CADERNO DE RESUMOS PALESTRAS Palestra de Abertura “Minas Gerais e a sede de infinito” José Américo Mirada Barros (UFMG) Resumo: A palestra reflete sobre a literatura mineira, suas características e, especialmente, seu modo de lidar, em sua singularidade, com o grande mundo. Minas e o mundo: a gota d´água e o oceano. A sede, ânsia de beber água; a sede, ambição de ouro e riqueza; a sede de amor; a sede, infinita sede de infinito. VI SEMINÁRIO DE PESQUISA DE LITERATURA BRASILEIRA II SEMINÁRIO MINAS GERAIS - DIÁLGOS MINAS GERAIS: ITINERÁRIOS E CAMINHOS 29 e 30 de agosto de 2013 Palestra de Encerramento “Um poeta nos primórdios da globalização: Cláudio Manuel da Costa” Marcos Rogério Cordeiro Fernandes (UFMG) Resumo: Quais as implicações dos movimentos históricos sobre as formas? As obras literárias se inscrevem no plano da história na medida em que a toma como matéria ou em razão do modo como a internaliza, presentificando seus matizes intrincados e transformando-os em princípio geral de organização? Tais obras são testemunhos (artísticos ou documentais) das épocas ou as transcendem? A validade de uma experiência formal historicamente situada pode ser constatada em contexto diverso do que a viu surgir ou a apreciação trans-epocal seria uma confirmação de que a história não a condiciona? Essas questões, cuja atualidade garante a pertinência, são postas por uma análise dialética da obra de Cláudio Manuel da Costa, poeta nascido em Vila Rica e que viveu entre 1729 e 1789. Elas trazem uma perspectiva crítica a respeito de sua obra, que pode ser compreendida como consequência do processo de globalização, conceito contemporâneo que, no entanto, descreve um decurso de longa data. Os artifícios de linguagem, os moldes do estilo e a fatura artística, bem como as imposturas e os desalinhos das imagens, são marcas implícitas da transformação histórica que presenciou, ao passo que revelam certas estruturas e a lógica de funcionamento do chamado pacto colonial, com suas consequências no campo da cultura e da literatura em particular. DOCUMENTÁRIO Documentário: Maria José de Queiroz: artesã da palavra Direção: Lyslei de Souza Nascimento / Lesle de Souza Nascimento Resumo: Maria José de Queiroz (Belo Horizonte, 29 de maio de 1936) é autora de vasta obra crítica, poética e ficcional. O escritor Pedro Nava a definiu como artista e artesã da palavra por sua perícia em “catar, separar, escolher a palavra adequada, o verbete justo, a expressão insubstituível”. O documentário Maria José de Queiroz: artesã da palavra (55 minutos) focaliza algumas obras e temas da escritora a partir de suas próprias reflexões. O ofício da escrita, bem como seus interesses e filiações literárias deixam vislumbrar, nos depoimentos da escritora, a busca incansável pela palavra ideal, inerente ao seu estilo, o que a distingue, de forma peculiar, no cenário da literatura contemporânea. Na coletânea de contos Como me contaram: fábulas historiais, 1973, e no romance Joaquina, filha do Tiradentes, de 1987, por exemplo, a história de Minas Gerais, com seus vultos e personagens, é entremeada à ficção, fazendo emergir, na escrita, a música, a pintura, a culinária do século 18. O mapa de Minas é, assim, descortinado pela escrita. Minas Gerais em Passaporte, de Fernando Bonassi Alex Sander Luiz Campos (Doutorando em Estudos Literários/UFMG) Resumo: Fernando Bonassi retoma, em Passaporte (2001), o gênero dos relatos de viagens, tão importantes na nascente literatura brasileira. Seu livro, embora pareça questionar a unidade da nação e contenha “relatos” de viagens por vários lugares do mundo – especialmente a Alemanha –, não deixa de dedicar dois “relatos” (ou “microcontos”, ou “micronarrativas”, etc.) ao estado de Minas Gerais: “029 ouro e maldição”, datado de 1997 e com referência a Congonhas do Campo; e “119 cachorros em pele de lobos”, datado do mesmo ano e com ação desenvolvida nas proximidades do Convento do Caraça, lugar famoso pela existência de lobos-guarás. Curiosamente, Minas aparece em dois momentos distintos do livro – um no início, outro já na parte final –, sempre cercada por símbolos caros à cultura literária e histórias de maldição. A presente comunicação pretende apresentar um estudo analítico-interpretativo desses textos. Palavras-chaves: Minas Gerais; Fernando Bonassi; Passaporte. Sonorosa dona Lúcia: cartas de Cecília Meireles a Lúcia Machado de Almeida Ana Amélia Neubern Batista dos Reis (Mestranda em Teoria Literária e Literatura Comparada/UFMG) COMUNICAÇÕES O realismo específico de Cyro dos Anjos em O Amanuense Belmiro Alex Alves Fogal (Doutorando em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: O romance O Amanuense Belmiro (1937), do escritor mineiro Cyro dos Anjos, é reconhecido, dentre outros motivos, por integrar com eficácia os elementos psicológicos e sociais em sua configuração estética. Tal particularidade nos permite considerá-lo como um romance bem ajustado, que não