IV Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas: Arte, Educação, Reabilitação ANAIS E RESUMOS Juiz de Fora, 20 a 27 de novembro de 2005 1 Supervisão Editorial: Hierania Morisson de Moraes Editoração: CBDCR / Laura Choi Capa: Diogo Moreira FICHA CATALOGRAFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FEF/UNICAMPBibliotecária: Andréia da Silva Manzato CRB 117/04 - Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas (4.: 2005: Juiz de Fora, MG) Anais [do] IV Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, 24 a 26 de novembro de 2005, Juiz de Fora, MG / Eliana Lucia Ferreira (Org.). – Juiz de Fora, MG: CBDCR, 2005. 1. Dança. 2. Cadeiras de rodas. 3. Arte. 4. Educação. 5. Deficientes - Reabilitação. 6. Dança para deficientes. 7. Inclusão. I. Ferreira, Eliana Lucia. II. Título.CDD 793.3362.4 CDD 793.3 362.4 2 Realização UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA Reitora Maria Margarida Martins Salomão Vice-Reitor Paulo Ferreira Pinto FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS Diretora Edna Ribeiro Hernandez Martin Vice-Diretor Carlos Fernando Ferreira da Cunha Júnior Coordenador do curso de Educação Física e Desportos Carlos Alberto Camilo Nacimento 3 CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DANÇA EM CADEIRA DE RODAS Presidente Eliana Lucia Ferreira Vice Presidente Luciene Rodrigues Fernandes Secretário Geral Alexandre Siqueira Primeira Secretária Anete Otília Cardoso de Santana Cruz Tesoureiro Geral Márcia da Silva Campeão Primeiro Tesoureiro Andréa Passarelli Gallão e Melo 4 PREFEITURA DE JUIZ DE FORA Prefeito Carlos Alberto Bejani Secretário de Política Social Barbosa Júnior Sub Secretário de Esporte e Lazer Ricardo Wagner de Campos Rosa Departamento de Política de Esporte e Lazer Douglas Messias Fedoceo Responsável pelo Esporte Adaptado Emerson Rodrigues Duarte 5 APOIO 4º DEPÓSITO DE SUPRIMENTO DO EXÉRCITO (4º DSup) ACADEMIA DE COMÉRCIO INSTITUTO VIANNA JÚNIOR SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA 6 IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DANÇA EM CADEIRA DE RODAS Presidente do Evento Eliana Lucia Ferreira Coordenação Carlos Alberto Camilo Nacimento Maria Elisa Caputo Ferreira Rute Estanislava Tolocka Comissão Científica Eliana Lucia Ferreira José Marques Novo Júnior Lyderson Facio Viccini Renato Miranda Rute Estanislava Tolocka Comissão de Apoio Otavio Rodrigues de Paula Rita de Cássia Guedes Brito Remy Saulo Silva da Silveira Viviane Portela Tavares Comissão de Divulgação Secretaria de Imagem Institucional Prefeitura Municipal de Juiz de Fora Comissão Internacional Renato Miranda Mauricio Gattás Bara Filho 7 Comissão da IV Mostra de Dança Artística em Cadeira de Rodas Regina Cunha Saulo Silva da Silveira Comissão do Campeonato de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas Bettina Ried Douglas Messias Fedocio Eliana Lucia Ferreira Emerson Rodrigues Duarte Ricardo Wagner Campos Rosa Rute Estanislava Tolocka Comissão da Copa Mineira de Dança Esportiva Bettina Ried Saulo Silva da Silveira Secretaria Hierania Morisson de Moraes Rita de Cassia Guedes de Brito Remy Editores dos Anais Ana Carolina Costa Martins Eliana Lucia Ferreira Laura Choi 8 APRESENTAÇÃO O IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE DANÇA EM CADEIRA DE RODAS ora se materializa, através do empenho da Universidade Federal de Juiz de Fora e a Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas. A escolha do tema “arte, educação e reabilitação” delineia o tema do evento e também revela nossa preocupação com a materialidade dessa modalidade. Através destas temáticas propomos no decorrer desta semana circular pelos espaços possíveis de serem materializados, indagando suas evidencias e derivas. A dança em cadeira de rodas tem características especificas que tornaram-se marcantes à necessidade de uma discussão teórica-prática que tem ocorrido no Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, onde os pontos de convergência de estudos multidisciplinares lhe conferem uma importância científica e social crescente. A problemática de suas várias vertentes ultrapassa os respectivos limites de uma discussão somente acadêmica, sendo necessária a demonstração de trabalhos práticos tanto como arte quanto esporte. De fato, a dança em cadeira de rodas não se justifica em si mesmo, mas sim, em função das relações que tem com a Educação, a saúde física e comportamental e com o equilíbrio social que dela resulta. Traremos para a discussão a forma de se estar nesses espaços conquistados pela dança e como estamos nos dizendo neles, sinalizando como pretendemos administrá9 la e transformá-la. Com esses propósitos, estamos construindo novas passagens com novos pontos de ancoragem para essa área especifica. Portanto, este evento tem demonstrado ser de amplo interesse para as comunidades envolvidas, pois das experiências no campo científico e didático muito podemos colher e semear. Queremos fazer as cadeira de rodas girarem e, nesse giro, encontrarmos modos de vida, formas de permitir que as pessoas com deficiência estejam efetivamente presentes na sociedade. Além desses aspectos fundamentais, importante também se torna a convivência entre acadêmicos e a sociedade em geral, abrindo e humanizando novos horizontes e comportamentos que são fundamentais para romper as barreiras acadêmicas e sociais, permitindo que estudantes, dançarinos e docentes possam debater as questões que norteiam essa área cientifica. É esta a forma com mais potencialidades de cumprir os objetivos educacionais do ensino universitário: torna-se um espaço de debate de novos conceitos, abrindo-se ao pensamento elaborado fora dos respectivos limites. Por isso a Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora associou-se à Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas para a realização deste evento. Os trabalhos aqui publicados serão apresentados e discutidos, promovendo um confronto de diferentes perspectivas através das quais esse espaço conquistado pela dança em cadeira de rodas é compreendido e vivenciado. Cada 10 pesquisa apresentada é parte do pensamento elaborado sobre a experiência de cada autor. São escritos que permitem críticas tornando-se fundamentais para novas pesquisas. Os trabalhos são de responsabilidade de seus autores e esperamos que, nos momentos de convivência, as trocas de sugestões possam se efetivar. Da parte da Comissão Organizadora, desejamos que todos sejam bem vindos e que o espaço do evento propicie momentos de relações interpessoais de socialização do saber. A todos, nossas saudações acadêmicas. Eliana Lucia Ferreira Presidente da comissão organizadora 11 Mapa Geral do Simpósio Domingo – 20 de Novembro 13.30 – 14. 00 Entrega dos materiais para os árbitros FAEFID 14.30 - 18.00 Curso 1- Arbitragem/ FAEFID/Pippa Robert Segunda – Feira – 21 de Novembro 08.30 - 12.30 Curso 1- Arbitragem/ Espaço Mascarenhas/ Iwona e Wlodzimierz Ciok 08.00 - 8.30 Entrega dos materiais para os professores de dança do curso 2/FAEFID 08.30 - 12.30 Curso 2 – Técnica de DCR/FAEFID/ Pippa Robert 14.00 - 18.00 Curso 1- Arbitragem/ Espaço Mascarenhas/ Iwona e Wlodzimierz Ciok 14.00 - 18.00 Curso 2 – Técnica de DCR/FAEFID/ Pippa Robert Terça Feira – 22 de Novembro 8.30 - 12.30 Curso 1- Arbitragem/ Espaço Mascarenhas/ Iwona e Wlodzimierz 14.00 - 18.00 Curso 2 – Técnica de DCR/FAEFID/ Pippa Robert Quarta Feira – 23 de Novembro 8.30 - 12.30 Curso 1- Arbitragem/ Espaço Mascarenhas/ Pippa Robert 8.30 - 12.30 Curso 2 – Técnica de DCR/FAEFID/ Iwona e Wlodzimierz Ciok 12 13.30 - 14.30 Congresso Técnico do IV Campeonato/ Academia de Comércio/ Todos os representantes de clubes que irão participar do campeonato, arbitros e classificadores funcionais. 14:30 - 15:30 Reunião da CBDCR 14.30 - 16.30 Classificação funcional/Academia de Comércio/ Para atletas ainda não classificados 18:00 - 22:00 Workshop 1/Vivências práticas do método Laban/ Ginasinho FAEFID/Ciane Fernandes 18:00 - 20:00 Workshop 2/Técnicas Básicas de DCR/ Ginásio FAEFID/Pippa Robert 20:00 - 22:00 Workshop 2/Técnicas Básicas de DCR/ Ginásio FAEFID/Iwona e Wlodzimierz Ciok Quinta Feira-24 de Novembro 9:00 – 10:00 Recepção dos congressistas e entrega de material/ Hall do anfiteatro da UFJF 10.00 – 11.00 Cerimonia Oficial de Abertura do IV SIDCR/ Anfiteatro da UFJF 11.00 – 12.30 Conferência de Abertura/ Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 14:00 - 17:00 Ensaio dos grupos de dança/Cine Theatro Central 14.00 - 14.30 Apresentação de posteres/ Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 14.00 - 14.30 Lançamento de livros/ Anfiteatro dos Estudos Socias da UFJF 14.30 - 16.00 Mesa redonda 02/ anfiteatro da UFJF 20.0 - 21.30 IV Mostra DCR / Cine Theatro Central 13 Sexta Feira - 25 de Novembro 09.00 - 10.30 Mesa Redonda 03/Anfiteatro da UFJF 11.00 - 12.30 Apresentação de temas livres / Anfiteatro da UFJF 1400 - 15.00 Apresentação de temas livres / Anfiteatro da UFJF 15.00 - 16.30 Mesa Redonda 04/anfitetaro da UFJF 17.00 - 18.30 Conferência de Enceramento / anfiteatro da UFJF 16.00 - 19.00 - Avaliação do evento e novas propostas/ anfiteatro da UFJF 19.00 Passeio turístico na cidade de Juiz de Fora Sábado - 26 de Novembro 08.00 - 12.00 Curso 1 - Arbritragem/Simulação do Campeonato/ Ginásio da FAEFID/ Iwona e Wlodzimierz Ciok 08.30 - 12.30 - Curso 2 - Técnica de DCR/Ginásio da FAEFID/ Pippa Robert/Entrega de certificado dos participantes 16.00 - 17.00 Ensaio do desfile para a abertura do Campeonato/ Academia de comércio/atletas competidores 18.00 - 18.30 - Cerimônia oficial de abertura do IV Campeonato 18.30 - 22.00 IV Campeonato Brasileiro de dança Esportiva e Cadeira de Rodas e Copa Mineira de Dança Esportiva/ Academia de Comércio Domingo - 17 de Novembro 09.00 - 13.00 Curso 01- Arbitragem /Discussão da arbitragem/ avaliação e entrega dos certificados - Iwona e Wlodzimierz Ciok/Ginásio da FAEFID 14 Pré-Simpósio Curso de Capacitação de Recursos Humanos: Dança em Cadeira de Rodas Ministrantes Profa. Iwona Ciok – Polônia Prof. Wlodzimierz Ciok - Polônia Profa. Pippa Robert 20/11 à 27/11 – Curso de Arbitragem em Dança Esportiva em Cadeira de Rodas 21/11 à 23/11 – Curso de Técnica de Dança em Dança Esportiva em Cadeira de Rodas Work Shop 01 - 23/11 (quarta-feira ) : Vivências Práticas do Método Laban Horário: 18:h00 às 22:h00 Ministrante: Profa. Dra. Cyane Fernandes–UFBA 02 - 23/11 (quarta-feira): Técnicas Básicas de Dança de Salão em Cadeira de Rodas Horário: 18h:00 às 22:h00 Ministrantes: Profa. Iwona Ciok - Polônia Prof. Wlodzimierz Ciok – Polônia Profa. Pippa Robert - Malta 15 Simpósio Quinta Feira, 24/11/2005 09h00 – Recepção dos congressistas 09h30 - Inscrições e entrega de material Local: Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 10h00 - Cerimônia de Abertura 10h30 – Retrospectiva dos eventos anteriores 11h00 – Conferência de Abertura: “A Reabilitação Através do Esporte: Maleabilidade Corporal e Social” Prof. Dr. Marco Túlio de Melo–UNIFESP/SP Coordenador: Prof. Dr. Mauricio Gattás Bara Filho - UFJF 14h30 – Mesa Redonda: “Processos de Criação do Movimento para a Dança em Cadeira de Rodas” Profa. Dra. Cyane Fernandes – UFBA Profa. Douta. Fafa Daltro – Puc /SP Profa. Dra Jacyan Castilho de Oliveira – UFBA Debatedor: Profa. Dra. Alice Mary Monteiro Mayer - UFJF Coordenador - Profa. Margarida Cristina Zampiere - PJF 16h30 - Mesa redonda - “Possibilidades de Movimentos Artísticos sobre uma Cadeira de Rodas” Profa. Iwona Ciok – Polônia Profa. Lilá Nudelman - Uruguai Profa. Dra. Maria Beatriz Rocha Ferreira - Unicamp Profa. Pippa Robers - Malta Debatedor: Profa. Ms. Carmem Rosller - Unimep 16 Coordenador: Prof. Dr. Renato Miranda - UFJF 20h00 - IV Mostra de Dança em Cadeira de Rodas Local: Cine Theatro Central de Juiz de Fora Coordenadora: Profa. Regina Cunha e Saulo Silveira Sexta-Feira, 25/11/2005 09h00 - 10h30 – Mesa Redonda: “Multiplicidade, Fragmentação e Complexidade: Atividades Artísticas e Esportivas para as Pessoas com Deficiência” Profa. Dra. Maria Onice Payer – Univas - Labeurb/Unicamp Profa. Dra. Rute Estanislava Tolocka – Unimep Debatedor: Prof. Dr. Carlos Alberto Marques NESP/UFJF Coordenador: Prof. Emerson Rodrigues Duarte - PJF Local: Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 11h00 – Relatos de pesquisas Debatedor: Profa. Ms. Márcia Campeão – PUC / Petrópolis Coordenador: Prof. Ms. Luís Carlos Lira - UFJF Local: Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 14h00 – Exposição de Pôster Coordenador: Prof. Carlos Coelho Ribeiro Filho - UFJF Local: Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 14h30 - Relatos de pesquisas 15h00 – Mesa Redonda: Fundamentação Teórica e Prática da Educação Motora no Desenvolvimento Humano - Implicações para a Pessoa com Deficiência Prof. Dr. Ademir Demarco –Unimep/ Unicamp Profa. Dra. Heloisa de Araujo Gonzalez Alonso - UFRJ 17 Prof. Dr. Rodolfo Novelino Benda – UFMG Debatedor: Profa. Dra Maria Elisa Caputo Ferreira - UFJF Coordenador: Prof. Ms. Marcelo de Oliveira Matta - UFJF Local: Anfiteatro dos Estudos Sociais da UFJF 17h00 - Conferência de encerramento: “Educação e Diversidade Humana” Prof. Dr. Apolônio Abadio do Carmo – UFU Coordenador: Prof.Izaltino Ferreira Meirelles Filho - PJF 18h30 – Avaliação do evento científico e propostas temáticas para o próximo evento Prof. Dtdo. Carlos Alberto Camilo Nacimento – UFJF Prof. Dr. José Marques Novo Júnior – UFJF Prof. Dr. Romualdo Dias - UNESP Coordenador: Hierania Morisson de Moraes Sábado, 26/11/2005 18h - IV Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas 18h - Copa Mineira de Dança Esportiva Coordenadores: Ricardo Wagner de Campos Rosa – PJF Emerson Rodrigues Duarte - PJF Douglas Messias Fedoceo - PJF Eliana Lucia Ferreira - UFJF Bettina Ried - ESEF/SP Rute Tolocka - Unimep 18 Endereços dos eventos Constantino Hotel Rua Santo Antônio 765 - Centro - (0xx32) 3229-9800 Cesar Palace Hotel Av. Getúlio Vargas 335 - Centro - (0xx32) 3215-6599 Alojamento CESPORTE Av. Rui Barbosa, 530 Santa Terezinha Juiz de Fora CEP: 36045410 Alojamento do Exército 4º Depósito de Suprimento do Exército (4º DSup), Praça Antônio Carlos s/n Bertuu‘s Restaurante Rua Santo Antonio,572 Centro Juiz de Fora Tel.: 3215-5026 Restaurante Cantina do Amigão Rua Santa Rita, 552 Centro Juiz de Fora Tel.: 32152179 Espaço Mascarenhas Espaço Cultural Bernardo Mascarenhas Av. Getúlio Vargas, 200 Centro. 19 Ginásio e Ginasinho da FAEFID Faculdade de Educação Física e Desportos/UFJF Campos Universitário Bairro Martelos CEP: 36030-900 Juiz de Fora – MG Anfiteatro da Reitoria da UFJF Anfiteatro da Reitoria da UFJF (Anexo à Biblioteca Central) UFJF Campos Universitário Bairro Martelos CEP: 36030-900 Juiz de Fora – MG Anfiteatro dos Estudos Sociais Anfiteatro dos Estudos Sociais - Faculdade de Direito UFJF Campos Universitário Bairro Martelos CEP: 36030-900 Juiz de Fora – MG Cine Theatro Central Praça João Pessoa 11 (Entre o Calçadão da Rua Halfeld e o Calçadão da Rua São João) Academia de Comércio Rua Halfeld, 1179 Centro Tel.: 3249-7700 20 21 22 TEMA LIVRE Dia 25/11/2005 as 11h 23 IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO COM DANCA EM CADEIRA DE RODAS FREITAS, Alessandro de; ZAMUNER, Kellen F.; FREITAS, Maria do Carmo R.; TOLOCKA, Rute E. NUPEM/ UNIMEP O campo da dança é algo muito estudado nas perspectivas da educação, da integração e da socialização, no entanto, na maioria das vezes os estudos partem do pressuposto de um corpo sem deficiências físicas. Quando se fala da dança para pessoas com deficiência, quase não se encontram materiais produzidos no Brasil, mesmo que, segundo Krombholz (2001) a dança em cadeira de rodas tenha surgido no final dos anos 60 e hoje já é praticada em mais de 50 países, e que se iniciou no Brasil em 1989 Ferreira (2002). Atualmente a Dança em Cadeira de Rodas (DCR) é desenvolvida como arte e esporte. Como arte os métodos mais utilizados são da dança moderna, contemporânea e folclórica e pode ser desenvolvida de várias formas, ou seja, pode se dançar apenas um dançarino dependente de cadeira de rodas, ou um casal de dançarinos, sendo ambos usuários de cadeira de rodas ou então um dependente de cadeira de rodas e um andante ou ainda um grupo de dançarinos, sendo que este grupo pode ser 24 formado apenas por usuários de cadeira de rodas ou também por andantes. Quanto aos movimentos básicos da dança, eles podem ser realizados com a cadeira estática ou em movimento. (RIED et al, 2003) A dança, segundo a ISOD (1992), contribui para melhorar a função cardiovascular, a capacidade física em geral, compensando a deficiência de movimentos; estimula a autoconfiança, auxilia na formação da autoconsciência, fortalecendo a imagem da personalidade; aperfeiçoa a capacidade de comunicação, cooperação e integração, propiciando alegria nos contatos, capacidade de trabalhar em grupo, criatividade; efeitos são observados também na postura, movimentação e coordenação, ao mesmo tempo que se aprende diversas formas de danças. Braga et al (2003) revelaram muitas melhoras em funções motoras e cerebelar. Sato e Tolocka (2002), também apontam benefícios sociais as pessoas praticantes de dança em cadeira de rodas, uma vez que essas pessoas passam a conviver com o mundo de uma forma diferente, em que o movimento torna-se o mediador de uma possibilidade de inclusão. Embora não sejam ainda encontrados muitos estudos que comprovem estes benefícios, pode-se afirmar que ao não divulgar esta modalidade de certa forma se restringe as possibilidades de vivência de uma pessoa usuária de cadeira de rodas Objetivos Este estudo tem como objetivo criar subsídios para a 25 discussão dos principais aspectos a serem considerados para se iniciar um trabalho com a DCR. Metodologia Trata-se de uma pesquisa bibliográfica (SEVERINO, 2002), em artigos ou livros sobre a DCR. Resultados e discussão Para o trabalho com o deficiente, é preciso refletir sobre questões de segurança. Para Orso et al. (2001), o termo LER (lesão por esforço repetitivo) vem sendo tratado para funcionários com longas jornadas de trabalho e que movimentam suas articulações para uma função especifica e repetitiva. Ao olhar para a DCR é preciso lembrar que os treinos exigem muitas repetições de um mesmo movimento, como por exemplo o manejo na cadeira de rodas, cujo movimento aparece em todas as coreografias, com todos os dançarinos e deve ser olhado de forma diferenciado para não prejudicar as articulações do dançarino. Outro ponto a ser levado em consideração para a prática com o cadeirante, é o tempo que o mesmo passa sentado em sua cadeira que pode causar úlceras de pressão. Figueiredo et al (1996) falam que estas feridas, também conhecidas como escaras ou úlcera de decúbito, tem seu início em regiões com certa umidade, e que a manutenção higiênica e a estimulação de movimento das partes do corpo que estarão em contato com objetos por muito tempo é o melhor remédio para a prevenção. A disreflexia autonômica pode ocorrer em qualquer pessoa 26 com lesão medular acima de T6 produzindo hipertensão arterial e taquicardia seguida de bradicardia. Ou acima de T12 causando hipotensão arterial e bradicardia (SARAIVA et al., 1995). As causas mais comuns são: problemas urinários, especialmente bexiga cheia demais, infeccionada ou com pedras; dilatação do intestino causada por prisão de ventre; escaras ou áreas sob pressão exagerada. Para preveni-la deve-se pedir que o dançarino esvazie a bexiga e o intestino antes de dançar, e se aparecerem sintomas (vermelhidão das faces, cefaleia, alteração de freqüência cardíaca ou pressão arterial) deve-se levar o dançarino ao serviço de urgência e comunicar que pode se tratar de uma disreflexia autonômica (TOLOCKA, DE MARCO, 1994), pois os sintomas só desaparecem se a causa for retirada, do contrário existe risco de óbito (OKAMOTO, 1990) Faz-se necessário o conhecimento do estado de saúde dos alunos. Tavares et al. (1997) propõem o uso de uma ficha de avaliação das condições iniciais, contendo contatos de emergência, convênio médico e descrição da condição. O Colégio Americano de Medicina do Esporte recomenda que seja feita uma estratificação de risco de cada aluno, considerando aspectos clínicos, antropométricos e história familiar (ACSM, 2000). A avaliação dos movimentos dos dançarinos na DCR pode ser feita levando em consideração suas possibidades motoras, tal como proposto no exame para classificação funcional, que se observa o manejo da cadeira de rodas, função de empurrar e puxar o parceiro, raio de movimento dos braços e estabilidade 27 do tronco (RIED et al 2003). Neste ponto encontra-se uma grande dificuldade na literatura, tanto nacional quanto internacional, pois os estudos sobre as habilidades motoras necessárias para a dança são escassos. A maioria dos estudos publicados sobre avaliação de movimentos em cadeira de rodas, referem-se a análises biomecânicas, que demandam aparelhagem especial e que ainda são realizadas em situações de laboratório, fazendo-se assim urgente que a academia se volte para esta questão. Para se ensinar a dança em cadeira de rodas, segundo Krombholz (2001), devem ser trabalhados exercícios para ombros, braços, mãos, cabeça, enfim, toda a parte superior do tronco, dentro das possibilidades de cada dançarino, procurando explorar expressões faciais, gestos, posturas, sempre aplicados à música, a diversos ritmos, dançando sozinho e também interagindo com outros indivíduos, buscando estabelecer uma comunicação não-verbal entre os praticantes. Para Ferreira (2002) ao se buscar uma metodologia para o ensino da dança é fundamental conhecer as possibilidades de deslocamento e de movimentos possíveis para os usuários de cadeira de rodas e passar a ver a cadeira de rodas como um instrumento que possibilita a pessoa com deficiecia dançar. Ela apresenta seis fases para o ensino desta modalidade: Comportamental: ocorrem os primeiros contatos, buscando a confiança e empatia entre os envolvidos na atividade – professor-alunos e alunos-alunos. Não se deve usar movimentos pré-determinados, mas sim deixar com que eles 28 aparecem voluntariamente; Integração Artística: nesta fase vale ressaltar a importância da dança no contexto histórico, bem como do ponto de vista coreográfico, onde a dança é utilizada como meio de expressão de sentimentos humanos. ; Associação: aqui se inicia a associação do corpo com a cadeira de rodas, onde deve ser trabalhado o domínio sobre a cadeira de rodas.Nesta fase, ao tentar movimentos mais arrojados, podem ocorrer “quedas” nas quais o professor não deve interferir, fazendo com que o aluno adquira confiança em si próprio; Elementar: aqui, o professor já conhece as possibilidades dos alunos e estes já estão confiantes em seus movimentos básicos. É o momento em que são introduzidos os elementos fundamentais da dança moderna; Instrumentalização: tendo os alunos consciência corporal, é possível introduzir a técnica da dança moderna, mas apenas como referencial, deixando aflorar a criatividade de cada um; Coreográfica: a partir dos resultados obtidos nas fases anteriores, é possível direciona-los para uma coreografia. Nesta fase, todo trabalho realizado é refletido através dos movimentos surgidos no processo de desenvolvimento da dança. Importante dizer que a dança não se baseia somente nos movimentos, mas nos sentimentos e emoções vindas de cada um. Baseada no método Laban, Ferreira (2002 p.103) propõe as seguintes questões sobre o movimento na dança: “o que se move – o corpo – fator peso; como se move – a qualidade do 29 movimento; onde se move – o espaço e com quem se move – o relacionamento”. Cordeiro et al (1989) mostrou que o método Laban descreve e compreende os movimentos do homem através de quatro fatores: força, tempo, espaço e fluência e diz que todo movimento corporal produzido exprime sentimentos próprios de quem o realiza, sendo possível compreender não somente a dança, mas também as ações realizadas no cotidiano. Estas autoras mostram que neste método não se estuda apenas o movimento, mas sim o indivíduo que o realiza, uma vez em que ele se significa a partir dos gestos que realiza com o corpo, do espaço pelo qual se move, da interação com os demais indivíduos. Os movimentos são compreendidos através de quatro fatores: força, tempo, espaço e fluência, relacionando as ações corporais com os processos mentais e emocionais. Dessa forma, os movimentos realizados por um indivíduo é sua linguagem não verbal, ou seja, o corpo em movimento se expressa e é o elemento que produz o prazer pessoal. É através da dança, que o sujeito se significa. Para Ferreira (2002) ao se buscar uma metodologia para o ensino da dança é fundamental conhecer as possibilidades de deslocamento e de movimentos possíveis para os usuários de cadeira de rodas e passar a ver a cadeira de rodas como um instrumento que possibilita a pessoa com deficiecia dançar. Ela apresenta seis fases para o ensino desta modalidade: Comportamental: ocorrem os primeiros contatos, buscando a confiança e empatia entre os envolvidos na atividade 30 – professor-alunos e alunos-alunos. Não se deve usar movimentos pré-determinados, mas sim deixar com que eles aparecem voluntariamente; Integração Artística: nesta fase vale ressaltar a importância da dança no contexto histórico, bem como do ponto de vista coreográfico, onde a dança é utilizada como meio de expressão de sentimentos humanos. Associação: aqui se inicia a associação do corpo com a cadeira de rodas, onde deve ser trabalhado o domínio sobre a cadeira de rodas.Nesta fase, ao tentar movimentos mais arrojados, podem ocorrer “quedas” nas quais o professor não deve interferir, fazendo com que o aluno adquira confiança em si próprio; Elementar: aqui, o professor já conhece as possibilidades dos alunos e estes já estão confiantes em seus movimentos básicos. É o momento em que são introduzidos os elementos fundamentais da dança moderna; Instrumentalização: tendo os alunos consciência corporal, é possível introduzir a técnica da dança moderna, mas apenas como referencial, deixando aflorar a criatividade de cada um; Coreográfica: a partir dos resultados obtidos nas fases anteriores, é possível direciona-los para uma coreografia. Nesta fase, todo trabalho realizado é refletido através dos movimentos surgidos no processo de desenvolvimento da dança. Importante dizer que a dança não se baseia somente nos movimentos, mas nos sentimentos e emoções vindas de cada um. 31 Baseada no método Laban, Ferreira (2002 p.103) propõe as seguintes questões sobre o movimento na dança: “o que se move – o corpo – fator peso; como se move – a qualidade do movimento; onde se move – o espaço e com quem se move – o relacionamento”. Cordeiro et al (1989) mostrou que o método Laban descreve e compreende os movimentos do homem através de quatro fatores: força, tempo, espaço e fluência e diz que todo movimento corporal produzido exprime sentimentos próprios de quem o realiza, sendo possível compreender não somente a dança, mas também as ações realizadas no cotidiano. Estas autoras mostram que neste método não se estuda apenas o movimento, mas sim o indivíduo que o realiza, uma vez em que ele se significa a partir dos gestos que realiza com o corpo, do espaço pelo qual se move, da interação com os demais indivíduos. Os movimentos são compreendidos através de quatro fatores: força, tempo, espaço e fluência, relacionando as ações corporais com os processos mentais e emocionais. Dessa forma, os movimentos realizados por um indivíduo é sua linguagem não verbal, ou seja, o corpo em movimento se expressa e é o elemento que produz o prazer pessoal. É através da dança, que o sujeito se significa. Outro aspecto a ser considerado, são as emoções que podem estar presentes em diferentes contextos e movimentos realizados durante as competições. Freitas (2005) verificou que expressões de alegria e de medo podem ocorrer em movimentos como: girar de mãos dadas com o parceiro, inclinação da cadeira 32 de mãos dadas com o parceiro, em poses estáticas sentado sobre o parceiro, com ou sem inclinação de tronco ou apenas aparado ao lado do parceiro. Tais movimentos são de grande complexidade e implicam em aquisição de técnicas de manejo da cadeira de rodas e do corpo. Assim, dançarinos mais tecnicamente preparados para executa-los não teriam medo de ocorrências desagradáveis tais como quedas, ao passo que outros, com menor preparo poderiam evidenciar medo ou ansiedade. Outra explicação poderia ser o grau de confiança entre os parceiros, permitindo mostrar movimentos semelhantes nas emoções diferenciadas. Lent (2001) explica que as emoções negativas são mais conhecidas do que as positivas; o medo se caracteriza como uma experiência subjetiva que surge quando algo pode ameaçar e provocar comportamento de fuga ou luta ativando o sistema nervoso autônomo. Dessa forma nas emoções de medo identificadas para ambos os dançarinos pode-se dizer que o fato de executar movimentos mais elaborados gera uma sensação de ameaça, ou seja, um desafio maior que aumenta a tensão ativando o sistema nervoso autônomo. Nota-se que é necessário uma boa harmonia entre o casal e também que ambos estejam treinados tecnicamente para seguir o ritmo determinado. Considerando-se que estes são alguns dos requisitos analisados pelos árbitros na competição, o medo/ansiedade demonstrado pode estar ligado a exposição à arbitragem, pois como Ried et al (2003) explicam os critérios de avaliação 33 incluem o ritmo; a postura e linha de equilíbrio, o equilíbrio estático e dinâmico de ambos os parceiros em conjunto ou individualmente e a harmonia da movimentação. Além disto o julgamento da emoção na dança se faz presente também, pois “o prazer de dançar deve ser expresso claramente, transmitindose aos expectadores em cada momento da presença do casal na pista”. (RIED et al, 2003 p.37). Considerações finais Para se iniciar um trabalho com DCR é necessário alguns cuidados com a segurança dos praticantes bem como algumas medidas de prevenção. Além disto é importante ter uma idéia de como trabalhar com eles, isto é, alguma proposta metodologica e avaliação das possibilidades motoras, já que não se trata apenas de adaptar movimentos a condição de deficiência física, e sim de criar novas possibilidades que possam mostrar potencialidades dos dançarinos. É necessário ainda tomar alguns cuidados com as emoções a que estão sujeitos os alunos. