SEGUNDO RELATÓRIO DE INTERCAMBIO DE LONGA DURAÇÃO
Nicholas Schiappacasse Cruz – RCRJ/Campo Grande
York, Pennsylvania.
Início: Agosto de 2012.
“Nicholas, quando que você volta/vai para o Brasil?”, toda vez que ouço
essa pergunta tenho vontade de correr e me esconder, desde o meu terceiro mês
eu parei de contar o tempo que eu estou aqui, está passando muito rápido,
graças ao meu avô pude fazer este relatório, pois ele que me lembrou que eu
estou no meu sexto mês e era tempo de escrever o relatório trimestral.
É impressionante o quanto pude aprender, não somente sobre inglês, ou
sobre os EUA, mas também dos países dos meus amigos intercambístas, sobre
meu próprio país e sobre mim.
Vou listar algumas das coisas que eu aprendi: Aprendi a ser ainda mais
independente, aprendi como fazer palestrar e esquecer a “timidez”, aprendi
muito sobre a cultura Americana, aprendi a origem da palavra carioca, aprendi a
cozinhar, coisa que parecia impossivel, aprendi sobre Bossa Nova, vocês sabiam
que Os Beatles gravaram uma música inspirada na Bossa Nova, se chama “And I
love her”.
Estou à 2 meses em uma nova host family, são os Gladfelters, tenho um
irmão chamado Carter(16) e uma irmã chamada Mariah(20), além dos meus pais
Gregory and Monica, sinto como se tivesse uma família no Brasil e outra nos EUA,
ambas de coração, eu me adaptei a eles e eles a mim de uma forma que parece
que eu sempre estive aqui, é incrivel como pessoas de lugares tão distantes
podem ter tanta similaridade.
Minha proficiência no inglês melhorou tremendamente também, continuo
tendo um enorme sotaque latino e acredito que vou levar anos para eu perde-lo,
se é que eu queira, mas agora consigo ter complexas e longas conversas em inglês
e por mais que esqueça uma palavra de vez em quando, continuo fazendo as
pessoas me entenderem de outra forma. O último exemplo que tive desse feito
foi após a SuperBowl, 2 de fevereiro, um domingo, meu irmão, Carter, e eu fomos
dormir meia noite, o que já era tarde pois tinhamos que levanter às 6, nós já
estavamos deitados e ele me perguntou “Nicholas, no Brasil, o estilo de música
que vocês cantam é conhecido como Português ou Brasileiro ?”, respondi a ele
que tinhamos gêneros próprios do Brasil como Samba, Bossa Nova e até Pagode,
após isso começamos a converser e só fomos para as 4 horas da manhã, não nos
demos conta, conversamos sobre Família, Brasil x Eua, Astronomia, Política,
Esporte, Futuro, Carreira, Namoradas, foi incrível, e não só para mim, quando
vimos que estava tão tarde, ou tão cedo, depende do ponto de vista, resolvemos
dormir, mas nossos cérebros estavam estavam trabalhando em uma velocidade
tão grande que não conseguimos ficar quietos por mais de 10 segundos.
Em dezembro Monica e eu, fomos para Carolina do Norte, fomos de trem e
foi uma viagem longa, foram 12 horas em um trem, esse foi o meu presente de
Natal, pois tenho 2 tias e 6 primos lá, passamos 3 dias e foi incrivel, pelo fato de
que a última vez que eu tinha os visto foi 7 anos atrás, é incrivel como a cidade
de Charlotte é charmosa, organizada e limpa, e tive mais uma surpresa quando
eu cheguei lá, FEIJOADA, foi tão bom sentir-me perto do meu país sem estar
nele, nunca dei tanto valor a uma feijoada. Foi triste me despedir mais uma vez
deles, mas foi como um “Até Logo” pois eu sei que vou ver-los em breve.
Natália, minha prima que eu puder ver após 7 anos.
Feijoada em Carolina do Norte
Experienciei o Natal e Ano Novo Americano. Natal concerteza é um dos
feriados mais esperados, assim como o Thanksgiving Day. Por um lado foi
estranho para mim porque eu não passei com meus parentes e família como de
costume, assim como não tive o presunto, peru, rosbife e outras comidas típicas
do Natal. Passamos a véspera de Natal nos meus hostavós paternos, ficamos
reunidos em família e conversando, o jantar foi uma espécie de massa chamada
Strombolli e o famoso Apple sauce, depois disso fomos para a sala e fizemos um
círculo, cada pessoa abre um presente por vez enquanto todas as outras
esperavam para ver o que essa pessoa ganhou, assim vai, uma pessoa por vez, à
proposito, essa é a parte mais demorada, fui interrompido com uma maravilhosa
surpresa, recebi uma chamada de um número desconhecido e longo e na minha
inocência atendi, o que não esperava era o fato de ser minha família do outro
lado da linha, foi uma emoção tamanha e sem dúvidas, meu melhor presente.
No outro dia fomos para meu hostavós maternos, onde tivemos um grande
almoço e mais presentes, ficamos lá a tarde toda e estavamos em uma espécie
de “ressaca” do dia anterior, estavamos num ritmo menor. Uma curiosidade foi o
fato de termos tido um “White Snow”, nevou durante a noite de Natal e foi lindo,
foi realmente do jeito que eu imaginava passar.
Alguns dias depois veio a Véspera de Ano Novo, pela minha experiência
posso dizer que é um feriado um tanto quanto diferente do que eu estava
acostumado, não senti a excitação dos meus amigos e família aqui quando
falávamos em Ano Novo, eu passei com a minha família, nós fizemos uns petiscos
e vimos filme até dar meia noite, quando deu meia noite nos abraçamos e fomos
para o lado de fora da casa onde pudemos ver uma pequena explosão de fogos,
10 minutos depois meus pais já estavam dormindo, mas Carter e eu resolvemos
ficar acordados, nós vimos filme, conversamos e jogamos video games até o dia
raiar.
