UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras”. SISTEMA DE COMPOSTAGEM EM RESÍDUO DOMICILIAR URBANO-CONDOMINÍO RESIDENCIAL ITÁLIA MATIAS ALFREDO AIKES FOZ DO IGUAÇU – PR 2011 II MATIAS ALFREDO AIKES SISTEMA DE COMPOSTAGEM EM RESÍDUO DOMICILIAR URBANO-CONDOMINÍO RESIDENCIAL ITÁLIA Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da Faculdade Dinâmica das Cataratas (UDC), como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. Prof(a). Orientador(a): Francieli Panazzolo FOZ DO IGUAÇU – PR 2011 III TERMO DE APROVAÇÃO UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS SISTEMA DE COMPOSTAGEM EM RESÍDUO DOMICILIAR URBANOCONDOMINÍO RESIDENCIAL ITÁLIA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL Acadêmico(a): Matias Alfredo Aikes Orientadora: Ms. Francieli Panazzolo Nota Final Banca Examinadora: Prof(ª). Ms. Marlene Cristina de Oliveira Laurindo Prof(ª). Dr. Eduardo Trindade Foz do Iguaçu, 22 de novembro de 2011. IV DEDICATÓRIA A Maria Angélica Touceda, por todas as lutas e vitórias conquistadas em sua vida, por ensinar o quão importante é a família, e sua dedicação incondicional a seus filhos, está vitória é sua acima de tudo. V AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus responsável por tudo que acontece e vai acontecer em minha vida. Existem muitas pessoas a agradecer, a minha família por todo o apoio e por sempre me amarem apesar de minhas ausências, em destaque a minha irmã por sempre me aguentar e a minha mãe pelo apoio incondicional, aos professores da UDC que me ajudaram nesta caminhada dividindo seus conhecimentos, força e atenção, em especial a minha orientadora neste trabalho Francieli Panazzolo, a professora Paula Vergilis e ao coordenador Martin Engler por sua dedicação ao curso, e ao Laboratório Biosollo, em especial na figura do docente Alexson Bobato por sua participação e contribuição neste trabalho. Aos meus amigos por entenderem a minha ausência em determinados momentos, devido aos estudos, em especial a Diego Pardinho, Fábio Almeida, Alan Gregório, Gabriel Pan, Luiz Carlos Defendi Junior e Ricardo Muller. Em posição especial aos meus colegas de turma, Felipe Bruxel pelo apoio e amizade incondicionais, ao Rondinelli Steinmacker por sua alegria sempre gerando risadas entre todos, Rodrigo Baduco por seu companheirismo e dedicação, Felipe Eckert por sua fidelidade e parceria constantes, a vocês agradeço em grande parte, pois não sei se conseguiria chegar ao final desta etapa da minha vida sem a amizade de vocês, tenho certeza que aprendemos muito uns com os outros, e certo de que sempre estaremos juntos, agradeço a Deus por vocês aparecerem em minha vida, mais que amigos nos tornamos família. Agradeço por fim aos meus colegas “caipiras”, Noal, Bendo, Lazzeris, Trentin, Zílio, Soethe, por essa parceria e muitas risadas no decorrer destes 5 anos, vocês com certeza tornaram tudo mais fácil, desejo tudo de melhor a vocês sempre. VI EPÍGRAFE “O sol, a terra e as estrelas teriam desaparecido há muito tempo, se estivessem ao alcance dos predadores humanos.” Havelock Ellis VII Aikes, Matias Alfredo. Sistema de compostagem em resíduo domiciliar urbano condomínio residencial Itália, 2011. Trabalho de avaliação de graduação – Faculdade Dinâmica Cataratas. RESUMO RESUMO: Este estudo visa aplicar um sistema de compostagem em resíduo domiciliar orgânico, ou seja, a transformação do rejeito orgânico através da ação de microrganismos, em adubo ou húmus. Foi utilizado o processo de leira revolvida para aplicação da compostagem, visto que este é o mais viável e o que melhor se adapta dentro das condições encontradas no local. Nesta leira serão monitorados parâmetros como: acompanhamento da temperatura, umidade, dimensão das partículas, visando proporcionar um ambiente favorável para a compostagem e consequentemente uma excelência no processo. Após a completa humificação o composto foi analisado em laboratório a fim de se obter o teor de máteria orgânica e umidade, outra porção da amostra foi enviada ao laboratório Biosolo para se obter uma analise completa do composto. Pretende-se através deste estudo, diminuir consideravelmente e/ou se possível em sua totalidade encerrar o encaminhamento do resíduo orgânico para o aterro sanitário, dando a ele uma destinação ecologicamente viável e correta. PALAVRAS-CHAVE: substrato, rejeitos orgânicos, húmus. VIII Aikes, Matias Alfredo. Composting System In Urban Household Waste Residential Condominium Italia, 2011. Job evaluation degree - College Dynamics Falls. ABSTRACT ABSTRACT: This study aims to apply a system of composting organic household waste, in other words, the transformation of organic waste through the action of microorganisms in compost or humus. Will use the process of windrow turned for application of compost, as this is the most viable and best suited under the conditions found at the site. This swath will be monitored parameters such as monitoring temperature, humidity, particle size, aiming to provide a favorable environment for composting and therefore a process excellence. After complete humification the compound was analyzed in the laboratory to obtain the organic matter content and moisture, another portion of the sample was sent to the laboratory biosolids to obtain a complete analysis of the compound. It is intended through this study, significantly reducing and / or in its entirety can terminate the routing of organic waste to landfill, giving him a viable and environmentally correct disposal. KEYWORDS: substratum, organic wastes, humus. IX LISTA DE FIGURAS Figura 1- Distribuição ambiental da matéria orgânica do solo. ..................................................19 Figura 2-Curva padrão de variação de temperatura durante o processo de compostagem...24 Figura 3-Variação do pH com o tempo de compostagem. .........................................................25 Figura 4-Vista aérea do local. .......................................................................................................31 Figura 5-Acondicionamento dos resíduos. ..................................................................................32 Figura 6-Disposição inicial dos resíduos para análise gravimétrica..........................................33 Figura 7-Leiras 1, 2 e 3 em diferentes estágios de produção do composto. ............................35 Figura 8-Processo inicial de fabricação das leiras. .....................................................................35 Figure 9-Utilização de lona na leira. .............................................................................................36 Figura 10-Disposição das leiras. ..................................................................................................36 Figura 11-Amostras coletadas. .....................................................................................................39 Figura 12-Cadinhos e mufla utilizados para a determinação do teor de M.O. .........................40 Figura 13-Estufa e balança utilizada para determinação de umidade. .....................................41 Figura 14-Composição percentual dos resíduos sólidos-Residencial Itália(%)........................44 Figure 15-Composição percentual dos resíduos sólidos, Jardim São Paulo-Foz do Iguaçu. .45 Figure 16-Variação da temperatura nas leiras durante a produção do composto. ..................46 X LISTA DE TABELAS Tabela 1- Estimativas Brasileiras de produção de resíduo por dia. ..........................................15 Tabela 2-Valores estabelecidos como parâmetros de controle para o composto orgânico....19 Tabela 3- Relações C:N de diferentes resíduos viáveis para compostagem. ..........................28 Tabela 4-Quantidade média dos resíduos gerados. ...................................................................32 Tabela 5-Tratamento interno dos resíduos Sólidos e sua quantidade média. .........................42 Tabela 6-Planilha de determinação da composição física dos Resíduos sólidos....................43 Tabela 7-Medição e monitoramento da temperatura das leiras. ...............................................45 Tabela 8-Análise granulométrica do composto. ..........................................................................47 Tabela 9-Teor de matéria orgânica do composto totalmente humificado. ................................48 Tabela 10-Umidade do composto totalmente humificado. .........................................................50 Tabela 11- Resultados obtidos no composto analisado pelo laboratório Biosollo. ..................51 XI SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................. VII ABSTRACT............................................................................................................. VIII LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. IX LISTA DE TABELAS ................................................................................................. X 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................14 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL ..................................................................... 