FACULDADE DOM BOSCO Luciano dos Santos Lima de Melo PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS ATLETAS DO TROFÉU BRASIL DE ATLETISMO 2010. Trabalho de Pesquisa apresentado como requisito parcial para conclusão do Curso de Graduação (Bacharelado) Educação Física na Faculdade Dom Bosco Orientador(a): Msª Elisângela Venâncio Curitiba 2010 RESUMO Os acontecimentos esportivos vêm sendo organizados desde há quase três mil anos, sendo o Atletismo a forma mais antiga de um esporte organizado. Trata-se de uma combinação de várias provas, que englobam as corridas, os saltos e os lançamentos. A cultura esportiva em nosso país foca esportes de massa, quase dois terços do investimento direcionado ao esporte em nosso País e destinado ao futebol, deixando assim outros esportes olímpicos como o atletismo com pouco espaço na mídia. Dessa forma tem enfrentado muitos obstáculos para que se possa ter, a médio prazo, uma estrutura homogênea nas diversas regiões do Brasil, sendo alguns deles a falta de projetos esportivos com ênfase na descoberta e desenvolvimento de talentos na modalidade e o pouco preparo especializado de técnicos. Um exemplo positivo de desenvolvimento da modalidade e a parceria da caixa econômica federal com a Cbat (confederação brasileira de atletismo). Tendo como objetivo traçar o perfil socioeconômico dos atletas do Troféu Brasil de Atletismo, edição 2010, utilizamos como ferramenta para a obtenção de dados um questionário com 40 (quarenta) questões de múltipla escolha, abertas e fechadas aplicados entre os dias 17 e 19 de setembro, com parte dos atletas do Troféu Brasil de Atletismo 2010, no centro olímpico - São Paulo-SP. Através desta pesquisa, de natureza qualiquantitativa, foi possível o levantamento de dados relevantes, pois em se tratando de pesquisa socioeconômica e cultural de atletas, não se encontram estudos com esta caracterização geral, principalmente na modalidade atletismo. Além disso, a pesquisa levantou diversos dados, e pode auxiliar a compreensão de fatores responsáveis pela iniciação, trajetória e ascensão do atleta. O Troféu Brasil de Atletismo agrega atletas de diferentes classes e origens socioeconômicas e culturais, e os mesmos encontram em sua trajetória de vida vários fatores que dificultam a permanência e a evolução da categoria. Palavras Chave: atletismo, mídia, futebol, competições, perfil, socioeconômico ABSTRACT The sports events have been organized for almost three thousand years, the Athletics being the oldest form of organized sport. It is a combination of several events that include races, jumps and launches. The sporting culture in our country focuses on mass sports, almost two thirds of the investment directed to the sport in our country and for the football, thus leaving other Olympic sports such as athletics with little media attention. Thus has faced many obstacles that may have been the medium term, a homogeneous structure in different regions of Brazil, some of them being the lack of sports projects with emphasis on discovery and development talent in the sport and little specialized training of technicians. A positive example of development of the sport and partnership of the federal savings bank with CBAT (Brazilian Athletics Confederation). With an aim to draw the socioeconomic profile of the athletes of the Brazil Trophy in Athletics, 2010 edition, used as a tool for obtaining data with a questionnaire to forty (40) multiple choice questions, open and closed applied between 17 and 19 September with the athletes of the Brazil Trophy in Athletics 2010 in the Olympic Center - São Paulo-SP. Through this research, qualitative and quantitative in nature, it was possible to obtain data pertinent because when it comes to cultural and socioeconomic survey of athletes, there are no studies with this general characterization, principally for athletics. Moreover, the research raised several data and can aid the understanding of factors responsible for initiation, ascent trajectory and the athlete. The Trophy Brazil Athletics brings athletes from different classes and socioeconomic and cultural backgrounds, and they are in his life story several factors that hinder the persistence and evolution of the category. Keywords: athletics, media, football competitions, profile, socioeconomic 2__________________________________________________ INTRODUÇÃO O Atletismo, considerado o mais antigo desporto, trata de uma combinação de movimentos, que engloba as corridas, os saltos e os lançamentos e deriva dos tempos em que estes movimentos eram considerados vitais para a caça e para guerra. Ao longo do tempo houve uma grande evolução do desporto, deixando de ser praticado apenas de forma empírica para ganhar credibilidade tanto no cenário mundial, quanto no nacional. O Atletismo brasileiro vem se destacando por grandes resultados em todas as faixas etárias, desde competições infantis até a categoria principal. O atletismo atualmente é considerado de nível elevado pelo Comitê Olímpico Brasileiro, pois em relação a outros desportos tem um volume maior de conquistas em competições de grande valia. Dentre estas competições esta o Troféu Brasil de Atletismo, competição que reúne atletas com diferentes níveis técnicos (desempenho e/ou índices atingidos) e com grande diversidade nos aspectos sociais, econômicos e culturais. Ao longo da história do atletismo nacional tivemos varias conquistas entre elas destacamos: Adhemar Ferreira da Silva (bicampeão olímpico Helsinque (1952) e Melbourne (1956)), Joaquim Cruz (campeão olímpico em Los Angeles (1984) e Prata em Seul (1988)), Vanderlei Cordeiro de Lima¹* (bronze na maratona de Atenas 2004) e Maurren Maggi no salto em distância, em Pequim 2008, sendo a primeira mulher a trazer um ouro olímpico para nossa nação em esporte individual. Relacionando o grande potencial humano e os investimentos destinados à evolução do esporte em nosso País, e partindo do pressuposto que a maioria, tanto ídolos quanto atletas iniciantes, são provenientes de classe socioeconômica menos favorecida, esta pesquisa buscou verificar e traçar os diferentes perfis dos atletas participantes do Troféu Brasil de Atletismo, com base na trajetória de vida familiar, social e esportiva dos mesmos. Como caminho metodológico elaboramos um questionário composto por 40 perguntas, abertas e fechadas, focadas em levantar os aspectos familiares, 1 Após a invasão de um fanático religioso que impediu a conquista do ouro olímpico foi condecorado com a medalha de honra ao mérito do Barão de Coubertin 3__________________________________________________ sociais, econômicos e culturais, através dos quais embasamos nossas análises posteriores. Pretendemos com dados levantados atingir os objetivos traçados quando do início da pesquisa, como também comprovar nossa