UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
GIOVANA VILLA ALVARENGA
DETETIVES DA MATA ATLÂNTICA: JOGO COMO PROPOSTA DIDÁTICA
PARA SENSIBILIZAÇÃO DE ALUNOS SOBRE O TRÁFICO DE ANIMAIS EM
UMA ESCOLA PARTICULAR DE SÃO PAULO.
São Paulo
2014
2
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
GIOVANA VILLA ALVARENGA
DETETIVES DA MATA ATLÂNTICA: JOGO COMO PROPOSTA DIDÁTICA
PARA SENSIBILIZAÇÃO DE ALUNOS SOBRE O TRÁFICO DE ANIMAIS EM
UMA ESCOLA PARTICULAR DE SÃO PAULO.
Trabalho de Conclusão do Curso de
Ciências Biológicas, apresentado
ao Centro de Ciências Biológicas e
da
Saúde
da
Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como
requisito para à obtenção do grau
de
Licenciado
em
Ciências
Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro
São Paulo
2014
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço ao meu orientador Adriano Monteiro de Castro,
por estar sempre disposto a me ajudar, por percorrer ao meu lado em todo
esse processo e me tranquilizar em cada reunião de orientação. Os seus olhos
brilham ao falar de educação.
Ao meu pai, por ser meu amigo, por estar presente em todos os
acontecimentos da minha vida, me apoiando e me ajudando a concretizar
minhas ideias.
À minha mãe, minha companheira e confidente que com seu jeito doce
me acalmava nos momentos de estresse e nunca deixou de me incentivar.
À minha irmã querida, que sempre está ao meu lado e que eu amo tanto.
Aos meus amigos da faculdade: Ana Beatriz, Beatriz Murollo, Eduardo
Dias, Jéssica Fleming, Inaiá Rodrigues, Larissa Orsolon e Renato Degan. Por
todo apoio, pelas risadas, conselhos. Obrigada pela amizade sincera e quero
levá-los comigo para sempre.
À minha amiga, Tania Basso, por sempre me alegrar e pela ajuda com o
Abstract.
Ao meu amigo, Leonardo Giusti, por toda ajuda na impressão dos
tabuleiros e das cartas. Obrigada pela contribuição, não sei o que seria do meu
jogo sem você.
Ao meu primo querido e amado, Caio Villa, pelos maravilhosos
desenhos dos traficantes e animais. Obrigada!
Ao meu companheiro, João Victor Matsui, por ouvir todos os meus
problemas, minhas conquistas, me apoiando e dando forças para continuar.
Obrigada por sempre estar ao meu lado.
À instituição por conter um corpo docente excelente e me proporcionar
momentos de muita aprendizagem.
4
Ao colégio Benjamin Constant, por abrir as portas e permitir a aplicação
deste trabalho.
Gratidão Paola Lupianhes e Ricardo Rosário por aceitarem o convite em
participar da minha banca examinadora. É uma honra!
E por fim agradeço aos meus queridos professores da Licenciatura,
Magda Pechliye, Rosana Jordão e Adriano de Castro, meus mestres
responsáveis pela minha formação, por despertarem em mim um amor pela
educação, minha eterna admiração e um enorme prazer de conhecê-los e têlos como professores neste processo.
5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo geral ampliar oportunidades na
educação básica para a sensibilização e construção de conhecimentos sobre o
tráfico de animais. Para tanto, analisamos a aplicabilidade de um jogo
elaborado para tal finalidade, nomeado Detetives da Mata Atlântica, em sala de
aula da educação básica de modo a definir orientações para utilizações futuras
do jogo. Neste sentido, propusemos uma ação educativa de caráter
extensionista, pautada em atividade lúdica e dialógica. Convidamos alunos de
duas turmas do Fundamental II de uma escola particular do Município de São
Paulo para a aplicação do jogo e participação em uma discussão de
fechamento. Organizamos os resultados obtidos em forma de quadros para
posterior análise, o que evidenciou que as etapas da atividade possuem
potencial para a sensibilização sobre a temática e que o jogo possibilita uma
atividade lúdica que desenvolve a criatividade. Além disso, sua aplicação
também permitiu a detecção de que abordagens com mais ênfase no bem
estar dos animais podem contribuir para reverter o fato percebido de que as
maiores
preocupações
dos
alunos
voltam-se
prioritariamente
ilegalidade/legalidade quanto à manutenção de animais silvestres como pets.