14 2.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos ................................................................. 16 2.2 MATÉRIA ORGÂNICA ........................................................................................16 2.2.1 Decomposição da Matéria Orgânica ................................................................17 2.2.2 Matéria Orgânica no Solo ................................................................................. 17 2.3 FERTILIZANTES ORGÂNICOS .......................................................................... 19 2.4 COMPOSTAGEM ................................................................................................20 2.4.1 Classificação dos Métodos de Compostagem.................................................. 22 2.4.2 Fatores que Influenciam na Compostagem.................................................. 23 2.5 PRODUÇÃO DO COMPOSTO ORGÂNICO .......................................................28 2.6. MÉTODOS DE COMPOSTAGEM ...................................................................... 29 2.6.1 Técnicas ........................................................................................................... 29 2.7 MATÉRIAS-PRIMAS. ..........................................................................................30 3 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................31 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .....................................................31 3.1.1 Dados Gerais. .................................................................................................. 31 3.1.2 Clima. ............................................................................................................... 31 3.1.3 Dados do condomínio.......................................................................................31 3.2 COLETA DE DADOS ..........................................................................................32 3.2.1 Análise Gravimétrica ........................................................................................33 3.3 DIMENSIONAMENTO E CONSTRUÇÃO DAS LEIRAS ..................................... 34 3.3.1 Equipamentos utilizados nas leiras. ................................................................. 37 3.4 MONITORAMENTO DE TEMPERATURA E UMIDADE. .................................... 37 3.5 ANÁLISE DO COMPOSTO ................................................................................. 38 3.5.1 Análise fisíca .................................................................................................... 38 3.5.2 Análises Quimícas ............................................................................................38 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 42 4.1 DADOS GERAIS DOS RESÍDUOS GERADOS .................................................. 42 4.2 ANÁLISE GRAVIMÉTRICA. ................................................................................ 42 4.3 MONITORAMENTO DA TEMPERATURA. .........................................................45 4.4 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA .......................................................................... 47 4.5 pH ........................................................................................................................47 4.6 MATÉRIA ORGÂNICA ........................................................................................48 4.7 UMIDADE DO COMPOSTO ................................................................................ 49 4.8 ANÁLISE DO COMPOSTO ENVIADO AO LABORATORIO ...............................51 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. .................................................................................. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 54 ANEXOS ...................................................................................................................58 12 1 INTRODUÇÃO Cada dia a necessidade de políticas e técnicas ambientais ficam mais evidente em nosso cotidiano, principalmente nos grandes centros urbanos, onde a demanda de resíduos gerados supera em muito o índice de reciclagem ou aproveitamento destes mesmos, fazendo com que aterros, ou seja, os famosos lixões estejam quase que em sua grande maioria atuando acima da sua capacidade prevista. Atualmente há diversas alternativas para redução desta problemática principalmente quando se trata de materiais recicláveis, mas comumente deixa-se de lado o resíduo orgânico que em sua quase totalidade é destinado ao aterro, o que deve ser considerado um grande desperdício. Isto devido ao fato de existirem muitas técnicas para utilização e aproveitamento deste resíduo, como é o caso da compostagem que através da ação de microrganismos o transforma em um composto fertilizante ou húmus que poderá ser utilizado na agricultura ou jardins como fertilizante natural. Está técnica é muito interessante, pois não apresenta gastos significativos e traz consigo benefícios econômicos, além de diminuir os impactos ambientais causados pela má disposição do resíduo domiciliar no solo. Existem diversos métodos de compostagem a serem utilizados, os mais comuns são os métodos de leiras, composteira e aterramento, estes processos são classificados segundo os fatores de fermentação, aeração, temperatura, ambiente e tempo de compostagem, devendo-se efetuar uma análise para verificar qual método deve ser utilizado para se obter o substrato de melhor qualidade a partir das características do local. Visando diminuir a má disposição do lixo domiciliar urbano, este estudo teve como objetivo a aplicação de um sistema de compostagem dentro o condomínio residencial Itália, localizado em Foz do Iguaçu-Paraná. Para isso será utilizado o método de leiras, visando diminuir a quantidade de resíduo destinado por esta unidade geradora ao aterro, o composto formado terá como finalidade a adubação orgânica de jardins e canteiros no próprio condomínio. Será utilizado o resíduo domiciliar orgânico gerado no condomínio, os quais serão recolhidos semanalmente para abastecimento gradual das leiras. 13 A produção de composto orgânico através do método de compostagem se torna um grande aliado para a solução da disposição do resíduo orgânico em grandes centros urbanos, pois através de estudos e aplicação de trabalhos como este, além de se incentivar a prática ambiental dentro de condomínios visando gerar uma melhor consciência ambiental de seus moradores, reduz consideravelmente e/ou se possível em sua totalidade encerrar o encaminhamento do resíduo orgânico encaminhado ao aterro sanitário aumentando assim a vida útil dos mesmos. Dando a ele uma destinação ecologicamente viável e correta, favorecendo assim a imagem ambiental do condomínio frente aos órgãos públicos e a sociedade. Futuramente como os demais resíduos domiciliares sofrem processo de reciclagem (plástico, vidro, metal, papelão etc.), e são recolhidos por cooperativas ambientais em atividade no município, posteriormente com o processo de compostagem englobando todo o rejeito orgânico produzido, este condomínio poderá então solicitar a isenção da taxa de coleta de lixo frente ao órgão municipal competente, gerando assim um incentivo a continuidade do projeto. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia, onde 76% são depositados a céu aberto, em lixões, 13% são depositados em aterros controlados, 10% em usinas de reciclagem e 0,1% são incinerados. Do total do lixo urbano, 60% são formados por resíduos orgânicos que podem se transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas (OLIVEIRA et al., 2005). Segundo a CETESB (2002), 76% depositados em lixões a céu aberto, 22% em aterros controlados e sanitários e apenas 2% têm outra destinação, como as usinas de compostagem e a incineração. O crescimento populacional nos últimos trinta anos, vem causando um aumento na geração dos resíduos sólidos urbanos das mais diversas naturezas. O consumo crescente de produtos menos duráveis e/ou descartáveis tem causado um processo contínuo de deterioração ambiental (IPT, 2000). Uma pesquisa realizada no ano de 2000 pela PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico confirma que naquele ano o Brasil gerava aproximadamente 228 mil toneladas de resíduos por dia, considerando uma população de 180 milhões e geração percapita de 1,35 (Kg/hab/dia). Nessa mesma pesquisa, ficou comprovado que 62% dos resíduos gerados vinham da região sudeste, enquanto que as regiões centro-oeste e norte contribuíam apenas com 6,3 e 4,8 desse total (PAVAN, 2000). Para exemplificar de forma mais clara esses números, a autora criou uma tabela, colocando todas as estimativas brasileiras, como pode se ver na Tabela 1. 