hipótese, que vários são os fatores que influenciam na carreira de um atleta de alto rendimento, desde sua estrutura familiar, socioeconômica e cultural como também os incentivos externos provenientes da estrutura do esporte nacional. Como toda pesquisa criteriosa, muitos dos dados levantados poderão futuramente embasar novas pesquisas. Os dados avaliados e correlacionados nesta pesquisa podem ser consultados por pesquisadores, técnicos e professores auxiliando no trabalho com o atletismo nacional, desde as categorias de base até o alto nível. TEMA A análise do perfil socioeconômico e cultural dos atletas participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2010, e relação com a prova praticada, trajetória e o seu desempenho na modalidade. JUSTIFICATIVA Um levantamento realizado pelo instituto brasileiro de marketing esportivo concluiu que quase dois terços dos investimentos do esporte no País vão apenas para um esporte: o futebol. O segundo esporte que mais recebe investimento é o vôlei, o basquete aparece na terceira colocação, seguido do futsal. Ma o que mais surpreende é que todos os outros esportes somados representam apenas 12 % dos patrocinadores no País. Isso tudo para as várias modalidades como atletismo, natação, ginástica, boxe, vela, judô, esgrima e outros esportes olímpicos Os jogos Olímpicos de Pequim (2008) distribuíram 302 medalhas de ouro, em 33 modalidades. Sendo o atletismo a modalidade que envolve mais medalhas no total, 48 medalhas de ouro disputadas, o futebol apenas 2; as lutas 18 medalhas; o basquete somente 2; a natação, 34, o voleibol apenas 4 4__________________________________________________ (Betti, 2009) Todavia, isso não quer dizer que os esportes de massa citados acima, futebol, basquete, voleibol entre outros não tem importância, pelo contrario fazem parte da cultura de nosso País e do plano de ensino escolar. No entanto pretendo enfatizar a redistribuição e o equilíbrio desse apoio as modalidades de modo geral, como a desigualdade do processo político pedagógico, do espaço na mídia e consecutivamente de patrocinadores de Projetos esportivos do futebol, por exemplo, em detrimento de esporte como o atletismo que é o tema de nosso trabalho. Utilizamos o troféu Brasil de atletismo para realização do trabalho, pelo fato desta competição ser a prova nacional de maior nível técnico e diversidade cultural, No Troféu Brasil de Atletismo participam atletas de diversas partes do país com níveis técnicos e perfis socioeconômicos variados. Através do levantamento dos dados, constatar e entender que ha diferenças sociais e econômicas, nas diferentes provas que compõe o atletismo e assim compreendemos os fatores que podem influenciar no processo de formação de um(a) atleta iniciante que vislumbra o alto rendimento. Durante o levantamento bibliográfico sobre o tema atletismo, verificamos num primeiro momento que há carências de pesquisas que tratem do atletismo de maneira geral e específica também, pois, a maioria dos livros fala dos aspectos técnicos do atletismo, mas poucas pesquisas abordam as diferenças sociais, econômicas e culturais de nossos atletas e desses fatores influenciando a trajetória e ascensão dos mesmos. Sendo assim reforçamos a importância e originalidade desta pesquisa, o não esgotamento dos dados abrem margem para pesquisas futuras, além de auxiliar no trabalho de técnicos e professores na definição de conteúdos e estratégias apropriadas aos atletas com os quais venham a trabalhar. Troféu Brasil de atletismo Criado em 1945 pela Diretoria de Esportes do Estado de São Paulo, o Troféu Brasil de atletismo teve, até o ano de 2010, 29 edições. Seu antecessor 5__________________________________________________ o Troféu Ademar de Barros, criado em 1940, teve apenas 5 edições, transformando-se em Troféu Brasil e ganhando credibilidade até tornar-se a competições mais importantes do atletismo brasileiro. Desde a época em que foi criado, de sua 1° a 8º edição, o Troféu era de posse transitória e somente a partir do 9º passou a ser disputado uma única vez. Esta competição envolve as principais provas de atletismo, deixando somente a maratona, meia maratona e a prova50km marcha atlética, masculino (CBAT, 2010)³ Uma pesquisa realizada por EVENCIO (2005) revelou dados importantes a respeito da realidade de alguns atletas. Há pessoas que iniciaram o esporte com idade entre 8 e 26 anos, porém as idades em que houve maior adesão foram entre 14 e 15 anos para homens (36%), 12 e 14 anos para as mulheres (39%), sendo que dos 21 anos em diante está adesão foi pouco significativa A pesquisa revela que, em relação ao numero de participantes do troféu Brasil, a partir da 6ª participação em diante, tem uma queda significativa quanto ao número de atletas, e supões que daí provém outra realidade, que é a manutenção do atleta no cenário nacional. Com o aumento das necessidades de aporte financeiro relacionado ao aumento da idade do atleta, a falta de incentivo é um fator contribuinte para a evasão dos mesmos após um determinado período. O melhor índice técnico nacional é de atletas que recebem algum tipo de ajuda de seu clube representante, possivelmente este fator reflita a importância do patrocínio para se atingir e se manter o nível tanto quanto o número de participações do atleta na competição. Um exemplo de que uma equipe de atletismo bem estruturada financeiramente contribui para o desenvolvimento do esporte é dado pela equipe de atletismo BMF& BOVESPA, que desenvolve um excelente trabalho de apoio a modalidade, oferecendo recurso materiais, e salário de patrocínio aos seus atletas. O resultado benéfico dessa parceria é comprovado com a pontuação final da equipe no campeonato que nas ultimas 12 edições somente no ano de (2009), foi seguida de perto pela sua atual rival REDE ATLETISMO que ao final da pontuação ficou apenas 50 pontos atrás, diferença insignificante, já que na ultima década a atual campeã nunca tinha sido 6__________________________________________________ perseguida com tal proximidade na pontuação. O surgimento de outra potência no atletismo é importante para o crescimento e profissionalização da modalidade, já que dessa forma há uma “disputa” sadia para a contratação dos atletas dando opções de escolha em relação a sua futura equipe representante, fator que seguramente o motivará para o desenvolvimento atlético, sabendo que terá mais oportunidades estruturais para conduzir e atingir seus propósitos no esporte. Situação que ocorreu, por exemplo, para o desenvolvimento do futebol. Fatores motivacionais a inclusão e manutenção do atleta O estudo da motivação mostra-se como um fator determinante e de impacto para o reconhecimento dos aspectos que levam os indivíduos a escolher determinada atividade física e os fatores que determinam a adesão, a manutenção