“MALHADAS E REMALHADAS”: RAUL GOMES E O USO DA IMPRENSA EM
PROL DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA (1925-1971)
Prof. Dra. Dulce Regina Baggio Osinski
[email protected]
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Anna Carolina Brandalise
[email protected]
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Palavras-chave:
Raul Gomes; imprensa e educação; educação no Paraná
Introdução
A difusão do livro e o desenvolvimento da imprensa pelos aprimoramentos da
tecnologia editorial, nas primeiras décadas do século XX, deram amplitude às expressões dos
interesses públicos e comunitários. Ser jornalista nesse momento era mais que ter uma
profissão: era também possuir representação destacada e elevada socialmente. No caso do
Paraná, a vinculação aos meios de comunicação tinha também relações com a ideia da
formação de um espírito paranaense, da busca pelo progresso e do serviço em benefício do
bem comum. Esses objetivos foram perseguidos pelos intelectuais paranaenses, que fizeram
das páginas dos jornais sua tribuna privilegiada. Entre eles, destaca-se a colaboração de Raul
Gomes1, considerado por seus contemporâneos o decano da impressa do Paraná.
Signatário do Manifesto dos Pioneiros pela Educação Nova (1932), Raul Rodrigues
Gomes publicou milhares de artigos em jornais paranaenses e de circulação nacional 2. Sua
produção jornalística estreou no ano de 1908, aos dezenove anos de idade, com o artigo
“Assuntos Pedagógicos”, publicado no Diário da Tarde, terminando somente por ocasião de
seu falecimento, em outubro de 1975. Para empreender campanhas em benefício da educação
1
Raul Rodrigues Gomes nasceu em 1889 em Piraquara, PR e morreu em 1975 na cidade de Curitiba,
PR. Era filho de Guilhermina Negrão da Costa Gomes, professora e de Joaquim Rodrigues Gomes, comerciante.
Professor de escolas públicas de Morretes, Rio Negro e Curitiba, Raul Gomes formou-se pela Escola Normal e
mais tarde diplomou-se em Direito. Na Universidade Federal do Paraná, habilitou-se à cadeira de Economia
Política. Também foi funcionário dos Correios e professor de contabilidade.
2
Os jornais paranaenses nos quais encontramos artigos de Raul Gomes são: Archote, A República,
Diário da Manhã, Diário do Paraná, Diário do Campo, Diário Popular, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná,
Folha do Norte do Paraná, Folha de Curitiba, O Comércio do Paraná. Nos jornais O Dia e Diário da Tarde, além
de jornalista, figurou como redator chefe. Fora do Paraná, Raul Gomes publicou artigos nos jornais Folha da
Manhã, Diário de São Paulo, O Globo e Diário de Notícias. Escreveu diversos livros, principalmente sobre
educação, dentre os quais A Instrução Pública no Paraná (1914) e Missão e Não Profissão (1928).
e da cultura3, Raul Gomes assumidamente utilizava-se dos jornais de modo a invocar atenção,
mobilizando a população e as instituições sociais. Autor prolífico, publicou muitas vezes mais
de um artigo em um mesmo dia e jornal, utilizando-se com freqüência de pseudônimos4, de
acordo com uma obstinação e força de convencimento através da redação e publicidade,
tomando para si essa atitude em tom confesso: “Escrevinhador obscuro de jornal, sei que as
idéias só triunfam à força de malhadas e remalhadas” (GOMES, 30 jan. 1925, p. 2). Tendo
atuado como professor das três esferas de ensino – primário, secundário e superior, nas
cidades de Morretes, Rio Negro e Curitiba, Gomes considerava a profissão como um
sacerdócio e a defendia veementemente. Também foi partícipe do processo de aparelhamento
cultural da cidade de Curitiba e do Estado do Paraná ao ajudar a criar instituições como
associações, museus e bibliotecas, todas em atividade até hoje. Por meio de campanhas
empreendidas nos jornais e também de suas ações articuladoras, teve participação ativa na
fundação da Academia Paranaense de Letras, da Academia Paranaense Feminina de Letras, da
Escola de Música e Belas Artes do Paraná, da Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê
(SCABI), do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Paraná, e do Centro de Letras
do Paraná. Criou o órgão OPALA – Operação Paraná de Liquidação do Analfabetismo, em
Morretes, e também o GERPA – Grupo Editorial Renascimento Paranaense, dedicado à
publicação de clássicos e de obras de autores paranaenses. Organizou concursos de literatura e
participou das campanhas de federalização da Universidade do Paraná. Mobilizou ainda a
opinião pública em favor da construção da Biblioteca Pública do Paraná e do Teatro Guaíra.