15 Tabela 1- Estimativas Brasileiras de produção de resíduo por dia. População Total Geração de Resíduos (tonelada/dia) Geração Percapita (kg/hab/dia) Brasil Quantidade 169.799.170 Percentual 100 Quantidade 228.413 Percentual 100 1,35 Norte 12.900.704 7,6 11.067 4,8 0,86 Nordeste 47.741.711 28,1 41.558 18,2 0,87 Sudeste 72.412.411 42,6 141.617 62,0 1,96 Sul CentroOeste 25.107.616 14,8 19.875 8,7 0,79 11.636.728 6,9 14.297 6,3 1,23 Fonte: Pavan,2000. O lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, onde os resíduos são dispostos sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública (JARDIM, 1995). A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como os "restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional" (MONTEIRO, 2001). Aterro controlado é uma forma de disposição onde os resíduos sólidos são cobertos com terra, de forma arbitrária, o que reduz os problemas de poluição visual, mas não reduz a poluição do solo, da água e atmosférica (SANT’ANA FILHO, 1992). Foz do Iguaçu, por suas características fronteiriças, possui uma realidade um tanto diferente das demais, apresentando uma grande oscilação em termos de produção de RSU, dependendo da época do ano, devido a entrada e saída de um grande número de turistas (RANUCI, 2010). A proliferação de vetores de doenças, geração de maus odores e, principalmente, poluição do solo e das águas subterrâneas e superficiais, pela infiltração de chorume produzido no processo, ocasionados pela disposição inadequada do lixo (IPT, 2000). 16 2.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos De acordo com a norma NBR 10.004-ABNT (2004), os resíduos sólidos podem ser classificados em três categorias: a) Resíduos classe I –Perigosos: resíduos sólidos em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada; b)Resíduos classe IIa–Não Inertes: resíduos sólidos que não se enquadram na classe I(perigosos) ou na classe III (inertes). Estes resíduos podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água; c) Resíduos classe IIb–Inerte: resíduos sólidos que, submetidos a testes de solubilização não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de portabilidade de águas, excetuando-se os padrões: aspecto, cor, turbidez e sabor, Como exemplo destes materiais podemos citar, rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente. 2.2 MATÉRIA ORGÂNICA A matéria orgânica pode processar-se em condições aeróbias ou anaeróbicas. No primeiro caso, tem-se como resultado um tipo de húmus que ocorre na maioria dos solos, sendo sua composição consequência do clima da região, das características do solo, da vegetação e da atividade dos microrganismos presentes. No segundo caso, quando a decomposição ocorre em regiões encharcadas, a matéria orgânica assume aspectos diferentes, originando um material denominado turfa (LANDGRAF et al., 2005). Segundo Kiehl (2002), a utilização dos resíduos orgânicos urbanos perdeu a popularidade na produção de composto, principalmente pelo fato dos 17 resíduos gerados a partir dessa época, apresentarem características cada vez mais inadequadas para geração de fertilizantes orgânicos. 2.2.1 Decomposição da Matéria Orgânica Os constituintes dos resíduos orgânicos são decompostos em diferentes estágios, com diferentes intensidades e por populações de microrganismos diferentes. Primeiramente, são degradados os açúcares, amidos e as proteínas solúveis. Em seguida ocorre a decomposição de algumas hemiceluloses e das demais proteínas. A celulose, certas hemiceluloses, os óleos, as gorduras e as resinas são decompostos de forma mais demorada e por organismos específicos. As ligninas, certas graxas e taninos são materiais considerados como os mais resistentes à decomposição (HAUG, 1993 apud BRITO, 2008). Segundo Kiehl (2002), as proteínas são primeiramente hidrolizadas por enzimas, gerando polipeptídios, aminoácidos e outros derivados nitrogenados, os quais podem ser utilizados por outros organismos. O nitrogênio orgânico é convertido à forma amoniacal, sendo que a quantidade produzida é função do teor de proteína, carboidratos e outros constituintes. Daí percebe-se a importância da concentração inicial de nitrogênio no processo de decomposição da matéria orgânica. 2.2.2 Matéria Orgânica no Solo A matéria orgânica do solo é a principal fonte de nitrogênio para as plantas, além de fornecedora de elementos como o fósforo e o enxofre e de vários micronutrientes (LANDGRAF et al., 2005). A matéria orgânica tem a capacidade de aumentar diretamente ou indiretamente as condições de armazenamento de água no solo, e um bom suprimento de água é indispensável para a vida das plantas. A quantidade de água consumida pelas plantas é elevada. A água do solo pode vir das chuvas e também das irrigações artificiais e é assimilada pelas plantas, principalmente, através das 18 raízes. No solo a água funciona como solvente dos nutrientes e também como meio de transporte no interior dos vegetais (KIEHL, 1985). Resultados obtidos por Da Silva et al., (2008) apud Vieira (2010), ao comparar à composição do solo com e sem composto orgânico, verificou-se que o solo com o composto está apto para o plantio, necessitando apenas de pequenas correções de alguns nutrientes. Já no solo sem composto necessita de sérias correções para que possa estar pronto para ser utilizado no plantio. Ele concluiu então, que a matéria orgânica exerce influências direta e benéfica sobre as propriedades químicas do solo, apresentando contribuições importantes no que se refere à fertilidade do solo. Segundo Souza e Alcântara (2008) o composto orgânico é um produto estabilizado e mais equilibrado. Por ser mais rico em nutrientes e por constituir-se de resíduos vegetais e animais e em, muitas vezes, enriquecido com resíduos agroindustriais e adubos minerais. A produtividade do solo depende basicamente de fatores: climáticos, propriedades físicas e propriedades químicas do solo. Esses três fatores apresentam, quanto a sua importância, diferentes grandezas, sendo os fatores climáticos os mais importantes por serem de difícil controle, normalmente denominado como fatores primários. As condições físicas são referidas como fatores secundários, por apresentarem grau médio em relação ao seu controle. As condições químicas são fatores terciários, assim classificados pelo fato de serem relativamente, os de mais fácil controle (KIEHL, 1985). A matéria orgânica de solos, águas naturais, sedimentos, turfas e produtos de compostagem, incluindo o vermicomposto, é constituída basicamente de substâncias húmicas e não húmicas (LANDGRAF et al., 2005). A Figura 01 mostra a distribuição ambiental da matéria orgânica do solo. 19 Figura 1- Distribuição ambiental da matéria orgânica do solo. Fonte: LANDGRAF et al., (2005). 2.3 FERTILIZANTES ORGÂNICOS Segundo o Decreto-lei 86.955 (1982), o composto orgânico é classificado como Fertilizante Composto, ou seja, fertilizante obtido por processo bioquímico, natural ou controlado com mistura de resíduos de origem vegetal ou animal. Os valores dos parâmetros de controle estabelecidos para os compostos orgânicos, segundo a legislação brasileira, são apresentados na Tabela 02. Tabela 2-Valores estabelecidos como parâmetros de controle para o composto orgânico. Parâmetro Valor Tolerância PH Mínimo de 6,0 Até 5,4 Umidade Máximo de 40% Até 44% Matéria Orgânica Mínimo de 40% Até 36% Nitrogênio Total Mínimo de 1,0 % Até 0,9% Relação C/N Máximo de 18/1 Até 21/1 Fonte: BRASIL (1982). 20 2.4 COMPOSTAGEM A reciclagem da fração orgânica do lixo domiciliar vem sendo bastante difundida em nosso país. A fração orgânica é disposta separada da matriz, a fim de obter um composto de boa qualidade em relação a metais pesados e plásticos. A compostagem, realizada pela degradação microbial sob condição aeróbia, é o processo mais comumente usado para o tratamento dos resíduos domésticos. Depois da compostagem ou digestão, o produto pode ser utilizado como fertilizante ou condicionador do solo. Após o processo de separação, os materiais passiveis de reciclagem, como plásticos, metais e vidros, seguem diferentes caminhos de acordo com sua utilidade, e a fração orgânica é encaminhada ao processo de compostagem LANDGRAF et al., (2005). De acordo com Amazonas (1990) dá-se o nome de compostagem ao processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em restos de origem animal ou vegetal. Esse processo tem como resultado final um produto – o composto orgânico – que pode ser aplicado ao solo para melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente. Segundo IPT (2000), a compostagem é a decomposição aeróbica da matéria orgânica que ocorre por ação de agentes biológicos microbianos na presença de oxigênio e, portanto, precisa de condições físicas e químicas adequadas para levar à formação de um produto de boa qualidade. Para Pereira Neto (1992), a compostagem é um processo aeróbico controlado, desenvolvido por uma colônia mista de microrganismos, efetuado em fases distintas: a primeira, quando ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas predominantemente termofílicas, e a segunda, chamada de fase de maturação, onde ocorre o processo de humificação do material compostado. De acordo com Teixeira et al., (2004), o processo de compostagem mais comum na produção de composto orgânico a partir do lixo urbano é o de leira por revolvimento. Neste processo a decomposição da matéria orgânica é realizada pelo processo aeróbio, isto é, quando a introdução do