FORTALEZA
DE SANTA CRUZ
Sítio Histórico
do Exército Brasileiro
A Fortaleza de Santa Cruz da Barra,
considerada uma das mais belas fortificações da costa brasileira, teve suas
primeiras edificações construídas há
quase cinco séculos com o objetivo de
defender a entrada de navios inimigos
na Baía de Guanabara. Na época, as invasões francesas eram iminentes. A fortaleza é um marco registrado em nossa
história. Atualmente, além de abrigar o
8o Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, é um ponto turístico importante
na cidade de Niterói, tendo visitação turística intensa. Para que possamos entender a imponência desta belíssima
obra e de sua arquitetura, faz-se necessário voltarmos ao passado para revivermos as passagens históricas que culminaram com sua atual configuração.
ANO I – Nº 1 – JAN/JUN 2001
Tenente-Coronel de Artilharia
Carlos Chagas dos Santos
O Passado Revivido
O Vice-Almirante francês Nicolau Durand
Villegagnon em 1555 improvisou uma fortificação para a defesa da França Antártica, colocando então duas peças de artilharia sobre o promontório na entrada da baía. Em 1567, com a
expulsão final dos invasores franceses, começou
a ocupação militar lusitana em Niterói. Entre
1568 e 1572 foram construídas fortificações então denominadas inicialmente de Bateria Nossa
Senhora da Guia.
Já em 1599 seus canhões sofreram a prova de fogo inicial, pois até então não haviam
entrado em ação. O corsário holandês Oliver
Van Noord é rechaçado em sua tentativa de
penetrar na Baía de Guanabara. Este seria seu
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A majestosa fortificação vista por quem
entra na Baía de Guanabara
Foto – Jayme Moreira Crespo Filho
batismo de fogo. Em 1612, já com vinte bocas
de fogo, a fortificação recebeu a denominação
de Fortaleza de Santa Cruz da Barra. Neste
mesmo ano foram construídas a capela original e as prisões.
Em fins do século XVII e início do século
XVIII, tendo a nobre missão de controlar a en-
trada de navios na baía, são realizadas novas
obras de ampliação. Em 1710, suas baterias são
postas novamente em ação, repelindo a tentativa de invasão do corsário francês Duclerc. Já
em 1715 a fortaleza foi levada a última perfeição, recebendo novas peças de artilharia. Contava então com 53 peças, o maior volume de
Bateria de Santa Tereza (Bateria do Imperador). Ao fundo a bela vista
da Cidade do Rio de Janeiro com o Pão de Açúcar em destaque
Foto – Jayme Moreira Crespo Filho
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ANO I – Nº 1 – JAN/JUN 2001
fogo dos fortes do Rio de Janeiro. Em 1730 totalizava 135 canhões em constante prontidão.
Suas edificações começam a
partir daí a tomar o aspecto atual,
verdadeira obra arquitetônica de
fortificação da colonização portuguesa no Brasil. Suas muralhas foram construídas com pedras já cortadas e numeradas vindas de Portugal. A fortaleza mantém-se majestosa até os dias atuais. Em seu
interior encontram-se vários locais
que imortalizam passagens de nossa história. As celas, os salões de
pedra, a capela e o paredão de fuzilamento nos mostram a riqueza
de seu interior em inúmeros detalhes. O relógio de sol construído
em 1820, o local da forca e a cisterna são alguns pontos do passado desta edificação.
Interior da fortaleza, que,
ao caminharmos por ele, nos leva ao passado
Foto – Oswaldo Forster
Foto – Jayme Moreira Crespo Filho
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Salão de Pedra, originalmente um paiol
onde eram guardadas as munições e que hoje
é utilizado para recepções solenes
Foto – Oswaldo Forster
Na primeira metade do século XIX, motivado por redução do orçamento público, a fortaleza
manteve um contingente reduzido. Sofreu um desarmamento quase que total. Devido à Questão
Cristie, em que o Brasil se envolveu com a Inglaterra, casamatas foram construídas para aumentar seu
poderio bélico. A ameaça inglesa culminou com a
reconstrução da fortaleza. Neste mesmo ano foi
Planta da Fortaleza no ano de 1764 por ocasião
da reforma feita pelo Conde de Cunha
Foto – Ricardo Siqueira
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lançada a pedra fundamental da bateria do primeiro andar, a Bateria 25
de Março. Em 1880, já estavam concluídas as 41 casamatas. Em 1872,
recebeu dois canhões Amstrong
155mm e dois canhões Whitworth
120mm, passando então a ser constituída por seis baterias.
Com a Revolta da Armada,
suas fortificações sofrem diversas
avarias, e em 1896 recebe novamente obras de recuperação. Passam-se
os anos e a fortaleza mantém-se inabalável por todo o século XX.
Percorrer o interior da Fortaleza de Santa Cruz é fazer uma viagem de volta ao passado e reviver
momentos marcantes de nossa história. Estar dentro dela é contemplar um verdadeiro tesouro envolto por muralhas incólumes ao tempo e guardado por canhões centenários. Palco de importantes acontecimentos na evolução do Brasil,
a fortaleza resistiu bravamente às
invasões européias, tornando-se atu-
Uma das escadas e pátio interno.
Uma ponte levadiça que lhe dava acesso
tornou-se obsoleta e foi substituída
por um caminho. Ao redor,
um fosso constituía obstáculo a
eventuais ataques
Foto –– Oswaldo
Oswaldo Forster
Forster
Foto
Placa em latim, de 1872, homenageando D. Pedro II como o
Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil
Foto – Oswaldo Forster
Os funcionários civis Murillo Machado e
Nicanor King de Abreu, que faziam o abastecimento por
mar de mantimentos e água para a fortaleza, quando ainda não
havia o acesso por terra. Trabalham até hoje na fortaleza
Foto – Jayme Moreira Crespo Filho
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Uma das mais belas vistas da
Cidade do Rio de Janeiro, possível somente
desse ponto – Fortaleza de Santa Cruz
Foto – Jayme Moreira Crespo Filho
almente um ponto turístico que possui uma vista privilegiada da Baía de Guanabara. Servindo
de cenário para produções de TV e do cinema,
suas belezas já percorreram o mundo.
Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1939, a Fortaleza de Santa Cruz tem
atraído grande número de turistas. Erguida em
Jurujuba, em ponto estratégico na entrada da
baía, mantém-se intacta até hoje. Por trás de rastros históricos que o tempo tentou, mas não conseguiu apagar, escondem-se cultura, história e,
principalmente, uma incontestável beleza natural e arquitetônica. Muralhas, canhões, rochedos
e o mar podem ser contemplados pelos visitantes, que inseridos nas construções centenárias
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podem transportar-se a momentos importantes
da história brasileira.
Os visitantes podem conhecer as instalações
da fortaleza com soldados treinados como guias
turísticos que darão informações detalhadas de
seu interior. Os primórdios da obra e a passagem
de importantes personalidades da nação por ali
podem ser contados também por antigos funcionários, como o Sr Murillo Machado e o Sr
Nicanor King de Abreu, funcionários civis que
prestam serviço à fortaleza desde 1953.
A Fortaleza de Santa Cruz está aberta
à visitação diariamente das 9 às 17 horas
ANO I – Nº 1 – JAN/JUN 2001
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08 - Fortaleza de Santa Cruz