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACSM - AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual do ACSM para Teste de Esforço e Prescrição de Exercício. Ed. RevinteR , 5a ed., 2000. BRAGA, D, et al. Dança como recurso artístico: atuando na reabilitação de pacientes com seqüela de acidente vascular cerebral. in Anais do III Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas. Mogi das Cruzes: CBDCR, 2003. CORDEIRO, A., HOMBURGER, C. e CAVALCANTI, C. Método Laban. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1989. FERREIRA, E.L. 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Revista Ciência e Tecnologia, v.4/2, n.08, p.10 - 15, 1995. 37 DANÇANDO SOBRE RODAS: REFLETINDO SOBRE A AVENTURA METAFORICA DO CORPO EM MOVIMENTO CUNHA, Maria Auxiliadora Terra Universidade Gama Filho/ UNISUAM/ RJ, Brasil Pesquisa qualitativa sobre a aventura metafórica de dançar em cadeira de rodas, realizada com base em entrevistas semiestruturadas com vinte cadeirantes. A Análise do Discurso de Orlandi e as associações livres de idéias, mediante as palavras indutoras aventura, dançar, corpo, movimento, liberdade, cadeira de rodas, permitiram ao dançarino assumir, temporariamente, o lugar da dança, formulando sonhos projetivos, imagéticos. É a maneira que as polaridades encontram para se tocar e se transformar. Nosso desafio foi explicar como corpos paralisados, pela magia da dança, solidariedade dos pares andantes e a cumplicidade das festas, vivem um processo de continuidade, onde os movimentos dos cadeirantes, andantes e cadeiras de rodas integram-se em uma tríade coreográfica, metamorfoseando sua aparente imobilidade, recobrindo-a de expressões, signos codificados e estabelecidos em diferentes linguagens e estilos. Tornam-se outra coisa, uma outra pessoa que, ao ganhar asas, (re)assumem o seu lugar em uma (con)fusão de cadeiras, rodas, movimentos, corpos, objetos dançantes. No palco da vida, os movimentos ganham vida, postura, atitude corporal e se transformam em gestos dançados 38 que se propagam de um corpo para outro. Na metamorfose final, pela identificação e magia do Amor, o espírito atravessa o corpo degustando o sabor de cada movimento, imprimindo-o com novas qualidades, novos matizes e alcançando humanização na natureza. Aqui, a narrativa da aventura de dançar sobre rodas faz com que esses atores esqueçam dos preconceitos, valores sociais, exclusão, identidade dançante e se preparem para um próximo vôo. O caminho metodológico Na aventura utópica de dançar em cadeira de rodas, compreender o sentido de imagem corporal implica, obrigatoriamente, entender os significados dos termos imagem e corpo, bem como, relacionar os conhecimentos adquiridos com o lugar existencial que esse homem ocupa no mundo. Porém, esta não é uma tarefa fácil de ser executada. Para alcançarmos nossos objetivos, este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa qualitativa que partiu do pressuposto de que os seres agem em função de suas crenças, percepções, sentimentos e valores, enquanto seu modo de comportar-se segue a ordenação de uma significação que não é imediatamente conhecida, precisando, portanto, ser desvelada. Ao pesquisarmos sobre o ato mágico da imaginação, do encantamento, capaz de re-significar o objeto no qual se pensa, que se deseja de modo à dele tomarmos posse, buscamos coletar junto aos atores as informações necessárias, realizando entrevistas semi-estruturadas com vinte cadeirantes. Coubenos obser var, detalhadamente, o comportamento dos 39 entrevistados - verbalização, silêncio, hesitações, risos, lapsos - para a sustentação das análises, uma vez que todas as entrevistas foram gravadas e transcritas, procurando-se ser o mais fiel possível às interlocuções. Uma outra abordagem foi necessária, tendo como intenção uma associação livre de idéias, mediante as palavras indutoras aventura, dançar, corpo, movimento, liberdade, cadeira de rodas, acrescentando ao estudo das representações a subjetividade dos atores que expressaram espontaneamente o que cada palavra os fazia lembrar. Tal procedimento favoreceu as interpretações que se fizeram conveniente, uma vez que se buscou compreender a prática da aventura de dançar, a partir do lugar social dos dançarinos em cadeira de rodas, inseridos na trama significativa do imaginário. Optamos pelo estudo das semânticas que atendem ao critério de natureza coletiva e que são prontamente lembradas e representadas pela freqüência com que foram evocadas. O exame qualitativo da igualdade entre as idéias permitiu-nos sinalizar as relações entre os elementos que explicitam tanto um viés cognitivo como um viés psicossocial frente às práticas. A partir daí, constituem a rede de sentidos que atravessam essas cognições. Nas entrevistas, há um momento em que o dançarino assume, temporariamente, o lugar da dança. O método utilizado para a interpretação dos resultados fundamenta-se na Análise do Discurso (AD), de Orlandi, que entende a linguagem como lugar de conflito, tendo no silêncio o seu fundamento, o princípio de toda significação. A linguagem se liga necessariamente ao 40 silêncio, manifestando-se como passagem incessante, das palavras ao silêncio e do silêncio às palavras. A mudança de lugar social objetiva a quebra do acordo das falas que se estabelece entre o locutor e o interlocutor. Assim, com a substituição de papéis, no momento em que nos colocamos em outro lugar social, deixamos fluir a imaginação, suscitando crenças, mitos, desejos do imaginário. A partir da análise dessas entrevistas, identificamos alguns sentidos da aventura imaginária da dança dos cadeirantes. O aventureiro flutua num universo cheio de incertezas, transformando, com paixão, os obstáculos encontrados em trampolim, em expansão de seus espaços, de seus projetos. A dança desses atores é vivida como uma aventura carregada de emoção fato que, no dizer de Simmel, assemelha-se a uma conquista, ao aproveitamento rápido da oportunidade de viver, com paixão. Manifesta-se nos discursos como singularidade; desafio/ brincadeira; ato de vontade, alegria, descontração e ato de desejo. Apresenta-se com as seguintes marcas lingüísticas: superação, cujos sentidos se expressam sob domínio de limites e perseverança, avanço, força interior, conquista e caminho da imaginação. Esses discursos pertencem a um imaginário predominantemente heróico, nos quais as forças de elevação se constituem em marcas, onde os heróis aventureiros passam grande parte de sua vida cumprindo tarefas desafiantes e sobrevivendo aos sacrifícios para retornarem, renovados, ao cotidiano. A dimensão mítica do herói tem como função desenvolver no indivíduo a consciência das potencialidades e 41 limitações humanas. Essa marca que põe em evidência o discurso do caminho da interiorização que desenvolvem ao dançar manifesta-se como um imaginário místico, que invoca a intimidade, a busca do encontro consigo mesmo, de transformação individual. Nesse momento, o corpo limitado, quase sem vida, sem mobilidade, vai se expandindo, colorindo, reapropriando-se da vida, vivendo seu momento de ruptura, seu momento de ascensão, defendido por Gilbert Durand, como pertencentes ao regime diurno. O grupo semântico dançar/ movimento/ corpo/ liberdade remete-nos à descoberta da própria mobilidade. Dançar é passar todo sentimento da música para o coração e deste, para o corpo, da forma que melhor conseguir expressálo. Todos os movimentos são bem aceitos e celebrados. Como resposta, temos um movimento harmônico da dança que existe em cada um de nós. Conforme o Dicionário de símbolos, dançar é buscar libertação no êxtase, no prazer. É celebração, linguagem, febre que envolve uma criatura, podendo levá-la até ao frenesi. É manifestação do instinto de vida, reencontro da unidade primeira. É aventura, vida no movimento. É prazer, alegria, felicidade, liberdade de voar, superação de barreiras, Amor. É corpo, fazendo da cadeira de rodas, o instrumento, o transporte para o movimento, para a arte coreográfica. A expressão indutora cadeira de rodas encontra-se associada ao corpo do cadeirante. A presença do possessivo meu/ minha indicia reconhecimento de si, posse, individualidade, projeção do próprio corpo como pés, perna e sapatilha. Para muito dos atores 42 está associada a instrumento/ transporte enquanto para outros, a idéia de companheira. O sentido predominante é o de locomoção de um corpo que se expande em busca de outros horizontes. A roda significa deslocamento, libertação das condições de lugar e do estado espiritual, tal como aparece nas entrevistas. DANÇANDO SOBRE RODAS: a fusão corporal de cadeirantes, cadeira de rodas e andantes através da metáfora da metamorfose (possibilitando na im)possibilidade de movimentos) Todos os organismos metamórficos trazem em sua herança genética as informações básicas para seu processo evolutivo em etapas. E cada uma dessas etapas possui forma, tempo e estrutura aparentemente determinados pela Natureza. Daí as possibilidades das metamorfoses, das superações. No primeiro momento do estudo, acompanhamos a fase da geração de ovos, que contêm a potencialidade do ser, e a fase de lagarta em sua condição de rastejante em direção à folha. É o momento da geração de idéias, de indagações acadêmicas e da problematização, visando à preparação do grande baile. É a hora de escolher o convite e selecionar, minuciosamente, cada um dos convidados, determinando, também, o tema e a decoração adequada a ele. Recortar, colar, arrumar, pois é tempo de definir as estratégias do estudo, ar rastando-se e transformando-se, tal qual uma lagarta, em direção ao seu porto seguro. A lagarta, usando as patas e comendo as folhas, prende43 se através das patas dianteiras a um galho. Encurvando-se, segundos depois, a lagarta se recobre e já é um casulo, uma crisálida. Pensando em facilitar a adaptação dos dançarinos em cadeira de rodas buscamos colher, no imaginário alternativo, o sagrado e o profano presentes na trama utópica da aventura de dançar em cadeira de rodas. Vislumbrando uma sociedade inclusiva, selecionamos o repertório, recobrimos o casulo, a crisálida e preparamos o salão para o início do tão esperado baile. Mas ainda é cedo. Temos que esperar mais um pouco... As fases seqüenciais do ciclo de vida dos insetos em processo de metamorfose nos fazem acreditar que está chegando o momento de rompimento do casulo para os primeiros vôos. Sabemos, porém, que esse tempo de chegada não pode ser abreviado pelo homem. Há um tempo certo. Há o momento correto. Chegou o grande dia! Começa o baile. É hora dos atores, na (im)possibilidade de seus movimentos, (re)descobrirem as linguagens corporais e o prazer terapêutico da dança, demarcando sua nova identidade dançante. É o momento em que a borboleta rompe o casulo e renasce de forma esplendorosa, na fusão corporal de cadeirantes, cadeiras de rodas e andantes, em uma nova forma corporal, livre e expressiva de dança solidária. É tempo de (mu)danças. É tempo de mudar a dança por meio da mais bela das linguagens, a do movimento dos corpos expondo a alma. Em nossa pesquisa, após a geração do desejo de dançar, o dançarino, em sua condição metafórica de lagarta, rasteja até perceber as rodas apenas enquanto cadeira. Ao cansar-se de 44 rastejar, o movimento das rodas, parte da cadeira, é então percebido como um todo necessário, alimento para a sua própria sobrevivência. Importa apenas sua função. Encanta-se ao encontrá-lo, pois, ao dominá-lo, irá encontrar seu porto seguro. Busca nesse objeto a extensão de seu próprio corpo. Cria um processo de continuidade entre os movimentos do seu corpo e o movimento da cadeira. Paralelamente, a natureza continua seu trabalho. Enquanto revigora as rodas que produzirão novos movimentos, age também sobre a cadeira, que, ao alimentar-se dos sonhos desses corpos mutilados, sofre os efeitos de seus amadurecimentos. Os amadurecimentos são vividos na disciplina rigorosa dos ensaios e aprimoramentos dos movimentos, na sincronicidade buscada entre o corpo, os objetos e a música. E, num tempo, essas rodas ganham asas e seus movimentos, antes limitados, se metamorfoseiam em corpos e objetos dançantes, que são complementados por outros corpos andantes para se expressarem. O cadeirante já não mais vê a roda. Agora vê lá do alto, a dança como vivificação de seu corpo, em toda sua totalidade. O corpo, antes limitado, desbotado, inexpressivo, desqualificado, deserotizado, ganha vida e movimento, expande seus limites, ilumina-se, sensualizase. À sua necessidade de (re)alimentação mescla-se o encanto de perceber a grandeza e a beleza do movimento da cadeira e das rodas, e do seu par andante, fundido em harmonia entre movimentos do corpo, cadeira, rodas, dança. Já não há mais como perceber a parte sem que se perceba igualmente o todo. A cadeira de rodas fundiu-se ao corpo 45 do cadeirante, como uma projeção do próprio corpo ou parte dele, ganhando significado de locomoção de um novo corpo que se expande em busca de novos horizontes, numa libertação harmônica da dança existente em cada um de nós. A mesma natureza que deu asas à borboleta lança-a, igualmente, num vôo muito mais alto. A devoradora de folhas das árvores agora beija suas flores, colaborando para a preservação da diversidade da natureza. Agora é a hora de novos vôos da borboleta. É amadurecimento da dinâmica aeroespacial: equilíbrio corpóreo, flexibilidade, força. Precisamos distanciar-nos da festa e, entre a contemplação e a práxis, conhecer o cenário, identificar os atores e seus discursos, confrontando cadeirantes e andantes. É necessário descobrir e aprimorar novos vôos, novas manifestações culturais, modificando, assim, o então conhecido significado social da cadeira de rodas, bem como transpor quaisquer barreiras quando há desejo e prazer falando mais alto. É hora de re-pensar, atrás das cenas, a dança do portador de deficiência motora, compreendendo como o corpo interpreta, ganha e produz sentidos, em uma relação sócio-históricocultural, indo além dos discursos sobre o corpo pensado na dança - o corpo cotidiano - e o corpo pensado da dança - o corpo cênico. É hora de descobrir que o limite só existe em cada um de nós... Este é o momento da ressurreição, das transmutações, das redescobertas, da geração de novos ovos. Tal qual a 46 borboleta, recebemos pela metamorfose novos aparelhos que nos tornarão capazes de lançamentos em vôos cada vez mais altos, mais distantes, por sobre árvores, arbustos, montanhas, florestas... fazendo com que o movimento desses vôos nos leve rapidamente à abstração de uma imagem totalizadora, dinâmica, perfeita, finalizada. É o momento de esperar pelo próximo baile, refletindo sobre a aventura das imagens corporais (d)eficientes dançarem, utilizando-se dos aparelhos adquiridos no processo de construção de sua cidadania... e, voando cada vez mais alto, lançar os novos ovos para serem gerados. Assim, reflexões e ações sobre a dança fazem-nos acreditar que a inserção de corpos com desafios reais, pela magia da dança existente em cada um de nós, possa realmente acontecer de forma radical, completa, sistemática. Dançar não significa apenas coreografar o passo, escolher as roupas, sonhar com o repertório. É, também, buscar a essência do movimento, evidenciando a beleza dos corpos, revelando o que há de singular na cultura de cada um dos bailarinos. Dançar é criar tensões nas polaridades sensitivas / perceptivas as quais acreditamos ter consciência e entendimento, pois é na singularidade que podemos reconhecer a dança como um agente transformador de descobertas, conflitos, vivências. A AVENTURA METAFÓRICA DO CORPO EM MOVIMENTO O homem, tal qual as árvores e os insetos, é também impulsionado pela natureza, que o lança ao amadurecimento. Também em nós dá-se a metamorfose, mesmo que de forma diferenciada. Tal qual a lagarta, que não possui consciência do 47 corpo da borboleta se formando dentro dela, nem tem conhecimento das suas asas futuras ou, até mesmo, as próprias asas não compreendem o seu significado até o seu primeiro vôo, recebemos novos aparelhos, capazes de beijar a árvore que nos alimentou. No entanto, somos seres em constante construção. As pessoas na sua corrente de realidade estiveram formando o corpo sólido de um novo organismo, e agora chegou a hora para que ele venha à tona e integre o seu estado de desenvolvimento com outras correntes da humanidade. Na nossa corrente da realidade, formamos o corpo sólido de um novo organismo utópico capaz de dançar em cadeira de rodas. Chegou a hora deste corpo sólido ser vivificado em toda sua plenitude, em toda extensão do seu desenvolvimento, em toda ecceidade da dança. Chegou a hora da utopia de dançar em cadeira de rodas concretizar-se nos diferentes espaços sociais, pondo qualquer corpo em movimento, permitindo-lhe o livre acesso às múltiplas atividades comuns aos seres humanos. Chegou a hora de superar outros obstáculos, provocando novas aventuras, descobrindo novas sapatilhas para essas cadeiras de rodas, substituindo um corpo perfeito pela perfeição de um corpo em movimento. Chegou a hora deste organismo atravessar a existência em todos os salões de baile, em todas as casas de dança, vivendo emoções, dançando a chama d e seu desejo, do seu viver. Chegou a hora de cada dançarino de salão percorrer seu caminho, eternizar sua existência no mundo, encontrando cada uma das pistas, das marcas deixadas pelas cadeiras de rodas, ou pelos sapatos e continuar a viver a utopia da aventura de 48 dançar a dois. Chegou a hora de continuar a dançar, a encontrar prazeres, alegrias, realizações, demonstrando com movimentos seguros e delineados, a emoção desse ato de dançar as vidas, para não dançar nas vidas. 49 AS FUNÇÕES DA EXPERIÊNCIA CORPORAL DA DANÇA EM CADEIRA DE RODAS: PERSPESCTIVAS DOS PROFESSORES E ALUNOS POLONI , Raquel Lebre – Especialista em Atividade Motora Adaptada pela FEF – UNICAMP TAVARES, Maria da Consolação Gomes Cunha Fernandes – Prof.ª e Drª do departamento de Atividade Física Adaptada – FEF/UNICAMP. FERREIRA, Eliana Lucia - Prof.ª e Drª do departamento de Fundamentos da Educação Física – FAEFID/UFJF Em um contexto histórico a dança nos revela a sua importância para o desenvolvimento da pessoa e da sociedade, sendo ela a resultante da relação do indivíduo consigo mesmo e com o mundo, relacionada ao corpo e ao movimento, uma fonte de experiências corporais. Através do estudo da história da dança no mundo e no Brasil, observamos que a dança se construiu historicamente, e que as modificações de seus ideais, surgiram em épocas de questionamentos e rupturas sociais. Verificamos, assim, que a dança sempre esteve presente, relacionada ao tempo, às idéias e às aspirações, às necessidades e às esperanças em uma cultura e uma situação histórica particular. A dança, com a ascensão do balé clássico, a partir do século XV, passou a destacar elementos como o equilíbrio e a 50 perfeição técnica, a determinar padrões formais de beleza e a sistematizar, pela ordenação e codificação dos movimentos, as regras de dança. Contudo, no início do século XX, começou-se a aspirar os ideais de liberdade de expressão, iniciando uma série de questionamentos e rupturas sociais. A dança passou a procurar métodos que dessem ao corpo meios de exprimir as novas experiências, provocando a queda dos estereótipos e o desenvolvimento da dança que integra o corpo, o movimento, a expressão, o pensamento e o sentimento e culminando no reconhecimento do movimento corporal como meio de expressão. Dentro desse contexto, em que a dança é parte de um universo de percepções, gestualidade, movimento, criatividade e expressão, evidenciamos o surgimento de novas propostas de trabalho, através de questionamentos, que proporcionaram o desenvolvimento da dança para pessoas portadoras de deficiência. A dança para pessoas portadoras de deficiência é recente e apresenta nuanças de acordo com o contexto em que é desenvolvida. Esses contextos são muitos e podem ter os mais variados objetivos. Entre eles é muito comum o desenvolvimento da dança como fisioterapia em clínicas de reabilitação, como meio de socialização em programas de integração, como arte e esporte, divulgada pelos Comitês Estaduais e Municipais. Sendo assim, conforme sua abordagem e contexto 51 histórico a dança apresenta funções diversas, sendo responsáveis por: compreensão da estr utura e do funcionamento corporal, integração e expressão tanto individual como coletiva, experimentação e a criação no exercício da espontaneidade, desenvolvimento da consciência e da construção da sua imagem corporal, auto conhecimento, crescimento individual e social, improvisação, atividades coletivas que estimulam suas potencialidades motoras e expressivas, organização de movimentos para a criação de pequenas coreografias, reconhecimento e desenvolvimento da expressão da própria dança. Shontz (1990), identificou e esquematizou em sete itens as múltiplas funções de experiência corporal: 1. Registrador e processador de informações sensoriais 2. Instrumento para ação 3. Fonte de necessidades, impulsos e reflexos 4. Mundo privado, compartilhado apenas em condição de máxima intimidade 5. Estímulo essencial do “eu” 6. Estímulo social 7. Instrumento expressivo Estudando a história da dança no mundo e no Brasil, e observando os efeitos sociais e psicológicos que envolvem a pessoa portadora de deficiência ao longo da história, verificamos, ao estabelecer a relação entre deficiente, corpo, cultura e dança na história da sociedade, que a atividade motora para pessoa portadora de necessidades especiais, em ênfase a dança, é 52 compreendida e praticada, muitas vezes, enfatizando algumas das funções da experiência corporal da dança em detrimento das demais, determinando a fragmentação da experiência corporal. Assim, considerando o crescente desenvolvimento da dança em cadeira de rodas que tem cada vez mais conquistado espaço junto à sociedade e aumentado sua influência na vida dos bailarinos, ressaltamos o conceito de que a dança deve ser aplicada em sua magnitude e realizamos esse trabalho com o objetivo de verificar, dentre as sete funções da experiência corporal identificadas e organizadas por Shontz (1990), aquelas mais enfatizadas na vivência da dança em cadeira de rodas por: a) Pessoas portadoras deficiência que praticam dança em cadeira de rodas b) Professores que ensinam dança em cadeira de rodas para as pessoas portadoras de deficiência. Afim de atender nossos objetivos o projeto desta pesquisa descritiva foi apresentado em 02 de setembro de 2004 à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP tendo sido aprovado em 16 de novembro de 2004. Realizamos uma pesquisa de campo utilizando a aplicação de questionários. Dois questionários diferenciados foram feitos, um para cada grupo em questão: um questionário para os alunos de dança em cadeira de rodas e um questionário para os professores de dança em cadeira de rodas . Antes de serem aplicados estes foram entregues à julgamento e devidamente alterados. 