oxigênio na leira ocorre através do revolvimento da massa compostada. Geralmente em grandes usinas, este processo ocorre com a introdução de oxigênio por bomba de ventilação nas leiras estáticas. Neste processo, é importante a homogeneidade do material e uma granulometria 21 que permita a aeração em baixa pressão. Portanto quando ocorrer a decomposição da matéria orgânica sob boas combinações de aeração, temperatura e humidade, o resultado será de um produto de características químicas boas para a agricultura. Foi na Índia, em 1920, que surgiu a ideia de misturar restos orgânicos com pedaços de vegetais como palha, folhas e esterco pelos agricultores. A mistura era então revirada duas ou três vezes periodicamente. Observado que no interior desta mistura ocorria a elevação da temperatura, e após alguns meses, o resultado era uma matéria orgânica suficientemente estável para ser aplicada como fertilizante de solo (HERBETS et al., 2005). A compostagem é um processo que pode ser utilizado para transformar diferentes tipos de resíduos orgânicos em adubo que, quando adicionado ao solo, melhora as suas características físicas, físico-químicas e biológicas. Proporciona mais vida ao solo, que apresenta produção por mais tempo e com mais qualidade. A técnica da compostagem foi desenvolvida com a finalidade de acelerar com qualidade a estabilização (também conhecida como humificação) da matéria orgânica. Na natureza, a humificação ocorre sem prazo definido, dependendo das condições ambientais e da qualidade dos resíduos orgânicos (COELHO, 2008). A origem do emprego da matéria orgânica como fator de fertilização dos solos é bastante remota. A compostagem, que transforma lixo em adubo orgânico, é uma modalidade de processamento de resíduos muito antigos, sendo utilizada rusticamente já nas primeiras sociedades agrícolas. Quando o homem branco chegou à América, os índios já praticavam adubação orgânica, colocando peixe no fundo da cova de milho, bem como os chineses, os gregos e os romanos aplicavam matéria orgânica em seus solos, devolvendo à terra, restos de plantas e dejetos animais (DA SILVA, 2007). Scolari (2000), define a compostagem como “um processo de decomposição em que ocorre a fermentação dos resíduos”, embora Silva (1999), acredita que a decomposição poderia ser alcançada sem oxigênio em um processo denominado compostagem anaeróbica. Para Oliveira et al., (2005), a compostagem demora entre 9 a 16 semanas, dependendo do material a ser compostado e as condições ambientais, durante o verão é mais rápido e requer cuidado com o revolvimento constante e uniforme da leira. O composto está pronto quando, após o revolvimento da leira, a temperatura não mais aumentar. O material humificado (composto pronto) terá uma 22 coloração marrom escura e com cheiro de bolor, homogêneo, sem restos vegetais e com relação C/N entre 10 e 15. Amazonas (1990) afirma ainda que a compostagem possui algumas vantagens: a) redução de cerca de 50% do lixo destinado ao aterro; b) economia de aterro; c) aproveitamento agrícola da matéria orgânica; d) reciclagem de nutrientes para o solo; e) processo ambientalmente seguro; f) eliminação de patógenos; g) economia de tratamento de efluentes. Leal (2006) apud Vieira (2010), citou que além da compostagem ser uma técnica que permite o aumento da disponibilidade e da qualidade dos fertilizantes orgânicos. A razão principal da utilização dos compostos é como fertilizante orgânico, podendo atuar principalmente como condicionador de solo ou como fornecedor de nutrientes para as plantas, isso depende muito das características do material usado no composto e das condições de aplicação. Portanto é crescente o interesse pela aplicação da compostagem no país, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste. Amazonas (1990), afirma que o tempo necessário para a compostagem de resíduos orgânicos está associado aos vários fatores que influem no processo, ao método empregado e às técnicas operacionais. 2.4.1 Classificação dos Métodos de Compostagem Os métodos de compostagem podem ser classificados segundo os fatores predominantes no processo de fermentação. Segundo Segundo Kiehl (1985), temse: a)Quanto à aeração. •Método aeróbico: Neste método procura-se garantir a presença de oxigênio do ar atmosférico evitando-se a compactação da massa. •Método anaeróbico: Neste método a fermentação é realizada por microrganismos que podem viver em ambientes isento de ar atmosférico. A decomposição se dá com a massa encharcada ou completamente imersa em água, como ocorre com o lodo de esgoto nos tanques digestores das estações de tratamento ou com o material dos biodigestores. 23 b)Quanto à temperatura •Criófilo: quando o processo ocorre à temperatura ambiente. No caso do processo anaeróbico, pelo fato de não haver elevação sensível da temperatura da massa, a qual se mantém próxima da temperatura do líquido a qual essa massa esta imersa, o processo é sempre criófilo. •Mesófilo: quando a decomposição ocorre a uma faixa de temperatura de 35 a 50°C o processo de digestão é mesófilo. •Termófilo: se na fase mesófila a atividade microbiana continuar a proporcionar um aumento na temperatura pode-se atingir temperaturas acima de 50°C, o que caracterizará o processo termófilo. c)Quanto ao Ambiente •Ambiente Aberto: são considerados em ambiente abertos os processos nos quais a massa a ser decomposta é colocada em montes nos chamados pátios de compostagem. •Ambiente Fechado: os processos em ambientes fechados são aqueles nos quais o material a ser fermentado é encaminhado para digestores em forma de tambores rotativos ou tanques com revolvedores mecânicos para movimentação da matéria orgânica. d)Quanto ao tempo de compostagem •Lento: os processos lentos também são conhecidos como processos naturais, são aqueles nos quais a matéria orgânica a ser fermentada é disposta em montes nos pátios de compostagem após separação dos materiais não degradáveis. •Acelerado: os processos acelerados ocorrem quando o material a ser compostado sofre algum tipo de tratamento especial visando melhorar as condições de decomposição. 2.4.2 Fatores que Influenciam na Compostagem a) Temperatura Segundo Kielh (1985), a temperatura é um dos fatores mais importantes para determinar se a operação de compostagem se processa como desejável. A produção de calor de um material é indicativo da atividade biológica na pilha de composto e, por isso, indiretamente, do seu grau de decomposição. Isso ocorre pelo fato do metabolismo dos microrganismos responsáveis pela compostagem ser exotérmico. Segundo Brito (2008), é importante saber montar as leiras ou pilhas, porque se a pilha contiver volume pequeno o calor criado pelo metabolismo dos microrganismos tende a se dissipar e o material não aquece. Já nas pilhas maiores essa temperatura pode alcançar até os 80°C. Portanto é importante evitar que a temperatura da pilha ultrapasse muito os 65°C, caso isso ocorra, os microrganismos benéficos ao processo de compostagem são eliminados. Neste caso o revolvimento da pilha e respectivo arejamento são de suma importância para diminuir as temperaturas para que o calor se dissipe. As altas temperaturas são desejáveis pelo 24 fato de destruírem sementes infestantes, esporos, ovos e quase todos os microrganismos patogênicos, os quais são poucos resistentes a temperaturas quando chega em torno de 50 a 60°C por determinado período de tempo. Durante o processo de compostagem deve-se monitorar a temperatura das pilhas. Para isso deve-se registrar a temperatura de vários pontos da pilha, no interior e no exterior, ou em diferentes camadas. A temperatura deve alcançar os 40 a 50 °C em dois ou três dias e quanto mais depressa o material for decomposto mais cedo à temperatura começará a descer. A decomposição da matéria ocorre mais rapidamente na fase termófila (acima dos 50°C) que pode demorar semanas ou mesmo meses, dependendo do tamanho e composição da pilha de compostagem (KIEHL, 2002). Segundo Pereira Neto (1989) apud Brito (2008), quando as pilhas têm volume pequeno o calor criado pelo metabolismo dos microrganismos tende a se dissipar e o material não se aquece. A Figura 02 apresenta a curva padrão de temperatura durante o processo de compostagem. Figura 2-Curva padrão de variação de temperatura durante o processo de Fonte: KIEHL (2002). b) pH Segundo Magrini (2008), no sistema de compostagem é de suma importância saber o valor do pH. Durante a realização observou que nas primeiras horas de compostagem, o pH decresce até valores de aproximadamente 5 e aumenta gradualmente conforme a evolução do processo de compostagem, alcançando, finalmente, valores entre 7 e 8. A medida que os fungos e as bactérias 25 digerem a matéria orgânica, ocorre a liberação de ácidos que se acumulam e acidificam o meio. Ocasionando a diminuição do pH, favorecendo o crescimento de fungos e a decomposição da celulose e da lenhina. Posteriormente, estes ácidos são decompostos até serem completamente oxidados. O pH do composto pode ser indicativo do estado de compostagem dos resíduos orgânicos e as primeiras horas, o pH decresce até valores de