ou o abandono e o reingresso nessas atividades. No início do século XX, os motivos eram chamados de instintos acreditando se que eram forças herdadas, irracionais e imperiosas, comuns à espécie, comenta DAVIDOFF (2001). A motivação é uma condição fundamental e indispensável para o alcance dos objetivos pessoais. Varia de indivíduo para indivíduo, pois as necessidades, os objetivos e os valores sociais são diferentes variando conforme o tempo. Através da motivação e da atividade física pode-se melhorar a socialização na convivência do indivíduo com outras pessoas, o que é fundamental nessa fase da vida, acrescenta MAHECHA (1992) Segundo COLIVIN e LONDRES (2008) atualmente as pesquisas mostram a diversidade de definições sobre motivação e teorias tentando explicar o funcionamento desta força misteriosa e desconhecida, que leva as pessoas a agir em direção ao alcance de objetivos. WEINBERG e GOULD (2008) comentam que os professores de Educação física querem motivar crianças pouco ativas e mais interessadas em videogames; que os técnicos querem que seus atletas continuem treinando e que os fisioterapeutas querem motivar seus clientes a continuarem seu programa de reabilitação. Percebe-se então, que a motivação é importante 7__________________________________________________ tanto para as pessoas, como para os atletas, assim como para vários profissionais. Ter sucesso inclui então, saber os fatores e os métodos para intensificar a motivação. Desta forma, para atingir o esperado sucesso, se faz necessária uma boa dose de motivação. Segundo WEINBERG e GOULD (2001) o estudo da motivação torna-se importante para as diversas modalidades esportivas, como o esforço de uma pessoa a fim de solucionar tarefas, adquirir excelência esportiva, superar obstáculos, procurar e demonstrar melhor performance do que outras pessoas e principalmente sentir-se orgulhoso mostrando seu talento. Na linha que define a motivação como uma força interna e externa, SAMULSKI (2002) cita que a motivação se caracteriza como um processo intencional, ativo e dirigido a uma meta, o qual depende da relação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Segundo BOUTCHER (1993), o fato do indivíduo, ao realizar exercício, ser confrontado diretamente com uma dificuldade física ou com um desafio psicológico e conseguir ultrapassar com sucesso, vai provocar modificações na imagem corporal do praticante, na sua auto-imagem bem como no seu sentido de realização. A atividade física permite, desta forma, melhorar os níveis de autoestima, através do desenvolvimento de competências e de estratégias mais adequadas à resolução com sucesso de determinadas tarefas. O fenômeno da motivação é muito complexo. Ele se identifica a partir das diferenças individuais, é fruto de experiências acumuladas e se liga diretamente à história de cada um. Além das motivações intrínsecas, há os fatores extrínsecos ao indivíduo que também o motivam às suas ações e escolhas (BERGAMINI, 1993). Podemos perceber que vários são os fatores motivacionais que levam a escolha e permanência do indivíduo na prática de alguma atividade física, seja qual for o propósito. Segundo Geoff (2008) em seu livro Desafiando Talentos mitos e verdades sobre o sucesso, o autor relata que pessoas optam por uma atividade considerada pela maioria um esporte árduo em detrimento de outra atividade de menor esforço físico, expondo seus praticantes a desgastes físicos 8__________________________________________________ extremos, chegando às vezes próximo ao limite fisiológico em seus treinos. Da seguinte forma: (...) Se as atividades que os leva a excelência fossem fácies e divertidas, então todo mundo as praticariam, e não haveria uma distinção entre os melhores e o resto. A dificuldade da prática pode ser ate uma boa noticia. Significa que a maior parte das pessoas não o fará. Então sua disposição para realizá-la os distinguirá mais ainda. A consciência a respeito do que leva o indivíduo a buscar alguma atividade física, ou seja, um objetivo claramente definido, assim como, a experimentar seus benefícios psicológicos, parece fundamental para mantê-lo consideravelmente motivado e com a auto-estima elevada. METODOLOGIA Delineamento de pesquisa O estudo apresenta características descritivas com abordagem Qualiquantitativa, e levanta informações a respeito do perfil socioeconômico e cultural dos atletas participantes do Troféu Brasil 2010, analisando os dados coletados através do questionário aplicado. O presente estudo vem abranger a área de Educação Física, Psicologia e Sociologia. Esse trabalho foi analisado e aprovado, em forma de projeto, pelo CEP (comitê de ética e pesquisa), de acordo com as normas de segurança e preservação dos indivíduos pesquisados. Procedimento metodológico A pesquisa tem por objetivo realizar uma análise e caracterização do perfil social, econômico e cultural dos atletas do Troféu Brasil de Atletismo (competição realizada na cidade de São Paulo-SP, no mês de setembro de 2010). A ferramenta utilizada para coleta de dados foi um questionário com 40 perguntas de caráter demográfico, social, econômico e cultural, algumas de múltipla escolha e outras abertas. A competição teve aproximadamente 500 9__________________________________________________ participantes, foram aplicados 60 questionários entre os dias 17 e 19 de setembro, no centro olímpico - São Paulo-SP, ou seja, próprio local de prova. O acesso aos atletas informantes foi obtido mediante contato verbal com os dirigentes e/ou responsáveis pelos clubes que os atletas representam e após este contato, os entrevistadores tiveram contato direto com os atletas de forma objetiva e formal. Dois acadêmicos da Faculdade Dom Bosco foram os entrevistadores e dentre eles, um era atleta participante da competição. Não houve seleção entre os atletas, apenas foram abordados aleatoriamente entre os intervalos das provas e após uma breve explanação do que se tratava a pesquisa e orientações da forma como responder as questões, o questionário foi respondido e devolvido para os acadêmicos pesquisadores. A tabulação e análise dos dados foram feita logo após a aplicação do questionário e separadas em 3 (três) perfis: Social, Econômico e Cultural. As questões de caráter demográfico foram englobadas dentro do perfil social. O questionário e sua elaboração O questionário foi elaborado com apoio da pesquisa realizada por EVENCIO (2005), e principalmente com a base pratica adquirida ao longo da carreira esportiva do acadêmico Luciano melo um dos autores do trabalho. As questões foram elaboradas de acordo com a necessidade de interceder os nossos pressupostos. População do estudo O universo dos participantes do Troféu Brasil de Atletismo gira em torno de 500 participantes. Foram coletados dados de 60 atletas que disputam várias provas de diferentes categorias e níveis técnicos, cerca de 12% do total. Não houve critério para seleção, ao termino das provas, os pesquisadores abordavam os atletas para início da aplicação do questionário. 