Promoveu a grande exposição de arte paranaense no Rio de Janeiro, com a participação de
cerca de 130 obras entre esculturas, pinturas e gravuras (EXPOSIÇÃO de arte paranaense, jul.
1944, p.6). Essa mostra teve boa divulgação, tanto na imprensa paranaense quanto na carioca,
afirmando que pela primeira vez se pôde admirar no Rio uma exposição de artistas
paranaenses (EXPOSIÇÃO de arte paranaense, ago. 1944, p. 14-15). Da mesma forma,
promoveu a primeira exposição de arte infantil no Paraná, ao lado de Erasmo Pilotto e Guido
Viaro. Fundou ainda a Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, criou a campanha para a
imortalização de Júlia Wanderley e contribuiu para a idealização da Academia Feminina de
Letras do Paraná. Por sua iniciativa, foram criadas diversas bibliotecas na capital e no interior
do Estado.
3
Sobre a atuação de Raul Gomes na educação e na cultura do Paraná, ver Osinski (2010; 2011). Nesses
artigos, a autora insere Raul Gomes na visão de intelectual e relata o uso da imprensa por ele como veículo de
expressão e defesa de suas ideias.
4
Estreou assinando Raul Gomes e por fim passou a utilizar seu nome completo. Em ficha
autobiobibliográfica de sua pasta na Seção Paranaense da Biblioteca Pública do Paraná, assume que eram
“muitíssimos” seus pseudônimos: Fígaro, Mendes Fradique, Tolstoi, Fradique Mendes, Nemo, etc.
A preocupação de Raul Gomes em empreender ininterruptamente campanhas na
defesa da educação e da cultura por meio da imprensa vai de encontro com a definição de
Gramsci (2004) do intelectual como organizador de estruturas sociais, que possui capacidade
dirigente e técnica de gerar condições favoráveis à expansão de sua própria classe. O autor
enfatiza que esse intelectual possui semelhanças com o espírito de seu grupo, e que a medida
de sua influência está na expressão consciente e orgânica de um bloco social, não sendo
apenas uma intervenção individual ou particular. Com a difusão do livro e da imprensa
periódica, a situação do intelectual tornou-se mais definida, e essa disposição assinalada por
Gramsci se revela nos artigos de Raul Gomes, em discursos que reafirmam sua confiança na
própria autoridade diante do meio social do qual fazia parte:
Devo afirmar que possuo credenciais, técnicas, intelectuais e morais para
abordar a questão [...] com a circunstância de desenvolver atividades sociais
intensas pelo bem publico [...], uma peleja ímpar, sem competição no
esforço pela palavra, pela instrução. (GOMES, 9 dez. 1970, p. 2).