Palavras-chave: Jogo. Tráfico de animais silvestres. Ensino de ciências.
.
à
6
ABSTRACT
This paper has a general objective to enhance awareness and knowledge in
middle school about animal trafficking. Therefore it was analyzed the
applicability of a game for this purpose called Detective of Atlantic Forest to be
used in middle school classes, which, in such ways define guidelines for future
use of games. In this sense it was proposed an extra curriculum activity, guided
by a playful and conversational action. We invited middle school students from
two classes from of a Private school in Sao Paulo to apply the game and
participate in a closing discussion. Organizing the results obtained in charts to
be analyzed later and what has been observed that the steps of the activity
brought a potential awareness about the theme and that the game enables a
playful activity which develops creativity. Furthermore its application allowed
detecting a bigger emphasis approach on the well-being of animals which can
contribute to reverse the facts that were noticed by the students which were
mainly the illegality and legality actions in keeping wild animals as pets.
Key Words: Game. Wild Animal Trafficking. Science Education.
7
LISTA DE QUADROS
Quadro I – Aplicação do jogo na primeira turma..............................................27
Quadro II – Aplicação do jogo na segunda turma.............................................30
Quadro III – Concepções a partir da discussão................................................32
Quadro IV – Avaliação da atividade..................................................................35
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cartas dos traficantes......................................................................19
Figura 2 – Cartas dos locais.............................................................................20
Figura 3 – Cartas dos animais..........................................................................21
Figura 4 – Cartas dos animais..........................................................................22
Figura 5 – Tabuleiro.........................................................................................23
Figura 6 – Bloco de anotações.........................................................................25
8
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 9
2.
REFERENCIAL TEÓRICO:.................................................................... 10
2.1.
O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. .............................................. 10
2.2.
O JOGO COMO PROPOSTA DIDÁTICA. ........................................................ 13
2.3.
A TEMÁTICA TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES........................................... 15
3.
MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 17
3.1. PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO JOGO ........................................................ 17
3.2. DESCRIÇÃO DAS REGRAS DO JOGO. ............................................................ 24
3.3.
4.
APLICAÇÃO ........................................................................................... 25
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 26
4.1.
CONTEXTO DE APLICAÇÃO ...................................................................... 26
4.2 REFLETINDO SOBRE O TEMA ....................................................................... 31
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 36
6.
REFERÊNCIAS ...................................................................................... 37
9
1. INTRODUÇÃO
A ideia de construir um jogo surgiu após um projeto feito na disciplina
Metodologia do Trabalho Científico, no qual desenvolvi um tema para aplicação
de atividades para crianças sobre o tráfico de animais. Para o presente
trabalho de conclusão de curso eu me inspirei neste projeto realizado e
elaborei um jogo para ser aplicado como atividade extensionista em escolas de
ensino fundamental.
O tráfico de animais silvestres, um problema ambiental e polêmico e a
visão antropocêntrica das pessoas me incomoda muito, o que me motivou o
desenvolvimento deste trabalho. O objetivo geral é ampliar oportunidades na
educação básica para a sensibilização e construção de conhecimentos sobre
este tema.
Para tanto, meus objetivos específicos foram: elaborar um jogo de
tabuleiro sobre o tema a partir da adaptação de um jogo comercial já
consagrado, o Detetive, da indústria de brinquedos Estrela; avaliar a
aplicabilidade do jogo em sala de aula da educação básica; e definir um
conjunto de orientações para utilizações futuras do jogo.
Para facilitar a leitura, o trabalho está organizado em cinco tópicos. O
primeiro é este, com a introdução, em seguida o referencial teórico subdividido
em três itens: processo de ensino e aprendizagem, jogo como proposta
didática e o tráfico de animais. O terceiro tópico trata dos materiais e métodos,
que mostra com detalhes o desenvolvimento deste trabalho. O quarto
apresenta os resultados obtidos com a aplicação do jogo em forma de quadros,
incluindo também a discussão que relaciona estes resultados com o referencial
teórico. Por último, as considerações finais com conclusões e demandas
futuras.
10
2. REFERENCIAL TEÓRICO:
2.1.
O processo de ensino e aprendizagem.
Há uma diferença entre epistemologia e pedagogia, a primeira é o
estudo da origem do conhecimento e já a segunda é o modo como este
conhecimento vai ser estudado. Sabemos que a relação entre sujeito e objeto
do conhecimento define as oportunidades para a aprendizagem e, em suas
diferentes interpretações, acabam por definir diferentes abordagens de ensino.