se fecha em arroubos líricos e intimistas, apesar de ser narrado em primeira pessoa, e ao mesmo tempo, não se limita a uma representação direta e documental da realidade. A partir disso, o trabalho visa demonstrar que Cyro dos Anjos exerce um tipo de “realismo específico”, dentro dos moldes da reflexão de Erich Auerbach em Mimesis. Tal tipo de realismo consiste numa formalização da realidade por parte da estrutura estética da obra que não se restringe à ideia de Realismo enquanto escola, apresentando ao leitor a realidade de modo matizado, visto que essa se encontra internalizada no estilo do autor. Para atingir tal intuito com maior eficácia buscarei analisar de modo mais detido de que maneira a narrativa emprega seu procedimento poético sobre as imagens da capital mineira, Belo Horizonte. Palavras-chaves: forma; realismo; narrativa; O amanuense Belmiro. Resumo: O trabalho que ora proponho visa a pesquisar o universo da correspondência de Cecília Meireles à escritora mineira Lúcia Machado de Almeida no que tange a temáticas que constroem um espaço de diálogo que se torna profícuo para a criação literária da autora do Romanceiro da Inconfidência. Não viso a salientar apenas as passagens da correspondência em que a escritora Cecília deliberadamente solicita informações sobre Minas Gerais à escritora Lúcia, durante o processo de escrita do Romanceiro. Viso, antes, refletir sobre este espaço de diálogo entre essas duas mulheres como um espaço de valorização da própria voz no contexto do Modernismo; um espaço de exercício para a criação literária de forma ampla e, finalmente, um espaço fronteiriço em que aparecem as nuances do pensamento que aparecem de forma mais diluída na poesia ceciliana. Para tanto, utilizo-me, principalmente, dos conceitos sobre o autor, de Michel Focault, do pensamento sobre correspondência de Marcos Antônio de Morais e Silviano Santiago, Eneida Maria de Sousa e do pensamento de Mario de Andrade para o Modernismo. Palavras-chaves: Correspondência; Cecília Meireles; Lúcia Machado de Almeida; criação literária. A revisitação de Minas Gerais em Minha Vida de Menina Bárbara del Rio Araújo (Mestre em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: Minha Vida de Menina (1942) é o título do diário de Alice Dayrell Caldeira Brant, conhecida pelo pseudônimo de Helena Morley. Nele, são representados fatos vivenciados pela menina entre os 13 aos 15 anos e, mais que isso, o cotidiano de Diamantina no período de 1893 a 1895, quando os resquícios da escravidão ainda vigoravam e a mineração se encontrava em decadência. O que se percebe é que ao lado do desenvolvimento formativo do indivíduo, representa-se também a construção social, tudo isso articulado em um trabalho narrativo de recomposição do espaço mineiro por meio da imaginação. Este trabalho tem a pretensão de analisar a obra a fim de perceber como ocorre a inscrição do espaço social no espaço intimista, demonstrando uma narrativa que não se limita ao seu caráter privado e se amplia na reflexão sobre a existência histórica. Nesse aspecto, procura-se aproximar esse diário de uma narrativa de formação, subgênero muito próximo do Bildungsroman, evidenciando que a intensificação da experiência subjetiva de Helena permite a revisitação de Minas Gerais e do Brasil durante a passagem do século XIX para o século XX. A partir da assimilação da teoria lukácsiana sobre o romance de formação e dos estudos de Ecléa Bosi, Antonio Candido e Roberto Schwarz procuraremos perceber a obra literária em sua constituição e suas relações com a realidade. Palavras-chaves: Sociedade; Literatura; Bildungsroman; Minha Vida de Menina. Narradores e narrativas: entre Walter Benjamin e Rubem Fonseca Carmen Cristiane Borges Losano (Doutora em Estudos Literários/UFMG; Professora Pedagogia UEMG/Barbacena); Renata Batista Campos Afonso Resumo: “O narrador” (1936), de Walter Benjamin, com suas dezenove teses, argumenta acerca do declínio da narrativa oral, em função da ascensão do romance e da informação, na modernidade. Três anos antes, Benjamin publicara “Experiência e pobreza” (1933), um breve texto em que comentava acerca da pobreza de experiências na sociedade do pós-guerra, tendo chegado a “decretar”, por assim dizer, o surgimento de uma nova barbárie. Assim, cada geração que ultrapassa a anterior, realiza sua evolução a partir de uma espécie de “marco zero”; constrói, portanto, apenas sua vivência, sem se apropriar do aprendizado e da sabedoria de gerações anteriores (experiência). O resultado, em ambos os textos, é a consciência do autor acerca da formação de gerações pobres em experiência e, portanto, pobres em sabedoria. Veremos, pois, em “O narrador” de Benjamin, como o autor descreve essa decadência, como explica o fenômeno e como o contrapõe ao romance e à informação, na qualidade de produtos da modernidade. Em seguida, faremos um contraponto com o narrador nos textos de Rubem Fonseca, escritor mineiro