Na interpretação de intelectual por Vieira (2008, p. 71), o termo nomeia um sujeito
público coletivo, sendo o jornal um meio apropriado para que os intelectuais difundam suas
ideias, pois configura um instrumento para chamar atenção para as questões sociais. O autor
assinala as relações freqüentes dos intelectuais com os poderes social e político: “[...] além de
deterem competência para operar com a palavra, com o discurso, ocuparam púlpitos
socialmente valorizados na imprensa, no Estado, nas instituições de ensino e nos círculos de
cultura.” (VIEIRA, 2008, p. 74). Nesse sentido, é evidente a posição ocupada por Raul
Gomes quando ele comenta sobre a criação da Casa de Alfredo Andersen e sobre a
importância do então interventor do Estado do Paraná Manuel Ribas na viabilização desta,
indicando seu trânsito no meio político paranaense:
Manuel Ribas era um estadista que mal tivera um curso primário frágil na
sua estrutura. Entretanto que visão fabulosa de estadista! Posso testemunhar
essas asserções porque, não obstante tê-lo desde o inicio combatido tivemos
incontáveis contatos em que tive com ele me convocava ou eu o procurava
para pleitear coisas como a criação da escola de belas artes, a fundação do
Salão de Belas Artes minha iniciativa com o concurso de De Bona, a grande
exposição de todos os artistas paranaenses no Rio. (GOMES, 19 set. 1970,
p.2).
Vieira ainda afirma que o jornal impresso tem proximidade com os acontecimentos e
caráter polêmico, relacionando-se à cidade e dando a noção da trama dos conflitos e
experiências sociais em uma ampla perspectiva da sociedade e de seus problemas. Segundo o
autor, o jornal é mecanismo de produção de memória e protagonista social, tendo permitido
“ao intelectual [...] marcar presença na cena pública para além dos espaços restritos dos
círculos de letrados” (VIEIRA, 2007, p. 15). Podemos perceber esse uso da imprensa por Raul
Gomes quando, preocupado com o aparelhamento cultural da cidade de Curitiba, o intelectual
evoca a população no artigo intitulado “Curitibanos, uni-vos para a reconstrução do Guaíra!”,
para que insista junto às autoridades no sentido da reconstrução do teatro:
Se dispusera de prestigio, como esses lideres políticos de um centripetismo
irresistível, lançaria uma proclamação para convocar o povo para
mobilização integral em torno do governador Paulo Pimentel com a meta
irreversível de se cooperar para a reconstrução do Guaíra em ritmo de
“marche marche”, (GOMES, 29 abr. 1970, p. 2).
Raul Gomes faz uso de uma retórica que ao mesmo tempo tem o efeito de mobilizar a
população para a causa defendida, e de provocar os governantes e personalidades influentes
para a tomada de atitudes. Para ele, a reconstrução do Teatro Guaíra revestia-se de
importância universal, pois esse não deveria ser um local usufruído apenas pelo grã-fino, mas
também pelo intelectual, pelo artista, pelo pobre e menos instruído.
No estudo citado anteriormente, Vieira (2007) assinala que o jornal pode ser pensado
como ícone da modernidade, pois possui alta abrangência e propicia o debate público
(VIEIRA, 2007, pp. 18, 19). Raul Gomes exprime consciência desse debate na obra Cem
Anos de Imprensa do Paraná depondo que a norma do jornal “Diário da Tarde” era a de
“conhecer a imensa importância do fato” na oportunidade precisa, “para achá-lo, narrá-lo,
explorá-lo” (GOMES apud PILOTTO, 1976, p. 31).
As campanhas e o discurso
Pelo fato de ser professor e um mestre da prática de redação, tendo escrito obras sobre
esta temática5, Raul Gomes dispunha de habilidades para convencer o leitor, aliadas ao
profundo conhecimento de seus assuntos, que versavam sobre uma gama variada, desde
economia à política, mas principalmente sobre cultura e educação, sendo que uma de suas
maiores preocupações dizia respeito à falta de instrução e cultura, sem as quais uma nação
não poderia considerar-se civilizada nem poderia vencer os problemas mais difíceis da
existência.
A maneira de Raul Gomes infundir nos leitores suas teses era através da insistência e
essa atitude é assumida reiteradamente em seus artigos. No artigo “Analfabetismo e
Educação: sem a conscrição escolar não acabaremos aquele nem desenvolveremos esta”, o
5
A obra “Prática de Redação” teve sucessivas edições (GOMES, 1927; 1931; 1967), tendo também Gomes
publicado a obra intitulada “Redação sem mestre” (GOMES, 1967).
autor expõe seus argumentos quanto à necessidade da conscrição escolar6 e diz no último
parágrafo: “Já datilografei mais de uma vez neste artigo êsse vocábulo [conscrição escolar]. E
o fiz e farei dezenas, centenas, milhares de vezes como um refrão perene” (GOMES, 22 jan.