Neste tópico, utilizaremos alguns autores para falar deste processo.
Algumas epistemologias e pedagogias foram abordadas por Mizukami
(1986), sendo divididas pela autora em cinco abordagens do processo de
ensino:
Tradicional,
Comportamentalista,
Humanista,
Cognitivista
e
Sociocultural. Já no texto de Becker (1994) em três teorias: Pedagogia diretiva,
Pedagogia não-diretiva e Pedagogia relacional. Enquanto em Pozo e
Echevèrria (2001) são abordados três pressupostos sobre aprendizagem:
Direta, Interpretativa e Construtiva. E além destas, Mauri (2006) divide em três
as concepções da aprendizagem e do ensino mais habituais entre os
professores: conhecer as respostas corretas, adquirir os conhecimentos
relevantes e construção de conhecimentos.
Na primeira concepção descrita por Mauri (2006), o papel dos
professores é reforçar positivamente as respostas corretas e confirmar as
erradas, identificando imediatamente o acerto ou o erro na resposta dos alunos
e atribuindo-lhes um castigo ou um prêmio (notas, por exemplo). Podemos
relacionar esta concepção com o Método Tradicional e Comportamentalista de
Mizukami (1986). A abordagem tradicional na educação é caracterizada pela
autora como transmissão de conhecimento e memorização por parte do aluno,
quando o professor diz o conteúdo pronto e o aluno só escuta. Sendo uma arte
centrada no professor, o foco está na aquisição de respostas adequadas. O
método comportamentalista pode ser muito relacionado com a atribuição de um
prêmio, sendo que neste método há a recompensa se o comportamento do
aluno for o desejado pelo professor.
11
Na segunda concepção de Mauri (2006), os alunos são processadores
de informação e os professores são capacitados informadores que oferecem
aos alunos formas de obter o conhecimento (explicação, leitura, vídeos, visitas
a museus etc.). Acreditam que o que ocorre nos pensamentos dos alunos é
importante para o ensino, porém, o problema desta concepção é a cópia: os
professores acreditam que a aprendizagem é reproduzir sem mudanças a
informação recebida. Os professores se preocupam que a informação se fixe
na memória dos alunos, pedindo que repitam exercícios já feitos até que
consigam realizar com autonomia. Este processo de cópia não faz com que o
aluno realmente aprenda, cópia de informação é uma memorização mecânica
que pode ser esquecida. Comparando com a segunda abordagem de Pozo e
Echevèrria (2001), a interpretativa, o resultado da aprendizagem vem da
atividade pessoal do aluno mediante certos processos como: motivação,
memória. Porém, a meta ou função da aprendizagem ainda é obter cópias mais
exatas possíveis do conteúdo apresentado.
Contrário às ideias apresentadas, Becker (1994) explica que, pela
epistemologia inatista, o ser humano nasce com o conhecimento já
programado na sua herança genética. A pedagogia não diretiva explicada por
Becker (1994) é inatista, pois o aluno já traz o saber que ele necessita,
precisando apenas trazê-lo à consciência. Com isso o professor é visto como
um facilitador, um auxiliar, não interferindo muito nas decisões do aluno. Deve
facilitar caso o aluno peça, acredita que o seu aluno consegue aprender por si
mesmo. Muito semelhante a essa ideia temos a abordagem humanista
retratada por Mizukami (1986), pela qual a educação está centrada no aluno e
tem como finalidade liberar a sua autoaprendizagem, buscando autonomia. E,
para isso, o professor é um facilitador quando o aluno quer, não existindo uma
técnica para se facilitar. O professor cria seu próprio estilo de “facilitar” para
que o seu aluno chegue ao seu objetivo.
Voltando às concepções de Mauri (2006), na terceira, os alunos
aprendem por um processo de construção pessoal. Longe de ser uma cópia,
esta construção é a elaboração de uma representação pessoal do conteúdo de
aprendizagem. O professor é um participante ativo desse processo, cujo foco
12
não é a matéria e sim a interação do aluno com objetos do conhecimento. O
ensino é entendido como um conjunto de mediações no processo pessoal da
construção do conhecimento e no próprio desenvolvimento. Podendo relacionar
com as abordagens Cognitivista e Sociocultural de Mizukami (1986), descritas
a seguir.