10__________________________________________________ Limitação e vantagens do estudo A integridade física e moral dos entrevistados foram preservadas da seguinte forma: a aplicação do questionário ocorreu no local de competição, evitando deslocamentos por parte dos entrevistados e proporcionando um ambiente próprio para ocasião. A confidencialidade dos dados coletados, em respeito à integridade moral dos atletas esta assegurada segundo informações contidas no termo de consentimento em anexo. Uma das limitações de nosso trabalho foi exatamente o numero de informações elevadas, levantadas com a aplicação do questionário, devido ao direcionamento da pesquisa ser voltada a graduação e ao pouco tempo relativo para apresentação do projeto tivemos que focar apenas questões gerais, ficando para um trabalho de pós-graduação o detalhamento dos dados levantados Os benefícios que a pesquisa trás, tais como caracterização dos atletas social, econômica e culturalmente, estão ligados não somente aos acadêmicos responsáveis pela elaboração, mas também profissionais de pesquisa, como professores, técnicos e até mesmo os próprios atletas. As pesquisas encontradas nesta área assim como a realizada no Troféu Brasil de Atletismo em 2005, geralmente tratam do perfil dos campeões de determinadas provas, ou de outros esportes tradicionais. Este levantamento de dados auxiliará tanto pesquisadores, técnicos e atletas quanto estudantes da área a compreender e conhecer os desequilíbrios sociais, econômicos e culturais no âmbito do atletismo brasileiro, visto que o Troféu Brasil de Atletismo é uma das competições mais importantes no cenário nacional. Compreendendo as particularidades da modalidade podemos identificar com maior facilidade e direcionar o talento esportivo de acordo com a especificidade do esporte. 11__________________________________________________ DISCUSSÃO DOS DADOS Através desta pesquisa, de natureza quali-quantitativa, foi possível o levantamento de muitos dados relevantes, passíveis de análise. Pela necessidade de recorte, a discussão dos dados esta pautada na busca de verificação de nossas hipóteses levantadas. A discussão dos dados foi feita com base nas respostas de nossos entrevistados, que foram agrupadas em três categorias: • Perfil Social (englobando as características demográficas): com as subcategorias – escolaridade, escolaridade dos pais, fatores motivacionais para iniciação e para continuidade no esporte, uso da internet. • Perfil Econômico: com as subcategorias – instituição acadêmica e patrocínio • Perfil Cultural: com as subcategorias -Conhecimentos extras, iniciação esportiva, idade de iniciação, iniciação dos atletas das diferentes provas, avaliação das condições de treinamento, participações nos campeonatos nacionais e internacionais, participações no troféu Brasil. PERFIL SOCIAL 24,3 25,8 28 Campeões do TB 20,09 Medalhistas Longa distância 21 Decatlo & heptatlo 26,9 Campo 24,4 Saltadores 24,1 Meio fundistas 30 25 20 15 10 5 0 Velocistas Media de idade Fonte: Luciano Melo (2010) 12__________________________________________________ Analisando os dados coletados e o gráfico acima, constata-se que, a média geral de idade dos atletas foi de 23,2 anos, entre as mulheres essa média foi menor 21,9 anos, contra os 24 anos dos homens. Identifica-se com outros dados coletados que o participante mais novo é do sexo feminino, com 15 anos e o mais velho em atividade foi do sexo masculino, com 36 anos. A prova que teve a menor media de idade dos participantes foi à prova do salto em distancia de 20 anos, e a maior media de idade dos participantes ficou para os atletas das provas de resistência aeróbia que foi de 26.9. Quanto ao estado de origem, como consta no gráfico abaixo, 39%dos atletas nasceram no estado de São Paulo, 21% no estado do Paraná, 7% no estado do Rio de Janeiro, 7% no estado de Santa Catarina, 5% no estado de Minas gerais os demais estados juntos totalizam o restante dos 21% Cerca de 70% dos atletas entrevistados, reside no estado de São Paulo, principalmente na cidade de São Paulo, grande centro de desenvolvimento de atletas por apresentar vários projetos esportivos com ênfase na formação de talentos. Mais da metade dos atletas - 54% residem com suas famílias, seguidos por 31% residentes em república de atletas. Nascimento 24 11 23 13 4 4 Atual Residência São paulo Paraná Rio de Janeiro Santa Catarina Minas Gerais Piaui Outros São Paulo 5% 5% 20% Paraná Minas gerais 70% Fonte: Luciano Melo (2010) Ao levantarmos os dados sobre a cor da pele, verificamos a possibilidade de cruzamento desses dados com as provas e categoria, desta 13__________________________________________________ Outros forma é possível verificar através do gráfico que: mais de 50% dos atletas entrevistados declaram-se pardos ou negros, seguidos por 36% que se declaram brancos. Houve uma diferença considerável entre os sexos, entre os homens o valor de pardos e negros chega a 67%, destes 35% negros e 32% pardos. Já entre as mulheres, 55% declaram-se brancas, contra 37% pardas ou negras. Entre as diferentes provas, apenas os atletas de longa distância em sua maioria são brancos 57% destes. Vale ressaltar que utilizamos como referência para as perguntas a nomenclatura utilizada pelo IBGE no último censo de 2010 – amarela, branca, índio, preta e parda. Nas demais provas e categorias, em ambos os sexos, verificamos maioria de atletas negros ou pardos (masculinos e femininos). Um dado curioso dos atletas entrevistados que já ganharam nas edições do troféu Brasil, 75% declaram-se pardos ou negros, destes 50% negros e 25% pardos. Cor da pele 40% 35% 36% 31% 30% 25% 20% 15% 10% 26% Amarela Branca Índio Preta Parda 5% 5% 0% 0% Fonte: Luciano Melo (2010) 14__________________________________________________ Escolaridade 50% 44% Ensino fundamental l 36% 40% Ensino Fundamental ll Ensino Médio 30% Superior Incompleto 20% Superior Completo 11% 10% Pós-graduação 8% Mestrado Incompleto 0% 0% 0% 0% Fonte: Luciano Melo (2010) O gráfico acima se refere à carreira escolar e acadêmica dos participantes do Troféu Brasil de Atletismo. Analisamos os seguintes dados: 61% dos atletas estudam atualmente, contra 39%que estão fora da escola. Entre todos os atletas entrevistados, 36% concluíram o ensino médio, 44% estão cursando uma graduação, 11% concluíram a graduação, 8% estão cursando a pós-graduação. Entre os que atingiram o nível superior, 70% deles estão em fase de conclusão, 16% já concluíram a graduação e 14% estão cursando ou já concluíram a pós-graduação. Outro dado interessante que podemos constatar na pesquisa, é que quanto