1970). Para tornar o discurso cada vez mais persuasivo e emocional, Gomes utiliza-se de
caixa alta e reitera os temas e a redação para enfatizar excessivamente o fato: “AFIRMO, E
REAFIRMO, E INSISTO, TEIMO” (GOMES, 22 jan. 1970). Em outras vezes coloca em
evidência sua ação persistente junto aos leitores:
Talvez cometa erro quando insisto, e teimo, e me obstino em chamar a
atenção das autoridades educacionais do Brasil para este ponto de vista [...] a
luta contra o analfabetismo deve partir de baixo para cima, da criança para o
adulto [...]. (GOMES, 04 nov. 1970, p. 2).
Raul Gomes era consciente de sua profissão de jornalista e do alcance de seu discurso
veiculado nos jornais, pois reafirma-se a todo momento nessa condição e deixa claro para o
leitor que o que fala é crível:
Na década inicial do século eu escrevia em jornais temas ligados à questão.
E pela existência afora, nos meus bons (raros) e maus dias (muitíssimos, pois
a atribulação me constituiu uma carga pesada) me dediquei, fora de meu
horário retribuído à luta contra a pandemia nacional do analfabetismo.
Possuo, como nenhum conterrâneo meu, credenciais de prioridade,
constância e desinteresse material ou burocrático pela causa suprema do
Brasil. (GOMES, 17 nov. 1966, p. 7).
Sempre preocupado com a educação e a cultura, dedicou artigos para a criação e
defesa das instituições que as promovessem. Sugeria que as soluções das questões de
investigação escolar estavam na Biblioteca Pública do Paraná e a ela se referia como o
"majestoso palácio de livros" mas que ainda sofria com problemas como falta de profissionais
que auxiliassem os jovens e meninos nas técnicas de pesquisa (GOMES, 11 mar. 1968, p. 2).
A educação de base era uma grande preocupação sua, gerando-lhe incômodo. O
analfabetismo era por ele denominado de mal endêmico e a solução vislumbrada estava na
conscrição escolar, tomando por exemplo os países europeus que adotaram esse método há
muito tempo, para que a educação viesse de baixo para cima, aí sim liquidando-se o
analfabetismo. Em sua opinião, não adiantava investir em ensino superior se o mal do
6
Raul Gomes empresta o termo “conscrição“ do vocabulário militar, aplicando-o na defensa do recrutamento
obrigatório de todas as crianças de seis anos feitos para que frequentem sob coerção de matrícula a escola
elementar pública ou particular, com fiscalização do controle de frequência e cumprimento severo do currículo
legal. Para Raul Gomes, a desanalfabetização parte essencialmente de baixo para cima, ou seja, é preciso
desanalfabetizar partindo das crianças para os adultos e a conscrição é a maneira indicada para se erradicar o
analfabetismo, a exemplo de países europeus que adotaram a medida e com isso aumentaram o tempo normal de
permanência da criança na escola para completar os estudos.
analfabetismo estava na educação básica (GOMES, 17 ago. 1969, p.2), e a solução do
problema não deveria prescindir de medidas autoritárias, caso fosse necessário: “[...] o Brasil
precisa é matricular todas as crianças de seis anos feitos em escolas e FORÇÁ-LAS A
FREQUÊNCIA DEBAIXO DE VARA7 OU DE AÇÃO POLICIALESCA” (GOMES, 11 abr.
1970, p.2). Para Raul Gomes, a cultura era resultado da educação, aumentando as capacidades
intelectuais do homem. Tornando-se capaz de opinar, o homem poderia ser livre, e pela
educação, pela instrução e pela cultura, Raul Gomes reivindica o máximo. (GOMES, 25 abr.