contemporâneo que, com seu estilo realista feroz, pode ser comparado ao narrador benjaminiano em determinados aspectos e se afasta dele, em outros. Nosso trabalho se pauta, portanto, na interface Benjamin x Fonseca. Palavras-chaves: Narrador; Walter Benjamin; Rubem Fonseca. O (singular) trágico nos contos de João Alphonsus Cilene Margarete Pereira (Doutora em Teoria e História Literária/UNICAMP; Professor do Programa de Mestrado em Letras/Universidade Vale do Rio Verde) Resumo: Os contos de Galinha Cega (1931), de João Alphonsus, são todos marcados por situações de tragicidade, oferecendo relatos de mortes, muitas vezes violentas como a da galinha cega estraçalhada por um gambá no conto que dá título à coletânea ou do rapaz que tem o pescoço cortado pela navalha de um “homem bruto”, “fera acuada, pronta para a reação” em “Oxianureto de mercúrio”. Em todos os contos prevalece a descrição de vidas esvaziadas que aparecem adquirir sentido momentâneo em face da tragédia. Tanto em “Godofredo e a virgem” como em “O homem na sombra ou a sombra no homem”, outros dois contos que compõem o volume citado, as personagens masculinas, inscritas no mundo burocrático das repartições públicas belo-horizontinas, sentem-se atraídas pela tragédia da morte, parte inexorável do que se chamamos vida. Nos contos de Galinha Cega, no entanto, o trágico parece sempre se irmanar, de algum modo, ao lírico (ou cômico), amortecendo sua intensidade negativa, conforme sugeriu Fernando Dias em um dos poucos estudos vigorosos sobre a obra do escritor mineiro, João Alphonsus: tempo e modo, publicado em 1965. Nessa comunicação, objetiva-se examinar, a partir de uma rápida apresentação dos contos de Galinha Cega, como se constrói essa tragicidade singular na obra de João Alphonsus. Palavras-chaves: trágico; conto; João Alphonsus. Solidão e melancolia em Uma vida em segredo, de Autran Dourado Claudia Cristina Maia (Doutora em Literatura Comparada/UFMG) Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar uma leitura de Uma vida em segredo, novela de Autran Dourado publicada em 1964, atentando-se para a construção da personagem Biela, sobretudo no que ela traz de solidão e melancolia. Moça da roça que, após a morte do pai, muda-se para a cidade e depara-se com um mundo que lhe é completamente estranho, Biela encontra na lembrança da voz da mãe e do bater da água no monjolo uma maneira de conviver com o passado que não queria ter perdido. A partir do pensamento de Sigmund Freud, em “Luto e Melancolia”, pretende-se discutir o caráter melancólico dessa personagem cujo destino revela, segundo Silviano Santiago, a “complexa condição socioeconômica das Gerais pelo viés da vida em família”, além de evidenciar os contrastes entre os costumes tradicionais do campo e os novos da cidade. Palavras-chaves: Autran Dourado; Uma vida em segredo; solidão; melancolia. O regionalismo mineiro de Godofredo Rangel Danyelle Marques Freire da Silva (Mestre em Letras/Universidade Vale do Rio Verde; Professora da Faculdade Estácio de Sá/Seama) Resumo: No presente trabalho propõe-se a análise do espaço literário no romance Vida Ociosa (1920), de Godofredo Rangel, autor pouco estudado e que costuma ficar à sombra de Monteiro Lobato. Avaliar como se constitui o espaço narrativo, verificando se esse elemento, juntamente com a linguagem, a caracterização física das pessoas e os costumes, permitem que identifiquemos Vida Ociosa como uma obra regionalista mineira. Também é proposta desta pesquisa refletir sobre a temática das viagens na obra de Godofredo Rangel e sobre a importância deste autor para as letras brasileiras. Além disso, vale pontuar que se trata de um estudo que vai além dos próprios textos rangelinos, já que contempla o estudo do regionalismo mineiro, destacando a importância dessa temática para a pesquisa local, regional, mineira. Palavras-chaves: Godofredo Rangel; espaço literário; viagens; Regionalismo. Resumo: O trabalho tem por objetivo analisar as relações entre memória e alteridade em Grande Sertão: veredas. Para tanto, é importante pensar na perda como elemento que dispara a rememoração melancólica de Riobaldo. Assim, a melancolia é a condição para elaborar um discurso da dor por meio da qual emergem as experiências outras relacionadas aos sujeitos subalternos. Nesse sentido, o sertão se caracteriza por traço residual da modernidade capaz de embaralhar as dicotomias civilização e barbárie, moderno e arcaico e traduzir experiências outras sufocadas pelo saber racional do mundo moderno. Portanto, nesse processo de perlaboração, cuja metáfora repousa na figura do sertão roseano, a violência é o dispositivo que interpela a memória cultural para a rememoração de outras vozes que sucumbiram à ação brutal do processo histórico. Palavras-chaves: Memória; alteridade; violência. Amor e erotismo na poesia de Lucas José d’Alvarenga. Gracinéa I. Oliveira (Doutoranda em Literatura Brasileira/UFMG; Professora