53 Os questionários foram elaborados contendo questões que coletam informações descritivas dos voluntários como: idade, sexo, escolaridade e coletam informações das funções da experiência corporal da dança presentes da vivência da dança em cadeira de rodas do ponto de vista do aluno e do professor, respectivamente. Os questionários foram, assim, aplicados aos sócios da Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas (CBDCR) durante a realização do III campeonato brasileiro de dança em cadeira de rodas realizado em 18 de dezembro de 2004 na cidade de São Paulo/SP. Foram entrevistados seis professores de dança em cadeira de rodas e três alunos portadores de necessidades especiais que praticam dança em cadeira de rodas. Os dados obtidos foram analisados servindo como base para uma discussão e reflexão sobre a visão dos alunos e professores das funções da experiência corporal da dança em cadeira de rodas. Observamos que a idade dos professores variou entre 26 anos a 48 anos e que cinco dos seis professores que responderam ao questionário são do sexo feminino. Analisando essas informações, verificamos que na dança em cadeira de rodas, similarmente ao que ocorre na dança, há o predomínio do envolvimento de profissionais do sexo feminino. Os profissionais entrevistados possuem níveis formação diversificados. Isto nos leva a refletir que, sendo uma atividade que surgiu recentemente, ainda não existe uma sistematização quanto ao perfil deste profissional, muitas vezes as atividades 54 para pessoas portadoras de necessidades especiais, entre elas a dança em cadeira de rodas, se desenvolve com caráter filantrópico, empregando até o voluntariado sem uma prévia análise curricular. Existe um grande mérito quantos das pessoas percursoras neste trabalho, mas essa questão nos leva a refletir sobre a importância do curso de especialização, bem como dos congressos, simpósios e encontros científicos, pois a partir destes há o aprimoramento da formação e a troca de experiências entre os profissionais envolvidos de forma genuína com a dança em cadeira de rodas. Analisando as questões referentes as experiências corporais da dança, devemos observar, que entre os seis professores entrevistados observamos que cinco destacaram como relevantes na aplicação da dança as funções “Estímulo Social” e “Instrumento Expressivo” entre as sete funções de experiência corporal descritas por Shontz (1990). As respostas às questões também nos mostram que os professores entrevistados apontaram o estímulo do “eu” como ponto inicial para o estímulo social e para o estímulo expressivo. Essa percepção entre os profissionais que trabalham com dança em cadeira de rodas pode contribuir para a dança de uma maneira em geral. Esta, freqüentemente, enfatiza o desempenho, destacando elementos como o equilíbrio e perfeição técnica, determinando padrões formais de beleza em linha tênue ao narcisismo e ficando às margens o próprio eu. Analisando os dados referentes aos alunos, verificamos 55 que todos são portadores de Poliomielite, que a idade dos alunos variou de 22 anos a 33 anos e praticam de três a seis anos de dança com a freqüência de três vezes por semana. Embora seja uma população pequena, observa-se que se trata de pessoas bem diferentes quanto a compreensão corporal da dança em cadeira de rodas. Através das questões referentes as experiências corporais da dança observamos que entre os três alunos entrevistados, todos destacaram como relevantes na aplicação da dança a função “Estímulo Social” entre as sete funções de experiência corporal descritas por Shontz (1990). Cada aluno destacou diferentemente as duas outras. Através dos depoimentos percebemos a relevância da dança como instrumento expressivo, pudemos portanto evidenciar a influência da dança moderna e das transformações dos conceitos a partir desta. Não podemos, contudo, deixar de observar que destaca-se nos depoimentos a necessidade da pessoa portadora de deficiência mostrar a sociedade que é capaz. Essa necessidade, embora seja comum entre todos os homens, que continuamente vivem em tensão de serem valorizados por suas funções e desempenhos, parece ser mais acentuada entre as pessoas com necessidades especiais. Essas percepções nos levam a refletir sobre a importância da vivência da experiência corporal integrada para a construção da imagem corporal do indivíduo, pois esta é a representação da identidade do homem em meio de toda a relação humana. Visto sob esta dimensão, a dança está ligada à necessidade de 56 expressão, desejos e realidades, acentuando ainda mais a amplitude e relevância da vivência da experiência corporal de dança plena. Portanto, ao realizamos essa pesquisa, verificarmos, dentre as sete funções da experiência corporal identificadas e organizadas por Shontz (1990), que embora haja algumas experiências corporais enfatizadas pelos professores e alunos como mais relevantes na prática da dança em cadeira de rodas, como: “estímulo social” e “Instrumento expressivo”, há a consciência desenvolvida entre os professores de que o estímulo essencial do eu é ponto inicial das demais experiências corporais, e há entre os alunos a marca da individualidade de cada um. Segundo Lapierre (2002), o comportamento de cada um é motivado pelo desejo inconsciente que reside por trás do desejo consciente. Definindo a individualidade de cada um. Isto nos leva a assumir a singularidade destas pessoas e a refletir que generalizar conceitos e características para uma determinada deficiência é negar os desejos, as necessidades, a individualidade de cada um, é negar sua realidade de ser humano. A dança em cadeira de rodas pode, assim, ao distanciarse dos padrões exigidos pela dança em geral, impulsionar os conceitos do corpo que dança. A dança em cadeira de rodas, portanto, apresenta um importante papel na sociedade podendo promover a conscientização da magnitude da dança, assim como a importância de manter a atualização do conhecimento e a atuação consciente do profissional de dança. 57 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA ACHCAR, D. Balé: uma arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. BRASIL, Ministério da Educação e Cultura, Secretaria de Educação Física e Desporto. Atividade física para deficiente. 1981. Brasília: SEED/ MEC., 1981 BERNABÉ, R. Dança e deficiência: proposta de ensino. 2001, Tese (Mestrado)- Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001. BOURGIER, P. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 1987. CARMO, A. A. Deficiência Física: a sociedade brasileira cria recupera e discrimina. Brasília: Secretaria dos Desportos, 1991. 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Prof. da SME/JF e Fac. Metodista Granbery. Mestre em Educação-CES O movimento de inclusão de crianças com deficiência, no ensino regular, tem sido impulsionado após a reforma da educação, em dezembro de 1996, em que foi promulgada a Lei de Diretrizes de Bases (LDB) nº. 9394/96, visando à reestruturação da escola para todos os alunos. O impulso do movimento, certamente, segundo Stainback e Stainback (1999, p. 22), possui condições de expandir as práticas da inclusão para um número cada vez maior e crescente de escolas. A inclusão baseia-se, fundamentalmente, no modelo social da deficiência, de acordo com o qual, para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento de que ela precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros. Esse modelo enfatiza a relação sujeito/meio e busca dados significativos que contribuam para o planejamento e a implementação de programas educativos eficazes. Ao buscar reconstruir processos e relações que permeiam 60 a experiência vivida numa escola, optou-se pelo estudo no/do cotidiano escolar, porque, além do trabalho de campo, estudos desse tipo exigem um envolvimento intenso e uma interação constante entre pesquisador e objeto pesquisado, o que permitiu aos pesquisadores e aos bolsistas do Projeto de Iniciação Científica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), intitulado “Corpo e Diversidade na Escola”, conhecer a escola com mais proximidade. Foi possível, dessa forma, registrar os encontros e desencontros habituais dos “atores sociais da escola”, apreendendo e retratando a visão pessoal de cada participante desse processo. Esse tipo de estudo permitiu compreender, in loco, as situações de “dominação e resistência” que envolvem o contexto escolar de crianças com deficiências inseridas no ensino regular e as mudanças ocorridas em relação aos seus conhecimentos, atitudes, crenças e visão de mundo, além de conhecer todos os que fazem parte desse processo. Vale ressaltar que entrar em contato com a realidade escolar propiciou aos pesquisadores compreender, com mais clareza, o papel e a atuação de cada componente do processo educacional, percebendo as forças que estimulam ou impedem o relacionamento e a interação dos sujeitos entre si, bem como reconhecer as estruturas de poder e a maneira como se organiza a escola. Assim, estudar o cotidiano escolar representa chegar a conclusões significativas a partir de pequenos fatos, mas densamente entrelaçados, apoiar amplas afirmativas sobre o 61 papel da cultura na construção da vida coletiva, empenhandoas exatamente em especificações complexas. Assim, é importante conectar a ação ao seu sentido, em vez de associar o comportamento a seus determinantes. Ao focalizar o cotidiano escolar, o pesquisador “inscreve” o discurso social: ele o anota e, ao fazê-lo, transforma um acontecimento passado que existe apenas em seu próprio momento de ocorrência em um relato que existe em sua inscrição e que pode ser consultado novamente. Dessa forma, uma boa interpretação de qualquer fenômeno – uma pessoa, uma instituição, uma sociedade – leva o pesquisador ao cerne do que se propõe a interpretar. Estudar o cotidiano de uma escola é, assim, como tentar ler, no sentido de construir uma leitura a respeito do que se pretende pesquisar. Conhecer a realidade do interior de uma instituição de ensino desvenda, de alguma forma, a função de socialização não manifesta da escola e indica, ao mesmo tempo, as alternativas para que se concretize essa função de maneira dialética. A partir da realidade educacional do Município de Juiz de Fora - MG, procurou-se estabelecer, como prioritárias, escolas com determinadas características, dentre as quais, destacamse: a) estar localizada no Município de Juiz de Fora - MG; b) ter experiência no atendimento a crianças com deficiências inseridas no ensino regular; c) haver aceitação da direção, da supervisão pedagógica, das professoras e dos demais funcionários em apoiar a 62 realização do estudo e com ele colaborar. Os pesquisadores, desde o ano letivo de 2000, estudam a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência no ensino regular, com base em sua Tese de Doutorado, na Universidade de São Paulo (USP)1, o que resultou na publicação também do livro Educação Inclusiva (1993)2. Cumpre ressaltar que a UFJF tem dado grande apoio nessas pesquisas que contam com a presença de bolsistas de Programas de Iniciação Científica, desenvolvidos nessa Instituição. O presente trabalho investiga o cotidiano escolar de três Escolas Públicas Municipais de Educação Infantil e Ensino de Educação Básica, na cidade de Juiz de Fora - MG, as quais buscam inserir crianças e adolescentes com deficiência em suas turmas regulares. Essas Escolas possuem, em comum, a característica de trabalhar com crianças que apresentam deficiência em turmas regulares. Estão situadas em bairros de periferia e atendem a alunos de baixa renda. Duas Escolas possuem entre 600 e 800 alunos e a outra, bem maior, atende a cerca de 1.300 alunos. As três Escolas atenderam, durante os cinco anos de trabalho, ou seja, de 2000 a 2005, mais de 100 crianças ao todo, mas, devido à rotatividade das mesmas e às suas transferências para outras escolas, serão consideradas, como amostra para esta pesquisa, 32 crianças que estão matriculadas em 2005, com diferentes tipos de deficiências. Durante esses anos de acompanhamento escolar de crianças e adolescentes com deficiência, inseridos no ensino regular das Escolas pesquisadas, no Município de Juiz de Fora, 63 foram realizadas 107 entrevistas, com pessoas diretamente envolvidas neste Projeto: o quadro docente, administrativo, técnico e alguns(algumas) alunos(as) e suas mães. Os entrevistados foram selecionados de acordo com o que apresentavam em comum, ou seja, a convivência diária com as crianças e os adolescentes com deficiência, inseridos no contexto escolar. Assim, a partir dessas entrevistas, associadas a observações, anotações no diário de campo, fotografias e filmagens, procurou-se apreender o cotidiano escolar, para construir uma descrição densa3 e ampliada. No decorrer do trabalho, as entrevistas foram transcritas na íntegra e os trechos considerados mais significativos, destacados em blocos e identificados, entre parênteses, na seguinte ordem: o local da entrevista (Escola 1, 2, 3), o número da mesma, a data em que foi realizada e a sigla que identifica o cargo do profissional na Instituição: (D): direção (representada pelo diretor, vice-diretora e coordenadora do Serviço de Educação Especial de Juiz de Fora (SEE-JF); (Sp): supervisoras pedagógicas; (Pr): professoras, inclusive bibliotecárias e secretárias; (As): auxiliares de serviços; (R): responsáveis pelas crianças; (A): alunos da escola. Torna-se relevante destacar que os profissionais entrevistados, em especial, os(as) professores(as) e supervisoras, eram, em sua grande maioria, pós-graduados. Mais da metade dos entrevistados declararam ter, além do curso superior, experiência média de um a dois anos em “classe 64 especial” ou com alunos(as) com deficiência inseridos no ensino regular. Bem diferente, apresenta-se o nível de escolaridade dos responsáveis pelos(as) alunos(as), podendo-se notar que os pais e as mães, em sua totalidade, freqüentaram somente o Ensino Fundamental. Acompanhou-se, também, o dia-a-dia de alunos com deficiência em turmas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Foram feitas observações em diferentes momentos: entrada, recreio e saída dos alunos; em vários ambientes: salas de aula, biblioteca, salas dos professores, quadra poliesportiva, pátio; em diversas ocasiões: aulas, conselhos de classe, reuniões pedagógicas e festas, em datas comemorativas. Com atenção especial aos discursos dos “atores sociais das escolas” e dos informantes da pesquisa, procurou-se distinguir o que era essencial no que tange ao atendimento aos alunos(as) inseridos(as) no ensino regular daquilo que ficava implícito e velado nos relatos. Ao refletir, portanto, acerca dos elementos que caracterizam a prática pedagógica é importante destacar que educar, antes de tudo, segundo Rodrigues (2000, p. 3), é “organizar a experiência dos indivíduos na vida cotidiana, desenvolver-lhes a personalidade e garantir-lhes a sobrevivência”. Se as regras do mundo social já estão prontas quando o ser humano nasce, a vida, na relação com os outros, convida-o a mudá-las e, de fato, com o passar do tempo, ocorrem mudanças, mesmo que essas não sejam percebidas, mesmo que 65 apenas as gerações seguintes sintam os efeitos da intervenção realizada. Pode-se concluir que trabalhar com o cotidiano da escola exige a compreensão de que a prática pedagógica e os elementos que a compõem não podem ser considerados de forma isolada. Para que se possa apreender o dinamismo próprio da vida escolar, segundo André (1995, p. 42), é preciso estudá-la “num movimento constante da prática para a teoria e numa volta à prática para repensá-la e propor possíveis mudanças”, com base em pelo menos três aspectos inter-relacionados: a dimensão institucional ou organizacional; a dimensão instrucional ou pedagógica e a dimensão sociopolítica e cultural. Com relação ao trabalho realizado, percebeu-se nos relatos dos profissionais os reflexos das correntes de pensamento que observamos na literatura. Uma, descrente desse processo de integração, como salienta Schwartzman (1997, p. 64) “colocar em uma mesma classe do ensino regular crianças com diferenças muito acentuadas quanto às possibilidades de aprendizado pode colocar em risco o aprendizado de todos”. Outros autores, dentre os quais, destacam-se Edler (1997; 1998), Ide (1997; 1999) Mantoan (1997; 1998), Mazzota (1995; 1997), Sassaki (1997) apostam no aprimoramento da qualidade do ensino regular e na adição de princípios educacionais válidos para todos os alunos, o que resulta, naturalmente, na inclusão escolar de crianças e adolescentes com deficiência. Há, também, um outro grupo de autores que, apesar de não se posicionarem contrários ao movimento de inclusão, 66 tampouco às adaptações curriculares, embora reconhecendo a importância da mesma para os alunos, fazem ressalvas e acrescentam que é preciso que a escola, os(as) professores(as) e a família tenham uma rede de apoio. Os estudos realizados e as considerações apresentadas pelos profissionais ligados às Escolas pesquisadas indicam a necessidade de trazer, para o interior da escola, o debate político e colocar, de forma explícita, o preconceito aí existente. Importante destacar que muitos profissionais nas escolas observadas, já começam a perceber os avanços e os progressos dos(as) alunos(as) com deficiência inseridos(as) no ensino regular e passam a atentar para os desafios que representam uma nova visão paradigmática de educação, quando se pensa numa possível, futura e verdadeira inclusão. 1 FERREIRA, Maria Elisa Caputo. O enigma da inclusão: das intenções às práticas pedagógicas. 2002. 330 p.Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2 FERREIRA, Maria Elisa Caputo. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. 3 GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRÉ, Marly E. D. A etnografia da prática escolar. 3. ed. Campinas: Papirus, 1995. EDLER CARVALHO, Rosita. Temas em Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1998. ______. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1997. GEERTZ, Clifford . 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Viajando com a Cia. dentro e fora do Brasil em cada lugar por onde passamos, plantamos uma semente de onde nasceram vários outros grupos. Muitas vezes nos questionamos, pois outros deficientes de nossa cidade queiram integrar a Cia., porém a grande maioria não possuía a mesma mobilidade e desenvoltura de seus integrantes, para solucionar esse problema resolvi criar o projeto de um curso, mas sem nenhuma pretensão de formar bailarinos e sim de preparar novos indivíduos, para dar continuidade ao processo de pesquisa e criação de formas e movimentos utilizados ate em tão pela Cia. Somada a essa vontade veio o pedido da população exposto na 1ª Conferencia Municipal para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência em 2001. .Após inúmeras tentativas finalmente em agosto de 2003, foi fundado o Studio-Dança em 72 Cadeira de Rodas, um curso independente instalado provisoriamente nas dependências do Sesc de Santos, com aulas aos domingos, o que obviamente era pouco. Mas foi o suficiente para que em 2005 fosse firmada uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Santos, o CONDEFI – Conselho Municipal para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e a Cia. de Dança Arte de Viver, tornando o Studio a 1ª escola Municipal de Dança em Cadeira de Rodas do Brasil. O 1º grande desafio foi definir a Dança em Cadeira de Rodas de uma forma global para que a mesma pudesse compor um dos estilos classificados pela SECULT-Secretaria Municipal de Cultura de Santos. Devo dizer que foi uma tarefa árdua, pois sabe-se que atualmente a DCR passa por um momento de busca que visa compor um conjunto de técnicas mais ou menos integrado e algumas categorias de base que o fundamente (o que para mim talvez ainda determine em parte a relativa indefinição desta atividade). Embora em busca de sua especificidade a DCR utiliza uma gama variada de técnicas selecionadas em metodologias que muitas vezes recusam ou criticam sua pratica. Pois como utilizar métodos para corpos imperfeito que pré estabelecem a perfeição muitas vezes não alcançadas nem mesmo pelos “corpos perfeitos”. Para resolver esse impasse busquei o histórico da Dança (DCR), a no mina correta e a diferença entre as suas vertentes e ainda ressaltei que não podemos confundir período histórico com nomenclatura de Dança. Estamos na época contemporânea, então fazemos arte contemporânea, mas em sua plenitude DCR 73 é simplesmente DCR. A meu ver ela pode ser considerada uma releitura dos outros estilos de dança, desde respeitado sua singularidade, já que ao invés de passos utilizamos movimentos. Sendo que seu ponto forte esta na liberdade e no poder de criação, que culmina em um desenho coreográfico único. Ultrapassada essa barreira ainda era necessário dar uma roupagem nova ao antigo projeto sem que o mesmo perdesse sua essência inicial (a qual respeita o tempo, o limite e o espaço de cada individuo, partindo sempre do que cada tem a oferecer, isto é sua potencialidade artística e não apesar de sua deficiência). Para isso, foram estabelecidos princípios básicos de trabalho : entre eles – objetivos essenciais, carga horária, grade curricular, conteúdo programático material didático, resultados específicos a serem alcançados, divisão de módulos, duração do curso, enfim tudo que é necessário para a funcionalidade de uma escola que viabiliza a formação e a profissionalização de seus alunos. Não pretendo com esse trabalho estabelecer um método pessoal único para a DCR e sim otimizar e contribuir para a evolução da mesma, pois embora a criação do material didático tenha facilitado o nosso trabalho já que nele, estabelecemos uma nomenclatura base para a Dança Artística e utilizamos a já existente na Dança Competitiva (entre outros itens que o complementam ) . Acredito na integração e na multidiciplinalidade, o curso conta com dois professores, de áreas distintas, eu técnicas 74 terapêuticas , balé clássico e outros estilos, o Alexandre Siqueira dança de salão, que também integra a Cia. de Dança Arte de Viver e o Luciano Marques bailarino cadeirante integrante da Cia. Arte de Viver que tem atuado como colaborador do curso e é uma referência para os alunos. Acredito se não tivesse o efetivo apoio e atuante colaboração de ambos o Studio ainda seria o prospecto de um curso no papel. Ainda não temos um ano de trabalho e os resultados obtidos pelo curso são notórios, visíveis não apenas com o enfoque na melhora emocional (como a auto estima ) mas também na conotação física, constatados não apenas como coleta de dados mas também por todos os que convivem com os alunos. Nesta fase a meta é iniciar, aperfeiçoar , e divulgar a diversidade da expressão artística, legitimando o processo de inclusão e respeitando a singularidade, na evolução da arte contemporânea. E ainda o que talvez seja a maior barreira a transpor, o descondicionamento do olhar do publico, pois o deficiente saiu da área de espectador e de espaços cedidos esporadicamente aos eventos beneficentes dos centros de reabilitação, para a condição de igual estudante de arte e igual artista, freqüentador de um centro de utilidade publica como é o Centro de Cultura Patrícia Galvão localizado no Teatro Municipal de Santos, provando mais uma vez que o impossível pode ser dividido numa serie de pequenos possíveis. 75 DANÇA EM CADEIRA DE RODAS: UM ESPACO DE MATERIALIDADES MULTIPLAS, DENSAS, LATENTES FERREIRA, Eliana Lucia FAEFID/UFJF O objeto desta pesquisa é a dança em cadeira de rodas. Escrever sobre dança é apoderar-se de palavras (sentidos) para falar sobre movimento corporal. Isto nos coloca numa posição de dar visibilidade textual a apenas um pólo da situação, nos limitando a estrutura da escrita. Mas, embora as linguagens não verbais sejam mais plurais em seus modos de significar, a linearidade do verbal acaba por submeter esta pluralidade à unidade do sentido. Portanto, este trabalho tornou-se uma outra maneira de dançar.Neste trabalho buscamos compreender o funcionamento da dança em cadeira de rodas, enquanto possibilidade de mudança corporal e social. Estabelecemos uma escuta do discurso verbal e não verbal para perceber o que estava sendo “dito” nos gestos corporais das pessoas com deficiência física, observando os sentidos postos e propostos pelos mesmos no movimento corporal atravessado pela dança. A importância deste trabalho se pauta na vontade de proporcionar aos sujeitos uma possibilidade de se conhecerem melhor. Porque poderão compreender o que é a dança, e poderão ter outros sentidos para a dança que ainda não estão dados, e isto pode vir a diminuir as diferenças entre deficientes e não deficientes, pois entendemos que a dança é um campo de reflexão maior que a própria deficiência. 76 Do ponto de vista teórico-metodológico, esta pesquisa se inscreve no quadro da Análise do Discurso de linha francesa a partir dos trabalhos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi e da Teoria de Rudolf Laban para a Análise do movimento. A combinação destas duas metodologias, compatíveis em sua natureza, foi no sentido de permitir compreender a discursividade do corpo, dita pela linguagem não verbal, através da dança. Para isso, registramos em vídeo os discursos mostrados nas coreografias apresentadas pelos diversos grupos de dança em cadeira de rodas de diferentes regiões do Brasil. Também realizamos entrevistas formais com dançarinos e coreógrafos destes mesmos grupos. E ainda, entrevistamos renomados professores de dança das grandes companhias do Brasil. Esta coleta de dados foi realizada no período de 2000 a 2002. O fio condutor das nossas reflexões é corpo e movimento, mas não é qualquer corpo e nem qualquer movimento, é o corpo com deficiência física em um movimento específico que é o movimento da/na dança. Para tal, trabalhamos com a dança e o que ela tem de materialidade que é a possibilidade de pensar o movimento nas suas relações enquanto ação motora, espaço (pessoal e cênico), estético, social e por outro lado a relação que o dançarino tem com ele mesmo, enquanto corpo em movimento - na posição de ator do seu próprio gesto, e na relação com o espectador. Para dar sustentação à posição que tomamos aqui, em relação a questão do corpo e do movimento de dança e sua materialidade, nossa proposta de reflexão foi realizada a partir da compreensão de uma memória da dança e suas condições de 77 produção. A proposta deste recorte não foi para interpretar o que os mesmos significam, mas como significam no processo histórico. Ao reportarmos à memória de dança, o que ficou evidenciado foram os discursos sobre corpo, arte e movimento, e como eles se cruzam dando significado ao sujeito que dança. Este mapeamento contribuiu para verificarmos o lugar do dançarino com deficiência, analisarmos sua prática de dança, no modo em que ela está significada na história e quais as possibilidades da mesma se tornar tradição. Percebemos em um primeiro momento, que a dança, de um modo geral, tem toda uma ordem estética que se construiu historicamente, e que as novas propostas de trabalho surgiram em momentos de questionamentos e tentativas de rupturas sociais. No entanto, em relação à dança em cadeira de rodas, este processo ocorreu com algumas especificidades diferenciadas dos outros movimentos de dança. Sendo assim, a proposta da pesquisa é uma tentativa de mostrar que a dança, de um modo geral, tem toda uma ordem discursiva que se construiu historicamente, e que a proposta de dança em cadeira de rodas, mobiliza uma relação imaginária com o corpo do dançarino estabelecendo duas maneiras de significar esta dança, sendo: a primeira posta pela relação do dançarino consigo mesmo e a segunda posta pela relação com o público. No entanto, no processo de significação desta modalidade, estes sentidos não se constituem separados. Ao analisarmos a dança em cadeira de rodas, percebemos que a 78 mesma também surgiu em um certo momento de questionamento, porém, no momento em que os trabalhos coreográficos são apresentados por pessoas com deficiência, a memória histórica sobre dança vai se atualizando e os coloca à margem. Isto ocorre porque, com o propósito de mascarar o preconceito corporal/social, põe-se em evidência critérios de julgamentos baseados nesta memória estética/performática. A relação corpo-discurso não se separa. Se através da dança ocorrerem transfor mações em um dos lados, conseqüentemente transformará o outro lado, isto quer dizer que se a dança conseguir transformar a maneira como as pessoas com deficiência se significam no meio social, conseqüentemente as demais pessoas poderão ser afetadas pela maneira como elas se significam na sociedade. As pessoas com deficiência física não vão mudar o sentido da deficiência, mas elas poderão mudar suas relações com as pessoas que estão estabelecendo o sentido da deficiência. A dança em cadeira de rodas se dá num movimento múltiplo entre duas entidades não fixas. De um lado têm-se a dança composta de sujeitos-dançarinos-deficientes e por outro têm-se a sociedade que reconhece a dança pelos sentidos postos historicamente. Portanto, esta modalidade de dança foi possível porque uma entidade não superou a outra, mas elas se interagiram entre si em outros significados que não são os da dança de um modo geral. Desta forma observamos que a dança permite o exercício da cidadania, sendo a dança um lugar em que o dançarino deficiente se subjetiva, se identifica. Têm-se aí uma tentativa 79 de superação da ética individual posta pela dança para uma ética mais solidária. Percebemos ainda que o dançarino possui um corpo imaginário que é sintoma do corpo real, e que este corpo real pode funcionar diferentemente na dança, se o mesmo conseguir sair da leitura de movimento produzida por esta memória posta histórica. Trabalhar com a dança em cadeira de rodas não é algo tão simples. Não é supor e nem adaptar gestos corporais, nem tão pouco um afrouxamento do rigor, das exigências técnicas para o desenvolvimento de qualquer modalidade. O exercício dessa prática requer uma instrumentalização capaz de propiciar a construção de uma ordem de movimentos que sejam adequados à percepção de padrões estruturantes de uma técnica que permita a realização de gestos corporais que tenha sentido para o dançarino com deficiência. Isto nos remete a pensar que a dança não é só uma técnica, pois na medida em que os gestos se apresentam carregados de sentidos, ela é acima de tudo, um processo criativo que segue seus impulsos, pois ela não é construída por caminhos únicos, caracterizando-se na extensa e intensa experimentação do movimento, e da sua possibilidade de se significar pelo movimento. E é nesta dimensão do “significar” dos gestos corporais, onde “significar” é mostrar, através de imagens simbólicas, o que se pensa e no que se acredita, é que entendemos a dança como uma manifestação de movimentos possíveis. 