1970, p. 2).
Sua insistência para que ocorresse o aparelhamento cultural da cidade é comprovada
no espaço de tempo da publicação de dois artigos que tratam da construção de um teatro para
a cidade de Curitiba. No primeiro, do ano de 1943, Raul Gomes introduzia o texto citando
Pitágoras para afirmar que o teatro afere o escalão de um povo, ironizando em seguida a fama
de Curitiba como centro artístico-cultural, sendo que nem teatro, nem biblioteca possuía
(GOMES, 17 out. 1943). Afirmava que essa campanha já existia há algum tempo, e que ele
mesmo pensava todos os dias em um teatro para Curitiba. No texto, o autor tornava pública
sua rede de contatos, relatando com quem falou e o que, e denotando persistência na
realização. Dizia ainda que essa falta de aparelhamento cultural revestia os curitibanos de
vergonha. Antes de finalizar o texto cobrando atitudes do então prefeito, Raul Gomes, em tom
heróico, considerava o teatro uma forma de educação que melhora o caráter e incrementa o
patriotismo.
Anos mais tarde, por ocasião da inauguração do Teatro Guaíra, finalmente
reconstruído, Gomes reclamou o reconhecimento por suas ações junto à opinião pública
daquele espaço cultural:
“[...] por cuja ereção fui dos jornalistas, professores e intelectuais mais
constantes e tenazes. Posso provar isso com recortes de artigos em mais de
trinta anos divulgados em tôda a imprensa curitibana, com os volumes das
revistas da Academia Paranaense de Letras, e do Centro de Letras do Paraná
em cujos noticiários constam, numa literatividade rara, minhas propostas e
realizações de idas ao Govêrno do Estado, à Prefeitura pleitear a construção
de um teatro para substituir o Guaira.” (GOMES, 29 abr. 1970, p. 2).
Em outro artigo, o autor pedia para que na estreia do novo teatro fossem apresentadas
peças paranaenses, a fim de valorizar nossa cultura, ao contrário do programa que previa
peças estrangeiras, pois “nosso meio não pode não deve, não estará ausente desses atos
históricos”. (GOMES, 05 dez. 1969, p. 2; GOMES, 12 DEZ. 1969, p. 2).
7
Sob mandado judicial.
Raul Gomes também costumava convocar as pessoas através dos jornais para
acompanhar romarias ao túmulo de personalidades paranaenses, de forma a homenageá-las.
Em 1943, convocou a população para uma romaria comemorativa do aniversário de
nascimento do “grande pintor Alfredo Andersen, o inolvidável ‘Pai da Pintura Paranaense’”,
iniciativa da Sociedade de Amigos de Alfredo Andersen (GOMES, 02 nov. 1943, p. 2). Sob
“imorredoura admiração” pedia que se levasse um buquê de flores para a manifestação.
Gomes era afeto do artista, tendo empreendido campanha insistente para a criação da Casa de
Alfredo Andersen e tendo sido fundador da Sociedade de Amigos de Alfredo Andersen,
através da qual conseguiu impulsionar outras campanhas a favor da cultura no Paraná, como a
primeira exposição de artistas paranaenses no Rio de Janeiro, em 1944. Atuando na
Sociedade, foi membro das comissões de catalogação das obras do artista, da ereção do seu
busto e da criação e instalação da Escola de Música e Belas Artes, antiga reivindicação do
artista (SOCIEDADE de Amigos de Alfredo Andersen em ação, 29 ago. 1944, p.3).