Letras/FACISA/BH) Escrita das sensações: uma análise de Vermelho Amargo Joelma Resende Xavier (Mestre em Estudos Linguísticos) Resumo: Lucas José d’Alvarenga foi um escritor mineiro que nasceu no final do século XVIII, na antiga Vila Real do Sabará. Viveu em Minas até 1794, quando seguiu para Coimbra para completar seus estudos. Após, voltou para Minas e aqui permaneceu até ser nomeado governador e capitão-geral de Macau. Sua carreira administrativa foi curta, mas conseguiu uma vitória espetacular, do ponto de vista militar e político, sobre piratas chineses que assolavam a região à época. Após governar Macau, seguiu para Europa e, posteriormente, retornou ao Brasil, aqui permanecendo até sua morte, em 1831 (VIANA, 1961). Além de estadista, Alvarenga foi poeta, repentista, novelista e escritor de peças teatrais. Publicou, em 1826, a novela Statira e Zoroastes. Em 1828 publicou suas memórias e em 1830, um livro de poesias, em que constam sonetos, madrigais, poemas traduzidos, etc. Apesar dessa obra considerável, Lucas José d’Alvarenga é pouco conhecido e estudado na área literária. Há esparsas referências a esse autor e suas obras no Dicionário bibliográfico brasileiro, de Sacramento Blake (1899) e de outros pouquíssimos estudiosos. Diante desse esquecimento, desse apagamento das obras de Lucas José d’Alvarenga da história literária brasileira sem um prévio estudo crítico-literário, propõe, nesta comunicação, fazer uma breve análise de dois temas que perpassam a poesia de Lucas José de Alvarenga: amor e erotismo. O intuito é fazer uma releitura desse livro, que foi relegado ao esquecimento, sem uma devida apreciação crítica. Palavras-chaves: Lucas José d’Alvarenga; poesia brasileira; amor; erotismo. Memória e alteridade em Grande Sertão: veredas Guilherme Zubaran de Azevedo (Doutorando em Estudos Literários/UFMG) Resumo: “Foi preciso deitar o vermelho sobre o papel branco para bem aliviar seu amargor.” Essa é a frase que dá início à obra Vermelho Amargo, do escritor mineiro Bartolomeu Campos Queirós (2011, p. 6). A narrativa, considerada uma novela em prosa poética, coloca em tensão as lembranças do protagonista, um garoto nascido em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais que, após a dolorosa e precoce morte de sua mãe, relata-nos as situações de sofrimento entre os rancores de sua madrasta e a paulatina separação de seus irmãos. A frase de abertura da obra propõe um enfoque metalinguístico, possibilitando-nos uma percepção sobre o uso da escrita como uma forma de reflexão, de alívio. Desse modo, já no primeiro momento da narrativa, Bartolomeu Campos Queirós incita-nos a entendermos a escrita como uma forma de tensão entre “a potência de significação inerente às coisas mudas e a potencialização dos discursos e dos níveis de significação” (Rancière, 2005, p.55). Nesse caso, o ‘vermelho’ que abre o texto e que também intitula a obra é um alvo de potencial significação e das diferentes imagens em torno das quais ele se configura. Pretendo, neste trabalho, analisar essa potencialização do vermelho (o tomate) e de outras imagens na narrativa de Bartolomeu Campos Queirós a partir das reflexões teóricas presentes nas obras A partilha do sensível (2005) e O inconsciente estético (2009) – ambas de Jacques Rancière – e a obra O que vemos, o que nos olha, de Georges DidiHuberman (1998). Palavras-chaves: escrita; memória; imagem; sensação. A crítica plural: a crítica da violência em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa Josué Borges de Araújo Godinho (Doutorando em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: Grande sertão: veredas, livro de Guimarães Rosa publicado em 1956, reuniu em torno de si uma vasta fortuna crítica cujas leituras abrangem variados enfoques. Este estudo pretende fazer uma revisão das perspectivas que tiveram aspectos e manifestações da violência como tema, ora como principal, ora suplementar para, a partir disso, apontar possibilidades outras de leitura da violência no texto do escritor mineiro. Palavras-chaves: Grande sertão: veredas; crítica literária; violência. A voz do imaginário nas barrancas do Velho Chico, em Serrano de Pilão ArcadoA saga de Antonio Dó. Judite Correa Santos (Mestranda em Estudos Literários/UNIMONTES) Resumo: Nesta comunicação abordaremos os mitos da sabedoria popular com os quais Serrano de Pilão Arcado, a saga de Antônio Dó dialoga. Além do caráter lendário que se criou em torno do protagonista, a obra apresenta vários mitos da cultura popular, especialmente no início da primeira parte. O Velho Chico, com suas águas profundas e misteriosas, além de caminho, local de travessia, fonte de vida, é também cenário onde o sertanejo (des) fia estórias que ouviu ou presenciou, causos, crendices, adivinhações, que povoam o imaginário popular. Conforme diz o barqueiro que transportou a família de Antônio Dó, tudo acontece no rio ou perto dele. Além de transportar pessoas, os canoeiros e