aproximadamente 5.0. Posteriormente, aumenta gradualmente com a evolução do processo de compostagem e estabilização do composto, alcançando finalmente valores entre 7 e 8. Assim, valores baixos de pH são indicativos de falta de maturação devido à curta duração do processo ou à ocorrência de processos anaeróbios no interior da pilha em compostagem. Nestes casos deve-se remexer as pilhas para o pH voltar a subir (OLIVEIRA et al., 2008). O pH deve permanecer entre 6,5 e 7,5 para atender às necessidades e criar um ambiente ideal para a atividade tanto das bactérias quanto dos fungos. (FERNANDES, 1999). A Figura 3, apresenta a variação padrão do pH em função do tempo. Figura 3-Variação do pH com o tempo de compostagem. Fonte: Kiehl, (1985). Silva (2008) apud Vieira (2010), citou que na leira onde começa a decomposição sofre inicialmente uma reação ácida, que se equivaleria à fase fitotóxica, pois ocorre a formação dos ácidos orgânicos que deixam o meio mais 26 ácido do que a própria matéria prima. No decorrer da compostagem, os ácidos orgânicos juntamente com os ácidos minerais regem com as bases liberadas da meteria orgânica formando compostos de reação alcalina. Portanto, a medida que a degradação da massa vai ocorrendo, o pH se eleva podendo alcançar pH superior a 8,0, que é básico. c) Umidade O teor de umidade ideal dos resíduos a serem tratados, durante o início do processo de compostagem, é da ordem de 50 a 60% (ótima 50%), e no final do processo o teor ótimo é de 30%. Altos teores fazem com que a água ocupe os espaços vazios da massa, impedindo a livre passagem do oxigênio, o que poderá causas anaerobiose no meio. Baixos teores de umidade inibem a atividade microbiológica, diminuindo a taxa de estabilização. O teor de umidade é controlado, na prática, com base na capacidade de aeração da massa de compostagem (manual ou mecânica), nas características físicas do material (estrutura, porosidade, etc.), e na necessidade de satisfazer à demanda microbiológica (PEREIRA NETO, 1992). No composto, o teor ótimo de umidade, de modo geral, situa-se entre 50% e 60%. Teores de umidade maiores que 65%, fazem com que a água ocupe os espaços vazios do meio, impedindo a livre passagem do oxigênio, o que poderá provocar aparecimento de zonas de anaerobiose. Se o teor de umidade de uma mistura é inferior a 40% a atividade biológica é inibida, bem como a velocidade de biodegradação. (FERNANDES et al., 1999). d) Aeração Segundo Haug (1993) apud Brito (2008), o oxigênio é necessário para os microrganismos obterem energia resultante da oxidação do carbono orgânico, o qual, posteriormente, liberta-se como carbono inorgânico, na forma de dióxido de carbono. A falta de oxigênio causa um ambiente redutor resultando em compostos incompletamente oxidados. A aeração é um fator importante na decomposição da matéria, principalmente na primeira fase onde o processo é mais acelerado, favorecendo que a decomposição seja aeróbia. A falta de oxigênio pode acarretar em uma decomposição anaeróbia, produzindo então gases que são responsáveis pelo mau 27 cheiro (Silva, 2000). Esse mau cheiro, expelido por microorganismos anaeróbios, é responsável por atrair insetos. (Anami e Ortega, 2001). e) Dimensão e Formato das Leiras A forma e o tamanho da pilha de compostagem também influenciam a velocidade da compostagem, designadamente pelo efeito que têm sobre o arejamento e a dissipação do calor da pilha. O tamanho ideal da pilha pode ser variável. O volume de 1,5 m x 1,5 m x 1,5 m tem sido considerado bom para materiais diversos (BRITO, 2006). No entanto, o volume deve depender do sistema e das tecnologias de compostagem utilizadas (KIEHL, 1985). f) Relação Inicial Carbono/Nitrogênio (C/N) O equilíbrio da relação C/N é um fator de fundamental importância na compostagem, cujo principal objetivo é criar condições para fixar os nutrientes, de forma que possam ser posteriormente liberados por meio do composto. Dessa forma, para o início do processo aceitasse como ótima uma relação C/N de 30:1, o que influenciará a boa atividade biológica, diminuindo o período de compostagem; atingindo uma relação C/N de 18:1 no final do processo. Relações C/N baixas, pH acima de 8 e elevadas temperaturas, implicam na perda de nitrogênio sob a forma de amônia; recomenda-se neste caso, a adição de serragem, palha, papel, entre outros, à massa a ser compostada; e se a relação C/N for alta, pode-se adicionar, por exemplo, lodo de esgoto seco (RAMEH,1981). A relação C/N ideal para a compostagem é frequentemente considerada como 30. Essa relação é indicada devido aos microrganismos responsáveis pela compostagem absorverem os elementos de carbono e nitrogênio em uma proporção de 30 partes de carbono para cada parte de nitrogênio. O carbono é utilizado como fonte de energia, sendo dez partes incorporadas ao protoplasma celular e vinte partes eliminadas como gás carbônico. O nitrogênio é utilizado para o crescimento dos microrganismos em uma proporção de dez partes de carbono para uma de nitrogênio (HAUG, 1993 apud BRITO, 2008). Na Tabela 3 verifica-se alguns resíduos e sua determinada relação C/N. 28 Tabela 3- Relações C:N de diferentes resíduos viáveis para compostagem. Material C/N Material C/N Laranja/Bagaço 18/1 Aveia 63/1 Mandioca/Folhas 12/1 Abacaxi 44/1 Mandioca/Hastes 40/1 Banana 19/1 Café/Borra 25/1 Milho Palha 112/1 Cafê/Palha 30/1 Milho Sabugos 101/1 Arroz/Casca e Palha 39/1 Feijão Palha 32/1 Serragem de Madeira 865/1 Grama 31/1 Fonte: KIEHL (1985) g) Tamanho da Partícula O tamanho da partícula do material a ser compostado é também importante, visto que, quanto mais fragmentado for o material, maior será a área superficial sujeita ao ataque microbiológico, diminuindo o período de compostagem. O tamanho ideal das partículas, em se tratando da compostagem dos Resíduos Sólidos Urbanos RSU, deve situar-se na faixa de 20 a 50 mm (PEREIRA NETO,1992). 2.5 PRODUÇÃO DO COMPOSTO ORGÂNICO O composto melhora a qualidade do solo e reduz a contaminação e poluição ambiental; estimula o exercício à cidadania pela contribuição na diminuição do lixo destinado aos aterros sanitários; melhora a eficiência dos fertilizantes químicos; economiza espaços físicos em aterros sanitários; recicla os nutrientes e elimina agentes patogênicos dos resíduos domésticos (OLIVEIRA, 2005). A maturidade está relacionada ao potencial de crescimento vegetal do composto, ou seja, relacionada com a presença de substâncias húmicas (SH) no composto, que são produzidas principalmente no último estágio da compostagem ou na fase de maturação. A caracterização química de SH ao longo do processo de 29 compostagem é uma etapa fundamental para compreender o processo de humificação e suas implicações na qualidade do composto (SILVA, 2010). O composto é, acima de tudo, um condicionador do solo, assim classificado pelo fato de sua matéria orgânica humificada estar em maior proporção, e que corresponde a cerca de 40% a 70% (LINDENBERG, 1990). 2.6. MÉTODOS DE COMPOSTAGEM Os sistemas de compostagem, segundo Fernandes (2000), agrupamse em três categorias: a) Sistemas de leiras revolvidas (Windrow): A mistura de resíduos é disposta em leiras, sendo a aeração fornecida pelo revolvimento dos materiais e pela convecção do ar na massa do composto. b) Sistema de leiras estáticas aeradas (Static pile): A mistura é colocada sobre tubulação perfurada que injeta ou aspira o ar na massa do composto. Neste caso não há revolvimento mecânico das leiras. c) Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel): Os materiais são colocados dentro de sistemas fechados, que permitem o controle de todos os parâmetros do processo de compostagem. 2.6.1 Técnicas Para Russo (2003), os sistemas de compostagem utilizados atualmente podem ser divididos da seguinte forma: a) Sistemas Não-Reator b) Sistemas Reator a) Sistemas Não-Reator: Nesse sistema os dejetos são acondicionados em leiras (pilhas de matéria orgânica) para que se decomponham e formem o composto (Escosteguy, 2005). As técnicas que não utilizam reatores compreendem: 30 I) Compostagem em Pilhas Reviradas Técnica também conhecida como “Windrow”, onde a matéria orgânica é colocada em pilhas que se decompõe durante um mês e as leiras são revolvidas 3 ou 4 vezes por semana para fornecer oxigênio aos microorganismos decompositores. Para que a estabilização seja completa, o material deve maturar em pilhas estáticas por mais dois meses (Escosteguy, 2005). II) Compostagem em Pilhas Estáticas Arejadas Nesse sistema o tempo de compostagem e estabilização do material orgânico é de dois meses. Nele, a matéria-prima da compostagem é colocada sobre grades de arejamento ou tubos perfurados e a aeração é controlada permitindo um certo controle de temperatura nas pilhas (Russo, 2003). b) Sistemas Reator Esse sistema pode utilizar reatores horizontais, verticais ou inclinados, além de necessitar de menos espaço que os demais. A matéria orgânica é compostada em uma ou duas semanas, mas demanda de um a três meses para estabilizar-se. Apesar de ser tecnologicamente complicada a técnica vem ganhando cada vez mais adeptos (Russo, 2003). 