Anais do IX Seminário de Iniciação Científica SóLetras – CLCA – UENP/CJ - ISSN 18089216
MARIA CAREY E ANA BOLENA: UM ESTUDO DAS PERSONAGENS FEMININAS
NO ROMANCE HISTÓRICO A IRMÃ DE ANA BOLENA, DE PHILIPPA GREGORY
Ederson da Paixão
(Integrante do Projeto de Pesquisa “Os Primeiros Dramas Elisabetanos” – GP “A Arte
Teatral: Conceituação, História e Reflexões” – CLCA – UENP/JC)
Fernanda de Cássia Miranda
Mônica de Aguiar Moreira Garbelini
(Orientadoras - Projeto de Pesquisa “Os Primeiros Dramas Elisabetanos” – GP “A Arte
Teatral: Conceituação, História e Reflexões” – CLCA – UENP/JC)
RESUMO
Pretende-se através desta pesquisa de cunho bibliográfico realizar um breve, mas considerável
estudo sobre duas irmãs e amantes de forte personalidade da história inglesa, que
protagonizaram um dos períodos mais conturbados de toda a história: trata-se de Maria Carey
e Ana Bolena as quais, através de seu envolvimento com Henrique Tudor, contribuirão para
com a transformação da Inglaterra. Filhas de Thomas Bolena e Elizabeth Howard, ambas as
irmãs, de forte personalidade, se tornarão cúmplices no intuito de garantir a ascensão social de
sua família. O presente estudo pretende, portanto, apresentar um estudo acerca das
características de ambas as figuras femininas, de modo a analisar suas personalidades e
cumplicidades, tendo como base o romance histórico A Irmã de Ana Bolena, da escritora
inglesa Philippa Gregory.
Introdução
A presente pesquisa pretende traçar um estudo das personagens femininas
protagonistas do romance histórico A Irmã de Ana Bolena, da escritora inglesa Philippa
Gregory. Nos dias atuais podemos encontrar uma forte ligação entre a história e a literatura,
tal como pode ser visto no romance histórico de Philippa Gregory, que é Ph. D. em literatura
do Século XVIII, e que passou três anos pesquisando a Inglaterra do século XVI. Dessa forma
percebemos que a comunicação literária é um contato entre a historicidade do receptor e a
historicidade do emissor (MANCINELLI, 1995, p. 84), e que a língua (nesse caso a Inglesa) é
tida “(...) como um veículo natural de comunicação” (BURGESS, 2005, p. 17).
Convém ressaltar que a autora faz uso de sua licença poética para escrever
tal obra. Pode-se destacar que a Corte dos Tudor foi a mais conturbada de toda a história
durante o reinado de Henrique VIII. Casado com Catarina de Aragão e infeliz por não ter um
filho homem que pudesse sucedê-lo ao trono, o soberano busca em outros relacionamentos
paralelos a “solução” para seus problemas. Em meio a tais conflitos aparecerão as figuras de
Maria Carey e Ana Bolena, as “Irmãs Amantes”. Assim sendo verifica-se que, ao adentrar o
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leito do soberano, ambas as irmãs contribuirão consideravelmente para a transformação da
História da Inglaterra.
Dessa maneira, convém destacar que o principal objetivo desse estudo está
em apresentar a influência das irmãs Bolena na vida de Henrique Tudor. Além disso esperase, ainda:
•
Identificar algumas características de ambas as irmãs na luta pela conquista do amor
do mesmo rei;
•
Verificar a influência das irmãs Bolena para o conturbado período em questão, bem
como a rivalidade apresentada entre ambas na disputa pelo amor do mesmo rei;
•
Reconhecer a importância das duas jovens para a formação e transformação da história
da Inglaterra.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa será realizado um estudo
bibliográfico, embasado por diferentes teóricos, de modo a possibilitar a construção de novos
conhecimentos, pois como destaca DEMO (1990, p. 99), “(...) o centro da pesquisa é a arte de
questionar de modo crítico e criativo, para, assim, melhor intervir na realidade”.
As irmãs Bolena; Breve relato
O fato de relatar acontecimentos que há tempos ocorreram não é uma tarefa
tão simples como se imagina, especialmente quando temos que apontar para datas importantes
ou fundamentais para a compreensão de determinado acontecimento. Dessa maneira, ao
apresentar um breve relato sobre a vida de Ana Bolena, as datas utilizadas serão tomadas
como um marco temporal, podendo sofrer algumas alterações dependendo do estudo de certos
estudiosos ou historiadores.