No artigo sobre a implantação da Casa de Alfredo Andersen, Raul Gomes é
sentimental quando agradece à iniciativa do então governador do Estado, discorrendo sobre a
necessária cultura: “[...] o Paraná de todos nós não esquecerá quem contribuiu para a cultura
de seu povo.” Em seguida: “E é pelo esforço de cada um que se vem construindo
exemplarmente um Paraná cada vez maior pela sua cultura, pelas suas lições de preocupações
com artes e letras.” (GOMES, 29 abr. 1970, p.2)
O sonho de Alfredo Andersen da criação de uma escola de artes para o Paraná foi
amplamente apoiado por Gomes, que propôs sua intitucionalização já em 1933 (GOMES, 5
mai. 1933, p. 3). Treze anos mais tarde insistiu publicamente no assunto, afirmando ser
vergonhosa e humilhante para o curitibano a falta de fatores de educação como as escolas, os
teatros e as bibliotecas, conclamando o apoio de elementos projetados da sociedade em prol
do surgimento de um estabelecimento com condições adequadas de acordo com outras e
poderosas realizações culturais (GOMES, 6 nov. 1946, p.4.). Dois anos depois, após intensa
mobilização de diversos grupos sociais8, foi inaugurada a Escola de Música e Belas Artes do
Paraná. No discurso do diretor da escola, Fernando Azevedo, Raul Gomes foi elogiado pela
sua atuação e colocado como um dos maiores incentivadores do renascimento cultural do
Paraná (ACONTECIMENTO de Alto Relevo Cultural, 18 abr. 1948, p. 5).
8
Foi criada uma comissão com representação das seguintes associações: Sociedade de Cultura Artística
Brasílio Itiberê (SCABI), Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, Centro Paranaense Feminino de Cultura,
Centro de Letras do Paraná, Círculo de Estudos Bandeirantes, Institudo de Educação do Paraná e Colégio
Estadual do Paraná (OSINSKI, 2006, p. 172).
No campo propriamente educacional, o ativismo de Raul Gomes nas páginas dos
jornais foi constante durante toda sua trajetória. Um exemplo são suas manifestações sobre o
professorado, que se mantiveram por todo o período de sua ligação com a imprensa. Como
admirador e como servidor, empenhou-se em discutir em seus artigos o que dissesse respeito
em defesa de sua classe. Entristecia-lhe ver “o professor quase como um marginal, mal
retribuído, sujeito aos azares da politicagem, perseguido e humilhado” (GOMES, 17 e 18 out.
1965, p. 3). A lógica de seu discurso reside na opinião de que o professor é um condutor, um
guia, que a riqueza e a potência de uma nação de uma nação advém da educação, considerada
por ele um fator decisivo. Essas palavras: educação, riqueza e progresso são intensamente
repetidas e associadas entre si nos diversos artigos que escreveu sobre o assunto.
Gomes acreditava que a boa escola era feita de bons professores, defendendo que estes
deveriam figurar abaixo apenas dos magistrados nas tabelas de vencimentos, pois uma boa
remuneração significaria um bom trabalho. Defendia ainda que um professor deveria apenas
ser um professor, sem exercer outras ocupações para complementar a renda, fazendo parte de
uma classe tomada de grandeza e destacada na hierarquia social. Para ele, a profissão de
professor era ingrata, com baixos salários em todas as classes, atraindo dessa maneira apenas
“indivíduos naufragados” e professores de passagem, interessados em outras profissões.
Visando a qualificação dos mestres, Gomes propôs a criação de revistas pedagógicas,
congressos de educação, defendeu a exigência de comprovação de um número mínimo de
anos cursados em instituições escolares para o ingresso na profissão e do aparelhamento dos
instrumentos de educação, como os teatros, as bibliotecas e as associações. Tudo deveria ser
feito para incentivar e melhorar o professorado, que para ele era uma classe injustiçada e
ignorada:
Seus artigos publicados nos jornais promoviam debates e respostas. Do artigo sobre a
situação dos professores ginasiais, sem receber vencimentos durante as férias, preteridos
frente aos professores universitários (GOMES, 4 mai. 1946, p. 4), Raul Gomes recebe no dia
seguinte a resposta de um colega:
“Sob o título hoje repetido, li n’ O Dia de sábado último, um vibrante e
comovedor artigo de ilustre professor Raul Gomes. Suas palavras
transbordantes de verdades, claramente demonstram a situação de penúria a
que chegaram os professores do curso ginasial [...]” (SOUZA, 5 mai. 1946,
p. 4).