2.7 MATÉRIAS-PRIMAS. Para Anami e Ortega (2001), dentre os materiais que podem ser utilizados destacam-se os restos de cultura de milho e cana, restos de horta e serragem, capazes de produzir composto em maior quantidade, e a matéria orgânica de origem animal, importante por ceder nitrogênio ao composto. Para Russo (2002), o uso de carcaças e restos de alimentos de origem animal podem atrair ratos e insetos. Scolari (2000), porém, acredita que esse preconceito é o principal motivo pela má aceitação dessa tecnologia, mas que tem sido importante como alternativa no descarte neste tipo de resíduo, que antes não tinha destinação certa e acabava sendo descartada de forma incorreta e prejudicial ao meio ambiente. 31 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1.1 Dados Gerais. O presente estudo foi desenvolvido no condomínio residencial Itália, localizado na cidade de Foz do Iguaçu, Paraná, localizada no extremo Oeste do estado. Atualmente a cidade é a terceira maior economia do Estado e a sétima mais populosa. 3.1.2 Clima. Esta região possui clima Subtropical mesotérmico, está localizada a Oeste do terceiro planalto paranaense, possui uma precipitação média anual de 1800 mm e os períodos de chuvas são bem distribuídos durante o ano. 3.1.3 Dados do condomínio O empreendimento possui uma área total de 35.922.25 m2, contando com 4 blocos habitacionais disponíveis além de área de lazer(churrasqueiras, salão de festa, quadra esportiva etc) conforme Figura 4. Possui atualmente 64 apartamentos cujo os quais 60 encontram-se ocupados. Cada residência possui em média 3 moradores, conforme dados disponibilizados pelo condomínio. Figura 4-Vista aérea do local. Fonte: Google Earth, 2011. 32 3.2 COLETA DE DADOS Este estudo teve como início a criação de um banco de dados a respeito do atual tratamento dos resíduos, armazenamento, transporte e acondicionamento conforme Figura 5, assim como, a capacidade média de geração por parte do condomínio, tipos de resíduos gerados, dias da coleta entre outros. Figura 5-Acondicionamento dos resíduos. Estes dados levaram em conta o Plano de gerenciamento de resíduos sólidos comparando os valores cedidos pelo condomínio e os coletados para este trabalho com o intuito de se verificar a presença de alguma divergência entre eles. Estes valores foram coletados no dia 5 e 26 de Julho de 2011, a fim de se obter uma média, e podem ser verificados na Tabela 4. Tabela 4-Quantidade média dos resíduos gerados. Quantidade de Quantidade de Tipo de resíduo resíduo gerada no resíduo gerada no dia 05/07(kg) dia 26/07 (kg) Orgânico 90,3 87,9 Reciclável 46 44,5 Total (kg) 136,3 132,4 Quantidade média gerada por dia (kg) 89,1 45,3 134,4 Este levantamento é necessário para que possa ser dimensionado o formato das leiras, para que as mesmas atendam a demanda gerada futuramente do condomínio. O estudo foi realizado em menor escala, utilizando-se (1/10) do resíduo 33 produzido durante um mês a fim de se determinar a eficácia do mesmo e a aceitação por parte dos moradores. 3.2.1 Análise Gravimétrica Realizou-se a determinação da composição física do resíduo sólido (Análise Gravimétrica) conforme pode ser vista na Figura 6, no início do mês de setembro, com a finalidade de se obter uma média do resíduo gerado. Neste levantamento, utilizou-se uma amostra da quantidade da média produzida de resíduo durante o período de um dia por parte do condomínio. Esse levantamento foi obtido a partir da triagem realizada na amostra no dia 10 de agosto de 2011. Figura 6-Disposição inicial dos resíduos para análise gravimétrica. Para a realização do levantamento os resíduos foram separados por classes como papelão, madeira, resíduo orgânico, plástico entre outros e dispostos sobre uma lona. Após a separação, estes resíduos foram pesados com o auxílio de uma balança (CESTEB, 1990), e calculados posteriormente as porcentagens individuais conforme esquema abaixo (GONÇALVES, 2007). Equação 1: Material(%)=Massa da fração material (kg) x100 Massa total da amostra (kg) 34 3.2.1.1 Equipamentos. Para a realização do levantamento os resíduos foram utilizados os seguintes materiais: · Lona (3m x 4m); · Equipamento de Proteção Individual-EPI (como luvas e botas); · Faca e pá para rompimento dos sacos e manuseio dos mesmos; · Balança (capacidade de 150 kg). 3.3 DIMENSIONAMENTO E CONSTRUÇÃO DAS LEIRAS A partir do levantamento destes dados, iniciou-se o processo de construção das leiras para a compostagem, a leira está localizada próximo ao local de armazenamento de resíduos do condomínio, entre o salão de festas e os blocos habitacionais do mesmo, atendendo as características necessárias (plana, aberta, média incidência de luz solar) como aconselha a literatura estudada para um melhor desempenho do processo de compostagem. Neste estudo foi utilizado o processo de leiras revolvidas, no qual a mistura dos resíduos é disposta em leiras, sendo a aeração fornecida por revolvimento e pela convecção do ar na massa do composto. As leiras foram construídas atendendo as seguintes medidas (largura= 1,5m; comprimento=2m; altura=1,5m), sabendo-se que esse tamanho pode ser variável conforme a necessidade e demanda. Como o projeto foi feito em pequena escala, atendendo 1/10 do resíduo gerado diariamente, foram construídas 3 (três) leiras conforme verifica-se na Figura 7. Para o desenvolvimento das leiras, foram utilizados os resíduos orgânicos produzidos no condomínio, ou seja, resto do lixo domiciliar orgânico, ricos em azotos (restos de comida, frutas, verduras etc.) e jardinagem interna do condomínio, ricos em carbono, geralmente secos (folhas secas, resíduos de corte e poda). 35 Figura 7-Leiras 1, 2 e 3 em diferentes estágios de produção do composto. Lembrando sempre da importância de intercalar esses resíduos em camadas no processo de montagem das leiras. Ao término do processo de compostagem, o composto das 3 leiras foram unificados, formando uma única leira com o composto totalmente humificado. Figura 8-Processo inicial de fabricação das leiras. 36 Figure 9-Utilização de lona na leira. As leiras foram dispostas no terreno com uma distância entre 4 a 5 metros uma das outras permitindo o revolvimento e manuseio das mesmas, conforme mostra o esquema da Figura 10. Figura 10-Disposição das leiras. 37 3.3.1 Equipamentos utilizados nas leiras. Foram utilizados equipamentos para o auxílio no revolvimento e cuidados com as leiras: · Aparelhos de jardinagem (carrinho de mão, pá, enxada, rastelo etc.); · Lona para cobertura da leira, se esta se fizer necessária em caso de intensidade solar ou índice de chuva excessivo, ou como auxílio na regulagem de temperatura. Foi cedida pela empresa Paraná Toldos e Lonas situada em Foz do Iguaçu-Paraná. · Mangueira de 15 metros, para umidecer as leiras; 3.4 MONITORAMENTO DE TEMPERATURA E UMIDADE. Durante o processo de compostagem foram verificados e monitorados fatores tais como: a)temperatura: no qual se introduziu uma barra de ferro, esperou-se alguns minutos, para verificar se esta mesma estiva quente, mas não ao ponto de queimar a mão, a temperatura da leira esta de acordo. A partir deste procedimento, verifica-se a necessidade ou não do revolvimento da pilha, assim como a intensidade deste revolvimento. Também com o auxílio de um termômetro, durante o acompanhamento do processo foram coletados informações a cada 10 dias durante um período de 90 dias da temperatura média da leira, essa medição foi feita a uma profundidade média entre 40 e 60 cm (KIEHL, 1985), a fim de verificar as diferentes fases da compostagem, no que diz respeito a temperatura. b) Umidade: verificada por um teste simples, no qual pega-se uma porção do composto e espremendo-o na mão, se pingar, a pilha está demasiadamente úmida, necessitando revirar a leira e introduzir resíduos secos, no entanto, se a mão permanecer seca, existe falta de irrigação, que pode ser corrigida com a introdução de resíduos orgânicos, rega e revolvimento da leira. 38 3.5 ANÁLISE DO COMPOSTO Passado o tempo necessário para a ação dos microrganismos e produção do composto, que ocorreu, entre 80 e 90 dias, de acordo com a temperatura, aeração, umidade entre outros, foram feitas análises tanto física (análise granulométrica) quanto químicas (nitrogênio carbono, umidade, proporção de macro e micro nutrientes, teor de matéria orgânica entre outros), no composto completamente humificado. 3.5.1 Análise fisíca Análise Granulométrica: foi feito a partir do método de peneiras no laboratório de solos da União Dinâmica de Faculdades Cataratas, no qual foram coletados 2 kg do composto, esta amostra foi disposta à temperatura de 105°C a 110°C, onde permaneceram durante 24h. Em seguida foram separados 500 g em um recipiente tarado da amostra seca, para submete-lo ao procedimento de peneiramento e determinação granulométrica média, que se consiste em pesar o composto retido em cada uma das peneiras. 