UNIANDRADE NÚCLEO DE PESQUISA IV SEMINÁRIO DE PESQUISA & IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA CURITIBA 2006 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 1 UNIANDRADE Reitor Prof. José Campos de Andrade Vice-Reitora Prof. Maria Campos de Andrade Pró-Reitora Financeira Prof. Lázara Campos de Andrade Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. José Campos de Andrade Filho Pró-Reitora de Planejamento Prof. Alice Campos de Andrade Lima Pró-Reitora de Graduação Prof. Mari Elen Campos de Andrade Pró-Reitor Administrativo Prof. Anderson José Campos de Andrade Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Prof. Helena Gonçalves Kawall Comissão Organizadora Prof. Helena Gonçalves Kawall Prof. Ricardo A. D. Zanardini Editoração Ricardo A. D. Zanardini Capa Brunilda T. Reichmann Foto Izabelle Soares 2 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA APRESENTAÇÃO O Centro Universitário Campos de Andrade – UNIANDRADE tem a satisfação de organizar o IV Seminário de Pesquisa e IV Seminário de Iniciação Científica da Uniandrade, realizado nesta Instituição, em novembro de 2006. Este seminário reúne os resultados obtidos pelos nossos professores e alunos, participantes dos Programas de Pesquisa da UNIANDRADE, além de trabalhos desenvolvidos em outras Instituições de Ensino Superior. Este livro contém os resumos dos 115 trabalhos apresentados no evento, distribuídos nas seguintes áreas do conhecimento: Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Humanas, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Sociais Aplicadas, Lingüística, Letras e Artes. O tema da palestra de abertura “Reflexão crítica na formação acadêmica”, proferida pela Prof. Ms. Adriana C. S. Mattos Brahim, reflete a importância da leitura crítica, que constitui um dos pilares de nosso universo acadêmico, comprometido com o desenvolvimento pessoal e profissional de cada um e de nossa sociedade. Agradecemos a palestrante e os professores Diva Conceição Ribeiro, Moacir Elias Santos, Nelita Ferraz de Mello Sauner pela revisão deste livro. Destacamos também o apoio da Reitoria, da Direção do Campus João Negrão, do Prof. Nei Ferreira de Camargo Neto e voluntários para a realização deste evento. Desejamos a todos um ótimo seminário! Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Presidente do IV SP e IV SIC da Uniandrade Prof. Helena Gonçalves Kawall Coordenadora do Núcleo de Pesquisa IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 3 4 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SUMÁRIO Ciências Biológicas ................................................... 11 DESLOCAMENTO, RECRUTAMENTO E MORTALIDADE DE Actinia bermudensis (CNIDARIA: ANTHOZOA) EM UM COSTÃO ROCHOSO DE ZONA ENTREMARÉS EM PENHA, SC ..................................................... 11 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE QUÍMICA ............... 12 Ciências da Saúde ..................................................... 14 PERFIL NUTRICIONAL DE IDOSOS ASSISTIDOS EM ATENDIMENTO DOMICILIAR ...................................................................................................... 14 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS GESTANTES ATENDIDAS NO CENTRO DE ESPECIALIDADES DO BAIRRO NOVO - CURITIBA-PR ... 15 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS DE ROEDORES APÓS A ADMINISTRAÇÃO DE FIBRAS .................................................................. 16 DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE EMULSÕES COSMÉTICAS UTILIZANDO POLISSACARÍDEOS COMO ESPESSANTE ...... 17 RADICAIS LIVRES: VERDADES E MITOS ....................................................... 18 ESTADO NUTRICIONAL VERSUS FRACIONAMENTO ALIMENTAR ............... 19 ANALISE DOS EFEITOS DE EXERCÍCIOS TERAPEUTICOS EM ESTEIRA SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL, CONSUMO DE OXIGENIO PELO CORAÇÃO, QUALIDADE DE VIDA E CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL .................. 20 ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS DE CRIANÇAS EM FASE ESCOLAR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PINHAIS ....................................................... 21 CONTROLE DE SOBRA LIMPA E RESTO-INGESTÃO DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ................................................................... 23 CONSUMO DE ALIMENTOS REGULADORES EM IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE ATENDIMENTO AO IDOSO EM CURITIBA ................. 24 A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO DE FIBRAS ................................................. 25 TRATAMENTO NUTRICIONAL NO DIABETES ................................................ 26 RESPEITO AS HIERARQUIAS DE ENFERMAGEM NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ...................................................................................................... 27 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE ............................................. 28 LIDERANÇA COM PODER EM ENFERMAGEM .............................................. 29 HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTES HOSPITALARES ......................................... 30 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM SETOR DE HOSPITAL ............... 31 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM EFICÁCIA ........................................................ 32 IMPLANTAR UMA NOVA ROTINA EFICAZ EM UM HOSPITAL .......................... 33 A COMPLEXIDADE DA ATIVIDADE DE UM ENFERMEIRO EM UM HOSPITAL 34 STRESS NO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA ......................................... 35 ADMINISTRAÇÃO DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL POR SONDA ...... 36 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 5 QUALIDADE DO FUNCIONÁRIO DE ENFERMAGEM EXEMPLAR ................. 38 SATURNISMO: CONTAMINAÇÃO PELO CHUMBO ......................................... 39 O TABAGISMO NO AMBIENTE FAMILIAR: ENFASE EM DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NA CIDADE DE PATO BRANCO EM 2005 .......................................................................... 40 AVALIAÇÃO DA SINTOMATOLOGIA DE LER/DORT EM ENFERMAGEM ......... 41 CENTRO CIRÚRGICO – DADOS EPIDEMIOLÓGICOS EM TRAUMA ............ 42 COMPARAÇÃO DA CONDIÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA DE ESTUDANTES ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS ..................... 43 Ciências Exatas e da Terra ....................................... 45 COMUNICAÇÃO BLUETOOTH: J2SE <-> J2ME ............................................. 45 FRAMEWORK ZK ............................................................................................. 46 BLUETOOTH: TRANSMISSÃO COM SEGURANÇA ........................................ 47 IMPLEMENTAÇÃO DE SOCKETS UTILIZANDO A LINGUAGEM JAVA ............. 48 APLICAÇÕES INTERNET EMBEDDED .......................................................... 49 COMPRESSÃO SEM PERDAS DE IMAGENS E SENOGRAMAS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ....................................................... 50 MANIPULAÇÃO DE IMAGENS VETORIAIS NA INTERNET .............................. 51 VISUALIZAÇÃO VOLUMÉTRICA DE IMAGENS MÉDICAS USANDO OPENGL 52 UTILIZAÇÃO DO FORMATO VETORIAL SVG EM SISTEMAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA INTERNET ............................................. 53 ORIENTAÇÃO A OBJETOS EM _JAVASCRIPT ................................................. 55 FUSÃO DE IMAGENS DE TERMOGRAFIA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR ................................................................................................ 56 PIROMETRIA NA AVALIACAO EM PROCESSOS INDUSTRIAIS ...................... 57 ARTE NO ENSINO DA MATEMÁTICA PARA TURMAS DE ENSINO MÉDIO ..... 58 UM ESTUDO A RESPEITO DA IDENTIDADE FORMAL E/OU INFORMAL DO ENSINO DE ASTRONOMIA EM PLANETÁRIOS ....................................... 59 AUTOCAD - UM SOFTWARE ALTERNATIVO PARA O ENSINO DE GEOMETRIA E DESENHO ............................................................................................. 60 A HISTÓRIA E O ENSINO DA TERMODINÂMICA ............................................. 61 METODOLOGIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA PARA INCLUSÃO DE DEFICIENTES AUDITIVOS ....................................................................... 62 DOMINÓ MATEMATICO - UMA METODOLOGIA ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE EXPRESSÕES NUMÉRICAS ............................................................. 63 PROJETO DE ESTUDOS SOBRE A APRENDIZAGEM DE ESTAÇÕES DO ANO E A DETERMINAÇÃO DOS PONTOS CARDEAIS .................................... 64 O PERFIL DO ACADÊMICO DE PRIMEIRO ANO EM UM CURSO DE MATEMÁTICA NAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE CURITIBA ....... 65 INTERPOLAÇÃO POLINOMIAL NO ENSINO MÉDIO ...................................... 66 A APLICAÇÃO DA MATEMÁTICA NA MÚSICA PARA O ENSINO MÉDIO ............ 67 6 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Ciências Sociais Aplicadas ....................................... 68 ANÁLISE DO IMPACTO DO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU NO CRESCIMENTO ECONÔMICO REGIONAL ....................................... 68 Ciências Humanas .................................................... 70 CANHOTOS ..................................................................................................... 70 DIAGNÓSTICO DO ENSINO DE HISTÓRIA: CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DESMOTIVAÇÃO DE PROFESSOR E ALUNOS EM ESCOLA DO ENSINO FUNDAMENTAL ......................................................................... 71 GUERRA DO CONTESTADO - 1912-1916 ...................................................... 72 LITERATURA PARA CRIANÇAS COM ALTO GRAU DE RISCO ....................... 73 VIVENCIANDO NOVAS PRATICAS: A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA DE ALUNOS E PROFESSORES .......................................... 74 REFLEXÃO DA EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO E ANÁLISE DE CONTEÚDOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................ 75 EDUCAÇÃO E TRABALHO JUNTOS PELA AUTONOMIA ................................ 76 AS ADMOESTAÇÕES DE FRANCISCO DE ASSIS: REFLEXÕES SOBRE A FUNDAÇÃO DE UM DISCURSO .............................................................. 77 O PROFESSOR E O ENSINO DE HISTÓRIA: UM ESTUDO DE CASO DA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO .................................... 78 A MULHER NO EGITO ANTIGO: ASPECTOS DA IGUALDADE JURÍDICA ...... 79 VÍSCERAS INTEIRAS OU PELA METADE? UM ESTUDO SOBRE OS VASOS CANÓPICOS DA COLEÇÃO DO MUSEU NACIONAL .............................. 80 NOMENCLATURAS E LOGOTIPIAS EM CURITIBA: UM ESTUDO DE EGIPTOMANIA .......................................................................................... 81 UM ESTUDO SOBRE O MAL-ESTAR DOCENTE EM UMA ESCOLA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO .......................................................................... 82 AS OFERENDAS FUNERÁRIAS NAS ESTELAS DO REINO MÉDIO: UM ESTUDO ICONOGRÁFICO ...................................................................... 83 A MÚMIA NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL: UM ESTUDO DE EGIPTOMANIA .......................................................................................... 84 A ARQUEOLOGIA NOS LIVROS DIDÁTICOS: PROBLEMAS E SOLUÇÕES ... 85 A MUMIFICAÇÃO DE ANIMAIS NO ANTIGO EGITO: UM ESTUDO EXPERIMENTAL ............................................................................................................ 86 DAS TUMBAS PARA O CINEMA: A “MÚMIA MANIA” NA SÉTIMA ARTE .............. 87 A EDUCAÇÃO E A PROFISSIONALIZAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIANDRADE – Última Parte .................................................................. 89 Lingüística, Letras e Artes ......................................... 91 “WIT-JORNADA DE UM POEMA”. A MORTE COMO CONTRAPONTO AO MITO AMERICANO DO SUCESSO .................................................................... 91 A NARRATIVIDADE ENQUANTO ATO CRIADOR ARTÍSTICO DE DOSTOIÉVSKI EM “CORAÇÃO FRÁGIL” .......................................................................... 92 ESTUDO DAS IMAGENS EM LAVOURA ARCAICA .......................................... 93 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 7 EDGAR ALLAN POE: VIDA E OBRA ................................................................. 94 LITERATURA: DA SEMANA DE ARTE MODERNA À ARTE DO SAMBA ............ 95 EM NOME DO FILHO: IMAGENS DE SUBVERSÃO E TRANSGRESSÃO EM LAVOURA ARCAICA .................................................................................. 96 VOZ E VETO EM LAVOURA ARCAICA: ENSAIO SOBRE GÊNERO, ETNIA E PATRIARCADO ......................................................................................... 97 PONTO DE PARTIDA: CENTRAL DO BRASIL ................................................ 98 TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: O FILMEÓPERA DO MALANDRO DE RUY GUERRA ................................................................................................... 99 A RECRIAÇÃO FÍLMICA DO ROMANCE AS HORAS ..................................... 100 PER OMNIA SAECULA SAECULORUM ......................................................... 101 A TRADIÇÃO E O TALENTO DE JOÃO CABRAL: RECIFE DESOLADA ........ 102 “CARANDIRU” – UM RETRATO DO POVO BRASILEIRO ............................. 103 A POÉTICA DA NARRATIVA E A NARRATIVA POÉTICA EM “LAVOURA ARCAICA” ............................................................................................... 104 TEATRO E CINEMA EM DIÁLOGO: “HITCHCOCK BLONDE” DE TERRY JOHNSON .............................................................................................. 105 AS METAMORFOSES DA PERSONAGEM FREI LOURENÇO NAS ADAPTAÇÕES FÍLMICAS DE ROMEU E JUILIETA ................................. 106 O ‘SONHADOR’ DOSTOIEVSKIANO EM NOITES BRANCAS ....................... 107 O CINEMA DA CRUELDADE DE LUIZ FERNANDO CARVALHO: VOZES DOS SUBTERRÂNEOS DA CONSCIÊNCIA EM “LAVOURA ARCAICA” .......... 108 A CONTEMPORANEIDADE DOS CONTOS DE FADAS ................................ 109 A REVELAÇÃO DO ESPAÇO EM JAMES JOYCE E DALTON TREVISAN ...... 110 O ENSINO DA LÍNGUA JAPONESA PARA BRASILEIROS, NOVAS PERSPECTIVAS ..................................................................................... 111 OS DILEMAS DO NARRADOR EM LAVOURA ARCAICA ............................... 112 NARRATIVA MULTILINEAR E O ABANDONO DA CULTURA EM LAVOURA ARCAICA ................................................................................................. 113 O PROJETO AUTOBIOGRÁFICO SUBJACENTE À OBRA DE JAMAICA KINCAID ................................................................................................. 114 THE HOUSE ON MANGO STREET: RITO DE PASSAGEM E MATURAÇÃO . 116 UMA ANÁLISE DA HISTÓRIA DE INICIAÇÃO EM KATHERINE MANSFIELD . 117 A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS ABERTOS NA EDUCAÇÃO ....................... 118 A REPRESENTAÇÃO DA VIOLÊNCIA EM TITUS (2000) DE JULIE TAYMOR 119 CONCEPÇÕES DE LEITURA NA CRÍTICA LITERÁRIA E NAS ABORDAGENS DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA ......................................... 120 VISÕES DO MAR EM OS LUSÍADAS E MENSAGEM ..................................... 121 A CARNAVALIZAÇÃO EM “O LADRÃO HONRADO”: UMA VISÃO BAKHTINIANA DO CONTO DE DOSTOIÉVSKI .............................................................. 122 A FALA DO PRESIDENTE .............................................................................. 123 FORMAÇÃO DE PROFESSORES HUMANOS PARA SERES HUMANOS .... 124 NO EMBALO DA LEITURA ............................................................................. 125 O RETRATO DA EXALTAÇÃO DO POVO INDÍGENA ...................................... 126 A ANTINOMIA ENTRE O MUNDO E O HERÓI DOSTOIEVSKIANO NO CONTO “ O SR. PROKHÁRTCHIN” ....................................................................... 127 RELAÇÕES DIALÓGICAS ENTRE O DUPLO EM “ESPANTALHOS” DE LUIZ ZANOTTI E “O DUPLO” DE DOSTOIEVSKI ............................................ 128 8 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA UM OLHAR BAKHTINIANO SOBRE ZÉ BEBELO .......................................... 129 O HOMEM MODERNO E A LITERATURA LIGHT ........................................... 130 ESTUDO DO DIALOGISMO ENTRE AS OBRAS HAMLET, DE WILLIAM SHAKESPEARE, E A VERSÃO CINEMATOGRÁFICA DESSA PEÇA DIRIGIDA POR FRANCO ZEFFIRELLI ................................................... 131 A TRANSFIGURAÇÃO FEMININA NA OBRA DE BERNARD SHAW ............... 132 LAVOURA ARCAICA: DAS PÁGINAS À TELA ................................................. 133 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS SUBJACENTES AO CONTO “UMA ÁRVORE DE NATAL E UM CASAMENTO”, DE DOSTOIEVSKI .................................... 134 FAIRCLOUGH E A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO .................................. 135 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 9 10 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA RESUMOS Ciências Biológicas DESLOCAMENTO, RECRUTAMENTO E MORTALIDADE DE Actinia bermudensis (CNIDARIA: ANTHOZOA) EM UM COSTÃO ROCHOSO DE ZONA ENTREMARÉS EM PENHA, SC Max Leopoldo Wentzel, Letícia Silva, Marcelo R. Dias, Patrícia Calil, Ana Tereza Bittencourt Guimarães Linha de Pesquisa: Biologia de Organismos e Comunidades [email protected] A bermudensis é a espécie de anêmona com maior índice de ocorrência no litoral sul, e raros os trabalhos sobre sua biologia e ecologia. Este trabalho tem por finalidade analisar a estrutura populacional de A. bermudensis, seu deslocamento, recrutamento, mortalidade e seleção de microhábitats. Estas condições verificadas em um costão rochoso na praia do Quilombo, na cidade de Penha, SC, desde março de 2006 sendo acompanhadas mensalmente, pela técnica visual dos quadrados. A. bermudensis possuem uma limitada, porém muito interessante habilidade de locomoção sobre as rochas. O deslocamento ocorre por um período curto e rápido, não sendo visível durante a maré baixa, ocorrendo provavelmente durante a maré alta, o que inviabiliza a observação direta deste. No início do experimento foi escolhida uma área aleatóriamente e demarcadas 11 unidades amostrais (quadrados) de 2500cm2 (50x50 cm) com resina epóxi de secagem rápida DUREPOXI®. Em cada mês subseqüente os dados foram coletados dos mesmos locais permitindo assim a continuidade do trabalho. Em cada unidade amostral as anêmonas foram individualizadas pela mensuração de seu disco pedal e o quadrante em que se encontra facilitando a identificação na próxima amostragem. No período de março à agosto o deslocamento das anêmonas não mostrou preferência por uma determinada direção, sendo aparentemente relacionado apenas com preferência de microhábitat evitando assim competição intraespecífica. O total de anêmonas encontradas nas coletas realizadas de março a agosto de 2006 foi de 230 indivíduos, medindo de 1 a 35mm. De março e abril, foram encontradas 56 e 39 anêmonas respectivamente em apenas 9 dos 11 quadrantes, possivelmente devido à grande ocorrência IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 11 de marés baixas durante estes meses, já que nos quadrantes vazios não houve ocorrência de indivíduos na parte superior da rocha – local onde só há água durante maré alta, nos meses seguintes (maio a agosto), haviam indivíduos em todos os quadrantes selecionados, pois houve maior incidência de maré alta durante esses meses. Durante o período amostral a mortalidade superou o recrutamento havendo 32% de mortalidade e apenas 18% de recrutamento. Independente da localização na rocha e tamanho das anêmonas, todas apresentam posicionamento de tentáculos voltados para a água, estando os indivíduos maiores e mais velhos geralmente mais expostos que os jovens que habitavam fendas e sulcos. Este comportamento ocorre possivelmente para evitar dessecação ou a competição intraespecífica por espaço, havendo a delimitação de diferentes nichos de hábitat para garantir a coexistência de diferentes classes etárias na população. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE QUÍMICA Mailde Adelia Casagrande Linha de Pesquisa: Ensino - aprendizagem de Química [email protected] O presente estudo pretende analisar o porquê de nossos alunos da Educação Básica apresentar dificuldades no processo ensino aprendizagem de Química e quais as perspectivas para a construção de saberes e práticas escolares que contribuam para o avanço do Ensino de Química. A formação de professores para o Ensino de Química, muitas vezes precária e distanciada da realidade escolar, a falta de novas tecnologias da comunicação, multimídia e a pouca relevância para a prática docente têm contribuído decisivamente aumentando o grau de dificuldade para o ensino de Química. Cabe ao professor o desafio de integrar seus alunos no contexto de que ambos fazem parte desta nova era do conhecimento, resgatando saberes e acrescentando outros à sua vivência e que fazem parte do seu cotidiano. Nessa perspectiva as instituições de ensino devem priorizar uma carga horária maior para os estágios e práticas de ensino para os cursos de Licenciatura. Os acadêmicos devem ter acompanhamento de um professor mestre, com vasta experiência para orientá-los e incentivá-los nos momentos cruciais do estágio. O trabalho tem a pretensão de fazer pesquisa de campo em Instituições que tenham curso de Licenciatura em Química e Ciências Biológicas para então fazer um comparativo sobre a Prática de Ensino e Estágio Supervisionado 12 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA apoiado em referencial teórico que dê suporte à pesquisa e priorize a formação de professores. O presente projeto teve início em Cascavel – PR, em 1980, atuando como professora de Química do Ensino Médio em escolas públicas e particulares. O grande obstáculo foi ao assumir a sala de aula, quando percebi que não estava preparada para aquela atividade e tudo que havia estudado na Faculdade não passava de simples memorização, excessiva quantidade de informações, porém não garantiam o conhecimento e o conjunto de saberes até então vivenciados. Comprovouse a necessidade de uma formação de professores mais sólida, com acompanhamento e orientações no decorrer do Estágio Supervisionado, o que não aconteceu durante minha formação acadêmica. Mais tarde, também como Professora de Química, verifiquei a necessidade de aliar teoria à prática através de experimentos simples, mas que pudessem despertar no aluno o interesse pela pesquisa, pela descoberta e à discussão entre seus colegas, enfim, construir seus saberes de acordo com a aprendizagem que aos poucos se construía. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 13 Ciências da Saúde PERFIL NUTRICIONAL DE IDOSOS ASSISTIDOS EM ATENDIMENTO DOMICILIAR Beatriz Bueno; Giana Zabarto Longo Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] Tem-se registrado um envelhecimento mundial das populações, gerando maior necessidade em aprofundar a compreensão sobre o papel da nutrição na promoção e manutenção da saúde de idosos. O Paraná conta hoje com 979.269 idosos acima de 60 anos, o que corresponde a 9,6% da população do Estado. Conhecer o perfil nutricional de indivíduos idosos torna-se fator essencial para basear e direcionar as ações de intervenção para esta faixa etária. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil nutricional de idosos assistidos em atendimento domiciliar por uma unidade de saúde do município de Curitiba. O instrumento utilizado foi uma adaptação da Mini Avaliação Nutricional idealizada por Guigoz e Vellas, 1994, composta de medidas antropométricas (peso, altura, circunferência de braço e panturrilha); avaliação global (seis perguntas relacionadas com o modo de vida, medicação e mobilidade); questionário dietético (oito perguntas relativas ao número de refeições, ingestão de alimento e líquidos e autonomia na alimentação) e avaliação subjetiva (a auto-percepção da saúde e do estado nutricional). A amostra foi composta por 10 indivíduos, com idade maior ou igual a 60 anos, acamados ou com dificuldade de locomoção, usuários cadastrados na unidade de saúde. A análise dos dados foi realizada no programa Epiinfo (DEAN, 1990), versão 3.3.2, mediante freqüências e demonstrada em tabelas e gráficos. Para verificar associação entre as variáveis, utilizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson, e considerou-se o valor p<0,05 para aceitar as associações. A média de idade foi de 80 anos, com idade mínima de 67 anos e idade máxima de 93 anos. O sexo feminino foi prevalente, compondo 90% da amostra. Quanto ao estado nutricional, 20% da amostra (n = 10) encontravase bem nutrida, 40% em risco nutricional e 40% desnutridos. Diferenças significativas entre estes grupos foram observadas na medida de circunferência da panturrilha (p = 0,05) e na mobilidade (p<0,05). Pôde-se concluir que há necessidade de se reorganizar o sistema de vigilância alimentar e nutricional, priorizando não só os grupos até então considerados em risco (gestantes e crianças até 5 anos), mas a faixa etária de indivíduos 14 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA com idade igual ou superior a 60 anos. Palavras-chave: idosos; atendimento domiciliar; estado nutricional. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS GESTANTES ATENDIDAS NO CENTRO DE ESPECIALIDADES DO BAIRRO NOVO - CURITIBA-PR Jerusa da Silva Machado; Janiele Zonta; Maris Caroline Nogueira Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] Vive-se hoje a transição do perfil nutricional, ou seja, o aumento da obesidade em homens e, sobretudo, em mulheres da população adulta, juntamente com a diminuição da desnutrição e a degradação dos padrões alimentares, a qual pode gerar graves conseqüências na saúde da população. Particularmente, na gestação, considerada como período de vulnerabilidade, visto que as transformações que ocorrem no corpo da gestante implicam em aumento nos requerimentos de macro e micronutrientes. As condições ambientais exercem influência direta no estado nutricional do feto e da mãe. O ganho de peso adequado, a ingestão de nutrientes, o fator emocional e o estilo de vida serão determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto. O estado nutricional no início da gestação e o ganho de peso adequado têm repercussões importantes na saúde da mulher e do bebê.O objetivo deste trabalho foi avaliar o estado nutricional das gestantes atendidas no Centro de Especialidades do Bairro Novo em Curitiba – Paraná. A coleta dos dados ocorreu em três dias consecutivos e a escolha da amostra se deu aleatoriamente, totalizando 40 gestantes. Para a avaliação do estado nutricional utilizou-se um formulário quantitativo, as medidas antropométricas utilizadas foram o peso pré-gestacional e gestacional e a estatura, obtidos do cartão da gestante. Para o diagnóstico do estado nutricional pré-gestacional utilizou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) segundo a OMS (1995) e para o gestacional, o IMC segundo curva de ATALAH (1989). No período pré-gestacional houve maior prevalência de eutrofia (69%), seguido de sobrepeso (23%), obesidade (5%) e apenas 3% de baixo peso. Em relação ao peso gestacional, 44% das gestantes se encontravam com o peso adequado, 28% com sobrepeso e 28% com obesidade. Devido ao ganho excessivo de peso, principalmente no terceiro trimestre, 43% das gestantes modificaram o estado nutricional prégestacional. Observou-se que 56% das gestantes têm seu estado IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 15 nutricional classificado como sobrepeso ou obesidade e apenas 44% como adequado. Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam que a maioria da população avaliada demonstrou estado nutricional classificado como sobrepeso ou obesidade, reforçando-se então, a importância do acompanhamento nutricional desde o período pré-gestacional promovendo assim ganho de peso adequado e uma gestação saudável e segura, tanto para a mãe quanto para o bebê. AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS DE ROEDORES APÓS A ADMINISTRAÇÃO DE FIBRAS Priscilla Kohiyama de Matos Silva, Bruna Sandriele Sculka Prof. Andrea Regina Zacarias Silva, Prof. Cynthia de Matos Passoni, Prof. Sandra Martin Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] O consumo de alimentos ricos em fibras alimentares é essencial para manter a saúde e reduzir os riscos de diversas patologias como diabetes mellitus, doença coronariana e isquêmica do coração, obesidade e diversas doenças do aparelho digestivo. As fibras são compostas geralmente por carboidratos de origem vegetal. Em sua maioria resistem à hidrólise das enzimas digestivas alcançando as porções distais do tubo digestório integras. São classificadas em fibras solúveis e insolúveis, de acordo com a solubilidade de seus componentes em água. Os efeitos orgânicos das fibras são distintos e dependem de suas características. A presença de fibras solúveis podem dificultar a absorção de carboidratos, por diminuírem a taxa de difusão de glicose e a taxa de glicemia pós-prandial ( MAGNONI et al, 2006).A ingestão de fibras solúveis aumentam o tempo de trânsito intestinal, diminuem o esvaziamento gástrico e em algumas pesquisas constatou-se o decréscimo nos níveis de colesterol total e LDL colesterol no seu uso regular. Inúmeros trabalhos científicos relacionam o uso regular de dietas enriquecidas com fibras solúveis, como uma das formas dietoterapicas adequadas para controle glicêmico, em outros estudos estão revelando efeitos inéditos das fibras e os nutrientes e elementos biologicamente ativos ligados a fibra, como efeitos hipocolesterolêmicos e hipotensivos, a modulação de glicose e insulina, o controle do peso corporal e uma influência sobre a atividade fibrinolítica. Nesse trabalho será utilizado como fonte de fibras o material extraído das sementes de tamarindo que é rico em proteínas e um polissacarídeo chamado xiloglucana. O tamarindo é originário da Índia e sudeste da Ásia sendo também bastante 16 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA cultivado no nordeste do Brasil. A polpa de seu fruto é muito utilizada no preparo de doces e sucos, sendo que a sua semente é descartada. Em um estudo anterior foi demonstrado que a ingestão de uma farinha de outra espécie vegetal contendo como principal fração uma xiloglucana de alto peso molecular promovia uma diminuição da glicemia pós-prandial, bem como da concentração de insulina em humanos, fato que motivou o desenvolvimento do presente trabalho cujo principal objetivo é a obtenção do material contendo xiloglucana extraído da semente de tamarindo, para posterior administração em roedores que terão seus parâmetros bioquímicos testados. DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE EMULSÕES COSMÉTICAS UTILIZANDO POLISSACARÍDEOS COMO ESPESSANTE Marcelo Gomes, Prof. Neila de Paula Pereira, Prof. Mirian de Ramos Gouvêa, Prof. Sandra Martin Linha de Pesquisa: Produtos Naturais [email protected] O uso de matérias-primas extraídas da natureza está crescendo cada vez mais e dominando a indústria cosmética. Produtos de uso tópico incluindo esses materiais podem apresentar em seu desempenho a eficiência e eficácia desejadas com a garantia de excelente qualidade. Neste trabalho, a semente de tamarindo, uma árvore originária da Índia e sudeste da Ásia e muito cultivada no nordeste do Brasil, é a matéria-prima de onde, através de extração aquosa exaustiva, foi obtido o polissacarídeo xiloglucana que foi desproteinizado com o Reativo de Fehling para então ser utilizado em formulações cosméticas. A xiloglucana é um polissacarídeo de origem vegetal encontrado na parede celular de diversas espécies e também como polissacarídeo de reserva em algumas sementes. Sua estrutura é constituída por uma cadeia linear de unidades de glucose interligadas por ligações do tipo beta(1?4) substituídas na posição 6 por unidades de alfaD-xilose que por sua vez podem estar substituídas na posição 2 por unidades de beta-D-galactose. Nos últimos anos tem aumentado consideravelmente o interesse sobre esse polissacarídeo como pode ser demonstrado pelo número crescente de artigos enfocando diferentes utilizações e propriedades. A xiloglucana de sementes de tamarindo pode ser utilizada, principalmente nas indústrias têxtil e alimentícia e ainda como adesivo e agente emulsificante. Em cosméticos, para preparar IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 17 emulsões de óleos essenciais, cremes de barbear e dentifrícios. Em produtos farmacêuticos como ligante em comprimidos e drágeas. O carbopol que é um produto muito utilizado em emulsões de uso cosmético como espessante foi substituído pelo polissacarídeo xiloglucana, adotandose os mesmos critérios de preparação e concentração da formulação original. Comparando-se o resultado da fórmula utilizada após a manipulação com os dois produtos observaram-se os seguintes resultados: - Quanto ao aspecto: A fórmula com a Xiloglucana apresentou-se com maior brilho e textura mais suave quando comparada com a formulação contendo carbopol. - Quanto a viscosidade: Mediu-se com um viscosímetro rotativo analógico a viscosidade das duas formulações, sendo que a que contém carbopol apresentou uma viscosidade de 7800 mPa.s e a que contém a xiloglucana apresentou uma viscosidade igual a 5300 mPa.s, o que explicaria a sua textura mais suave. Na continuidade deste trabalho serão realizados testes físico-químicos cuja avaliação criteriosa será importante para a validação do processo de substituição do carbopol pela xiloglucana. RADICAIS LIVRES: VERDADES E MITOS Mailde Adelia Casagrande, Deise Dias, Nilton Carnieri, Paulo Janissek Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] Os radicais livres têm sido apresentados como os grandes vilões da vida moderna. No entanto, a falta de conhecimentos impede uma visão global que mostra também os aspectos positivos destas espécies químicas. Neste artigo são abordados os principais aspectos da química dos radicais livres no intuito de contribuir com informações relevantes que permitam um melhor entendimento dos processos radicalares. A não preservação do meio ambiente tem causado um efeito assustador para a humanidade, expondo-a a conseqüências catastróficas, impedindo um padrão de vida com qualidade. É inquestionável que o avanço tecnológico das últimas décadas propiciou maior conforto aos seres humanos – especialmente nos segmentos de transporte, comunicações, energia e lazer. No entanto, este desenvolvimento se deu, na maioria das vezes, à custa de sérias agressões ao meio ambiente. Dessa forma, palavras como poluição ambiental, destruição da camada de ozônio, radicais livres, contaminação radioativa, alimentos transgênicos, destruição da fauna e da flora, começam a ganhar destaque no nosso cotidiano. Porém, apesar da extensiva divulgação na mídia, muito pouco de informação relevante chega até os 18 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA cidadãos que não estejam diretamente envolvidos nestes assuntos. Este trabalho pretende divulgar informações sobre os radicais livres, no sentido de propiciar aos leitores um esclarecimento mais amplo e científico sobre este tema, ilustrando as diferentes maneiras como os radicais podem nos afetar. Acreditamos que a conscientização é o primeiro passo que propicia uma postura pró-ativa de respeito ao meio em que se vive. É importante entender que, um dano ambiental não acontece somente quando temos um grande vazamento, ou através de grandes indústrias. Pequenas atitudes, como economizar água, separar o lixo, não utilizar produtos que contenham CFC (cloroflúorcarbonos), também podem contribuir para a preservação do meio ambiente.Um Radical Livre é qualquer átomo, molécula ou íon que possui um ou mais que um elétrons livres na sua órbita externa. Esses elétrons livres ou não pareados têm uma instabilidade química muito grande, e sendo assim, mesmo tendo meia vida de frações de segundos, são altamente reativos e são capazes de reagir com qualquer composto que esteja próximo, a fim de “roubar” desse composto, seja ele uma molécula, uma célula, ou tecido do nosso organismo, o elétron necessário para sua estabilização, produzindo reações em cadeia de dano celular. Existem Radicais Livres de íons metálicos, de carbono, etc., mas os principais na Medicina são os Radicais Livres de Oxigênio. ESTADO NUTRICIONAL VERSUS FRACIONAMENTO ALIMENTAR Juliane Klosinski Fernandes, Luciane Hirt; Juliana Ces, Juliana Tumura, Maricléia Vicente, Dra Cynthia Matos Silva Passoni Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] As mudanças ocorridas na estrutura familiar, no século XX, influenciaram o padrão alimentar, sendo incomuns refeições com horários definidos e cardápios elaborados para o consumo em família, especialmente nas grandes cidades, onde as atividades são exercidas em diferentes horários e contextos (SANTOS et al, 2005). O fracionamento alimentar tem grande importância para a manutenção do índice glicêmico e controle da saciedade, podendo auxiliar no tratamento dietético da obesidade (NOBRE & MONTEIRO,2003; VIEIRA, 2005). Intervalos regulares de 2 a 3 horas entre as refeições e lanches podem ser o ideal para que os níveis de glicemia se mantenham constantes, sem grandes oscilações, permitindo que as funções orgânicas sejam otimizadas sem lançar mão de mecanismos de IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 19 defesa (VITOLO, 2002). Este estudo teve como propósito final promover reeducação alimentar, enfatizando a importância do fracionamento alimentar para o equilíbrio do funcionamento do organismo, assim como, para melhorar ou auxiliar na manutenção do estado nutricional. OBJETIVO: Verificar a relação entre o número de refeições realizadas diariamente e o estado nutricional de pacientes em tratamento dietético. METODOLOGIA: Os dados de número de refeições diárias foram coletados do “Recordatório Alimentar 24 horas” contido nos prontuários habitualmente utilizados na Clínica de Nutrição do Centro Universitário Campos Andrade, de 189 pacientes atendidos entre fevereiro de 2005 a maio de 2006, de ambos os sexos e faixa etária entre 12 e 60 anos; assim como os dados de IMC (OMS, 1985). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Campos de Andrade, nº do protocolo 65. RESULTADOS: Entre os dados obtidos constatou-se que 71% dos pacientes apresentam diagnóstico de excesso de peso (sobrepeso e obesidade segundo IMC), sendo que destes, 62% consomem de 2 a 4 refeições ao dia e apenas 38% consomem o recomendado de 5- 6 refeições diárias. Por outro lado, dos pacientes com diagnóstico de eutrofia (27%), 56% consomem de 2 a 4 refeições ao dia e 44% consomem de 5 a 6 refeições. CONCLUSÃO: Observou-se que quanto menor o número de fracionamento das refeições mais elevado o IMC, ou seja, mais inadequado o estado nutricional. Ingerir porções menores em cada refeição, evitando grande intervalo de tempo, pode auxiliar na prevenção e tratamento da obesidade. ANALISE DOS EFEITOS DE EXERCÍCIOS TERAPEUTICOS EM ESTEIRA SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL, CONSUMO DE OXIGENIO PELO CORAÇÃO, QUALIDADE DE VIDA E CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL Rafaela Christina Lindemann, Milene Strapasson Silvia Regina Valderramas Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] Centro Universitário Campos de Andrade - UNIANDRADE RESUMO Introdução: a Hipertensão Arterial é considerada quando a pressão arterial é acima de 140 por 90 mmH, sendo problema de saúde não apenas em 20 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA países desenvolvidos, mas também no terceiro mundo, um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Eleva o custo médicosocial, principalmente pelas suas complicações, como as doenças cérebro vascular, arterial coronariana e vascular de extremidades, além de insuficiência renal crônica. O aparecimento da hipertensão é facilitado pelo excesso de peso, sedentarismo, elevada ingestão de sal, baixa ingestão de potássio. No período de pós-exercício físico adequado e planejado, quanto a sua duração e intensidade pode ter efeito hipotensor prolongado importante, esta queda depende de diminuição do débito cardíaco, associada à redução do volume sistólico. A reabilitação Cardíaca através de exercícios é uma alternativa de tratamento fisioterapêutico já comprovada na melhora da qualidade de vida, a necessidade de trabalhos que analisem os efeitos de exercícios terapeuticos em esteira sobre os parâmetros, bem como a escassez de referências que abordem essa análise. Objetivo: analisar os efeitos de exercícios terapêuticos em esteira sobre a pressão arterial, consumo de oxigênio pelo coração, qualidade de vida e capacidade funcional em pacientes portadores de hipertensão arterial. Métodos: A amostra foi composta de 27 pacientes de ambos os sexos, com média de idade de 40 anos, com diagnóstico clínico de hipertensão arterial. Foram submetidos a um programa de exercícios físicos constituído de 4 fases: aquecimento, fortalecimento de membros superiores e membros com 50% da carga máxima no teste incremental,realizando as duas diagonais de Kabat e para membros inferiores exercícios isotônicos com tornozeleiras de 1Kg sendo para todos realizado duas séries de 10 repetições, treinamento aeróbico com duração de 20 minutos, com 70% da Capacidade Fucional, inclui exercícios de resistência na esteira e após, o desaquecimento. Os pacientes foram avaliados no pré e pós tratamento através do teste da caminhada em 6 minutos (TC6), duplo produto (pressão arterial sistolica x freqüência cardíaca) e qualidade de vida (SF-36). Resultados: a análise dos resultados está em andamento. Conclusão: Dependerá dos resultados obtidos. Palavras chaves: Hipertensão arterial, exercícios terapêuticos, capacidade funcional, qualidade de vida. ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS DE CRIANÇAS EM FASE ESCOLAR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PINHAIS Luciane Hirt, Prof. Giana Zarbato Longo Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 21 Na infância os hábitos alimentares são formados e tendem a se solidificar na idade adulta. A prevalência crescente de obesidade em crianças e adolescentes é um dos mais significativos problemas nutricionais da atualidade A transição nutricional é caracterizada por um aumento exagerado do consumo de alimentos ricos em gordura e alta densidade calórica, associado ao sedentarismo. Este estudo tem o objetivo de verificar os hábitos de crianças em idade escolar em relação ao estado nutricional. A amostra constituiu-se de 48 crianças de 6 a 10 anos de uma escola pública do município de Pinhais -Pr. Aferiu-se a altura, circunferência da cintura e peso das crianças. As atividades realizadas pelas crianças foram coletadas através de recordatório. A população compreendeu em 31 do sexo feminino e 17 do masculino. Da totalidade da população 4 eram baixo peso (8%), 37 eutrófico (77%), 6 com sobrepeso (13%) e 1 com obesidade (2%). Verifica-se que há uma maior prevalência de obesidade entre 9 e 10 anos (20 e 22%) e o baixo peso se encontra com maior prevalência entre os 7 e 8 anos (7,7 e 25%). Segundo a adiposidade abdominal observou-se que 33% possuem valores aumentados. Observouse uma maior prevalência de sobrepeso/obesidade nas meninas (16%) e menor nos meninos (12%). As crianças com sobrepeso e obesidade passam em média mais tempo na frente da tv/computador do que os eutróficos e baixo peso. Não houve diferença entre o tempo de sono das crianças segundo os diferentes estados nutricionais. O tempo dedicado às brincadeiras foi maior nas crianças com baixo peso. Os tipos de brincadeiras realizados pelas crianças foram separados em leves (desenhar, jogar domino, brincar de boneca, carrinho, etc) e pesadas.(andar de bicicleta, jogar bola, pular corda, brincar de roda, esconde-esconde, etc). Observou-se que as crianças com baixo peso realizavam mais brincadeiras pesadas (75%). As atividades leves foram em média iguais entre os estados nutricionais. A prevalência de crianças que não relataram realizar brincadeiras foi superior no grupo de sobrepeso/obesidade (28,6%). Observou uma forte relação entre os hábitos das crianças, mostrando assim que a inatividade física é um importante contribuinte para o sobrepeso e obesidade. Mesmo que vários estudos mostrem resultados diferentes dos interferentes na obesidade, a literatura relata que estes fatores conjuntamente interferem no estado nutricional. 22 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA CONTROLE DE SOBRA LIMPA E RESTO-INGESTÃO DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Luciane Hirt, Prof. Edilceia D. do Amaral Ravazzani Linha de Pesquisa: Controle de qualidade [email protected] O controle de desperdício é um fator de grande importância no gerenciamento de uma UAN, além da diminuição de custos também é uma questão ética e político-social, sendo o Brasil um país que se encontra em subnutrição e miséria. O registro de sobras e restos de refeições podem ser eficientes para mostrar a adequação e aceitação dos produtos oferecidos aos clientes. O controle contínuo tem como objetivo identificar falhas nos processos a fim de corrigi-los, e assim estabelecer novos padrões e informações necessárias para futuras programações. A unidade de alimentação e nutrição pesquisada mostrou urgência na implantação desta técnica por inúmeros fatores. Este estudo tem o objetivo de fornecer dados para diminuir o desperdício de alimentos na unidade. Realizou-se a pesagem do resto-ingestão e a sobra limpa das preparações do almoço, após sua finalização. A análise da sobra limpa e resto-ingestão foi feita junto à nutricionista da unidade considerando os inúmeros fatores interferentes. No período pesquisado (11/08 a 11/09) a sobra limpa totalizou 451,485 kg , com uma média de 22,592 Kg/dia, com desvio padrão de 8,244, sendo em média de 86g por pessoa. No decorrer na pesquisa, observou-se que os valores de resto-ingestão iniciais não eram totalmente reais devido a resistência dos funcionários em colaborar. Analisando apenas o segundo período (21/08 a 11/09), onde mostra valores fidedignos, obteve uma média de 29g de resto-ingestão por pessoa. Este valor se encontra abaixo ao encontrado em outros estudos. Segundo o tipo de preparação, mostrou que a guarnição é a que mais contribui para o alto resultado de sobra limpa, em segundo lugar o arroz. A guarnição amilácea contribuiu 60,3% para a quantidade de sobra limpa da guarnição. As preparações analisadas tiveram sua quantidade atualizada. Observou-se que algumas preparações não tiveram boa aceitação e não serão mais produzidos na unidade. A pesquisa mostrou uma boa aceitação das preparações pelos comensais. A sobra limpa mostrou-se acima do aceitável. Além das modificações nas quantidades de alimentos utilizados na realização de preparações, mostra-se importante a realização de treinamento com os colaboradores, mostrando estratégias para diminuir o desperdício e implementá-las. A resistência encontrada nos funcionários em colaborar mostra a dificuldade da gestor/nutricionista em administrar a unidade, pois IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 23 é necessária a colaboração de todos, não obtendo isto, ao contrário de ter informações valiosas pode-se obter dados não fidedignos. CONSUMO DE ALIMENTOS REGULADORES EM IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE ATENDIMENTO AO IDOSO EM CURITIBA Luciane Hirt, Prof. Edilceia D. do Amaral Ravazzani Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] As grandes alterações ocorridas no idoso e sua suscetibilidade a uma má nutrição, principalmente de deficiências vitamínicas, mostra a importância do consumo de uma alimentação adequada. O consumo de uma ampla variedade de frutas e verduras assegura uma dose adequada da maioria dos micronutrientes, fibras e outras substâncias essenciais. Estima-se que o baixo consumo de frutas e verduras cause cerca de 31% das isquemias cardíacas e 11% dos acidentes cardiovasculares em todo o mundo. O objetivo deste estudo foi verificar o consumo de frutas e verdura na população idosa e realizar uma intervenção, mostrando a importância do consumo de frutas e verduras através de folders e cartazes. Os dados foram coletados do recordatório 24h e da frequência alimentar de anamneses dos pacientes atendidos em uma unidade de atendimento ao idoso entre agosto a setembro de 2006. Após foi realizada uma intervenção com os idosos através de folder e cartaz. A média de consumo de frutas pelos idosos foi de 1,3 porção por dia. A população idosa atendida consome poucas frutas por dia, sendo que 39% dos idosos pesquisados não relataram consumo de frutas e 29,3% consomem apenas 1 porção de fruta. Segundo a pirâmide alimentar o ideal de consumo de frutas é de 3 a 4 porções, o que não é atingido nesta população onde apenas 19,5% dos idosos consomem mais que 3 porções. Em média os idosos consomem 1,7 porções de verduras e legumes por dia, e 19,5% relataram não consumir nenhum tipo de verdura ou legumes. Sendo que apenas 19,5% consomem 3 ou mais porções, o que preconizado pela pirâmide alimentar atual e a pirâmide alimentar para idosos com mais de 70 anos de Russel. Segunda a freqüência alimentar, a maioria dos idosos consomem frutas e verduras/ legumes diariamente (59% e 73% respectivamente) e apenas 2% relataram nunca comer frutas e o restante da população consome frutas e verduras/ legumes semanalmente. Observou-se que o hábito do consumir verduras/ legumes foi maior que o consumo de frutas ao contrário do que encontrado em outro estudo. A população idosa não consome adequadamente frutas 24 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA e verduras como o preconizado na pirâmide alimentar, alimentos necessários em qualquer idade, e de maior importância nesta fase, devido às várias alterações ocorridas. Mostra-se necessário uma ampla conscientização desta população, pois esta é muito suscetível a deficiências nutricionais. A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO DE FIBRAS Janiele Zonta, Jerusa da Silva Machado, Maris Caroline Nogueira Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância do consumo de fibras na prevenção e tratamento de doenças. As fibras correspondem à soma residual dos tecidos de sustentação de vegetais consumidos nas mais variadas dietas, tornando-se um conjunto de compostos que resistem a hidrólise pelas enzimas endógenas do tubo digestivo. Podem ser classificadas como solúveis e insolúveis. As fibras solúveis (pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses) digerem-se quase que integralmente no cólon e possui maior capacidade de se ligar à água e formar gel. Agem no estômago e no intestino delgado, são facilmente fermentadas pelas bactérias intestinais, originando gases; retardam o esvaziamento gástrico e o tempo de transito intestinal, tornando a digestão mais lenta e diminuem a absorção da glicose e do colesterol. Encontramos em grande quantidade nas frutas, hortaliças e leguminosas. As fibras insolúveis (celulose, lignina e hemiceluloses restantes) praticamente não se digerem e apresentam efeito mecânico sobre o trato gastrointestinal. Por serem fibras não fermentáveis, imobilizam a água em sua matriz aumentando o volume do material a ser excretado e o peristaltismo intestinal, diminui o tempo do trânsito intestinal e possuem ação antioxidante. Ocorre o predomínio nas hortaliças, frutas (c/casca), leguminosas e cereais (farelos). Pouco volume de fezes, secura do bolo fecal e evacuação difícil são os sintomas mais comuns, quando a quantidade de fibras ingerida diariamente é insuficiente. Uma dieta pobre em fibras pode desencadear doenças como apendicite, enfermidades do divertículo, hérnia de hiato, hemorróidas, câncer de colón, aterosclerose, doença isquemia cardíaca e diabetes. O aumento da quantidade de fibras na rotina alimentar deve ser feito de maneira gradual, mudanças bruscas podem causar gases, cólicas, diarréias e reduzir a absorção de cálcio e vitaminas (A, D, E e K). O FDA recomenda uma ingestão de 25g a 35g de fibras por dia, sendo 70 a 75% de fibra insolúvel. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não menciona especificamente uma quantidade IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 25 de fibras, mas preconiza alto teor de frutas e vegetais na dieta (pelo menos 400 g/dia). Conclui-se assim que a utilização das fibras deverá estar cada vez mais presente na composição dos alimentos consumidos pela população. Constatamos que as fibras em geral quando corretamente utilizadas podem exercer funções desde preventivas até curativas sobre certas enfermidades. Adicionar fibras à alimentação tende a ser um desafio para aqueles que se interessam em diminuir o risco de aparecimento de doenças a partir de uma alimentação adequada. TRATAMENTO NUTRICIONAL NO DIABETES Maris Caroline Nogueira, Janiele Zonta, Jerusa da Silva Machado, Gisele Pantaroli Raymundo Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão literária sobre a dieta dos pacientes com Diabetes Mellitus. A finalidade da terapia nutricional é ofertar nutrientes sem promover a hiper ou hipoglicemia, diminuir problemas cardiovasculares, controlar o peso, fornecer calorias apropriadas, normalizar o perfil lipídico, evitar complicações agudas e crônicas e reduzir a mortalidade. O planejamento das calorias do paciente com DM é baseado na avaliação nutricional conforme peso, altura, idade, sexo e atividade física. Para a avaliação do tratamento nutricional é fundamental realizar o monitoramento da glicemia, hemoglobina glicada, lipídeos séricos, pressão sanguínea e função renal. Os carboidratos devem fornecer 50% a 60% da ingestão de energia. Hoje os denominados simples não são tão restritos como no passado, podendo contribuir com até 1/3 da ingestão total. Os carboidratos complexos apresentam benefícios como: menor índice glicêmico, maior saciedade e propriedades de se ligar ao colesterol. As fibras solúveis atuam retardando a absorção de glicose, diminuindo a glicemia pós-prandial, já as insolúveis exercem pouco efeito sobre o controle glicêmico. Não há uma quantidade determinada de fibra para o controle glicêmico, a indicação é a mesma para população geral. Os adoçantes substituem os açúcares refinados na dieta. A OMS orienta a associação de mais de um tipo de adoçante, seu uso deve estar dentro dos limites de segurança considerando seu valor calórico. Os diabéticos não devem ter na alimentação diária mais de 30% do valor calórico da dieta de lipídeos, devem incluir modestas quantidades de gordura saturada e níveis moderados a altos de monoinsaturadas. As recomendações protéicas são as mesmas da população sadia de 0,8 e 1,5 g/ kg de peso corporal/ dia, na presença de nefropatia orienta-se de 0,6 a 0,8 g/ Kg de peso corporal/ 26 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA dia. Não existe a necessidade de suplementação de vitaminas ou minerais para diabéticos com uma dieta adequada, porém a deficiência de magnésio tem efeito na resistência à insulina. O efeito do álcool na glicemia depende da quantidade de bebida consumida com relação à ingestão de alimentos. As bebidas alcoólicas fornecem 7 Kcal/ g, seu consumo pode representar uma ingestão excessiva de energia sem valor nutritivo. Conclui-se assim que a alimentação de diabéticos visa controlar as alterações metabólicas associadas a DM, sendo de grande relevância que o consumo dos nutrientes seja equilibrado em relação à quantidade e qualidade, o que requer uma participação ativa por parte do paciente e de seus familiares. RESPEITO AS HIERARQUIAS DE ENFERMAGEM NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Taciane Di Domenico, Jussara Tavares, Sandra Salete, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração Aplicada a Serviços de Enfermagem [email protected] A hierarquia é uma distribuição de poderes, com subordinação sucessiva de uns aos outros dentro de uma categoria, classe e graduação. É indispensável que se mantenha uma ordem. A organização hierárquica é de grande importância dentro dos serviços de enfermagem para que se delegue funções e se consiga desenvolver um trabalho consciente e de qualidade. Objetivou-se com esta pesquisa, trazer à tona o relacionamento entre pessoas pertencentes a uma hierarquia, sejam eles: supervisores ou colaboradores inseridos em um contexto hospitalar e contribuir para conscientização da classe para o fornecimento de informações de qualidade ao público para o qual a enfermagem dedica sua prática, esforço e tempo. Nossa principal fonte de pesquisa se manteve em experiências, relatos e testemunhos de profissionais e também aproximadamente 10 (dez) sites com até 5 anos de publicação nos quais os termos sugestivos foram: supervisão em enfermagem/ hierarquias. O serviço de enfermagem possui um desgaste profundo e uma história pregressa de mágoa e revolta no que diz respeito a subordinação devido a sucessivas afirmações abusivas de superioridade, com isso, tem se observado uma total descrença, descaso da equipe tornando a relação: superior X colaborador deficiente, improdutiva, teimosa no cumprimento de ordens. A mídia também desempenha seu papel, contribuído na maioria das vezes de forma negativa, nas atribuições de cargos e reconhecimento errado, dedicando o mérito de ações a outros profissionais. A administração participativa tem sido IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 27 apontada em instituições bem sucedidas como a responsável pelo resgate ao respeito às hierarquias, e propulsora de mudanças, transformando o trabalho em parceria satisfatória. Outro ponto importante é promover o esclarecimento e correta informação, sobre cargos, funções, atribuições. Cadê ao profissional de enfermagem graduado provar a sua importância e demonstrar o seu papel aos menos esclarecidos e aos que possuem idéias distorcidas. Portanto, na busca pelo respeito mútuo, o supervisor deve desempenhar além do papel de liderança, o papel de mediador, animador e ouvinte considerando pontos de vista diferentes, os objetivos individuais devem estar alinhados com os do grupo. E ainda, elaborar a informação a ser mostrada, deixando claro seu papel indispensável na organização, planejamento e ajuste dos serviços de saúde. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE Vânia Valente Scognamiglio, Vanessa Valente Scognamiglio, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] Os resíduos sólidos dos serviços de saúde, comumente denominado “Lixo Hospitalar”, são gerados por estabelecimentos de hospitalares, e constituem fonte de risco à saúde e ao meio ambiente. Estes resíduos são constituídos de diferentes frações sólidas e líquidas geradas como materiais biológicos contaminados, objetos pérfurocortantes, peças anatômicas, substâncias químicas, tóxicas, inflamáveis e radioativas provenientes dos estabelecimentos de saúde. O Gerenciamento destes resíduos é executado através de um conjunto de ações e procedimentos que descrevem as condutas referentes ao manejo dos resíduos de serviços de saúde, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e deposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente. Esta pesquisa tem a finalidade de orientar profissionais da área de saúde sobre a forma correta de se coletar, manusear, acondicionar e transportar o lixo hospitalar mostrando os diferentes tipos de embalagens e forma de tratamento deste lixo. Procuramos verificar o nível de informação destes profissionais sobre o acondicionamento destes resíduos através de uma pesquisa de campo com um questionário contendo 15 questões. A amostra foi composta com 40 profissionais entre funcionários da limpeza até enfermeiros. O objetivo foi verificar o quanto os profissionais da área da saúde e funcionários que trabalham dentro de um hospital sabem a respeito do lixo hospitalar, os tipos de embalagens 28 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA usadas, quais os resíduos que são gerados dentro de um ambiente hospitalar e a separação correta dos mesmos, sabendo correlacionar o tipo de lixo com a cor do recipiente a ser usado para o armazenamento e gerenciamento final deste lixo. De acordo com a pesquisa realizada, dos resultados obtidos, constatou-se que 70% sabem o que é o lixo hospitalar, porém não sabem para onde vai e nem como são armazenados estes resíduos; 25% sabem apenas os tipos de lixo comum e recicláveis e não sabem como é feito o acondicionamento e destino final deste lixo e 5% não sabem distinguir nenhum tipo de lixo. Concluímos com esta pesquisa que a maioria dos entrevistados sabem o que se trata o lixo hospitalar, porém necessitam de uma orientação mais profunda no assunto, pois desconheciam sobre o destino deste lixo e os riscos que pode provocar ao meio ambiente e à nossa própria saúde. LIDERANÇA COM PODER EM ENFERMAGEM Elaine Martins Martins, Daniela do Carmo Rocha, Evaine Duenhas Mazer, Gracimar Nogueira, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] O termo liderança é conceituado como a capacidade de liderar. É a habilidade de influenciar e conduzir pessoas para trabalharem visando objetivos definidos como bem comum não necessariamente exercida através do poder, este, definido como sendo a faculdade de forçar ou coagir indivíduos a realizarem vontades próprias através da força e privilégios de posição social. Com a hierarquização do sistema capitalista, frequentemente a figura do líder é associada ao chefe, digno de submissão e conversão através do exercício de poder instituído por sua posição de comando. Objetivou-se com a pesquisa ressaltar possibilidades da ação de liderar baseadas não em títulos, cargos ou privilégios hierárquicos, mas sim, na liderança com sucesso, qualitativa através do favorecimento de autonomia, individualidade e dinâmica no grupo, convertendo liderados em líderes e líderes em agentes passíveis de mudança, reduzindo imposições, competições, proporcionando interatividade centrada em confiança em prol de objetivos. As principais fontes de estudo foram obtidas através de pensadores filosóficos, referências bibliográficas, relatos profissionais e diversos encartes digital que sugerem desgaste no trabalho, falta de união no grupo, elevação da produtividade e redução de mão-deobra, relacionados ao uso abusivo de liderança com poder. Atualmente as maiores instituições organizacionais, sejam estas políticas, legais, educacionais, industriais e assistenciais, sofrem constante pressão do IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 29 sistema para atuar através de planejamentos, metas e objetivos que findem lucrativamente, criando na sociedade contemporânea indivíduos ansiosos em redirecionar e converter situações em benefícios próprios. A mídia freqüentemente mensura liderança com poder, categorizando, reconhecendo méritos e valores conforme conveniente à audiência objetivada. Foi criada uma “conspiração inconsciente” da reversão de valores humanísticos e sociais de uma liderança desejável. A administração participativa adotada por instituições que visam o respeito às hierarquias através do trabalho em parceria satisfatória, demonstra a possível integração entre objetivos individuais dinamicamente em equilíbrio com almejados resultados finais, proporcionando o que poderíamos chamar de liderança conquistada, não sendo somente méritos administrativos, mas sim de integração contínua de líderes e liderados, no organizar, planejar e adaptar-se individualmente proporcionando equidade entre as partes indispensáveis ao sucesso da organização, não necessitando de igualdades, mas sim valorizando diferenças e diversidades. A liderança deve estar inserida nas partes deste imenso “quebra-cabeça” idealizado como sucesso, e sua finalização é dependente da harmonia do todo. A rivalidade deve estar voltada à conquista de mercados através da dedicação de cada colaborador sendo assistidos individualmente como lideres desta conquista. HUMANIZAÇÃO EM AMBIENTES HOSPITALARES Regina Aparecida Albino Luiz, Kellin Regina Schmitt, Paulo Henrique, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] Humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer no corpo, para serem humanizados, precisam tanto que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito precisa ouvir do outro palavras de seu reconhecimento. Hospital Humanizado é o hospital cujo padrão de assistência e funcionamento global estejam em conformidade com os indicadores de humanização e os princípios e diretrizes do Programa Nacional Humanização Assistência Hospitalar (PNHAH). O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por estas instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si. Como justificativa 30 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA pela pesquisa temos a tentativa de criar nas pessoas com as quais temos contato, uma ação com potencial para disseminar uma nova cultura de atendimento humanizado, que visam estabelecer um bom relacionamento entre a instituição de saúde, o profissional de saúde e o cliente. Para isso se torna necessário o uso de toda maquinaria hospitalar que deverá estar unida no mesmo objetivo, utilizando-se de tecnologia e ciência, a força humana envolvida na entidade. Tudo isso deverá estar em torno de princípios e valores como solidariedade, respeito e ética. Essa pesquisa tem por objetivo, divulgar a proposta de humanizar a assistência à saúde, tendo em vista que isso é uma conquista e uma grande vitória para qualquer instituição que a promova devido aos visíveis benefícios que a humanização traz aos seus clientes e aos profissionais que ali colaboram. Foi utilizada como metodologia a pesquisa em sites específicos da Internet e também bibliografias sobre o tema. Concluindo, busca-se com a divulgação da humanização criar melhorias em todos os aspectos aos profissionais da área da saúde, além de restaurar parte da imagem das instituições públicas hoje bastante desgastadas. É dever dos profissionais o comprometimento em melhorar este marketing do profissional e das instituições para se manter no mercado, que hoje está tão concorrido. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM SETOR DE HOSPITAL Juliana Taborda Taborda, Claudinei de Oliveira, Pamela Cristine Leviski, Silvio Macedo Santos, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em enfermagem [email protected] Entende-se como gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), o conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases cientificas e técnicas normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos mesmos um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Este artigo tem por objetivo avaliar os aspectos referentes ao gerenciamento interno dos RSS produzidos pelo setor de Transplante de Medula Óssea (TMO) de um hospital de Curitiba. Escrito com base em uma revisão bibliográfica e sites específicos, o artigo foi enriquecido por resultados de estudos e pesquisas dos últimos dois anos. A gestão adequada dos RSS constitui-se um dos grandes desafios a serem enfrentados dentro da problemática do saneamento ambiental apesar de IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 31 representar uma pequena parcela dos resíduos urbanos, são particularmente importantes tendo em vista seu potencial de causar impactos ao ambiente e especialmente à saúde pública. Para a adoção de um efetivo plano de gerenciamento deve-se contemplar um estudo de caracterização dos resíduos, pois isso permitirá a otimização do sistema de manejo por meio dos diferentes grupos de resíduos. Dessa forma o acondicionamento dos resíduos do Grupo A, que são aqueles que oferecem alto risco à saúde, devido à presença de agentes biológicos, devem ser acondicionados em sanitos branco leitoso. Os resíduos do Grupo B onde se classificam os quimioterápicos e demais resíduos farmacêuticos devem ser descartados em bombonas. Já os resíduos do Grupo C são todos os materiais que se destinam a reciclagem. Os do Grupo D englobam todos os resíduos comuns que basicamente se originam de materiais de higiene e asseio pessoal. No tocante ao Grupo E, que são os materiais perfuro cortantes e cortantes contaminados, esses devem ser acondicionados em recipiente rígido de tamanho apropriado com abertura mínima para inserção do resíduo de forma segura. O objetivo principal da segregação não é reduzir a quantidade de resíduos infectantes a qualquer custo, mas acima de tudo, criar uma cultura organizacional de segurança e de não desperdício. Após uma avaliação do gerenciamento interno, conclui-se que a segregação dentro do setor hospitalar é de extrema importância não só no âmbito da saúde ocupacional, mas como também para um menor impacto ambiental e redução dos riscos à saúde pública. EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM EFICÁCIA Adriana Mirela Oliveira Oliveira, Eva Vicente, Juliane Matos, Maria Bernardina, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] Entende-se por educação em saúde quaisquer combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias conducentes à saúde. Existe a necessidade de se questionar a atual estrutura do ensino de Enfermagem, seja na prática ou na teoria, qual a atividade é mais relevante para um aprendizado efetivo, qual filosofia deve orientar a comunidade acadêmica para que busquemos a perfeição técnica aliada à humanização das ações de enfermagem. Deve-se perceber antes de tudo, qual o real contexto de saúde em nosso país, para que o educador não seja um mero idealista, mas um transmissor de conhecimentos concretos. Lembrar-se do papel pedagógico, sem nos 32 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA esquecermos do papel social, da transformação do aluno em trabalhador e disseminador do conhecimento adquirido. O objetivo é reconhecer métodos em que se possa oportunizar situações de relacionamento entre trabalho e educação, não esquecer que mesmo após a formação, quando o indivíduo já está inserido mercado de trabalho, existe a necessidade de refinar a sua prática, através de educação constante, também denominada educação continuada. A valorização do Enfermeiro, como educador, preparado para capacitar, treinar e estimular seus alunos a pensar, analisar, criticar, pode fazer a diferença nos profissionais que atuarão nos serviços de saúde, trazendo benefícios para a categoria profissional, e para a clientela que se beneficia de um atendimento dinâmico, competente e eficaz. O objetivo deste artigo é explorar o significado da educação em saúde, e levantar dados sobre qual o método de ensino mais adequado para transmitir comportamentos de cuidado de forma mais eficaz, buscando a melhor alternativa para se repassar ações profissionais de forma humanista, sem deteriorar a técnica, demonstrando ética e competência, Utilizou-se, como instrumento de pesquisa, cinco obras literárias utilizadas na formação pedagógica do profissional em área de saúde, pesquisadas em um período de quinze dias, confrontando diversas teorias e, através da análise dos textos, refletiu-se sobre qual método seria eficaz na educação em saúde. Concluí-se que quando o educador recebe formação pedagógica, filosófica e técnica adequada a um padrão de cuidar humanista, o educando recebe competência que lhe habilita como um cuidador eficiente. O ambiente de trabalho e aqueles que nele atuam têm os objetivos propostos por intervenções educativas. Os profissionais bem capacitados aumentam seu poder de relacionamento, produtividade e consequentemente, intensificam a eficácia das suas ações profissionais. IMPLANTAR UMA NOVA ROTINA EFICAZ EM UM HOSPITAL Janaina Nogueira, Ducelsa Kaliberda, Franciele Miranda, Márcia Vidotto, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] A implementação de uma nova rotina em um hospital visa assegurar a qualidade do serviço associado à satisfação do cliente bem como a otimização dos recursos. Devido às mudanças rápidas na tecnologia e avanços científicos, as instituições devem adaptar – se e mudar a rotina visando a humanização no atendimento ao cliente e a otimização dos IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 33 recursos que lhe são proporcionados. A informação dos subordinados na formação, implementação e revisão de políticas permitem ao líder administrador desenvolver diretrizes que todos os funcionários irão apoiar e seguir. As mudanças devem seguir a ética profissional, valorizar o profissional motivando-o a participar da implantação da nova rotina, aceitando suas sugestões e opiniões, respeitando as relações no trabalho buscando dessa forma a satisfação do cliente. É necessário manter a organização durante o processo de implantação e realização feedback de forma a esclarecer a efetividade das mudanças e com isso buscar a credibilidade no atendimento prestado ao cliente. A presente pesquisa tem como objetivo refletir sobre a importância da busca de aperfeiçoamento do cuidado prestado ao cliente. As inovações tecnológicas e organizacionais vêm causando importante mudança no mundo do trabalho, seja na produção, seja na sociedade, com repercussões que parecem ser bastante profundas. A metodologia utilizada para a pesquisa foram os sites da internet dos quais foram encontrados 98 sites sobre o assunto, destes utilizou-se seis sites eletrônicos tais como as revistas especializadas em enfermagem sobre o tema proposto por serem os que mais se identificavam ao objetivo. Conclui-se que um planejamento adequado fornece ao administrador um meio de controle e estimulo ao trabalho. Os recursos a serem disponibilizados no projeto é muito importante, principalmente devese observar a participação do grupo de trabalhadores em saúde tais como hospitais e clinicas. No momento efetivo da mudança na rotina o administrador deve identificar os objetivos de curto e longo prazo devem estar bem claros assim como as mudanças que tem de ser efetuadas para garantir o sucesso unidade hospitalar. A COMPLEXIDADE DA ATIVIDADE DE UM ENFERMEIRO EM UM HOSPITAL Susan Kelly C. Martins, Luciana Stresser Bueno, Pedro Alexandre M. dos Santos, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] O exercício da função gerencial pelo enfermeiro no Brasil é uma questão ainda mesclada por desentendimentos e incompreensões. O fato dele incorporar funções gerenciais no seu trabalho, em grau considerado acentuado por alguns autores, tem sido a causa de muita polêmica na profissão. Esta polêmica avulta na medida em que se torna evidente e o que se verifica ser a sua ação cotidiana nas instituições de saúde. A prática 34 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA profissional do enfermeiro deve prender-se à assunção da função gerencial centrada na assistência ao paciente, a qual será norteada pela compreensão e pelo conhecimento do paciente como pessoa, e de suas necessidades específicas. O objetivo deste estudo é orientar as ações do enfermeiro no sentimento de implementar a assistência de enfermagem, além de envolver a implementação das ordens médicas e as expectativas da organização hospitalar, uma vez que todo serviço administrativo é fundamentalmente interdependente, o que significa complementaridade e interrelação, e não apenas o manuseio de tráfegos de influências e de adaptações de dependência. Nossa linha de pesquisa baseou-se em experiências e relatos de profissionais bem como de aproximadamente seis sites com até cinco anos de publicação nos quais os termos sugestivos foram: enfermeiro líder/assistência hospitalar/ação gerencial do enfermeiro. No ambiente hospitalar, os enfermeiros, mais do que qualquer outro profissional da saúde, tem freqüentes oportunidades de facilitar e manifestar o respeito pelos direitos do paciente, como líderes de equipe, ou seja, assumindo a liderança da assistência prestada ao paciente. Os enfermeiros são a fonte principal de contato pessoal e contínuo com os pacientes, não obstante seu envolvimento com a tecnologia e com a burocracia hospitalar. São eles os responsáveis pela implementação do cuidado a cada paciente, o que lhes confere oportunidade de orientá-lo e de prestar-lhe informações completas, precisas e verdadeiras sobre os procedimentos que os integrantes da equipe de enfermagem, ou outros profissionais da saúde, desempenharão com ele e para ele. Conclui-se que o hospital é caracterizado com uma organização mais complexa do sistema de cuidado a saúde. Classifica-se como uma organização normativa, embora, haja pouca informação concernente às formas segundo as quais os pacientes são controlados. Contudo, sabemos que a necessidade do paciente em aceitar as regras do jogo é altamente internalizada, onde o enfermeiro inicia o seu processo de enfermagem para garantir a sua eficácia. STRESS NO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA Alexandre Vasel Garcia, Dirlene Moreira, Eliete Deves Westphal, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: saúde do trabalhador [email protected] Stress é a mobilização geral do organismo a determinados estímulos que representam circunstâncias súbitas ou ameaçadoras preparando-o para a emergência, deixando o individuo em “estado de alerta”. O stress é, IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 35 portanto, a reação não-específica de um indivíduo submetido a estímulos externos que podem ser desagradáveis e dolorosos (distress) ou desejáveis e agradáveis (eustress). O Stress por ser um mal que cada dia mais está presente em nossas vidas, está se tornando um problema de cunho social, pois não escolhe classe para agredir, atuando em todas as massas. Um melhor entendimento do assunto levará a todos a melhor utilização do stress. A presente pesquisa foi elaborado com o intuito de viabilizar um melhor entendimento ao redor de um assunto que atinge muitos, com objetivo de informar através de textos simples e conceitos mundialmente reconhecidos, para criar uma opinião sobre o stress amenizando os efeitos nocivos do stress e direcionando a pessoa para uma melhor qualidade de vida. O stress pode ser interpretado como favorável, quando nos impulsiona a conquistar divisas e ultrapassá-las, e quando em excesso é responsável por disfunções traumáticas em nossa vida, ocasionando uma baixa qualidade de vida pessoal, acarretando agressividade, angústia, depressão, abuso de tabaco, álcool e outras drogas, influenciando diretamente a vida na comunidade. Na última década, cada vez mais pessoas sofrem de stress. As mudanças bruscas no estilo de vida e a exposição a um ambiente cada vez mais complicado levando a sentir um determinado tipo de angústia, sem proteção a situações traumatizantes, assim os mecanismos de defesa passam a não responder de uma forma eficaz, aumentando a possibilidade de vir a sofrer de doenças e ter uma baixa qualidade de vida. Desenvolvemos uma metodologia de pesquisa em revisão bibliográfica em publicações relacionadas ao Stress no Trabalho e Qualidade de Vida. Com o esclarecimento do que é e como o stress funciona e se instala na pessoa, verificamos que o stress é possível ser controlado e com isso podemos criar o gerenciamento do stress que é de vital importância em nossa atual realidade tornando assim um aliado em nosso dia a dia, para criar uma melhor qualidade de vida. ADMINISTRAÇÃO DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL POR SONDA Cassiano Rocha, Aline Povinski, Flavia Siedlarczyki, Greicy Grein, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] Terapia Nutricional é o conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para manutenção ou recuperação do estado nutricional através de nutrientes. Inicia-se com alimentação via oral através de dietas hospitalares 36 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA e, ainda no intuito de aumentar a quantidade de nutrientes ingerida, indicase suplementações calóricas via oral. Caso o paciente esteja incapacitado de alimentar-se pela boca, indica-se a terapia nutricional enteral por sonda, e em últimos casos a terapia nutricional parenteral. Objetivou-se com essa pesquisa, trazer a tona o processo de administração de terapia nutricional enteral por sonda visando maior eficácia e menos riscos ao paciente. Nossa principal fonte de pesquisa se manteve em experiências, relatos e testemunhos de profissionais da área de saúde. A terapia nutricional enteral é considerado um processo de alta complexidade por se tratar de procedimentos realizados em pacientes com cuidados especiais e exigindo a vigilância constante do estado nutricional, com a ação harmônica e integrada de profissionais da área da saúde. Como qualquer outro procedimento clínico terapêutico, a terapia nutricional enteral por sonda apresenta efeitos indesejáveis tais como complicações metabólicas (hiperhidratação), mecânicas (saída ou migração acidental devido peristaltismo alterado ou paciente hiperativo e inconsciente), infecciosas (incorreções no preparo ou administração do processo), gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarréias), respiratórias (broncoaspiração), porém, muitos são contornados pela diversidade dos tipos de dietas enterais (industrializadas, industrializadas em forma líquida, artesanais e mistas), vias de acesso (nasogástrica, nasoentérica, gastrostomia, jejunostomia) e formas de infusão (contínua, intermitente, por bomba infusora ou por método gravitacional), além de que a maneira adequada da administração e monitoramento do processo reduz a ocorrência das complicações. A enfermagem desempenha papel importante no sucesso do tratamento, por acompanhar de maneira mais próxima o paciente em todas as suas fases. Concluímos que o preparo da nutrição enteral deve ser feito em área específica e com instalações especialmente destinadas para este fim, para evitar o risco de contaminação e garantir a administração adequada dos nutrientes de que o paciente necessita. Devem-se estabelecer métodos que permitam identificar os grupos de fármacos com risco potencial e os pacientes nos quais as conseqüências clínicas da interação entre nutrientes e medicamentos sejam significativos. Trabalho em equipe é a habilidade para trabalhar conjuntamente e a capacidade de harmonizar as contribuições individuais visando o objetivo comum do paciente. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 37 QUALIDADE DO FUNCIONÁRIO DE ENFERMAGEM EXEMPLAR Marcelo A Oliveira, Patrícia M Nicolini, Sathye Gomes, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: Administração em Enfermagem [email protected] Podemos avaliar a qualidade do desempenho do profissional de enfermagem em diversos aspectos como: pontualidade no serviço, abordagem primária do paciente acamado, domínio de técnicas de semiologia e semiotécnica. Este estudo investiga a qualidade do profissional de enfermagem verificando sua eficácia no atendimento (fundamentação teórica) e seu nível técnico atualizado. O objetivo foi verificar à qualidade do funcionário exemplar, sempre visando um melhor atendimento ao paciente, que, em muitas situações o paciente chega a ser admitido na unidade em situações de emergência com risco total de vida e é fundamental importância para os profissionais de enfermagem, em específico para o enfermeiro, saber técnicas para realização de manobras, usar de seu conhecimento científico para avaliar o estado patológico deste paciente e definir, que situação compõe uma urgência para uma emergência. Neste estudo foi usado como metodologia, algumas entrevista com profissionais, auxiliares, técnicos e enfermeiros na faixa etária de 18 à 35 anos de idade que compõe o quadro de funcionários de enfermagem da unidade de uma unidade pré-hospitalar, o espírito de equipe, o saber delegar funções bem como coordenar diversas situações como por exemplo uma PCR (parada cardio-respiratória). De acordo com a pesquisa realizada, dos resultados obtidos por meio de entrevista constatou-se que 83% dos funcionários de enfermagem esta qualificado e mantém um alto padrão de qualidade nos serviços de enfermagem prestados aos pacientes desta unidade de referencia municipal, 17% dos funcionários entrevistados mantém um alto nível técnico, mas deixa a desejar em alguns aspectos como pontualidade e espírito de equipe. Concluímos com esta pesquisa que à maioria dos funcionários de enfermagem desta unidade pré-hospitalar e isto inclui aos enfermeiros (com cargos de confiança) não só apenas mantém um alto nível de qualidade como funcionários exemplar, mas encontram-se aptos a trabalhar numa das especialidades de maior importância para enfermagem onde, competência, habilidade, agilidade e acima de tudo, responsabilidade, onde em muitas situações de urgência ou emergência podem fazer à diferença entre a vida e a morte de um ser humano, que por muitas vezes espera por um milagre, e que somente profissionais de enfermagem com 38 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA qualidade exemplar e com grande fundamentação teórica e ótimo nível técnico poderá lhe dar este milagre. SATURNISMO: CONTAMINAÇÃO PELO CHUMBO Dirceu Varela Chaves Chaves, Afonso Barcellos Pires, Andréia W. Terésio, Cleverson Paz de Oliveira, Dirceu Varela Chaves, Prof. Eunice Nakamura Linha de Pesquisa: saúde do trabalhador [email protected] Os níveis de concentração sangüínea de chumbo inorgânico (Plumbemia) obedecem a norma regulamentadora da Secretaria de Segurança do Trabalho, sendo que os níveis tolerados são de 40ug/Dl. Tal patologia se estabelece através do contato e absorção do chumbo inorgânico, ocorrendo uma contaminação e agravo da saúde do trabalhador. O corpo humano pode absorver o chumbo inorgânico de diversas formas, como inalação (ar atmosférico), ingestão (água, alimentos e solo contaminado) e por via dérmica. No ambiente do trabalho, a principal forma de contaminação é por via aérea (Sistema Respiratório). Os locais que mais expõem o trabalhador à contaminação pelo chumbo inorgânico são: montagem de veículos, montagem e recuperação de baterias, soldagem, mineração, manufatura de plásticos, vidros, cerâmicas, indústrias de tintas e fundição. O objetivo da pesquisa foi de aprofundar conhecimentos e traçar um perfil de pessoas que entram ou entraram em contato com o chumbo Inorgânico, levando-se em conta a forma de exposição e o tempo de exposição, conseqüentemente desenvolvendo uma patologia conhecida e diagnosticada como Saturnismo. A pesquisa foi elaborada a partir de artigo científico produzido em trabalhadores de Maringá. O Saturnismo pode desenvolver algumas complicações para a saúde da pessoa exposta, tais como: anemia (ocorre somente em altos níveis de exposição), sistema nervoso central (encefalopatias com irritabilidade, cefaléia, tremor muscular, alucinações, perda da memória e da capacidade de concentração), sistema renal (dano reversível no túbulo proximal e lenta e progressiva deficiência renal), sistema gastrointestinal (intoxicações severas pode causar constipação, diarréia e gastrite), ossos (pode causar alterações no metabolismo do osso no período da menopausa da mulher). O Saturnismo causado por projéteis de armas de fogo, é uma entidade rara, consideramos o número enorme de casos de pessoas que foram vítimas desse tipo de ferimento e poucos casos de intoxicação. Notamos grande importância IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 39 em abordar o tema, levando-se em conta a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas que entram em contato com o chumbo inorgânico, já que grande maioria dos trabalhadores desconhece os riscos do contato, a possibilidade de contaminação e seus agravos. Conclui-se que é muito importante a educação continuada principalmente em relação ao uso das EPIs no ambiente de trabalho. O TABAGISMO NO AMBIENTE FAMILIAR: ENFASE EM DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NA CIDADE DE PATO BRANCO EM 2005 Rosaine Fiorio, Fábio Aragão Kluthcovsky Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] O tabagismo é um problema de saúde pública em função da graves conseqüências para a saúde do tabagista e pelos altos custos de tratamento das patologias ligadas ao hábito tabágico. As severas repercussões para os orçamentos públicos de saúde transcendem a atenção do tabagista ativo, abrangendo também a atenção às pessoas que convivem com o tabagista. Além do desconforto imposto ao não fumante pela exposição à fumaça alheia, há ampla documentação na literatura dos malefícios do tabagismo passivo. Isto sido utilizado na mídia em campanhas anti-tabaco, na organização de espaços coletivos, nos processos de seleção no mercado de trabalho e, ainda de forma incipiente, nas políticas de saúde pública. Apesar de estudos científicos apontarem o hábito tabágico de cuidadores como causa de infecções respiratórias na população pediátrica, ainda não há um esforço para combater o tabagismo passivo focando a referida população. O objetivo deste estudo é discutir a necessidade de um programa de enfrentamento do tabagismo passivo na cidade de Pato Branco direcionada para menores de 5 anos de idade. A metodologia utilizada é a descritivo reflexiva com base em dados da literatura e dados epidemiológicos de internações no SUS por Infecções Respiratórias Agudas (IRAs) em menores de 5 anos no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do DATASUS em moradores no referido município no ano de 2005. Ocorreram 149 internações por IRAs em crianças menores que cinco anos, os diagnósticos mais freqüentes foram laringite e traqueíte aguda, pneumonia e bronquite aguda. Cada internação custou, em media R$ 479,79, totalizando no ano R$ 71.489,37. A média de permanência dos pacientes no hospital foi 4,4 dias. O referido município, com população 40 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA total de 68.734 habitantes, tem uma população estimada de 6.350 crianças menores de cinco anos, representando 9,2% do total. Uma política de promoção e prevenção com foco nos respectivos cuidadores certamente impactaria positivamente o número de internações, respectivos custo diretos e custos sociais indiretos. A estratégia de campanhas de educação para uma população específica, demonstrando as conseqüências do hábito tabágico do cuidador sobre a população pediátrica, seria mais eficiente que aquelas direcionadas a população em geral. No primeiro caso há o importante apelo emocional, servindo de ferramenta para os profissionais de saúde na proteção do paciente pediátrico e, de forma mais ampla, na estratégia de cessação do tabagismo para o próprio cuidador. AVALIAÇÃO DA SINTOMATOLOGIA DE LER/DORT EM ENFERMAGEM Cleber Iori Robloski, Glicia Mara Lopes, Jureni C. Dalmédico Martins, Raquel Alves da Silva, Prof. Eunice Nakamura, Prof. Rosália Jacomel Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbio Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), nome adotado oficialmente pelo INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), são patologias causados por esforços repetitivos. Dentro da rotina de atividades de enfermagem localizamos objetos que são armazenados inadequadamente, com prateleiras altas ou baixas, causando lombalgias, assim como a aferição de pressão arterial com aparelhagem antiga, podendo causar tendinite e otite. O objetivo deste estudo é alertar e orientar o profissional sobre os riscos de adquirir LER/ DORT. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa à nível bibliográfico e através de sites, identificando os principais fatores causais, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas, comprometendo membros superiores e inferiores. A combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem esforço localizado, seja por tempo prolongado na mesma posição ou que exija esforço ou resistência das estruturas ósseas contra a gravidade, desrespeitando os limites físicos e psicossociais do trabalhador, na qual as queixas mais freqüentes são a dor localizada irradiado ou generalizada, desconforto, fadiga, sensação de peso, falta de firmeza nas mãos, sudorese excessiva, sendo importante caracterizar as queixas quanto ao tempo de duração, localização, intensidade, momentos e formas de instalação, IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 41 fatores de melhora ou piora, variações do tempo. O início dos sintomas é indícioso com predominância no final jornada de trabalho, ou durante picos de produção, a dor alivia com repouso noturno e finais de semana. Poucas vezes o profissional se dá conta de sua ocorrência precocemente, a necessidade de responder as exigências do trabalho, o medo de perder o emprego, e a falta de informações estimulam o empregado a suportar os sintomas que persistem, passando a invadir as noites e finais de semana, com crises de dores intensas. Concluímos que a prevenção inicia-se pela criteriosa identificação dos fatores de risco, devendo ser avaliado o modo como as tarefas são executadas, especialmente as que envolvem movimentos repetitivos e bruscos, força física, posições e tempo prolongado, substituição de aparelhos antigos por modernos que dispensam a força, aderir a ginástica laboral, sendo esta uma atividade física orientada e praticada durante a jornada de trabalho, aliviando o estresse, trazendo benefícios às empresas, visando a melhoria da saúde física do trabalhador, diminuindo o sedentarismo e prevenindo lesões e doenças acumulativas que causam LER/DORT e proporcionando a qualidade profissional e pessoal. CENTRO CIRÚRGICO – DADOS EPIDEMIOLÓGICOS EM TRAUMA Jureni C. Dalmédico Martins, Glicia Mara Lopes, Juvenal Arruda dos Santos, Raquel Alves da Silva, Reinilson Cardoso, Lia Márcia K. Marin Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva e Qualidade de Vida [email protected] Traumas de todos os tipos tem sido um problema freqüentemente vivenciado pelos profissionais de saúde dentro de um hospital, em setores com pronto-socorro e centro cirúrgico. Os acidentes de trânsito representam uma importante causa de morbi-mortalidade, a falta de responsabilidade geral leva a investimentos com programas de prevenção e educação de trânsito, tendo como base a identificação dos fatores de risco na população alvo. Os cuidados de enfermagem são baseados no atendimento às necessidades básicas do indivíduo e nas reações psíquicas e físicas do paciente à essa situação. O objetivo desta pesquisa é demonstrar através de dados epidemiológicos números que demonstram que apesar da prevenção ainda o número de acidentes de trânsito é alto, sendo que a metodologia desenvolvida foi através de livros, sites, e informações colhidas em prontuários e documentos de um hospital universitário do município de 42 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Curitiba, que atende a todos os tipos de trauma. No presente estudo obtivemos no mês de janeiro/2005, o total geral de 1100 casos, neste resultado está relacionada às seqüelas e óbitos, nos quais envolvem jovens e adultos entre 18 e 30 anos de idade, além de informações estatísticas do Batalhão Policial de Trânsito do Paraná. Concluímos que a maior incidência de acidentes ocorreram no primeiro trimestre de 2005, tendo cirurgias de emergência, em janeiro 72%, fevereiro 77% e março 74%, o tempo médio de recuperação de um acidente é de três meses, podendo dependendo da gravidade, demorar de seis meses a um ano, o maior número de acidentes ocorre com motoqueiros 28%, seguido de carro 15%, atropelamentos 6%, e outros acidentes 2%, sendo que entre as emergências atendidas no hospital universitário 12% levaram o paciente à UTI e a 5% levaram à óbito. Concluímos que a educação, o exercício de cidadania e o conhecimento das causas básicas que geram todos os trauma ajudam a minimizar a epidemia de acidentes, a mobilização de setores sociais preocupados em levar o conhecimento, soluções e atitudes básicas que um indivíduo tem que realizar frente a prevenção de traumas, sendo que o trauma reduz as expectativas de vida mais do que o câncer ou doenças cardíacas, apesar do trauma consumir grande parte dos recursos destinados à saúde pública e ao seguro social, a perda de um ente querido sempre prevalecerá sobre os gastos atingidos, fruto da falta de conscientização. Palavra chave: estatística, trauma, prevenção. COMPARAÇÃO DA CONDIÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA DE ESTUDANTES ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS Terry Susan Gaspar Hirt, Prof. Fernando Tonet Linha de Pesquisa: Performance Desportiva [email protected] O consumo máximo de oxigênio é uma medida fundamental da capacidade funcional fisiológica do indivíduo para todo tipo de atividade física. No entanto, percebe-se que, a medida que aumenta a idade e o nível escolar, ocorre um declínio em todos os tipos de atividade física. Visando sua fundamental importância, o presente estudo teve como objetivo comparar por meio do Teste de LEGER, o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) em uma amostra composta de 135 adolescentes de ambos os sexos, com idade de 15 a 17 anos entre as escolas públicas (n=48 para o sexo masculino e n=16 para o sexo feminino) e privadas (n=52 para o sexo IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 43 masculino e n=19 para o sexo feminino). Para o cálculo do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) de forma indireta, recorreu-se às equações já publicadas do teste. Pela análise dos resultados obtidos, percebe-se que, apenas os adolescentes do sexo masculino de escolas públicas apresentam um maior consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) em comparação aos de escolas privadas, sendo o inverso para o sexo feminino. Apesar das escolas públicas e privadas apresentarem apenas um dos sexos com um maior consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.), como descrito anteriormente, os resultados se igualam para ambas entre os sexos, sendo classificados na categoria regular conforme dados de COOPER (1977), mostrando-se eficaz, o protocolo utilizado, não só para a comparação entre as escolas públicas e privadas, mas também, com intuito de estimar a condição cardiorrespiratória dos adolescentes. 44 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Ciências Exatas e da Terra COMUNICAÇÃO BLUETOOTH: J2SE <-> J2ME Marcos Junior Kaufmann, Everton Vidal Vieira Linha de Pesquisa: Bluetooth [email protected] O Bluetooth é uma tecnologia sem-fio de comunicação que utiliza ondas de rádio de curto alcance. A freqüência utilizada pelo Bluetooth opera na faixa entre 2.4GHz e 2.48GHz com velocidade máxima de 1Mbps. O alcance da transmissão entre desktop e dispositivo móvel é de 100 metros, e da transmissão entre dois dispositivos móveis é de 10 metros. A pilha de protocolos do Bluetooth está parte implementada em software e outra parte em firmware. No J2SE a inicialização da pilha de protocolos Bluetooth, o envio de solicitação de descoberta de dispositivos, e o envio e recebimento de dados não foram definidos de forma nativa. A implementação da comunicação Bluetooth de aplicativos J2SE com aplicativos J2ME pode ser feita utilizando-se uma API Java com a implementação interna da pilha Bluetooth ou utilizar uma implementação da pilha Bluetooth dependente do sistema operacional. As APIs existentes são proprietárias e não implementam todos os protocolos necessários. O Windows possui a implementação da pilha de protocolos Bluetooth no SP2 (Service Pack 2) e para o Linux tem-se a implementação BluZ. Como exemplo de kit de desenvolvimento gratuito existe a implementação Bluecove que implementa uma API Java da pilha de protocolos Bluetooth. A API Bluetooth para Java é chamada de JSR-82 e é composta de dois pacotes: o javax.bluetooth.* e o javax.obex.*. O Bluetooth está presente em praticamente todos os novos celulares e PDAs que chegam ao mercado, devido a grande variedade de uso, tornando-se uma ferramenta extremamente útil para troca de dados. Atualmente kit de desenvolvimento Bluecove fornece suporte aos perfis de gerenciamento (responsáveis pelo gerenciamento das comunicações) SDP (Service Discovery Profile), SPP (Serial Port Profile) e o GAP (Generic Access Profile). O SDP (Service Discovery Profile) é o perfil responsável por gerenciar e implementar descobertas para comunicação L2CAP e RFCOMM. O SPP (Serial Port Profile) gerencia todas as comunicações seriais, as mais utilizadas são RFCOMM e OBEX. O RFCOMM e o OBEX são protocolos Bluetooth para transferência de arquivos entre dispositivos móveis. A interface entre a pilha Bluetooth da Microsoft e a implementação da API Bluecove se da através de uma biblioteca DLL. A API da pilha Microsoft é uma API em linguagem C que permite aplicações baseadas IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 45 em código C acessarem um dispositivo genérico USB bluetooth. Não existe uma versão Java desta API. FRAMEWORK ZK Herbert Lira Junior, Everton Vidal Vieira Linha de Pesquisa: Framework ZK [email protected] ZK é um framework que utiliza um sistema de eventos baseados na tecnologia AJAX (Asynchronous _Javascript and XML), utilizando dois módulos (cliente e servidor) que se comunica entre si. AJAX é um conjunto de tecnologias combinadas (HTML, XML, CSS, DOM, etc.) que utiliza _Javascript para transformar páginas da internet em aplicações, de modo que não precise recarregar a tela cada vez que o usuário clicar em alguma coisa, podendo recarregar apenas a área que precisa ser alterada pela ação realizada. O ZK inclui componentes XUL, XHTML e a linguagem XML para facilitar a criação de aplicações dinâmicas para a internet sem a necessidade de programação em _Javascript. Consiste em um conjunto de servlets e filtros em uma aplicação para a internet que trata requisições a arquivos .zul. O ZK fornece um modo simplificado de programação, similar em muitos aspectos à programação utilizada na interface gráfica Swing do Java. Os arquivos XUL criam componentes UI como listas, janelas, diálogos modais, botões e outros componentes comuns, tornando as aplicações para a internet interativas, assemelhando-se as aplicações desenvolvidas para desktop. Na forma tradicional de programação Java para a internet baseada em servlets, todo o conteúdo da página é enviado pelo servidor a cada requisição do usuário. Em muitos casos não são necessários o carregamento da página completa no navegador do usuário e sim uma pequena porção dela, sendo então utilizada a tecnologia AJAX, reduzindo-se assim a quantidade de bytes transferidos entre o servidor e o cliente, possibilitando a redução de custos, devido a menor transferência de dados e tornando a aplicação mais dinâmica e rápida para o cliente. O módulo do cliente durante um evento, envia os dados para o módulo do servidor, onde o desenvolvedor pode tratá-lo utilizando a linguagem Java. De acordo com a arquitetura MVC (Modelo, Visão e Controle), o ZK corresponde à camada de visão da aplicação. Os desenvolvedores podem usar livremente tecnologias como JavaBeans e outros frameworks como Hibernate em conjunto com o ZK, sendo possível ainda incorporá-lo em outras aplicações que utilizam linguagens como Java Server Pages e Java Server Faces. O desenvolvimento de aplicações web utilizando o framework 46 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ZK simplifica bastante a programação da interface com o usuário, devido aos vários recursos existentes, além de aprimorar o visual gráfico das aplicações. Ele também oferece uma documentação bastante detalhada e atualizada constantemente. BLUETOOTH: TRANSMISSÃO COM SEGURANÇA Marcelo Augusto Kaufmann, Everton Vidal Vieira Linha de Pesquisa: Interesses Difusos e Coletivos [email protected] O Bluetooth surgiu pelo interesse da empresa L. M. Ericsson em conectar seus telefones móveis a outros dispositivos sem a utilização de cabos, é uma tecnologia de comunicação sem fio que utiliza ondas de rádio de curto alcance. Foi desenvolvida por um consórcio de grandes empresas, sendo um padrão para a comunicação sem fio, de baixo custo, rapidez na transmissão de dados, que proporciona mobilidade, agregado a segurança. Opera na faixa de 2.4 GHz e 2.48 GHz, o protocolo divide a banda passante em 79 canais de 1 MHz cada uma e altera a freqüência aproximadamente 1600 vezes por segundo, dificultando que outro dispositivo utilize à mesma freqüência de uma determinada conexão em uso, nem interfira numa conexão. Os usuários podem limitar a conectividade a dispositivos específicos, evitando o acesso não desejado a dados e funções do dispositivo. É utilizado um sistema de criptografia, um mecanismo de chaves secretas que tornam os dados entendíveis somente para autorizados, somente podendo descriptografar os dados dispositivos com a chave correspondente. O alcance de transmissão dos dispositivos Bluetooth é limitado a 10 metros, ajudando assim na prevenção de escutas. A funcionalidade e aplicação de um dispositivo Bluetooth são cobertas por três modos de segurança, que são eles: sem segurança, service level security e link level security. O modo sem segurança é usado com dispositivos que não contenham aplicações críticas. No modo service level security é permitido procedimento de acesso versátil, sendo usado especialmente no acionamento de aplicações com diferentes níveis de segurança em paralelo. O modo link level security utiliza o mesmo nível de segurança para todas aplicações e conexão que é iniciada, mantendo o nível comum de segurança. A cada vez que dois dispositivos se comunicam utilizando a tecnologia Bluetooth, um código de ligação é usado para autenticação e criptografia. Para controlar o acesso aos serviços, existem três níveis de segurança, sendo eles: serviços que exigem autorização e autenticação, serviços que exigem apenas autenticação e IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 47 serviços disponíveis a todos os dispositivos. Devido a grande variedade de uso e segurança existente na transmissão, a tecnologia Bluetooth está presente em praticamente todos os novos celulares e PDAs que chegam ao mercado. A tecnologia Bluetooth é considerada o padrão sem fio mais suportado, versátil e seguro existente no mercado atualmente. IMPLEMENTAÇÃO DE SOCKETS UTILIZANDO A LINGUAGEM JAVA Hermann Jose Raposo Milhomem Filho, Marcelo Antonio Perotto Linha de Pesquisa: Programação Orientada a Objetos [email protected] Este trabalho tem a finalidade de apresentar uma visão geral da implementação de uma estrutura muito utilizada na comunicação entre processos chamada de socket. Esta estrutura permite que seja possível ler e gravar bytes como uma stream de dados qualquer. Além disto, o socket permite realizar varias operações em ambiente de rede tais como: • Estabelecer conexões entre máquinas. • Enviar e receber dados • Encerrar conexões • Esperar por conexões em uma determinada porta Um socket pode ser definido como um software, que implementa e provê de forma transparente uma interface com a rede para qualquer aplicação. A linguagem Java provê dois métodos de implementação de sockets: Orientado a conexão (protocolo TCP) e orientado a datagrama (protocolo UDP). Neste artigo, será abordado somente o primeiro método. O processo de comunicação sobre o protocolo TCP ocorre da seguinte maneira: O servidor reserva uma determinada porta e aguarda por conexões(qualquer outra aplicação que use o mesmo protocolo para se comunicar). O cliente, que irá solicitar uma conexão ao socket servidor, deve conhecer o endereço do servidor, e qual porta ele está aguardando por conexões. Se não houver exceção neste processo, o servidor aceita a conexão gerando um socket nesta porta, criando assim um canal de comunicação entre o cliente e o servidor. Feito assim, as ações são tomadas conforme a situação, onde o cliente envia uma requisição, e o servidor envia outra como resposta à requisição enviada pelo cliente. Para se criar um socket em Java, deve-se instanciar a classe “Socket” que se encontra no pacote “java.net” da seguinte maneira: Cliente: Socket client = new Socket(“endereço_do_servidor”,numero_da_porta); Servidor: ServerSocket serverSocket = new ServerSocket(numero_da_porta); Feito estes passos, para que o servidor aceite conexões, é necessário que ele recorra ao método “accept()”, que indicará que a partir do momento da chamada do 48 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA método, está pronto para aceitar conexões de clientes. Para que o servidor receba os dados que o cliente está enviando, é necessário instanciar um objeto que extenda a classe InputStream e para que o servidor envie dados para o cliente é necessário instanciar a classe, ou qualquer subclasse OutputStream. Estas classes de manipulação de stream de dados estão disponíveis no pacote “java.io”. Feito todo este processo, é necessário sempre que o socket deixar de ser utilizado, chamar o método “close()” para fechar a estrutura, depois de invocado este método, nenhum outro cliente conseguirá se conectar. APLICAÇÕES INTERNET EMBEDDED Ricardo Stegh Camati, Marcelo Perotto Linha de Pesquisa: Tecnologia [email protected] Como o avanço da tecnologia, temos micro-controladores e compiladores cada vez mais poderosos, podendo ser desenvolvida aplicações realmente complexas em cima dos protocolos mais utilizados na Internet. Uma aplicação de Internet se caracteriza por possuir quatro camadas. São elas: Rede, Internet, Transporte e Aplicação. A camada de rede implementa a transmissão dos pacotes de dados, protocolo mais comum é o Ethernet. Esta camada é dividida em quatro subcamadas. Uma subcamada de especificação de mídia, ou seja, o meio físico(cabos , ondas de rádio) que o dado irá trafegar. A subcamada física (PHY) que faz o uso de um componente para interface, podendo ser o RTL 8019 da Reaktek, o CS8900A da Crystal Semiconductor Corporation entre outros. Temos também a subcamada de acesso a mídia (MAC) e a subcamada de controle lógico de link, ambas implementadas por software. O endereçamento físico é feito pelo MAC (Media Access Control).Os primeiros 24 bits é o número que o IEEE atribui que se chama de OIU (Organizationally Uniuque Identifier), sendo único para cada fabricante.O 24 bits restantes são atribuídos pelo fabricante que por sua vez irá garantir que dois MACs nunca sejam iguais.É comum que endereços MAC de dispositivos clonados ou pirateados sejam idênticos provocando conflito em uma rede. A camada de Internet por sua vez terá a função de roteamento e entrega dos datagramas (pacotes seguindo regras de protocolos) entre os nós da rede. Os protocolos mais utilizados desta camada são : IP (Internet protocol), ICMP (Internet Control Message Protocol) e ARP (Adress Resolution Protocol). Aqui nesta camada o endereço físico de 48 bits é traduzido em um endereço lógico de 32 bits comumente conhecido como “endereço ip IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 49 da máquina”. Na camada de transporte é feito o controle adicionando os dados e possibilitando a comunicação entre os pontos de rede. O protocolo mais usado é o TCP (Trasnmition Control Protocol), que oferece controle de erros, cada pacote é analisado com uma matemática entre o transmissor e receptor. Caso haja algum erro o pacote é descartado e retransmitido, por isso falamos que o TCP é orientado a conexão. O UDP (User Datagram Protocol) não possui controle de erros, pacotes podem chegar danificados ou se perder no caminho. A camada de Aplicação é que vai prover os mais diversos serviços para o usuário final. Protocolos comuns desta camada são o HTTP (Hypertext trasfer protocol), FTP (File Transfer Protocol), protocolos de Email. COMPRESSÃO SEM PERDAS DE IMAGENS E SENOGRAMAS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA William Ferreira de Paula, Ailton Roberto Barbosa, Gilberto Júnior Hepp, Prof. Ionildo José Sanches Linha de Pesquisa: Processamento de Imagens Digitais e Compressão de Dados [email protected] Este trabalho teve como objetivo avaliar as taxas de compressão obtidas em projeções de tomografia computadorizada (senogramas) e também das imagens obtidas após o processo de reconstrução. Foi utilizada a transformada wavelet em conjunto com outras técnicas que permitem realizar a compressão sem perdas. A utilização da tomografia computadorizada (Computerized Tomography - CT) tornou-se um elemento indispensável em hospitais e clínicas de todo o mundo. A partir das projeções, obtidas com as medidas realizadas externamente a partir de diferentes ângulos de um corpo, deve-se reconstruir esses dados originais utilizando alguma técnica de reconstrução. Existem vários algoritmos e técnicas que permitem a reconstrução da imagem a partir das projeções obtidas. Neste trabalho foi utilizado o algoritmo de reconstrução por projeção (backprojection). As imagens digitais geram uma grande quantidade de informação, necessitando de muito espaço para armazenamento. Através do processo de compressão de dados podemos reduzir a quantidade de dados necessários para representar uma determinada quantidade de informação. Foi desenvolvida uma ferramenta computacional que permite, a partir das projeções de tomografia computadorizada, realizar a reconstrução da imagem tomográfica, a compressão e a descompressão 50 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA tanto das projeções quanto da imagem reconstruída. As imagens reconstruídas podem ser armazenadas em formatos padrões tais como BMP, JPEG, PNG e RAW. A ferramenta permite também a visualização de imagens no formato DICOM (Digital Imaging and Communication in Medicine). O formato DICOM é utilizado para identificação, arquivamento e recuperação de imagens médicas e vem sendo adotado como um formato padrão para imagens médicas. Para compressão das imagens a ferramenta permite que sejam escolhidos os algoritmos RLE (Run-Lengh Encoding), LZW (Lempel-Ziv-Welch), Codificação Huffman e Codificação Aritmética. Além da utilização desses algoritmos também é feita a aplicação de um dos seguintes filtros wavelets: S ou (1, 1), (1, 3), (2, 6) e (5, 3), os quais possuem a propriedade de preservação de precisão. A técnica utilizada neste trabalho é a Transformada Wavelet de Inteiros Reversível (Integer Reversible Wavelet Transform), que permite realizar a compressão das imagens sem perdas e tem apresentado bons resultados em estudos recentes. Vários testes de compressão foram realizados para avaliar quais algoritmos apresentariam melhores resultados com os senogramas e as imagens reconstruídas. Durante esta avaliação verificou-se que a utilização dos filtros wavelets juntamente com a codificação aritmética permitiram alcançar as melhores taxas de compressão em comparação com os outros métodos adotados. MANIPULAÇÃO DE IMAGENS VETORIAIS NA INTERNET Rafael Pazianotti de Noronha, Elias Branco de Oliveira, Rafael de Souza, Ionildo José Sanches Linha de Pesquisa: Computação [email protected] A computação gráfica é a área da computação destinada a geração de imagens, quer como forma de representação de dados e informação ou como forma de recriação do mundo real. Na computação gráfica 2D (bidimensional) hoje se enquadram dois tipos de padrões gráficos: bitmap e vetorial. As imagens em formato bitmap (rastreio) são constituídas por uma matriz de pontos individuais, chamados de pixels (picture element). Um pixel é a unidade de medida da quantidade de pontos que o olho humano pode distinguir em uma imagem. A qualidade de uma imagem bitmap é determinada pelo número de pixels por linha e coluna, chamada de resolução, e as informações de cada pixel na definição dos atributos: brilho, cor e transparência. As imagens vetoriais trabalham com matrizes e fórmulas matemáticas, os desenhos são compostos por primitivas gráficas IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 51 que podem ser descritas de forma algébrica através de funções. A característica mais importante em uma imagem vetorial é que pode ser redimensionada de forma a preservar a qualidade na apresentação das imagens que seguem este padrão. Na Internet os formatos vetoriais têm se desenvolvido rapidamente desde 1993, onde se destaca o formato de arquivo PDF (Portable Document Format - Formato de Documento Portável) utilizado como forma de troca segura e confiável de documentos eletrônicos, além de descrever documentos que contenham texto, gráficos e imagens 2D. O SVG (Scalable Vectorial Graphics - Gráficos Vetoriais Escaláveis) é utilizado para descrever formas vetoriais e desenhos gráficos 2D de forma estática, dinâmica ou animada. Os arquivos vetoriais para Web possuem tamanho reduzido, se comparado a formatos comuns de arquivos vetoriais. A interatividade é também um ponto importante para Web, sendo que alguns formatos permitem que a programação seja desenvolvida externamente ao seu conteúdo, como por exemplo, o DWF (Drawing Web Format - Formato de Desenho para Web) e o SVG. Com o uso cada vez mais difundido do formato vetorial na Internet, seja através de arquivos PDF, imagens SVG, animações Flash ou quaisquer outros, almeja-se melhorar a qualidade no conteúdo que é visto pelos usuários da Internet, preservando a qualidade das imagens mesmo quando redimensionadas, além de contribuir com a interação dos usuários com as páginas de Internet. O trabalho em desenvolvimento tem como objetivo a implementação de um framework em Java, que se encarregará de manipular imagens vetoriais geoprocessadas no formato SVG para os mais diversos fins, facilitando o desenvolvimento de Sistemas de Informação Geográfica (SIG). VISUALIZAÇÃO VOLUMÉTRICA DE IMAGENS MÉDICAS USANDO OPENGL Denilson Almeida, Frester Hannyer Luccine Rodrigues, Ygor Nicolau Bidá, Ionildo Jose Sanches Linha de Pesquisa: Computação Gráfica [email protected] Este projeto tem por objetivo desenvolver uma ferramenta computacional que permitirá a reconstrução e visualização volumétrica a partir de um conjunto de imagens médicas, obtidas através de ressonância magnética nuclear e tomografia computadorizada. A ferramenta a ser desenvolvida poderá auxiliar os profissionais da área médica na visualização 3D da região desejada do corpo, facilitando a detecção de anomalias e permitindo um diagnóstico mais preciso. As imagens médicas têm por objetivo avaliar 52 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA com mais precisão tecidos e funções orgânicas do corpo humano, que podem ser alterados por doenças ou acidentes. O formato DICOM (Digital Imaging and Communication in Medicine) é utilizado para identificação, arquivamento e recuperação de imagens médicas e vem sendo adotado como um formato padrão para imagens médicas. O DICOM permite que o médico recupere o registro completo de imagem médica de um determinado paciente. A partir de um conjunto de fatias (slices) de ressonância magnética, ou tomografia computadorizada, é possível reconstruir uma imagem em três dimensões. A renderização volumétrica fornece uma técnica de visualização 3D de dados tomográficos (por exemplo, tomografia computadorizada , ressonância magnética ou mamografia digital 3D). Os voxels (volume pixels) representam pontos de amostragem de algum fenômeno físico e são usados para reconstruir no computador a forma ou função de estruturas tridimensionais. Um voxel é um pixel (picture element) tridimensional, isto é, um pixel com uma terceira coordenada, além da usual (x, y). Neste trabalho, a visualização tridimensional será realizada utilizando a biblioteca gráfica OpenGL. A biblioteca OpenGL (Open Graphics Library) é um conjunto de API’s (Aplication Program Interface ou Interface de Programação de Aplicações) para desenvolvimento de aplicações gráficas interativas 2D e 3D com maior facilidade. Após a construção do modelo tridimensional os profissionais da área de saúde poderão interagir com o modelo 3D, efetuando as transformações geométricas de rotação em qualquer um dos três eixos (x, y e z), nos sentidos horário e antihorários, operações de escala (ampliação e redução), translação, entre outras. O usuário poderá também selecionar pontos no modelo para exibir a fatia, de ressonância magnética ou tomografia computadorizada, correspondente àquela região selecionada, e avaliar as estruturas internas. A interatividade com o modelo 3D permitirá uma melhor avaliação clínica e preventiva de pacientes, permitindo avaliar diversas patologias e também possibilitar um diagnóstico mais preciso. UTILIZAÇÃO DO FORMATO VETORIAL SVG EM SISTEMAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA INTERNET Rafael Souza, Elias Branco de Oliveira, Rafael Pazianotti de Noronha, Prof. Ionildo José Sanches Linha de Pesquisa: Computação Gráfica [email protected] IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 53 Este trabalho tem por objetivo avaliar a utilização de imagens vetoriais no formato SVG (Scalable Vectorial Graphics ou Gráficos Vetoriais Escaláveis) em sistema de geoprocessamento para Internet. Imagens vetorias trabalham com matrizes e fórmulas matemáticas, onde os desenhos são compostos por primitivas gráficas descritas de forma algébrica através de funções. As primitivas mais comuns são: retângulo, círculo, linha, polígono e elipse. A renderização de imagens vetoriais executa cálculos com ponto flutuante, mas possui como característica mais importante o redimensionamento sem perda de qualidade ou deformação da imagem. Imagens raster são constituídas por uma matriz de pontos individuais com definição de cor, brilho e transparência, possuem normalmente tamanho de arquivo maior que imagens vetoriais, mas são renderizadas rapidamente por não exigirem cálculos com ponto flutuante. O SVG é uma linguagem XML (eXtensible Markup Language ou Linguagem de Marcação Extensível) para descrever formas vetoriais de forma estática, dinâmica ou animada. Pode ser tratado com ferramentas de manipulação XML e possuir um conteúdo semântico permitindo a pesquisa através de ferramentas de busca, localizando palavras-chave contidas nos objetos, pode também ser acrescida de linguagens script possibilitando uma maior interação com o usuário. Este formato é interpretado nativamente por alguns navegadores web e com a utilização de plug-ins em outros navegadores. Na internet utiliza-se o paradigma cliente/servidor para aplicações distribuídas. Uma aplicação servidora aguarda requisições feitas pela aplicação cliente, executa serviços e retorna os resultados. Em um servidor são executados sistemas que exigem um alto poder de processamento, já o cliente não necessita de muito poder de processamento visto que tarefas mais exigentes são executadas no servidor. A utilização do SVG para Sistemas de Geoprocessamento permite a renderização da imagem na aplicação cliente ou na servidora, dependendo da sua utilização. Como a renderização requer muito processamento a utilização de mapas em SVG na parte cliente pode causar lentidão no sistema, sendo necessário o uso da imagem raster gerada na aplicação servidora a partir do mapa SVG. Mapas para Sistemas de Geoprocessamento em formato raster são renderizados mais facilmente, mas possuem tamanho de arquivo maior, para facilitar o carregamento do mapa é necessário dividi-lo em retângulos menores e carregá-lo de forma ordenada na aplicação cliente. Sistemas de Geoprocessamento para Internet devem utilizar o formato vetorial SVG calculando o peso e tempo de renderização do arquivo para definir sua utilização na aplicação cliente ou na aplicação servidora mantendo o balenceamento entre processamento e interação. 