Relatório/reflexão para a assembleia da AMA 2015 No seu livro “Com as cicatrizes do apartheid” o autor neozelandês Michael Lapsley conta a sua atuação de apoio à luta de resistência contra o apartheid na África do Sul. Por causa de seu envolvimento nessa luta, ele sofreu um atentado através de uma carta bomba, do qual ele sobreviveu por um milagre, tendo perdido uma vista e as duas mãos. Num certo momento ele conta a seguinte história sobre o Santo Laurêncio, um mártir cristão do segundo século, a quem os perseguidores romanos ordenaram que entregasse as riquezas da Igreja como tributo. É claro que os romanos esperavam receber ouro e prata. Em vez disso Laurêncio levoulhes pessoas idosas, doentes, cegos e deficientes físicos. E disse-lhes: “Vejam, eles/elas são a riqueza da Igreja”. O autor do livro concorda que a riqueza da humanidade são todas as pessoas deficientes e/ou fragilizadas como ele. E diz: “Nós somos uma expressão clara de que a vulnerabilidade e a doença fazem parte da vida humana. Através de nossa necessidade de ajuda (”Hilfebedürfnis”) nós tornamos visível a dependência das pessoas entre si.. Nós evocamos o dom da simpatia (“Mitgefühl”) nos nossos próximos “Mitmenschen”) e assim os fazemos ver que nós necessitamos uns dos outros e nunca conseguimos ser totalmente gente sozinhos. Dito de outra forma: Uma pessoa só se torna gente através de outra gente”! O autor diz ainda: “Quando pessoas deficientes como eu pedem um lugar ao sol, nós esperamos de nossos próximos não apenas que eles sejam simpáticos conosco. Mas nossa mensagem é: “Sem nós, vocês nunca conseguirão estabelecer uma comunhão plena. Não tentem apenas incluir-nos na comunhão de vocês, mas queremos participar do processo de sua construção”. Ao confrontar-me com essas idéias, lembrei-me da AMA. Mesmo que muitas vezes a gente, como associado/a, pense muito mais naquela lógica de custo e benefício, ou seja, como podemos garantir para nós e os nossos um bom atendimento quando estamos doentes. E nem sempre nos damos conta de que carregamos no nome de nossa associação o compromisso do mútuo auxílio, de estar dispostos a amparar-nos e a carregar-nos mutuamente em situações de fragilidade e de sofrimento. Por pertencermos à mesma família da fé, a preocupação pelo próximo deveria ser sempre colocada, pelo menos, no mesmo nível de nossos interesses e sentimentos pessoais. A AMA, através de seus associados e associadas é a riqueza de todos nós. E, por isso devemos assumir o compromisso de cuidar bem dela. Não tentar exaurir ao máximo os seus recursos, pensando apenas em nossas necessidades pessoais. Mas ter sempre em mente que 1534 associados dependem desses recursos. E é evidente que uns sempre vão precisar mais recursos do que outros. E assim, com o esforço conjunto e solidário, nós seremos capazes de construir uma AMA forte, com muita gente que se torna gente através de outra gente. Tendo essa reflexão como fundamento, quero ressaltar algumas atividades que foram importantes para o crescimento qualitativo da AMA: 1. Desde janeiro deste ano, por imposição da ANS, o plano de saúde que temos junto a UNIMED passou a ser regulamentado. Isso tem como consequência que a Receita Federal reconhece o pagamento das mensalidades dos/as associados/as como despesas com saúde, sendo desta forma dedutíveis do Imposto de Renda. Esse fato veio ao encontro do anseio que todos os associados tinham desde a criação da AMA. Portanto, podemos soltar muitos foguetes. Mas quero lembrar mais uma vez que as despesas só poderão ser deduzidas a partir da declaração do IR de 2016, relativo aos pagamentos das mensalidades feitos em 2015. 2. Esperávamos que essa notícia motivasse ministras e ministros a uma maior adesão à AMA. Porém isso ainda não ocorreu. Por isso é importante que todos nos empenhemos para ajudar a motivar aqueles e aquelas que ainda não o fizeram. 3. Continua em fase de implantação a preocupação pela saúde preventiva. É um processo que deve ser amadurecido aos poucos, visando estabelecermos juntos um modo de vida que propicie uma vida saudável de todos os associados da AMA. Entendemos que esta preocupação deveria estar presente de forma mais oficial na pauta da IECLB, valorizando o lema que norteia a atuação dos seus dirigentes: Cuidar bem do bem da IECLB. Por parte da AMA estamos sugerindo que, juntos possamos aprofundar a reflexão sobre esse assunto. Lembramos que no passado se falava na IECLB, por exemplo, da criação de um lugar para o restabelecimento de ministras e ministros em situação de burnout, stress, tratamento intensivo de saúde e outras situações de fragilização dos mesmos. Na época se falava de uma “casa de restauro”. Achamos que o assunto está “caindo de maduro”. Será que não deveríamos voltar a ocupar-nos mais seriamente com o assunto? 4. A diretoria assustou-se um pouco no ano passado, bem como no início deste ano, com as altas somas que tivemos nos pagamentos das faturas à UNIMED. Chegamos a uma situação onde as despesas quase empataram, ou até, foram maiores que as entradas mensais de contribuições. Mas, como vocês verão logo mais na avaliação atuarial, a situação está dentro de um quadro de normalidade. 5. No mais podemos dizer que todas as atividades estão ocorrendo dentro das nossas expectativas. Temos uma boa equipe de trabalho, formada pela Isabel, a Rosane, a Manoela e o Carlos, que desempenham bem suas atividades. Aproveitamos para expressar nossos agradecimentos pelo trabalho que ele e elas realizam com muita responsabilidade. Isso inclui todas as pessoas que nos ajudam a bem gerir a AMA, ou seja, o Amauri, o Álvaro, o Carlos Henrique, junto com sua equipe atuarial, os membros do Conselho Fiscal e da Diretoria. Também a eles e elas expressamos o nosso profundo agradecimento. E, não por último, muito obrigado a todos associados e associadas pela confiança que continuam depositando não só na equipe que assume a responsabilidade pela gestão da AMA, mas também na proposta de seu plano de saúde. Que todos juntos continuemos a cuidar bem do bem da AMA. Obrigado a todos e todas pela presença. Rui Bernhard Em nome da Diretoria da AMA