3.5.2 Análises Quimícas Três amostras foram coletas (duas nas extremidades da leira totalmente humificada e uma no centro da mesma entre 40 e 60 cm de profundidade), em potes de plásticos de 70ml e enviadas ao laboratório Biosollo para análise laboratorial em local especializado a fim de se verificar padrões como (ph diluído em água, Teor de matéria orgânica, carbono, nitrogênio, micro e macronutrientes). Já em um amostrador, foi coletado 2 kg do composto para análise no laboratório de solos da União Dinâmica de Faculdade Cataratas, conforme a figura 11. 39 Figura 11-Amostras coletadas. A partir da coleta das amostras foram realizados procedimentos no laboratório da faculdade para se obter parâmetros como: pH: através de um pHmetro de solo previamente calibrado. Foram feitas 3 medições e realizada a média aritmética entre elas, para se obter um resultado mais confiável. Matéria orgânica: segundo a normativa NBR13.600/1996 da ABNT, foram realizados os seguintes procedimentos. Homogeneizado 200g do composto, pesaram-se 4 cadinhos e em seguida colocou-se 50g do mesmo nos cadinhos. Colocou-se os cadinhos, contendo as amostras, em estufa à temperatura de 105°C a 110°C, onde permaneceram durante 24h. Retirou-se os cadinhos da estufa, os quais foram vedados com papel-alumínio bem ajustado e transferidos para o dessecador, onde permaneceram até atingir a temperatura ambiente. A seguir, retirou-se o papel alumínio, afim de se determinar e registrar a massa dos conjuntos. A seguir colocou-se os cadinhos (sem papel alumínio), contendo as amostras previamente secas em estufa, na mufla. Gradualmente, foi aumentada a temperatura até atingir (440± 5)°C. As amostras permaneceram na mufla até a queima total, 40 sendo o tempo necessário para tanto, da ordem de 12h. Retirou-se os cadinhos da mufla, novamente foram vedados com papel-alumínio bem ajustado e transferidos para o dessecador, onde permaneceram até atingir a temperatura ambiente. A seguir, foi determinado e registrado a massa dos conjuntos, com resolução de 0,01, conforme a equação 2. Equação 2: % MOS = (1 – b ) x 100 a Onde: %MOS = teor de matéria orgânica; a = massa da amostra seca em estufa. b = massa da amostra queimada em mufla. Figura 12-Cadinhos e mufla utilizados para a determinação do teor de M.O. Umidade do Composto: foram tarados 4 cadinhos para se colocar a amostra do composto. Este método, baseia-se na diferença de peso entre a amostra antes e após o procedimento de secagem. Neste caso, este procedimento foi feito com o auxílio de uma estufa comum, mantida a uma temperatura de 105º a 110º onde esperou-se um período de 24 horas e pesou novamente as amostras, e através dos valores obtidos em cada uma das 4 amostras, foram aplicados na equação 3, a fim de se obter a porcentagem média de umidade do composto. 41 Equação 3: %Ubs = M1-M2 x100 M2-M3 Sendo: M1:peso do cadinho com composto úmido; M2: peso do cadinho com composto seco; M3:peso cadinho. Figura 13-Estufa e balança utilizada para determinação de umidade. 42 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 DADOS GERAIS DOS RESÍDUOS GERADOS A partir do levantamento dos dados, obteve-se resumidamente conforme a Tabela 5, as condições atuais de tratamento do resíduo produzido no condomínio: Tabela 5-Tratamento interno dos resíduos Sólidos e sua quantidade média. Quantidade Tipo de média Responsável Dia/horário Armazenamento resíduo gerada por pela coleta da coleta dia (kg) Vital2ª;4ª e 6ª no Lixeiras de 240 Orgânico 89,1 Engenharia período Litros Ambiental diurno Cooperativas 3ª e 5ª no Lixeiras de 240 Reciclável 45,3 agentes período Litros ambientais diurno Total (kg) 134,4 Destino final Aterro Sanitário Centro de Triagem 4.2 ANÁLISE GRAVIMÉTRICA. Verificou-se que parte dos condôminos não realiza o processo de separação dos resíduos de forma adequada, no entanto realizou-se a análise física do resíduo produzido por esta unidade geradora para se obter um levantamento dos principais resíduos gerados. A análise gravimétrica foi realizada com a finalidade de se determinar o potencial de geração do condomínio e sua variedade de resíduo, a partir dos procedimentos anteriormente descritos. O memorial descritivo dos cálculos encontrase em seguida, onde é possível verificar a grande predominância do resíduo orgânico gerado no condomínio, conforme Tabela 6. 43 Tabela 6-Planilha de determinação da composição física dos Resíduos sólidos. Componente Peso (kg) Porcentagem (%) Orgânico 86,81 66,5 Plástico 18,66 14,3 Metal 2,21 1,7 Trapos 8,48 6,5 Vidro 3,91 3 Papel/papelão 7,17 5,5 Madeira 2,61 2 Diversos 0,65 0,5 Total 130,5 100 a)Orgânico. Material(%) = 86,8 x 100 = 66,5. 130,5 b)Plástico. Material(%) = 18,66 x 100 = 14,3. 130,5 c)Metal. Material(%) = 2,21 x 100 = 1,7. 130,5 d)Trapos Material(%) = 8,48 x 100 = 6,5. 130,5 e)Vidro. Material(%) = 3,91 x 100 = 3. 130,5 f)Papel/papelão. Material(%) = 7,17 x 100 = 5,5. 130,5 44 g)Madeira Material(%) = 2,61 x 100 = 2. 130,5 h)Diversos. Material(%) = 0,65 x 100 = 0,5. 130,5 Obteve-se então a divisão dos resíduos conforme figura 14 a seguir: . Figura 14-Composição percentual dos resíduos sólidos-Residencial Itália(%). Os valores obtidos corroboram com os encontrados por Ranuci(2008) verificados na Figura 15, o qual fez o levantamento dos resíduos produzidos em diversas regiões de Foz do Iguaçu, podemos verificar as semelhanças nos dados obtidos na região onde situa-se o condomínio, dando confiabilidade nos resultados adquiridos conforme a seguir. 45 Figure 15-Composição percentual dos resíduos sólidos, Jardim São Paulo-Foz do Iguaçu. Fonte: Ranuci(2008). 4.3 MONITORAMENTO DA TEMPERATURA. A partir do monitoramento da temperatura, verifica-se a seguir na Tabela 7 as variações de temperatura nas 3 leiras. Para melhor acompanhar o desenvolvimento da temperatura aconselha-se construir com os dados um gráfico, à medida que se processa a compostagem e se fazem as leituras (KIEHL, 1985). Tabela 7-Medição e monitoramento da temperatura das leiras. Temperatura das leiras(ºC) Tempo (dias) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Leira 1 23 45 62 50 41 41 42 28 26 23 Leira 2 27 43 63 44 41 42 40 27 25 24 Leira 3 27 40 67 46 41 42 41 29 27 24 46 A partir dos valores obtidos pode-se verificar no gráfico da Figura 16, as fases criófila, mesófila e termófila da compostagem, o desenvolvimento da temperatura e sua relação ao tempo decorrido demonstram a eficácia do processo. Logo durante os primeiros dias é possível verificar o aumento da temperatura em todas as leiras, como as condições para compostagem foram favoráveis, verifica-se o aumento da temperatura atingindo ate 67ºC conforme demonstra a leira 3, e consequentemente a bioestabilização do composto acarretando a diminuição da temperatura ate que o mesmo chegue a temperatura ambiente, demonstrando que o composto encontra-se totalmente humificado. A temperatura ótima durante a compostagem está, entre 40 e 60ºC. O declínio final da temperatura, após passar pelos estágios atrás referido, a respeito das condições para compostagem permanecerem favoráveis, é considerado como um ótimo indicio de que o composto está estabilizado. Quando a temperatura baixa para 40-45ºC e ai se mantém, o composto está pronto para ser armazenado por longo período ou ser aplicado ao solo; quando o composto apresenta temperatura semelhante à ambiente, está completamente humificado (KIEHL, 1985). Figure 16-Variação da temperatura nas leiras durante a produção do composto. Segundo Brito (2008), é importante saber montar as leiras ou pilhas, porque se a pilha contiver volume pequeno o calor criado pelo metabolismo dos 47 microrganismos tende a se dissipar e o material não aquece. Já nas pilhas maiores essa temperatura pode alcançar até os 80°C. Portanto é importante evitar que a temperatura da pilha ultrapasse muito os 65°C, caso isso ocorra, os microrganismos benéficos ao processo de compostagem são eliminados. Neste caso o revolvimento da pilha e respectivo arejamento são de suma importância para diminuir as temperaturas para que o calor se dissipe. As altas temperaturas são desejáveis pelo fato de destruírem sementes infestantes, esporos, ovos e quase todos os microrganismos patogênicos, os quais são poucos resistentes a temperaturas quando chega em torno de 50 a 60°C por determinado período de tempo. 4.4 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA Através do processo de peneiramento realizado no laboratório de solos, obteve-se a granulometria média e percentual retido em cada peneira, conforme pode ser observado na Tabela 8. Esta análise teve apenas a intenção de obtenção de dados físicos em relação ao composto produzido, verificando-se que o mesmo apresenta uma granulometria favorável a sua aplicação nas plantas. Tabela 8-Análise granulométrica do composto. Mm/µm Peso Composto Retido(g) 4,75 24,25 2,36 189,1 1,18 163,9 0,600 73,6 0,300 23,7 0,150 17,85 Fundo 7,6 Total 500 Porcentagem(%) 4,85 37,82 32,78 14,72 4,74 3,57 1,52 100 Esta análise demonstra a influência da dimensão das partículas, na velocidade da compostagem, e na absorção do compostos no solo. 4.5 pH Através da medição de pH realizada no laboratório, verificou-se que o ph do composto totalmente humificado enquadra-se dentro do esperado, chegando-se a uma média das três amostras com um pH de 7,2. 