barqueiros do São Francisco também transportam estórias, por isso o homem e rio caminham juntos nessa estrada-texto, atravessam o sertão e as páginas do romance. É nosso objetivo discutir, também, como a sabedoria popular se relaciona com a identidade do povo barranqueiro, nessa obra do escritor mineiro Petrônio Braz. Palavras-chaves: Velho Chico; imaginário; mitos. A história do triângulo mineiro e de Dona Beja na poesia de Maria Lúcia Alvim Juliana Veloso Mendes de Freitas (Mestranda em Estudos Literários/UFMG) Resumo: Maria Lúcia Alvim, poetisa mineira autodidata, nascida na cidade de Araxá, apresenta em sua poesia um mundo interiorano com reflexões de caráter universalista, destoando do corpus contemporâneo de uma poesia imediatista, flutuando entre modernidade e tradição. Apresenta grande variedade formal e temática com elementos clássicos, simbolistas, modernos e até concretistas. Sua obra Romanceiro de Dona Beja é considerada um grande poema, dividido em várias poesias, através das quais ela tece uma narrativa sobre a descoberta do triângulo mineiro e a vida de Dona Beja, importante dama do século XIX, um dos consideráveis mitos da nossa região. Navegando entre a história e o imaginário, a poesia de Maria Lúcia desenha um interessante itinerário de uma região de Minas Gerais. Faz-se válido um estudo de seu estilo, de como suas escolhas formais e seu trabalho com a palavra se entrelaçam com o que está sendo narrado em sua poesia. Palavras-chaves: Maria Lúcia Alvim, Dona Beja, Poesia Mineira, História. “Ut pictura poesis”: uma leitura de “A Goeldi” de Carlos Drummond de Andrade Luciano Marcos Dias Cavalcanti (Doutor em Teoria e História Literária/UNICAMP; Professor do Programa de Mestrado em Letras/Universidade Vale do Rio Verde) Resumo: Um ponto marcante em A vida passada a limpo, de Carlos Drummond de Andrade, se refere à estreita relação do poeta com as artes plásticas. Drummond foi amigo de vários artistas plásticos modernistas, alguns deles foram homenageados por ele em seu livro, como Santa Rosa (“A um morto na Índia”); Di Cavalcanti (“Pacto”) e Goeldi (“A Goeldi”) – neste último, Drummond encontra ampla afinidade com sua própria obra poética. Esta comunicação pretende fazer um estudo comparativo entre o referido poema e as xilogravuras de Goeldi, por meio de uma possível relação homológica entre as obras dos dois artistas. Palavras-chaves: Drummond; Goeldi; poesia; artes plásticas. A crise do sujeito lírico vista por si próprio em quatro poemas de Lúcio Cardoso Luiz Gonzaga Morando Queiroz (Doutor em Literatura Comparada/UFMG) Resumo: Em seus estudos sobre a obra de Lúcio Cardoso, Ésio Ribeiro chama a atenção para um conjunto de pontos que permite ler a construção de um sujeito poético em crise na lírica daquele autor mineiro: intimismo, subjetivismo, introspecção, sondagem interior, melancolia, tom confessional, primazia da escuridão e do sombrio, clima penumbroso, plasticidade imagética, dilaceramento interior, desalento com o mundo moderno. Esses elementos confluem para uma linha de força da poética cardosiana e fundamentam imagens que “indiciam a desarmonia do poeta com o mundo, conflito gerador de sofrimento e solidão” (RIBEIRO, 2006, p. 23). O artigo em questão propõe analisar quatro poemas de Lúcio Cardoso, reunidos por Ésio Ribeiro na seção “Poemas póstumos” de Poesia completa, nos quais a metalinguagem é o processo comum de sua elaboração, como também o denominador comum para estabelecer a imagem de um sujeito lírico em crise. Palavras-chaves: Crítica literária, poesia e crise, Lúcio Cardoso. O universal e o particular na Lagoinha de Wander Piroli Marcelino Rodrigues da Silva (Doutor em Literatura Comparada/UFMG; Professor do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários/UFMG) Resumo: O livro Lagoinha, de Wander Piroli, é composto por “crônicas”, algumas inéditas, outras publicadas em jornais ou lidas em transmissões radiofônicas, nas quais o autor conta suas lembranças do bairro onde viveu durante grande parte de sua vida: a Lagoinha, conhecida como a mais tradicional zona boêmia da cidade, cujo centro vital (a Praça Vaz de Melo) foi destruído em 1984, para dar lugar à reforma de um complexo de túneis e viadutos. Reunidos confortavelmente sob essa rubrica elástica (a “crônica”), esses textos deslizam sutilmente por diferentes convenções genéricas e seus respectivos pactos de leitura: do depoimento sobre experiências pessoais, que se aproxima da autobiografia, com seu apoio na referencialidade do tema e na identificação entre autor, personagem e narrador; passando pelo relato memorialístico, que resgata tipos marcantes e casos curiosos do passado, erigindo lugares da memória e articulando lembranças individuais e coletivas; até chegar a textos que funcionam como pequenos contos, assumindo abertamente um caráter ficcional e construindo uma visão mítica do universo boêmio que animava a localidade em seus “bons tempos”. Por