80 Esta modalidade não deve ser encarada como uma atividade distante e nem distinta daquilo que se realiza nas práticas de ensino da dança moderna/contemporânea. A dança em cadeira de rodas é de uma certa maneira uma extensão da tradição dos movimentos de dança, mesmo que cada processo tenha um ponto de partida diferenciado. Da relação entre essas duas práticas (dança moderna e dança em cadeira de rodas), podemos supor uma dupla inconveniência. Se não é correto julgar a dança em cadeira de rodas pela memória do que é a dança, para negá-la enquanto possibilidade, então não é sensato também, como muitos o fazem, substituir, nominalmente, a dança em cadeira de rodas como dança moderna em cadeira de rodas, dança clássica, etc. Não podemos trabalhar com esses sentidos como uma substituição ou adaptação. Por mais que a dança em cadeira de rodas se identificou com a dança moderna, tanto no vocabulário de movimentos como ainda na estrutura da coreografia, isto deverá ser feito numa perspectiva complementar, onde a dança em cadeira de rodas é uma outra possibilidade de trabalho. A evidência do prazer que é tomado pelo sentido de poder fazer o movimento, mobilizam relações de sentidos que só são perceptíveis através da construção de um corpo imaginário que se dá pelo movimento. O movimento corporal sobre uma cadeira de rodas possibilita dar visibilidade a uma nova posição de dança, o que certamente resulta na contundência da estabilização do que é o movimento da dança em cadeira de rodas. 81 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALBRIGHT, A C. Choreographing difference. New York: Wesleyn University, 1997 BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: ———Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985 FERREIRA, E. L. Corpo – Movimento – Deficiência: As formas dos discursos da/na dança em cadeira de rodas e seus processos de significação. 2003. 243 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. HART, G. I., EDWARDS, A. T. S. Wheelchair dances. 2. ed. Nova York: Wheelchair Dance Association, 1976. LABAN, R. Principles underlying the universality of Laban‘s movement notation. London: Laban Centre, 1955. ———. 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Ela investiga o movimento humano e desenvolve-se dentro de um espaço corporal e espacial, seguindo um ritmo interno, ligado a estímulos externos, trazendo como objetivos a integração social e a expressão comunicativa das culturas, tanto individual quanto coletivamente, desenvolvendo a percepção e a compreensão da estrutura e do funcionamento corporal. (CBDCR, 2003). Na Grécia Antiga, a dança relacionava-se com o teatro e a religião, a partir da Grécia Clássica ela aparece em jogos, principalmente nas Olimpíadas. Na idade Média, a Igreja Católica proibiu as danças profanas. No final do Feudalismo, surge a dança erudita criada pela classe mais rica, valorizando a estética e a métrica. Com Renascimento, século XV, as artes criam forças para crescer, assim a dança encontra novo cenário cortesão e palaciano para desenvolver-se. (CONFEF, 2002). Nos dias de hoje a dança é bastante crítica, o estilo contemporâneo contempla diferentes formas de dançar que 84 inclusive buscam a liberdade de expressão, por isso novos padrões estéticos estão sendo desenhados abrindo espaço para um corpo diferente dançar, constituindo-se uma nova estética.(FERREIRA, 2002) Trabalhos com dança com Pessoas com Deficiência Física (PDF) vêem se destacando mesmo em forma de um corpo que se movimenta prioritariamente através de uma cadeira de rodas. Este corpo permaneceu muito tempo esquecido estr uturalmente, porque se apresenta fora do padrão estabelecido pela a sociedade (FERREIRA, 2002), mas aliando o progresso da Educação Física na área de trabalho com a deficiência com as novas possibilidades estéticas da dança contemporânea, criou-se o espaço para o surgimento de uma atividade que mistura dança e esporte, isto é a Dança Esportiva em Cadeira de Rodas (DECR). A Educação Física vem, no Brasil, colocando suas atividades à disposição da PDF e deve também pensar nesta nova modalidade de dança-esporte e buscar o significado que os movimentos humanos têm, forma criativa, levando estas pessoas a encontrarem razão para se movimentar e provocar mudanças no mundo se movimentar ao seu redor. (TOLOCKA, DE MARCO, 1996). Esta modalidade foi apresentada em vários campeonatos no mundo, desde 1985, na Holanda, sendo que a 1ª disputa mundial ocorreu em 1994. No Brasil o primeiro campeonato aconteceu em 2002 (RIED, et al, 2003). A dança que está se desenvolvendo, apresenta uma característica diferenciada, inovadora, sendo possível ser 85 considerada uma marca, um jeito próprio de expressar a corporalidade. A dança esportiva em cadeira de rodas traz novas perspectivas. Este esporte consiste na competição de casais, sendo um andante e um cadeirante (RIED,et al, 2003) Estes autores mostram ainda que o Campeonato de dança em cadeira de roda prevê que a movimentação do tronco deve ser feita na medida da capacidade funcional dos parâmetros da modalidade e resulta na inclusão do atleta em uma destas duas classes: LWD1- Level of Wheelchair Dance = nível 1 na dança em cadeira de rodas ou LWD2 - Level of Wheelchair Dance = nível 2 na dança em cadeira de rodas. (RIED, et al, 2003). Embora sejam esperados benefícios com a prática da DECR, deve-se ter conhecimentos das alterações causadas por lesão medular, as quais variam de acordo com a etiologia da lesão, e dos cuidados necessários, conforme mostraram Tolocka e De Marco (1996). A dança em cadeira de rodas, como outros esportes adaptados no Brasil, tem ganhado inúmeros adeptos nos últimos anos, mas carece de estudos que embasem o trabalho realizado, pouco se sabe, por exemplo, sobre métodos de ensino deste esporte, ou quais habilidades motoras que são pré-requisitos para esta prática. As habilidades motoras do ser humano dependem do nível de desenvolvimento que se dá por alterações no comportamento motor desde os bebês até os idosos, obtendo aprendizagem, para se mover no espaço, se estabilizar, e manipular objetos, dependendo da hereditariedade individual e do ambiente em 86 que a pessoa vive, podendo assim, ser observado no decorrer da vida de todos os seres humanos. Gallahue e Ozmun (2001) classifica estes movimentos como: 1. Movimentos Estabilizadores – qualquer movimento em que tenha como objetivo, se manter em equilíbrio em relação à força de gravidade são de extrema importância desde a fase rudimentar. 2. Movimentos Manipulativos – envolve aplicação de força externa, usada para recepção de objetos, além do uso das mãos e punhos para movimentos finos, tendo oportunidade de toque, reconhecendo o objeto. Como arremessar, receber, apanhar, derrubar, cortar; 3. Movimentos Locomotores – envolvem mudança de localização de um ponto fixo a outro, sendo que para execução deste movimento é necessário que a estabilização esteja bem desenvolvida. Exemplos: caminhar, correr, pular. Além disto, as tarefas motoras acontecem também com a combinação destes movimentos, ou seja, a união de duas ou três categorias de movimento.Pode-se citar habilidades envolvidas na dança em cadeira de rodas, que implicam em locomoção aliada a manipulação da cadeira de rodas. Objetivos Assim este estudo teve como objetivo geral trazer informações sobre movimentos utilizados na DECR, que vem crescendo bastante no Brasil, para subsidiar o profissional que atua nesta área. Especificamente pretendeu-se analisar 87 coreografias desenvolvidas durante campeonatos de DECR e os movimentos nelas envolvidos. Metodologia Trata-se de um estudo de exploração (LAKATOS,1995), que observou dez usuários de cadeira de rodas (“cadeirantes” ), de ambos os sexos, no III Campeonato de DECR em SP em 2004. Foram verificados quais movimentos de locomoção, estabilização e manipulação que estas pessoas utilizam em suas coreografias e o nível de habilidade em cada um destes movimentos. Para tanto utilizou-se de um computador com software de aquisição e tratamento de imagens, leitor de DVD e Câmera filmadora. Os dados aquisitados pela câmera foram transferidos para o computador, em seguida foi realizada a seleção manual dos frames (quadros) que apresentavam os movimentos a serem analisados. A classificação dos movimentos foi feita considerando-se os pressupostos da aprendizagem motora propostos por Maguil (2002), que aponta diferentes níveis de aprendizagem de uma habilidade motora,na qual a classificação é: No= Não executa o movimento. Evita. N1=Executa movimento, mas não caracteriza como tal. N2= Realiza o movimento, porém o efeito é grosseiramente obtido. N3=Realiza o movimento adequadamente, coordenando as ações independentemente. 88 N4= Executa o movimento com naturalidade. Resultados e discussão Nas coreografias analisadas foram observados os seguintes movimentos de usuários de cadeira de rodas: estabilização: Inclinação do corpo para frente/trás, esquerda/ direita; manipulação: puxar e empurrar o parceiro conduzi-lo em um giro; locomoção: adução/abdução, flexão/extensão dos segmentos corporais e rotação de Membros Superiores; Movimentos Combinados: deslocar a cadeira, girar em torno de si, girar em torno do parceiro, girar de mãos dadas com o parceiro, equilibrar-se em uma das rodas da cadeira. Percebe-se assim, que as coreografias ainda estão utilizando movimentos básicos, de fácil execução e baixa complexidade, sendo poucas as circunstâncias onde o cadeirante arrisca movimentos mais difíceis.Talvez isto ocorra porque a DCR ainda está em fase de implantação no Brasil. Nenhum dos cadeirantes tentou equilibrar-se uma das rodas da cadeira; três pessoas evitaram inclinar a cadeira e duas nem tentaram conduzir o parceiro. Houve uma pessoa que evitou vários movimentos, apresentando uma coreografia bem simples. Esta pessoa demonstrou facilidade apenas em movimentos de segmentos do corpo tais como: adução, abdução, flexão e extensão de membros superiores. As pessoas demostraram mais habilidades no movimento de girar a cadeira de roda, seja sozinho ou de mão dada com o parceiro, ou ainda em torno do parceiro. Entre todas as pessoas duas pessoas (3 e 4) demostraram ser mais habilidosa 89 conseguindo executar movimentos com maior perfeição, atingindo os níveis mais altos de habilidade, dentre os movimentos que elas utilizaram estavam os de segmentos corporais (flexão do tronco à frente e para trás e direita, esquerda,adução, abdução de membros superiores, rotação de membros superiores) condução do parceiro em giros, puxar o parceiro e girar a cadeira de roda sozinho ou com o parceiro. De outro lado, os movimentos menos usados nas coreografias foram o de deslocar a cadeira, seja para frente, para trás, para os lados ou em zig-zag. Talvez isto ocorra porque a DCR ainda está em fase de implantação no Brasil, e as pessoas podem não estar confiantes a respeito da execução destas habilidades. Pode ser também que o treinamento a que elas estão sujeitas não tem buscado o aperfeiçoamento das habilidades básicas, o que acaba por empobrecer as possibilidades coreograficas. O nível da lesão em alguns casos pode explicar a falta destes movimentos, e neste caso, sugere-se que seja feito um trabalho para descobrir novas possibilidades motoras nas quais estas pessoas possam demonstrar eficiência. Considerações finais Sugere-se que os coreógrafos analisem as possibilidades de movimento, bem como o nível de execução de habilidades básicas, de cada um de seus dançarinos para que as coreografias possam ter mais plasticidade, utilizar movimentos mais complexos e ao mesmo tempo promovam a eficiência da pessoa usuária de cadeira de rodas. 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONFEF. Revista de Educação Física v.01,n2,p10-11, 2002. FERREIRA, Eliana Lúcia. Dança em Cadeira de Rodas: os sentidos dos movimentos na dança como linguagem não-verbal. Cidade: Campinas: CBDCR, 2002. ______. Efeitos Fisiológicos de Exercícios Físicos em Pessoas com Lesão Medular.Rev. Brasileira de Atividade Físicas e Saúde. v. 1, n. 4, p. 63- 68, 1996. GALLAHUE, David; OZMUN J.C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. São Paulo : Phorte, 2001 HART, G. I., Edwards, A.T.S. Wheelchair Dance: Wheelchair Dance Association. 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Revista de Ciência & Tecnologia, n. 8, v. 4/2. p. 15 -19 ,1995. 91 METODOLOGIA BIOMECÂNICA PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS DO CONJUNTO CADEIRA DE RODAS/ CADEIRANTE NA DANÇA EM CADEIRA DE RODAS PAULA, Otávio Rodrigues de NOVO JUNIOR, José Marques Faculdade de Educação Física e Desportos – FAEFID Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução Dança em Cadeira de Rodas refere-se a quaisquer estilos de dança que possam ser realizados incluindo pessoas com cadeira de rodas. Podendo expressar-se em caráter recreativo (artístico) ou como modalidade de competição. É uma atividade complexa, representativa da vida contemporânea, sofisticada, trazendo em si a técnica e um desafio à criatividade. Tendo esta, portanto, seu significado para a educação, a reabilitação e ainda como forma de reorganização social (Krombholz, 2001; Rocha Ferreira, 2001; Ferreira, 2003). Em termos de competição, o julgamento realizado pela arbitragem deve observar o ritmo, a postura e linha de equilíbrio, a movimentação com harmonia, expressividade e a variedade coreográfica (Ried et al., 2003). Porém, a avaliação torna-se muito subjetiva, uma vez que os árbitros devem comparar a performance de vários casais simultaneamente. Mas como avaliar objetivamente uma performance que é essencialmente artística? 92 Estudos mais recentes tem procurado identificar as possibilidades de criação de instrumentos de análise e de compreensão do movimento corporal, de modo a subsidiar um método adequado de dança em cadeira de rodas (FERREIRA, 2004). Em se tratando de uma modalidade que tem sido amplamente divulgada através de competições nacionais e internacionais, há a necessidade de um esquema de pontuação justamente para possibilitar a classificação e estratificação dos competidores envolvidos. Um dos grandes desafios para o estudo da dança esportiva em cadeira de rodas (DECR) é a identificação de padrões no movimento do conjunto cadeira de rodas/cadeirante (CRC), o que se denomina coreografia, que compreende os movimentos intrínsecos (que diz respeito ao cadeirante) e os extrínsecos (que diz respeito aos deslocamentos do conjunto, na pista de dança). Metodologicamente, podemos focalizar o estudo desses movimentos através de duas vertentes: pela análise qualitativa e/ou pela quantitativa. A primeira, subjetiva, é amplamente utilizada pela arbitragem na comparação e pontuação das duplas concorrentes em competições oficiais. No entanto, tais movimentos são caracterizados por um elevado grau de complexidade em virtude dos diversos níveis de lesão/ mobilidade do cadeirante. Isto possibilita uma riqueza coreográfica que pode abranger desde o simples movimento da cabeça até um movimento associado a uma manobra de risco com a própria cadeira. E são os movimentos do corpo humano a área de interesse de uma disciplina denominada biomecânica, 93 cujos resultados de investigações podem ser obtidos através do uso de métodos científicos próprios, envolvendo todas as etapas do trabalho científico (AMADIO, 2000). Como a biomecânica possui caráter interdisciplinar é natural que incorpore as mais diversas técnicas experimentais (cinemetria, dinamometria, antropometria e eletromiografia), as quais possibilitam a precisão das medidas na modelagem do movimento humano. A utilização desses métodos deve estar de acordo com os conceitos e as definições da própria física. Em se tratando da dança em cadeira de rodas, em específico aos deslocamentos do conjunto CRC, abordaremos a técnica da cinemetria, tema desse nosso estudo. Objetivo Contextualização da biomecânica e em específico da cinemetria, no ambiente da dança em cadeira de rodas. Métodos Este estudo baseia-se na transposição dos conceitos e princípios da mecânica do movimento ao ambiente da dança em cadeira de rodas ressaltando que a cinemetria é a metodologia biomecânica que se destina à obtenção de variáveis cinemáticas para a descrição de posições ou de movimentos no espaço. A cinemática possibilitará que tratemos da “geometria” do movimento, relacionando posição, velocidade, aceleração e tempo, sem referência às causas do movimento. A cinemetria é um conjunto de métodos que busca medir os parâmetros e medidas cinemáticas do movimento. O instrumento básico para averiguar esses parâmetros cinemáticos 94 é o baseado em câmeras de vídeo passando pelas seguintes etapas: posicionamento de marcadores, calibragem de câmeras, registro e transferência das imagens para o computador, digitalização das imagens e obtenção dos resultados. Portanto, após o registro da imagem do movimento, são calculadas as variáveis cinemáticas de interesse através de software específico. Cada segmento corporal é identificado por marcadores colocados em processos anatômicos de evidência ou mesmo em articulações. Em geral os marcadores são denominados de ativos, tais como os diodos emissores de luz (LED´s), que emitem luz infravermelha aos sensores das câmeras, podendo ser prontamente identificados, ou passivos, que são dispositivos que refletem a luz (ALLARD et al., 1995; DELUZIO et al., 1993; KOTTKE et al., 1986; PERRY, 1992; ROSE & GAMBLE, 1994; WHITTLE, 1982). A vantagem para os marcadores passivos ou refletores é que não há a necessidade de cabos ou fios que poderiam incomodar o sujeito ou mesmo atrapalhar um movimento em estudo. Utilizando-se da Biomecânica, em especial da cinemetria para identificação do conjunto CRC, visando à quantificação do movimento, torna-se necessário durante as filmagens o uso de marcadores passivos reflexivos na cadeira de rodas. Para que sua posição e orientação possam ser identificadas a cada instante, os marcadores deverão estar posicionados sob a forma de uma figura geométrica de dimensões conhecidas. A calibragem das câmeras poderá ser realizada com marcadores suspensos, ou até mesmo utilizando o plano da área delimitada para dança. Já 95 as outras etapas seguirão o mesmo padrão. Para analisarmos as ações dos dançarinos, é necessária a definição de um sistema de referência inercial externo, para o qual todo e qualquer movimento do conjunto CRC poderá ser analisado segundo a área da dança que corresponde ao plano formado pelos eixos x e y. O que importa aqui é o deslocamento do centro de massa do conjunto CRC na área determinada. Nesse referencial, a idéia é identificar os movimentos de rotação e de translação do conjunto CRC, sem levar em conta as forças que causam o movimento. Consideraremos apenas os deslocamentos, a velocidade e aceleração lineares e angulares do conjunto CRC. No caso do conjunto CRC, os movimentos lineares referem-se aos deslocamentos retilíneos, de translação, sem rotações da cadeira de rodas. Já os deslocamentos angulares dizem respeito aos movimentos de mudança de direção do conjunto CRC, compondo as rotações, em torno de um centro de rotação que pode estar localizado em diversos pontos como conseqüência da coreografia e da interação entre o conjunto CRC e seu parceiro. É importante ressaltar que os movimentos referem-se aos deslocamentos sofridos pelo centro de massa do conjunto CRC. Ou seja, pode haver rotação em torno de um eixo o qual pode não coincidir com o centro de massa. Nesse caso, o conjunto CRC sofrerá translação, descrevendo uma trajetória circular. RESULTADOS Definição dos movimentos angulares e lineares do 96 conjunto CRC bem como das possibilidades de deslocamentos com e sem a interação do parceiro andante. Como proposta para uma análise quantitativa, sugere-se a colocação de marcadores na cadeira de rodas, sob a forma de uma figura geométrica, que possibilite a verificação de sua posição e orientação. CONCLUSÃO Uma vez analisadas as variáveis cinemáticas, a metodologia de identificação dos padrões de movimento, por meio da cinemetria, poderá ser o primeiro passo no sentido de contribuir à objetividade da avaliação da arbitragem, quando da pontuação dos dançarinos. Na literatura diversos estudos têm sido relatados, todos utilizando métodos em condições de laboratório, como exemplo podemos citar os estudos de VANLANDEWIJCK et alii, (1994a); VANLANDEWIJCK et alii (1994b) e O’CONNOR et alii, (1998) que examinaram os parâmetros relacionados ao cadeirante sob os pontos de vista da fisiologia e da biomecânica todos em ambiente controlado. Por outro lado torna-se um desafio a aplicabilidade dessas técnicas fora do laboratório e é evidentemente que a dança em cadeira de rodas encerra esse desafio. No caso desse estudo a proposta de uma figura geométrica poderá possibilitar a identificação das sucessivas posições e a orientação do conjunto cadeira de rodas/cadeirante a cada instante.Dessa proposta metodológica, vale ressaltar os seguintes desafios para continuidade desse estudo: 97 1- digitalização das imagens (reconhecimento dos marcadores); 2- a reconstrução do movimento em 2 dimensões. REFERÈNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLARD, P.; STOKES, I.A.; BLANCHI, J.P. Three dimensional analysis of human movement. Canadá, Human Kinetics, 1995, 371p. AMADIO, A.C. Metodologia biomecânica para ao estudo das forças internas ao aparelho locomotor: importância e aplicações no movimento humano. In: A biodinâmica do movimento humano e suas relações interdisciplinares. 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Segundo Portinari (1989, p. 11), “não há povo sem dança, e neste presente momento todas as suas formas são apreciadas. Assim das cavernas à era do computador, a dança fez e continua fazendo história”. Para Fux (1983, p. 39), “a dança está no homem, em qualquer homem da rua e é necessário desenterrála e compartilhá-la”. Garaudy (1980, p. 10), complementa que “o lugar da dança é nas casas, nas ruas, na vida”. É muito importante olhar para a dança como parte do contexto que envolve a vida das pessoas, povos, culturas e nações, pois ela surge da necessidade do homem se expressar e une-se de maneira singular ao que há de suporte na natureza humana: sentimentos, desejos, realidades, sonhos, traumas. 