Sobre outro artigo, o retorno é igualmente enfático:
“Raul Gomes, espírito fulgente e membro da Academia Paranaense de
Letras, grafou, há dias, bem lançado artigo, inserto depois nessa folha,
preconizando a redenção do trabalhador intelectual – o professor. O
jornalista, o escritor, o artista, que andam a vejetar [sic] por aí sem união e
sem prestígio algum, social ou político, vendo o seu duro labor
pessimamente retribuído. [...]” (TAVARES, 12 mai. 1946, p. 4).
Evidentemente, suas opiniões reverberavam. Quando publicou o livro “A Instrução
Pública”9 (GOMES, 1914), uma coletânia de artigos por ele publicados nos jornais locais a
respeito de projeto de lei proposto por Francisco Ribeiro de Macedo, Raul Gomes ousou a
ponto de reproduzir antes do conteúdo, uma carta dirigida a ele pelo próprio Relator da
Instrução Pública do Paraná, o qual se defende sobre aspectos criticados por Raul Gomes
quando da publicação de seus artigos no Jornal A República.
Preocupado com o futuro, clamava com frequência pelo fim do analfabetismo,
considerado inimigo do desenvolvimento, obstáculo da coletividade e de sua evolução,
relacionando a carência de trabalhadores qualificados à falta da alfabetização e denotando-a
como um problema social (GOMES, 10 out. 1970, p. 2) ou, em suas palavras, um câncer
nacional (GOMES, 18 e 19 dez. 1966, p. 7).
Raul Gomes revela uma certa vaidade nos artigos em que reivindica a criação de
instituições e fatos culturais e/ou educacionais. Em que pese a sua incansável luta a favor da
classe de educador, “aquele que fortalece e cultiva a inteligência alheia” (GOMES, 14 jan.
1925, p. 1), tida por ele como profissão de sacrifício e renúncia, e o rol de artigos dedicados à
ideia da implantação do dia do professor no Brasil, sugestão publicada já desde o ano de 1925
(GOMES, 19 out. 1925, p. 1), no artigo denominado “Reivindicações irrefutáveis” ele
reclama para si o crédito pela criação da data no Brasil, por ocasião dos festejos do centenário
da lei que instituiu o ensino primário no Brasil, cujo programa incluiu desfile de estudantes e
sessão magna. (GOMES, 17 out. 1971, p.2). Ao mesmo tempo, Gomes é contraditório quando
pretende corrigir as informações existentes no artigo de Andrade Muricy10 sobre a Sociedade
Cultural Brasílio Itiberê - SCABI (MURICY, 20 nov. 1969, p.2). Diz ele que a SCABI é parte
de um empreendimento que envolvia letras, artes e ciências e englobava inclusive a editora
9
Resultado de uma série de 8 artigos publicados em sequência por Raul Gomes sob o mesmo título
durante o mês de julho de 1914 no jornal “A República” que possuem como ponto de partida o Relatório da
Diretoria Geral de Instrução Pública no Estado do Paraná do ano de 1913, publicado em 1914, elaborado pelo
então Diretor Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo, os quais versam sobre a situação da Instrução Pública no
Paraná. Neles, Raul Gomes elogia o relatório, assim como o diagnóstico feito por Francisco de Azevedo em
relação à Instrução Pública no Estado mas também critica e sugere melhorias, dando uma visão amplificada, já
que era professor, da situação da Instrução Pública. Raul Gomes sugere, por exemplo, o levantamento moral e
intelectual dos professores, a criação de novas escolas e meios de executar a obrigatoriedade do ensino. Ele
considera o professor como o principal responsável na elaboração da personalidade da criança e expressa seu
pensamento da profissão de professor como sacerdócio, lamentando a falta de motivação de seus colegas. Ao
compilar e publicar o livro, Raul Gomes modificou a redação de alguns trechos dos artigos.
10
Eminente crítico literário e musical brasileiro.