Na abordagem cognitivista de Mizukami (1986), o conhecimento é
considerado como uma construção contínua, o professor provoca e estimula o
aluno a buscar novas estratégias para compreender a realidade. Provoca
desequilíbrios, faz desafios, orienta e jamais oferece a resposta pronta para o
aluno. Assim, o aluno elabora seu conhecimento. Na abordagem sociocultural
de Mizukami (1986), o processo de ensino-aprendizagem é apresentado numa
perspectiva
interacionista
de
elaboração
do
conhecimento,
mostra
a
importância de que o aluno tenha reflexão crítica, e para isso o professor
questiona o aluno. Tem como um dos seus maiores representantes o educador
brasileiro Paulo Freire, que acredita no ser humano como sujeito transformador
da realidade na medida em que aumenta sua reflexão e consciência crítica.
Complementando as abordagens descritas acima com Sollé e Coll
(1999), o construtivismo não é algo que possa ser acompanhado como um livro
de receitas, mas sim um referencial que possa ser analisado e se necessário
discutido. Os referenciais teóricos apresentados servem como guia para as
ações, mas não para determiná-las, pois deve ser levado em conta as
particularidades de cada situação. Nesta concepção construtivista, o professor
é um mediador entre o indivíduo e a sociedade, e a escola pode ser
compreendida como um espaço que atende à diversidade, levando em conta a
individualidade
que
proporciona
o
desenvolvimento
mental,
social,
transformando o aluno em uma pessoa única, desenvolvendo uma dimensão
socializadora, incluindo-o em um grupo e ajudando o acesso à cultura. Desta
forma, aprender não é copiar, mas sim tornar-se capaz de formar uma
interpretação pessoal sobre o conteúdo aprendido, o que ocorre por meio de
conhecimentos prévios e experiências. Essa busca na individualidade do aluno
é intensificada com aulas experimentais, isto é mostrado a partir de ideias de
Gaspar (2009), descritas a seguir.
13
Gaspar (2009) acredita, a partir das ideias de Vygotsky, na importância
da aula experimental, na qual se reforça a interação social, se permite o
envolvimento e participação do aluno, gerando questionamentos e busca da
resposta, tendo o professor como o parceiro mais capaz para a discussão
sobre a atividade. Com isso, há a formação de uma nova estrutura cognitiva a
partir de uma rica interação social. Muitos professores não mudam a forma de
ensinar, trabalham em volta da aula teórica e deixam de lado uma prática.
E o que impede muitas vezes essa mudança para o construtivismo por
parte de alguns professores é uma barreira que, segundo Rosa (2007), surge
porque o novo apresenta uma ameaça à ordem, ao estabelecido, ao já
absorvido e acomodado. Por outro lado, a mudança vem da necessidade e do
desejo; mudar em educação pressupõe incluir-se como pessoa, assumir os
riscos da mudança para poder desfrutar do prazer de também aprender.
Com base nas ideias apresentadas acima, percebemos que uma ação
interacionista é fundamental para a formação de um indivíduo crítico e
possibilita uma mediação na construção de conceitos, levando em conta os
conhecimentos prévios dos alunos que são importantes nesse processo de
aprendizagem. Assim, posta a ineficácia da abordagem tradicional, é preciso
abandonar o hábito de reprodução.
2.2.
O jogo como proposta didática.
O jogo como proposta didática pode ser uma boa estratégia para
trabalhar conceitos e alguns temas em sala de aula exatamente dentro de uma
perspectiva interacionista, contribuindo para o processo de ensino e a
aprendizagem. Nos próximos parágrafos, serão levantadas algumas teorias de
alguns autores sobre o jogo.
Segundo Kishimoto (2000), definir o jogo não é tarefa fácil, cada jogo
tem a sua especificidade. Ele pode ser visto como o resultado de um sistema
linguístico que funciona dentro de um contexto social, um sistema de regras a
um objeto. O jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui,
dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas.
14
Antes o jogo era visto como coisa não séria e isso mudou, atualmente o jogo
aparece como algo sério e destinado a educar a criança.
Conceitualmente o jogo não é diferente da brincadeira, seja tratando do
lúdico e como manifestação cultural. Em qualquer época, cultura ou classe
social, os jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas
vivem num mundo de fantasia, onde realidade e faz-de-conta se confundem. O
jogo dá a possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo,
onde se apresenta justamente o lúdico e, ao contrário do que muitas pessoas
podem admitir, é coisa muito séria e necessária, além de ser um direito
(HUIZINGA, 1996).