A Corte Tudor foi a mais conturbada de toda a história durante o reinado de
Henrique Tudor. Casado com Catarina de Aragão e infeliz por não ter um filho homem que
pudesse sucedê-lo ao trono, o soberano busca em outros relacionamentos paralelos a
“solução” para seus problemas. Em meio a tais dificuldades aparecerão duas jovens, Maria
Carey e Ana Bolena, as “Irmãs Amantes”, as quais farão de tudo para satisfazer os desejos do
rei e garantir a ascensão social de sua família. A primeira delas foi apenas um rápido
envolvimento com o soberano, por outro lado, a segunda conseguiu o casamento com
Henrique Tudor após sua separação de Catarina de Aragão e a criação do Anglicanismo na
Inglaterra.
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De acordo com pesquisadores, Lady Ana Bolena teria nascido entre os anos
de 1500 e 1507. Ainda adolescente teria deixado a Inglaterra para trabalhar como dama de
companhia das rainhas Margarida, da Áustria, e Cláudia, da França, encantando-se pelos
costumes locais. Muito educada, demonstrava um especial interesse por literatura, moda e
filosofia, os quais contribuíram para a formação de sua forte personalidade sendo muito astuta
e autoconfiante, requisitos elevados se comparados aos ideais das demais garotas de sua idade
e época.
Nesse período, o posto de amante de Henrique VIII já era ocupado por sua
irmã mais velha, Maria Carey, talvez a amante mais famosa do soberano a qual, ao se
envolver com o mesmo, tinha apenas 14 anos de idade e já era casada. Ao se apaixonar por
sua beleza, esta se rende aos seus amores e se afasta de seu esposo. De acordo com
estudiosos, Maria não teria sido amante apenas de Henrique VIII, mas também do rei francês,
e de mais alguns rapazes.
Há também relatos que ressaltam o fato de que sua irmã mais nova teria
regressado à Inglaterra de modo a entreter os olhos do rei enquanto esta estava esperando por
um filho. Foi o que realmente fez, e o fez tão bem que entreteu não apenas os olhos. Segundo
pesquisadores, Lady Ana Bolena, filha caçula do diplomata Thomas Bolena e de Lady
Elizabeth Howard, teria nascido entre os anos de 1500 e 1507. Ainda em sua adolescência,
deixa a Inglaterra para trabalhar como dama de companhia das rainhas Margarida, da Áustria,
e Cláudia, da França, encantando-se pelos costumes locais.
No ano de 1521, aproximadamente, teria retornado à Inglaterra devido aos
desentendimentos entre o rei Henrique VIII, soberano da Inglaterra, e o rei da França
Henrique I. Logo acaba por se tornar dama de companhia da rainha Catarina de Aragão, sua
futura rival na disputa pelo amor do rei e do trono da Inglaterra. De volta ao seu país, teria
despertado o amor de Henry Percy com quem teria até mesmo se casado às escondidas, porém
tivera seu relacionamento proibido, supostamente uma exigência do rei, já apaixonado por ela.
Vale destacar, ainda, que Ana Bolena (a amante que se tornou esposa), tornou-se inspiração
para todas as garotas livres da Inglaterra (GREGORY, 2011, p. 442), tendo uma morte trágica
e muito discutida e comentada até os dias de hoje.
Supostamente Ana Bolena teria resistido ao amor do rei durante cinco anos.
Durante este período, muitos outros homens de sua época disputavam por seu amor, porém
quando Henrique VIII começa a demonstrar interesse pela jovem, todos os candidatos
cederam espaço. Extremamente esperta, a jovem soube atrair cada vez mais os olhares do rei,
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que a queria apenas como uma de suas amantes, e fazia questão de afirmar que se renderia
apenas a quem a desejasse como esposa. Com a rejeição da jovem, os avanços de Henrique
Tudor aumentavam ainda mais e, no ano de 1526, visando seu casamento com Ana Bolena, o
soberano pede a anulação de seu matrimônio com Catarina de Aragão (incapaz de conceber
um filho homem), para ser seu marido. Esse conturbado processo teria durado seis anos,
abalando todas as estruturas políticas, religiosas e sociais da Inglaterra.
Com base em certos relatos históricos, Ana Bolena já desfilava ao lado de
Henrique Tudor em eventos públicos antes mesmo de ser sua esposa. O casamento entre
ambos teria ocorrido apenas em 1533, no dia 25 de janeiro e Ana já estaria grávida. Sua
coroação teria acontecido no dia 1º de junho do mesmo ano, na Abadia de Westminster, em
uma esplêndida festa, onde o casal estava radiante com a chegada de seu filho que, de acordo
com as previsões de astrólogos e médicos de confiança, seria o tão esperado herdeiro homem.