102 (BERNABÉ, 2001). Para Tavares (2000a), no que diz respeito ao envolvimento da dança na vida do ser humano, é importante reconhecer a influência que esta atividade realiza nos processos de desenvolvimento humano, ou seja, nas relações individual e coletiva. A autora descreve ainda, que a dança “está ligada a necessidade de expressão de sentimentos, desejos, realidades e sonhos”. Percepções ou projeções que fazem parte de nossa vida, de nosso cotidiano real, vivido e não algo que jamais se possa atingir. Entendemos que tais atividades fazem parte do universo de pensamento e sentimento de qualquer pessoa, seja ela cadeirante, andante, homem, mulher, criança, jovem, adulto ou idoso, ou seja, está ao alcance de todos. (TAVARES, 2001, p. 19). Neste sentido, a dança nos cabe como meio de expressão e impressão, agindo como interlocutora do processo de experiência e desenvolvimento de vida de quem a experimenta. Por meio da dança, as pessoas chegam a conectar-se com seus pensamentos e sentimentos interiores, podem aprender a expressar e encontram ainda novos mecanismos de relacionar com o outro e com o mundo que as rodeia. (KOWALSKI, 2004). Ao direcionarmos nossa atenção para os nossos movimentos, podemos ampliar a nossa comunicação interna. Este trabalho é valioso de sensações que são altamente carregadas de emoção. Na dança, esta via de auto conhecimento é geralmente reconhecida e assumida tanto por profissionais da área como na vida das pessoas. (TAVARES, 2001). Neste raciocínio Garaudy (1980), relata que a dança 103 não é apenas arte, mas um modo de viver e existir, é união, representa uma das poucas atividades humanas em que o homem encontra-se interligado: corpo, espírito e coração. Para Garaudy (1980), todos os elementos da dança podem ser observados no cotidiano das pessoas. Bernabé (2001), descreve buscar em seu trabalho de dança para deficientes físicos, uma associação dos elementos da dança, tais como ritmo, coordenação, equilíbrio, postura, atitude, destreza, harmonia, dentre outros, com os da vida cotidiana. Desta forma criando um paralelo onde algo que se ouve, se fala, se vê, se percebe para sempre. Podemos dizer que o dia tem o seu ciclo, seu ritmo, seu tempo. O ano suas estações. A lua suas fases. Os planetas suas inter-relações. O homem de forma simples e ao mesmo tempo integral existe, exercendo influência e ao mesmo tempo sendo influenciado por esses fenômenos. “O ritmo é observado na relação do tempo, em períodos que se renovam como, por exemplo, o batimento cardíaco, as ondas do mar, o vento nas plantas a água nas pedras etc.” (FERREIRA, E. 2001, p. 136). Na relação da dança praticada por deficientes físicos e o cotidiano que os cercam, percebemos que além dos ganhos individuais no que diz respeito à tomada de consciência corporal e conseqüentemente da vida, há uma revalorização por parte da sociedade em relação a essas pessoas, que vêm dentro de um contexto histórico e social sendo vítimas de exclusão e discriminação. Os deficientes vêm ao longo do tempo, sendo vistos como incapazes de realizar atividades simples do 104 cotidiano como, por exemplo, dançar. Neste sentido a dança serve de instrumento possível de devolver ao deficiente a identidade do movimento, colaborando para a re-inserção em seu meio social na medida em que dispõe os elementos da dança permeando as aquisições fragmentadas pela deficiência. (BERNABÉ, 2001). A dança pode ser analisada enquanto um processo, não um treinamento, ela se desenvolve diferentemente para cada ser. Transcende os espaços de sua prática, abrangendo a vida das pessoas, levando a novos olhares sobre o corpo de quem a vive. Nesta nova visão, o corpo passa a ser instrumento de expressão, seja no palco ou no dia a dia. (BERNABÉ, 2001). Objetivo Levantar dados bibliográficos que nos levem a realizar uma sistematização teórica em torno da temática da dança na vida das pessoas. Método Foi realizado uma pesquisa bibliográfica a partir das palavras chaves: dança, vida, deficiência. Foram utilizadas fontes primárias: teses e dissertações pesquisadas na biblioteca da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e fontes secundárias que tratam de maneira específica o tema abordado. Resultados Através deste levantamento bibliográfico pudemos colher informações que nos levaram a reconhecer a dança como meio propicio de transformação pessoal. A partir de seus 105 enfoques e possibilidades a dança assim como a dança sobre cadeira de rodas oportuna ao ser que a pratica a possibilidade de entrar em contato consigo e com o mundo a sua volta de maneira singular e ampla, levando a uma revalorização e resignificação de sua própria existência humana. No que se refere à dança em cadeira de rodas, entramos em contato com possíveis benefícios não apenas ao ser que a pratica de maneira que o mesmo possa ter novos significados de sua vida e do mundo, mas esta modalidade propicia além disto uma mudança de paradigma da sociedade em relação ao deficiente e as questões que envolvem a deficiência. Considerações finais Da dança que falamos, possível a todos, busca-se a integração do ser consigo e com o mundo. O equilíbrio corporal transcende o palco e se torna possível no palco da vida. Seus elementos fundem-se de tal maneira no cotidiano de quem a pratica que executar um gesto nas aulas torna possível resignificar atitudes na vida, levando-nos a estabelecer novos padrões que são incorporados à sociedade de forma social e histórica. Reconhecemos e consideramos as áreas de estudo que tem a dança como objeto de investigação. Este trabalho foi delineado para a simplicidade e ao mesmo tempo magnitude que esta arte possibilita ao ser humano, fazendo a ligação do ser a vida através da dança. Acreditamos em possíveis transformações que afeta o ser que dança direcionando e redirecionando sentidos próprios em relação a sua existência. 106 PARA DANÇAR É PRECISO CHEGAR LÁ: UMA ANÁLISE DAS LEIS QUE GARANTEM O DIREITO DE IR E VIR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA GOMES DA SILVA, Ana Carolina: - PUCCAMP TOLOCKA, Rute Estanislava- NUPEM - UNIMEP Segundo Tolocka, De Marco (1995) o esporte paraolímpico surgiu após a Segunda Guerra mundial, com dois objetivos principais: trazer melhorias das capacidades neuromotoras e possibilitar integração social. O movimento Paraolímpico tem auxiliado no desenvolvimento de muitos esportes para pessoas com deficiência em diversos países e tem contribuído para as discussões sobre acessibilidade universal mesmo assim, no Brasil, a pessoa usuária de cadeira de rodas ainda sofre muitas vezes com o fato de não poder se locomover em certos locais, mesmo que isto seja um erro, pois a constituição garante o direito de ir e vir destas pessoas. A dança em Cadeira de Rodas já ganhou o espaço da mídia, tem se oferecido como uma possibilidade de luta pela integração social enquanto que muitas vezes ainda é preciso perguntar: como o dançarino que utiliza uma cadeira de rodas para se locomover, poderia participar de um espetáculo, em um teatro em que o único acesso ao banheiro fosse uma escada? Ou mesmo se o único acesso a ele fosse uma porta de 80 centímetros de largura? As barreiras arquitetônicas que se 107 encontram nas vias publicas dificultam o livre trânsito dos usuários de cadeira de rodas, impedindo assim o seu direito de livre locomoção. Mesmo com a lei federal n. 10.098/00 (que estabelece nor mas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida), nem todos os locais públicos estão devidamente adaptados para utilização e acesso das pessoas com deficiência física e muitas vezes as pessoas não conhecem a legislação que regula os direitos destas pessoas. Muitas vezes, mesmo dentro de iniciativas que incluem estas pessoas, como por exemplo, eventos como este simpósio sobre Dança em Cadeira de rodas encontram-se pessoas que falam de forma preconceituosa com relação a essa parcela da população. Porém quando a Pessoa com Deficiência Física (PDF) perde o medo de ser descriminada ou subestimada e decide enfrentar os preconceitos, subindo a um palco para dançar, ela contribuem para a conscientização social sobre as possibilidades desta parcela da população. Objetivos Tendo como premissa que as mudanças na sociedade não acontecem apenas com decretos-leis, mas implicam na conscientização da população sobre direitos e deveres que permitem um ajuste social igualitário, este estudo visa apresentar leis que pretendem garantir melhor qualidade de vida para a pessoa usuária de cadeira de rodas, para fomentar o trabalho na Dança em Cadeira de Rodas de forma, como um projeto de 108 transformação social, capaz de contribuir para a melhoria das condições em que se encontram estas pessoas, no sentido de se engajar na luta pelo cidadania participativa e do viver com dignidade. Metodologia Foi realizada uma pesquisa documental, sobre as leis referentes a PDF. Resultados e discussão 2.2 - Lei Federal n°. 10.098/00 A Lei Federal no. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, tem o intuito de eliminar barreiras e obstáculos e promover, em vias públicas, nas edificações, privadas ou públicas e nos meios de transporte e de comunicação, a acessibilidade de portadores de deficiências físicas e de pessoas com mobilidade reduzida. Vi-se que, nos últimos anos, realmente, muitos estabelecimentos de uso coletivo passaram a possuir rampas ou vagas destinadas a este público merecedor. Clubes, igrejas ou templos, cinemas, teatros, casas de espetáculos, enfim, muitos são, hoje, os locais em que a DPF possui livre, ou, para que não haja exageros, ao menos facilitado acesso. É bem certo que, no entanto, ainda há um grande veto da participação destas pessoas em espaços privados ou públicos. Claro exemplo dessa dificuldade que ainda subsiste são, por exemplo, os meios de transporte. A frota de ònibus, microònibus ou peruas que possuem o elevador adaptado para fácil acesso do deficiente é ainda muito escassa. Porém, sobre este assunto, 109 urge, ainda, a necessidade de desvendar, nas leis que regulam a matéria, os estabelecimentos que estão expostos à sua aplicação. A dificuldade de transporte atrapalha a participação da PDF em grupos de dança, pois muitas vezes estas pessoas não tem como chegar aos locais onde esta prática se dará, sendo urgente que se comece uma campanha para a efetivação do direito destas pessoas ao transporte público. No que diz respeito às edificações públicas ou de utilização coletiva, o texto da lei federal, em seu artigo 11, determina que qualquer construção, ampliação ou reforma realizada deverá criar nas panes internas ou externas da edificação, que funcionem como garagem ou estacionamento de uso público, vagas especiais para deficientes físicos, as quais, além de devidamente sinalizadas, deverão ser próximas aos acessos de circulação. Além disso, dos acessos ao interior do prédio, um, pelo menos, deverá estar livre de obstáculos. Também, ao menos um dos meios de acesso entre as dependências de um mesmo andar ou de caminho aos andares superiores não poderá conter entraves. Deverá haver, ainda, banheiro de acesso especial aos deficientes e os locais utilizados a espetàculos, aulas, conferências ou qualquer outra atividade desta natureza terão de dispor vagas reservadas para cadeiras de rodas, que atendam as normas técnicas regulamentadoras acerca da instalação destas vagas. A lei federal, sobre edificações privadas, ordena que os prédios que utilizam elevadores possuam percursos acessíveis 110 ao elevador e que sejam capazes de unir a pane exterior às unidades habitacionais e estas às dependências internas. Os edifícios, a serem ainda construídos, que não dependerão de elevadores, mas que possuirão mais de um pavimento, deverão seguir as normas de acessibilidade e dispor de uma especificação técnica para, eventualmente, admitir a instalação de um elevador adaptado. Como visto, trata-se de norma de abrangência federal, cuja fiscalização compete a órgãos da União e que é fundada em norma constitucional que prevê a competência da União para instituir as diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos (artigo 21, XX, da CF/88). No entanto, não se trata de competência exclusiva da União; o próprio texto constitucional dispõe ser competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios cuidar da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência (artigo 23, 11). Assim, exercendo tarefa que também lhe compete, o Município de São Paulo editou normas versando sobre o tema em apreço. A maioria das leis municipais vigentes foi editada como forma de complementação ao vago texto do Código Municipal de Obras e Edificações, de 25 de junho de 1992 (Lei nQ 11.228). A primeira lei que buscou regulamentar este Código foi a no 11.345, de 14 de abril de 1993, que dispôs a integração da NBR 9050 no Código de Obras e Edificações e determinou, apenas, a aplicação de tal norma em locais de reunião com mais de 100 pessoas ou em locais gerais com mais de 600 pessoas. 111 Em seguida, a Lei no. 11.424, de 30 de setembro de 1993, dispôs a esta pequena incidência os cinemas, teatros e casas de espetáculo. Cinco anos mais tarde, o Decreto n? 37.649, de 25 de setembro de 1998, regulamentou toda a legislação municipal, até aquele momento, sobre a acessibilidade de portadores de deficiência física, alargando muito as edificações em que incidiriam a NBR 9050. Previu, inclusive, sobre a CPA (Comissão Permanente de Acessibilidade). Por fim, a Lei no 12.815, de 6 de abril de 1999, determinou a inclusão no elenco das edificações sob a égide da NBR 9050 dos estabelecimentos bancários. No dia seguinte, a lei no 12.821 previu a necessidade de rampas para deficientes em estabelecimentos bancários cujo acesso único se dá por meio da porta-giratória. A idéia da Lei no. 10.098/00 foi tornar os espaços livres e eidficados acessíveis a todos, estabelecendo normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessbilidade, mas a existeência destas leis não tem assegurado a inclusão das PDF em todos os ambientes. Existem diferentes problemas a resolver. Um deles diz respeito à ausência de conhecimetno sobre a diversidade humana e suas necessidades em termos espaciais por parte dos profissionais, principalmente arquitetos e engenheiros, que não contaram com nenhuma disciplina específica em seus currículos de formação profissional. Além disso, conciliar necessidades muitas vezes opostas, geradas por diferentes restrições exige conhecimento aprofundado do problema, o que nem sempre se encontra. 112 Desta forma o desenvolvimento da Dança em Cadeiras de Rodas e a conseqüente integração social que esta prática pode possibilitar, se encontra prejudicada pelo não cumprimento das leis, e na maioria das vezes o que se vê, é que no no melhor dos casos é uma incipiente fiscalização por parte do poder público. Considerações finais Escrever sobre este tema é romper uma barreira de conceitos criada pela própria sociedade, o ideal é mostrar que já passou da hora de mudar a situação quanto ao desrespeito e descumprimento das leis em no sistema jurídico, afinal, no Brasil, a legislação sobre os direitos da PDF é bastante tratada e de certa forma legalmente regulamentada. Mas isso não significa que as leis que hoje se encontram em vigor, estejam de acordo com a realidade da PDF. Afinal muitas são as criticas quanto às terminologias preconceituosas que se encontram nestas leis. De acordo com Pinto e Ferreira (2004,p.33) em analise as primeiras discussões sobre o projeto de mudança ao estatuto do deficiente: “Não houve titulo que não se mexesse a começar da substituição do termo “pessoa portadora de deficiência física” por “a pessoa com deficiência física”. Este é apenas um exemplo de como a nossa sociedade ainda se encontra em um estado de ignorância quanto à pessoa com deficiência. Segundo Lopes Filho (2003,p.15) : Outra indagação seria quando definimos que a pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida 113 é aquela que tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Temos de verificar a imensidão de interpretação legal que pode surgir para “limitação na capacidade”. Uma pessoa portadora do vírus HIV ou um paciente com insuficiência renal-crônica, entre tantos outros casos podem ter uma grave limitação na capacidade... O direito da PDF já e constitucionalmente assegurado e deveria ser utilizado e seguido por toda a sociedade, pois a PDF não quer leis especiais que a transforme em uma pessoa diferente, mas sim deseja que as leis assegurem que mesmo tendo dificuldades especiais tenha direito iguais de locomoção e acesso a todos os locais, sejam eles públicos ou não. Mas a mudança quanto ao cumprimento das leis deve partir não só das leis governamentais, ou de uma pequena parcela da sociedade, muito ajudaria se a mídia muda-se a sua forma de abordagem quanto aos deficientes. Ainda segundo Lopes Filho (2003, p.14): ... existe uma imagem distorcida, desfocada e parcial. Talvez ela se deva à própria mídia, que constantemente trabalha nas revistas, nos jornais, e na televisão, a representação, a figura estereotipada da pessoa com deficiência. Esta imagem é constantemente sintetizada em uma pessoa em cadeira de rodas. Então seria ideal que a mídia mudasse sua forma de 114 abordagem quanto à pessoa com deficiência, trabalhando na consciência do senso comum uma nova imagem, não simplesmente uma pessoa em cadeira de rodas, mas sim uma pessoa com necessidades especiais, tão capaz quanto qualquer outro. Então, neste simpósio, onde dois eventos chamarão a atenção da mídia (a mostra de dança artística na cadeira de rodas e o campeonato de dança esportiva em cadeira de rodas, é necessário se introduzir o debate destas questões pois, a vida de uma PDF é como a de qualquer ser humano. Para Silva: ... a vida do deficiente físico é cercada de alegrias, realizações incertezas e dificuldades. É dentro desse mundo que eles crescem, se educam, fazem amigos e constroem suas carreiras. 115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PINTO, Claudia Gisel; FEREIRA Terezinha Vicente. A deficiência em debate. Revista Sentidos p.36-36, 2004. LOPES FILHO. José Almeida O querer universal e o fazer para todos. Revista Nacional de Reabilitação v. 6, n. 35, p.14-15, 2003. Partido dos Trabalhadores: Diretório Naciona. Decrete Garante inclusão das pessoas com deficiência. Dispon~ivel em http:// www.pt.org.br/site/noticias/noticias_int.asp?cod=30061. Acesso em 05/12/2004. TOLOCKA, R. E. DE MARCO, A. Esporte Adaptado: dos Jogos em Stoke Mandeville às Para-Olimpíadas In: III Encontro Nacional da História do Esporte Lazer e Educação Física, 1995, Curitiba- PR.Coletânea do III Encontro Nacional da História do Esporte Lazer e Educação Física. Curitiba PR: , 1995. p.160 - 165 SILVA. Geovana Bueno da. Deficiência Física: excesso de leis e falta de certeza jurídica em meio à ineficiência da sociedade Monografia de conclusão de curso. PUCC. Camp 116 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DA DANÇA EM CADEIRA DE RODAS NO BRASIL TAVARES, Viviane P.; FERREIRA, Eliana L. FAEFID/ UFJF A dança reflete a emoção que através de uma linguagem não verbal pela qual nos expressamos, refletindo os acontecimentos relacionados ao cotidiano e à sociedade, desde os tempos mais remotos até a atualidade. Deixou de ser um mero veículo da liberdade dos sentimentos, para ser a própria linguagem dos sentimentos praticados pelo discurso corporal, já que muitos dos gestos nela sentidos não podem ser reduzidos a símbolos verbais que busquem explicitá-los, pois o que é sentido não pode ser explicado, necessita apenas ser sentido e significado, segundo Ferreira (2002). A dança em cadeira de rodas – DCR é uma modalidade que se encontra em expansão no Brasil e no Mundo. Pesquisas tais como Ferreira (2003, 2002, 1998), Bernabe (1998), Tolocka (2002) mostram que a DCR apresenta benefícios de ordem sóciopolítico-cultural, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida para os seus praticantes. Por outro lado, os estudos apontam que ainda existe muita resistência em se desenvolver essa modalidade. Diante deste cenário, o objetivo desta pesquisa 117 é conhecer o que tem impulsionado o desenvolvimento da modalidade no cenário brasileiro. O presente trabalho vem abordar a dança que utiliza a cadeira de rodas, um estilo inovador que vem instituindo a queda dos estereótipos quanto ao modelo de corpo capaz de dançar. Sendo assim, o objeto desta pesquisa é a Dança Esportiva aplicada às pessoas com deficiência física - (DECR). Esta é uma modalidade que se caracteriza por ser competitiva, permitindo a participação de um dançarino cadeirante e um andante. Divide-se em duas categorias: a standart, em que se inclui a Valsa, o Tango, a Valsa Vienense, o Slow Foxtrot, o Quickstep; e as danças latinas, subdivididas em Samba, Cha-ChaChá, Rumba, Passo Doble e Jive. Foi através de iniciativas de reabilitação em Stoke Mandeville, que se iniciou o percurso da dança em cadeira de rodas, em que os participantes deixaram de fazer mais do que simples movimentos para frente, para trás, formando estruturação de coreografias num aspecto bem mais amplo e mais aberto. A Dança Esportiva em Cadeira de Rodas foi implantada há pouco tempo no Brasil (desde 2002), apesar de ser reconhecida internacionalmente como um esporte, desde 1989, pela organização Internacional de Esportes para Deficientes – ISOD. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo analisar o crescimento e o desenvolvimento dessa modalidade no Brasil, buscando compreender suas influências sócios-culturais e 118 adquirir respostas para este nosso questionamento. Metodologia: Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica. Sua trajetória metodológica desenvolveu-se através dos seguintes passos: A) Análise dos anais do I, II, III Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, respectivamente realizados nas cidades de Campinas (2001, 2002) e Mogi das Cruzes (2003); B) Seleção dos trabalhos que envolvem a dança artística em cadeira de rodas; C) Leitura e discussão dos relatos de experiências publicadas por pessoas com deficiência física e temas livres publicados por pesquisadores de área afim; D) Entrevistas informais e formais realizadas com pesquisadores e dançarinos no decorrer do III campeonato Brasileiro de Dança em cadeira de Rodas realizado em São Paulo; E) Análises de material áudio-visual adquiridos no Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas; D) Sistematização do material escolhido. Resultados: Esta pesquisa aponta como sendo fatores de crescimento da modalidade DCR: 1) A realização dos Simpósios Internacionais da Dança em Cadeira de Rodas, com a participação de profissionais de diversas áreas afins, tais como: Educação Física, Dança, Fisioterapia, Medicina, Terapia Ocupacional e outras, possibilitando discussões produtivas. 2) Existir um número de professores de Educação Física qualificados, inseridos no desenvolvimento dessa modalidade, através de projetos em 119 universidades e hospitais. 3) O fato de essa modalidade estar sendo reconhecida como mais uma possibilidade de atividade motora e social. 4) A criação de uma Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas, subsidiando cursos de Capacitação de Recursos Humanos, abrangendo todo o território nacional. 5) O apoio do Ministério de Esportes para o desenvolvimento dessa modalidade, de maneira a permitir legitimá-la como modalidade não só artística mas também esportiva. Conclusão: Gostaríamos ainda de mencionar que há um aumento do número de grupos de Dança em cadeira de rodas no Brasil, principalmente na região sudeste; 2) que o crescente envolvimento das pessoas andantes e de cadeirantes, em projetos com a dança em cadeira de rodas – se justifica devido a quebra de estereótipos do corpo deste novo século; 3) a cada ano há um envolvimento de Profissionais capacitados nesta área especifica. . Observamos ainda nesse estudo que a DCR além de ser uma possibilidade de transformação social, e um fator impulsionador para a integração e qualificação das pessoas com deficiência física, nas atividades do cotidiano. 120 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, E.L.. Proposta metodológica para o desenvolvimento da dança em cadeira de rodas; In: Conexões .Vol 01, nº 6; Campinas: 2001. FERREIRA, E.L, FERREIRA, M. B. R. & FORTI, V. A. M.. Interfaces da Dança Para Pessoas Com Deficiência. Campinas: CBDCR, 2002 RIED, B.. Fundamentos da dança de salão. Bettina Ried. s.l.: s.ed., 2002. RIED, B., FERREIRA, E.L. & TOLOCKA, R. E.. Subsídios para Competições Oficiais De Dança em Cadeira De Rodas. Campinas: CBDCR, 2003. 121 FORMA METODOLÓGICA DE DANÇA EM CADEIRA DE RODAS A PARTIR DO ESTUDO DA LINGUAGEM DA DANÇA MODERNA/CONTEMPORÂNEA SILVEIRA, Saulo S. e FERREIRA, Eliana L.. FAEFID/UFJF Introdução Antes de falarmos sobre a dança moderna/contemporânea e sobre a proposta metodológica de dança em cadeira de rodas, achei necessário fazer antes um breve histórico da proposta de cada uma delas e de cada linguagem de dança analisada para a realização do presente estudo. Historicamente a dança moderna/contemporânea veio propor suas características dentro da sociedade, com o intuito de transformação e mudança do estilo da época, marcado pela exaltação ao belo e à alta performance do corpo, que era utilizado como um veículo, um meio para se chegar ao maior nível da técnica e perfeição estabelecidas pela dança clássica. Podemos perceber, assim, que a prática da dança naquele momento não era para todos, e sim, para uma pequena minoria que dispunha de virtudes corporais valorizadas. A dança moderna/contemporânea possui características distintas. Sua técnica se propõe como meio e não como fim, proporcionando à pessoa que dança a oportunidade de se inserir 122 artisticamente num contexto social, de refletir sobre o próprio corpo e o meio em que vive, de realizar atuantes intervenções na história da sua cultura, que diariamente está sendo registrada através dessa linguagem não-verbal, que é a dança. Para os seus precursores, “o movimento é uma experiência humana universal que começa até mesmo antes do nascimento, no útero materno. Estudar o movimento humano é estudar o indivíduo, uma vez que o movimento é, ao mesmo tempo, meio e veículo para todas atividades humanas”.(CORDEIRO, 1998). Um dos precursores da dança moderna foi o teórico e bailarino Rudolf Laban, cujo estudo propõe uma forma de abordagem da dança e do movimento, a partir de quatro fundamentos; peso, espaço, ritmo e fluência. Por tal abordagem, não há um restrito e único grupo de pessoas capacitadas para tal, segundo o autor, qualquer pessoa é capaz de dançar e expressar seus sentimentos. Para se expressar, é preciso ter liberdade e autonomia para criar. Marx apud Nanni, 1995; afirma que o homem só é independente “... se afirma sua individualidade como homem total em cada uma de suas relações com o mundo, vendo, ouvindo, sorrindo, provocando, sentindo, pensando, querendo, amando – em resumo se afirma e exprime por todos os órgãos de sua individualidade; senão é apenas livre de, e não livre para”. Essa linguagem se mostra presente também em uma das modalidade da Dança em Cadeira de Rodas, que segundo Ferreira propõe “a queda dos estereótipos quanto ao modelo de corpo capaz de dançar permite que, aos poucos, uma nova 123 dança se institua. Enquanto novidade, ela chega a ser perturbadora, mas ao mesmo tempo, encoraja e fomenta pesquisas de exploração dos movimentos corporais, abrangendo novos universos e conhecimentos nos quais o corpo passa a ser suscetíveis arranjos e combinações insólitas”. Dessa forma, podemos verificar que as duas linguagens proporcionam novidades enquanto bailarino e difusão do manifesto artístico. Verificamos que atualmente existem mais de cinqüenta grupos e companhias de dança que proporcionam esse estudo do corpo através da dança em cadeira de rodas em todo o país, em comparação ao ano de 1996, quando, segundo Ferreira, os grupos eram aproximadamente em número de trinta. Percebese, assim, uma crescente prática dessa modalidade. Objetivo O objetivo de nossa pesquisa é desenvolver e propor uma forma metodológica de Dança em Cadeira de Rodas, cujos estudos se baseiam na teoria de Laban (1975) Metodologia: A trajetória metodológica da presente pesquisa desenvolveu-se através dos seguintes passos: A) Análise dos estudos realizados por Ferreira, (1995), em que a autora propõe uma forma de trabalho com a dança para pessoas com deficiência física, dividindo-o em 06 fases: 1) fase comportamental; 2) fase de integração artística; 3) fase de associação; 4) fase elementar; 5) fase de instrumentalização; 6) fase coreográfica. B) Análise dos anais do I, II, III Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, respectivamente 124 realizados nas cidades de Campinas (2001, 2002) e Mogi das Cruzes (2003); C) Seleção dos trabalhos que envolvem a dança artística em cadeira de rodas; D) Leitura e discussão dos relatos de experiências publicadas por pessoas com deficiência física e temas livres publicados por pesquisadores de área afim; E) Sistematização do material escolhido. Para análise dos dados, utilizamos o método Laban (1998) que propõe uma forma de estudo do corpo e do movimento a partir de quatro fundamentos da dança moderna/ contemporânea, quais sejam: -Espaço: espaço pessoal, o espaço que o corpo pode explorar sem que precise se deslocar, dividido em área próxima, área média e área externa; Geral, que é o espaço que o corpo pode explorar quando se encontra em deslocamento, usando níveis, planos e direções e sentidos. -Tempo: é a relação que existe da velocidade do movimento em determinado espaço de tempo, desenvolvendo noções temporais e qualidade do movimento. -Peso: é a medida do grau de energia muscular expandida para produzir um tipo de movimento, exemplo: leve e pesado. -Fluência: “o fluxo tem principalmente a ver com o grau de liberação produzido no movimento(...), o fluxo é a continuação normal do movimento, como a de uma corrente fluente, podendo ser mais ou menos controlado. A partir dessas propostas, foram desenvolvidos nossos planos de aula. Tais aulas foram ministradas durante oito meses de trabalho, com uma aula por semana, com duração de aproximadamente duas horas. 