maior o volume da prova, ou seja, maior a distância percorrida, menor o nível de escolaridade dos atletas. Em dados isso representou os seguintes percentuais: 77% dos atletas de velocidade estão cursando ou concluíram o nível superior, entre os atletas de meio fundo, provas com distância a partir de 800 metros até 3000 metros rasos, esse percentual cai para 50%, e quanto aos atletas de longa distância, esse percentual é ainda menor, ficando em 29% dos atletas entrevistados. Porém, podemos notar que essa diferença de escolaridade entre as provas não ocorre entre os medalhistas do Troféu Brasil já que 75% deles ingressaram no ensino superior independente da prova praticada,sugerindo 15__________________________________________________ que ao alcançar tal nível essas diferenças, de escolaridade entre as provas, são reduzidas. O curso de maior escolha pelos atletas acadêmicos foi o curso de Educação Física, com 84% dos entrevistados. Escolaridade dos pais PAI Fonte: Luciano Melo (2010) MÃE 50% 30% 20% E. Fundamental l 39% 40% E. Fundamental ll 25% Ensino Médio 19% Superior Completo 12% Superior Incompleto 2% 2% 0% 0% Pós -Graduação Mestrado Incompleto Fonte: Luciano Melo (2010) 16__________________________________________________ A maioria dos pais dos atletas entrevistados, ou seja, 60% deles não alcançaram o ensino médio, 25% concluíram o ensino médio e 15% concluíram o ensino superior. Entre as mães, os dados são bem próximos comparados com os pais com uma pequena vantagem em relação ao percentual que concluiu o ensino médio 39% contra 25% dos pais. Entre as diferentes provas do atletismo, a relação da escolaridade dos pais com a prova realizada pelo atleta, da mesma forma que ocorreu com a escolaridade dos atletas, houve diferença, ou seja, Em dados, relatamos que entre os pais dos velocistas, 23% concluíram o ensino superior, entre os meio fundistas, 25% atingiram o ensino médio. Já entre os atletas mais resistentes, apenas 14% atingiram o ensino médio. Esses dados sugerem que a diferença de escolaridade dentro das diferentes provas do atletismo correlaciona-se também com a escolaridade dos pais dos atletas. A maioria dos atletas entrevistados, ou seja, 51% não possuem atletas na família, seguido de próximo com 49% dos que tem ou tiveram atletas na família. Atletas que trabalhavam antes Atletas que trabalham Do início da carreira Durante a carreira Sim 20% Sim 33% Não 80% Não 67% Fonte: Luciano Melo (2010) A maioria dos atletas entrevistados como mostra as tabelas acima, não trabalhava antes de iniciar no esporte, cerca de 80%, contra os 20% que tinham um trabalho antes de iniciar seus treinamentos. Supostamente devido ao fato da idade de iniciação média dos atletas ter sido de 13,8 anos. Os atletas entrevistados que exercem além do treinamento de alto rendimento, algum tipo de trabalho fora do âmbito esportivo para auxiliar na renda financeira, corresponde a 33% dos entrevistados. Podemos notar que a maioria dos entrevistados, ou seja, 67% se dedicam exclusivamente ao atletismo. Sugerindo assim, a importância da exclusividade nos treinamento para se atingir o nível brasileiro no esporte 17__________________________________________________ Fatores motivacionais para iniciação e para continuidade no esporte Entre os atletas entrevistados, conforme o gráfico abaixo, 34% iniciaram no atletismo por conta própria, 26% indicou a família como fator motivacional a iniciação esportiva, 16% indicaram a escola, 10% foram motivados por amigos, e os outros fatores motivacionais como clube, mídia, e ídolo esportivo somados atingiram 10%, e por fim os atletas que citaram a faculdade como fator motivacional atingiu apenas 2% dos entrevistados. Motivou a ser atleta 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 34% Família Escola 26% Faculdade Clube 16% Amigos 10% 2% 5% 3% 2% 1 Mídia Idolo esportivo Iniciativa própria Fonte: Luciano Melo (2010) Mais de um terço dos entrevistados iniciaram por iniciativa própria no esporte, ou seja, sem incentivo significante, entre os que relacionaram o seu início a algum fator de motivação, 26% indicaram a família como principal deles, o segundo fator com 16% foi à escola. Um dado interessante que os atletas de longa distância e os medalhistas, ao contrário dos demais atletas, a família foi o maior fator motivacional. 18__________________________________________________ Motivou ao Profissionalismo 70% 62% Desejo de ascensão social 60% 50% 40% 28% 30% 20% Maior rentabilidade financeira Satisfação pessoal 10% 10% 2% Gosto pelo esporte 0% 1 Fonte: Luciano Melo (2010) No gráfico acima, entre os atletas entrevistados, 62% citaram o gosto pelo esporte como principal fator que influenciou a continuidade no esporte e a busca pelo profissionalismo, seguido com 28% os atletas que atribui esse fator a satisfação pessoal, 10% citaram o desejo de ascensão social, e por fim, 2% por uma maior rentabilidade financeira. Uso da internet A maioria dos atletas entrevistados, ou seja, 89% possuem computador em casa e apenas 4% dos atletas entrevistados não acessam a internet, entre os 96% que acessam a internet, 91% destes, acessam a internet 3 vezes ou mais por semana. 19__________________________________________________ PERFIL ECONÔMICO O perfil econômico dos atletas entrevistados é utilizado como complemento para auxílio da compreensão dos dados socioeconômicos dos mesmos, ou seja, é preciso uma análise geral para contextualizar os dados e definir um perfil social e econômico dos entrevistados. Instituição acadêmica Tipo 100% Bolsa de Estudo 70% 84% 65% 60% 80% 50% 60% Particular. 40% 40% Pública. 30% 16% 20% 35% 20% 10% 0% 0% 1 Sim Não Fonte: Luciano Melo (2010) Em relação ao caráter das instituições acadêmicas, 84% dos entrevistados estudam ou estudaram em instituições particulares, destes, 65% possuem ou possuíram algum tipo de auxílio financeiro durante a graduação, ou seja, bolsa de estudo. Sobre a cobertura desse auxílio, 45% têm ou tiveram bolsa integral, ou seja, desconto total na mensalidade do curso, contra 55% que possuem ou possuíram bolsa parcial, ou seja, desconto parcial na mensalidade do curso. Patrocínio Quase que na sua unanimidade, 97% dos atletas entrevistados recebem algum tipo de apoio financeiro. 