54 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ORIENTAÇÃO A OBJETOS EM _JAVASCRIPT Elias Branco de Oliveira, Rafael de Souza, Rafael Pazianotti de Noronha, Prof. Ionildo José Sanches Linha de Pesquisa: Arquitetura de Software [email protected] Este trabalho tem como objetivo a análise da utilização da técnica de programação orientada à objetos com a linguagem de programação _Javascript. Programação orientada a objetos, consiste em um formato de organização do software, em que as funções que devem ser desempenhadas são divididas entre entidades, que tem cada uma um significado próprio e focado. Por exemplo, no mundo real um carro é um objeto, que tem como funções ligar, acelerar, frear, desligar etc. Com a programação orientada a objetos, o código desenvolvido fica mais claro para a leitura e compreensão humana. A linguagem de programação _Javascript, é uma linguagem orientada a objetos, interpretada, com sintaxe semelhante a do Java, mas apresentando uma tipagem dinâmica e forte, não havendo assim necessidade de declarações dos tipos das variáveis. Atualmente o _Javascript pode ser encontrado na imensa maioria dos navegadores O uso mais comum do _Javascript é para verificar se o tipo de dado inserido em um formulário é válido para o sistema, evitando assim que o servidor seja requisitado para simples validações dos dados inseridos. O _Javascript também é utilizado na Web 2.0, que consiste em uma navegação intuitiva, com respostas rápidas e sem recarregamento constante da página. Na Web 2.0, o peso do processamento é dividido com a máquina cliente, ficando para o servidor apenas a guarda dos dados e os processamentos mais pesados. A Web 2.0 utiliza uma técnica chamada AJAX (Asynchronous _Javascript And XML ou _Javascript e XML Assíncrono), sendo definido por uma requisição HTTP realizada pelo _Javascript de forma assíncrona. Como o _Javascript ganha um foco e responsabilidade maior, é necessária a aplicação de padrões de programação nos scripts, sendo possível a aplicação do padrão MVC (Model View Controller ou Modelo Interface Controle). O MVC consiste na separação de responsabilidades entre as várias camadas da aplicação, sendo elas: interface, controle e modelo. A interface é responsável por trabalhar visualmente as informações para o usuário, demonstrando os resultados obtidos pelo controle da aplicação. O controle é responsável pela lógica da aplicação, manipulando os dados obtidos pelo modelo, realizando as tarefas recebidas pela interface. O modelo é responsável por servir e armazenar os dados que são manipulados pelo controle da aplicação. O _Javascript é uma opção viável para melhorar as interações IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 55 com o usuário, e o uso da orientação a objetos em conjunto com a aplicação de padrões de programação, permite fácil compreensão, manutenção e reusabilidade do software. FUSÃO DE IMAGENS DE TERMOGRAFIA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR Prof. Ionildo José Sanches Linha de Pesquisa: Processamento Digital de Imagens [email protected] Este trabalho tem por objetivo apresentar uma metodologia para fusão, reconstrução e visualização tridimensional interativa de imagens médicas adquiridas nas modalidades de ressonância magnética nuclear (RMN) e termografia. Todos os objetos com uma temperatura superior ao zero absoluto emitem radiação infravermelha. Os sistemas de termografia infravermelha captam essa radiação e convertem-na numa imagem que representa a distribuição da temperatura superficial do corpo observado. O diagnóstico através da termografia apresenta várias vantagens em relação a outras técnicas de diagnóstico por imagens. A termografia é indolor, não-invasiva, sem qualquer exposição do paciente à radiação ionizante, não requer contraste e não há necessidade de contato físico com o paciente. A termografia permite a detecção de patologias em estágios iniciais que muitas vezes não são observadas em outras técnicas. Todavia a termografia é vista ainda como um exame complementar em exames clínicos por apresentar apenas dados qualitativos. Os aparelhos tomográficos (por exemplo, tomógrafos de raios-X ou ressonância magnética) geram imagens em tons de cinza de fatias (slices), normalmente paralelas e uniformemente espaçadas de uma determinada região 3D. Técnicas de fusão de imagens vêem se constituindo como um importante recurso em aplicações de análise de imagens, principalmente no diagnóstico por imagens médicas adquiridas de diferentes modalidades. Informações complementares de diferentes modalidades de imagens médicas podem auxiliar no diagnóstico médico. A fusão dessas imagens, que podem ser realizadas através de um processo de registro, permite sobrepor as informações disponíveis em diferentes modalidades de imagens em uma única imagem. A visualização volumétrica consiste na visualização de dados baseados em voxel. Um voxel (volume pixel) é um pixel (picture element) tridimensional. Os voxels são usados para reconstruir a forma ou função de estruturas 3D. Neste trabalho, o primeiro passo é a projeção bidimensional usando como base um conjunto de imagens de ressonância 56 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA magnética. Esta fase tem como objetivo gerar uma imagem 2D através da técnica conhecida como Range Image. Após a obtenção das projeções 2D, é realizado o registro das imagens resultantes com as imagens termográficas. Em seguida, realiza-se a sobreposição dos pixels da imagem termográfica registrada na superfície do volume de RM através do contorno de cada fatia do volume. Por último, é realizada a visualização tridimensional da região de interesse utilizando-se as informações de temperatura sobrepostas à superfície do volume. A visualização tridimensional é realizada utilizando a biblioteca gráfica OpenGL. Após a reconstrução 3D o usuário pode interagir com a aplicação realizando transformações geométricas. PIROMETRIA NA AVALIACAO EM PROCESSOS INDUSTRIAIS Kati Guez Abrantes, Prof. Jeferson Massinhan Linha de Pesquisa: automação industrial [email protected] Este trabalho tem como objetivo a análise de uso da pirometria em ambientes industriais. A Pirometria é a medição de temperatura de objetos sem contato, radiação térmica é a taxa de emissão de energia de um dado material, dada sua temperatura. Termômetros Infravermelhos (também conhecidos como Pirômetros de radiação) são calibrados para medir a temperatura de um corpo negro. Neste tipo de equipamento redução de energia dada à obstrução causada por vapores e partículas sólidas, assim como variações de emissividade, afetam diretamente a medição da temperatura. Para se medir a temperatura por radiação é necessário converter a energia radiante em uma indicação de temperatura, para tal faz-se uso de uma termopilha. A pirometria é usada quando é perigoso aproximar-se para medir com técnicas de medição por contato, ou ainda quando se quer evitar a perturbação da estabilidade de temperatura do objeto da medição. Vários setores industriais utilizam essa técnica de medição de temperatura, dentre os quais podemos citar os da siderurgia, vidro e petroquímico. Tais setores realizam freqüentemente medições em temperaturas acima de 1200 °C. Todo processo industrial tem como características o fato de ser composto por “n” variáveis e para que os objetivos de qualidade sejam atendidos é necessário o controle dessas variáveis. A temperatura é uma dessas variáveis, confirmando a importância do pirômetro como elemento que registra a temperatura e associado a outros equipamentos que processando esta informação e mantém o IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 57 processo industrial sob controle. Automação industrial é o uso de qualquer dispositivo mecânico ou eletro-eletrônico para controlar máquinas e processos. A parte mais visível da automação, atualmente, está ligada a robótica, mas esta também é muito utilizada nas indústrias química, petroquímicas e farmacêuticas, com o uso de transmissores de pressão, vazão, temperatura e outras variáveis necessárias para um SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído) ou CLP (Controlador Lógico Programável). Engenharia de controle e automação é a área dentro da engenharia voltada ao controle de processos industriais utilizando-se para isso de elementos sensores, elementos atuadores, sistemas de controle, Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados (SCADA) e outros métodos que utilizem os recursos da eletrônica, da mecânica e da informática. A Automação Industrial visa, principalmente, a produtividade, qualidade e segurança em um processo, na qual a pirometria entra como auxilio para controle de processos. ARTE NO ENSINO DA MATEMÁTICA PARA TURMAS DE ENSINO MÉDIO Janete Alves Correa, Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] O objetivo principal do presente trabalho é mostrar a relação que existe entre a Matemática e a Arte e utilizar essa relação como proposta de motivação para o ensino e aprendizagem da Matemática em turmas de ensino médio. Em particular acreditamos que a compreensão e a construção dos procedimentos e conhecimentos matemáticos, aliada com a interdisciplinaridade entre Arte e Matemática, leva-nos a um desafio diretamente relacionado a um ensino promovido de significados para os alunos, de forma a desempenhar um papel formativo, desenvolvendo competências lógico-matemáticas, a importância e ao direito de aprender a interpretar a cultura de seu tempo/espaço, com amplitude de informações e conhecimentos sobre outros tempos. Destacamos assim, elementos essenciais na evolução da matemática e no ensino, o que coloca fortemente arraigada a fatores sócio-culturais, nos conduzindo a atribuir que a Matemática e a Arte são de caráter de uma atividade inerente ao ser humano, praticada com plena espontaneidade, resultante de seu ambiente sócio cultural e conseqüentemente determinada pela realidade material no qual o individuo está inserido. Quando praticamos o processo ensinoaprendizagem na escola surgem também questões que se referem ao seu 58 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA processo educacional. Uma delas é sobre os modos de encaminhar esse trabalho em consonância que atenda as necessidades culturais e matemáticas em mundo contemporâneo. Se pretendemos contribuir para formação de cidadãos e para melhoria da qualidade da educação escolar, é preciso que organizemos nossas propostas de modo que a arte esteja presente nas aulas e na vida das pessoas. Nessa concepção, o conceito de número não é redutível a um conjunto que é subjacente ao tratamento da situação pelo sujeito, onde a análise do conteúdo é fundamental, para que certos aspectos de uma noção mais complexa. UM ESTUDO A RESPEITO DA IDENTIDADE FORMAL E/ OU INFORMAL DO ENSINO DE ASTRONOMIA EM PLANETÁRIOS Paulo Sérgio Enzo, Prof. Christiano Nogueira Linha de Pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Física [email protected] Discute-se os conceitos de ensino formal em informal e sua relação com o Ensino de Astronomia em planetários, motivado pelas discussões realizadas na última reunião da ABP. O trabalho está fundamentado em pesquisas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) vinculado ao Ministério da Educação (MEC), na UNESCO e os principais autores da área da Pedagogia que realizam investigações sobre o assunto. A categoria teórica chamada Educação é considerada como um processo em que indivíduos adquirem domínio e compreensão de certos conteúdos considerados valiosos. A categoria teórica Ensino é considerado como intenção de produzir a aprendizagem e isto só ocorre através do processo de interação entre indivíduos. A Educação Formal, pode ser compreendida como aquela fornecida pelos sistemas formais de ensino em escolas, faculdades, universidades e outras instituições. Geralmente a Educação Formal se constitui numa “escala” contínua de ensino em tempo integral para crianças e jovens, tendo início, em geral, na idade de cinco, seis ou sete anos e continuando até os 20 ou 25. Nos níveis superiores dessa escala, os programas podem ser constituídos de alternância de ensino e trabalho. A Educação Não-formal também chamada de Educação Extra-escolar ou ainda Educação Não-escolar é considerada como atividades ou programas organizados fora do sistema regular de ensino, com objetivos educacionais bem definidos, ou seja, é aquela atividade educacional organizada e estruturada que não corresponda IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 59 exatamente à definição de “educação formal”. A Educação Informal é o tipo de educação que recebe cada indivíduo durante toda sua vida ao adotar atitudes, aceitar valores e adquirir conhecimentos e habilidades da vida diária e das influências do meio que o rodeia, como a família, a vizinhança, o trabalho, os esportes, a biblioteca, os jornais, a rua, o rádio, etc. Para as principais tendências de pesquisa na área de Ensino de Ciências a discussão se restringe à Educação Formal e Educação Informal conforme as definições citadas acima valorizando muito a aprendizagem, neste caso a Informal, de ciência em ambientes como museus, exposições, centros de ciências, planetários, etc. Esse tipo de trabalho de popularização é reconhecido pela Unesco e organismos científicos de vários países. Essas análises nos permitem concluir que os planetários são, em geral, ambientes de Ensino Informal. Porém, planetários, realizam atividades de ensino que estão intimamente relacionadas com programas e conteúdos de escolas podem ser caracterizados como ambientes de Ensino Formal. AUTOCAD - UM SOFTWARE ALTERNATIVO PARA O ENSINO DE GEOMETRIA E DESENHO Tiago Pires Gheno, Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] A matemática surgiu de necessidades básicas, em especial da necessidade econômica de contabilizar diversos tipos de objetos. De forma semelhante, a origem da geometria está intimamente ligada à necessidade de melhorar o sistema de arrecadação de impostos de áreas rurais, e foram os antigos egípcios que deram os primeiros passos para o desenvolvimento da disciplina. Com o passar do tempo o incessante desenvolvimento de novas tecnologias, assim como, instrumentos de medidas mais precisos e o advento da informática têm propiciado oportunidades para criação de novos aplicativos e dispositivos que podem ser utilizados pela Geometria. Os computadores têm-se apresentado de forma cada vez mais freqüente em todos os níveis da educação. Sua utilização nas aulas de Matemática das séries do Ensino Fundamental pode ter várias finalidades, tais como: fonte de informação; auxílio no processo de construção de conhecimento; um meio para desenvolver autonomia pelo uso de softwares que possibilitem pensar, refletir e criar soluções. O computador pode ser considerado um grande aliado do desenvolvimento cognitivo dos alunos, principalmente na medida em que possibilita o desenvolvimento de um trabalho que se adapta a distintos 60 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ritmos de aprendizagem e favorece a que o aluno aprenda com seus erros. O AutoCAD da AutoDesk, é um software que permite o estudo de objetos geométricos com grande precisão e, pode ser abordado como uma metodologia alternativa de ensino, tendo como finalidade superar obstáculos didáticos, efetuar construções geométricas e do desenho com grande precisão e, atuar como suporte no treinamento da abstração bidimensional, concernentes aos diferentes estudos de sólidos, retas, pontos e interação entre eles. Para o Ensino de Geometria e Desenho, é preciso que o professor defina objetivos e domine bem as atividades que propõe, seja qual for o recurso escolhido para utilizar em sala de aula. Com o Software AutoCAD não é diferente e, ele deve estar atento para o fato de que o uso desta ferramenta computacional exige muito dos educadores. E, para isto, não basta que saiba “como mexer no computador” e lidar com softwares, mas, sim, que compreenda quais as vantagens de sua utilização para organização das atividades propostas. Através da prática educativa com uso do Software AutoCAD, pretende-se trazer benefícios em razão de existir a real possibilidade de transferências de algumas habilidades e competências exercidas com a prática do ensino de geometria e desenho, para a dimensão do conhecimento matemático, de sua melhor compreensão e percepção de como deve ser trabalhado em sala de aula. A HISTÓRIA E O ENSINO DA TERMODINÂMICA Taciany Karoline Barth, Prof. Christiano Nogueira Linha de Pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Física [email protected] Este trabalho coloca inicialmente para o leitor o porquê, para que ensinar ciências e como ensiná-la. As respostas a estas perguntas servem como uma base principal para o objetivo deste trabalho, que é apresentar uma proposta diferenciada de ensino da termodinâmica que construa junto ao aluno os conceitos relativos à disciplina de termodinâmica, como ocorreu com as próprias leis da termodinâmica, através da história. A metodologia desenvolvida no trabalho se baseou em consultas prévias do conteúdo programático e livros adotados para o ensino do segundo ano do ensino médio de duas escolas públicas de Curitiba (Colégio Estadual do Paraná e Colégio Estadual Leôncio Correia). A análise deste material permitiu verificar a pouca importância dada à disciplina de termodinâmica dentro do ensino de física no ensino médio. A proposta aqui apresentada buscou levar em conta fatos marcantes da História da Humanidade de grande IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 61 importância para o ensino, como a Revolução Industrial, que está intimamente ligada com o estudo da termodinâmica. O objetivo deste com isto é evidenciar que história e ciência andam juntas. Como referência bibliográfica, foi utilizado principalmente o livro “Física: proposta para um ensino construtivista”, de Anna Maria Pessoa de Carvalho (1989), onde a autora deixa claro que a construção do conhecimento depende da história, no seguinte parágrafo “o mais difícil, na verdade, é o processo de construção do ensino. Esse processo de mudança conceitual,(...), deve levar em conta, de um lado, o processo histórico da construção desse conceito e, de outro, uma teoria que explique como o conceito é construído pelo aluno. A importância do professor conhecer a história da Ciência está em poder compreender os seus alunos, pois inúmeras vezes o raciocínio encontrado em sala de aula é muito semelhante a raciocínios que um dia a Ciência já considerou como corretos”(pg 04) ., pois inúmeras vezes o aluno parte da mesma base de que partiu um dia o conhecimento científico. E é considerando esta relação entre História e Ciência que concluímos o trabalho, acreditando que esta proposta de ensino de termodinâmica poderá contribuir para uma formação mais rica e efetiva de nossos alunos e futuros cidadãos, auxiliando-os ainda mais em seu cotidiano. PALAVRAS-CHAVE Termodinâmica e história da ciência. METODOLOGIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA PARA INCLUSÃO DE DEFICIENTES AUDITIVOS Maria Bernadete Estradioto, Prof. Tony Groch Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] Estamos num processo social em curso, denominado, inclusão, pelos estudiosos. De um lado a sociedade começa a perceber a existência de pessoas portadoras de deficiência e a se organizar para acolhê-las e de outro, as próprias pessoas com deficiência começam a se mostrar, a reivindicar seus espaços, a exercer seu papel de cidadãs. Esse processo é lento e complexo. Precisamos derrubar preconceitos arraigados e isso não acontece de um dia para o outro. Como pensar em incluir e, mais ainda, como exercer a inclusão, se não conhecermos estas pessoas, se não temos informação sobre elas – enfim, se elas “ainda” não existem para nós? Através deste trabalho pretende-se auxiliar o educador a conhecer como um deficiente auditivo pensa, age, percebe, fala e sente e a refletir sobre as formas mais apropriadas de viabilizar um ensino de qualidade 62 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA para os alunos com deficiência auditiva, inclusas em salas de ouvintes com ou sem ajuda de tradutores, lembrando que estaremos trabalhando com alunos surdos e ouvintes ao mesmo tempo, e que é importante trazer para a discussão uma visão mais crítica sobre as principais correntes metodológicas utilizadas em sala de aula, que enfoquem não apenas os procedimentos adotados, mas realize uma análise sobre as vantagens e desvantagens existentes em cada uma, tendo em vista às particularidades inerentes a surdez. Desenvolver uma prática de sala de aula com diferentes recursos didáticos pode tornar a aprendizagem mais vida e real para os alunos. Segundo RIZZO (1996, pág. 25) “a escola precisa de educadores que aliem competência profissional, conhecimentos teóricos e práticos à forte empatia e disponibilidade afetiva para poder interagir de forma cooperativa com a criança, como em atividades próprias e jogos inteligentes.” Para alunos com deficiência auditiva: (PCN,1998,p.46-7) “os textos escritos devem ser complementa- dos com elementos que favoreçam a sua compreensão, linguagem gestual, língua de sinais e outros sistemas alternativos de comunicação adaptado às possibilidades do aluno. Leitura oro facial, linguagem gestual e de sinais, material visual e outros de apoio, para favorecer a apreensão das informações expostas verbalmente. A educação inclusiva vem a ser um grande desafio para nós professores. Será preciso estudar o que no passado era dispensável, aprender e desenvolver técnicas inovadoras, descobrir como se ouve sem audição, a acompanhar ritmos diferenciados de aprendizagem. DOMINÓ MATEMATICO - UMA METODOLOGIA ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE EXPRESSÕES NUMÉRICAS Gilvan Carlos Oliveira, Prof. Tony Marcio Groch Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver os problemas propostos. Nós como educadores devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver autoconfiança, a organização, concentração, atenção, raciocínio lógico, desenvolvendo socialização e aumento das interações do individuo com outras pessoas. Atualmente é comum encontrarmos nas redes de ensino, aquele método tradicional de exposição de conceitos, de idéias, no qual o IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 63 professor “passa” a matéria os alunos escutam, reproduzem o que esta no livro didático, praticam o que foi transmitido em exercícios de classe ou tarefas de casa e decoram tudo para a prova. Esse método causa graves limitações pedagógicas e didáticas para o desenvolvimento de um ensino melhor, tais como: · Subestimação da atividade mental dos alunos, privando-os de desenvolverem suas potencialidades cognitivas, capacidades e habilidades, de forma a ganharem a independência de pensamentos; · Transformação do livro didático em algo sem vida, uma vez que se tenta vencê-lo até o final do ano; · Restrição do trabalho docente às paredes da sala, sem preocupação com a pratica da vida cotidiana dos alunos fora da escola. Tudo isso demonstra o fracasso deste método de ensino. Percebese que o ideal seria que o ensino compreendesse ações conjuntas do professor e dos alunos, ficando claro que é mais importante uma aprendizagem sólida e duradoura que adquirir um grande volume de conhecimento. O verdadeiro ensino busca a compreensão e assimilação sólida das matérias, ligando o conhecimento novo com o que já se sabe e ter referencia a pratica social, isso é, a realidade social, política, econômica e cultural em que os alunos são parte integrante. O jogo tem grande importância para o desenvolvimento cognitivo da criança, Piaget e Vygotsky referem-se a relevância do jogo como promotor da aprendizagem, sejam elas de conteúdo sistematizado ou não pela escola. Esses conteúdos originam-se nas interações entre a criança e a situação de jogo, e permitem sua compreensão à medida que novos conteúdos vão sendo incorporados às estruturas anteriores modificando-as. O jogo é um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático, é uma estratégia para propiciar a aprendizagem. PROJETO DE ESTUDOS SOBRE A APRENDIZAGEM DE ESTAÇÕES DO ANO E A DETERMINAÇÃO DOS PONTOS CARDEAIS Prof. Amauri José da Luz Pereira, Prof. Christiano Nogueira Linha de Pesquisa: Ensino-Aprendizagem de Física [email protected] O presente trabalho visa abordar dois graves erros cognitivos que têm comprometido a abordagem de dois tópicos importantes do ensino da astronomia na educação básica que são, as estações do ano e a determinação dos pontos cardeais. Os autores, ao longo de sua carreira, em especial como a de planetaristas, tem evidenciado diariamente que a 64 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA maioria dos professores de ensino fundamental e médio que abordam o tema o tem feito de uma maneira totalmente equivocada, na maioria das vezes, baseado-se em conclusões intuitivas. Sobre as estações do ano é comum encontrar tanto entre os alunos como entre os professores explicações do tipo: “é inverno quando a Terra está longe do Sol e verão quando ela está perto dele, isso se deve ao fato da órbita da Terra ser uma elipse bem alongada. Já para a localização dos pontos cardeais deve-se apontar o braço direito para onde o Sol nasce e encontremos o cardeal Leste, com o braços abertos, no braço esquerdo teremos o oeste, estaremos de frente para o Norte de costas para o Sul.” Essas duas últimas explicações, que podem ser encontradas em alguns livros didáticos do ensino fundamental, estão essencialmente erradas, pois não levam em consideração fato de que as estações do ano só ocorrem devido à inclinação do plano do equador terrestre em relação a plano de sua órbita, conhecida por obliqüidade, que vale aproximadamente 23,5° e que é responsável tanto pelas estações do ano como pelo constante caminhar do Sol, ora um pouco para o Norte, ora um pouco para o Sul, nascendo exatamente no ponto cardeal Leste e se pondo exatamente no Cardeal Oeste somente duas vezes ao ano, por ocasião dos equinócios de outono e primavera, respectivamente. Através de questionários sobre o tema , pretende-se fazer um estudo com alunos formandos dos Cursos de Física, Matemática e Geografia do Centro Universitário Campos de Andrade, UNIANDRADE, com o objetivo de verificar o nível de compreensão, sobre ambos os tópicos. Tal trabalho estatístico-avaliativo, como hipótese, poderá fornecer subsídios necessários para eventuais providências que possam ser tomadas no sentido da correção de eventuais equívocos que eles possam cometer em suas atividades de ensino. O PERFIL DO ACADÊMICO DE PRIMEIRO ANO EM UM CURSO DE MATEMÁTICA NAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE CURITIBA Emerson Jose Martins, Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] Este trabalho tem por finalidade abrir um fórum de discussões sobre o Perfil do Acadêmico de Matemática do Primeiro Ano em Instituições Particulares de Curitiba. Um dos principais objetivos dessa pesquisa de campo é conhecer a trajetória do acadêmico enquanto aluno do Ensino IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 65 Médio a iniciante de um Curso Superior de Matemática, onde visa saber o interesse pela disciplina que cursa, o que o motiva a participar das aulas, observar quais são as dificuldades encontradas nas disciplinas do curso, quais as formas de estudo e o tempo que se dedica às atividades. Nessa perspectiva, a formação do professor de matemática não pode ter como objetivo principal o acúmulo de informações. É fundamental que ele passe ser um construtor de seu próprio conhecimento numa perspectiva crítica, analítica e reflexiva, condição indispensável para a sua profissionalização. Sendo considerado um ser essencial que consiga encontrar estratégias e desenvolver competências que lhes permitam adquirir e criar novos conhecimentos enquanto acadêmicos e consigam assim o papel simultâneo de estudantes e produtores de conhecimento acerca do ensino. No trabalho será abordada a característica pessoal, cultural e social, tendo como objetivo uma visão da postura do acadêmico e instituição, na procura pela qualidade do ensino superior para a formação de futuros profissionais da educação. INTERPOLAÇÃO POLINOMIAL NO ENSINO MÉDIO Alex Pereira Cargnelutti, Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] As funções consistem em um importante tópico da Matemática. No terceiro ano do ensino médio é obtida através da equação da reta a função que passa por dois pontos, mas não existe uma seqüência no aprendizado para poder determinar também a função que passa por 3, 4, 5 ou mais pontos. Este trabalho tem por finalidade propor o ensino do conceito e de técnicas elementares de interpolação polinomial no terceiro ano do ensino médio, relacionando a interpolação polinomial com assuntos tais como: funções, matrizes, sistemas de equações e polinômios. Espera-se que o ensino do conceito e de técnicas de interpolação proporcionem uma visão mais ampla em relação aos conteúdos acima relacionados. Espera-se também que o aluno, através das técnicas aplicadas, obtenha uma melhor concepção sobre a construção e representação gráfica de funções. 66 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA A APLICAÇÃO DA MATEMÁTICA NA MÚSICA PARA O ENSINO MÉDIO Leonardo Costa de Borba, Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Linha de Pesquisa: Educação Matemática [email protected] A aplicação da matemática na música para o ensino médio e ensino superior pode ser uma saída ao professor para um ensino diferenciado, buscando uma máxima compreensão de alguns dos conteúdos trabalhados até então, além de prender a atenção do discente para assuntos do seu cotidiano. Esta relação da matemática na música é muito útil para o professor, pois além de ensinar a matemática teórica, o professor pode promover a idéia da utilidade do conteúdo que está sendo ministrado. A matemática e a música possuem uma relação muito próxima, descoberta desde o século VI a.C., quando Pitágoras desenvolveu a primeira teoria que levaria vários cientistas a se interessarem pelo assunto. É claro, não só cientistas ligados à matemática, mas físicos, psicólogos, neurocientistas e músicos. Essa relação interessa não só a professores que buscam formas alternativas de ensinar a matemática e de prender a atenção do aluno, mas também chama a atenção de pesquisadores para novas experiências para tentar desenvolver métodos que facilitem o aprendizado da criança, usando para isto uma das ciências mais presentes e bem quistas por qualquer indivíduo: a música. Este trabalho tem a intenção de dar ao professor uma alternativa de trabalhar a matemática em sala de aula aplicando-a em situações ou ciências diversas do cotidiano através da música. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 67 Ciências Sociais Aplicadas ANÁLISE DO IMPACTO DO RESERVATÓRIO DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU NO CRESCIMENTO ECONÔMICO REGIONAL Jandir Ferrera de Lima, Lucir Reinaldo Alves Linha de Pesquisa: Desenvolvimento Regional [email protected] A análise do impacto do reservatório da hidrelétrica de Itaipu no crescimento econômico regional é uma pesquisa financiada pela Fundação Araucária. A pesquisa analisa o crescimento econômico regional após a construção de Itaipu e examina outras possibilidades de desenvolvimento regional para o Oeste do Paraná. Essa análise é um estudo de natureza econômica, que usa métodos de análise regional. O estudo identificou variáveis de crescimento econômico, de desenvolvimento humano e o desempenho das atividades produtivas. Também foram definidos elementos para uma política de crescimento regional. A construção de Itaipu foi responsável pelo deslocamento populacional, bem como pela redução da área produtiva dos municípios lindeiros, sendo esses compensados pelo pagamento de royalties. A economia de uma região atingida pelo alagamento de uma barragem hidroelétrica apresentam situações bem distintas anterior às obras, durante o processo de construção e após a conclusão das obras. Anterior às obras, a economia tem características próprias da região (agrícola, comercial ou industrial). Com o início das construções essas características da economia local sofrem um impacto direto com os recursos provenientes dessa fase da instalação. O movimento migratório e a oferta de empregos fazem as cidades expandirem-se ampliando o mercado de seus produtos e, com isso um forte crescimento econômico num curto espaço de tempo capitaneado pelo setor terciário. Quando a Usina passa a funcionar, a economia regional apresenta duas fases: a primeira, tomada como negativa, é aquela em que se enfrenta o desemprego advindo do término da construção, a perda da população economicamente ativa e a perda de terras produtivas, afetando o crescimento econômico. Na segunda fase, tida como positiva, os municípios recebem compensações financeiras pelas áreas alagadas e a economia volta a crescer através desses recursos. Por fim, notou-se que os pólos regionais (Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu) reforçaram sua posição como centros urbanos significativos na localização dos setores secundário e terciário. No entanto, a partir de 2000, notou-se a emergência de novos municípios 68 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA que apresentaram a transição de uma estrutura urbana rural para urbana industrial. Essa transição não significou diminuição na base produtiva dos pólos, mas a emergência de uma nova estrutura sócio-econômica regional indiferente à influência da Usina Hidroelétrica de Itaipu. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 69 Ciências Humanas CANHOTOS Renata Guimarães, Prof. Inês Astreia Linha de Pesquisa: Biologia de Organismos e Comunidades [email protected] O nosso cérebro é dividido em dois hemisférios. Cada hemisfério comanda, na maioria das vezes, o lado oposto do corpo, dividindo assim, as pessoas com inteligência cruzada ou não, a chamada Inteligência linear. Os canhotos sofreram e sofrem preconceitos até hoje, desde a época antes de Cristo, mesmo “preconceitos invisíveis”, só sofridos pelos canhotos, até preconceitos falados sem nenhum pudor. Como escutar comentários até não haver objetos adequados para sua dominância. Há pessoas que tratam os canhotos como pessoas anormais, como se elas tivessem alguma deficiência motora, o que não tem relação alguma com o caso. Geralmente os canhotos, na sua alfabetização, começam a escrever de trás para frente, ou até de ponta cabeça, esses são chamados de estrefossimbólicos, pessoas que distorcem as palavras na hora de escrever. Nessa ocasião, os professores têm que estar muito acompanhados psicologicamente e no seu dia-a-dia, para a educação dessas crianças. Mas enfim, será que o CANHOTO é mesmo SINISTRO? Acredita-se que, dependendo da religião, o canhoto não é uma pessoa protegida por Deus, tanto que o lado esquerdo sempre foi tratado como um lado ruim, e o direito um lado “divino”. Na nossa bíblia, por exemplo, “Jesus está sentado do lado DIREITO de Deus Pai Todo Poderoso”, os budistas dizem que o lado certo para se seguir é o direito, o esquerdo é o caminho “das trevas”. E hoje, no nosso dia-a-dia, os canhotos sempre sofrem com os abridores de latas, maçanetas, saca - rolhas, e até facas, objetos simples, mas que para a criança, traz uma dificuldade de utilização. Na escola, os canhotos sentem dificuldades de associação do sentido da escrita e do aprendizado de direita-esquerda, os professores devem estar atentos sempre à esses detalhes, porém, sem chamar atenção como algo incomum, mas trabalhar paralelamente com o aluno. O fato de ser canhoto jamais pode ser associado às deficiências, ou até mesmo com superioridade, pois os canhotos são iguais aos destros. Dando uma olhada na nossa história, vemos vários exemplos de canhotos que se destacaram: BEETHOVEN, ALBERT EINSTEIN, PABLO PICASSO, LEONARDO DA VINCI, JOANA D´ARC, JONH LENNON, CLEÓPATRA, entre outros. Os canhotos podem não ser comuns, mas são normais. 70 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DIAGNÓSTICO DO ENSINO DE HISTÓRIA: CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DESMOTIVAÇÃO DE PROFESSOR E ALUNOS EM ESCOLA DO ENSINO FUNDAMENTAL Cleusa Regina Maranho Heimbecher, Kátia Andréia Vieira de Melo Linha de Pesquisa: Ensino De História [email protected] Esta comunicação refere-se a trabalho de pesquisa, ainda em desenvolvimento, baseado em observações feitas em turma de 5ª série da rede particular de ensino de Curitiba durante o Estágio Supervisionado do Curso de História. Num primeiro momento, constatamos inúmeras dificuldades no binômio ensinar/aprender na disciplina de História, vivenciadas tanto por professores quanto por alunos. Num segundo momento, com o auxílio de bibliografia pertinente ao tema, indagamos sobre as razões da desmotivação do professor e suas dificuldades diárias em inovar sua prática de ensino e, de outro lado, o desinteresse do aluno por não conseguir perceber a importância do estudo de História na construção do futuro adulto como cidadão ativo, participante, crítico e ético na sociedade. Por esses motivos buscamos aprofundar as questões desmotivantes de professores e alunos visando, em última análise, contribuir na formação de cidadãos que compreendam sua situação de ser histórico e possam colaborar para melhorar a sociedade em que vivem. Para tanto, estudamos a evolução do ensino no Brasil mostrando as causas estruturais do despreparo do professor, desde as deficiências na formação acadêmica até as baixas remunerações recebidas por esse profissional. O desinteresse do aluno é conseqüência da sua dificuldade em interpretar textos e das políticas educacionais conservadoras implantadas nas escolas. A didática, a metodologia, a prática de ensino apregoados nos bancos acadêmicos, normalmente distanciados da prática em sala de aula, são estudados nos seguintes aspectos: formas de se dar aulas expositivas, sem uma discussão historiográfica, bem como a presença de avaliações conservadoras vinculadas ao questionário classificatório. Quanto aos recursos didáticos são exploradas as linguagens passíveis de serem utilizadas em sala: filme, música, fotografia, visita a museus e bibliotecas, a multimídia. São também abordadas questões externas à sala de aula como a ausência da família como participante e parceira do professor na construção de saberes, as políticas governamentais com inferências nos currículos escolares e a filosofia de ensino das instituições, às vezes mercantilista e, outras vezes, subordinada ao ditame do poder público. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 71 Por fim, demonstrando que o problema de Ensino de História é estrutural, e não novo, propõe-se um esforço conjunto para planejar mudanças, começando pelo estímulo à leitura e o desenvolvimento da prática de escrever. GUERRA DO CONTESTADO - 1912-1916 Cleusa Regina Maranho Heimbecher, Fabricio Leal de Souza Linha de Pesquisa: História do Paraná [email protected] O painel tem por objetivo fazer uma reflexão sobre as injustiças sociais que provocaram à insurreição dos caboclos e à Guerra do Contestado no período de 1912 a 1916, em território disputado pelos Estado do Paraná e Santa Catarina. Mostra também que a questão camponesa contínua insolúvel no Brasil. Com base na vasta bibliografia sobre o tema são recontados os principais acontecimentos do conflito no Contestado, onde os principais atores foram: os sertanejos sem-terra, liderados pelo monge José Maria e depois por outros videntes, os proprietários de grandes áreas de terras, capitalistas estrangeiros, a política e os militares. O território contestado compreendia desde o Rio Iguaçu até o Rio Uruguai, na divisa com o Rio Grande do Sul, limitado a leste pelo rio do Peixe e a oeste pelo Rio da Prata. O movimento social aconteceu nesse espaço contestado, onde uma ferrovia, ligando São Paulo ao Rio Grande Sul, acabara de ser construída por capitalistas americanos e ao término da obra uma massa de desempregados fora abandonada à própria sorte. Os empresários americanos receberam as terras que margeavam a ferrovia e as exploravam retirando madeira das florestas de araucária se utilizando de maquinário pesado. Além disso, títulos de grandes áreas foram distribuídos a pessoas privilegiadas e os caboclos que viviam da coleta e comércio da erva-mate nativa foram expulsos de suas terras. Os sertanejos abandonados pelo poder público, encontram, desde há muito tempo, amparo nas rezas e curas feitas por “monges” que surgem na região e os seus seguidores passam a ser chamados de “fanáticos”. A eles juntam-se os desempregados e, liderados pelo monge José Maria, em 1912, dirigem-se para Irani em busca de melhores condições de vida. As autoridades paranaenses informadas sobre o deslocamento dessa população, julgam tratar-se de invasão de terras e enviam tropas para expulsar ou prender os fanáticos. Os fanáticos vencem a batalha onde morre José Maria, o monge, e o Coronel João Gualberto, das forças policiais. A partir daí os sertanejos lutam em sistema de guerrilha sob a liderança de outros videntes e até de 72 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA jagunços. São vencidos somente depois de 13 expedições militares contando-se mais de 10.000 mortos. O conflito termina em 20 de novembro 1916 com a assinatura de acordo entre o Paraná e Santa Catarina fixando as atuais divisas. A questão camponesa continua insolúvel. LITERATURA PARA CRIANÇAS COM ALTO GRAU DE RISCO Elem Lúcia Baptista de Queiroz, Diva Conceição Ribeiro Linha de Pesquisa: Gestão, Cultura e Educação [email protected] A literatura é fundamental para vida do homem. Muitas realidades são colocadas nos livros, mas é importante interpretar cada livro lido. Todos sonham, planejam, almejam algo que, para o futuro pode ser colocado como história da humanidade. Como exemplo, citamos certos títulos, como “Viagem à estratosfera” de Monteiro Lobato, que previa uma viagem para fora da Terra, e uma realização dos desenhos animados dos “Jetsons”. Nestes gibis, o assunto refere-se à uma família que, antes de se falar em aviões a jato, utilizavam de “tapetes voadores” para ir ao trabalho, viajar, ir à escola. Essa família também possuía “Rosinha”, um robô que realizava todo o trabalho do lar. Hoje, a tecnologia não prevê e nem dispõe de “Rosinhas”, porém, disponibiliza ao homem várias “rosinhas” que executam com eficiência os trabalhos domésticos: máquina de lavar roupas, de lavar louças, ferro para passar roupas, de fazer pães, passar cafés, panelas de pressão dentre outras invenções modernizadas que oferecem todo conforto mecanizado e automatizado ao homem contemporâneo, que já pensa em heliportos e helicópteros para ir ao trabalho com rapidez e maior segurança. Em um Lar para menores, é de fundamental importância possuir bibliotecas contemplando várias vertentes da leitura, desde as que vão contemplar o emocional, o comportamental até as que abordam a cidadania e a individualidade de um cidadão capaz de pensar por si próprio. Podemos perceber que o maior sonho dessas crianças é ter uma família que os apoiem, dê-lhes segurança e amor. Em alguns Lares existem madrinhas que são responsáveis pela criança enquanto esta estiver no lar. A adoção, no Brasil, ainda é confusa, e muitas crianças acabam deixando o seu país natal, por que seus futuros pais adotivos preferem adotar recém – nascido branco e sem irmãos. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 73 VIVENCIANDO NOVAS PRATICAS: A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA DE ALUNOS E PROFESSORES Tatiane de Aveiro Rosa; Denise Cristina Cardoso de Souza, Kátia Vieira de Melo Linha de Pesquisa: Ensino aprendizagem de história [email protected] O presente artigo é resultado do trabalho proposto na disciplina estágio supervisionado do curso de História, o mesmo, tem como objetivo trabalhar a formação da consciência histórica como determinante para a comunicação entre alunos e professores diante de novas práticas por ambos vivenciadas. Discute-se o relacionamento e a constituição da consciência histórica de alunos e professores, a vivencia de novas práticas por meio da aprendizagem histórica em sala de aula, em especial quanto à possibilidade de novas formas de captação e didatização de conteúdos que contribuam para o desenvolvimento da consciência histórica critíco-genética (Rusen, 1992, p. 178). O mundo vem se transformando de uma maneira cada vez mais acelerada, Portanto, questiona-se como o fundamento e noção da autoconsciência histórica é visto diante do novo modo de compreender a razão e a existência humana? As questões de ensino ocupam hoje um espaço significativo na realidade cotidiana do ser humano, pois passaram a ser vistas como um fator de competitividade no mercado globalizado diante das transformações do mundo. Nessa perspectiva, os estudos relacionados à história devem ser considerados como um dos fatores determinantes para o aluno sobressair-se no mercado de trabalho. Esta concepção permite entender que a história estuda a vida de todos os homens e mulheres, com a preocupação de recuperar o sentido de experiências individuais e coletivas. Este pode ser um dos principais critérios para a seleção de conteúdos e sua organização em temas a serem ensinados com o objetivo de contribuir para a formação de consciências individuais e coletivas numa perspectiva crítica. A escolha é justificada em função do interesse em analisar e compreender os papéis que alunos e professores têm na elaboração do conhecimento, identificando qual é a consciência histórica vivenciada por ambos, diante de novas práticas. Nos diversos setores da sociedade evidenciam-se novos valores, novos paradigmas, novos conceitos. Este artigo tem como objetivo abordar, como alunos e professores desenvolvem suas atividades escolares em sala de aula, com ênfase em analisar as experiências individuais e coletivas na formação da consciência histórica. Para isso utilizamos as fontes 74 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA históricas através de referências bibliográficas, outro modo utilizado foi uma entrevista feita com um grupo de alunos, cuja finalidade foi avaliar como se dá a conscientização através da pratica em sala de aula. Este trabalho encontra-se em fase de pesquisa, o mesmo deverá ser concluído no segundo semestre de 2007, data prevista para entrega da segunda e última parte deste artigo. REFLEXÃO DA EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO E ANÁLISE DE CONTEÚDOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Francisco Assis Grob, Prof. Kátia Andréia V. de Melo Linha de Pesquisa: Gestão, Cultura e Educação [email protected] Esse trabalho de pesquisa, ainda em andamento, tem por objetivo propor uma reflexão sobre a forma como estão sendo ministrados os conteúdos da disciplina de História nas escolas de Ensino Fundamental. Analisando alguns dos atuais autores de livros didáticos, percebemos neles a preocupação em afastar os alunos da obrigação de decorar conteúdos, mas torná-los significativos em suas vivências diárias. Dentro desta perspectiva, tais autores posicionam-se contra o ensino tradicional e positivista baseado na memorização de datas e fatos históricos. Sugerem procedimentos diversos e inovadores para que o professor atinja com qualidade seus objetivos em sala-de-aula: pesquisas, leitura e interpretação de imagens, exposição oral, trabalhos individuais ou/e em grupo, dramatização, análise e interpretação de filmes, visitas a museus, entrevistas, competições, estudo de textos ou documentos, atividades multidisciplinares, elaboração de jornais da História e a constante reconstrução do passado. Em nossa atividade de observação do Estágio Supervisionado, a professora de História trabalhou o conteúdo sobre o Egito em parceria com a professora de Educação Artística, organizando dramatizações e montagem de maquetes, atividades estas em que os alunos caracterizaram-se de cidadãos egípcios e organizaram uma exposição na escola explicando e expondo seus conhecimentos aos visitantes. Essa forma de trabalho multidisciplinar, a nosso ver, obteve êxito à medida que despertou a atenção e interesse dos alunos pela história. Daí a necessidade do professor, juntamente com seus alunos, buscar situações de ensino-aprendizagem que possam tornar o ensino de História menos enfadonho e mais atrativo aos olhos dos alunos. É fundamental IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 75 lembrar, ainda, que a formação do professor deve ser continuada e que o mesmo deve estar atento às atualizações das diferentes escolas historiográficas, que lhes fornecerão subsídios para organizar com qualidade tais atividades com os educandos. É criando oportunidades e produzindo seu próprio material de apoio que o professor será partícipe da produção do conhecimento histórico e modelo para a construção de um ensino autônomo, dinâmico e crítico. EDUCAÇÃO E TRABALHO JUNTOS PELA AUTONOMIA Joslaine Vieira Barbosa Sant’Ana, Viviane Maria Penteado Garbelini Linha de Pesquisa: Educação e Trabalho [email protected] Pensar em educação e trabalho é refletir sobre a formação atual das crianças brasileiras, as exclusões, as divisões de classes e o reforço do muito para poucos e do nada para muitos. Refletir sobre este tema é essencial para redirecionar os pensamentos dos educadores para a sua importância na construção da autonomia dos alunos e entender que não basta apenas preparar para o trabalho ou apenas educá-los; é preciso formá-los para a vida. Para isso, necessita-se da compreensão do atual sistema vigente em nosso país, a expansão do capitalismo, o aumento do desemprego, a educação servindo como aliada ao modelo neoliberal, etc. A política e a tecnologia juntaram-se na formação de novas ideologias que prendem cada vez mais o trabalhador, incutindo de forma abstrata pensamentos, necessidades que apenas reforçam a alienação e mantém cada vez mais as pessoas presas ao tempo e a produção de capital. E qual é o papel da escola e do educador neste cenário, formar um cidadão autônomo? Isto indica que o aluno, ao sair de uma determinada escola ou paralelo aos estudos, deveria saber o que fazer da sua vida ou ao menos ter idéia de como resolver os problemas esperados e inesperados, ou seja, ter autonomia de pensamento e de atitude com discernimento, infelizmente não é isso que se observa nas comunidades. Ocorreram inúmeras alterações no cenário atual, dentre eles a predominância do capitalismo fortemente dependente de uma educação reprodutora do seu sistema, para continuar com seu domínio. Essas alterações interferem nas relações trabalho e educação e novos padrões são estabelecidos, para que ocorra uma harmonia na sociedade em função das novas necessidades para o bem-estar social. O objetivo geral deste trabalho é entender as relações entre educação e trabalho. Os específicos são conhecer a história de ambos, seus significados, analisar a questão do 76 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA desemprego atrelado à educação, verificar índices e por fim, discutir idéias positivas da educação e trabalho juntos pela formação da autonomia. A pesquisa foi bibliográfica, sendo que o público alvo são os educadores e alunos interessados nesta problemática. Os autores que contribuíram de forma significativa foram: AUED, CASTRO e FRIGOTTO. Para concluir, a tese defendida é a de que educação e trabalho precisam estar juntos, de mãos dadas para a formação de um cidadão profissional, com autonomia consciente. AS ADMOESTAÇÕES DE FRANCISCO DE ASSIS: REFLEXÕES SOBRE A FUNDAÇÃO DE UM DISCURSO Prof. Victor Augustus Graciotto Silva Linha de Pesquisa: Religião e Religiosidade no Ocidente Medieval [email protected] A presente comunicação apresenta reflexões a partir da análise dos efeitos de sentido do discurso Admoestações de Francisco de Assis. Entre os escritos de Francisco de Assis presentes nas Fontes Franciscanas, Admoestações foi aquele selecionado para nossa pesquisa, cujos resultados e conclusões apresentamos neste presente texto. Admoestações trata-se de um texto perfomativo, ou seja, sua intenção é provocar uma performance diferenciada no enunciatário: uma mudança de procedimento e comportamento. Se Francisco de Assis é que valida a performatividade dos textos admoestativos, seja por ter atrás de si a Igreja, seja pelo seu carisma popular, cabe analisar o alto poder simbólico oriundo do discurso das Admoestações. Identificamos no conjunto dos textos admoestativos uma estrutura simbólica que sustenta aquilo que perseguimos: a eficácia do discurso. Considerando o contexto sócioreligioso que Francisco queria transformar através de seus ensinamentos, como também o novo mundo que ele almejava na sociedade urbana medieval entre o período de 1206 até 1226, buscamos, através dos pressupostos teóricos enquadrados no campo de saber da Análise do Discurso, explicitar a eficácia do discurso a partir da cena enunciativa como também da estrutura de poder simbólico do discurso admoestativo. Com isso, propomos refletir sobre a atualidade de Francisco de Assis, homem do século XIII, a partir da perspectiva de considera-lo como um autor-fundador de um discurso, que perpetuou o seu reconhecimento como exemplo de perfeição cristã a partir de um modo de vida de pobreza voluntária e de serviço aos excluídos sociais. Os textos admoestativos respondem ao diagnóstico dos males social-religiosos, identifica o mal e receita o bem. A Igreja institui IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 77 o discurso fundador, é o elemento que autoriza, que reconhece a autoridade do discurso, mas isso somente foi possível graças à popularidade de Francisco e à aceitação de seu discurso por parte da sociedade, fato este que levou a Igreja a acolhê-lo em seu seio com a intenção de controlá-lo e canalizá-lo para seus próprios interesses. A análise do documento Admoestações permitiu vislumbrar essa trilha da fundação de um discurso: um modo de vida cristã, de obediência e pobreza de espírito, modelo de vida franciscana que se perpetuou até os dias de hoje. O PROFESSOR E O ENSINO DE HISTÓRIA: UM ESTUDO DE CASO DA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Lêda Trindade; Edson Cigerza Squena, Prof. Kátia Andréia V. de Melo Linha de Pesquisa: Ensino de História [email protected] O presente estudo tem como finalidade analisar a prática do ensino de História em interface ao desenvolvimento humanista do aluno, através de uma articulação entre os elementos que constituem o saber histórico com a prática do fazer pedagógico. À partir da década de 1980, as escolas organizaram-se em um caráter de negação à dominação, e não mais como um mero instrumento para reproduzir a estrutura social vigente da época, centrando-se não apenas no professor ou no aluno, mas na formação do homem. Porém, com o decorrer dos anos e o avanço das novas tecnologias de produção, a formação humanista dos alunos foi ficando em segundo plano nas escolas, que visavam preparar alunos capacitados para concorrerem no mercado de trabalho. Dentro desta perspectiva, propomos que a disciplina de História seja instrumento de renovação voltado ao desenvolvimento intelectual e senso crítico dos alunos. A constatação de tal possibilidade foi visualizada em nossa experiência de Estágio Supervisionado onde percebemos que a comunidade escolar observada busca, permanentemente, efetivar sua filosofia de ensino, pois, um dos maiores objetivos a ser atingido, é a formação do cidadão e do homem consciente; para tanto, voltam seu ensino para o desenvolvimento da autonomia intelectual do aluno, o fortalecimento do pensamento crítico e o comportamento ético, tendo em vista, que o aluno precisa de espaço e liberdade para aprender. Sabemos, por outro lado, que tal realidade escolar é exceção no nosso atual sistema de ensino viciado pelo descaso governamental e pela desqualificação na formação do professor. 78 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Destacamos, nesta pesquisa, o papel fundamentalmente importante do professor para a transformação desta prática tradicional. O envolvimento, a preparação prévia de roteiros de trabalho e a problematização dos conteúdos ensinados em aula devem ser práticas constantes e incansáveis empregadas por este profissional. A História deve ser trabalhada como processo passível de aprimorar o exercício da problematização da vida social, buscando identificar as relações sociais de grupos locais, regionais, nacionais e de outros povos. Assim, preparar o jovem para participar de uma sociedade complexa, como a atual, requer participação ativa do professor na construção da aprendizagem autônoma e contínua. É o desafio que temos pela frente. A MULHER NO EGITO ANTIGO: ASPECTOS DA IGUALDADE JURÍDICA Sandra Raitani Bley Pereira, Prof. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: História Antiga [email protected] A sociedade do Egito antigo era rigidamente hierarquizada. As mulheres, porém, possuíam um lugar definido e funções específicas dentro de suas comunidades. Direitos e obrigações a elas cabiam, sendo-lhes permitido, inclusive, a gerência de seus próprios negócios, bem como de seus filhos. Contrariamente ao que muitas pessoas pensam, em tempos faraônicos a seis mulheres coube, inclusive, o comando do Alto e Baixo Egito, no lugar dos filhos que não tiveram ou por ocasião das mortes de seus respectivos esposos, na qualidade de faraó. A igualdade das mulheres frente aos homens pode ser delineada a partir da sua total capacidade jurídica, aliada ainda ao fato de que a ela cabia não somente o papel de mãe, primordial, mas também escolher seu marido, ser independente financeiramente, e inclusive possuir atribuições sacerdotais, num claro indicativo de que às mulheres não se reservavam distinções. Não trazia infelicidade a um casal ter uma filha mulher, pois a ela estaria reservada a igualdade de direitos jurídicos, tanto na casa de seu pai, quanto na de seu futuro marido. Em nosso projeto de pesquisa buscamos mostrar a medida e a importância dessa igualdade jurídica, no decorrer dos Reinos Antigo, Médio e Novo, e analisar os prováveis motivos para o fim desse direito, o que acabou por conduzir a mulher egípcia à desigualdade já reinante nas outras partes do mundo. Para o desenvolvimento desta pesquisa serão utilizadas, além da bibliografia secundária, através de estudos e teses já elaborados sobre o assunto, diversas fontes primárias de natureza escrita, iconográfica e IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 79 arqueológica, que possam retratar a condição da mulher e sua inserção na sociedade egípcia. A metodologia consistirá na análise das fontes com diferentes métodos, dentre os quais se inclui uma ficha de análise proposta pelo Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso, na qual é realizada uma análise da iconografia e dos textos existentes nos monumentos. Assim, se buscará a identificação dos diversos tipos de direitos atribuídos às mulheres, na análise de suas diversas ocupações e no seu papel social, que poderá ser definido a partir de suas representações imagéticas. Ao final do estudo, será possível obtermos um quadro geral de seus direitos e os motivos determinantes que levaram à perda dos mesmos. VÍSCERAS INTEIRAS OU PELA METADE? UM ESTUDO SOBRE OS VASOS CANÓPICOS DA COLEÇÃO DO MUSEU NACIONAL Prof. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: História Antiga [email protected] A crença em uma vida além túmulo esteve arraigada na cultura egípcia desde os tempos pré-dinásticos, quando os mortos eram inumados em covas rasas na região desértica, munidos de seus bens pessoais na esperança de que pudessem se utilizar deles novamente. Os corpos desses antigos habitantes das terras do Nilo, preservados pela aridez do solo e ocasionalmente expostos pelos ventos foram, talvez, a mola propulsora para a conservação dos cadáveres no período dinástico. Paralelamente, diferentes concepções escatológicas se desenvolveram sobre o Outro Mundo, entre as quais figura a existência dos “Campos dos Juncos”, uma terra governada pelo deus Osíris, onde os mortos redivivos passariam a eternidade, repetindo a vida que tiveram na terra. Mas para que tal existência fosse alcançada, as técnicas de mumificação tornaramse mais complexas com o passar dos séculos. Outrossim, desde as primeiras tentativas na conservação de corpos durante o Reino Antigo (c. 2575-2134 a.C.), através das técnicas de embalsamamento, os egípcios sabiam que era necessária a extração dos órgãos internos para evitar a sua decomposição. Para os privilegiados, o procedimento incluía a limpeza das cavidades corporais, o esvaziamento e purificação dos órgãos, a secagem com natrão, a colocação de resinas e o envolvimento com faixas de linho. Por último, os órgãos deveriam ser depositados em compartimentos separados ou quatro vasos, denominados canópicos, cuja 80 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA aparência mudou significativamente ao longo dos três mil anos da história egípcia. A partir da XVIII dinastia (c. 1550 a.C.) até o final do Primeiro Milênio (século I a.C.), os vasos tiveram as suas tampas esculpidas com as efígies dos filhos de Hórus: Amset, com rosto humano; Duamutef, com cabeça de chacal; Hapi, com a cabeça de um babuíno; e Quebsenuf, com a face de um falcão. Na historiografia egiptológica verifica-se que cada divindade seria responsável pela guarda de um órgão inteiro, contudo, ao analisarmos um conjunto formado por oito vasos completos e duas tampas avulsas que se encontram entre os inúmeros artefatos egípcios da coleção do Museu Nacional, surgiram questões sobre a preservação dos órgãos completos ou em partes e a reutilização dos mesmos. Assim, nessa comunicação apresentaremos o estudo que realizamos com os referidos vasos, e as respectivas tampas, bem como discutiremos os resultados obtidos, visando um melhor entendimento de certos aspectos da religião funerária egípcia. NOMENCLATURAS E LOGOTIPIAS EM CURITIBA: UM ESTUDO DE EGIPTOMANIA Éverton Carlos Medeiros, Prof. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: Egiptomania [email protected] A civilização egípcia exerce fascínio em todos aqueles que se aproximam dela. De Otaviano a Napoleão, e até aos dias de hoje, os vestígios do Egito que sobreviveram ao tempo e às ações humanas acabaram por servirem de inspiração para a Egiptomania. Esse fenômeno pode ser definido como a reinterpretação de símbolos ou traços da cultura egípcia de forma a lhes atribuir novos significados e finalidades. No Brasil, a influência do antigo Egito remonta ao tempo do Império, tendo sido incentivada pelo Imperador D. Pedro I, que adquiriu uma grande quantidade de artefatos que hoje integram o acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. D. Pedro II também não resistiu aos mistérios daquela antiga civilização e deixou sua marca por onde passou, nas suas duas viagens à Terra dos Faraós. Em 1876/77 ele enriqueceu o acervo do Museu Real com mais peças, dentre as quais um ataúde com a múmia de uma cantora do santuário de Amon. Portanto, aos imperadores devemos o início da Egiptologia, e também da Egiptomania em nosso país. Na atualidade a Egiptomania pode ser encontrada facilmente, presente sob diversos aspectos: da arquitetura ao cinema e de brinquedos à propaganda. Essa última é justamente o tema central de nossa pesquisa, que busca a IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 81 compreensão de como os símbolos ou nomes relacionados ao Egito antigo são utilizados por estabelecimentos públicos ou privados na modernidade. Para a reunião de um corpus documental, bem como para o desenvolvimento do trabalho, utilizamo-nos de parte da metodologia proposta por Viviane Adriana Saballa, presente em seu estudo “Egiptomania no Rio Grande do Sul: Simbologia e Manifestações”. Essa consiste no levantamento dos nomes ou símbolos relacionados à Egiptomania através do catálogo telefônico da região a ser pesquisada, e uma entrevista auxiliada por um questionário, realizada pessoalmente nos locais selecionados. Em nosso estudo, empregamos também a lista eletrônica disponível pela internet. Ao efetuarmos o levantamento, verificamos a existência de pelo menos 59 estabelecimentos comerciais com nomes e símbolos de inspiração egípcia. Assim, apresentaremos os dados que foram obtidos até o presente momento, nos estabelecimentos comerciais que responderam ao questionário, através dos quais constituímos nossa análise que inclui entre os resultados a visão que os entrevistados têm em relação ao Egito. UM ESTUDO SOBRE O MAL-ESTAR DOCENTE EM UMA ESCOLA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO Renata do Rocio Vilcek Nogueria, Prof. Christiano Nogueira Linha de Pesquisa: Gestão, Cultura e Educação [email protected] A presente pesquisa tem como objetivo apontar as principais causas dos desgastes gerados pela profissão docente em uma escola da rede municipal de ensino. Pensando neste assunto em que medida os desgastes físico e mental do professor afetam as relações interpessoais com os alunos e em sua própria vida cotidiana? Os fundamentos para este trabalho foram as bases marxistas relacionadas ao mundo da educação e trabalho. Estes fundamentos epistemológicos dizem que é necessário que o professor, estar atento às mudanças globais, para que possa atuar em sala de aula, dominando conhecimentos múltiplos e de diversas áreas. Ressalta-se que a educação não pode ocorrer de maneira fragmentada e particular. O professor deve estar comprometido com a educação formadora para o mundo do trabalho com o enfoque no próprio trabalho e não com o enfoque voltado para o modo de produção vigente. As transformações ocorridas no mundo, a globalização da economia, o aumento da sofisticação tecnológica, o ambiente altamente competitivo, a perda do senso de comunidade e a pressão física e psicológica no ambiente de 82 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA trabalho é o que vem a contribuir para ocasionar o desgaste e até doenças nos profissionais de todas as áreas, especificamente os profissionais na área da educação. Com a reestruturação do trabalho pedagógico, a intenção era de que a educação chegasse a todos, contribuindo para a diminuição da desigualdade social. Infelizmente isto não aconteceu e, atualmente, os professores estão sobrecarregados de trabalho. Para o desenvolvimento da pesquisa de campo contou-se com a participação de professores regentes desta escola, na qual foi aplicado um questionário, objetivando um levantamento sobre suas condições de aula, carga horária, dedicação, relação com alunos e familiares. Os resultados mostraram que, em sua maioria, os professores se dedicam somente à carreira docente, e cerca de 75% deles possuem uma carga horária entre 30 e 40h semanais. A maioria dá conta das transformações e exigências de sua área através de leituras e cursos; cerca de 60% não consegue dar conta de suas atividades de ensino; 78% não possui perspectivas a respeito da carreira docente; 60% já adoeceram por motivos profissionais com destaque para problemas de voz e estresse; 55% considera que sua atividade docente não interfere em suas relações familiares; 78% considera que seus respectivos salários não suprem suas necessidades e, finalmente, 60% já pensou em abandonar a atividade docente. AS OFERENDAS FUNERÁRIAS NAS ESTELAS DO REINO MÉDIO: UM ESTUDO ICONOGRÁFICO Simone Girardi da Silva, Prof. Ms. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: História Antiga [email protected] Durante os três mil anos de história faraônica, os alimentos desempenharam diversas funções. Além de servir no sustento de toda a população, as fontes antigas nos mostram que os víveres eram utilizados como forma de pagamento, moeda de troca e também enquanto elemento diferencial entre as camadas sociais. Para os vivos e para os mortos os alimentos tinham a mesma importância, ou seja, asseguravam o sustento do ka. Este conceito representado pelo hieróglifo de braços abertos na atitude de receber oferendas, pode ser compreendido como a energia vital que sustentava o indivíduo tanto nesta vida, quanto na outra, após a morte. Nas capelas das tumbas, os familiares do morto costumavam levar alimentos que eram depositados sobre uma mesa de oferendas de pedra, perante a porta-falsa, elemento que poderia aparecer esculpido ou pintado na capela funerária, através da qual a energia dos alimentos ofertados IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 83 chegaria a seu destinatário que estaria ali para recebê-los. Ao mesmo tempo confeccionavam estelas, monumentos funerários em pedra ou em madeira com o topo arredondado ou retangular, que continham figuras esculpidas e pintadas com a representação do morto sentado perante uma mesa com vários tipos de víveres. Essa também seria uma forma mágica de garantir o sustento para o ka, caso as oferendas in natura não fossem mais depositadas ou que os familiares as esquecessem. Assim, tanto os alimentos em si, quanto as representações teriam exatamente a mesma função. Em nossa problemática surgiram diversas questões sobre quais seriam os alimentos representados, aqueles que aparecem raramente e o que não são vistos. Assim, em nosso projeto de pesquisa objetivamos um estudo dos alimentos em questão entre as oferendas funerárias. Para isso, optamos como fonte de pesquisa a iconografia e as inscrições presentes nas estelas do Reino Médio (2040 - 1640 a.C.). Nossa metodologia de estudo, baseada numa ficha de análise para cada estela, consiste na descrição da cena, na identificação do alimentos ou oferendas presentes, na leitura das inscrições do monumento com a lista de oferendas e os nomes e títulos do morto. A partir dos resultados obtidos até o presente, será possível demonstrar alguns dados iniciais sobre a relação dos egípcios com os alimentos e a vida post mortem, visto que este estudo encontrase em andamento. A MÚMIA NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL: UM ESTUDO DE EGIPTOMANIA Prof. Liliane Cristina Coelho; Linha de Pesquisa: Egiptomania e Literatura [email protected] A múmia é a personagem do antigo Egito mais conhecida e mais representada nos romances de ficção. Sua primeira aparição nesse gênero literário data do século VII ou VI a.C., ainda no Egito faraônico, mas é no século XIX de nossa era que acontece a sua popularização, através de obras como as de Théophile Gautier e Edgar Allan Poe. Tais publicações influenciaram o aparecimento de outras, dentre as quais algumas dedicadas ao público infanto-juvenil. Nestas, a múmia é apresentada ao espectador de diversas maneiras, desde sendo a fantasia escolhida pelas crianças para a noite de Halloween, até a figura que, numa exposição de museu, chora por nunca ter comemorado um aniversário. Sabendo que o imaginário sobre uma civilização passada começa a se formar na infância, e que a literatura tem um importante papel para essa criação, elaborou-se um 84 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA projeto que tem por objetivo verificar como a literatura infanto-juvenil acessível ao público brasileiro influencia o imaginário a respeito do antigo Egito e, principalmente, a respeito da personagem “múmia”. Buscar-se-á a compreensão de como os assuntos relacionados ao Egito são transmitidos para o público jovem do Brasil, e de que maneira essa transmissão influencia seu modo de pensar sobre a antiga civilização egípcia. Como metodologia para a discussão da personagem “múmia”, foi empreendida uma análise dos conteúdos dos livros infanto-juvenis com temas egípcios, publicados e acessíveis ao público brasileiro em geral, tendo como base conhecimentos sobre os rituais egípcios de mumificação, as múmias egípcias e os seus diferentes usos nos tempos modernos. Dessa maneira, foram selecionados inicialmente dezesseis livros, sendo sete publicações nacionais e nove estrangeiras, traduzidas para o português. Os dados obtidos foram classificados de forma a inseri-los em categorias de “Egiptomania” ou “Egiptologia”, dependendo do tratamento dado ao assunto. Para o desenvolvimento da monografia para obtenção do título de Especialista em Literatura Brasileira e História Nacional da UTFPR, foram selecionadas seis dessas publicações, tendo em vista a sua inclusão nas categorias anteriormente descritas. Após a análise detalhada do conteúdo desses livros, foi possível verificar como o público infanto-juvenil é influenciado por essa literatura, e de que maneira poderia levar tais informações para a vida adulta. Nessa comunicação, mostrar-se-á como a Egiptomania está presente na literatura infanto-juvenil, através da construção de uma imagem da múmia com novo significado, e que é, assim, transmitida aos jovens leitores. A ARQUEOLOGIA NOS LIVROS DIDÁTICOS: PROBLEMAS E SOLUÇÕES Aluizio Alfredo Carsten, Prof. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: Arqueologia [email protected] O surgimento e o desenvolvimento das diversas espécies que antecederam o homem no processo de evolução são comuns em quase todos os livros didáticos que foram utilizados no ensino fundamental nas últimas décadas. Esta história geralmente apresentava o homem pré-histórico como aquele que habitou a terra há milhares de anos, e que desenvolveu artefatos de pedra lascada, de pedra polida e de cerâmica, que o conduziram à civilização. A esta explicação simplista somava-se a idéia de uma ciência, apresentada como auxiliar, que reconstituía a trajetória humana onde não IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 85 havia fontes escritas: a Arqueologia. Com esta posição verifica-se também que uma outra visão equivocada era transmitida aos alunos: a idéia de que as fontes escritas são mais completas em relação às arqueológicas. Seria esta uma apresentação correta? Partindo do princípio que a Arqueologia pode ser definida como a ciência que estuda o passado humano em um dado tempo e um dado espaço, e que prioriza o conhecimento das sociedades em detrimento do indivíduo, embora esta posição não seja excludente, desenvolvemos uma pesquisa que teve um duplo objetivo. O primeiro, ou principal, foi a realização de um levantamento para reconhecer e avaliar a atual posição da Arqueologia nos livros didáticos em uso. Já o segundo visa verificar a presença, ou não, de conteúdos relacionados à Arqueologia Brasileira nos mesmos. A metodologia empregada consistiu na reunião de um corpus bibliográfico, na leitura do mesmo e na avaliação da cada obra individualmente, que foi realizada através de uma ficha desenvolvida com o auxílio de nosso orientador. Esta ficha reúne dados sobre os autores dos livros, sua formação, a data de produção da obra, o conteúdo apresentado e a bibliografia, tanto a que foi utilizada na elaboração do livro, quanto a citada como leitura recomendada. Assim, ao analisarmos as obras foi possível verificarmos que algumas mantêm uma postura tradicional de que a História é a única ciência a estudar o passado humano, enquanto outras trouxeram novos conceitos e apresentam outras ciências, como a Arqueologia, que também se dedicam a história. Em diferentes edições feitas pelos mesmos autores, as versões mais recentes surpreenderam-nos pela mudança de conteúdo e a inclusão da Arqueologia Brasileira. Vale ressaltar que a solução dos problemas apresentados está a cargo dos professores que trabalham com o conteúdo, pois a atualização e a leitura de publicações especializadas podem preencher as lacunas que, por vezes, encontramos nos livros didáticos. A MUMIFICAÇÃO DE ANIMAIS NO ANTIGO EGITO: UM ESTUDO EXPERIMENTAL Tatiane Fernanda de Almeida, Prof. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: Arqueologia Experimental [email protected] O processo de mumificação desenvolvido e aperfeiçoado pelos egípcios por mais de 3000 anos visava a conservação dos corpos por diferentes motivos. O embalsamamento de humanos era necessário para garantir a integridade do cadáver, a fim de que o indivíduo pudesse ter uma nova existência no outro mundo. Mas a mumificação dos animais, segundo 86 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA estudos recentes, aponta para direções opostas à dos humanos. Partes de animais seriam conservadas e oferecidas como alimentos; animais de estimação deveriam ser mumificados para que seus proprietários pudessem mantê-los consigo; determinados animais considerados como manifestações vivas dos deuses eram preservados e tratados com honrarias por ocasião da morte; e muitas espécies seriam conservadas para serem oferecidas por peregrinos como ex-votos nos templos. As técnicas utilizadas pelos embalsamadores foram motivo de interesse por parte dos pesquisadores desde o século XIX, mas datam do século XX as primeiras tentativas de recriar em laboratório o processo antigo. Entre erros e acertos, muitas dúvidas surgiram e, ainda nos dias atuais, alguns aspectos da mumificação, notadamente dos animais, permaneceram pouco conhecidos. Assim, visando responder a uma problemática sobre o uso dos materiais e o tempo necessário para o embalsamamento de animais de pequeno porte, constituímos um projeto de arqueologia experimental. Como metodologia dividiu-se o trabalho nas seguintes etapas: constituição das amostras de natrão; evisceração; e desidratação dos espécimes. Em um primeiro momento foram fichados artigos com estudos sobre o natrão, a partir dos quais constituímos as diferentes porcentagens de nossas amostras, que foram produzidas a partir de sulfato de sódio, bicarbonato de sódio, cloreto de sódio e carbonato de sódio. Foram então selecionados os espécimes a serem mumificados (três peixes - tilápias) e os demais materiais que seriam necessários ao experimento. Na seqüência foi construída uma estufa para controle da temperatura e da umidade, na qual foi anexado um termohigrômetro. Para a etapa da evisceração foram empregadas apenas lascas de quartzito, seguindo a tecnologia antiga. O processo de desidratação contou com a utilização de pacotes de natrão na parte interna e a substância in natura para a parte externa. Os peixes foram analisados entre intervalos, quando era feita a pesagem e a substituição do natrão, conforme uma tabela pré-estabelecida. Os resultados do estudo, apresentados na forma de um gráfico, serviram para a verificação das etapas, bem como para constatar o tempo necessário para a desidratação dos pequenos peixes, que foi praticamente idêntico, mesmo com as diferentes amostras de natrão utilizadas. DAS TUMBAS PARA O CINEMA: A “MÚMIA MANIA” NA SÉTIMA ARTE Prof. Moacir Elias Santos Linha de Pesquisa: Egiptomania [email protected] IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 87 O aparecimento da figura da múmia nas telas de projeção foi posterior em pelo menos cem anos à da literatura. Em meados do século XIX, as grandes descobertas arqueológicas em parte contribuíram para o surgimento de uma múmia ainda tímida nas telas. Foram poucos os filmes produzidos durante a era do cinema mudo que tiveram a múmia como protagonista. Muitas destas produções foram perdidas, contudo seus nomes se conservaram nos livros especializados. Uma reviravolta ocorreu e o estrelato da múmia foi garantido após uma das maiores descobertas arqueológicas levadas a cabo nas Terras do Nilo: a da tumba do rei-menino Tutankhamon. Durante toda a década de 1920, os jornais noticiaram a descoberta, os seus desdobramentos e até mesmo a lenda da maldição do faraó que “vitimou” o patrono da descoberta: Lorde Carnarvon. Os ecos da maldição ainda entoavam uma década depois, quando Carl Laemmle Jr., um produtor de filmes de horror, decidiu adaptar a maldição para o cinema. A história de “Cagliostro” criada por Nina Wilcox Putnam e Richard Schayer, descrevia um mágico egípcio que sobrevivia aos séculos injetando nitratos em seu corpo e que passava o tempo perseguindo e matando mulheres parecidas com aquela que o teria rejeitado. No final da trama, após perseguir Helen Dorington, o vilão era surpreendido pelo Professor Whemple e o namorado dela. Mesmo com o anuncio da produção, o famoso escritor, John L. Balterston, que havia trabalhado na adaptação de outros filmes de terror, foi incluído. Contudo o roteiro acabou refeito por ele. Nascia “A Múmia”, dirigida por Karl Freund e estrelada por Boris Karloff (Imhotep/ Ardath Bey) e Zita Johann (Helen Gros/ Anck-es-em-Amun). Uma história bem diferente da de Gagliostro foi contada, pois a múmia voltava à vida em busca de sua amada, reencarnada como Helen. Este filme, considerado a “mãe” de todos os filmes sobre múmias, foi responsável pela constituição da imagem da múmia como um monstro. Buscando melhor compreender tal representação, elaboramos um subprojeto de pesquisa tendo como fonte os filmes sobre múmias disponíveis no Brasil. Como metodologia, foi empreendida a análise dos mesmos seguindo a metodologia proposta por Ciro Flamarion Cardoso, em sua obra “Narrativa, Sentido, História”. Nesta comunicação apresentamos os resultados de nossa investigação sobre a forma da múmia e sua provável inspiração, através da análise de vinte filmes que reúnem séries da Universal, da Hammer, bem como outras produções. 88 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA A EDUCAÇÃO E A PROFISSIONALIZAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIANDRADE – Última Parte Prof. Nelita Ferraz de Mello Sauner, Prof. Zulmara Clara Sauner Posse Linha de Pesquisa: Gestão, Cultura e Educação [email protected] Dando continuidade ao projeto de pesquisa “a educação e a profissionalização no curso de pedagogia”, serão analisadas as atividades desenvolvidas pelos alunos após a conclusão do curso. Comparando as atividades que os alunos exerciam ao ingressar no curso com as que passaram a exercer, observa-se que há inserção maior nas atividades docentes dos egressos que o cursaram no período diurno. Entre os egressos de 2001, no período diurno 52% dos alunos eram docentes ao ingressarem o curso, 35% encontravam-se sem trabalho remunerado e 13% desenvolviam outras atividades. Na conclusão do curso, 94% dos alunos exerciam a docência, distribuídos igualmente entre as escolas públicas e privadas. Somente 6% permaneceram fora da docência e todos os sem atividade passaram a exercê-la. Já os egressos do período noturno também de 2001 apresentaram ao iniciar o curso um percentual de 47% docentes, 29% sem atividade e 24% em atividades variadas. Ao concluírem há um aumento de apenas 5% na atividade docente e redução de 10% entre os sem atividade remunerada. O percentual de docentes distribuído entre escolas públicas e privadas é muito próximo. Os egressos de 2002 do período matutino mantêm a característica observada no ano de 2001. Comparativamente ao período noturno, há um percentual mais elevado de alunos sem atividade remunerada ao iniciar o curso. Iniciaram o curso 44% de alunos docentes, 41% sem atividade remunerada e 15% desenvolvendo atividades não docentes. Há um aumento de 22% de alunos que passam a exercer a docência, principalmente nas escolas públicas, incorporando os alunos que se encontravam sem atividades. Já os egressos de 2002, do período noturno possuem um percentual de docentes maior ao iniciar o curso comparado ao do turno matutino, assim como os sem atividades e os que exercem atividades variadas. Porém, passam a exercer a carreira docente somente 10 % a mais, migrado principalmente dos alunos sem atividade, pois os não docentes permanecem com percentual elevado. Os egressos do matutino de 2003 mantêm as mesmas características dos anos anteriores. Inicia com um percentual menor de alunos docentes exercendo outras atividades e maior entre os que não exercem atividade remunerada. Há, contudo, maior inserção dos alunos do matutino nas atividades docentes do que os egressos do período matutino de 2001 a 2003. As turmas do diurno chegaram a incorporar até IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 89 100 % dos alunos sem atividade na função docente enquanto os do noturno não ultrapassaram 10 %. Diferente situação ocorre com os egressos que se encontram em outras atividades no período noturno sem aumento, em 2001, porém comparativamente ao diurno nos anos de 2002 e 2003 encontram uma incorporação maior na atividade docente. Os egressos do curso de pedagogia compreendiam uma população de 991 indivíduos do sexo feminino, que inicialmente situava-se em faixa etária de 26 a 30 anos em ambos períodos, assim como entre 41 a 45 anos. São, portanto, grupos com interesses distintos; os jovens procurando inserir-se no mercado de trabalho e mulheres profissionais em faixa etária mais avançada procurando benefícios para a aposentadoria. Os egressos de 2003, já compreendem uma população jovem entre 21 a 30 anos, em sua maioria. Mulheres jovens casadas com filhos e muitas jovens solteiras com idade inferior a 20 anos passam a ser mais freqüente no período matutino entre os egressos de 2003. Considerando as atividades dos egressos no início do curso e ao concluí-lo, observa-se que este foi instrumento importante na inserção feminina no mercado de trabalho. Para as mais jovens, maioria entre as sem atividade, o começo de uma atividade profissional e para as faixas etárias mais avançadas, a manutenção na carreira do magistério, assim como ascensão nos níveis institucionais. Para as faixas intermediárias, maioria entre as que exercem outras atividades, também ocorreu ascensão funcional dentro das empresas. Entre as jovens que exerciam a docência em instituições privadas, ocorreu a passagem para instituições públicas via concurso. Em todas as variáveis observadas, constatam-se que o curso de pedagogia funcionou como mecanismo para manutenção na classe de renda (média/baixa) em que os alunos mulheres estavam inseridas, porém com aumento significativo no nível de renda. A educação formal e de nível superior, configura-se como o único capital agregado, nesta classe de renda, que lhes permite melhorar as condições reais de existência. 90 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Lingüística, Letras e Artes “WIT-JORNADA DE UM POEMA”. A MORTE COMO CONTRAPONTO AO MITO AMERICANO DO SUCESSO Luiz Roberto Zanotti, Prof. Ana Camati Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Assim como os dramaturgos do pós-guerra, Arthur Miller, Tennessee Williams, e principalmente Edward Albee, Margaret Edison denuncia de forma consistente um dos principais mitos de sua cultura, ou seja, o mito americano do sucesso, que aparece como uma armadilha da ilusão e do auto-engano, e que acaba por ocasionar uma moral exclusivamente consumista, e que sem a mínima reflexão, torna a vida, e, por conseguinte, a morte menos humana. Vivian Bearing, uma doente terminal de câncer, aparece como o novo padrão de sucesso, onde o ideal capitalista presente na ética protestante se alia a uma necessidade de obtenção de “status” a partir de uma base científica e acadêmica. Esta postura, de uma maneira geral, se materializa numa busca de incessante dos valores capitalistas, sobretudo, do consumismo, em detrimento dos valores humanísticos, fazendo que a existência na Modernidade, seja caracterizada por uma atomização social, uma sociedade composta por um rebanho de homens e mulheres preocupados apenas com a “meta” da felicidade, compreendida como satisfação dos desejos materiais (Nietzsche, 2003). Edison vai utilizar o recurso da “Morte” para fazer com que a platéia participe da angústia da personagem diante da doença terminal. Uma morte, que conforme nos ensina Heidegger (Heidegger in Maranhão, 1979), é a única coisa que não podemos fazer pelo outro, não pode ser transformada em mercadoria, a morte não pode ser objetivizada em seu sentimento de angústia, que ao contrário do medo, não tem objeto determinado.A angústia é a angústia do nada, do fato que deixaremos de existir visto que nem sempre existimos. A autora ao usar a “Morte” como contraponto a uma vida desumanificada, busca uma ressignificação desta experiência, se aproximando da posição de Norbert Elias com o seu conceito de que na Modernidade ficou “deselegante” morrer. “Um dos problemas mais gerais da nossa época está na nossa incapacidade de dar aos moribundos a ajuda e a afeição de que mais precisam quando se despedem de outros homens, exatamente porque a morte do outro é uma lembrança de nossa própria morte”. Enfim, Edison, na sua luta contra esta “vida mercadoria”, aponta, assim como o psicanalista Sergio Perazzo (1995) para a IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 91 necessidade de se reconhecer a morte, de aprender a enfrentá-la, em que pese toda a cultura atual procurando escondê-la, urge emergir de tantos conflitos para o caminho do encontro. A NARRATIVIDADE ENQUANTO ATO CRIADOR ARTÍSTICO DE DOSTOIÉVSKI EM “CORAÇÃO FRÁGIL” Senira Aparecida Carneiro Silva Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este trabalho faz uma leitura do conto “Coração Frágil” de Dostoiévski, que explora de maneira fugaz e indireta o problema metafísico da existência do bem e do mal no mundo. Porque são uns escolhidos para a Salvação e outros para a Danação? Mas como toda a obra de Dostoiévski, o conto faz implicações também de ordem social: aparece a psicologia e a cond~ição do humilde escriturário Vássia Chumkov. A análise irá se concentrar na figura deste herói, enfatizabndo os elementosque propiciam uma reflexão sobre a irracionalidade e o mistério incompreensível do homem em não poder alcançar a felicidade que lhe parece ser injustificada e absurda, características que Natália Nunes considera serem do o próprio Dostoiévski , projetando sua própria consciência no espírito do personagem. Como o conto revela, as consciências universais, como é o caso de Vássia,não estão fechadas sobre si mesmas, desdobram-se e multiplicamse até o fundo ignoto dos tempos e do universo da vida e do acontecer. Como o enredo confirma: Vássia cai no agrado do seu chefeIulian Mostakósvich, para realizar trabalhos particulares. Este o gratifica e ainda o agracia com promoções na carreira burocrática. Mas no decorrer desse tempo Vássia conhece uma moça, Lisanka, pela qual se apaixona e se torna noivo. Iebriado pelo amor, esquece o trabalho. Um amigo com quem convive, Arkádi, uma figura paterna, insiste para que ele comece sua tarefa, mas ele não pode realizar o trabalho porque encontra sufocado por tanta felicidade. Na época da entrega do trabalho, inicia sua tarefa de maneira exaustiva, tentando recuperar o tempo perdido, ficando esgotado, desfalece por várias vezes e, enlouquecido acaba sendo enclausurado num manicômio. Percebe-se que em suas conversas com o amigo, que Vássia sempre insistia na gratidão que tinha para com o seu chefe. Arkádi muitas vezes fica reticente a respeito de tamanha gratidão, mas, já com seu amigo de volta ao quarto, chega a compreender porque Vássia não consegiu resistir a felicidade e perdeu a razão. Vássia não se desvencilha de toda a 92 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA sua humildade e continua agradecido. É a partir da influência que esses elementos exercem sobre a figura do herói que será analisada a narrativa. ESTUDO DAS IMAGENS EM LAVOURA ARCAICA Elizangela Francisca da Luz, Prof. Brunilda T. Reichmann Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este projeto de pesquisa trabalha o romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, publicado em 1975. A obra fala de uma família de imigrantes libaneses, radicados no interior de São Paulo. Considerando-se a narrativa no romance, utilizo teóricos do fluxo de consciência (Robert Humphrey, O fluxo da consciência) e da construção e análise das imagens nos filmes (Jacques Aumond, A estética do cinema, entre outros). Basear-me-ei nessas teorias para analisar as imagens apresentadas por Raduan Nassar e recriadas por Luiz Fernando Carvalho no filme Lavoura Arcaica. Passarei então a estudar as teorias psicanalíticas de Sigmund Freud e de seus seguidores, Carl Gustav Jung e Jacques Lacan. Sigmund Freud, famoso neurologista austríaco e fundador da Psicanálise, tinha a idéia de que somos movidos pelo inconsciente. Ele procurou uma explicação para o estudo da mente, propondo uma estrutura particular. Propôs um estrutura dividida em três partes: o ego, o id e o superego. Suas idéias são frequentemente discutidas e analisadas como as principais obras sobre a mente humana e a cultura geral. Elas continuam também sendo debatidas por especialistas no tratamento científico e médico. Carl Gustav Jung, seguidor de Freud, dedica-se também aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizarse com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de elo Universal, os arquétipos. Da mesma forma que animais parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos, também é provável que psiquismo humano exista um material psíquico com alguma analogia com os instintos. Jacques Lacan, outro dos seguidores de Freud, acreditava que o inconsciente determina a consciência. Ele introduziu a questão do desejo como um preenchimento de um vasio estrutural. Portanto, a estrutura não é inatingível, mas incontornável. O vazio, esse sim, é passível de sucessivos e intermináveis preenchimentos, sendo esta a questão fulcral da permanente crise do ser humano. Após esses estudos, aprofundarei IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 93 minha análise sobre as psiques das personagens do livro e do filme Lavoura arcaica, principalmente do protagonista André (filho) e de Iohána (pai). EDGAR ALLAN POE: VIDA E OBRA Sharon Vieira, Antônio Otávio Gomes, Prof. Verônica Kobs Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em 1809. Casou-se com sua jovem prima Virgínia Cleen, que morreu vítima de tuberculose. Em outubro de 1849, foi encontrado bêbado e inconsciente numa rua, em Baltimore, falecendo dias depois. Algumas biografias sugerem epilepsia, assassinato e envenenamento. Considerado mestre dos poemas breves e um importante crítico literário, Poe fundamenta, em “O Princípio Poético”, o conceito de poema breve: “Por ‘poemas breves’ quero dizer, naturalmente, poemas de pouca extensão. E aqui no começo permita-me dizer algumas palavras com respeito a um princípio um tanto peculiar, que, se corretamente ou erroneamente, tenha sempre sua influência em minha própria estimativa crítica do poema. Afirmo que um poema longo não existe. Sustento que ‘um poema longo’ é simplesmente uma contradição pura nos termos.” Já, em “Filosofia da Composição”, apresenta sua visão da elaboração e estética da poesia. Influenciado principalmente pelo Romantismo gótico, explora histórias de horror e violência. “O Corvo”, conhecido mundialmente e traduzido por escritores como Machado de Assis e Charles Baudelaire, mostra a busca por um amor perdido, tendo como resposta: “Nunca mais”. Profeta, ou o que quer que sejas! Ave ou demônio que negrejas! Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende! Por esse céu que além se estende Pelo Deus que ambos adoramos, fala! Dize a esta alma se é dado inda escutá-la No Éden celeste a virgem que ela chora Nestes retiros sepulcrais. Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora! E o Corvo disse: “Nunca mais.” Algumas personagens parecem refratar características de sua biografia. Além de Lenora, em “O Corvo”, temos, em “Berenice”: “Éramos primos. (...) uma fatal doença, atingiu-a.” Já em “Eleonora” temos: “Ela, quem amei na juventude, e de quem agora escrevo calmamente e distintamente estas lembranças, era a única filha da única irmã de minha mãe (...). Eleonora era o nome da minha prima.” Novamente, a referência velada a sua esposa e a sua mãe. A partir das traduções de Baudelaire, Poe tornou-se um dos maiores nomes da literatura mundial e, por ironia do destino, nos deixa um mistério: a sua própria morte. Ele usou a morte, a loucura e o mistério, características essas que descrevem o cenário de 94 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA sua morte. Como poucos, Poe expressava sentimentos de angústia, tormento e loucura. Provavelmente considerado um louco, poderíamos, então, dizer que Edgar Allan Poe viveu como louco, escreveu sobre loucos e como louco morreu. LITERATURA: DA SEMANA DE ARTE MODERNA À ARTE DO SAMBA Josane Glória Real Koehler, Ivone de Lima Camargo, Katiane de Fátima de Brito, Prof. Verônica D. Kobs Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O estudo realizado abordou a Literatura Modernista, que, em seu contexto principal, focava a nacionalização da nossa cultura, ainda que a partir de determinadas influências externas, e relacionou essa produção ao Carnaval do Rio de Janeiro, que, em 1917, com Donga, criou o primeiro ritmo musical tipicamente brasileiro, com samba “Pelo Telefone”, e inventou também a primeira Escola de Samba, a “Deixa Falar”, em 1922. Assim, tal abordagem se dá desde a Semana de Arte Moderna, que aconteceu também no ano de 1922, até chegar aos dias atuais, retratando a influência de um famoso compositor de sambas-enredo, Silas de Oliveira, nos temas escolhidos para encantar nossas festas populares, infiltrando-se no universo literário. Foi na cadência das Escolas de Samba em ascensão que, até hoje, compositores como Silas de Oliveira vêm levando para os morros a arte de Portinari e de Tarsila do Amaral, como, também, a literatura de Jorge Amado e de outros grandes escritores, antes inacessíveis. Ao considerar a tamanha abrangência dessa relação das obras literárias e seus autores com os temas utilizados, para compor as letras dos sambas-enredo, já que são textos em cima de textos, divididos em estrofes, com rimas e contexto fundamentado, a pesquisa teve como principal objetivo demonstrar que o carnaval brasileiro já foi abordado em muitas obras literárias. Por isso, buscou-se uma perspectiva que caminha, desde Mário de Andrade e suas influências na Semana de Arte Moderna de 22, tanto na literatura, como também nas artes e na cultura popular brasileira, até passar pelas abordagens feitas pelos temas dos enredos das escolas de samba cariocas, que vêm, desde a década de 40, ano após ano, rendendo homenagens aos escritores nacionais e a suas obras, bem como aos autores internacionais, de renome mundial. Finalmente, depois desse longo percurso, chegou-se àqueles que podem ser considerados os “poetas” do samba, transformando a cultura formal em cultura popular, através de seus IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 95 versos. O samba e a literatura caminham praticamente juntos, pois os “poetas do morro” encantam ao falar dos poetas e escritores que são ícones de nossa literatura, e de suas obras, assim estes escritores encantam, ao retratarem o carnaval, essa cultura popular tipicamente brasileira, em suas histórias. EM NOME DO FILHO: IMAGENS DE SUBVERSÃO E TRANSGRESSÃO EM LAVOURA ARCAICA Prof. Brunilda T. Reichmann Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este trabalho visa a uma análise comparativa / contrastiva das imagens criadas por Raduan Nassar no romance Lavoura arcaica, da leitura feita por Luiz Fernando Carvalho do mesmo romance no filme homônimo, revelada na produção do filme, conseqüentemente na imagética criada pelo cineasta. Partiremos de uma possível distinção entre os termos imagística e imagética, relacionando o primeiro às imagens criadas pela imaginação do escritor e percebidas pela imaginação do leitor. O segundo termo – imagética – estaria vinculado à leitura das imagens do livro Fotografias de um filme, de Walter Carvalho e do filme Lavoura arcaica. Usaremos como embasamento teórico para a análise de imagens os livros Lendo Imagens, de Manguel, Imagem e A estética do filme, de Aumond, além dos livros de Stam sobre cinema. Vamos nos deter nas imagens que demonstram o caráter subversivo e transgressor de André, narrador e protagonista do romance – um contraste com o caráter contido do pai e do irmão Pedro –, incluindo as imagens das relações de sangue (família ou parentesco, ao momento em que Ana torna-se mulher, ao cesto de roupa-suja, ao incesto e ao assassinato de Ana), da fala verborrágica e anárquica de André – uma antítese da fala do pai – e das imagens criadas pela leitura de Luiz Fernando Carvalho. Iremos, ao interpretar as imagens, utilizar textos da psicanálise, ou seja, escritos de Freud, Jung e/ou Lacan. Ao usar Freud estaremos analisando o relacionamento doentio entre mãe e filho e a transferência desse amor para Ana, a irmã. Este relacionamento está intimamente vinculado aos sermões, que enfatizam repetidamente a necessidade de se estender a mão para o irmão que necessita, de manter a família unida a qualquer custo, etc. Jung nos ajudará a analisar os aspectos psicológicos do arquétipo materno. Quanto a Lacan, nos determos na linguagem e discurso como um resgate da teoria freudiana, já que o romance é constituído de intermináveis solilóquios onde os problemas de 96 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA André e da família são verbalizados. Além disso, estaremos realizando uma análise das imagens especulares no filme e no romance, quer em termos da imagética quer da imagística. Esperamos assim poder fornecer ao leitor do texto uma leitura minuciosa do romance de Raduan Nassar e da recriação fílmica de Luiz Fernando Carvalho. VOZ E VETO EM LAVOURA ARCAICA: ENSAIO SOBRE GÊNERO, ETNIA E PATRIARCADO Prof. Brunilda T. Reichmann, Gabriela C. Herrera Linha de Pesquisa: Políticas da Subjetividade [email protected] Este trabalho analisa o silêncio e as vozes no romance Lavoura arcaica (1975), de Raduan Nassar. O silêncio e as vozes no romance parecem estar intimamente relacionados à etnia e também ao patriarcado que impera no seio da família de imigrantes libaneses radicados no interior de São Paulo. Das 196 páginas do romance, menos de uma contém vozes femininas. O feminino no romance nem sempre se expressa ou se expressa muito pouco, delimitando sua voz a expressões de ternura e apreensão. Anna, irmã de André e protagonista, não pronuncia uma palavra sequer durante toda a narrativa. É a mãe e as outras filhas que participam, de modo extremamente tolhido, dentro da atmosfera de repressão patriarcal em que vivem. Ao pai, Pedro e André, narrador e protagonista, será concedida a palavra durante toda a narrativa. O pai, com seus sermões sobre paciência, trabalho e família na hora das refeições. A Pedro, ainda vacilante, mas já seguindo as pegadas do pai, é dada oportunidade de expressar-se ao buscar André na pensão após sua fuga de casa. E a André é dado todo o (des)controle narrativo, através de sua voz às vezes terna, mas, na maioria das vezes, intensa, verborrágica e agressiva. Ao retornar à casa paterna, André explica ao pai que queria um lugar à mesa da família e esta afirmação é tomada literalmente. Parece-nos que André se refere, ao falar em um lugar à mesa da família, ao seu desejo de ter voz, de colocar suas opiniões, muitas vezes contrárias à opinião paterna. Este estudo busca na história da imigração libanesa para o Brasil, sua fonte de pesquisa. Entre eles destaca-se o trabalho de Oswaldo Truzzi, “O lugar certo na época certa: sírios e libaneses no Brasil e nos Estados Unidos – um enfoque comparativo.” Truzzi demonstra em sua pesquisa que os libaneses vinham ao Brasil com o sonho de “fazer o Brasil”, expressão análoga à expressão “fazer a América”. Várias foram as razões desta imigração, mas a maioria dos imigrantes tinha o sonho de ganhar IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 97 dinheiro e voltar à terra natal. A principal ocupação dos libaneses foi a mascateação, poucos sendo aqueles que viviam reclusos e dedicavam-se à agricultura e à criação de ovelhas como a família de André, em Lavoura arcaica. PONTO DE PARTIDA: CENTRAL DO BRASIL Prof. Verônica Daniel Kobs, Lilian Zeglin, Viviana Albino Vorakoski, Prof. Brunilda Tempel Reichmann, Elizângela Francisca da Luz Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O filme Central do Brasil (1998), de Walter Salles, responsável por uma das retomadas do cinema brasileiro, faz algumas associações com o Cinema Novo, embora de modo tênue e até inverso. A crítica viu de modo negativo, sobretudo, o “bom acabamento”, já que esse fator, somado ao tom sentimental, afasta o espectador das denúncias feitas (justiça sem lei, tráfico de órgãos, corrupção). Porém, o filme inova, ao dispensar a metáfora da busca pelo mar. Dora e Josué partem em busca do interior, árido, deixando a cidade grande para trás. Da relação metrópole/interior, pode-se chegar a dois filmes de tendências completamente opostas. O primeiro é O auto da compadecida (2000), de Guel Arraes, que investe totalmente no regional, destacando, sobretudo, a religiosidade. A história, popular, se passa em um vilarejo e os personagens representam tipos sociais, perfazendo as relações de poder próprias de uma cidade interiorana, na qual a Igreja e o coronelismo ainda têm grande influência. Fazendo os papéis de explorador e explorado, tem-se, respectivamente, o padeiro e sua esposa de um lado e Chicó e João Grilo do outro. Além disso, o filme faz uso da alegoria, ao opor Bem e Mal, na cena final, que é o ponto alto da produção, por exacerbar a crítica social, a religiosidade e o folclore. No que se refere à adaptação da obra de Ariano Suassuna, Guel Arraes optou pela ampliação, incluindo, no filme, episódios de O santo e a porca, também de Suassuna. Inversamente, Fernando Meirelles, em Cidade de Deus (2002), optou pela condensação, ao adaptar a obra homônima de Paulo Lins. Esse filme, ao contrário de O auto, amplia o lado urbano, já revelado, em parte, em Central do Brasil. Dessa forma, os problemas explorados e denunciados são outros: exclusão, marginalidade e violência, tudo representado no microcosmo de uma favela, que, como tal, é organizada socialmente, seguindo uma hierarquia que dá margem a conflitos de poder. Embora, como Walter Salles, Meirelles também tenha sido acusado de usar a “cosmética da fome”, sua produção traz à tona o 98 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA discurso da periferia, que vem, paulatinamente, invadindo o espaço das grandes cidades. Inegavelmente, esse é um recorte do Brasil, tão verdadeiro como os que aparecem nos outros filmes, o que prova que cada filme reflete imagens diferentes do Brasil. Porém, nenhuma invalida a outra, já que se busca representar um cenário amplo e diversificado. TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: O FILMEÓPERA DO MALANDRO DE RUY GUERRA Corina Lopes Pereira, Prof. Anna Stegh Camati Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Como é de conhecimento geral, o filme de Ruy Guerra, Ópera do Malandro (1985), é uma adaptação criativa da peça teatral homônima de Chico Buarque, escrita em 1979, que por sua vez, toma de empréstimo elementos das peças A Ópera do Mendigo (1728) de John Gay e A Ópera dos Três Vinténs (1928) de Bertolt Brecht, com as quais dialoga em relação intertextual direta. O filme de Ruy Guerra remete não apenas à Ópera do Malandro de Chico Buarque, seu texto-fonte base, mas também evoca os textos de Gay e Brecht como fontes secundárias, além de incluir alusões a vários filmes e musicais americanos, tais como Scarface, Casablanca, Cabaré, Lili e Gigi para fins específicos. No filme de Ruy Guerra, assim como na obra de Brecht, a paródia e a sátira interagem de uma maneira complexa e diferenciada. O cineasta não apenas parodia diversos autores, textos, estilos, linguagens, gêneros e convenções dramáticas, porém também faz uso da sátira para atingir mais contundência na sua crítica social. Embora assentado sobre pressupostos ideológicos diferentes, o filme Ópera do Malandro, dirigido por Ruy Guerra, obedece à mesma intenção básica que norteou o trabalho do dramaturgo brasileiro Chico Buarque, ou seja, encontrar uma forma adequada para incorporar sua crítica social de maneira divertida e bem humorada. A “ópera balada” de Chico Buarque foi escrita e encenada nos anos 70, o período de repressão e terror cultural, porém ambientada na Lapa do Rio de Janeiro, nos anos 40, para evitar confrontos com a censura. A partir da análise do cotidiano brasileiro dos anos 80, a versão fílmica de Ruy Guerra, através da técnica do distanciamento temporal, criada por Shakespeare em suas peças históricas, e retomada por Brecht, tem como foco central a corrupção geral vigente e a impunidade, uma vez que na cena final o filme mostra a alegre confraternização do mundo do crime e da sociedade considerada “respeitável”. A perpetuação das falhas institucionais da realidade brasileira IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 99 é evidenciada pela interação complexa e eficiente entre paródia e sátira. Através de alusões paródicas a filmes feitos em Hollywood, como os já citados, o cineasta critica a invasão cultural norte-americana, prefigurando as desastrosas conseqüências da infiltração dos conteúdos ideológicos veiculados por esses produtos culturais. A RECRIAÇÃO FÍLMICA DO ROMANCE AS HORAS Gabriela C. Herrera, Prof. Brunilda T. Reichmann Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este trabalho analisa a tradução fílmica do romance As horas, de Michael Cunningham, escrito como uma homenagem a Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf. A análise leva em conta principalmente as equivalências entre os romances As horas e Mrs. Dalloway e o filme As horas, e os diferentes recursos narrativos e técnicos usados pelo cineasta, Stephen Daldry, para criar uma arquitetura onde a simultaneidade entre as ações e os pensamentos das personagens se entrelaçam cronológica e imageticamente, mesmo acontecendo em diferentes décadas. Mrs. Dalloway é uma das obras literárias mais célebres em língua inglesa, e foi um dos primeiros romances a utilizar a técnica de monólogo interior indireto. Desde a sua publicação, em 1925, o romance de Virginia Woolf já foi muito estudado. As análises do romance se baseavam principalmente nas relações do enredo com a biografia de Virginia Woolf, nas diferenças entre este romance e suas obras anteriores, em como a autora utilizou a técnica do fluxo da consciência e as semelhanças e diferenças da sua técnica em relação a outros autores que também utilizaram o fluxo da consciência, como James Joyce. Porém, com a publicação de As horas, de Michael Cunningham, em 1998, outro tipo de estudo se tornou possível: examinar a obra de Woolf em relação à obra de Cunningham. Ele construiu seu romance com três diegeses intercaladas, utilizando o texto de Virginia Woolf como hipotexto. Em 2002, o romance de Cunningham foi traduzido para o cinema, com roteiro de David Hare e dirigido por Stephen Daldry, ampliando as possibilidades de estudo sobre os dois romances anteriores, As horas e Mrs. Dalloway. As técnicas que Woolf, Cunningham e Daldry utilizam servem para criar coerência e coesão nas obras. Todas apresentam experiências internas das personagens e utilizam imagens marcantes que funcionam como pontos de transição nas narrativas. Embora Mrs. Dalloway e As horas (tanto o romance quanto o filme) tenham muitas características em comum, a relação entre eles é maior do que de original e cópia: inclui 100 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA os conceitos de intertextualidade, tradução intersemiótica e cultural e hipertextualidade, portanto a comparação entre os hipertextos e os hipotextos passa a ser usada para enriquecer o estudo e não o contrário. PER OMNIA SAECULA SAECULORUM Prof. Verônica Daniel Kobs, Lilian Zeglin; Viviana Albino Vorakoski, Prof. Brunilda Tempel Reichmann; Elizângela Francisca da Luz Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Em Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, o teor imagético é muito acentuado. Tal aspecto fez com que o filme homônimo, de Luís Fernando Carvalho, aumentasse a proximidade entre literatura e cinema. O cinema, como arte do visível, concretiza as imagens criadas, através da escrita, por Raduan Nassar, ou, diante do irrepresentável, recupera passagens inteiras do romance. A construção do texto é muito coerente na escolha das imagens que vão compondo o conjunto, já que se estabelece densa relação entre elas. Símbolos religiosos, por exemplo, permeiam o discurso do pai, Iohana, sobretudo nos sermões, que inserem, na narrativa, parábolas bíblicas. Ao mesmo tempo, símbolos tão sagrados para a religião católica, como o lar e a família, são também significativos para o Alcorão e o Talmud. Dessa forma, tais símbolos permitem, no romance, o cruzamento de religiões ocidentais e orientais com a Psicanálise e com os mitos de diversas civilizações. Pode-se perceber esse diálogo analisando o incesto, que conduz a narrativa. O incesto, considerado, em algumas sociedades, como benéfico, para preservar sangue e bens de uma família, era, no mito grego, ligado ao destino e à expiação do erro, concomitantemente. Já, na religião, é considerado um pecado e, na Psicanálise, uma das etapas de construção da identidade do indivíduo. A partir do incesto, surgem outros elementos, de forte simbologia, como é o caso da oposição entre claro e escuro, que remete, respectivamente, aos ensinamentos proferidos pelo pai e à macula do pecado cometido pelos irmãos e se estabelece a partir do momento em que André sai de casa, para evitar aquele sentimento proibido. Além disso, o fato de haver uma cisão na família, à mesa, é de grande importância. André, sua irmã Ana, a mãe e Lula, o filho mais novo, sentam-se do lado esquerdo. Sobretudo no Ocidente, a esquerda é o lado negativo, demoníaco, do mal, opondo-se totalmente à direita, lado de Iohana (o pai), Pedro, Zuleika, Rosa e Huda. Por essa razão, contrapõe-se Iohana, que pregava o comedimento, o amor a terra e ao trabalho, aos demais: André e Ana, que cometeram o crime do IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 101 incesto; Lula, que buscava espelhar-se em André, para reagir aos ensinamentos rígidos do pai e, por fim, libertar-se, e a mãe, sentimental e de atitudes desmedidas, contrariando o princípio do comedimento. Esse diálogo entre símbolos dá à Lavoura arcaica um sentido atávico, ancestral, revelando a força do destino e das tradições. A TRADIÇÃO E O TALENTO DE JOÃO CABRAL: RECIFE DESOLADA Braz Pinto Junior, Prof. Anna Stegh Camati Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Esse trabalho tem como objetivo realizar um estudo do poema dramático Morte e Vida Severina a partir das teorias do drama e da poesia proposta por T. S. Eliot em seus ensaios. Para tanto, pretendemos analisar a estrutura do poema, seu tratamento simbólico e as figuras de linguagem empregadas pelo autor, além de contextualizá-lo no cenário históricoliterário da pós-modernidade chamando a atenção para suas características intertextuais. Escrito por João Cabral de Melo Neto (19201999) entre 1954 e 1955, o poema Morte e Vida Severina é uma resposta poética, segundo o autor, ao quadro de degradação social há muito estabelecido no Nordeste brasileiro. Como peça teatral, o texto só pôde ser representado pela primeira vez em 1966, na histórica montagem dos estudantes do Teatro da Universidade Católica TUCA da PUC-SP, e figura entre os mais conhecidos e admirados de nossa literatura dramática tanto no Brasil como no exterior (premiado inclusive no Festival de Nice, na França). Em um de seus poucos ensaios, intitulado A Inspiração e o Trabalho de Arte, publicado em Obra Completa pela Editora Nova Aguilar, João Cabral descreve dois modos tidos como distintos de entender o processo de criação poética, um que prioriza o trabalho racional e outro que valoriza a espontaneidade do autor. Radicalizar, tanto em uma quanto em outra postura, é uma atitude de preconceito diante da arte e, segundo ele, o autor de hoje corre o risco de acabar falando “sozinho” de “si mesmo”. Uma maneira de evitar que isso ocorra, sugerida por João Cabral, é o exercício de uma poesia que tenha como fim maior o fenômeno da comunicação. A opção pela expressão de valores, idéias e identidades, e pelo diálogo com outras obras e autores pode ser interpretada sob a perspectiva da pós-modernidade, prevista já no célebre ensaio Tradição e o Talento Individual de T. S. Eliot. E é como conseqüência dessa ênfase na comunicabilidade do poema – manifesta principalmente em poemas 102 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA cênicos como Morte e Vida Severina: Auto de Natal Pernambucano ou nos chamados poemas “para vozes”, resultado de experiências com linguagens diversas como a prosa, o teatro ou as artes plásticas – que nasce a poesia de Cabral, capaz de encontrar sua maior contundência justamente nos limites semióticos da palavra, exaurida ou saturada de significados, imagens ou idéias. “CARANDIRU” – UM RETRATO DO POVO BRASILEIRO Lilian Zeglin, Prof. Verônica Daniel Kobs, Viviana Albino Vorakoski, Elizângela Francisca da Luz, Prof. Brunilda Tempel Reichmann Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Cinema e literatura estão entrelaçados e, a partir de qualquer um desses meios de expressão artística, pode-se vislumbrar a realidade em que uma sociedade está inserida. Assim acontece no livro “Estação Carandiru”, de Dráuzio Varella, e em “Carandiru”, adaptação feita para as telas de cinema pelo cineasta Hector Babenco, em 2003. Os personagens de “Carandiru” são baseados em pessoas reais, que narram seu cotidiano, seus conflitos e desejos, trazendo à tona a grandiosidade dos problemas socias que o Brasil enfrenta. A comparação feita com o documentário “O prisioneiro da grade de ferro”, lançado em 2003, é imprescindível para perceber as representações da realidade contidas em “Carandiru”. O filme de Paulo Sacramento mostra a realidade nua e crua dentro dos portões do presídio, pois os próprios presos narram e mostram sua realidade. Toda essa questão social não é tema atual. Em 1981, Hector Babenco trazia para as telas de cinema “Pixote — a lei do mais fraco”, narrando a história de meninos de rua que fogem da Febem e vivem em meio ao contrabando de drogas, violência, homossexualismo e prostituição. O tratamento cruel que é dado tanto