48 O pH do composto pode ser indicativo do estado de compostagem dos resíduos orgânicos e as primeiras horas, o pH decresce até valores de aproximadamente 5.0. Posteriormente, aumenta gradualmente com a evolução do processo de compostagem e estabilização do composto, alcançando finalmente valores entre 7 e 8. Assim, valores baixos de pH são indicativos de falta de maturação devido à curta duração do processo ou à ocorrência de processos anaeróbios no interior da pilha em compostagem. Nestes casos deve-se remexer as pilhas para o pH voltar a subir (OLIVEIRA et al, 2008). O composto dessa amostragem se encontram com pH ideal para aplicação em solos agrícola. Pois de acordo com os Kiehl (2001) o pH ideal seria no mínimo 6,0. 4.6 MATÉRIA ORGÂNICA Seguindo as orientações da NBR 13.600/1996 ABNT, realizou-se o procedimento de medição do teor de matéria orgânica do substrato no qual foram obtidos os resultados demonstrados na Tabela 9. Tabela 9-Teor de matéria orgânica do composto totalmente humificado. Massa da Massa da Massa inicial amostra amostra Amostra Tara da amostra seca em queimada (g) estufa (g) na mufla (g) Teor de Matéria Orgânica 1 0,012 0,062 0,049 0,025 48,97% 2 0,010 0,060 0,047 0,023 51,06% 3 0,010 0,060 0,047 0,024 48,93% 4 0,010 0,058 0,045 0,023 48,88% Média 49,46% 49 Em seguida encontram-se o memorial descritivo dos cálculos para se obter os resultados acima descritos: Amostra 1: % MOS = (1 – 0,025 ) x 100 0,049 % MOS = 48,97% Amostra 2: % MOS = (1 – 0,023 ) x 100 0,047 % MOS = 51,06% Amostra 3: % MOS = (1 – 0,023 ) x 100 0,045 % MOS = 48,93% Amostra 4: % MOS = (1 – 0,024 ) x 100 0,047 % MOS = 48,88% Verifica-se então que os valores obtidos enquadram-se nos valores estabelecidos como parâmetros de controle para o composto orgânico, que seriam no mínimo de 40% e com uma tolerância de ate 36% de teor de matéria orgânica (BRASIL, 1982). 4.7 UMIDADE DO COMPOSTO Através da analise do composto pode-se verificar na Tabela 10, que o teor de umidade de todas as amostras encontram-se em acordo com a normalidade do 50 composto orgânico que seria de um teor de umidade < 40. Esta análise é de grande importância para se verificar a qualidade do composto, deve-se levar em consideração o local e a preciptação no período de coleta de amostras, pois ambos os fatores podem interferir nos resultados. Tabela 10-Umidade do composto totalmente humificado. Massa da Massa inicial da Amostra Tara amostra seca amostra (g) em estufa (g) 1 0,010 0,042 0,034 2 0,008 0,040 0,031 3 0,010 0,042 0,034 4 0,010 0,040 0,032 Média Umidade (%) 33% 39% 33% 36% 35,25% Em seguida encontram-se o memorial descritivo dos cálculos para se obter os resultados acima descritos: Amostra 1: %Ubs = 0,042 – 0,034 x100 = 33 % 0,034 – 0,010 Amostra 2: %Ubs = 0,040 – 0,031 x100 = 39 % 0,031 – 0,008 Amostra 3: %Ubs = 0,042 – 0,034 x100 = 33 % 0,034 – 0,010 Amostra 4: %Ubs = 0,040 – 0,032 x100 = 36 % 0,032 – 0,010 A literatura cita que a umidade ideal inicial é entre 50 e 60% e decresce lentamente até chegar a aproximadamente 30% (FERNANDES, 2000). 51 4.8 ANÁLISE DO COMPOSTO ENVIADO AO LABORATORIO Nos laudos do laboratório Biosollo, pode-se verificar que o composto apresenta as características dentro da normalidade para a utilização do mesmo na adubação interna do condomínio, não o restringindo de forma alguma, a Tabela 11 apresenta os valores a serem considerados na avaliação deste composto, em anexo encontram-se os laudos apresentando a proporção de macro e micronutrientes. Tabela 11- Resultados obtidos no composto analisado pelo laboratório Biosollo. Matéria Nitrogênio Carbono Relação Umidade Orgânica (g/Kg) (g/Kg) C/N (%) (g/Kg) pH Amostra 1 17,34 237,90 13,71 409,19 39,85 7,04 Amostra 2 16,72 234,00 13,99 402,48 38,07 6,63 Amostra 3 23,01 248,75 10,81 429,41 39,57 6,57 Nesta tabela é possível observar que os resultados de teor de matéria orgânica, umidade e pH, se assemelham aos obtidos nas análises feitas no laboratório da União Dinâmica de Faculdades Cataratas, todos os valores enquadram-se na legislação Brasileira para compostos orgânicos, pois estão dentro dos padrões que seriam de pH mínimo de 6,0, umidade de no máximo de 40%, teor de matéria orgânica de no mínimo 40, e uma relação C/N de no máximo 18/1. Da Silva et al., (2002) citou que a Lei n.°6.894 de 16/12/1980, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento regulamentou as portarias n.°84 de 29.03.2002, n.°31 de 08.06.1986 e n.°01 de 04.03.1983, por tratar de fertilizantes orgânicos de maneira geral e ser a única legislação brasileira sobre esse assunto. No composto deverão estar ausentes as substâncias, agentes fitotóxicos, agentes patogênicos ao homem, animais e plantas, metais pesados, agentes poluentes, pragas e ervas daninhas. O composto, considerado como um fertilizante orgânico deve ter as seguintes características mínimas, para poder ser registrado e comercializado como tal: Matéria orgânica total mínima de 40%; Nitrogênio total mínimo de 1%; Umidade máximo de 40%; Relação C/N máximo de 18/1 e pH em água mínimo de 6. 52 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. De acordo com os diagnósticos realizados verificou-se que os objetivos traçados inicialmente foram obtidos, entre os 30 e 60 dias houve grande preocupação com o manejo e tratamento do composto isto devido à instabilidade climática durante esse período, ressalta-se a necessidade de um estudo prévio também da média pluviométrica nos distintos períodos do ano da determinada região a ser aplicada a compostagem, a fim de se evitar transtornos desnecessários tendo em vista procedimentos adequados para o manejo em determinadas situações, como é o caso de longos períodos de chuvas. Fatores como local e região da coleta, clima, época do ano e metodologia da análise entre outros podem ser responsáveis pela semelhança e ao mesmo tempo diferenças nos resultados obtidos com relação aos resultados dos autores previamente citados por isso devem ser considerados. Através do estudo realizado verificou-se a eficácia do processo de compostagem no auxilio a redução do resíduo orgânico encaminhado para o aterro sanitário por parte de grandes unidades geradoras como é o caso do condomínio residencial Itália, observa-se que é possível gerar um composto de qualidade em média e grande escala, se este mesmo estiver sendo monitorado por um profissional competente. Através dos laudos é possível observar que o composto gerado apresenta um grande teor de matéria orgânica e presença considerável de macro e micro nutrientes em sua composição, tornando-o um grande auxiliador na melhoria da qualidade do solo assim como no crescimento de plantas. Por se tratar de um método considerado simples e que não exige muitos investimentos financeiros, verifica-se a necessidade de um incentivo maior a produção de composto orgânico caseiro, pois com treinamento e acompanhamento técnico é possível a produção de um composto orgânico de qualidade. A partir disso verifica-se a necessidade de se ampliar e dar continuidade com o projeto, a fim de se intensificar a utilização dos resíduos orgânicos produzidos no condomínio, na compostagem interna, aumentando gradativamente a sua proporção e diminuindo o encaminhamento deste resíduo ao aterro sanitário. Com esse aumento ocorre a necessidade de se buscar novas técnicas e equipamentos, 53 para a produção e monitoramento das leiras, pois ocorre o aumento destas mesmas, exigindo maior atenção do profissional responsável. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMAZONAS, M. Compostagem de lixo urbano. Projeto Reciclagem. São Paulo: v.1, 1990. CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Emissões de metano no tratamento e na disposição de resíduos. Relatório de referência: Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa. Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT, 2002. DA SILVA, F. C.; BERTON, R. S.; CHITOLINA, J. C.; BALLESTERO, S. D. 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Alexson Bobato Gerente Comenrcial 60 Anexo 2: Laudo laboratório Biosollo, amostra 2. Tel.: (061) 573 616 Km 4 - Ciudad del Este Paraguay Cliente: Nombre: Lugar: ENG. AMBIENTAL UDC MATIAS Municipalidad: Muestra: 02 Control:116 Determinações Fósforo Nitrogênio Potássio Cálcio Magnésio Enxofre Carbono M.Orgânica Determinações Cobre Zinco Manganês Ferro Boro Elemento Resultado (g/kg) P N K Ca Mg S C MO 1,97 16,72 10,70 19,30 7,50 5,26 234,00 402,48 Elemento Resultado (mg/kg) Cu Zn Mn Fe B 79,00 141,00 480,00 3,076,00 13,44 pH Umidade 6,63 % 38,07 Ciudad del Este, de 08 Noviembre de 2011. Alexson Bobato Gerente Comenrcial 61 Anexo 3: Laudo laboratório Biosollo, amostra 3. Tel.: (061) 573 616 Km 4 - Ciudad del Este Paraguay Cliente: Nombre: Lugar: ENG. AMBIENTAL UDC MATIAS Municipalidad: Muestra: 03 Control:117 Determinações Fósforo Nitrogênio Potássio Cálcio Magnésio Enxofre Carbono M.Orgânica Determinações Cobre Zinco Manganês Ferro Boro Elemento Resultado (g/kg) P N K Ca Mg S C MO 1,83 23,01 10,00 16,10 7,20 6,19 248,75 429,41 Elemento Resultado (mg/kg) Cu Zn Mn Fe B 91,00 125,00 514,00 3.107,00 12,32 pH Umidade 6,57 % 39,57 Ciudad del Este, de 08 Noviembre de 2011. Alexson Bobato Gerente Comenrcial