125 O trabalho de campo está sendo realizado com pessoas com deficiência física de ambos os sexos e idades variadas, que aceitaram participar voluntariamente deste trabalho. Resultados: Nossa pesquisa ainda se encontra em fase de desenvolvimento, mas já podemos afirmar que: a) existem diferentes formas de se abordarem as diferentes deficiências, porém é necessário encontrar-se um caminho comum para desenvolvimento da dança, mesmo com as diferenças. b) o exercício dessa prática ainda requer uma instrumentalização capaz de propiciar a construção de uma ordem de movimentos que sejam adequados à percepção de padrões estruturantes de uma técnica que permita a realização de gestos corporais significativos para o dançarino com deficiência. Esses indícios são importantes para nos ajudar na materialidade do método a ser desenvolvido posteriormente. É importante mencionar que: 1) Fez-se na sala de aula um laboratório, onde se teve a oportunidade de descobrir as habilidades e de se adquirir disciplinas para o domínio do mundo material, o mundo das barreiras arquitetônicas. 2) Conseguimos demonstrar a necessidade de reconhecimento social de uma população até então desestimulada do ponto de vista social, mas que pôde através da dança buscar alternativas de mudanças de uma cultura já estabelecida. 3) Uma grande vantagem da atividade da dança tem sido 126 a melhora da auto-estima, pois estar em público é se colocar na posição de capaz de se expor, se movimentar corporalmente, enfrentar a sociedade, enfim, de mobilizar e estabelecer outros sentidos sobre dança e deficiência. Conclusão: Queremos ainda dizer que vários grupos de dança do Brasil estão buscando novas possibilidades de movimentos que conduzam não apenas ao espetáculo, mas à reflexão sobre as alternativas que a dança oferece. Percebemos também que a dança em cadeira de rodas tem sido um elemento que permite estabelecer uma relação solidária e de respeito às diversidades humanas. Observamos ainda, neste estudo, que a Dança em Cadeira de Rodas, além de representar uma possibilidade de transformação social, é um fator impulsionador para a integração e qualificação das pessoas com deficiência física, nas atividades do cotidiano. 127 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, E. L. Corpo – Movimento – Deficiência: As formas dos discursos da/na dança em cadeira de rodas e seus processos de significação. 2003. 243 f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. ——— Dança em Cadeira de Rodas: os sentidos da dança como linguagem não-verbal. 1998. 150 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) –Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998. ——— et all (org) . Interfaces da Dança para pessoas com deficiência. Campinas: CBCDR, 2002 ——— et all (org) Anais do I Simpósio Internacional de Dança em Cadeiras de Rodas. Campinas: Abradecar, 2001. ——— et all (org) Anais do II Simpósio Internacional de dança em cadeira de rodas. Campinas: CBDCR, 2002. ——— et all (org) Anais do III Simpósio Internacional de dança em cadeira de rodas. Mogi das Cruzes: CBDCR, 2003. RIED, BETTINA; et all Subsídios para competições oficiais de dança esportiva em cadeira de Rodas. Campinas: CBDCR, 2003. NANNI, Dionísia. Dança Educação: Princípios, Métodos e Técnicas. Rio de Janeiro:Sprint, 1995. VERWER, Hans. Guide to the Ballet: an introduction to the history and art of ballet. Barnes e Noble, 1963 128 DANÇA EM CADEIRA DE RODAS: POSSIBILIDADES DE SUPERAR LIMITES E REFLETIR SOBRE A VIDA VALLA, Denise C. R. Mendes – UNIMEP TOLOCKA, Rute Estanislava – NUPEM/UNIMEP Introdução Dançar é uma forma de expressão de sentimentos, sensações, de vida e é por nosso corpo que podemos realizála. A dança em cadeira de rodas nos fez perceber uma diferente forma de expressão. Uma forma de viver e sentir, uma possibilidade de conquistar algo que parecia distante. Para Caminada (1999), a dança surgiu de uma particularidade do ser e de sua necessidade de expressar uma emoção, manifestando-se através de movimentos naturalistas, isto é, de imitação de forças da natureza, acreditando que através dessas imitações seria possível ter a posse dessas forças. Pela dança, as pessoas com necessidades especiais, que muitas vezes acreditavam não ser possível dançar, podem descobrir caminhos para uma realização pessoal, que a faz interagir consigo mesma e com a sociedade de maneira mais significativa, pois para a pessoa com deficiência, pode ser mais uma maneira de se fazer presente e atuante dentro da sociedade, de se mostrar mais vivo e participativo. 129 Merleau-Ponty (1994) nos fala da experiência corporal como “uma maneira de ter acesso ao mundo e ao objeto” (p.195), e a mobilização corporal do ser humano pode se dar não apenas por situações reais, estímulos concretos, mas também por situações imaginárias, construídas, que levam o corpo a movimentar-se. Podemos então dizer que a dança, como uma forma de expressão do ser humano, baseia-se em construções sobre objetos e situações reais, ou objetos e situações imaginárias, fruto da sensibilidade e criatividade transformadas em movimentos. Sendo assim, podemos perceber que a pessoa com deficiência física pode se expressar, dentro de suas possibilidades, pelo seu corpo, transmitindo suas sensações e emoções, por situações reais ou imaginárias. Se pensarmos em uma perspectiva além da puramente biológica, ou técnica, poderemos enxergar que a dança pode ir além dos limites impostos, pois ela possibilita a criação de um mundo simbólico, com significações. (ROSA, 2004). Pela experiência vivida, podemos encontrar o sentido da própria existência e a vivência da dança pode permitir a esse corpo que se expressa, percebe e relacionar-se com o mundo, em busca do prazer e da auto superação. Objetivos Este trabalho tem por objetivo dar uma oportunidade à pessoa com deficiência física de vivenciar a dança e as emoções que a envolvem e buscar compreender o que a sociedade pensa quando assiste uma dança em cadeira de rodas. 130 Metodologia Este estudo refere-se a uma pesquisa exploratória. (OLIVEIRA, 1997), com duas etapas distintas: a primeira, refere-se a montagem de uma coreografia com um casal onde ela é “cadeirante”, isto é uma pessoa que é usuária de cadeira de roda e ele “andante” (pessoa que não precisa de nenhum implemento para andar). A montagem da coreografia foi realizada no local freqüentado pela aluna cadeirante, onde ela participava de outros atendimentos, sessões de terapia e reabilitação, e foi convidada para dançar, por já ter manifestado sua vontade em alguns momentos. As aulas eram realizadas uma vez por semana, com uma hora de duração. Desde o início até a finalização da coreografia, foram utilizados dois meses e meio, isto é, dez aulas. A segunda etapa ocorreu quando o casal apresentou a coreografia em um externato, para adolescentes, em uma cidade do interior de São Paulo, em um evento que apresentava diferentes atividades de dança realizada com pessoas deficientes. Nesta ocasião foram entregues questionários ao público presente, escolhidos ao acaso, com duas questões: 1) Você assistiu a dança em cadeira de rodas? Sim ( ) Não ( ) 2) O que você achou da coreografia do casal? As respostas da pergunta dois foram analisadas através dos seguintes passos: transcrição das respostas para a linguagem acadêmica, análise das principais categorias identificadas nas 131 respostas, e observação das convergências e divergências nas respostas, conforme proposto por Tolocka (1995). Resultados e discussão Em todos os inícios de aula eram realizados, aquecimento e alongamento. Nos dois primeiros encontros, realizamos diferentes possibilidades de movimentos, propostas tanto pelo bailarino quanto pela bailarina em cadeira de rodas, para descobrir as potencialidades dos mesmos e selecionar movimentos para a coreografia a ser estabelecida, que não foi realizada de maneira imposta, pois todos os participantes contribuíram com suas idéias e opiniões. Depois de realizada essa troca de informações e possibilidades, iniciamos a montagem de seqüências de movimentos com a música escolhida, paulatinamente, para que os bailarinos pudessem compreender os movimentos dentro do ritmo da música, antes de aprenderem as próximas seqüências. Com o passar das aulas, a coreografia foi tomando forma, sendo que nos dois últimos encontros, foram feitas estruturações, que consistiam na análise de todas as partes da coreografia, para tentarmos deixá-la mais harmônica e uniforme entre os componentes, os movimentos e o ritmo. Nessa fase a oportunidade de expressão já estava presente, mas ela seria muito mais fortalecida depois da concretização das apresentações para o público. A apresentação de uma dança para o público, não importa qual seja, pode despertar sentimentos. O que gostaríamos de proporcionar à pessoa com necessidade especial, eram as emoções vividas na dança e em 132 suas apresentações, que envolvem um misto de ansiedade, alegria, prazer, como mostraram Freitas e Tolocka (2005). Acreditamos que a experiência concreta na dança seja o melhor caminho, para que a pessoa possa experimentar estas emoções, pois apenas com palavras, possivelmente não conseguiríamos transmitir para a pessoa o que sua experiência corporal vivida poderia propiciar. Para Garaudy (1980) a dança é um meio de existir, pois transcende o poder das palavras e exprime seus sentimentos e emoções com a intensidade do corpo. Com isso, para se construir um significado de dança é preciso experiência-la, vivê-la, sentila em sua totalidade em busca de transcender a experiência e a expressão humana. O movimento satisfaz uma necessidade do ser humano, que precisa movimentar-se para sobreviver, e a dança usa esse movimento como linguagem poética. Laban (1978) faz uma interessante observação quando fala que os movimentos mais importantes de nossas vidas em geral nos deixam sem palavras. Conforme depoimentos da pessoa cadeirante, a experiência de dançar trouxe felicidade à sua vida, mostrando que ela é capaz de realizar coisas que pensava não poder mais fazer. Com relação ao público, foram devolvidos 15 questionários, onde seis pessoas disseram não terem visto a coreografia com a cadeira de rodas e nove afirmaram tê-la assistido As respostas coletadas na segunda questão, já adaptadas para a linguagem acadêmica foram: 133 Sujeito 1: Assisti e adorei, a determinação deste grupo é impressionante, faz a gente refletir sobre a vida e dar mais valor ao que temos e que somos hoje. Sujeito 2: Lindo, indiscutivelmente emocionante. É uma lição de vida e amor, nos faz acreditar que tudo é possível. Sujeito 3: Foi lindo, parabéns pelo trabalho. Sujeito 4: Maravilhoso, é a prova da superação do limite de suas possibilidades. Sujeito 5: Emocionante, sensibilizou-me, e percebemos que sempre é possível aprender. Sujeito 6: Muito lindo! Transmitiu uma certeza: “Não existe deficiência e sim diversidade”! Sujeito 7: Impressionante a beleza das expressões e principalmente do olhar. Basta acreditar, lutar e perseverar para conseguirmos superar nossos “limites”. Houve um grande envolvimento da platéia e com certeza essa apresentação proporcionará um momento de reflexão e mudança na vida de cada um. Sujeito 8: Sensibilizadora. Principalmente o que nos chamou mais atenção foi a vontade dos bailarinos em vencer obstáculos e ultrapassar limitações, dando-nos um grande exemplo de vida. Sujeito 9: Foi uma apresentação muito boa e emocionante. Achei um trabalho maravilhoso, que transmitiu ao público toda a emoção que sentem. Vamos fazer agora um levantamento dos “indicadores” que são retirados do texto anteriormente citado e trazem significados relevantes para a próxima etapa em que criaremos categorias que viabilizarão as discussões finais. 134 S1: # Adorei # a determinação é impressionante # nos faz refletir sobre a vida # dar mais valor ao que temos e que somos S2: # Lindo # emocionante # uma lição de vida e amor # Nos faz acreditar que tudo é possível S3: # Lindo 54: # Maravilhoso #é a prova da superação do limite S5: # emocionante # sensibilizou-me# sempre á possível aprender S6: # Lindo # não existe deficiência e sim diversidade S7: # impressionante a beleza das expressões e do olhar # Acreditar, lutar e perseverar para superar limites # momento de reflexão e mudança na vida de cada um S8: # Sensibilizadora # vontade de vencer obstáculos e superar limitações # exemplo de vida S9: # Emocionante # Transmitiu ao público emoção que sentem A partir desses indicadores vamos criar categorias para identificar os pontos significativos entre os discursos para podermos chegar às considerações finais. 1) Lindo, emocionante, maravilhoso, sensibilizante (sujeitos 2, 3, 4, 5, 6, 8. 9 ) 135 2) Impressionante a beleza das expressões, do olhar e a determinação. (sujeito 7, 1) 3) Dar mais valor ao que temos e que somos, é a prova da superação de limites e da vontade de vencer obstáculos, e acreditar que tudo é possível. (sujeitos 1, 2, 4, 7, 8) 4) Uma lição de vida e amor, um exemplo, que nos faz refletir sobre a vida, percebendo que sempre é possível aprender ( sujeitos 2, 5, 6, 7) A partir dessas categorias pudemos perceber que a dança em cadeira de rodas sensibilizou e emocionou os sujeitos que a assistiram, os fez refletir sobre suas vidas, e enxergar que os limites podem ser superados. Constatamos assim que espetáculos de Dança em Cadeira de Rodas pode levar o público a reconsiderar limites e possibilidades impostos por uma deficiência física e a refletir sobre a diversidade das possibilidades humanas, inclusive questionando o significado da palavra deficiência, como o fez o sujeito 6. Conclusão A Dança em Cadeira de Rodas trouxe a pessoa cadeirante novas possibilidades de vida e participação social e permitiu que ela vivenciasse emoções através da dança, levando também o público que a assistiu a relatar emoções, significações e reflexões que a dança os proporcionou. Isso nos leva acreditar que muitos outros estudos nessa área podem ser realizados para que mais pessoas possam experienciar essa vivência da emoção, sejam elas bailarinas ou expectadoras. 136 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMINADA, E. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. FREITAS, M. C. R.; TOLOCKA, R. E. Desvendando as emoções da Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. Revista Brasileira de Ciência em Movimento (aceito para publicação), 2005. MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994. GARAUDY, R. Dançar a vida. RJ: Nova Fronteira, 1980. LABAN, R. O domínio do movimento. SP: Summus, 1978. OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica. São Paulo, Pioneira, 1997. ROSA, J.S. A corporeidade na dança: revelações de corpos dançantes na cidade de Aracaju. Dissertação (Mestrado), Piracicaba, FACIS/ PPGEF, Universidade Metodista de Piracicaba, 2004. TOLOCKA R. E . Atividade Motora e a Pessoa Acometida por traumatismo Medular. Mestrado. Faculdade de Educação Física. Unicamp. Campinas, 1995 137 138 RELATO DE EXPERIÊNCIAS 139 A DANÇA EM CADEIRA DE RODAS E A MIDIA FERNANDES, Luciene Rodrigues Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência – FUNAD Grupo Roda Vida Em novembro de 2001, no I° Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, teve início o que seria o grande momento de aprendizagem para as pessoas portadores de deficiência física e profissionais, envolvidos com a dança em cadeira de rodas, quando da criação da Confederação Brasileira de Dança de Cadeira de Rodas (CBDCR), entidade esta que ampliou novos espaços e conquistas para as pessoas portadoras de deficiência, através de Dança Esporte em Cadeira de Rodas O grupo Roda Vida da Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência – FUNAD João Pessoa – PB, teve início a partir de 1995 com experiências em Dança Reabilitação e Dança Artística, que promoveram resultados satisfatórios com portadores de deficiência física (cadeirantes) A dança esporte em cadeira de rodas foi efetivamente responsável pelo crescimento do grupo Roda Vida, que durante a sua existência procurou o aprimoramento técnico e novas propostas de trabalho para valorização e viabilização da dança em cadeira de rodas, com a apresentação da citada modalidade esportiva, facilitou e motivou o grupo Roda Vida a aprimorar 140 seus movimentos e expressar melhor suas emoções dançantes através dos ritmos latinos (samba, rumba, jive, cha cha cha, passo doublé) e standar (tango, slow fox, quick step, valsa lenta e valsa vienense). Em 2002, no II° Simpósio Internacional e I° Campeonato Brasileiro de Dança em Cadeira de Rodas, o citado grupo teve a sua 1ª participação onde obteve o 2° lugar, premiação esta que incentivou ainda mais a participação e atuação do grupo no desenvolvimento técnico da modalidade . Nos anos seguintes 2003 e 2004 continuamos a aperfeiçoar a técnica da dança esporte em cadeira de rodas e mais uma vez o grupo conquistou a premiação máxima, 1º lugar. A partir desta trajetória, o grupo Roda Vida vem divulgando e se destacando pela qualidade técnica de trabalho que tem apresentado em alguns estados do país. “O maior resultado de todo este processo é a inclusão social, valorização e qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência.” Assim relata o bailarino Valdemir de Paiva Tavares(cadeirante). Nas apresentações do referido grupo pelo país em eventos já conhecidos como: Artes sem Barreiras, Mostra de Dança, Congressos Nacionais e Internacionais nas áreas de educação e saúde, entre outros, surgiu então, o encontro entre o grupo e a autora de novelas Glória Perez da Rede Globo- RJ que, encantouse com a proposta coreográfica de um tango em cadeira de rodas (andante e cadeirante) e efetivamente formulou o convite para a participação na novela América que foi exibida em 02 de julho 141 do corrente ano. Diante da oportunidade que a mídia disponibilizou através de jornais e televisão, o grupo Roda Vida mais uma vez com esta divulgação no país propagou –se e foi positivo na influência junto as pessoas portadoras de deficiências (cadeirantes),que obtiveram informações e estímulo para a prática da dança esporte em cadeira de rodas . Atualmente,o grupo é composto por 20 cadeirantes, todo este crescimento e desenvolvimento aconteceu com o apoio técnico-científico de profissionais capacitados na área que fizeram surgir o estudo da referida modalidade esportiva, com a consolidação da criação da Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas (CBDCR). A existência da referida Confederação tornou possível a implementação de um canal efetivo para a inclusão social e exercício pleno de cidadania da pessoa portadora de deficiência. 142 A IMPORTANICA DO MANEJO DE CADEIRA DE RODAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS MOVIMENTOS BÁSICOS PARA A DANÇA EM CADEIRA DE RODAS BRITO, Rita de Cássia Guedes de FAEFID/UFJF A dança em cadeira de rodas é uma forma especial de dança para deficientes, pela sua técnica específica. Segundo Ferreira (2003), através da dança as pessoas tornam-se mais autoconfiantes, adquirem maior controle da cadeira, melhorando suas atividades da vida diária e conseguindo ser reconhecidas pela sociedade. Essa modalidade artística/recreativa ou esportiva tem se tornado relevante no contexto social,. vem crescendo e se tornando cada vez mais visível. Sua ação está inserida numa conjuntura maior de mudanças na sociedade, uma maior conscientização dos direitos de cidadão do deficiente, maior abertura de setores da sociedade, como os clubes, criação de ONGs para fins específicos, apoios governamentais, programas na mídia, etc Segundo Ferreira (2003) o número de grupos no Brasil tem demonstrado um crescimento considerável, no entanto, percebe-se a necessidade de qualificação dos profissionais que atuam nessa modalidade, assim como de uma proposta de um 143 método de dança que atenda às especificidades por ela exigidas. E foi pensando em contribuir para a proposta desse método que resolvemos compreender os movimentos das pessoas sobre uma cadeira de rodas e verificar os gestos corporais da/na dança associados ao manejo de cadeira de rodas. Objetivo O objetivo deste trabalho é analisar os principais movimentos básicos para o manejo da Cadeira de Rodas, sugeridos por STROHKENDL (2004), de maneira a colaborar para os movimentos específicos da dança em cadeira de rodas. Metodologia Esta é uma pesquisa qualitativa, utilizando procedimentos de análise do movimento sugerido por Laban (1978) e Strohkendl (2004). Resultados Após análise dos movimentos de vários dançarinos em cadeira de rodas, verificamos que alguns grupos apresentam boa qualidade técnica em relação aos movimentos específicos, mas esses mesmos grupos são prejudicados pela falta de habilidade com a cadeira de rodas. Nesse sentido, podemos dizer que para o melhor desempenho dessa modalidade, é necessário que os dançarinos cadeirantes, assim como os dançarinos andantes, tenham um bom conhecimento do manejo de cadeira de rodas. Sugerimos, então, que ao trabalhar com os movimentos de dança, concomitantemente devemos aplicar os movimentos 144 de manejo de cadeira de rodas, conforme se segue: a) É necessário o ajuste da Cadeira de Rodas para o usuário. Quando sentados perpendicularmente, os cotovelos devem estar em contado com o maior ponto das rodas. Segundo Strohkendl (2004), pessoas inabilitadas não possuem controle da pélvis e, sem ter o suporte das pernas, requerem assentos com inclinação de três a quatro centímetros. O eixo posterior das rodas é posicionado perpendicularmente abaixo da junção do quadril. Já para as pessoas severamente inabilitadas (tetraplégicos, com pessoas que sofreram paralisia cerebral), a base da roda pode ser estendida. b) Movimentos básicos: 1. Deslocar-se e parar. 1.1 Deslocar-se para trás. 1.2 Deslocar-se para frente. 2. Giros. 2.1 Girar no eixo central do corpo. 2.2 Girar para lateral. 2.3 Girar com uma mão. 2.4 Girar em movimento. 2.5 Girar em movimento com cruzamento das mãos. 2.6 Girar com as rodas traseiras. 3. Inclinar-se e balançar na Cadeira de Rodas. 4. Transferir-se da cadeira de rodas para o chão. Conclusão: Acreditamos que uma proposta de programa de treinamento de manejo de cadeira de rodas seja de 145 fundamental importância para o desenvolvimento dos movimentos de corporais sobre uma cadeira de rodas. Criar possibilidades para que as pessoas, mesmo sentadas sobre uma cadeira de rodas, possam se expressar com o tronco e braços, lhes darão condições de fazer parte do mundo da dança. Nos movimentos de dança, percebem-se modificações individuais que são realizadas como um meio de ajustes corporais feitos por cada dançarino. São maneiras de adaptações para dar possibilidades de movimentos mais funcionais. Mas essa tarefa requer um alto grau de experiência do uso de Cadeira de Rodas e uma grande sensibilidade. O desenvolvimento de trabalhos de dança para as pessoas com deficiência, seja como reabilitação ou como produto artístico, faz parte de um determinado contexto social. A deficiência é uma situação limite que torna mais visível a necessidade de superar o próprio corpo. E através da dança pode-se alcançar isso. 146 O BRASIL NO CIRCUITO DA DANCA ESPORTIVA INTERNACIONAL NO CIRCUITO DA DANCA ESPORTIVA INTERNACIONAL ESPORTIVA THE MALTA OPEN WHEELCHAIR DANCE SPORT CHAMPIONSHIP Uma página marcante na História da Dança em Cadeira de Rodas da Cia Rodas no Salão CRUZ, Anete Cardoso Atleta-dançarina da Cia Rodas no Salão Em breves linhas, buscarei relatar a experiência vivida pela dupla Cabral & Anete na 1ª Aparição do Brasil, no cenário internacional, num campeonato de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. Experiência singular que tiveram vários fatos pitorescos e interessantes. Panorama Brasileiro Com certeza, ir a um campeonato internacional e conhecer de perto o nível técnico dos atletas de outros países e se “expor” entre eles com a pouquíssima experiência que temos, mudaria o nosso referencial e nossa percepção de trabalho. Tínhamos muito a galgar e construir, mas o Brasil, através da CBDCR, tinha dado que pretendíamos fazer, falava holandês. Foi a nossa salvação. Lisiane foi nossa intérprete em 147 vários momentos falando tanto o holandês como o italiano (que Cabral também arranhava). No inglês, usávamos palavras soltas. Mas não deixamos de fazer ou curtir nada por causa do idioma. Tínhamos jogo de cintura e simpatia que distribuíamos naturalmente. Aproximadamente 95% da população é de origem maltesa e o restante descende de britânicos e italianos. O maltês, língua resultante da fusão entre o árabe do norte da África e o siciliano (dialeto italiano), tornou-se oficial em 1934 e era uma das línguas mais faladas por eles. Assistir programa de tv era super engraçado: “Não entendíamos nada, mas dávamos risadas de tudo, o tempo todo”. O outro idioma oficial era o inglês, mas pouca gente falava. Italiano, pior ainda. Foi realmente hilariante e atípico. Mas nos viramos muito bem, graças a Deus. 11 de “dezembro”: Esta data marcará nossa história pelo resto das nossas vidas. 