em “Carandiru” quanto em “Pixote” deixa claro que, mesmo depois de vinte anos, o sistema carcerário brasileiro continua deficiente. O cinema marginal de “Carandiru” é característico do século XX, por abordar a “estética da violência” e por retratar indivíduos comuns, com seus problemas cotidianos. A mesma preocupação existe também no filme “Cidade de Deus”. Ambos os filmes tratam da exclusão social, da miséria e da violência, buscando um momento de transformação em nossa sociedade. Dentro dessa temática social abordada em “Carandiru” e tendo em vista a questão da identidade cultural discutida por HALL (2000), o qual menciona que, com a “fragmentação” do sujeito e de sua identidade, a sociedade pós-moderna passa por uma crise de identidade nacional, tem-se IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 103 “Carandiru” como alvo de estudo antropológico. A globalização é grande influenciadora desse conflito de identidades, pois, através dela, o multiculturalismo se faz presente. De certa forma, “Carandiru” sinaliza esse pluralismo, pela tentativa de sobrevivência dos menos favorecidos num contexto cruel e permeado por diversas representações da nossa realidade. As realidades expostas no filme não podem ser negadas, já que o Brasil vive um tempo em que a violência impera, assumindo posição de destaque, e, por isso, atualmente, ganhando espaço na representação nacional. A POÉTICA DA NARRATIVA E A NARRATIVA POÉTICA EM “LAVOURA ARCAICA” Prof. Sigrid Renaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Partindo da afirmação de Tzvetan Todorov, de que “os gêneros literários são a projeção textual da diversidade de atitudes tomadas pelos homens frente à vida”, este projeto de pesquisa visa analisar o romance Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar, sob duas perspectivas distintas mas complementares: a primeira, evidenciando como a organização mitológica da narrativa ( iniciação, fuga e retorno do herói), na qual se combinam a lógica da sucessão com a das transformações, está não apenas secundada mas dominada pela organização gnoseológica da mesma, ou seja, pela percepção que temos dos acontecimentos, através das memórias do narrador-protagonista. Este predomínio qualitativo da organização epistêmica sobre as estruturas inerentes ao discurso literário, por sua vez, servirá de base para a segunda parte desta pesquisa: a partir da análise da natureza das ações do narrador, cuja atividade principal são o recordar-se ou refletir sobre os acontecimentos, ler o romance como uma narrativa poética, ou seja, na definição de Todorov, aquela em que não é a via da experiência, mas a via da contemplação interior que faz o homem atingir o conhecimento da história humana; não é o herói, mas o poeta, que faz as descobertas mais surpreendentes sobre a essência e a significação desse mundo. Entretanto, assim como esta sobreposição/ oposição entre essas duas espécies de organização narrativa é apenas qualitativa, também a sobreposição/oposição de dois tipos de homens, o herói e o poeta, evidenciada no romance através da figura de André, o narrador-protagonista, não é, absolutamente, definitiva: a postura narrativa 104 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA do protagonista o faz transitar incessantemente entre a narração de sua experiência e a contemplação da mesma, entre a ação e a reflexão, entre o aprendizado distribuído no tempo e o conhecimento imediato, entre corpo e alma, entre eventos espantosos e memoráveis e uma existência bem simples, entre a manutenção da singularidade e a identidade secreta das coisas. Partindo portanto de uma reflexão sobre a poética da narrativa para chegar a uma interpretação do romance como uma narrativa poética, chega-se à conclusão de que é a atitude do herói frente à vida que, em última análise, determina o gênero literário ao qual pertence a obra, evidenciando-se assim a qualidade proteica do romance como gênero, em constante renovação. TEATRO E CINEMA EM DIÁLOGO: “HITCHCOCK BLONDE” DE TERRY JOHNSON Prof. Anna Stegh Camati, Braz Pinto Junior Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O teatro, desde a sua incepção na antiga Grécia, pode ser visto sob uma perspectiva intermidial, devido ao seu potencial de agregar todos os outros meios. Com o advento da fotografia e do cinema ocorreram alterações profundas na maneira de ver e representar o mundo e, conseqüentemente, o texto dramático e a encenação teatral também sofreram sensíveis transformações decorrentes da prática de apropriação de elementos das diversas linguagens visuais. A contemporaneidade, que assumiu o esgotamento ou desgaste das formas artísticas em geral, se empenha em uma solução revolucionária de renovação através do processo de hibridização. A produção cultural atual, pródiga na estratégia de apropriação de elementos midiáticos, não poderia deixar de influenciar as formas estéticas e artísticas contemporâneas. Muitos artistas, por exemplo, trabalham as artes em combinação com as novas tecnologias, não só do cinema e televisão, mas também da escritura hipertextual do ciberespaço. Esse encontro entre dois ou mais meios, além de gerar uma forma nova através da síntese criativa, vai permitir o diálogo entre esses meios. A peça “Hitchcock Blonde” (2003), do dramaturgo britânico Terry Johnson, se fundamenta na permutação de linguagens: o frutífero diálogo com as técnicas cinematográficas da montagem e colagem, do enquadramento, cortes, planos e angulações são partes integrantes não somente da construção textual da obra, mas também de sua concretização cênica. O texto, que incorpora, representa e tematiza o cinema através de constantes IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 105 alusões à filmografia de Hitchcock, principalmente “Janela Indiscreta”, “Vertigem”, “Marnie” e “Psicose”, e a inserção de uma personagem chamada Hitch às voltas com uma loira, dublê de corpo de Janet Leigh em “Psicose”, segue a tendência do theatremovie em sua adaptação cênica, que consiste na operacionalização dos recursos fílmicos acima mencionados, acrescidos de soundtracks, video-clips, fade overs, além do contínuo jogo de citações e clichês. O protagonista da peça, um professor de cinema e cinéfilo apaixonado, é expert em Hitchcock e obcecado tanto pela virtualização do real no celulóide quanto pela realização do virtual no seu cotidiano. As constantes referências e interferências intermediais resultam em um complexo jogo de espelhos que flagra as fronteiras fluídas e reversíveis das dicotomias em revista: arte/vida, real/virtual e orignal/ simulacro. AS METAMORFOSES DA PERSONAGEM FREI LOURENÇO NAS ADAPTAÇÕES FÍLMICAS DE ROMEU E JUILIETA Luciana Guerra, Prof. Anna Stegh Camati Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] As palavras de Harold Bloom, em Shakespeare: A Invenção do Humano, traduzem de maneira holística o ponto mais obscuro do porquê de nos ocuparmos do bardo, seja qual for o tema: “Revisitamos Shakespeare porque dele precisamos; ninguém nos apresenta tanto do mundo pela maioria de nós considerada relevante”. As inúmeras releituras de Romeu e Julieta feitas pelo cinema, um dos meios de entretenimento mais populares de nosso tempo, comprovam a contemporaneidade que Shakespeare imprimiu à história do amor impossível entre dois adolescentes que encontrou nas diversas fontes. Os motivos pelos quais dezenas de diretores são levados a produzir filmes acerca de Romeu e Julieta é bem claro: o de confrontar passado e presente. Com isso em mente, sabemos que as adaptações fílmicas baseadas na tragédia lírica do bardo apresentarão elementos diferentes daqueles apresentados na peça de Shakespeare. Para restringirmos nosso campo de análise, escolhemos três adaptações fílmicas que obtiveram grande sucesso de bilheteria: West Side Story, dirigida por Robert Wise, Romeu e Julieta, dirigida por Franco Zefirelli, e William Shakespeare’s Romeo & Juliet, dirigida por Baz Luhrman. Ao explorarmos Romeu e Julieta verificamos 106 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA que a personagem de Frei Lourenço desempenha um papel vital na peça. Seu papel é extremamente importante no desenvolvimento do enredo. É um homem bondoso, ponderado, a voz da sabedoria e razão que, no entanto, também é falível como qualquer outro ser humano. Shakespeare mostra a grande distância que existe entre a intenção e a ação. Ao celebrar o casamento dos jovens, seu objetivo foi ajudar os amantes. Ele se arrisca, uma vez que acredita que através da união de Romeu e Julieta conseguiria promover a reconciliação das duas casas inimigas. A grande ironia final é que ele consegue concretizar esse objetivo através da morte dos amantes. É justamente por desempenhar papel tão significativo na tragédia que escolhemos verificar as metamorfoses desse personagem nas três adaptações fílmicas escolhidas. Um estudo mais aprofundado da personagem de Frei Lourenço não seria possível se não levássemos em conta as fontes utilizadas por William Shakespeare ao escrever Romeu e Julieta: o poema de Arthur Brooke, The Tragicall Historye of Romeus and Juliet, e a novela de Matteo Bandello, Romeo e Giuletta. É somente através dessa comparação – entre as fontes e o bardo – que conseguiremos estabelecer a contribuição do bardo na criação de uma personagem tridimensional e multifacetada, que assume diferentes graus de importância nas adaptações fílmicas mencionadas. O ‘SONHADOR’ DOSTOIEVSKIANO EM NOITES BRANCAS Luciana Guerra, Prof. Sigrid Paula Maria Lange Scherrer Renaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] A novela Noites Brancas (1848), de Dostoievski, oferece um campo vasto de pesquisas na área da análise literária, pois a partir do momento que decodificarmos o método de composição utilizado nessa novela, damos um passo importante para a compreensão da totalidade da obra de Dostoievski. Como grande expoente da literatura russa, Dostoievski escolhe para Noites Brancas um tema sempre atual e de grande interesse – o amor e a ilusão – , o que acarreta em uma aceitação imediata por parte do leitor. O tema aparece desenvolvido no texto como a história de um homem que se apaixona por uma jovem desconhecida, durante as quatro noites em que lhe faz companhia, enquanto esta espera por outro, seu pretendente. A narrativa é feita em primeira pessoa, ou seja, temos um narrador personagem contando a sua história, através da construção de memórias. É em torno desse herói que centralizaremos nossas IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 107 observações. Através da análise de suas características físicas, que são pouco acentuadas (tem vinte e seis anos e é bem apessoado), percebemos que o que realmente importa são suas características psicológicas, bem marcadas: é uma pessoa solitária e carente de atenção, que tem poucos amigos e nenhum jeito com as mulheres. É um romântico em essência, que se deixa iludir facilmente. Simultaneamente, sua característica ideológica mais forte é acreditar no poder do amor. Já no âmbito das características sociais, apresenta-se como um estudante de vida modesta, que vive uma vida simples com poucas economias, distante de sua família e de sua terra natal. Todas essas características são ainda ressaltadas pela sua grande virtude moral, pois é visto pela jovem Nástienhka, pela qual se apaixona, como uma pessoa digna de confiança, virtuoso e um conselheiro sensato, apresentando-se a ela como um amigo fiel em um momento tão difícil e esperado, que é a volta de seu amado. Este olhar mais atento ao herói de Noites Brancas torna-se, portanto, necessário para um melhor entendimento do tema da narrativa, assim como das relações entre o narrador e Nástienhka, Nástienhka e seu pretendente e, finalmente, entre o narrador e seu oponente virtual e depois real, o pretendente de Nástienhka. O CINEMA DA CRUELDADE DE LUIZ FERNANDO CARVALHO: VOZES DOS SUBTERRÂNEOS DA CONSCIÊNCIA EM “LAVOURA ARCAICA” Prof. Anna Stegh Camati, Charlott Eloize Leviski, Paraguassu de Fátima Rocha Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este ensaio analisa o trabalho de aplicação para o cinema dos princípios filosóficos e teatrais de Antonin Artaud realizado por Luiz Fernando Carvalho, idealizador e diretor do filme “Lavoura Arcaica”, adaptação do livro homônimo de Raduan Nassar. Esses mesmos princípios, na realidade, já se encontram embutidos na própria narrativa literária de Nassar. Artaud defendia uma forma de arte de inspiração dionisíaca, uma experiência visceral afetando os sentidos e nervos ao invés do intelecto, que agisse sobre a sensibilidade do espectador de uma maneira significativa. Desenvolveu a teoria de uma arte ritualística capaz de levar o espectador a um envolvimento orgânico, atingindo os fluxos energéticos que causam desassossego e perturbação. Acreditava ser possível entrar em contato com o sagrado, 108 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA não no sentido religioso, mas como forma de revelar valores superiores capazes de potencializar a vida humana. O “Cinema da Crueldade” é uma modalidade fílmica na qual, através de estratégias de choque, gerados através de recursos estilísticos derivados das propostas de Artaud, os espectadores são induzidos a uma reflexão sobre realidades essenciais da condição humana. Em “Lavoura Arcaica”, Luiz Fernando Carvalho trabalha muito com a imagem relacionada a seu conteúdo simbólico, seguindo o que preconiza o teórico francês a respeito da linguagem das palavras que deve dar lugar à linguagem dos signos, cujo significado indizível é o que mais nos afeta de imediato. Para atingir seus objetivos, o filme opera com os níveis mais profundos e primitivos da consciência humana, ou seja, com as profundezas dos subterrâneos da mente, que são explorados por ambas as escritas, a literária e a cinematográfica. A catarse será proporcionada ao espectador, através de sua condução visceral ao mundo dos sonhos, à região dos instintos primitivos e das forças reprimidas. Devido à insuficiência da linguagem verbal para expressar essas realidades mais profundas, o cineasta optou valer-se de uma linguagem de natureza diferente, cujas possibilidades expressivas ultrapassam o verbal, atingindo o ponto mais recôndito do pensamento. Em grande medida, substitui a palavra articulada por uma linguagem física, plástica e espacial, cujo intuito é conseguir que todos os elementos na grande tela ajam sobre o espectador. Até mesmo a linguagem falada é utilizada pelo cineasta como um gesto sonoro: Carvalho explora a forma de dizer as palavras, suas alternativas sonoras e suas possibilidades encantatórias de ritmo, entonação e vibração. A CONTEMPORANEIDADE DOS CONTOS DE FADAS Lilian Zeglin, Prof. Verônica Daniel Kobs Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Os contos de fadas encantam as crianças e adultos desde a Antiguidade. A fantasia e suas imagens simbólicas, somadas com as temáticas da magia e do maravilhoso, presentes nesse gênero textual, são motivos de pesquisa e busca de um entendimento maior sobre a influência e as representações da realidade nessas narrativas. Além de demonstrarem as relações entre os homens, através de simbologias, da personificação de seres e dos discursos utilizados, esses textos retratam a manifestação de sentimentos e atitudes humanas presentes em qualquer época ou sociedade. Tendo como base o histórico desse gênero literário, oficialmente IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 109 registrado pelo francês Charles Perrault e pelos irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm, surgem, cada vez mais, tentativas de abordagem contemporânea desses contos, que são, então, revitalizados. São muitos os exemplos de representações simbólicas de problemas humanos e suas soluções contidas nos contos de fadas, pois são de grande importância para o estudo do desenvolvimento social e humano. Pode-se incluir aí o tom de humanismo dado por Perrault e a violência dos Grimm, que descrevem situações cotidianas, abordando temas como: sexualidade, vícios, virtudes e desejos do ser humano, além da luta diante das dificuldades da vida, o desejo de liberdade e a dualidade nas atitudes. Atualmente, as regras de representações, sobretudo morais e “mágicas”, dos clássicos contos de fadas são quebradas. O uso do imaginário, das disputas entre o bem e o mal, da presença de seres espirituais, simbólicos e sobrenaturais surge, no mercado editorial mundial, não com as mesmas lições de moral de antigamente, mas como entretenimento e meio de reflexão sobre problemas atuais. Além disso, muitos personagens perdem suas características originais, permitindo a intertextualidade entre diversos contos. Entre os contos que já receberam inúmeras versões contemporâneas, pode-se citar “Chapeuzinho Vermelho”, nas releituras “Fita Verde no Cabelo”, de Guimarães Rosa, e “Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque de Holanda. Produções cinematográficas também estão utilizando esses recursos para suas criações. Entre elas, pode-se citar “Os Irmãos Grimm”, dirigido por Terry Gilliam, o qual narra aventuras vividas pelos verdadeiros irmãos Grimm, juntando os fatos marcantes e significativos dos contos de fadas conhecidos do público, explorando os limites existentes entre fantasia e realidade. Os contos de fadas, através da linguagem simples, compreensível e atraente, são ricos em estruturas simbólicas, porém flexíveis, que expressam não só a realidade, mas um complexo aprofundamento psicológico dos conflitos e prazeres infantis e adultos. A REVELAÇÃO DO ESPAÇO EM JAMES JOYCE E DALTON TREVISAN Paraguassu de Fátima Rocha, Prof. José Endoença Martins Linha de Pesquisa: Políticas da Subjetividade [email protected] Este estudo tem por objetivo discutir o conceito de epifania nos contos de Dublinenses de James Joyce, especificamente no que diz respeito ao espaço e a influência que esse exerce na caracterização dos personagens, 110 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA bem como estabelecer relação com contos selecionados dos livros Em Busca de Curitiba Perdida, O Vampiro de Curitiba e Cemitério de Elefantes de Dalton Trevisan que adotam tal concepção. Neste sentido pretende-se buscar características textuais que se entrecruzem na configuração do espaço e ambientação dos contos, bem como os elementos simbólicos e recorrentes presentes nos textos, registrando-se a epifania no texto de James Joyce e levantando-se a possibilidade da ocorrência de tal procedimento na escrita de Dalton Trevisan. A efetivação de tais propostas terá como base o pensamento de Gaston Bachelard em A poética do espaço, para quem o espaço está ligado à imagem poética e faz vasculhar nas reminiscências do passado as conjecturas do ser, lançando seu olhar para as imagens do presente. Paralelamente, os contos de James Joyce e Dalton Trevisan despontam entre as narrativas pós-modernas como retratos da vida cotidiana, nos quais as cidades – Dublin para JOYCE e Curitiba para TREVISAN – paralisam ou dinamizam o comportamento de seus habitantes, ou seja, o espaço na literatura não só caracteriza o modo de ser de uma personagem, como também é responsável por suas manifestações, tornando-se assim “(...) “o móvel”, o fulcro, a fonte de ação”, conforme argumenta Osman Lins em Lima Barreto e o Espaço Romanesco. Enquanto nos contos de James Joyce verifica-se a tendência de relatar os aspectos morais de seu país, ou o aprisionamento regido pelos meios políticos e religiosos, mais precisamente de sua cidade natal, e a busca do ser em confronto com seu meio ambiente, o texto de Dalton Trevisan, ao revelar sua cidade, o faz delimitando seu passado que mesmo modernizado continua lá porque feito por personagens tirados de seu ambiente próprio. Recorre-se também às afirmações de Stuart Hall em A Identidade Cultural na Pós Modernidade sobre as identidades formadas a partir do culto às culturas nacionais, as quais são compostas não apenas de instituições culturais, mas também de símbolos e representações, elementos comuns nos textos dos autores a serem analisados. O ENSINO DA LÍNGUA JAPONESA PARA BRASILEIROS, NOVAS PERSPECTIVAS Regina Amelia Darriba Rodriguez, Liria Yuri Nagamine, Monica Sanae Kikuchi, Suzana Fukumoto Linha de Pesquisa: Metodologia de Ensino de Língua Estrangeira, Produção de Material Didático [email protected] IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 111 Em 2008 se comemorará os 100 anos da imigração japonesa no Brasil, muitos de seus descendentes e de não descendentes tem interesse em aprender a língua japonesa, seja por sua cultura, por causa das indústrias japonesas que estão instaladas no Brasil, para pode ler mangá, os motivos são inúmeros. Na Universidade Federal do Paraná - UFPR a língua japonesa é ensinada como língua estrangeira há mais de trinta anos, desde 1995 faz parte do Centro de Línguas e Interculturalidade – CELIN, mas infelizmente o material que se utiliza no Brasil não prevê as necessidades de um aprendiz brasileiro, porque não existe nenhum material publicado aqui. Os materiais que existem de ensino de língua japonesa foram elaborados para ensinar a língua japonesa como língua estrangeira dentro do Japão. Porém o nosso aprendiz está no Brasil, e tem normalmente contacto com a língua japonesa quatro horas semanais, que são as que ele está em sala de aula. Percebemos que quando o aluno falta uma semana, tem dificuldades de acompanhar as aulas seguintes, o que é natural, afinal essa é uma língua muito distante da nossa, principalmente na escrita, como os materiais não tem nenhuma informação em língua portuguesa, pois todos os materiais utilizados no Brasil estão integralmente em língua japonesa, o aluno não tem condições de estudar sozinho a lição que perdeu. O CELIN montou uma equipe de profissionais de língua estrangeira que está produzindo um material didático que será testado na íntegra na sua escola de aplicação e que depois será publicado. Este material se destina a aprendizes da língua japonesa, que tenham ou estejam cursando curso superior e tenham interesse em aprender sobre língua e cultura japonesa, tem um tópico em todas as unidades de “Japonês com Fim Específico: para Negócios”, e os conteúdos programáticos levam em consideração que muitos dos nossos alunos tem interesse em se apresentar à Prova de Proficiência de Língua Japonesa, então estamos elaborando exercícios para treinar os alunos para que estes possam ao final de 4 anos terem aprovados três dos quatro níveis que existem. O material didático será composto de Livro do Aluno, Caderno de Atividades e Manual para o Professor. OS DILEMAS DO NARRADOR EM LAVOURA ARCAICA Simone Dias; Letícia Cristina de Miranda Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] A literatura pós-moderna parece existir para falar da pobreza da experiência. Vai além, pois nos fala também da pobreza da palavra escrita enquanto 112 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA processo de comunicação. Entre a submissão ao código e à lei paterna e entre a transgressão ao discurso e à cultura, nesse lugar aparentemente vazio, insere-se a narrativa Lavoura arcaica, cujo desfecho é mais um estilhaço da memória. Este é o eixo de abordagem que este trabalho perscruta, ao se fazer a leitura das duas narrativas – a do filho, como a do viajante, e a do pai, como a do camponês – considerando-se a perspectiva proposta por Walter Benjamin a respeito do narrador. Em “Experiência e pobreza”, Benjamin afirma que outrora (antes da 1ª Guerra Mundial), prevalecia o narrador clássico (camponês), em que se sabia exatamente o significado da experiência. Quando os combatentes voltaram silenciosos dos campos de batalha, a experiência como vivência deixa de ter a importância que tinha até então. E, nesse sentido, ficamos mais pobres em experiências comunicáveis, dando lugar a um novo conceito de barbárie (em sua positividade). O narrador clássico cede espaço ao viajante, que recolhe os fragmentos para compor sua narrativa. E aqui poderíamos estabelecer uma relação com o discurso fragmentado, elíptico, feito aos pedaços, feito um fluxo de recortes de lembranças perdidas, na tentativa de André de (re)construir sua própria identidade e seu lugar na família. Tentativa que se mostra vã na medida que a partida é muito mais longa que o retorno. O retorno promove a desagregação, a morte, o caos. Nesse processo fragmentado em que junta os estilhaços (onde os pontos são raros e os parênteses, abundantes), o narrador parece admitir que o real e o autêntico são simplesmente construções de linguagem. Esta reflexão nos leva ainda à possibilidade de ler Lavoura arcaica como outra Carta ao pai, texto escrito por Kafka em 1919. Ali, o escritor responsabiliza o pai pela sua incapacidade de viver, casar e amar, como os outros. Em Lavoura também teremos a culpa, a memória como um poço, o Castelo, a perda da experiência, a desagregação da tradição e outros indícios dessa relação tumultuada com a figura paterna. Em ambas as narrativas, a memória e o cotidiano são organizados literariamente como alternativas para a libertação dos fantasmas interiores e das punições. NARRATIVA MULTILINEAR E O ABANDONO DA CULTURA EM LAVOURA ARCAICA Prof. Marco Maschio Chaga, Caroline Chaves Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O presente estudo apresenta uma análise do livro Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, e do filme homônimo (2001), do cineasta Luiz Fernando IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 113 Carvalho. Um dos eixos de leitura persegue alguns aspectos da narrativa multilinear que permeia o livro e a narrativa cinematográfica. Trata-se, por um lado, do exame do multilinear técnico, quando ocorre a sobreposição de temporalidades nas recorrentes referências ao tempo, ao instante e à paciência. Para completar o exame do que chamamos de multilinear técnico, examina-se a sobreposição de imagens, quando se observa o destino da memória e da lembrança. Por outro lado, a leitura proposta examina os desdobramentos da narrativa multilinear a partir de seus efeitos estéticos. Neste caso, os efeitos são de ordem cultural, atuando em nossa capacidade de leitura, ao mesmo tempo em que modificam o sentido da própria leitura. Sabemos que a forma linear influenciará e orientará boa parte da produção cultural contida nos livros científicos e artísticos do século XIX e meados do século XX. Enquanto autor e obra requisitam suas respectivas autonomias e o reconhecimento de suas ações específicas, ao receptor era reservado apenas um papel passivo. Por outro lado, por obra se entendia uma unidade encerrada, em que não cabiam retoques ou manifestações que visassem complementá-la ou levá-la adiante. O esquema Autorº%Obraº%Receptor, que teve valor de “verdade” durante muito tempo, passou a sofrer pequenas alterações ao longo do século XX. A idéia do receptor como um ser passivo se manteve intacta até meados do século XX, quando se observou as primeiras repercussões dos estudos de um movimento crítico conhecido como Estética da Recepção, que teve maior impacto no âmbito da literatura. De acordo com parte das pesquisas em torno da recepção, tornava-se urgente a revisão do papel do receptor no processo de leitura, pois estava cada vez mais claro que o leitor se emancipava das interpretações restritivas (que não permitiam nenhum tipo de autonomia e participação). Por outro lado, começou-se a duvidar que a chancela de um autor fosse suficiente para tornar seus escritos inquestionáveis. Este estudo demonstra que a liberdade de interpretação e a elaboração de uma crítica sofisticada da figura de autoridade do autor são as duas engrenagens básicas que transformaram o receptor passivo em um leitor ativo, requisitando cada vez mais participação neste processo. O PROJETO AUTOBIOGRÁFICO SUBJACENTE À OBRA DE JAMAICA KINCAID Mail Marques de Azevedo Linha de Pesquisa: Políticas da Subjetividade [email protected] 114 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Este trabalho examina, inicialmente, os romances Annie John e Lucy da escritora afro-caribenho-americana Jamaica Kincaid como exemplos de história de iniciação e maturação do indivíduo colonizado, em busca de sua identidade. A relação espacial, temporal e afetiva com a pátria, com a família e com a cultura caribenha é o motivo central da obra de Kincaid, o que lhe confere características autobiográficas, povoada que é de personagens, cujos nomes de família, Potter e Richardson, remetem ao seu nome de batismo, Elaine Potter Richardson. Ademais, a presença nos romances de uma protagonista-narradora em primeira pessoa reflete os conflitos e lutas que acompanharam a autora em seu exílio da Antigua nativa, deflagrado principalmente pelo agravamento das condições financeiras das famílias, tanto na ficção como na vida real. Na seqüência, discute-se a evidência de um projeto autobiográfico subjacente à obra de Kincaid, mesmo que lhe faltem as características de uma autobiografia convencional, reconhecível, segundo Philippe Lejeune, pela identidade narrador-personagem-autor, cujo nome figuraria na capa do livro, aspecto abertamente ignorado por Kincaid, em sua saga autobiográfica. Ao final de Annie John, a jovem heroína de dezesseis anos deixa Antigua, e no livro seguinte, a mesma personagem parece surgir em Nova Iorque, agora com o nome de Lucy, tendo a mesma relação definidora com o que parece ser a mesma mãe. A mudança de nome traça um movimento paralelo à vida da jovem Elaine Potter Richardson que, chegada aos Estados Unidos, também aos dezesseis anos, e, em busca de uma identidade própria, passa a chamar-se Jamaica. A rejeição do nome que a identifica e subseqüente escolha de outro que remete igualmente ao mundo do Caribe traduz a relação ambivalente de rejeição e de amor à mãe-pátria, presente também no relacionamento traumático das heroínas ficcionais com a mãe., representada tanto pela terra natal Antigua, como pela figura materna, trabalhada sempre em tom de conflito nos diferentes romances. Considerando os limites entre autobiografia e ficção e como a representação do “eu” em romances autobiográficos opera a distância das convenções da autobiografia, analisa-se o relacionamento mãe-filha extremamente traumático e doloroso que perpassa os textos como uma analogia da relação colonizador-colonizado, em que a representação do “eu” se expande para representar o “nós”. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 115 THE HOUSE ON MANGO STREET: RITO DE PASSAGEM E MATURAÇÃO Juliana Sigwalt, Mail Marques de Azevedo Linha de Pesquisa: Políticas da Subjetividade [email protected] O objetivo do presente trabalho é analisar a obra de Sandra Cisneros – The House on Mango Street - como história de iniciação da narradoraprotagonista Esperanza Cordero. Trata-se de um bildungsroman sui generis por duas razões principais. Em primeiro lugar, porque o livro é constituído de quarenta e quatro vinhetas que narram as circunstâncias de vida da jovem protagonista, que, quando lidas em conjunto, formam um tocante panorama da comunidade mexicana em um gueto de Chicago na qual a jovem Chicana está inserida. Em segundo lugar, porque sua história de iniciação não é a da Chicana tradicional, que deixa de lado seus sonhos e aspirações e, principalmente sua liberdade, para assumir o papel de esposa e mãe na comunidade. Pelo contrário, ao se mudar para a Rua Mango, Esperanza se decepciona com a nova casa e com as condições de vida encontradas na nova comunidade. Assim, a casa emerge como principal símbolo do romance, pois funciona como elemento catalisador do processo de transformação da protagonista. A casa personifica toda a opressão material e racial vivenciadas pela jovem Chicana até então, denunciando a condição de opressão social existente naquele espaço. O objetivo de Esperanza passa a ser a busca da possibilidade de viver uma vida digna, na qual uma casa boa e decente se torna elemento central. Para tanto, ela primeiramente se distancia da casa da Rua Mango, passando a observar a casa e a comunidade de fora, uma vez que não encontra nenhum eco na comunidade ou na casa. Em seguida, enfrenta várias provas e dilemas que a fazem entender a sociedade na qual está inserida e que a ajudam a se descobrir e crescer. Finalmente, vencidas as provas, Esperanza retorna e aceita suas origens, para que seu processo de maturação se complete. Dessa forma, é possível traçar um paralelo entre o desenvolvimento de Esperanza e as fases do monomito – separação, iniciação e retorno, indicadas por Joseph Campbell, como parte dos ritos de iniciação, e demonstrar como a protagonista se separa da casa, supera obstáculos e provas, no seu caminho de adolescente e mulher, para poder retornar, completando seu processo de formação. 116 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA UMA ANÁLISE DA HISTÓRIA DE INICIAÇÃO EM KATHERINE MANSFIELD Camilla Damian Mizerkowski, Mail Marques de Azevedo Linha de Pesquisa: Políticas da Subjetividade [email protected] Este trabalho analisa o desenvolvimento da personagem feminina em três contos de Katherine Mansfield – de Kezia, em “A casa de bonecas”, de Laura em “A festa no jardim” e de Leila em “Seu primeiro baile” – a partir do gradativo conhecimento do mundo exterior e de si mesmas que as personagens adquirem em cada etapa da vida. Além de aparecem em contos que fazem parte da coletânea The New Zealand Stories, cujo tema central é as memórias da terra natal da autora, são diversos os pontos de contato que permitem tal análise: as três personagens, além de pertencerem a classes sociais semelhantes, são dotadas de um poder de percepção da beleza aguçado, contemplando o mundo e seus objetos de uma forma singular e sensível. Além do que, diferentes fases da vida da mulher são representadas pelas personagens: a infância por Kezia, período no qual a personagem inicia o processo de amadurecimento, a adolescência por Laura, que adquire uma maior consciência de seu papel no mundo e na sociedade, além de refletir muito mais sobre o funcionamento destas duas instâncias, e a juventude por Leila, que devido a sua maior idade é capaz de perceber o mundo e atuar nele mais independentemente. Para atingir este grau de percepção e conhecimento do mundo, as protagonistas são submetidas a provas que envolvem tanto o relacionamento com outras personagens, quanto com o que as cerca. Para estabelecer as semelhanças entre seu processo de desenvolvimento subjetivo e as relações deste desenvolvimento com os acontecimentos na trama, um estudo da origem antropológica do termo iniciação e dos rituais tribais aos quais os jovens são comumente submetidos na passagem para a vida adulta é feito, analisando como estes rituais são reproduzidos em histórias ditas de iniciação na literatura. Comparando as três personagens e sua singular subjetividade, estabelecemos que uma espécie de Bildungsroman da mulher é observável no corpus estudado, visto que as três personagens analisadas enfrentam provas semelhantes para atingir maior maturidade, - mostrando profundidade espiritual na observação do mundo -, e que cada um dos contos revela como este processo se dá em fases diferentes da vida. IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 117 A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS ABERTOS NA EDUCAÇÃO Leticia Largura Martins, Isabel Raggio, Juliana Martinez, Juliana Passos; Laura Amato, Clarissa Menezes Jordão Linha de Pesquisa: ensino de LEM, letramento crítico, noções de alteridade, noções de relações de poder [email protected] Esta pesquisa, desenvolvida juntamente com o grupo “Identidade e Leitura” na Universidade Federal do Paraná, sob coordenação da Profª Clarissa Menezes Jordão, está em andamento desde 2003 e suas duas primeiras fases foram encerradas ano passado. Em tais fases, teve-se como objetivo investigar as concepções de leitura de professores e alunos em sala de aula de língua inglesa e de literaturas de língua inglesa em cursos de Letras de universidades do Paraná. A investigação deu-se através de discussões teóricas sobre letramento, alteridade, crítica literária no século XX, entre outros temas, e através de uma pesquisa de base etnográfica. Os resultados dessas primeiras fases foram elaborados em forma de artigo para eventual publicação. Finalizada essa parte, o grupo voltou-se para a pesquisa de temas pertinentes a questões educacionais que visam a uma mudança de paradigmas nas práticas contemporâneas e um repensar sobre si mesmo e os outros. A fase atual da pesquisa consiste na discussão dos pressupostos teóricos nos quais se baseia a metodologia “Espaços Abertos para Diálogo e Questionamento” (OSDE – Open Spaces for Dialogue and Enquiry) como pós-modernismo, pós-colonialismo, noções de alteridade, noções de relações de poder, teorias da educação e letramento crítico na perspectiva pós-colonialista. A metodologia OSDE, desenvolvida inicialmente pela ONG MUNDI em seu projeto Otherworlds, e posteriormente pelo Centro de Estudos sobre Justiça Social e Global, da Universidade de Nottingham, Inglaterra, com a colaboração de professores de diversas partes do mundo, visa à criação de espaços pedagógicos abertos nos quais os participantes são convidados a engajarse criticamente com suas próprias perspectivas e com as perspectivas dos outros. Concomitantemente às discussões teóricas feitas pelo grupo, selecionamos tópicos pertinentes à temática proposta pela metodologia e estamos elaborando unidades didáticas que serão pilotadas em oficinas pedagógicas e em salas de aula. A partir dos resultados obtidos nas pilotagens, visamos redigir um artigo teórico para publicação, bem como uma eventual publicação em formato on-line do material produzido pelo grupo. Nesta comunicação, farei uma breve apresentação dos pressupostos teóricos que embasam a metodologia OSDE e também demonstrarei como 118 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA as unidades temáticas são organizadas, bem como os objetivos de cada parte da unidade. A REPRESENTAÇÃO DA VIOLÊNCIA EM TITUS (2000) DE JULIE TAYMOR Juliane Pereira Reali Willrich, Prof. Liana de Camargo Leão Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O presente trabalho apresenta alguns aspectos da adaptação para o cinema da peça Titus Andronicus (1594) de William Shakespeare. Por séculos a peça deixou de ser encenada por ser considerada de mau-gosto. Quando foi escrita em encenada, Titus Andronicus dividia espaço nos teatros com os espetáculos de bear-batings, sangrentas brigas de cães e ursos. A violência não repelia os espectadores de teatro, ao contrário, os atraía. Assim, aquela platéia do século XVI se assemelha bastante ao espectador de cinema do século XXI, que não se choca com as cenas dos filmes de Quentin Tarantino, com a violência mostrada de maneira gratuita na televisão, nos jornais, na Internet. Em 2000, a diretora Julie Taymor adaptou este texto para o cinema e conseguiu, com seu Titus, fazer com que a peça alcançasse um público maior. Dentre os tantos temas que o texto apresenta, Taymor opta por destacar algo premente nos tempos atuais: a banalização e onipresença da violência. Figurino, locações e interpolações visuais são alguns dos recursos usados para desenvolver o tema do filme, buscando não escancarar e não estilizar em excesso a violência a ponto de não mais causar impacto. A atemporalidade do figurino e as locações aproximam o filme da época atual, fazendo com que o espectador evite concluir que a violência apresentada refere-se apenas àquele espaço e àquele tempo. Ao dar um papel ativo ao Jovem Lucius, fazendo com que ele inicie e conclua o filme, Taymor encontra a chave para falar ao espectador do século 21. Interpolações visuais, cenas bastante surreais que retratam a memória das personagens, são o recurso mais eficaz utilizado por Taymor para retratar a violência sem mostrá-la em realidade e, por isso mesmo, causando grande impacto. Taymor utiliza uma mídia que pode ser bastante realista, o cinema, mas trabalha com a violência de maneira bastante teatral. Encontra potencial cinematográfico nesta peça de Shakespeare, transforma as imagens verbais do texto shakespeariano em imagens visuais. Adapta um texto de Shakespeare que por séculos foi considerado menor e confere a ele valor ao evidenciar