GERPA e o Salão de Belas Artes (GOMES, 21 nov. 1969, p. 2). Para concretizar seu plano de
fundar a SCABI, conta que confrontou amigos e recebeu críticas pelo fato de acharem que
“um simples jornalista não tinha autoridade para esse cometimento”. Porém, ele afirma que
foi lá e fez, convidando Fernando Azevedo para assumir a direção da Sociedade, o qual
contratou mestres para ministrarem aulas de música a alunos de ginásio e que em 1969, época
da publicação do artigo, a SCABI já havia contabilizado cerca de 400 concertos 11. Depois de
arrolar suas ideias e realizações, o autor contesta Andrade Muricy e diz nunca ter realçado sua
atuação, chamando essa atitude de “norma de absenteísmo na divulgação de ocorrências de
minha indiscutível narrativa (GOMES, 21 nov. 1969, p. 2), citando o caso de sua campanha
para a ereção do busto de Júlia Wanderley, situação na qual encontrou resistência para a sua
realização e, quando enfim a proposta foi concretizada, Gomes não quis seu nome junto à
placa de bronze do pedestal em homenagem à professora. Mesmo negando que não fazia
propaganda de suas empreitadas, no artigo “Função do Mestre – despertar e animar valores”,
ele exalta: “No jornalismo, aprouve a Deus me proporcionar ensejo de lançar ou saber
aproveitar e animar vocações”, relacionando em seguida discípulos e afirmando que, com
esforço, fez desenvolver talentos em “centenas ou milhares” que adivinhou as vocações
(GOMES, 06 jan. 1970, p. 2), mesmo considerando-se uma “voz que clama no deserto”
(GOMES, 4 nov. 1970, p. 2).
Considerações finais
A posição social de Raul Gomes, seu círculo de relacionamentos e amizades, as
consequentes parcerias e principalmente seu destaque como jornalista permitiram a concreção
de suas ideias culturais e educacionais através da reverberação e do molde da opinião pública.
Dessa forma, o intelectual se envolveu em campanhas que se concretizaram em aparelhos
culturais e educacionais ainda hoje em atividade no Paraná. Gomes aguçava a sensibilidade
do leitor e chamava atenção para os problemas em foco, utilizando-se da persistência e da
obstinação em proveito da divulgação de fatos culturais e educacionais relevantes e
comprometidos com a comunidade como um todo. Raul Gomes não falava para si ou para um
grupo em especial. É na abrangência das suas preocupações que reside a figura do intelectual,
e o meio utilizado por Gomes para propagar sua causa em prol da educação e da cultura partiu
das salas de aula, atingindo posteriormente a mídia impressa, o veículo essencial de
verbalização do pensamento na primeira metade do século passado. Seus artigos podem ser
11
A SCABI foi criada no ano de 1944.
tomados como referência para a criação do panorama da sociedade do Paraná durante os 65
anos de sua atividade. Construtor e consolidador da cultura paranaense, Raul Gomes fruiu
inequivocamente da imprensa para provocar, sensibilizar e convencer quem quer que fosse da
necessidade dos projetos por ele defendidos, os quais também expressavam suas opiniões e
visão de mundo.
Referências
ACONTECIMENTO de Alto Relevo Cultural. Gazeta do Povo, Curitiba, 18 abr. 1948, p. 5.
EXPOSIÇÃO de arte paranaense. Revista da Semana, Rio de Janeiro, ago. 1944, p. 14-15.
EXPOSIÇÃO de arte paranaense. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 14 jul. 1944, p. 6.
GOMES, Raul. A inauguração do Guaíra e a Participação de uma Peça Nossa. Diário do
Paraná. Curitiba, 12 dez. 1969, p.2.
_____. A pesquisa e as escolas primárias e médias. Diário da Tarde. Curitiba, 11 mar. 1968,
p. 2.
_____. A SCABI e um pouco de sua história. Diário do Paraná. Curitiba, 21 nov. 1969, p.2.
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