meio desse progressivo deslocamento, Wander Piroli reinventa a Lagoinha, impregnando-a com sua memória afetiva e produzindo, sobre o bairro, a cidade e o processo de modernização vivido por esses lugares, um tipo de reflexão e saber que somente é possível pelo recurso à ficcionalidade. Palavras-chaves: Cidade, memória, modernização, universal, particular. O que é o Sertão na obra Grande Sertão: Veredas e como ela influencia o homem sertanejo Marcelo Rodrigues de Melo Palmeira (Mestrando em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: O presente trabalho pretende de forma clara fazer uma análise do espaço sertanejo na obra de Guimarães Rosa Grande Sertão: Veredas e, a partir disso, desenvolver uma reflexão de como esse espaço influencia diretamente as ações das pessoas que moram naquele lugar, influenciando não apenas o seu comportamento, mas também seus sentimentos e suas emoções. Palavras-chaves: Grande Sertão: Veredas; João Guimarães Rosa; Literatura Brasileira. Minas Gerais, da ternura ao desencanto: loucura e autoficção em Hospício é Deus – Diário I, de Maura Lopes Cançado Márcia Moreira Custódio (Mestranda em Estudos Literários/UNIMONTES) Resumo: Em dezembro deste ano completará 20 anos de morte de Maura Lopes Cançado, nascida em São Gonçalo do Abaeté (MG), no Alto São Francisco, em 1930. Hospício é deus, um diário visivelmente marcado pelo viés do desencanto e da loucura, remonta aos tempos de infância e juventude vividos por Maura no interior de Minas Gerais e em Belo Horizonte. Embora escrito no Rio de Janeiro, durante uma de suas internações no Hospital Psiquiátrico Gustavo Riedel, em Engenho de Dentro, no diário serão as cidades de Minas Gerais que sobressairão na escrita dessa diagnosticada louca, num ritmo gradativo que parte das lembranças ternas ao desencanto com a sociedade mineira. A proposta é mostrar como Maura, usando o recurso da autoficção como estratégia para a criação literária, desliza entre o factual e o fictício, numa mobilidade possível de evocar imagens de umas Minas Gerais que a fundira com “ferro e fogo”. Tendo em vista ser a obra atinente à literatura brasileira contemporânea, cuja temática é a loucura, sua narrativa dá visibilidade ao discurso do insano, em cuja linguagem configura-se o medo e o desajustamento da figura feminina louca em condições sociais adversas e violentas. Pretende-se ainda comentar sobre a estrutura narrativa e a modalidade de discurso não-canônico como forma de desterritorialização. Palavras-chaves: Minas Gerais, desencanto, autoficção, loucura. Entre o fascínio e a repulsa, entre a hospitalidade e a hostilidade: a relação do nativo com o estrangeiro em contos de Guimarães Rosa Maria Fernandina da Silva Cruz Batista (Mestranda em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: Na obra do escritor João Guimarães Rosa, o personagem estrangeiro, aquele que carrega consigo mistérios e um passado não revelado, e cujo comportamento, normalmente, destoa do restante dos indivíduos da comunidade local, é um elemento que nos chama a atenção. Encontramos, nos contos, nas novelas, e no romance rosiano, índios, ciganos, europeus, como um italiano, e representantes da cultura oriental, um chinês e um japonês. O presente trabalho procura investigar a figuração do “estrangeiro” e as suas relações com o habitante nativo, quando este o recebe em território sertanejo, nos contos: “O cavalo que bebia cerveja”, de Primeiras histórias, “Orientação”, “Faraó e a água do rio”, “O outro ou o outro” e “Zingaresca”, de Tutaméia: terceiras estórias. Também pretendemos investigar como a chegada dos personagens tidos como “outros” é vivenciada de maneira conflituosa por “hóspedes” e “anfitriões”, por nativos e estrangeiros, respectivamente. Em nossa pesquisa utilizaremos as concepções teóricas dos estudiosos Edward Said, Julia Kristeva, Hillis Miller e Jacques Derrida, sendo que nos interessamos, particularmente, pela discriminação que o autor argelino estabelece entre hospitalidade absoluta e hospitalidade condicionada. Palavras-chaves: Guimarães Rosa, Hospitalidade, Jacques Derrida. Diálogo epistolar entre Mário de Andrade, Carlos Drummond e Martins de Almeida: Modernismo em terras mineiras Maria do Rosário Alves Pereira (Doutoranda em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: O objetivo deste trabalho é estabelecer uma análise comparativa entre as cartas enviadas por Carlos Drummond de Andrade e Francisco Martins de Almeida, idealizadores do periódico modernista mineiro A Revista, a Mário de Andrade, na década de 1920 – as cartas de ambos os autores encontram-se no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, sendo o conjunto de missivas do segundo inédito. Por meio do diálogo epistolar é possível perceber nuances e peculiaridades do Modernismo em Belo Horizonte, e a repercussão das ideias paulistas no trabalho teórico-reflexivo desses autores – conforme se lê nos artigos publicados no