Janeiro foi o mês mais frio aqui em York, vimos neve algumas vezes 4 ou 5
mas eu queria uma tempestade de neve por dia. Foi o mês que acabou o
primeiro semestre da minha escola, agora minhas matérias são Inglês, História
Americana, Culinária e Educação Física, sinceramente estou apaixonado por
essas novas classes, principalmente por que tive tudo o que eu queria,
aperfeiçoar meu ingles, aprender mais sobre a historia dos EUA, aprender a
cozinhar e me exercitar. Em comparação com o início do intercambio as coisas
melhoraram bastante na escola, agora tenho mais amigos, mais pessoas para
converser, consigo entender melhor o que ocorre na escola e me involver mais.
First snowman
Meu conselheiro me surpreendeu com um convite para ir esquiar em um
sábado, aceitei pois nunca tinha praticado. Saimos às 7, como ele disse que
passariamos o dia inteiro ao ar livre fui bem agasalhado, 2 calças, 2 meias, 4
casacos, gorro, cachecol, primeiro fomos numa parte quase plana, onde eu
aprendi técnicas básicas, como o famoso formato pizza ou como frear. Após uma
hora fomos para a primeira montanha, não era muito inclinada, mas para um
iniciante era dificílima. No total ficamos esquiando por 10 horas, paramos 2
vezes por 30 minutos para nos alimentar e hidratar. No final do dia consegui em
ir em todas as montanhas, para mim foi fácil aprender inclusive três dias depois
eu acabei voltando com dois amigos.
Infelizmente nesse meu tempo aqui dois amigos intercambistas voltaram
para seus países, Alemanha e Tawain, embora felizmente tive uma adaptação
mais fácil do que eu esperava à minha nova cidade, York, sentir saudades do Rio,
quem não sente, eu também sinto e vou sentir até o dia que eu voltar para lá,
outros problemas que a maioria dos intercambistas tem, a temida homesick eu
tive a sorte de não passar por essa etapa e nem vou! Estou adorando meu
intercambio aqui, realmente é melhor do que eu esperava e não me imagino
agora em um avião de volta para casa, não agora.
Em fevereiro participei junto com minha hostmother, de um evento
beneficiente chamado Polar Bear Plunge, o objetivo era eu ser patrocinado por
quantas pessoas eu pudesse e num determinado dia todos os voluntários iriam
se encontrar e entrar em um rio chamado Susquehanna River a uma
temperatura de 2ºC. Consegui $225 em 2 semanas, fui a pessoa que mais
arrecadei na minha escola e estava muito animado para essa façanha, até então
inédita, fomos em um pelotão com mais ou menos 30 pessoas, concerteza eu era
um dos primeiros e deu um mergulho para sentir “o friozinho” de uma vez só,
ficamos por cerca de 1 ou 2 minutos para evitar hiportermia e quando saimos
fomos direto nos agasalhar, eu sempre fui apaixonado por frio mas nunca tinha
sentido tanto, meus dedos do pé estavam dormentes e ficaram por mais alguns
minutos, aliás, meu corpo todo estava engraçado, mas no final das contas foi
uma oportunidade que eu não poderia ter perdido.
Ainda em fevereiro estou programado para eu fazer 2 palestras, cada uma
de 20 minutos, me dei conta que tinha que esquecer essa vergonha em frente do
público, continuo terrível como orador mas muito melhor do que alguns meses
atras, pois não tenho vergonha do meu inglês imperfeito e meu sotaque latino,
afinal eu sabia disso antes de partir para essa aventura.
Rotary nos Estados Unidos especialmente em York é diferente em certos
aspectos do que no Brasil, para começar a pontualidade, pois se uma reunião
está programada para meio dia, exatamente essa hora irá começar, não importa
se é com ou sem os sócios, o meu clube tem cerca de 320 sócios, é um dos 30
maiores do mundo, a formalidade toma conta daqui também, em consequência
as regras para os intercambistas são mais rígidas também, como por exemplo
nós não somos autorizados a dormir em casa de amigos ou nós não podemos
dormir(cochilar) se estivermos em um carro com outro rotariano, mas outras
coisas sinto falta como a descontração entre companheiros ao término de uma
reunião.
Descobri minha paixão pelo futebol americano, foi difícil, créditos para meu
hostbrother Carter, enfim, agora sou capaz de arremessar a bola em espiral
como nos filmes americos, aprendi técnicas de beisebol, que aliás é bem
complicado e de vôlei.
Resumindo, estou na metade do meu caminho aqui, às vezes paro para
pensar e não acredito que estou aqui, experienciando tudo isso e vivendo essa
oportunidade que concerteza, mudou meus horizontes, já parei algumas vezes e
me belisquei ponderando se isso tudo não seria um sonho, até então é real,
como queria que todos tivessem essa mesma oportunidade que o Rotary, Pedro
Durão, minha Família, meus Tíos e Deus me deram, como é possível eu sentir
saudade de York antes mesmo de deixar, intercambio não é um conto de fadas,
todos vão ter experiencias boas e ruins mas sem dúvida foi um dos fatos mais
marcantes da minha vida, como eu queria poder voltar atrás só para poder
começar denovo toda essa jornada, mas tenho que ser realista e a realidade é
que quando voltar futuramente ao meu país quero estar ainda mais involvido
com o Rotary e poder melhorar com a minha experiência na preparação de
novos intercambistas e onde eu puder. Como um dia me foi dito “Quem fala que
a melhor fase da vida é a infância nunca foi um intercâmbista”.
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2º Relatório de intercambistas brasileiros no exterior (Nicholas)