os pontos que atraem IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 119 o espectador contemporâneo. Realizando cortes no texto, porém sem mudar uma linha, Taymor cria outra arte e dá outra leitura à peça. CONCEPÇÕES DE LEITURA NA CRÍTICA LITERÁRIA E NAS ABORDAGENS DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Juliana Passos, Clarissa Menezes Jordão Linha de Pesquisa: Lingüística Aplicada [email protected] O grupo encerrou as duas primeiras fases da pesquisa proposta em 2003. Nosso objetivo era investigar as concepções de leitura e as posições de leitor/a assumidas por alunos de língua e literaturas de língua inglesa durante as suas aulas nos Cursos de Letras, bem como estudar as relações ou descontinuidades entre concepções de leitura e leitor/a neste contexto. Finalizadas estas fases da pesquisa, com os resultados sendo elaborados em forma de artigo a ser submetido para eventual publicação, o grupo de pesquisadores voltou-se para um aspecto mais específico do processo de atribuição de significados estudado, que vincula a leitura de texto à leitura de mundo. O grupo começou a interessar-se, sobretudo, por questões educacionais relacionadas a visões de mundo e mudança de paradigmas. Para investigar tais processos de construção de significados, o grupo vem realizando uma pesquisa teórico-prática para investigar a fundo os pressupostos e o embasamento teórico da visão sistêmica educacional que propõe o acúmulo processual de paradigmas interpretativos, dos quais o sujeito idealmente lançaria mão de acordo com o contexto em que se encontrasse. A pesquisa também conta com uma parte prática, em que os participantes desenvolvem material didático a ser utilizado com alunos e professores de línguas estrangeiras, a fim de levá-los a uma visão sistêmica de mundo construída durante oficinas coordenadas pelo grupo com a finalidade de promover a criação de “espaços abertos” e conseqüentemente possibilitar a teleopoiesis, ou seja, permitir aos participantes imaginarem-se outro e se deixarem imaginar pelo outro, experimentando vicariamente a alteridade, ao invés de simplesmente aprender sobre outras culturas. O desenvolvimento deste material didático tem como inspiração, bem como parceria, o trabalho desenvolvido pela ONG “Other Worlds”, ligada à Universidade de Nottingham, Inglaterra. Parte do material já desenvolvido pela “Other Worlds” será traduzido / adaptado para o português e para o alemão e novas unidades estão em 120 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA desenvolvimento, devendo ser traduzidas / adaptadas para o uso em língua portuguesa, inglesa e alemã. Estas unidades serão disponibilizadas para uso e adaptação do público em geral, ou seja, sem interesses autorais. Após o desenvolvimento deste material didático, acontecerá a pilotagem do material com grupos de professores e alunos avançados de língua estrangeira, bem como oficinas de formação de moderadores de grupos de “espaços abertos” na educação e construção da alteridade. VISÕES DO MAR EM OS LUSÍADAS E MENSAGEM Zenilda do Rocio de Morais, Prof. Sigrid Renaux; Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este trabalho busca num primeiro momento traçar o percurso da Literatura Portuguesa a partir do momento histórico em que a nação lusitana, numa atitude compromissada, lança-se ao mar em busca de novos horizontes. Num segundo momento e nessa direção, seleciona dois autores e suas obras mais representativas, produzidas em épocas notadamente diferentes: Luís Vaz de Camões com Os Lusíadas enfatizando o episódio “O Velho do Restelo” e Fernando Pessoa com Mensagem , destacando nela o poema “Mar Português” . A análise comparativa de ambos os textos irá ressaltar o fato de o mar ser elemento fulcral em ambos, não só através do medo e fascinação que sempre exerceu tanto na literatura portuguesa como na universal, mas principalmente pelo fato de que, das analogias e diferenças encontradas, surgirão respostas que evidenciam a preocupação de Pessoa em responder às indagações lançadas por Camões através da fala do Velho do Restelo. Partindo, pois, do princípio que a trajetória da literatura é o retrato de um momento histórico, procuramos destacar como os portugueses na busca pelo saber, por mera aventura ou movidos pelo desejo de conquistas, foram responsáveis por incontáveis experiências, das quais procede uma fértil literatura de viagens, abrangendo as aventuras passadas pelos homens através do mundo que percorreram. Ao longo desse percurso, o mar, como cenário dessas aventuras, torna-se quase um arquétipo portador de funções simbólicas de grande representatividade, pelo fascínio e medo que sempre exerceu sobre os homens. Os Lusíadas, narrando a odisséia de Vasco da Gama através de incógnitos mares, tem no episódio do Velho do Restelo um de seus pontos culminantes, ao este personagem condenar a expansão territorial lusitana no Oriente, numa advertência à humanidade das conseqüências que sobrevirão se o homem continuar movido pela ganância. É a reverberação desta mensagem que Pessoa IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 121 retoma, em “Mar Português”, ao celebrar, num primeiro momento, quer o heroismo dos que perderam a vida, quer o sofrimento dos que em terra ficaram. Mas, num segundo momento, reverte esse discurso, pois quem procura novos horizontes, necessita passar pela dor e pelo sofrimento. O mar, portanto, na visão de Pessoa, é divisado como o caminho para a expansão e o conhecimento, pois “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. A CARNAVALIZAÇÃO EM “O LADRÃO HONRADO”: UMA VISÃO BAKHTINIANA DO CONTO DE DOSTOIÉVSKI Prof. Gisele Aparecida França, Prof. Sigrid Renaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este trabalho apresenta uma proposta de análise do conto O ladrão honrado (1848), de Fiódor M. Dostoievski, a partir das teses propostas por Mikhail Bakhtin em Problemas da poética de Dostoiévski, entre as quais citamos a dialogia, a carnavalização da literatura e uma concepção inovadora dos gêneros literários. Levando-se em consideração os aspectos carnavalizados do texto, como o próprio título paradoxal do conto já sugere, e estabelecendo-se relações entre as particularidades da estrutura, de enredo e da composição desta narrativa com as características que determinam a Sátira Menipéia – este antigo gênero carnavalizado que chega a seu apogeu em Dostoievski –, pretende-se investigar nela os seguintes elementos: a presença do elemento cômico nos nomes das personagens e na escolha vocabular; o “inacabamento” do herói Emiélia Ilhitch, ou seja, a inconclusibilidade interna deste personagem simultaneamente ébrio, vagabundo, ladrão e homem honrado; o gênero do “diálogo no limiar”, i.e., o diálogo confessional do herói, no momento extremo de seu delírio antecipando sua morte, com o hospedeiro a quem havia roubado; a criação de “situações extraordinárias” nas quais o herói é colocado para provocar e experimentar uma idéia filosófico-ideológica: a verdade, materializada na imagem deste herói que procura esta verdade; e a “experimentação moral e psicológica”, a representação de estados psicológico-morais anormais concretizados no herói, através de sua imperfeição e quase demência, e reveladas a nós pelo personagem-narrador, Astáfi Ivânitch. Este pobre alfaite, por sua vez, que deu ao herói comida e abrigo, também vem a ser experimentado moral e psicologicamente, ao lhe ser revelado que fora roubado pelo hóspede mas a quem vem a perdoar, no derradeiro 122 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA instante. Esta investigação pretende, pois, através desta análise, demonstrar a peculiaridade e singularidade deste conto de Dostoiévski e, por extensão, de sua obra romanesca, que de modo particular conseguiu subverter as velhas formas da narrativa européia, criando “um novo modelo artístico do mundo”: um mundo em que a consciência do herói é dada como outra consciência, mas não se fecha em si, nem se converte em veículo da consciência do autor. São estas inovações da forma artística empregadas por Dostoiévski e desvendadas por Bakhtin, que tornam ambos, autor e crítico, cada vez mais atuais e originais dentro da poética da narrativa e da crítica literária contemporâneas. A FALA DO PRESIDENTE Prof. Diva Conceição Ribeiro Linha de Pesquisa: Lingüística Aplicada [email protected] Na sociedade contemporânea, muitos são os fatores que corroboram para a estigmatização dos homens enquanto elementos inseridos em uma sociedade. Neste nosso trabalho, analisaremos a posição hierárquica do homem na sociedade, assim como pensaremos na sua ascensão sóciopolítico e em que, e como a linguagem atua para o ser social além da relação aos seus iguais no meio social. O trabalho visa, também, refletir sobre a convivência sócio-político-afetiva muito próxima que o brasileiro apresenta em relação aos homens que ocupam maiores cargos, não só políticos, mas religiosos, profissionais e outras categorias também. Neste mister há preocupação apenas com a linguagem e a articulação do indivíduo x discurso x o outro e a recepção e reação deste outro como pessoa física, como indivíduo, como cidadão e como falante da Língua Portuguesa do português do Brasil. Dentre tantos casos, um em especial, chamounos a atenção, pois tivemos oportunidade de presenciar em rede televisiva, neste ano por ocorrência dos Jogos Futebolísticos da Copa do Mundo, uma fala importante: A fala do Presidente. Como interessados pela linguagem, passamos a analisar a fala de sua Excelência o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República do Brasil. Ele dirigiu-se ao Sr. Carlos A. Parreira, Técnico da Seleção Brasileira de Futebol perguntandolhe, carinhosamente se o “craque brasileiro” estava realmente gordo, isto é, se Ronaldo estava acima de seu peso normal. O assunto veiculou por toda a população brasileira, pela mídia estrangeira, e também usada como forma de analisar, avaliar e criticar o Exmo. Sr. Presidente Luiz Inácio da Silva. Para as pessoas menos avisadas e desconhecedoras dos fenômenos IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 123 lingüísticos isto pareceu como uma ofensa pública a todos os brasileiros porque a maioria da população brasileira desconhece os fatores lingüísticos que permeiam uma dada sociedade em termos de linguagem.Nesse sentido, a certeza que temos é que o homem deve submeter-se a todas as normas impostas pelos falares da camada elitizada, enquanto que os fatores sociais que influenciam na articulação da linguagem, passam a ser desconsiderados como em uma tentativa de tornar o cidadão brasileiro um objeto dos falares lingüísticos, assujeitandfo-se na história. Palavraschave: estigma, preconceito, presidente FORMAÇÃO DE PROFESSORES HUMANOS PARA SERES HUMANOS Prof. Diva Conceição Ribeiro Linha de Pesquisa: Educação [email protected] A escola perde-se em seu espaço quando busca encontrar espaços outros para que o professor conduza a sua prática pedagógica. Alcançar conteúdos que não façam parte da vida prática do aluno significa impeli-lo para a evasão escolar ou para estar mais outro aluno nas filas daqueles que detestam estudar e que se auto-denominam pouco capacitados a aprendizagens mais sofisticadas. Isto pode ser constatado em todos os inícios de semestres quando as IES recebem acadêmicos, em especial acadêmicos de licenciaturas de Pedagogia e que, em um primeiro momento, percebe-os desamparados, desacreditados, e baixa ‘autoestimados’. Eles negam a si o direito de saber, compreender e utilizar o idioma que utilizam para se comunicar nas suas múltiplas diretrizes, estando, dessa forma, reféns de si mesmos e auto-limitando-se nas perspectivas de um crescimento maior no que se refere ao uso da linguagem assim como o domínio escrito da sua representação lingüística. O idioma passa-lhes, a ser então, algo inalcançável, distante, tão distante que se tem a impressão de que o aluno está a referir-se a uma língua estrangeira. O professor, à guisa do aluno, também apresenta a tendência de trabalhas com conteúdos expressos à “flor-água”. Bom número de professores conscientes, ao perceberem que o alunado apresenta dificuldades, vão à procura de métodos diferenciados para que dêem conta de uma melhor ensinança. Não lhes falta desejo de ensinar e ensinar com qualidade. Nesse sentido, torna-se comum entre os docentes uma certa fragilidade em termos do exercício profissional. Aplicando determinado processo metodológico, crêem obter algum sucesso; algumas vezes, logram êxito, 124 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA mas em outras ac abam por ricochetearem no vazio e voltarem à superfície discente desanimados. Esse é um processo que desalenta o professor e torna o aluno descrente de suas próprias potencialidades cognitivas. Assim, torna-se perceptível que tanto professor quanto aluno, precisam libertaremse a si mesmos para trabalhar com conteúdos aproveitados da vida, pela vida e úteis para a vida, porque tal como o aluno, o professor também é humano, e, justamente estando ambos em uma mesma categoria, ambos precisam da realização pessoal para se tornarem, além e docentes e discentes melhores, também melhores seres humanos. Pensar que o professor utilize de sua liberdade para fazer o próprio método ´já é um começo para que a história possa começar a reverter o processo desalentador que é ensinar e aprender. Palavras-chave: liberdade- autoestima- refém NO EMBALO DA LEITURA Prof. Diva Conceição Ribeiro Linha de Pesquisa: Letras [email protected] A leitura é prática escolar corriqueira. Estando vinculada ao currículo escolar coube aos professores trabalhá-la enquanto aquisição de conhecimentos. Nossas crianças, ao chegarem à escola, percebem a atividade de leitura como uma proposta a ser desenvolvida. Entretanto, há que nos lembrarmos que essa atividade não inicia na escola. Ela está presente na vida do homem desde o seu nascimento. Assim, nasce a leitura espontânea a partir do momento que a criança identifica códigos e por meio deles visualiza o significantexsignificado. Então, se a apropriação da leitura é prática como parece, por que em séries adiantadas a criança passa a demonstrar dificuldades na interpretação de textos, na escritura de textos próprios, no domínio do vocabulário e na decodificação de intencionalidades? Por que nossos acadêmicos chegam à graduação lendo superficialmente e põem-se resistentes a outros caminhos para a leitura? Que e como fizeram os ensinos fundamental e médio nas aulas de leitura e suas implicações nas formas críticas de entender um texto? Seriam fenômenos inexplicáveis ao ato de ler? Estaria ocorrendo uma falha sistêmica no ensino da leitura? Mas, o que é mesmo ler? Seria a arte de tornar o leitor uma pessoa livre? Ler é no entender do profissional de Letras, a apropriação do momento da leitura para viajar pelo universo totalitário vivenciando todos os momentos que o ato de ler oportuniza, para que se adquira a maturidade de uma pessoa culta, capaz de sobressair-se e IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 125 extrair as benécias de que são possíveis para, no embalo da leitura, tornarse a cada exercício, um cidadão melhor, íntegro e mais livre de si e do mundo em que vive. Em termos sociais, estamos cercados de textos escritos, oralizados, icônicos, desenhados, em forma de propaganda dentre outros, e não nos apresentam dificuldade. Ler é conquistar o direito à liberdade plena; dentre os aspectos da liberdade plena, um deles é o de calar, quando percebemos que nos ronda o perigo; outro benefício é o de optar em como e o quê falar para que a fala se estenda por diretrizes que não apresentem caminhos tortuosos e a melhor forma de conquistá-los é ler como cientistas, com emoções, mas sobretudo, permitindo que a razão embale nossos pensamentos, embalem nossas atitudes, embalem nossas decisões. Palavras-chave: embalo – leitura – liberdade O RETRATO DA EXALTAÇÃO DO POVO INDÍGENA Viviana Albino Vorakoski, Prof. Veronica Daniel Kobs Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O índios perceberam a chegada dos europeus como um acontecimento espantoso. No início,achavam que eram pessoas generosas, mas,com o tempo, perderam suas bases sociais e conheceram o cativeiro. Assim foi a colonização, que começou o processo das capitanias, as quais, por sua vez,foram espaços de muitas guerras com os índios, pela dominação de terras. No inicio do século XIX, veio o precesso de independência e viveu-se uma fase de teñsão entre colonia e metrópole.Depois, surgiu o primeiro reinado, com a tarefa de organizar a nação, mas não deu certo. Coube,então, ao segundo reinado construir tradições originais. Na literatura, coube ao romantismo montar um projeto de construção nacional e renovação literária, enfatizando o patriotismo. Na primeira fase desse movimento, o nacionalismo foi exaltado através do indianismo, que, na prosa,teve como maior expoente José Alencar. O indianismo preocupouse em equipar o índio ao conquistador e não o que era esperado o índio rebelde, pois era nativo. O índio de alencar entra em comunhão com o colonizador, ele escreveu Iracema o exemplo perfeito da ficçâo romântica. Iracema se apaixona por Martim colonizador, por amor ela rompecom a nação tabajara é a entrega do índio ao branco de corpo e alma o risco de sofrimento e morte é aceito pelo selvagem sem qualquer hesitação como o cumprimento de um destino. O que importa não é a sinceridade patriótica do narrador, mas sim ver como a figura do índio belo, forte e livre se modelou, assim é o romance, onde aparece a idealização do índio com uma linguagem 126 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA poética e lendária. O romance é uma instancia mediadora que reflete contradições reais para a história, reúne a imagem comum do herói colonizador e o colonizado tido como o bom selvagem. No cinema Iracema foi produzido no começo dos anos 80 e recebe influencia da pornochanchadas (este surgiu para reconquistar o público), mas segundo Carlos Coimbra, autor do filme, este foi inspirado na obra de Alencar para Homenagear o Ceará. No filme a questão doíndio distancia mais da realidade indígena, os valores e atribuições do nosso índio aparecem mais como beleza e não existe uma formação nacional do antigo sistema colonial, pois o nativo perdeu sua identidade. A ANTINOMIA ENTRE O MUNDO E O HERÓI DOSTOIEVSKIANO NO CONTO “ O SR. PROKHÁRTCHIN” Antonio Crul, Prof. Sigrid Paula Maria Lange Scherrer Renaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Dostoievski, no conto “O Sr. Prokhartchin”, aprofunda determinados temas: a miséria material como indissociável da miséria moral, as aspirações dos homens, que colidem com as restrições mesquinhas da realidade, e os limites a que todos os homens são submetidos, inclusive em suas próprias consciências. Assim, se num primeiro momento tendemos a cair numa simples descrição e defesa do pobre e miserável Siemion Ivânovitch Prokhártchin, o herói deste conto, ou numa mera descrição psíquica do avarento, percebemos aos poucos que na realidade vamos nos deparar com um homem que não conseguia conviver com a idéia de que um dia pudesse viver na pobreza. Por esta razão, a fim de podermos analisar melhor a complexidade desta narrativa, este projeto visa apresentar uma leitura do conto tendo como embasamento teórico algumas das teses apresentadas por Mikhail Bakhtin em Problemas da Poética de Dostoiévski. Através delas, iremos perceber como Dostoievski estruturou os elementos essenciais da narrativa a partir de sua concepção polifônica da literatura e da transposição do carnaval para a linguagem literária através das características da Sátira Menipéia: uma pensão simples, ambiente propício para o encontro de pessoas pessoas completamente diferentes – Prokhártchin, homem intratável, concentrado e inacessível, e Mark Ivânovitch, homem de senso e versado em letras; a presença do elemento cômico, apesar do drama vivido por Prokhártchin, que perdia regularmente a maior parte do ordenado no jogo; a excepcional liberdade de invenção do enredo, ao retratar cenas de escândalo, através dos diálogos que IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 127 encerram a vida do Sr Prokhártchin; os gêneros intercalados; e, principalmente, a experimentação moral e psicológica, através da representação de estados psíquicos anormais do homem. Através dessas características, transparece no conto simultaneamente uma crítica veemente à sociedade russa e seus vícios, quer pelos conflitos de suas personagens, quer pelos seus temas invulgarmente complexos e, sobretudo, pela intensidade passional da ação que se desenrola em seu enredo. Mas a intenção não é apenas de denúncia social e de exposição realista dos problemas humanos: através dos personagens, Dostoievski comunica também a angústia de seus dilemas morais e metafísicos: “O Sr Prokhártchin” é puro caos, ao apresentar a antinomia entre o “mundo” e o “eu” , ou seja, o aniquilamento do homem em favor de forças invisíveis. RELAÇÕES DIALÓGICAS ENTRE O DUPLO EM “ESPANTALHOS” DE LUIZ ZANOTTI E “O DUPLO” DE DOSTOIEVSKI Luiz Roberto Zanotti, Prof. Sigrid Renaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] O objetivo do presente trabalho é estabelecer relações entre a característica da duplicidade do herói no conto “Espantalhos”, de minha autoria, com a duplicidade do herói no conto “O duplo”, de Dostoievski. De um lado, o tema da loucura e da duplicidade em “Espantalhos”, é tratada diferentemente de “O Duplo”, pois a loucura (ou sonho) da aparição do duplo é construída não como uma patologia a ser tratada num manicômio, e sim como uma intuição, ou um vislumbre de uma possibilidade de se vencer as amarras de uma sociedade que colocou o consumo e os valores monetários (utilitários) acima da “vida”. Por outro lado, é possível perceberse semelhanças entre certas formas de pensamento artístico presentes em ambos os trabalhos, no que diz respeito ao conceito de polifonia proposto por Bakthin em Problemas da poética de Dostoievski, apontando Dostoieviski como o criador do romance polifônico. Bakhtin define a polifonia como “A multiplicidade de vozes e consciências independentes e imiscíveis e seus mundos” que se combinam numa unidade de acontecimento, tornando as personagens não apenas objetos do discurso do autor mas os próprios sujeitos desse discurso diretamente significante. Em outras palavras para Bakthin, as personagens de Dostoieviski revelam uma notória independência interior em relação ao autor, podendo chegar a rebelar-se 128 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA contra o criador. As representações das personagens são, acima de tudo, representações das consciências. Na polifonia, a unidade épica e trágica do homem é destruída e a sua consistência abre-se para uma perspectiva dialógica diante de si próprio. Assim, o herói de “O duplo”, Goliádkin, aparece na narrativa como este sujeito fragmentado, através de suas características de submissão, insignificância e honestidade em contraponto à bajulação, falsidade e malevolência presentes no seu duplo, enquanto o herói de “Espantalhos”, Jeca Kerouac, por sua vez, além do encontro com o seu duplo - que na verdade aparece muito mais como uma metade boa que foi perdida num passado distante e que acabará sendo resgatada tem a voz fragmentada em outras personagens, como é o caso do espantalho Visconde, (uma espécie de alter ego), ou ainda “Seu” Almeida, simbolizando a fase em que o velho junkie (O espantalho) ainda se encontrava no seio da sociedade. São estes alguns aspectos que este trabalho se propõe a discutir. UM OLHAR BAKHTINIANO SOBRE ZÉ BEBELO Cláudia Cecília Corrêa Pedroso, Prof. Sigrid Renaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Este trabalho visa analisar Zé Bebelo, um dos principais personagens de Grande sertão: veredas, obra de Guimarães Rosa. Tal análise será feita sob a ótica das principais características da Sátira Menipéia e da Carnavalização, de acordo com os conceitos teóricos de Mikhail Bakhtin. Se pensarmos Grande sertão: veredas como uma epopéia, Zé Bebelo seria um guerreiro medieval: sua conduta reta, a liderança nata, sua fineza no trato com as pessoas, sua nobreza de caráter, sua honradez, inteligência e valentia, entre outras características, nos permitem identificar elementos de um verdadeiro herói do sertão. Mas a riqueza do personagem não se congela. Partindo dessas características, encontramos um Zé Bebelo pleno de elementos satíricos e carnavalizados: o riso cômico, a transposição dos lados sério/cômico, a questão do caráter transitório da vida, contados pela palavra carnavalizada do autor. Imprescindível é observar que a história nos chega a partir do ponto de vista de Riobaldo, narrador-protagonista, através de um centro fixo, limitado quase que totalmente às suas percepções, conseqüências de suas vivências, sentimentos e pensamentos. Logo, tudo o que sabemos a respeito de nosso personagem nos é trazido por Riobaldo. Assim, para conhecer Zé Bebelo é preciso entender Riobaldo. Zé Bebelo funciona como um elo entre o mundo do IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 129 sertão e o mundo “real”. Sabe-se que a obra constitui-se em cima de busca de Riobaldo pela Verdade num diálogo consigo mesmo para tentar entender o porquê de suas misérias, dos acontecimentos de sua vida e, principalmente, porque seu amor por Diadorim só foi possível a partir de um ponto irreversível: a morte do ser amado. Observa-se ainda que nos momentos que Zé Bebelo aparece mais marcadamente na trama, o personagem Diadorim fica eclipsado, como se ambos não pudessem coexistir harmoniosamente nas memórias do narrador. Outra busca angustiante de Riobaldo é a questão da existência ou não do demônio. Em seus devaneios, chega mesmo a aproximar a figura diabólica à do Chefe a quem tanto admira. Como vemos, buscas, inquietações e dúvidas são elementos que não faltam à obra. No meio desse imenso jardim de Rosa, resgatar o valor e o real papel de Zé Bebelo na trama, parece-nos um desafio à altura da grandiosidade da obra. Aliá-lo às teorias bakhtianas, então, por vezes, assemelha-se à grande batalha entre o bem e o mal, outra inquietação de Riobaldo. Desafio aceito, entrar nesse imenso e rizomático sertão é, ao mesmo tempo, desafiador e assustador. Mais rosiano, impossível. O HOMEM MODERNO E A LITERATURA LIGHT Gustavo Lima Carvalho Linha de Pesquisa: Crítica Literária [email protected] Enrique Rojas, conceituado psiquiatra espanhol foi agraciado com os Prêmios Extraordinário de Doutorado e Conde de Cartagena da Real Acadameia de Medicina de Madri por seus trabalhos sobre a depressão. É autor de diversos livros de caráter psicológico como “Estudios sobre el suicídio” (1978), “Psicopatologia de la depresión” (1982), “Aspectos clínicos de la depresión” (1984), “La enciclopédia de la sexualidade y de la pareja” (1991) e de ensaios sobre temas humanísticos: “Sexualidad y afectividad” (1981), “Una teoría de la felicidad” (1987). Autor também dos livros “Remedios para el desamor” (1991) e “La ansiedad” (1989), tem seu trabalho reconhecido na Europa como pertencente da geração de médicos humanistas. Na obra “O homem moderno: a luta contra o vazio” (1996), faz uma análise do comportamento do homem moderno, na condição de indivíduo social e dos respectivos efeitos de sua conduta no meio em que vive. Segundo ele, vivemos uma época em que o vazio do ser humano jamais esteve tão dramático. Esse homem contemporâneo, afirma o autor, é relativamente informado, incapaz de sintetizar o que percebe; possui 130 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA escassa educação humanista, interesse superficial em vários assuntos, convicções sem firmeza e pensamento fraco, sendo fácil de manipular. Não há ideais elevados e consequentemente sua ética é relativa. Diante desse contexto, o materialismo acaba sendo a referência do valor que possui o indivíduo, de acordo com a ética permissiva desse homem destroçado pelo vazio, e o consumismo converte-se na forma pós-moderna da liberdade. Outra característica bem comum é a importância da televisão para preencher essa grande lacuna existencial. E isso se pode observar, diz o autor, simplesmente observando o homem light diante do televisor mudando de canal, sem saber o que procura e tampouco o que deseja. A perspectiva que tem o autor sobre o tema é existencial, direta, bastante clara e sóbria. Sua linguagem é acessível e conduz-nos a uma reflexão nada superficial acerca do comportamento do homem atual e que tipo de literatura o interessa. Que conteúdo procura ler esse homem onde não se identifica qualquer resquício de humanismo? O que o leva a procurar tal material literário – a chamada por Rojas literatura light? Por que o faz? Essas são algumas perguntas pertinentes ao tema, que serão exploradas. ESTUDO DO DIALOGISMO ENTRE AS OBRAS HAMLET, DE WILLIAM SHAKESPEARE, E A VERSÃO CINEMATOGRÁFICA DESSA PEÇA DIRIGIDA POR FRANCO ZEFFIRELLI Márcio Eduardo Zuba, Liana de Camargo Leão Linha de Pesquisa: Análise Literária [email protected] Criada como obra de entretenimento dentro dos moldes do teatro elisabetano, a peça Hamlet alcança-nos em uma época, quatro séculos após sua criação, em que a indústria da multimídia proporciona veículos de diversão mais versáteis e poderosos que a representação teatral original. Embora haja vários trabalhos cinematográficos baseados em Hamlet, alguns apenas utilizando o moto original da peça, porém em época e cultura distintos, há aqueles que buscam representar a peça com os mesmos personagens, locais e ações do original manuscrito e teatralizado por William Shakespeare, incluindo-se neste grupo a obra de Zeffirelli. A intenção desse estudo é descobrir qual o efeito da versão cinematográfica, quando comparada ao original, principalmente nas conclusões que tiramos a partir dos notórios solilóquios elaborados por Shakespeare. Os trabalhos escritos de Michele Willems (Video and its paradoxes), Frank Kermode IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 131 (Hamlet), Neil Taylor (The films of Hamlet) e Harry Keyishian (Shakespeare and movie genre: the case of Hamlet) discutem a questão da dificuldade em se adaptar as peças de Shakespeare em geral e Hamlet em particular para o cinema, uma vez que algumas perdas de conteúdo são inevitáveis. Exceção feita ao texto de Michèle Willems, de 1987, todos os outros foram escritos após o Hamlet de Zeffirelli, produzido em 1990. Não há dúvida que os filmes e shows da televisão substituíram as peças teatrais como fontes principais de entretenimento. Infelizmente, essas fontes modernas raramente fazem uso de formas importantes do discurso, tais como o solilóquio. O solilóquio pode ser uma ferramenta poderosa para obter acesso aos pensamentos mais profundos de uma personagem. Não há como negar que, sem ele, Hamlet teria um efeito diferente. Como nos apresenta a peça, os solilóquios de Hamlet revelam profundidade em suas emoções, fazendo a audiência ciente de seus conflitos internos. Dentre as obras cinematográficas sobre o príncipe da Dinamarca, possivelmente a mais acessível é a versão de Franco Zeffirelli (1990), com Mel Gibson no papel do príncipe. Com 131 minutos de duração, esta versão apresenta uma forma editada e resumida do texto, em que algumas cenas e detalhes são omitidos. De que forma a edição e resumo do texto compromete a inteligibilidade da história, quando comparado ao original? Como são tratados os solilóquios, mais fortes elementos característicos da peça Hamlet? A TRANSFIGURAÇÃO FEMININA NA OBRA DE BERNARD SHAW Caroline Vanzo Bernardi, Eliane dos Santos, Prof. Silvana Borges Oliveira Prof. Anna Stegh Camati Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Escrita em 1913, Pigmaleão talvez seja a peça mais conhecida do escritor irlandês Bernard Shaw. A peça narra a história de dois excêntricos professores de fonética que, após conhecerem uma florista muito pobre e sem nenhum dos refinamentos da burguesia, principalmente no que se refere ao linguajar e à pronúncia, fazem uma aposta entre si em que ficava estabelecido que em apenas alguns meses, se bem treinada, aquela jovem simplória poderia se passar até mesmo por uma duquesa. Assim sendo, a pedido da própria jovem, Eliza Doolittle, no dia seguinte, um rígido treinamento começou e o desempenho da jovem surpreendeu a todos, 132 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA não apenas pela rapidez com que aprendeu como também pela desenvoltura e elegância que foi capaz de manifestar meses depois em uma suntuosa recepção na embaixada. Curiosamente, o crédito por tanto progresso nunca foi atribuído a ela, ao contrário disso, os professores, especialmente Dr. Higgins, nunca a viu como algo além de um animalzinho domesticado a quem ele havia enfim domado. Entretanto, a aluna em determinado momento supera o mestre ao se revelar dona de uma forte personalidade, capaz de refletir, ponderar, discutir e tomar as suas próprias decisões. A transformação de Eliza através da educação é um dos temas principais tratados na obra de Shaw — o que torna a peça ainda atual, é a abordagem de temas ainda muito relevantes — a diferença entre o tratamento dado aos homens e às mulheres e o conceito de dama e cavalheiro que induzia as pessoas a supervalorizarem as aparências, mesmo que isso significasse negligenciar a formação acadêmica dos filhos de modo a se qualificarem e exercerem alguma atividade profissional que garantisse o próprio sustento. Entretanto, não só isso, mas também a falsa moral, as relações matrimoniais — os motivos que levavam uma mulher a se casar — a distinção que a sociedade em geral faz entre as classes sociais, como, inclusive a lei parece se utilizar de critérios distintos ao ser aplicada aos de classe econômica desfavorecida — como mostra o primeiro ato da obra — e também o conflito entre a razão e a emoção, ao qual não somente as personagens da obra, mas também todos nós, em determinados momentos estamos sujeitos. LAVOURA ARCAICA: DAS PÁGINAS À TELA Caroline Vanzo Bernardi, Prof. Marco Antonio Maschio Cardozo Chaga Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Produzido em 2001, a partir da obra homônima de Raduan Nassar, o filme Lavoura arcaica tem sido considerado pela crítica como um dos mais belos filmes nacionais produzidos nos últimos anos, recebeu inclusive, diversos prêmios internacionais. Sobre o filme, pode-se seguramente afirmar que o trabalho do diretor Luiz Fernando Carvalho foi, no mínimo, corajoso considerando a obra literária envolvida que é densa, não linear e convulsa como a mente de um jovem atormentado André, que é o protagonista e nutre uma paixão incestuosa pela irmã Ana. Rica em simbologias, a obra foi comparada com a tragédia de Édipo o rei e também a parábola do filho pródigo às avessas visto que, nesse caso, o retorno do filho ao lar significou o inicio do fim da família. Dona de uma fotografia IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 133 impecável, essa adaptação cinematográfica foi capaz de capturar com muita sensibilidade o ambiente criado por Nassar, além disso, as interpretações de atores competentes conferiram um aspecto visivelmente teatral ao filme que, como na obra original, sulca seu espaço com uma narrativa carregada, intensa e profundamente verborrágica. A fidelidade à obra de Nassar é inquestionável, prova disso é que o livro foi o único roteiro utilizado pelo diretor e que também houve a participação ativa do próprio Raduan durante todo o processo de adaptação e, talvez por isso mesmo, esses tenham sido os motivos da ineficácia quando transportado às telas. Algo com que o espectador inevitavelmente vai se deparar é como tudo o que é falado é também mostrado, nada foi poupado. Naturalmente é preciso considerar que o mero fato do filme ter sido produzido é, em si, uma adaptação. Entretanto, essa extrema fidelidade à obra original, que parece ser fruto de uma preocupação excessiva quanto à intenção do autor, fez com que o filme fosse uma leitura “segura” da obra de Nassar. Não houve contestação ou diluição da linguagem, algo que seria muito bem vindo em uma obra tão rica em subjetividades quanto Lavoura. Enfim, citando as palavras de Jonathan Culler, o que pareceu faltar neste trabalho de Luiz Fernando Carvalho, não foi perguntar “o que a obra tem em mente mas o que ela esquece, não o que ela diz, mas o que toma como ponto pacífico.” (CULLER, 1993, p.137) PRESSUPOSTOS TEÓRICOS SUBJACENTES AO CONTO “UMA ÁRVORE DE NATAL E UM CASAMENTO”, DE DOSTOIEVSKI Paulo Sérgio Pestana, Prof. Singrid Reanaux Linha de Pesquisa: Poéticas do Contemporâneo [email protected] Boris Eikhenbaum, em “Sobre a teoria da prosa”, contrasta o romance e a novela como formas completamente estranhas uma à outra: o romance é uma forma sincrética; a novela é uma forma fundamental, elementar; o romance provém da história, do relato de viagens; a novela provém do conto, da anedota. Trata-se de uma diferença de princípio, determinada pela extensão da obra. Constrói-se a novela sobre a base de uma contradição, de um êrro, e tudo na novela tende para a conclusão. Ela deve arremessar-se com impetuosidade, para atingir com todas as suas forças objetivo visado. Assim, se a construção do romance exige que o final seja um momento de enfraquecimento e não de reforço, que o ponto 134 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA culminante da ação principal deva encontrar-se em algum lugar antes do final, a novela tende precisamente para o imprevisto do final, onde culmina tudo o que o precede. Partindo desses pressupostos teóricos, esta pesquisa visa analisar o conto “Uma árvore de Natal e um casamento” (1848), de Dostoievski, a fim de examinar de que modo esta narrativa por um lado insere-se dentro desses pressupostos, ao apresentar a história de duas crianças – um menino e uma menina – que, durante uma festa de natal na casa do pai da menina, são expostas à ambição e falta de escrúpulos de um convidado de alta posição, que se aproveita desta posição para assustar a ambas com seus gestos e palavras indecorosas, mas é desmascarado pelo menino. Por outro, como esta narrativa, ao prolongarse através de um segundo episódio – o casamento da menina com este importante funcionário cinco anos depois – já contém seu final a partir do próprio título, isto é, o leitor é levado a crer que de alguma maneira, o casamento declarado no título e comentado pelo narrador testemunha, levando a um final feliz, como soe acontecer com outras narrativas que concluem com um casamento, resolvendo-se assim a contradição apresentada no início da história. Entretanto, a conclusão a que nos leva este conto nos permite verificar como Dostoievski o deixa inconcluso, do ponto de vista do narrador, aproximando-o assim da construção do romance, pois a única personagem para quem “as contas saíram-lhe certas” é exatamente a figura sinistra e repelente de Julian Mostakóvitch, personagem central e vilão da história. FAIRCLOUGH E A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO Prof. Adriana Cristina S. de Mattos Brahim Linha de Pesquisa: Lingüística Aplicada [email protected] A análise crítica do discurso (CDA – “Critical Discourse Analysis”) constituise uma área multidisciplinar de estudos da linguagem, voltada para a investigação de fenômenos discursivos, principalmente ligados a questões de injustiça e opressão, desigualdades étnicas, sócio-econômicas, políticas e/ou culturais. Como a CDA preocupa-se com a desconstrução ideológica dos textos, o objetivo desta comunicação é apresentar algumas de suas características, propostas principalmente por Norman Fairclough (1989, 1992, 1995, 2003) que, segundo a autora proponente deste trabalho, são fundamentais para o ensino/aprendizagem de língua inglesa – especialmente de leitura - em tempos de globalização quando vemos, ao mesmo tempo, um desenvolvimento tecnológico que a humanidade nunca antes havia presenciado e uma acelerada integração econômica e cultural IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 135 dominada, sobretudo, pelo universo anglo-falante. ANOTAÇÕES 136 IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA IV SEMINÁRIO DE PESQUISA E IV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 137