referido periódico –, bem como em seu trabalho literário. Além disso, é possível entrever um processo de troca cultural fecunda, uma vez que o próprio Mário vê seu trabalho e sua visão sobre o movimento modernista redimensionados a partir tanto da visita às Minas Gerais em 1924 quanto da correspondência com os jovens mineiros. Palavras-chaves: Mário de Andrade; epistolografia; escritores mineiros; Modernismo. Uma leitura do ensaio Homens provisórios. Coronelismo e jagunçagem em Grande Sertão: Veredas, de Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos (2002) Michele dos Santos (Mestranda em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: Através do ensaio, Homens provisórios. Coronelismo e jagunçagem em Grande Sertão: Veredas, de Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, pretende-se retomar questões relacionadas ao coronelismo e jagunçagem na obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Segundo a estudiosa “Grande sertão: veredas pode contribuir para iluminar, a partir da perspectiva de um participante do mundo da jagunçagem, o modo como se estabeleceram as relações de poder vigentes no sertão brasileiro durante a República Velha, envolvendo fazendeiros, bandos de jagunços e milícias”. Depois de discutir, durante a disciplina de Literatura Brasileira: Estudos de Textos: Grande Sertão: veredas e os limites da interpretação, algumas vertentes da crítica rosiana (como Antonio Candido, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Manuel Cavalcanti Proença, Augusto de Campos, Jose Carlos Garbúglio e Davi Arrigucci Jr.) este trabalho busca apresentar mais uma linha de estudo proposta, identificando as características dessa “nova” abordagem relacionada com a obra em questão. Palavras-chaves: Guimarães Rosa, coronelismo, Jagunçagem, sertão. A presença horaciana no poema A Termindo Sipílio Árcade Romano Mônica Costa Vitorino (Doutorado em Letras Clássicas e Cristãs/Università Pontificia Salesiana di Roma; Professora Letras/UFMG) Resumo: A Termindo Sipílio Árcade Romano foi o primeiro poema publicado por Silva Alvarenga (1772), com o pseudônimo de Alcindo Palmireno. Trata-se de uma epístola endereçada a Basílio da Gama e que faz elogio ao Uraguai. Pretende-se analisar a relação intertextual do poema com a Ars poetica, de Horácio, que se instaura tanto na escolha da forma quanto na definição do conteúdo, demonstrando a retomada de uma série de princípios da estética horaciana por parte do poeta árcade mineiro. Palavras-chaves: Silva Alvarenga; Arte poética; Horácio; Intertextualidade. Animas Gerais: projeção e situação do feminino na literatura mineira Rafael Senra Coelho (Doutorando em /UFJF) Resumo: O presente texto busca rastrear a presença do feminino em algumas obras literárias de escritores mineiros. Pelo fato da maior parte dos autores ser do sexo masculino, as mulheres representadas não correspondem a noções extraliterárias do feminino. Contudo, na obra Sinais de Vida no Planeta Minas - foco principal desse trabalho -, encontramos uma tentativa de desfazer as idealizações do feminino comumente encontradas. Alguns conceitos da psicologia analítica, como Anima e Sombra, servem de suporte teórico em nossa metodologia. Palavras-chaves: Feminino; mineiridade; representação; literatura; psicologia analítica. A produção poética de Ataulfo Alves e Drummond: a saudade da infância nos extremos de Minas Rilza Rodrigues Toledo (Mestre em Letras/CES-JF) Resumo: Neste trabalho, pretende-se re-ler as produções, analisando alguns temas do cotidiano como: a saudade da infância e da terra natal, além de outras presenças marcantes, que são, também, característicos de cultura, mineiridade e identidade nacional, delimitando a recorrência temática, em ambos uma revelação dos extremos de Minas, em flash-back, dialogando com a Literatura Brasileira. Na literatura contemporânea, as letras de canções são muitas vezes condenadas e relegadas a uma posição inferior no gênero da poesia. Esta atitude é incoerente, especialmente, quando se considera o papel fundamental da música na cultura popular brasileira da atualidade. A identidade preenche o espaço entre o interior e o exterior- entre o mundo pessoal e o mundo público. Ao projetarmos nessas identidades culturais, ao mesmo tempo em que internalizamos, seus significados e valores são externalizados. Dessa forma, algumas produções como “Meus tempos de criança” e o poema “Infância” de Drummond apareceram deixando em evidência a temática da infância, as lembranças de bons momentos vividos, uma saudade que permeia duas vidas nos extremos de Minas. Palavras-chave: Ataulfo Alves – Drummond - identidade cultural, mineiridade. Os escritos diarísticos de Lúcio Cardoso e Samuel Coleridge: exercício literáriofilosófico Rogério Lobo Sáber (Mestrando em Teoria e História Literária/UNICAMP; Professor de Letras/UNIVAS) Resumo: Os registros diarísticos do escritor mineiro Lúcio Cardoso (1912-1968) são