Por esse motivo, o nascimento de Elizabeth no dia 7 de setembro do mesmo ano serviu como
um dos fatores a levar Ana Bolena à sua condenação.
Ana Bolena já rainha da Inglaterra, foi atingida por diversos boatos sobre
seu suposto adultério com homens da própria corte, bem como com seu próprio irmão George
Bolena, e os súditos não aprovavam seu posto de rainha, já que tinham Catarina de Aragão
como uma rainha muito amada. Devido aos desgostos do rei, algumas especulações, e um
verdadeiro obstáculo no caminho dos interesses da Inglaterra, Ana Bolena, aos 36 anos de
idade, incapaz de dar à luz um filho homem, no dia 19 de maio de 1536 caminha rumo ao
cadafalso da Torre de Londres.
Antes de ser decapitada a golpe de espada, a jovem esposa de Henrique
Tudor teria ficado ajoelhada e vendada no cadafalso, encomendado sua alma a Deus e pedido
ao Senhor misericórdia de seu próprio marido. Depois do ocorrido, a futura rainha Elizabeth I
teria sido levada por Maria Carey que teria cuidado da mesma, efetivando, assim, a
importância de sua figura para a história da Inglaterra, não apenas como amante de Henrique
Tudor.
Considerações finais
Tendo como base o presente trabalho, pretendeu-se em apresentar um breve
relato de Ana Bolena e Maria Carey enquanto irmãs e amantes do mesmo rei de modo a
contribuir para com a ascensão social de sua família.
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Sem dúvida alguma a presença de ambas as personagens femininas na obra
de Philippa Gregory tendem a contribuir muito para com a compreensão de um pequeno
espaço de tempo da história da Inglaterra. De acordo com o que foi constatado, cabe destacar
que o envolvimento de Henrique VIII com as duas jovens deixa transparecer um pouco sobre
a vida conturbada do mesmo. É de suma importância ressaltar que os dados apresentados no
romance não representam com total fidelidade a real história da corte dos Tudor durante o
reinado de Henrique VIII e seu envolvimento com as irmãs Bolena, já que Philippa Gregory
faz uso de sua licença poética para escrever tais apontamentos.
Mesmo se tratando de um conteúdo que desperta interesse a uma pequena
parcela da população em especial, o presente livro consiste em uma ótima opção de leitura
para quem gosta de aventuras e de fatos reais. De forma clara e objetiva, a escritora inglesa
soube apresentar alguns anos da vida do soberano mais conturbado que a Inglaterra já teve em
poucas páginas, tornando sua obra acessível a todos que gostam da prática da leitura ou do
assunto.
Alguns dos fatos apresentados são muito polêmicos, visto que há certas
divergências até mesmo entre pesquisadores do mundo todo para com fatos tais como sobre o
caso de que Ana Bolena talvez não fosse culpada de crime algum e que Catarina de Aragão
teria algum tipo de culpa por não conseguir gerar nenhum filho homem para seu marido.
Dessa maneira, a temática aqui apresentada pode ser uma opção para pesquisas mais
aprofundadas sobre a corte Tudor, mais polêmica de toda a história, discutida e comentada até
os dias de hoje.
O presente estudo não teve o propósito de esmiuçar os dados aqui
apresentados, e não se esgota, portanto, nessa breve abordagem.
Referências
BURGESS, Anthony. A Literatura Inglesa. São Paulo: Ática, 2005.
GREGORY, Philippa. A Irmã de Ana Bolena. Tradução de Ana Luiza Borges. Rio de Janeiro:
Record, 2011.
MANCINELLI, Laura. Literatura e “pessoa histórica”. Papéis Avulsos (Assis), v. 1, 1995, p.
81-98.
Filmografia Consultada
The Other Boleyn Girl. Justin Chadwick. Inglaterra/EUA: Imagem Filmes, 2008, 115 min.
Dublado. Colorido.
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Para citar este artigo:
PAIXÃO, Ederson da. Maria Carey e Ana Bolena: um estudo das personagens femininas no
romance histórico A irmã de Ana Bolena, de Philippa Gregory. In: IX SEMINÁRIO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA SÓLETRAS - Estudos Linguísticos e Literários. 2012. Anais...
UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro de Letras, Comunicação e Artes.
Jacarezinho, 2012. ISSN – 18089216. p. 537-542.
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