1º dia do Campeonato. Nos arrumamos no ginásio onde aconteceria a competição. Por algumas vezes, passamos as coreografias. Quando começamos a nos desentender, vimos que era hora de parar. Rezamos e entramos no clima. Antes de começar as competições havia aquecimento na pista e isto era muito legal, pois fazia com que acostumássemos com a pista, víssemos características do piso e percebêssemos posições do público. Houve várias competições antes da nossa: infantil e adulto, só andantes, só cadeirantes, andantes e cadeirantes. Uma diversidade muito legal que ampliou o nosso conhecimento. Ficávamos atentos a tudo 148 e a todos. Apesar da ansiedade em dançar, queríamos aprender com os europeus a técnica que tinham desenvolvido. A precisão, rapidez e graça em executar os passos nos encantavam. Era como se transformassem para dançar. Sentia que no momento de cada coreografia, cada componente da dupla incorporava uma “personagem” e ali desenvolvia os passos de forma precisa e muita técnica. Aí que verificávamos que realmente era preciso anos de estudos, aperfeiçoamento, conhecimento e escuta de diversas músicas ao som de vários ritmos. Afinal você criar uma coreografia para a rumba e lá você executá-la com tanta precisão e no tempo correto, ao som de músicas diferentes, mas como tivesse criado a coreografia para aquela música em específico, era porque de fato todas as variantes que são cobradas da dupla ao se apresentar foram totalmente assimiladas e incorporadas. Antes de nos apresentar tivemos o prazer de realizar uma dança de apresentação para o Presidente de Malta, Guido De Marco. Foi bacana, pois sabíamos que estávamos sendo vistos e perceber nossa postura em relação ao público antes da nossa competição faria com que relaxássemos. Finalmente nossa apresentação. Competimos com os donos da casa: os malteses. Pensamos na torcida: seriam todos os malteses contra o Brasil. Certo? Não. Ganhamos uma torcida muito especial: os Holandeses. Estes nos adotaram de coração. Levavam maletinhas de lanches, trocamos souvenirs e construímos uma bela amizade. Na 1ª bateria estávamos super nervosos. Ficamos um pouco travados, mas nossos olhares nos tornaram cúmplices. Daí percebemos que íamos adquirindo 149 segurança e a dança ia se apropriando dos nossos corpos. Dançamos para nós dois. Não víamos quem estava na platéia mesmo virando para eles em alguns momentos das coreografias. Era como se ficássemos cegos e a nossa visão só estivesse voltada para a dança. É incrível como a dança esportiva estimula no nosso corpo e nas nossas atitudes enquanto dançamos essa mistura de adrenalina, preocupação com a técnica, música. É diferente, por exemplo, da ginástica olímpica, em que as atletas têm os passos básicos a serem executados, mas que dependem exclusivamente delas, a dança esportiva temos que ter a compreensão disso tudo, mas mutuamente. Como na Europa tudo é muito próximo e se viaja com facilidade de avião, trem ou ônibus, fora que ainda o calendário de competições do circuito europeu é muito intenso, com certeza eles têm uma vivência e experiência muito maior do que a nossa. E aqui eu ressalto este ponto que é fundamental: temos quatro anos desta modalidade, mas sabemos da dificuldade de realizarmos campeonatos regionais, por causa da distância, falta de apoio financeiro por parte dos governos que deveriam assumir a maior parte do investimento como é feito na Europa, promovendo e dando reais condições para que as diversas duplas que são for madas possam estar se aprimorando, analisando seus ganhos com seus treinos específicos. Após algumas baterias de danças que eram intercaladas com outras categorias, aproximava-se o momento da final naquele dia. Quando nos chamaram como vencedores da 150 categoria de 04 danças latinas realmente não acreditamos naquela façanha. Sabíamos que o campeonato de Malta não é um mundial. Mas ali tinham duplas de nível mundial. Apesar de competirmos na categoria de 04 danças latinas, para nós foi desafiador, já que o chá-chá-chá era novo para a nossa Cia. Acredito que dançar um para o outro. Entrar e compreender o ritmo do outro foram diferenciais na nossa dança. Tivemos falhas, mas muitos tinham também. Como a técnica ainda não estava incorporada na nossa prática e nosso corpo dançante, usávamos nossas próprias “armas”. E deu certo. De volta para o nosso aconchego! Fomos campeões! Fomos! Sabemos das nossas limitações e realidade nesta modalidade. O fato de não ter tido uma experiência de dança desde nova é um ponto que me desfavorece. Mas não é em cima dela que hoje sustento minha vontade de dançar. Meu pilar de trabalho é baseado na vontade de aprender e ser uma partner digna do meu parceiro, no caso específico, meu esposo. Voltamos depois de um mês com a determinação de divulgar a modalidade. E deu uma ótima repercussão. Estivemos em quase 30 aparições na mídia (programas de tv, rádios, jornais, revistas, sites). Realizamos em abril de 2005, a 2ª Oficina Baiana de Dança Esportiva Internacional ministrada por Bettina e Torsten Ried nas dependências do Aeroporto Internacional de Salvador e onde contamos com diversos parceiros. Em maio de 2005 concretizamos uma parceria com a INFRAERO que leva para os Aeroportos Internacionais de todo o Brasil as nossas 151 apresentações e nos favorece espaço para divulgar a modalidade e falar da importância desta como propulsora da “inclusão social”. Temos colhido bons frutos. A luta é diária e árdua. Faltam ainda recursos e iniciativas de outras empresas. Mas temos esperanças e acreditamos que tudo isso pode ser mudado de forma gradativa e processual. Este também é o ponta pé inicial de um sonho que acredito que se tornará realidade. Conciliar a Dança Esportiva e a Matemática num estudo de Mestrado. Parte de uma experiência que venho experimentando a cada momento do nosso cotidiano de treinos e aprendizado da Dança Esportiva. E quero defender isto como uma forma de alimentar o gosto de aprender a matemática através da arte de dançar esportivamente. Acredito que isso se tornará realidade. 152 O NOVO IMIGRANTE SIQUEIRA, Alexandre de Aguiar Cia de Dança Arte de Viver –ADFISA (ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS DE SANTOS) STUDIO – Dança em Cadeira de Rodas SECULT- Secretaria Municipal de Cultura de Santos O que difere uma pessoa da outra? Porque dar privilégios, se somente queremos cidadania. Queremos e temos o direito de ir e vir. Se somo todos cidadãos brasileiros, porque somos colocados à margem da sociedade ? Se somos pessoas que contribuem com o desenvolvimento e formação de uma sociedade, porque devemos ficar esperando por uma mão estendida para entrarmos em um edifício, sendo que a única coisa de que precisamos é um pouco de atenção. Em uma sociedade onde a temática do momento é a globalização, embora, tão distante de nós, esse termo se aplica no fato de estarmos cada vez mais próximos de uma economia única, e não de sermos um, onde diferenças sociais, físicas, emocionais, mentais, raciais sejam parte do passado. Somos todos limitados, já que físicos perfeitos são dotados de mentes deficientes, e mentes brilhantes em corpos deficientes. O mundo daquele que não vê, ouve, se comunica ou locomove em nada se difere dos que são classificados normais. 153 A uma pessoa cega, só lhe falta a visão - não a perspectiva. A uma pessoa surda, lhe falta o som – não a compreensão. A uma pessoa com dificuldade de locomoção, lhe falta as pernas – não a vontade de chegar a algum lugar. Tratarei desta tônica , não como um médico ou reabilitador, mas sim como um arquiteto, que convive com Pessoas Portadoras de Deficiências, não pelo motivo da dor,mas sim da alegria, minha experiência se dá em um universo onde se alcança a perfeição e se trabalha o belo. No mundo das Artes, através da Dança se alcança o sublime, e posso garantir que não se tem forma mais expressiva do que essa. Tentar modificar estruturas de sociedades leva tempo, acertos e erros. Algumas dessas barreiras vem sido transpostas. A 1ª barreira quebrada foi levar o PPD a ver e acreditar que era um ser produtor de arte , perceber sua potencialidade artística, a 2ª barreira foi a criação de grupos de Dança em Cadeira de Rodas e de um curso profissionalizante em Dança em Cadeira de Rodas, mas mesmo com todas essas evoluções nós barramos em uma barreira de proporção gigantesca e sólida a Cidade e o Edifício. A sociedade física não esta preparada arquitetonicamente para receber essa fatia da sociedade que agora além de consumir produz arte, a Dança. Historicamente o PPD foi um ser marginalizado dentro e fora de casa, o diferente sempre foi tratado como erro,feio um castigo . Desta forma seu egresso no meio da sociedade é muito recente, podemos datar suas primeiras aparições no pós guerra onde tivemos mundialmente 154 um contingente em sua maioria de feridos, lesionados medulares entre outros. Mas o que fazer com essa nova gama somado aos inúmeros PPD presos em suas casas e clinicas se o desenho de cidade desde os seus primeiros registros não se preocupava ou se imaginava que um dia eles pudessem tomar seu espaço no social. Sempre se buscou materializar o belo através de edificações cada período foi marcado por um estilo, mas nenhum desses contemplou o ser diferente. O Brasil no final do séc. XIX e inicio do XX vê-se obrigado, por conta do desenvolvimento, a se adaptar a um grupo que estava chegando para se instalar em nossa sociedade os imigrantes, esse fenômeno se deu mundialmente. As imigrações causaram uma grande revolução em um universo intocado onde foi necessário abrir espaço para o novo. Da mesma forma que no inicio do séc. tivemos que nos adaptar, o novo séc. pede mudanças maiores ainda. Uma coisa é termos vontade, termos mão de obra especializada e termos material humano, se não temos espaço para por em pratica esse novo conceito de Dança. A cidade precisa ganhar novo desenho, o PPD tem o direito de ir e vir. Do que adianta oferecer a uma pessoa a forma de realizar seus sonhos se não damos condições para que consiga realizar. As edificações existente não tem a menor acessibilidade e áreas para novas construções estão cada vez mais escassas, por isso devemos olhar com carinho as edificações com interesse de preservação, as edificações tombadas pelo patrimônio histórico. 155 Toda vez que vemos ou escutamos a palavra acessibilidade, a primeira coisa que temos em mente é um espaço destinado ao deficiente. Em parte isto é verdade, mas quem um dia não precisou de uma rampa, corrimão ou mesmo sinalizadores de circulação, por não estar se sentindo bem, ou estava acompanhado de um idoso, gestante ou pessoa a que temporária ou permanentemente incapacitada. A questão da acessibilidade não esta relacionada apenas ao PPD, mas uma questão de segurança, pensar em um edifício,um bem tombado e não pensar na segurança do individuo que vai usufruir,consumir esse bem, em minha opinião é um grande erro. Não devemos separar acessibilidade do fator segurança. Pensar que a acessibilidade é apenas um meio de locomoção ao PPD, é um erro, pois no uso diário essa questão passa a ser peça integrante de um todo. Ao nos depararmos com o Patrimônio esse assunto se torna um tabu, já que nos vemos frente a dois universos muito distintos e com identidades muito claras. De um lado devemos preservar sem depredar ou descaracterizar,e por outro estamos inseridos em um período em que a realidade e a composição da sociedade nos mostra a necessidade de termos artifícios para que a mesma possa usufruir do Patrimônio como um cidadão qualquer. Em geral, entende-se por restauração qualquer intervenção voltada a dar novamente eficiência a um produto da atividade humana. Frente a essa nova ótica sobre o restauro, como devemos tratar essa questão tão delicada, como inserir elementos 156 necessários para que a fluência de uma classe seja respeitada. A fim de responder a essa questão ,devemos em primeiro lugar saber a que se destina o imóvel, que tipo de acessibilidade será necessária. Uma coisa é certa, é previsto por lei pequenos detalhes que fazem a diferença. Por exemplo em lugares que necessitarem de balcão de recepção, precisa-se apenas que uma parte do mesmo tenha altura certa para que uma pessoa que utilize a cadeira de rodas como meio de locomoção possa ser atendido sem que o mesmo passe por constrangimentos. Colocar em um museu placas indicativas ,representações de quadros em Cela Braille, um guia tradutor de Libras, e ate mesmo linhas guias, mas A maior dificuldade é em relação ao acesso de andares superiores, em que o imóvel possua escadas. O que nos falta é ter um pouco de bom censo e boa vontade, que podemos resolver todos os níveis de acessibilidade, e somente a partir desse momento, é que teremos imóveis contemplados a todo e qualquer cidadão. A escolha do imóvel a ser tratado nessa pesquisa vem de encontro a essas questões, O que o imigrante do séc. XXI irá encontrar ao chegar em imóvel tombado pelo Patrimônio, da mesma forma que as hospedaria foram criadas sem se perguntar quem estaria usando, o mesmo será proposto neste trabalho, não importa se o visitante tem ou não uma deficiência, a proposta contemplara e irá discutir todos os níveis de acessibilidade. A escolha do imóvel a ser tratado nessa pesquisa vem de encontro a essas questões, O que o imigrante do séc. XXI irá 157 encontrar ao chegar em imóvel tombado pelo Patrimônio, da mesma forma que as hospedaria foram criadas sem se perguntar quem estaria usando, o mesmo será proposto neste trabalho, não importa se o visitante tem ou não uma deficiência, a proposta contemplara e irá discutir todos os níveis de acessibilidade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos escreve no seu art. 27 que “toda pessoa tem direito a tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, a gozar das artes e a participar do progresso científico e dos beneficios que dele resultem”. Portanto, como todo e qualquer ser humano, o portador de deficiência também tem direito à Cultura e à fruição do Patrimônio Cultural. Não é isso que ocorre na prática. A PPD precisa de assistência especial para poder participar efetivamente da vida cultural da sociedade em que vive, o que nem sempre ocorre na prática. Diversos documentos internacionais ressaltam a importância da participação popular na preservação do Patrimônio Cultural, recomendando aos Estados que desenvolvam entre seus cidadãos o interesse e o respeito pelo patrimônio cultural de todas as nações. O patrimônio arquitetônico não sobreviverá a não ser que seja apreciado pelo público e especialmente pelas novas gerações. Em que pese a importância dessas iniciativas internacionais, falta-lhes, muitas vezes, um maior espírito prático, no sentido de implementar essa participação popular na preservação dos bens culturais, especialmente no que tange a minorias, como as PPD’s, cuja situação específica permanece 158 esquecida pelos seus textos. Uma das únicas exceções observa-se na Declaração do México, elaborada na Conferência Mundial sobre Políticas Culturais, patrocinada pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS). Este importante documento enfatiza a necessidade de democratizar-se a cultura através da mais ampla participação do indivíduo e da sociedade no processo de criação de bens culturais, na tomada de decisões que concernem à Vida cultural e na sua difusão e fruição (item 18). Assim, a fim de garantir a participação de todos os indivíduos na vida cultural, é preciso eliminar as desigualdades provenientes, entre outras, da origem e da posição social, da educação, da nacionalidade, da idade, da língua, do sexo, das convicções religiosas, da saúde ou da pertinência a grupos étnicos minoritários ou marginais (item 22 do mesmo documento). Dentro desse espírito, isto é, de “eliminar desigualdades”, é que a PPD tem que ter seu acesso facilitado a museus, monumentos históricos e arquitetônicos, templos, jardins e outros bens de valor cultural. Mas daí surge pelo menos um importante fator a ser superado: as escada Aparentemente seria bastante simples encontrar uma solução. Bastaria suprimir escadas, implantando rampas e elevadores especialmente direcionados e os problemas de acesso estariam superados. A própria Constituição Federal prevê no seu art. 227, § 1°, inc. 11, a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos com a eliminação de obstáculos arquitetônicos 159 Dentro desse espírito, isto é, de “eliminar desigualdades”, é que a PPD tem que ter seu acesso facilitado a museus, monumentos históricos e arquitetônicos, templos, jardins e outros bens de valor cultural. Mas daí surge pelo menos um importante fator a ser superado: as escada Aparentemente seria bastante simples encontrar uma solução. Bastaria suprimir escadas, implantando rampas e elevadores especialmente direcionados e os problemas de acesso estariam superados. A própria Constituição Federal prevê no seu art. 227, § 1°, inc. 11, a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos com a eliminação de obstáculos arquitetônicos sendo que o art. 244 informa que a lei disporá sobre a adaptação dos edifícios de uso público já existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. Porém, como fazer isso quando o bem for integrante do Patrimônio Cultural? A escada, além de ser o principal fator a dificultar o acesso de um portador de deficiência a um bem cultural imóvel, também se constitui num dos elementos arquitetônicos de maior destaque nas edificações antigas. Mas para resolver esse problemas a soluções tecnológicas pertinentes a sua resolução. Como objeto de estudo escolhi a Hospedaria dos Imigrantes em Santos datada de 1910 nas proximidades do Porto de Santos. Para a elaboração da proposta , foi levado 160 em conta sua implantação , sua magnitude ,seu valor histórico, mesmo esse nunca ter servido ao seu fim , todas as suas transformações desde adequações físicas e de usos. A edificação sempre terá o traço pelo pelo qual ela foi edificada. Receber pessoas de toda parte e de la encaminhar as suas novas vidas. Restaurar e requalificar o Patrimônio Histórico, parte de uma serie de pesquisas feitas, não somente de sua importância mas também o melhor uso para esse edifício. Dessa forma a Hospedaria passara a ser um Centro de Produção de Artes .A cidade de Santos é reconhecida nacionalmente como celeiro de grandes nomes nas artes, temos exemplos em todas as áreas , no teatro, televisão , na musica , na dança ,nas artes plásticas. Se isso não bastasse Santos também é reconhecida nacionalmente por ser uma da cidades que tem o maior índice de acessibilidade urbana.Partindo desse principio porque não unir esses dois pontos fortes e transformar em uma única célula. A criação desse centro, vem inclusive como resposta a necessidade que a cidade tem de concentrarmos todos os curso oferecidos pela SECULTSecretaria de Cultura de Santos, em uma única unidade.O centro reunira arte e acessibilidade, o portador de deficiência também é produtor de arte. Esse trabalho não foi elaborado para responder todos os entraves que esta questão per meia , Patrimônio X Acessibilidade, mas sim mostrar que é possível unir esses 161 universos tão distintos , e ao mesmo tempo complementar aos dia de hoje. Despertar o interesse pela questão do direito do deficiente é fundamental, mas também ele desperta para o inclusão social , esse é a grande resposta para o trabalho, essa inclusão não é apenas ao PPD, mas uma questão em relação ao idoso, ao carente, as raça e condições financeiras, dar liberdade ao ser humano é o maior presente que nós podemos dar a vida. 162 PROPOSTA DE POLÍTICA PÚBLICA EM ESPORTE ADAPTADO DUARTE, Emerson Rodrigues Prefeitura de Juiz de Fora Introdução: Nessa transição de século onde todas as áreas de conhecimento e atuação humana passaram a difundir suas reflexões e dentro dessas reflexões a Educação Física propõe a oferecer às pessoas, de todas as idades, uma ação comprometida com a melhoria da sociedade. Em consonância percebe-se que chegou a hora de um novo posicionamento dos compromissos da sociedade no atual momento histórico: participar como uma organização, representativa que se faz, desse novo conceito pressuposto, que é direito de todos à Educação Física e ainda segundo o artigo 1º da Carta Internacional de Educação Física e Esportes, publicada pela UNESCO 1978: “ O Esporte é um Direito de Todos” estabelecendo relações da mesma com outras áreas: Educação, Trabalho, Esporte, Cultura, Ciências, Saúde, Turismo e Lazer. Assumindo ainda o compromisso com os grandes problemas e questões da Humanidade neste início de século como a inclusão social, pessoas com necessidades especiais, meio ambiente e a cultura da paz. A realidade, hoje, nos pede que promovamos uma gestão participativa onde possamos deparar com a diferença, mas não 163 com a desigualdade de direitos. Onde o encontro e a troca são mais relevantes do que a padronização. Mas o que podemos verificar na prática, ainda hoje, é a discriminação e a falta de oportunidades em todos os níveis para o atendimento dessa parcela da população, que vem sendo minimizada cada vez mais com a organização dessas minorias atuantes e politizadas, e também com as novas filosofias e mudanças nos conceitos relativos às pessoas com deficiência, promovendo uma mudança gradativa nas atitudes e ações, fazendo com que a sociedade perceba a importância do papel da inclusão dos direitos dessas pessoas. E ainda nos últimos anos, o campo da Promoção de Saúde vem se deslocando progressivamente para o centro das atenções na área de Saúde. Cada vez mais fica evidente que o modelo biomédico centrado exclusivamente no cuidado curativo não dá conta de enfrentar as doenças, muito menos de promover a Saúde. Ao mesmo tempo, estudos vêm comprovando que o sedentarismo, o stress, a violência e outras formas de moléstias sociais causam mais comprometimento à saúde das pessoas que as de natureza biológica. Estas evidências parecem ter alertado aos setores da saúde de todo mundo. Hoje, é mais que comprovado que atuar exclusivamente nas conseqüências das enfermidades é pouco efetivo, tardio e excessivamente caro. Chegou-se à conclusão que a concepção de saúde hoje se amplia e se aproxima cad vez mais do conceito de qualidade de vida. Promover a saúde e o bem estar é mais do que prevenir doenças é prolongar a vida. Buscar a saúde pressupõe o amplo sentido 164 de cidadania, assumindo a responsabilidade individual e, de maneira participativa, a da comunidade. Assim, o termo “promoção de saúde” desloca-se para a perspectiva de atuar de forma a prevenir as doenças reduzindo os fatores de risco causadores. Conclui-se que aprender a viver melhor pressupõe a prevenção de doenças e prevenir doenças está intimamente ligado a atividades físicas. Compreendemos então que cidadania corresponde ao viver em harmonia com a comunidade e isso só poderá ser alcançado com a participação e igualdade de direitos de todas as pessoas em um movimento conjunto para a superação das dificuldades e uma vida digna. Justificativa: A sociedade ainda hoje tem muita dificuldade para aceitar as diversidades, fomos educados para conviver com formas lineares, padronizadas. Em 1994 através da Divisão de Educação Física Escolar, do então Departamento de Esportes iniciou um levantamento para verificação do trabalho realizado com a pessoa com deficiência no que se refere ao lazer, esporte e recreação, constatou-se que o acesso era limitado, ou mesmo inexistente em vários segmentos. Inclusive no curso de formação de profissional de educação física ainda não se discutia a questão. Fez-se necessária, portanto a busca de parceiros à formação de profissionais habilitados para este trabalho. Apesar da evolução, esta população continua prejudicada pela falta de políticas públicas que atenda ás suas necessidades 165 no que se refere a acessibilidade, educação, saúde, esporte, lazer, trabalho e cultura. Não pela inexistência de leis, mas sim pela falta de cobrança da aplicação da Lei nº pela falta de a Preocupados em promover uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas, devemos e podemos através de projetos específicos, a níveis de governos municipal, estadual e federal, iniciativa privada e sociedade em geral oferecer e aprimorar este atendimento. Segundo Armani (2000) : Outro desafio importante a ser vencido é a crença de que é possível, efetivamente, resolver problemas sociais através de projetos específicos. Os projetos podem contribuir com o enfrentamento dos problemas, mas não solucioná-los por si só. Há várias formas de os projetos contribuírem para a resolução dos problemas sociais: eles podem trazer certas questões para o conhecimento e o debate público; eles podem promover a experimentação e a inovação metodológica; podem fortalecer organizações comunitárias e a participação na vida política e social; eles podem também ajudar na recuperação da auto-estima e da dignidade humana de setores sociais excluídos; podem ainda contribuir para a defesa de direitos adquiridos ou para a criação de novos direitos e assim por diante. Mas, para que problemas sociais tenham 166 solução efetiva, é necessário mais do que bons projetos: precisa-se também de políticas públicas adequadas, com recursos suficientes, e da consciência e do posicionamento da opinião públicas frente a eles. Este projeto busca o trabalho comprometido com o desenvolvimento humano e aberto às possibilidades o que capacita esta parcela da população para atuarem na vida social em busca de sua cidadania. Objetivos Gerais: - oportunizar atividades físicas, esporte e lazer como forma de inclusão social com um trabalho democrático, prazeroso e competente com ações educacionais para a formação do cidadão crítico, produtivo, criativo e participativo; - promoção da melhoria das condições emocionais, físicas e sociais entendendo estas como formadoras da verdadeira saúde; - oportunizar bem estar, qualidade de vida e auto-estima, propiciando vivências e experiências de solidariedade, cooperação e superação; - viabilizar práticas esportivas formais e não-formais com ênfase naquelas que representem a tradição e a pluralidade do patrimônio cultural das comunidades. Objetivos específicos: - promover a vivência e o aprendizado através da dança, jogos, esportes, exercícios ginásticos e lazer, respeitando as leis biológicas de individualidade, do crescimento, do 167 desenvolvimento e da maturação humana, sob forma de esporte educacional, de forma lúdica, prazerosa e criativa. População Alvo: Pessoas com necessidades especiais (transtorno mental, hiperativo déficit de atenção, condutas típicas, deficiências física, mental, visual e auditiva) de todas as faixas etárias (crianças, jovens, adultos e idosos) ou ainda que tenham como indicação a prática de uma atividade física como forma de promover a melhoria das condições de saúde (doenças crônicas degenerativas: asma, bronquite, obesidade, artrose, artrite, cardiopatia, hipertensão, diabetes...) de Juiz de Fora e região. Metodologia: Na construção e aplicação de uma política pública de atendimento à pessoa com deficiência a Subsecretaria de Esporte e Lazer definiu 03 ações básicas: 1 - Atendimento na própria região onde mora o deficiente. 2 - Atendimento na modalidade adaptada. 3 - Atendimento em eventos esportivos 1- Atendimento na própria região onde mora o deficiente Através do Projeto Cidadania Esporte são atendidas cerca de 5000 pessoas dentre elas pessoas com deficiência em 25 núcleos de atividade física em 35 bairros da cidade com possibilidade de estarem realizando atividades de natação, hidroginástica, futsal, vôlei, basquete, handebol, futebol, 168 ginástica, ginástica olímpica, caminhada e dança. Atende a todas as pessoas especialmente aquelas com doenças crônica degenerativa (hipertensão, diabetes, obesidade), transtorno mental e problemas respiratórios. Para o ano de 2005 são 25 professores e 15 estagiários todos dos cursos de Educação Física das diversas Faculdades da cidade. Tem por principal característica o atendimento na própria comunidade facilitando o acesso e favorecendo as relações sociais. As modalidades a serem desenvolvidas dependerão do local disponibilizado pela comunidade como salão, quadras, piscinas, locais para caminhada, etc. 169 2- Atendimento na modalidade adaptada Tem por objetivo estimular a prática da modalidade adaptada específica, ou seja, aquelas praticadas somente por pessoa com deficiência como Dança Esportiva em Cadeira de Rodas, Natação, Atletismo, Tênis de Mesa, Basquete em Cadeira de Rodas, Futebol de Cegos, Bocha para Paralisado Cerebral dentre outras. Tem como maiores dificuldades: formar grupos por deficiência, acessibilidade (transporte, locais para as aulas,...), alto custo dos materiais, locais para as aulas,... Por esses motivos ainda não conseguimos promover o desenvolvimento deste tipo de atendimento. 