substanciais para a compreensão de suas composições redigidas sob a forma de prosa e de poesia propriamente dita. Seus diários prestam, para além da anotação de situações cotidianas, à problematização de questões literárias e ontológicas, e tais preferências permitem-nos interpretar os volumes de seus diários como sendo espaços que o autor construiu para si mesmo a fim de poder perseguir, mais cautelosamente, conclusões e verdades acerca da natureza humana. Uma vez que as anotações diarísticas cardosianas concentram-se frequentemente sobre temas da mentalidade romântica – e.g. incompatibilidade com as obrigações sociais, nostalgia das épocas juvenis, deformação da moralidade e ironia das relações humanas – e também sobre indagações postas pelo próprio autor a respeito do fazer literário, nossa pesquisa guiase pela hipótese de que os diários cardosianos estabelecem um diálogo com os escritos diarísticos do autor inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), autor da famosa “A balada do velho marinheiro” (1798). Partimos do pressuposto de que existe, entre os Diários de Lúcio e a obra Anima poetæ, texto de Coleridge publicado em 1895, uma afinidade conteudístico-formal que merece ser explorada em prol do aprofundamento interpretativo da concepção de mundo construída pelos literatos. Por meio do método crítico-comparativo e de recenseamento bibliográfico, priorizamos nossa incursão nos textos dos autores por caminhos que, ao nos indicarem semelhanças e diferenças, tornam viáveis tanto a justa valoração das obras quanto o estudo da concepção romântica de universo, que se detém a atemporais questões de ordem filosófica. Palavras-chaves: Escrita diarística. Exercício filosófico. Lúcio Cardoso. Crônicas da memória: Alfredo Camarate e a construção de Belo Horizonte Thiago Carlos Costa (Mestrando em Literatura Brasileira/UFMG) Resumo: Nesta comunicação pretende-se apresentar as crônicas do escritor andarilho português Alfredo Camarate, escritas durante o processo de construção de Belo Horizonte. Por meio de crônicas publicadas durante o ano de 1894, no Jornal Minas Gerais, intituladas “Por entre montes e vales”, e reeditadas em 1985 na Revista do Arquivo Público Mineiro. O engenheiro-arquiteto português, membro da Comissão Construtora da Nova Capital, retratou o cotidiano do Arraial do Curral del Rey, apresentando impressões, lugarejos, ruas, hábitos alimentares, religiosos, políticos e as angústias de seus moradores durante o processo de construção da nova capital de Minas Gerais. Estas crônicas e o processo de construção da nova capital serão analisados pelo viés de autores como Sergio Buarque de Holanda, Nietzsche, Foucault, Derrida, Ricoeur, Marcio Seligmann-Silva, Le Goff, Antônio Cândido, Raymond Willians e Walter Benjamim. Assim se intenta, a partir do exposto, apresentar mais uma possibilidade de leitura dos textos produzidos durante (e sobre) o processo de construção da Nova Capital de Minas Gerais, trazendo a tona o debate em torno das noções de memória, imagem, discurso, resto, ruína, esquecimento e resíduos culturais com o foco no extinto Arraial do Curral del Rey. Palavras-chaves: Literatura; História; Belo Horizonte; Memória; Cidade. Os Novos do Suplemento: Liberdade e Experimentalismo Viviane Monteiro Maroca (Doutoranda em Literatura Comparada/UFMG) Resumo: Este trabalho visa a pensar como o discurso crítico de experimentalismo e liberdade se articulavam com a produção ficcional de alguns dos contistas do Suplemento Literário do Minas Gerais (SLMG), um dos mais longevos do país. O SLMG promoveu, em seus anos iniciais, uma importante discussão acerca do conto como um gênero literário e seu diálogo com a tradição, seja do conto como gênero, seja da literatura brasileira pregressa. O diálogo se deu através de entrevistas com contistas mineiros e brasileiros dos anos 60-70, séries literárias que propunham apresentar contistas novos, teorias do conto, reflexões acerca das teorias do conto e, até mesmo, uma espécie de manifesto publicado em 1970, O conto atual, o qual se desdobrou em seis números do semanário. Esta série tornou-se um paradigma para pensar o gênero, naquele momento, entre este grupo de escritores. De um modo geral, a palavra de ordem do momento entre aqueles jovens escritores foi liberdade, que era não apenas um eixo temático comum entre os contos publicados, mas também sustentava um discurso de experimentação da forma entre alguns dos contistas que se tornaram conhecidos através das páginas daquele jornal - como Sérgio Sant’Anna, Jaime Prado Gouvêa, Luiz Vilela, Humberto Werneck. Propõe-se também discutir a relação entre a liberdade- seja do ponto de vista temático, seja do experimentalismo do gênero conto – com as condições históricas de repressão e censura nos anos mais ferrenhos da ditadura militar no Brasil. Palavras-chaves: conto; Literatura Brasileira; Suplemento Literário do Minas Gerais; experimentalismo; anos 60 e 70.