20__________________________________________________ Auxilio 89% 35% 32% (um) auxilio Mais de 1 7% Outros Moradia 14% Auxilio Alimentação 18% Auxilio Auxilio Transporte Auxilo Material Mensal 11% Salário 100% 80% 60% 40% 20% 0% Fonte: Luciano Melo (2010) A maioria dos atletas conforme as informações, ou seja, 84% recebem um salário mensal, 32% material esportivo, 11% auxílio alimentação, 18% auxílio moradia, 35% recebem juntamente 2 apoios entre os que foram citados anteriormente, e 7% recebem algum outro tipo de apoio. Todos os medalhistas entrevistados recebem salário mensal, 24%, além do salário recebem apoio de material esportivo, 18% recebem salário mais auxílio alimentação, 18% recebem salário mais auxílio moradia. Esse apoio é ainda maior com os atletas que já venceram suas provas, campeões. Todos recebem salário mensal, 50% deles recebem além do salário, apoio de material esportivo, 50% recebem salário mais auxílio alimentação, e finalmente 50% recebem salário mais auxílio moradia. Sugerindo a importância do patrocínio para se atingir esses níveis. Apenas 12% recebem algum tipo de auxílio do governo, contra os 88% que não recebem. Apenas 16% recebem algum tipo de auxilio de suas famílias, contra os 84% que não recebem possivelmente os atletas ao atingir o nível de troféu Brasil, possam se desvincular da ajuda financeira dada pela família no início de suas carreiras. 21__________________________________________________ PERFIL CULTURAL Conhecimentos extras Curso Técnico 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Idioma 71% 100% 80% 80% 60% 29% 40% 20% 20% 0% Sim Não Sim Não Fonte: Luciano Melo (2010) Em relação a conhecimentos extras, neste caso, cursos técnicos, 29 % dos entrevistados possuem algum tipo de curso, contra 71% não possuem. A respeito de conhecimento de outros idiomas, ou seja, indivíduos que falam fluentemente outros idiomas somam 20% dos entrevistados, contra 80% dos que falam o português. Iniciação esportiva A maioria dos atletas obteve sua iniciação esportiva nas escolas. Em dados, significa 54%. Já os que iniciaram em clubes especializados somaram 39%, os que iniciaram em outros locais, exemplo, bairro juntos atingiram 7% dos entrevistados. Um dado interessante levantado em nossa pesquisa foi que com exceção dos velocistas que tiveram a metade dos atletas com iniciação em clubes, todos os atletas das diferentes provas em sua maioria tiveram a iniciação nas escolas, com destaque para os campeões do troféu que destes, 75% iniciaram na escola. 22__________________________________________________ Idade de iniciação Media de idade iniciação 14,5 14,3 14 13,8 13,5 13,1 13 12,5 Homens Geral Mulheres Fonte: Luciano Melo (2010) A idade média de iniciação esportiva dos atletas foi de 13,8 anos, entre os sexos, as mulheres tiveram sua iniciação mais precoce comparada com a iniciação masculina, respectivamente 13,1 anos contra 14,3 anos deles. Iniciação dos atletas das diferentes provas no atletismo Segundo os dados levantados referente à idade de iniciação das diferentes provas do atletismo, os atletas que iniciaram mais novos no atletismo foram os atletas das provas de meio fundo com sua iniciação aos 12 anos. Nesta prova tivemos o participante que teve, entre todos a menor idade de iniciação, 7 anos, na seqüência aparecem com sua idade de iniciação 13,2 anos os saltadores, decatletas & heptatletas. Já os velocistas, atletas de campo, e os campeões do troféu tiveram a idade média de iniciação com 14,2 anos. A prova que teve a média de iniciação mais tardia foi a dos atletas de longa distância que foi de 14,7 anos. Um detalhe interessante que entre todos os entrevistados apenas 5% deles tiveram sua iniciação esportiva após os 18 anos de idade. 23__________________________________________________ Avaliação das condições de treinamento Material Esportivo 50% 42% 40% 29% 30% 20% 20% 10% 5% 4% Ruim Péssimo 0% Ótimo Bom Regular Fonte: Luciano Melo (2010) Em nossa pesquisa, perguntamos aos atletas como eles avaliam as condições de treinamento referente ao material esportivo utilizado em seus treinos e competição, os equipamentos auxiliares que são utilizados nos treinos, como sala de musculação entre outros, e por último, o local de treino. O conceito mais utilizado na caracterização da condição ideal para a prática esportiva. Em relação ao material esportivo, 42% dos entrevistados consideram de boa qualidade, 29% consideram regular, 20% consideram ótimo, 9% consideram de ruim a péssimo. Equipamento Auxiliar 50% 38% 40% 42% 30% 20% 11% 9% 10% 2% 0% Ótimo Bom Regular Ruim Fonte: Luciano Melo (2010) 24__________________________________________________ Péssimo A respeito dos equipamentos auxiliares, 42% dos entrevistados consideram regular a qualidade dos equipamentos, 38% consideram bons, e apenas 11% consideram ótimos, e por último 11% consideram de ruim a péssimo. Local de Treino 47% 50% 40% 29% 30% 20% 15% 7% 10% 2% 0% Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo Fonte: Luciano Melo (2010) Em relação ao local de treino, quase a metade dos entrevistados, ou seja, 47% consideram regular, 29% consideram bom, 15% ótimo e 9% de ruim a péssimo Um levantamento interessante que notamos em nossa pesquisa foi à diferença entre os atletas que conquistaram medalhas e os participantes que não obtiveram classificações para fase final, entre os medalhistas mais da metade destes avaliam as suas condições de treino de modo geral, material, local e equipamentos auxiliares entre bom a ótimo. Já esse número entre os que não obtiveram resultados técnicos expressivos, essa avaliação foi inferior no quesito qualidade em todos os aspectos, em especial os equipamentos auxiliares que apenas 35% consideraram ter boas condições com nenhum resultado ótimo. 25__________________________________________________ Participações em campeonatos nacionais e internacionais Troféu Brasil Participações 120% Brasileiros das Categorias* 100% 100% Sul-americano 80% 61% 60% brasileiro universitario 54% 40% Panamericano 25% 24% 20% 20% 3% Mundial 0% 1 Jogos olímpicos Fonte: Luciano Melo (2010) Todos os atletas entrevistados participaram do Troféu Brasil, 61% dos entrevistados já participaram de campeonato brasileiro das categorias de base, 54% participaram de campeonato sul americano adulto ou da categoria de base, 25% participaram do brasileiro Universitário, 24% de pan-americano adulto ou das categorias de base, 20% de campeonatos mundiais adultos ou da categoria de base, e finalmente 3% participaram de jogos olímpicos. Media de participações 6,2 3,8 1,75 Fonte: Luciano Melo (2010) 26__________________________________________________ Jogos 1 olímpicos Mundial 1 Panamericano brasileiro 2 universitario Sul-americano base * Brasileiro categorias de 2,4 Troféu Brasil 7 6 5 4 3 2 1 0 A média de participações entre os atletas que participaram de cada campeonato acima citado foi de 3,8 entre os participantes do Troféu Brasil, 6,2 entre os participantes dos campeonatos nacionais de base, 2,4 foi a média de participação no brasileiro universitário, 1,75 em campeonatos mundiais e apenas 1,0 em olimpíadas e pan-americanos. Houve algumas diferenças entre os sexos, referente à média de participações de determinados campeonatos, em especial no troféu Brasil a média delas foi menor, com 3,2 participações por atletas, entre os homens a média foi de 4, 1, mas quando nos referimos aos