a energia térmica necessária ao processo. O mesmo estudo poderia ser feito para os processos produtivos de outros combustíveis convencionais ou alternativos. Para os demais processos da indústria química, o estudo também poderia ser feito procurando determinar o consumo específico de energia por unidade de massa produzida [kJ/kg de produto], para embasar e implementar programas de eficiência energética. Esses dados poderiam sugerir uma reflexão mais geral, como colocada pelo jornalista Clóvis Rossi³: “a emergência ambiental que se está dando em cidades chinesas faria soar todos os alarmes [final de 2012]: o mundo está vivendo uma situação de mudança climática que anuncia uma catástrofe em algum momento futuro”. E prossegue: “o altíssimo custo dos desastres causados por fenômenos climáticos extremos é reconhecido pelos relatórios da PricewaterhouseCoopers, do Fórum Econômico Mundial e pelo grupo segurador Zurich, e não mais apenas pelos chamados grupos ambientalistas”. Conforme publicado na Folha de S. Paulo4: “em 2012, os prejuízos decorrentes de catástrofes relacionadas ao clima alcançaram US$ 160 bilhões no mundo inteiro, segundo a Munich Re, uma das maiores companhias de resseguro”. Nesse cenário citado, o uso da energia é um fator preponderante no aspecto ambiental e econômico. Em grande escala, órgãos internacionais e governos locais podem fazer políticas que integrem essas ações de preservação ambiental, que, quando implementadas, têm uma enorme abrangência; todavia, os consensos são demorados, conforme se pode depreender da leitura do livro de Celso Amorim5. Porém, todos aqueles que atuam diretamente em um único processo podem refletir sobre ele e melhorá-lo rapidamente do ponto de vista energético, com o intuito de preservar o meio ambiente e reduzir custos. No exemplo que descrevemos, da produção de biodiesel, percebe-se que 76,4% do consumo de energia térmica ocorre no refervedor e no stripper da recuperação do metanol. É de pc fev.indd 27 se imaginar que outras tecnologias poderiam ser desenvolvidas, como a de separação por membranas, especificamente para a mistura glicerol-metanol, a fim de reduzir o consumo de energia nesta etapa do processo. Ao mesmo tempo, quando se observa o nível das temperaturas envolvidas no processo, percebe-se que 23,6% da energia consumida nele está abaixo de 100°C. Esta energia poderia ser fornecida, por exemplo, por meio de óleo térmico aquecido a 150°C, enviado aos trocadores de calor por meio de um campo de coletores de radiação solar com conversão térmica. Persistir na situação cômoda de afirmar que o alternativo é caro e que o processo sob nossa responsabilidade é bom como está é tudo aquilo que o diabo quer para manter aberta a porta do inferno ambiental. Gerencialmente, é preciso colocar pessoal específico para estudar esses aspectos de melhorias, pois as equipes de produção e manutenção já estão por demais carregadas para assumir mais tarefas, todavia deverão se engajar firmemente nas mudanças. Enfrentar a questão energético-ambiental é dever de todos nós. n 27 Para saber mais, recomendo: 1. Tapasvi et al.¹ - Process Model for Biodiesel Production from Various Feedstocks. American Society of Agricultural Engineers, v48, p.2215-2221, 2005. 2. Regiane Adelina Borella Costa - Estudo das Eficiências de Operação e Consumo de Energia em Plantas de Produção de Biodiesel. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica USP. 2009. 3. Clóvis Rossi - É tempo de fechar a porta do inferno. Folha de S. Paulo. Mundo. 17 de janeiro de 2013. P. A20. 4. O ar que se respira. Folha de S. Paulo. 26 de janeiro de 2013. P. A2 5. Celso Amorim - Conversas com jovens diplomatas. Benvirá. 2011. Cap. 10. P.255-262. 6. Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética. Pece Programa de Ensino Continuado em Engenharia. Curso de Especialização. www.pecepoli.com.br 05/03/2013 16:20:31