3– Eventos esportivos Objetiva apoiar ou realizar eventos esportivos adaptados a nível regional, estadual e nacional com todas as deficiências, ou ainda a participação de pessoas com deficiência nos diversos eventos esportivos realizados pela subsecretaria de esporte e lazer como: Copa Prefeitura de Futebol Amador - participação do time da Associação dos Surdos de Juiz de Fora. Ranking de Corridas Rústicas - inclusão da categoria cadeirantes. Corrida da Fogueira – participação de cadeirantes da SADEF do Rio de Janeiro além da categoria cadeirante. Festival de Esporte Adaptado – futsal, basquete, atividades motoras adaptadas e natação destinado a alunos de entidades de educação especial, escolas estaduais e municipais. 170 Copa Prefeitura de Futsal – participação de times com portadores de deficiência do Projeto Cidadania Esporte. Jogos Intercolegiais – participação da APAE nas modalidades natação, atletismo e no ano de 2005, pela primeira vez, e em conjunto com o Projeto Cidadania Esporte, na modalidade basquete. Festival de Dança Educação – participação de grupos de dança com portadores de deficiência das Escolas Municipais e do Projeto Cidadania Esporte. Na condição de apoio de eventos em Juiz de Fora: - Etapa do Campeonato Mineiro de Voleibol de Surdos Masculino e Feminino - Etapa Campeonato Mineiro de Futebol de Surdos. Conclusão: A prática da atividade física contribui para a autoconhecimento levando os praticantes a uma maior independência e participação na comunidade. Ao participar desenvolvem-se de forma integral, estabelecendo maiores relações com o meio, aumentando seu conhecimento com o mundo exterior e aprimorando seu relacionamento social. Com a Educação Física procura-se somar esforços no sentido de fazer com que o portador de necessidades especiais atinja seu objetivo como cidadão útil e devidamente inserido em seu papel na sociedade. 171 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ARAÚJO, Luiz Alberto David - A Proteção Constitucional das Pessoas Portadoras de Deficiência, Brasília, CORDE, 1997. FONSECA, Vitor da - Educação Especial, Porto Alegre, Artes Médicas, 1991 GORLA, José Irineu - Educação Física Especial: Testes, Rolândia, Physical- Físio, 1997 JUSTIÇA, Ministério da Secretaria dos Direitos da Cidadania - Os Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, Lei nº 7853/89 - Decreto nº 914/93, CORDE, 1996. MATHEWS, D.K. - Medida e Avaliação em Educação Física, Rio de Janeiro, Interamericana, 1980. MEC - Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília, SEF/ MEC,1997. RIBAS, João Batista Cintra - As Pessoas Portadoras de Deficiência na Sociedade Brasileira, Brasília, CORDE, 1997. ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Ed. Tomo, 2000. CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Carta brasileira de educação física. Rio de Janeiro: 2000. 22 p. Cadernos para o Professor. Prefeitura Municipal de Juiz de Fora / Secretaria Municipal de Educação. Ano VIII Edição Especial Novembro de 2000. 172 FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1989. - (Série Pensamento e ação no magis METODOLOGIA do ensino de educação física / coletivo de autores. - São Paulo: Cortez, 1992. - (Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor) 173 DE LA DANZA INTEGRADORA Lila Nuldeman Uruguai Objetivos del Proyecto: El objetivo es doble, contiene dos propósitos íntimamente ligados entre sí, de carácter tanto artístico como creador. La esencia del Proyecto consiste en procurar cambios positivos en cada persona, que orienten su actividad y ayuden a consolidar el desarrollo intelectual, emotivo, físico y social, con plena felicidad. Por un lado apunta a que el trabajo aporte un grado muy alto de ayuda en la rehabilitación de las personas con deficiencias físicas, en un trabajo integrado con el equipo médico y técnico que los atiende. Aquí podemos citar a Pichon Rivière, “El arte es una de las formas de Preservación que tiene la raza humana, y más específicamente, para curarse de la locura. Parece que es un poco exagerado, pero es así.”. Este autor señalaba que la creación artística es una forma de conocimiento y asignaba al conocer la propiedad de un acercamiento a fondo al objeto y una fluída penetración de la realidad, totalmente libre y sin resistencias. Pichon Rivière admitía el alto valor terapéutico del Arte y abogaba porque se constituyera en una actividad accesible a todos y al servicio de todos. Por otro lado, la experiencia 174 intenta el desarrollo de la danza académica en la medida que lo exigen las diferentes capacidades, procurando la profundización del goce artístico en la persona y la alegría al compartirlo, contribuyendo en la sensibilización de los demás. Se aborda la danza con la seriedad y dedicación que es habitual en cualquier medio académico donde se anhela que la obra se concrete en su máxima expresión. En este aspecto, se incorporan las diferentes técnicas de la danza que manejamos, y las nuevas que podamos ir adquiriendo, para la profundización en el manejo de nuestro material primordial de expresión, el movimiento. Además de realizar un trabajo interdisciplinario que concibe a la obra de danza como un hecho artístico-escénico que contiene elementos visuales, discursivos, sonoros y teatrales que merecen la atención de artistas que manejan técnicas específicas y aportan su sensibilidad para la consolidación de la misma. Fundamentación del Proyecto: Toda persona, no importa su condición física, puede desarrollar libremente sus facultades estéticas (en la percepción o desarrollo del arte). Siempre es totalmente posible poner al alcance de la mano la enseñanza y las herramientas intelectuales y corporales que hacen posible la expresión generada en el propio interior espiritual, haciendo prevalecer el conocimiento y la confianza en sí mismo. Finalmente, nos podemos proponer analizar si es posible o no la creación artística en una silla de ruedas. Sin aceptar dudas al respecto, una persona que necesita una silla de ruedas para poder trasladarse, tiene tanto derecho como 175 cualquiera a poder expresarse y a comunicarse. Estamos hablando de un DERECHO HUMANO y con ello no hay concesiones. . ¿Cuál es la dificultad para ello, que no camina? . ¿Es que solo utilizamos piernas para el arte de danzar? . ¿No se puede investigar, elaborar, crear material desde lo que uno tiene, lo que uno trae dentro, desde la relación con el otro, con los demás, con el objeto, con los objetos? . ¿No podemos aceptar que un cuerpo que no coincide con la concepción de cuerpo “lindo” que tenemos socialmente impuesta, es capaz de construir una línea estética adecuada a su condición? . ¿No es acaso imposible detectar un único modelo de cuerpo y aunque existiera no sería imposible que alguien lograra coincidir completamente con él? . ¿No deberíamos como sociedad toda volcar nuestro punto de vista a la complejidad de cada cuerpo para comenzar todos y cada uno a querernos tal cual somos y a aceptar la diversidad? . Y si lográramos este cambio de paradigma respecto al cuerpo, ¿no se vuelve imprescindible que toda técnica corporal tenga que adaptarse a cada cuerpo que la quiera utilizar?¿Y frente a esto, no caen decididamente, las fronteras que antiguamente dividían a los que nacieron “aptos” para bailar de los que no? Y así podemos seguir planteando interrogantes de “¿por qué no.?”. Siempre que exista la inquietud por parte de la persona que se encuentra en una silla de ruedas de expresarse a través de la danza, quienes nos sentimos tocados por esta 176 situación o circunstancia, estamos obligados como docentes y hacedores del arte, a facilitarle las herramientas necesarias para que dicha persona elabore su propio lenguaje artístico, que no es el mismo que el de los demás, es suyo propio, y estará ligado al de los demás a través de su percepción, su comunicación, su emoción. De “¡RIQUÍSSSIMAS!!!” obra estrenada en Sala Zitarrosa el 11 de Setiembre de 2005) “Que la bandera que inventamos nosotras, no pierda nunca el humor y la pasión en lo que creemos” Cinco mujeres, seis mujeres, todas las mujeres... Una mujer... Todo comienza con la imagen en el espejo de una mañana de tantas y de allí se dispara la búsqueda de estos personajes. Sus sueños, sus realidades, un viaje entre la fantasía y lo cotidiano. Un intento de aproximación a su verdad, el desafío de quitar el velo. Un trabajo elaborado desde lo cotidiano, desde lo ya vivido y sobre todo desde la emoción de cada intérprete. Cada personaje con un trabajo de investigación diferente donde confluye la búsqueda de sentido, de lenguaje, de diseño espacial, de musicalidad interna, de una carga afectiva y de un recorrido de imágenes con el poder de transformar la acción 177 para encontrar su singularidad. Y globalmente, el ritmo buscado se hace visible y las escenas aparecen articuladas por lo sonoro y por las palabras, un marco que resume: “Amar, ese es el único propósito...” En esta obra, se desarrollan seis personajes, que son facetas de uno mismo.El punto de partida es la imagen de un espejo en un baño o una peluquería, donde al reflejarse de la cintura para arriba, las intérpretes quedan todas al mismo nivel, sin diferencias entre las personas que portan deficiencias físicas y las que tienen todas sus capacidades físicas potenciadas. Cinco mujeres, bien diferentes al finalizar la primera escena, en la cual se trabajó con elementos teatrales y danzarios, en continuo diálogo,soledades e interacciones.Estas mujeres tienen una historia personal bien diferente una de otra, y en los siguientes cuadros sacarán de una u otra manera sus sentimientos y esencias. El primer personaje fue sustentado en situaciones y sentimientos que comprometen a la propia bailarina.Comenzando con improvisaciones que desembocaron en varias sesiones de catarsis, se fue moldeando la línea coreográfica, donde el movimiento afirma y secunda a la emoción. Movimientos propios del artista, buscando las posibilidades dentro de su movilidad, anteponiendo la expresión al movimiento mismo. El segundo personaje, interpretando la pureza y la niñez, simbolizado en la “novia de blanco”, también surge de la imagen de la intérprete, y sin quererlo nos enfrentamos a su 178 propia ausencia. En el segundo cuadro de este personaje, se crea la coreografía en el contacto cuerpo a cuerpo entre las dos bailarinas, investigando sus posibilidades estéticas y expresivas, salvaguardando por sobre todas las cosas la discapacidad de que es portadora una de ellas. El tercer personaje, al igual que los dos anteriores, surgen de características de la intérprete, pero aquí nos enfrentamos a un trabajo que se elabora hilvanando variadísimas poses y movimientos que no surgen del propio interior de la bailarina. Un trabajo que fue compartido con técnicos idóneos en lo que refiere al teatro(artes escénicas), se trabajó desde lo teatral más que desde lo dancístico para lograr el personaje que interpreta a “la soñadora”. Los otros tres personajes (que coinciden con las tres bailarinas carentes de discapacidad física), fueron trabajados de igual manera que los anteriores; tomando como punto de partida el mensaje que queremos dar, a través de diferentes pautas de improvisación, las intérpretes hicieron su propio camino, diferente una de otra, hacia un resultado enriquecido por la potencialidad de cada una. Cada paso que damos en la creación, viene acompañado de mucha alegría por los logros alcanzados, por muchas lágrimas por las interminables frustraciones que los artistas tenemos a lo largo de nuestra obra, del humor sano, y porqué no?, también del humor negro que surge en cada una por situaciones dadas por múltiples motivos. En cada pauta de trabajo, de improvisación o de 179 trabajo corporal tecnificado y guiado, cuidando siempre que éste sea para mejorar tanto el movimiento como el interior de cada persona, minuto a minuto vamos descubriendo nuevos caminos y estos se transforman en el goce de cada instante cuando bailamos. No hay recetas escritas de cómo hacer y cómo no hacer, qué hacer, y de qué no hacer; todo lo aprendido a lo largo de nuestra experiencia lo ponemos al servicio de esta experiencia, que sabemos que va de la mano de la investigación, la frecuentación, y lo más maravilloso, de la permanente sorpresa que nos espera día a día. El grupo de danza “Pata de Cabra” es un grupo de danza contemporánea independiente, que está intentando integrarse a la comunidad de la Danza en Uruguay. Su experiencia es única en el país, y como toda primera experiencia está teniendo un impacto muy grande en la sociedad toda. Esto a veces puede confundirse con “asistencialismo” (dadas las características del grupo), y eso es lo que no queremos. Todas tenemos bien arraigado la certeza de que toda persona con o sin discapacidad tiene derecho a expresarse artísticamente, y por ello es que cada vez que nos invitan a bailar, a dar charlas, talleres, remarcamos que lo único que estamos haciendo con esta experiencia es abrir un lugar que hasta hoy estaba cerrado y era impensable. Creo que queda claro que es totalmente viable considerar que una persona portadora de deficiencia física, sea cual sea la misma, es capaz de comunicarse con los demás a 180 través del Arte de la Danza. Para finalizar, voy a transcribir dos citas que me parecen que sintetizan y consolidan el concepto de la DANZA como uno más de los DERECHOS HUMANOS: “Casi todas las cosas que existen son grandes porque se han creado contra algo, a pesar de algo: a pesar de dolores y tribulaciones, de pobreza y abandono; a pesar de la debilidad corporal, del vicio, de la pasión”. (Thomas Mann, “La muerte en Venecia”) “No aceptarás las cosas de segunda o de tercera mano, Ni verás con mis ojos tampoco, ni aceptarás las cosas que yo he aceptado. Escucharás todas las opiniones y las filtrarás a través de ti mismo” (Walt Whitman, “Canto a mí mismo”) BIBLIOGRAFÍA CONSULTADA Marta Zátonyi (“Aportes a la Estética desde el arte y la ciencia del siglo 20", editorial La Marca) Ruth Harf, Débora Kalmar, Judith Wiskitski( en colaboración con otros autores, “Artes y escuela”, capítulo La Expresión Corporal va a la escuela, Editorial Paidós) 181 WHEELCHAIR DANCE PIPPA Roberts - Malta I should like to give you all a brief history about wheelchair dancing before going into more detail. Many countries started dancing in a wheelchair as an expression of music, but it was not until 1980 that the idea of Latin American & Ballroom (now called Standard) similar to able bodied competitive dancing, started to take shape using figures similar to those already performed by able bodied dancers. As early as 1980 wheelchair dancesport was demonstrated at the Paralympic games in Geilo, Norway. In 1985 the first (unofficial) European Championships were organised in the Netherlands. Since then every other year the European Championships have been held in different countries. Any country interested in hosting the event puts in a bid to the International Paralympic Committee (IPC) who then decides which country is to have the honour of hosting the event. Many countries came together to establish wheelchair dancing in its present form. In 1991 the first committee for wheelchair dance was founded and since 1998 the sport was recognised by the IPC as a winter sport. The IPC Wheelchair Dance Sport Committee is elected every 4 years and is responsible for governing Wheelchair dancing held under IPC rules. In 1998 Japan was the first to organise the World 182 Championships under the umbrella of the IPC. Norway hosted the event in the year 2000 being the first official IPC World Championships. I should like to tell you what wheelchair dancing means to me. Is it an art, a sport or just dancing? I think that it includes all and more. The definition of dance is ‘movement to music’. The movement can be as little or as much as the individual wishes, or is able to do; but most of all it is expressing the music. For example, if the music is soft, then the movement should reflect the softness. If it is music is sexy, the dance should show the dancer being sexy. If it is romantic the audience should feel the love and romance through the movement. So, we can also add that a dancer must be an actor as well. I have seen people who can move very little, still show through their eyes and limited movement the character of the dance and also the correct timing. 1) ART is the expression of the music through the body and feet. Feeling what the musicians are trying to convey when they are playing the music and transfer that into steps and movement for a visual interpretation. Colour the dance, through timing, height, depth, width awareness of space. 2) SPORT. Whilst it is not about how many goals you can score or how far you can throw an object. In all forms, but particularly in competitive dancing energy, muscles, strength are needed and so it goes hand in hand with keeping the body in good condition and building up stamina. Competitive dancing has a winner so therefore it is most 183 definitely a sport. 3) JUST DANCING; is what it means to an individual. Just for fun at a party, wedding or celebration of a different kind 4) OTHER BENEFITS which to my mind are very important are : a) Integration with able bodied dancers and people who often find it difficult to deal with a visual disability. b) An improvement in the ability of the wheelchair user to manipulate his wheelchair c) Through mixing with people from different countries, races religions more tolerance towards differing opinions, creating an ability to agree to disagree. d) Through seeing other people with often disabilities worse than their own wheelchair dancers more often than not, push themselves to do more, rather than sit at home and do nothing. The development of wheelchair dance through technique and use of the wheelchair, together with Latin American and Ballroom technique has put wheelchair dancing into a highly entertaining and competitive form of dance. In the past seven years the standard of the dancers both wheelchair and standing, has improved beyond belief. However, it is very important that the correct techniques are not lost in the choreography, in the sense that acrobatics with the wheelchair, takes over the dance. It is very important to see connection between the two dancers 184 in all its forms. What does this mean? 1) Correct body contact, which enables both dancers to do more, with less effort 2) Body weight towards each other and also to the ground enabling more stability and strength. 3) Eye contact that creates atmosphere and dimension in a dance 4) Awareness of the other partner when apart. This can be done by looking at the partner or by the exact opposite, looking away from the partner and ignoring them for a short time. 5) Action & reaction between the couple. Obviously, with wheelchair dancing growing extremely fast, rules & regulations must be laid down to make sure that it can be fairly judged. Whilst in Brazil, I hope to be able to help clarify the judging criteria, the teaching of technique and other relevant issues. 185 186 IV MOSTRA DE DANÇA EM CADEIRA DE RODAS 187 IV MOSTRA DE DANÇA EM CADEIRA DE RODAS Cine Theatro Central Juiz de Fora/MG 24/novembro/2005 CORPO ESTRANHO Com Ciane Fernandes Até hoje não sabia que se pode não dançar. Gradualmente, gradualmente, até que de repente a descoberta muito tímida: quem sabe, também eu poderia não dançar. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável. (livre adaptação de poema de Clarice Lispector, 1992) Já estive em quase todo lugar, encontrei quase todo mundo, vi quase tudo, fiz a maioria das coisas, e ainda estou esperando para ser descoberto. A noite tem mil olhos e eu sou um dançarino cigano ainda faminto por mais. (livre tradução de poema de Bobby Miller, 1994) A coreografia – parte de uma obra solo de 80 minutos questiona definições a priori de um “corpo latino”, desconstruindo e expondo um Corpo Estranho enquanto abismo existencial, biológico e cultural, em constante re-mapeamento 188 simbólico, genético e geográfico. Ao som de trechos de shows ao vivo de latinos nos Estados Unidos, gravações de rádios baianas fora de sintonia, anúncios da rádio hispânica de Nova Iorque, e um merengue-rap-xaxado do grupo hispânico pop Fulanitos, a intérprete fragmenta suas imagens humanas e sociais em pedaços não identificados, formas de seres mutantes, andrógenos, antropofágicos, pós-nucleares, pré-abortados, reinventando o belo além-dança, dançando... Músicas e Vozes: Fulanitos, India, Juan Gabriel (Tito Nieves), La Mega FM (rádio hispânica de NYC). O CORPO EM MOVIMENTO Com Grupo Dança Inclusiva Escola Municipal Professor Irineu Guimarães - Coreógrafa: Maria Angela Moreira Vieira - Música: Dança das Caveiras - Bailarinos: Cassiano de Oliveira Campos; Eliel Luciano Rosa; Guilherme De Assis; João Marcos De Oliveira Da Silva; Jordan Luís Nascimento Marques; Luiz Gustavo Da Silva Souza; Matheus Souza Abreu; Paulo Roberto Da Silva Júnior; Saimon Prata Da Silva; Wallace Paulino Dos Santos; Weverton Clemente Da Silva; Willian Dionizio Marciano; Adrielle Leopoldino De Souza; Amanda Augusto Da Silva; Bárbara Michele Brum Dos Santos; Débora Ferreira De Souza; Débora Santana Krephe; Francielly Aparecida De Oliveira; Gleicieli Cristina Diniz; Joice Aparecida Do 189 Nascimento Rodrigues; Larissa Aparecida Do Espírito Santo; Lívia Arantes De Paula; Milena De Souza Silva; Nayane De Souza Campos Da Silva; Thalita Do Carmo Bastos; Thamiris Vicente Camilo; Viviane De Almeida Roque - - SINTONIA Com Oficina de Dança Instituto Helena Antipoff Coreógrafa: Ana Beatriz Lago Música: Crazy in Love e The greatest history ever told de A. Newman. Bailarinos: · Mariana Garcia; Priscila Chavantes; Letícia; Monyk Velasques; Flávia Martins; Manoelle; Fernanda Silva FALAR COM DEUS Com Núcleo de Dança Portadores de Alegria – NDPA Coreógrafo: Ademir Martins Música: Se eu quiser falar Bailarinos: · Vânia Tolipan COISAS DE NOSSA GENTE Com Grupo de dança Escola Municipal Thereza Falci Coreógrafo: Adriane Silva Tomáz e Carla Cristina Carvalho 190 - - - Música: Tristeza Pé no Chão Bailarinos: · Amanda Novaes Vieira; Armando Dias Leonel Junior; Charles Sésar Canova; Douglas Carlos Gomes; Fernanda Medeiros Viglioni; Gean Andrade Souza Da Silva; Joice Maria De Almeida; Larissa Berganini Gonçalves; Meyre Helen Ferreira Da Silva; Michelly Canova De Moraes; Paulo Henrique C. Campos; Wagner Luiz Batista Carvalho SONHOS E GIROS Com Stúdio Dança em Cadeira de Rodas Prefeitura de Santos Coreógrafa: Luciana Carla/ Alexandre Música: Pout pouri(João e Maria, Roda Viva ) Bailarinos: · Adelina Oliveira Perez; Ana Patrícia Oliveira da Costa; Bruna da Gama Rezende; Maria Aparecida Guerreiro; Maria Aparecida Martins Faria; Carolina Ribeiro Trombino; Samila Santos Andrade; Vitória Marcelino Lopes; Luciano Marques de Souza; Luciana Carla Ramos; Alexandre de Aguiar Siqueira EMOÇÃO E SEDUÇÃO Com Grupo Roda Vida - FUNAD Coreógrafa: Luciene Rodrigues Música: Espanhola 191 - - - Bailarinos: · Luciene Rodrigues; Danielle Caldas; Adjane Maria Pontes César; Ivanildo da Costa Garcia; Inez Creuza Chaves Alves; Edinaldo de Morais Pedro; Valdemir de Paiva Tavares; Waldir Gomes da Silva RASTAPÉ Com Opus Dança Cia - Academia Opus Studio Coreógrafa: Maria do Carmo Rossler de Freitas Música: Esperando na janela Bailarinos: · Cláudia Regina Buainain de Luca MAMBOLANDO Com Cia Rodas no Salão Coreógrafa: Carine Pinheiro Música: Tema do filme Dirty Dancing 1 Bailarinos: Luis Cabral e Anete Cruz RENASCER Com Arte Sobre Rodas Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba - Coreógrafa: Nivaldo Vital - Música: Colagem musical de Emma Chaplin Bailarinos: · 192 Aparecida Carlini;Ercileide Laurinda; Gilmar Ribeiro; Michelle Silva; Nivaldo Vital; Paulo Roberto; Patrícia Marriette; Poliana Fátima 193 Sumário BARROS, Marcela Maria de Sampaio ................................................ 84 BRITO, Rita de Cássia Guedes de .................................................... 143 CELESTINO, Jefferson Queiroz ....................................................... 84 COLA , Gisele ...................................................................................... 102 CRUZ, Anete Cardoso ....................................................................... 147 CUNHA, Maria Auxiliadora Terra..........................................................38 DUARTE, Edson.......................................................................................102 DUARTE, Emerson Rodrigues ........................................................ 163 FÉLIX, Alexandre Antonio ................................................................ 102 FERNANDES, Luciene Rodrigues .................................................. 140 FERREIRA, Eliana Lucia ............................................. 50, 76, 117, 122 FERREIRA, Maria Elisa Caputo ........................................................ 60 FREITAS, Alessandrode ....................................................................... 24 FREITAS, Maria do Carmo R ............................................................ 24 GOMES DA SILVA, Ana Carolina ................................................. 107 NOVO JUNIOR, José Marques ......................................................... 92 NULDEMAN, Lila ............................................................................. 174 PAULA Otávio Rodrigues de .............................................................. 92 PIPPA, Roberts ..................................................................................... 182 POLONI, Raquel Lebre ....................................................................... 50 RAMOS, Luciana Carla ......................................................................... 72 SILVEIRA, Saulo Silva da .................................................................. 122 SIQUEIRA, Alexandre de Aguiar .................................................... 153 TAVARES, Maria da Consolação..............................................................50 TAVARES, Viviane Portela .................................................................. 117 TOLOCKA, Rute Estanilava ........................................... 24,84,107,129 VALLA, Denise C. R. Mendes ......................................................... 129 VIEIRA, Maria Ângela M..................................................................... 60 ZAMUNER, Kellen F. .......................................................................... 24 194 195 196