campeonatos de base, elas foram mais participativas com 7, 2, contra a média de 5,7 deles. Número de participações no troféu Brasil Numero de Participações no Troféu Brasil 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 29% 16% 19% 16% 7% 1 (Uma) 2 (Duas) 3 (Três) 9% 4 5 (cinco) (Quatro) 4% 6(Seis) 7+ (sete ou Mais) Fonte: Luciano Melo (2010) Entre os atletas entrevistados, 16% estrearam no troféu Brasil de atletismo 2010, 19% participavam pela 2° vez, 16% par ticipavam pela 3°vez, 20% deles participaram de 4 a 6 vezes, e finalmente 29% deles participaram mais de 7 vezes do Troféu Brasil de atletismo 27__________________________________________________ CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos que no troféu Brasil de atletismo, uma das competições com maior expressão técnica no cenário esportivo nacional, agrega atletas de diferentes classes e origens socioeconômicas e culturais, e que os mesmos encontram vários fatores que dificultam a permanência e a evolução da categoria. A idade média das mulheres que participaram do troféu é menor, e a idade de iniciação delas também é menor, outro fato em relação a elas é que a média de participação delas é menor do que a dos homens, fatores que sugerem que elas iniciam antes, mas terminam antes sua participação, uma evasão feminina mais precoce dentro do troféu Brasil comparado ao sexo oposto. Entre as provas percebemos que os atletas mais resistentes têm a idade média dos participantes mais elevada e a iniciação mais tardia comparado às demais provas, possivelmente relacionado não apenas a fatores sociais, mas também a fatores fisiológicos. A maioria dos atletas iniciou nas escolas, fato que afirma a importância da aplicabilidade dos fundamentos esportivos na escola. Houve uma grande migração dos atletas para o estado de São Paulo, mostrando a fragilidade no esporte em outras regiões do Brasil. Em relação à cor da pele, notou-se a hegemonia dos pardos e negros, já que eles são a maioria entre os medalhistas e campeões do troféu, mas com diferenças entre os sexos e as provas, entre os sexos a maioria dos homens são negros ou pardos, já entre as mulheres essa maioria é branca. Essa diferença da cor da pele ocorreu também entre as provas, já que os velocistas e saltadores, em sua maioria são negros ou pardos, contra a maioria de pardos e brancos entre os atletas de resistência. Sobre a escolaridade, os dados são positivos 63% dos entrevistados ingressaram no ensino superior e os outros 37% chegaram a concluir o ensino médio, porém houve diferenças entre as provas a respeito do grau de escolaridade, a diferença mais acentuada foi entre os atletas de resistência mostrando a fragilidade da categoria e uma necessidade de fortalecimento nesse quesito. 28__________________________________________________ Essa desigualdade em relação à escolaridade dos atletas é correlacionada com a escolaridade dos pais dos mesmos, ou seja, atletas com maior nível de escolaridade têm seus pais com maiores níveis, comparado com atletas com nível menor. No entanto, em todas as provas e categorias a escolaridade dos atletas foi maior do que a de seus pais, fator positivo ao esporte, que sugere que o mesmo seja utilizado como ferramenta essencial para educação dos atletas. A iniciativa própria foi citada como maior motivação para iniciação esportiva, em segundo a família, em seguida a escola, um fator negativo foi que a faculdade foi o último fator motivacional, aonde a mesma deveria ser um dos maiores incentivadores a prática da modalidade. Como contra partida, 63% dos atletas que estudam em faculdades ou universidades particulares recebem algum tipo de bolsa de estudo seja ela integral ou parcial. Outro dado levantado é que há poucos atletas que tem conhecimentos extras, como curso de idioma ou cursos técnicos, mostrando a falta de interesse e/ou falta de apoio a cultura. Em relação a patrocínio, quase que por unanimidade, os atletas recebem algum apoio de patrocínio, mostrando a importância dessa ajuda para chegar ao Troféu Brasil, porém a desigualdade em relação a patrocínio infelizmente é muito acentuada, por exemplo, o apoio dado aos medalhistas e campeões é extremamente maior comparado aos atletas participantes que não atingiram tal nível técnico, apenas 12% recebem ajuda do governo. Um País que pretende ser uma potência olímpica terá que trabalhar muito essa modalidade que é a “madrinha” das olimpíadas e a base para outros esportes, contudo o esforço tem que ser geral e continuado, ou seja, o atletismo não terá sustentabilidade se apenas o esporte de alto rendimento tiver apoio financeiro, já que a pesquisa mostrou que, a maioria dos atletas iniciam com idade equivalente ao ensino fundamental, por isso a importância do trabalho continuado e de longo prazo, é preciso também um redirecionamento cultural dos alunos e principalmente de profissionais da área para dar continuidade ao desenvolvimento destes talentos após a época escolar como ferramenta para ascensão social de todas as classes em especial as desfavorecidas economicamente. 29__________________________________________________ A olimpíada de 2016 será realizada no Brasil, e que para nosso País figure entre as potencias do esporte mundial ou que tenha uma evolução geral no quadro de medalhas é, essencial que haja um equilíbrio entre as 33 modalidades esportivas existente nos jogos. Contudo para que haja essa melhor distribuição no esporte e preciso um investimento em projetos relacionados a todos os setores, em especial político e educacional a longo prazo. Um excelente exemplo de desenvolvimento na modalidade atletismo e o apoio dado pela caixa econômica federal em parceria com a Cbat (confederação brasileira de atletismo) iniciativa que deve seguir de exemplo para emancipação e desenvolvimento do esporte em todas as regiões brasileiras. 30__________________________________________________ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Nelson; DEZEM, Ricieri. O atletismo. 2. ed. São Paulo: Apoio, 1990. BERGAMINI, C. W. Motivação. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1993 BOUTCHER, S.H. Emotion and aerobic exercise. In: Singer R. N.; Murphey, M.; Tennant, L. K. (Eds.). Handbook of research on sport psychology. New York: Macmillan, p. 799-814, 1993 CAPINUSSÚ, José Maurício. Jogos Olímpicos: da criação e evolução aos dias atuais. Niterói: IEG, 2007 COLVIN, Geoff. Desafiando o Talento – Mitos e Verdades. São Paulo: Globo; 2009. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: MAKRON Books, 2001 EVENCIO, Nelson. Perfil dos atletas do XXIV Troféu Brasil de Atletismo. 