por apresentar uma aeração, e manter as sementeiras em condições ideais de umidade. A irrigação neste estágio foi realizada diariamente, nos período matutino e vespertino, ou seja, evitaram-se os horários de maior insolação e maiores temperaturas do dia, para manter o leito da sementeira sempre úmida. Os recipientes utilizados foram sacos plásticos, pois apresentam a vantagem de dispensarem grandes investimentos em infra-estrutura, e a facilidade da ausência de transplante da muda já enraizada no substrato final. O canteiro, no qual ficam dispostos os sacos plásticos é constituído de uma vala escavada com 0,30m de profundidade e 0,40m de largura, onde são colocados em fileira dupla e enterrados até quase sua borda (ficando exposto apenas 0,05m do saco plástico) (Figura 1). Quando a muda atingiu 2cm de diâmetro a 5cm do solo, inseriu-se uma haste madura de plantas especialmente selecionadas, processo denominado de enxertia marron. Resultados A germinação iniciou entre o 7° ao 10° dia após a semeadura, normalmente ocorrendo a germinação de 60% das sementes (MARQUEZ, 2007) . As plântulas ao atingirem o estádio de “palito” ou “pata de aranha”, no 10° o 14° dias, foram cuidadosamente coletadas e transplantadas para o saco plástico, corretamente preenchido com substrato, e dispostos já encanteirados. Segundo Bataglia e Santos (1998), na formação de mudas o objetivo da fertilização deve se prender à produção de plântulas uniformes, portanto com elevado aproveitamento para enxertia e precocidade em algumas regiões. Nessa condição a adubação deve suprir pelo menos os nutrientes removidos para a produção da parte aérea dos porta-enxertos. Após 10 a 12 meses acondicionada nos canteiros foi realizada a enxertia das mudas (cavalos ou porta enxertos) de seringueira, que consiste na inserção de uma haste. Decorridos 21 dias após a enxertia, fez-se a primeira verificação do enxerto, transcorridos mais sete dias, a segunda verificação. Concluída esta prática as mudas tornaram-se aptas a serem decapitadas e levadas para o local definitivo (campo). Discussão Observou-se uma lacuna no que diz respeito aos aspectos técnicos para produção de mudas de seringueira em viveiros de sacos plásticos, quanto à qualidade como em quantidade. O dimensionamento dos canteiros é limitado pelo número de mudas a ser produzido e/ou tamanho disponível no viveiro. Contudo em vias gerais, o dimensionamento pode ser delimitado pelas Eqs 1 e 2. L=0,46*F + 0,8*(F-1) (1) C=(M*0,23 – 0,05)/2 (2) Onde: L: Largura total dos canteiros (m) F: Número de canteiros desejados C: Comprimento do canteiro (m) M; Número de mudas desejado por canteiro. Figura 1. Esquematização Adaptado de Marquez (2007) dos canteiros. A Equação 1 permite estabelecer a largura total dos canteiros, caso se tenha conhecimento do número de canteiros desejado, ou por sua reorganização, conforme Eq 3, determinar o número de canteiros numa área existente. A Eq 2 possibilita estimar o comprimento de cada canteiro XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 pelo número de mudas que se deseja produzir, ou por sua reorganização, Eq 4, determinar o número de mudas numa área conhecida. F=(L+0,8)/1,26 (3) M=(2C+0,05)/0,23 (4) Conclusão A seringueira apresenta uma rusticidade considerável, pois não necessita de quebra de dormência e seu desenvolvimento inicial (plântula para muda) não necessita de irrigação constante como em outras culturas. Sua germinação inicia aos 7 dias, e seu período de permanência no viveiro fica em torno de 10 a 12 meses, sendo assim, realizada sua enxertia. As equações para dimensionamento do viveiro aplicam-se de forma satisfatória, fornecendo subsidio às pesquisas e implantação de viveiros de seringueira. MACEDO,R.L.G.; OLIVEIRA,T.K.; VENTURIN,N.; GOMES,J.E. Introdução de clones de seringueira no Noroeste do Estado de Minas Gerais. Cerne, Lavras, v.8, n.1, p.124-133, 2002. MARQUEZ, P.C. A cultura da seringueira (Hevea brasiliensis).In: OLIVEIRA, JT; FIEDLER,NC; NOGUEIRA, M.(Eds).Tecnologias Aplicadas ao Setor Madeireiro II Vitória: Aquarius. 2007. 302p Agradecimentos Aos esclarecimentos prestados pelo MSc Paulo Cesar Marquez, pesquisador do INCAPER. Referências CARMO, C. A. F. S.; MENEGUELLI, N. A.; LIMA, J. A. S.; MOTTA, P. E. F.; ALVARENGA, A. P. Estimativa do estoque de carbono na biomassa do clone de Seringueira RRIM 600 em solos da Zona da Mata, Minas Gerais. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 24. 2003. Disponível em < http://www.repdigital.cnptia.embrapa.br/handle/CN PS/11870>. Acesso em: 08/08/09 FARIAS, A.L.S.; JÚNIOR, R.P.; FREIRE, S.Y.; ALENCASTRO FILHO, T.R. Manual Para Implantação e Manutenção de Viveiro de Pequeno Porte. Disponivel em < www.casataboca.org/downloads/Manual-deViveiro.pdf>. Acesso em 05/08/09 IAC - INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Programa Seringueira. 31/8/2004. Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/centros/centro_cafe/serin gueira/programa seringuiera.htm. Acesso em: 06/08/2009 LORENZI,H. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. v.1, 3ª ed. Nova Odessa. Editora Plantarum, 352p, 2000. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3