2006. disponível em: ww.webrun.com.br/home/conteudo/noticias/index/id/4825 Acesso em: Outubro, 2010 FREITAS, Armando; VIEIRA, Silvia. O que é Atletismo – História – Regras – Curiosidades. São Paulo: Casa da Palavra; 2007 HERÓIS do atletismo: Brasil 2000: homens e mulheres que fizeram a história do século 20. Manaus: CBAT, 2000 INSTITUTO BRASILEIRO DE MARKETING ESPORTIVO.Disponível em : http://www.ibme.org.br/noticia29.htm acesso em :fevereiro,2011-03-14 JACKSON, Colin. O jovem atleta. Lisboa: Civilização Brasileira, 1996 KIRSCH, August; KOCH, Karl; ORO, Ubirajara; DIECKERT, Jürgen (Coord.) Antologia do atletismo: metodologia para iniciação em escolas e clubes. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1984. MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha; MATSUDO, Viktor Keihan Rodrigues. Prescrição e benefícios da atividade física na terceira idade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Caetano do Sul, Distrito Federal: v.5, n.4, p. 1930,1992 MATTHIESEN, Sara Quenzer. Atletismo se Aprende na Escola. Jundiaí, SP. MATTHIESEN, Sara Quenzer. Atletismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007 MAURO, Betti Copa do mundo e Jogos Olímpicos: inversionalidade e transversalidades na cultura esportiva e na educação física escolar Motrivivencia ano XXl, N° 32/33, P 16-27 Dez 2009 di sponivel hem: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/15540/14104 McMURDO, M. E. T.; BURNETT, L. Randomized controlled trial of exercise in the elderly. Gerontology, Basel, v.38, p.292-298, 1992. Disponível em: http://bmj.bmjjournals.com/cgi/content/full/309/6958/872 MOTRIZ, Rio Claro, Fatores Motivacionais de Adesão a Grupos de Corrida v.14 n.2 PERNISA, Hamlet. Atletismo: desporto base. 3. ed. Juiz de Fora: Graf-Set, 1983. SAMULSKI, Dietmar Martin. Psicologia do esporte. 2.ed. Belo Horizonte: Costa e Cupertino, 1995. SAMULSKI D. Psicologia do esporte. São Paulo: Manole; 2002 SHARPE, P.; CONNELL, C. Exercise beliefs and behaviors among older employees: a health promotion trial. The Gerontologist, Washington, v.32, n.4, p.444-449, 1992. Disponível em: http://gerontologist.gerontologyjournals.org SILVA, Elza R.; Motivação de atletas idosos na associação de veteranos de atletismo do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2009. Disponível em: http://www.abrambrasil.com/DISSERTACAO_FINAL.pdf WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da Psicologia do esporte e do exercício. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2001 WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. . 32__________________________________________________ ANEXOS Perfil dos Atletas do Troféu Brasil de Atletismo 2010 1.Nome__________________________________________________________________ 2. Sexo: ( )M ( )F 3. Idade: _______ 4. Cidade e Estado de nascimento: _______________________________ 5. Cidade e Estado onde mora: ___________________________________ 6. Reside atualmente: ____________________________________________ ( )família ( ) república de atletas ( )república de estudantes ( ) sozinho outros ________ 7. Casado: ( )sim ( ) não 8. Filhos: ( ) sim ( ) não 9. Cor da Pele: ( )amarelo ( ) branca ( ) indígena ( ) negra 10. Está estudando atualmente: ( ) sim ( ) não ( ) ( ) parda 11. Escolaridade: ( ) Ensino fundamental I 1° a 5° serie ( ) Ensino Fundamental II 6º a 8° serie ( ) Ensino Médio ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Pós-graduação ( ) Mestrado incompleto 12. Em caso de ensino superior, qual curso:__________________________________ 13. Tipo: ( ) particular ( ) pública 14. Possui bolsa de estudos: 15. Tipo: ( ) integral ( ) sim ( ) não ( ) parcial 16. Realizou algum curso técnico: ( ) sim 17. Fala fluentemente outro idioma? Quais? ( ) inglês _______________ ( ) não ( ) sim ( ) não ( ) espanhol ( ) francês ( ) alemão outras 18. Na escala abaixo, indique a importância que você dá à formação acadêmica para o atleta: ( ) muito importante ( ) importante ( ) pouco importante ( ) indiferente 33__________________________________________________ 19) Escolaridade do pai: ( ( ( ( ( ( ( ) Ensino fundamental I 1° a 5° serie ) Ensino Fundamental II 6º a 8° serie ) Ensino Médio ) Superior completo ) Superior incompleto ) Pós Graduação ) Mestrado 20. Profissão do Pai: _____________________________________________ 21. Escolaridade da Mãe: ( ( ( ( ( ( ( ) Ensino fundamental I 1° a 5° serie ) Ensino Fundamental II 6º a 8° serie ) Ensino Médio ) Superior completo ) Superior incompleto ) Pós graduação ) Mestrado 22. Profissão da Mãe: ______________________________________________ 23. Tem ou já teve algum outro atleta na família? ( ) sim Quem?_____________ 24. Trabalhava antes de ser atleta? ________________ ( ) sim ( ) não ( ) não Especifique: 25. Aonde começou a treinar? ( ) escola ( ) no clube ( ) outros Especifique:______________________________ 26. Idade que começou treinar: _________ anos 27. O que motivou a se tornar um atleta? ( ) família ( ) escola ( ) faculdade ( ) clube ( ) amigos ( ) mídia ( ) ídolo esportivo ( ) iniciativa própria ( )outros............................. 28. Quais os fatores, abaixo relacionados, que mais influenciou para que você se tornasse um atleta profissional? Assinale apenas o mais importante: ( ) desejo de ascensão social (viagens) ( ) satisfação pessoal ( ) gosto pelo esporte Especifique___________________ ( ) maior rentabilidade financeira ( ) outros 29. Recebe algum apoio financeiro? ( ) não ( ) sim ( ) salário mensal ( ) auxílio material ( ) auxílio transporte ( ) auxilio alimentação ( ) auxilio moradia ( ) outros 30. Recebe algum tipo de bolsa auxilio do governo? ( ) sim ( ) não 34__________________________________________________ 31. Recebe ajuda financeira da família? ( ) sim ( ) não 32. Atualmente possui outro trabalho além de competir? Especifique ___________________ 33. Possui computador em casa? ( ) sim ( ) não 34. Acessa a internet? ( ) sim ( ) não 34.1) Freqüência semanal: ( ) 1vez ( ) 2 vezes ( ) sim ( ) não ( ) 3 vezes ou mais 35. Provas que compete: __________________________________________________ 36. Como você avalia as suas condições de treinamento, considerando: 36.1. Material esportivo, ( ) ótimo péssimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) ( ) regular ( ) ruim ( ) ( ) regular ( ) ruim ( ) 36.2. Equipamentos auxiliares e necessários ao treinamento: ( ) ótimo péssimo ( ) bom 36.3. Local de treinamento: ( ) ótimo péssimo ( ) bom 37. Clube pelo compete:__________________________________________________ qual 38. Provas que participará no Troféu Brasil 2010:___________________________________ Colocação: _______________ 39. Nº de participações no TB:_______ Jogos Olímpicos: ______ Mundiais: ___________Panamericanos: _______ Sulamericanos:_______ Campeonatos nacionais da categoria _________ Campeonato brasileiro universitário (jub’s): ______________ 40. Melhor índice técnico alcançado em sua carreira atlética: Especifique________________________ 35__________________________________________________