Portanto, o jogo antes de tudo é o lugar de construção de uma cultura
lúdica. Existe realmente uma relação profunda entre jogo e cultura, jogo e
produção de significações, mas no sentido de que o jogo produz a cultura que
ele próprio requer para existir. É uma cultura rica, complexa e diversificada.
Como qualquer atividade humana, o jogo, só se desenvolve e tem sentido no
contexto das interações simbólicas, da cultura. (BROUGÈRE, 1998).
Sendo assim, o jogo estimula o desenvolvimento intelectual, moral e
social. Ao jogar há acordos em comum por todos aqueles que jogam em
relação as regras, pode-se criar novas e/ou adaptá-las, contribuindo para a
comunicação e o respeito (BROUGÈRE, 1998). Resumindo, quando alguém
joga, está exercendo as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo
uma atividade lúdica (KISHIMOTO, 2000).
Porém, é importante uma boa condução do professor para obter sucesso
na aplicação do jogo, baseado na clareza de seus objetivos, da organização e
capacidade de lidar com imprevistos em sala de aula. Outro fator é que a
aplicação do jogo esteja coerente com as concepções de ensino e
aprendizagem do professor (KISHIMOTO, 2000).
Finalizando,
o
lúdico
desempenha
um
papel
fundamental
no
aprendizado e além dele há outros componentes do jogo como a competição e
passatempo, entretanto, independentemente se são aspectos bons ou ruins, o
15
que deve ser visto no jogo são seus aspectos criadores, vendo no jogo a
possibilidade do exercício da criatividade humana (HUIZINGA, 1996).
É possível elaborar jogos de diferentes temas para aplicação em sala de
aula e, para o presente trabalho, o tema escolhido foi o tráfico de animais
silvestres, descrito no tópico a seguir.
2.3.
A temática tráfico de animais silvestres.
Atualmente, o comércio ilegal de animais silvestres vem crescendo e
está se tornando um dos principais problemas ambientais e econômicos a ser
resolvido no mundo (RENCTAS, 2001). No Brasil, esses animais são
negociados em diversas feiras livres espalhadas pelo país, que mostram
bastante organização no modo como atuam: circulam pela feira crianças e
adolescentes, ainda acobertados pela menoridade penal, que anunciam,
discretamente, o nome vulgar dos animais silvestres e seus respectivos
valores; as crianças levam o interessado ao encontro do animal silvestre, que
em geral está em galpões distante do local (CARRERA, s/d).
Não há, juridicamente, um crime nas normas ambientais penais
intitulado tráfico de animais. Na verdade, o tráfico é um conjunto de ações que,
cada uma, por si só, constitui crime. Algumas ações que constitui o crime são
maus tratos e o péssimo transporte para não atrair atenção dos agentes
fiscalizadores. Este transporte pode ser interno, pelas rodovias brasileiras e
pode ser internacional, pelos aeroportos (SÃO PAULO, 2006).
A expressão “tráfico de animais” está associada ou ao transporte ou a
manutenção em cativeiro, sendo ambas ilegais. Ilegais porque ou tais
espécimes não têm origem legal ou o transporte não está autorizado, ou
simplesmente porque, o que é mais comum, há as duas situações, tanto a
origem como o transporte não estão autorizados pela autoridade competente
(SÃO PAULO, 2006).
As aves, pela beleza de suas cores e pelos seus cantos suaves e
melodiosos são, sem dúvida, o grupo de animais mais procurados. Algumas
aves chegam a valer verdadeiras fortunas. Este tipo de comércio já contribuiu
16
para a extinção de algumas de nossas espécies, um exemplo bem recente foi a
ararinha-azul (PEREIRA; BRITO, 2005).
Esta atividade está ligada a outros tipos de atividades ilegais, como as
drogas, armas, álcool e pedras preciosas. Na América do Sul, os cartéis de
drogas têm grande envolvimento com o comércio ilegal de animais silvestres,
muitas vezes se utilizam da fauna para transportarem seus produtos.
Frequentemente, são encontradas drogas dentro de animais vivos ou em suas
peles (TOUEFIX, 1993; LE DUC, 1996 apud RENCTAS, 2001). E este
comércio ilegal está associado a problemas culturais, de educação, pobreza,
falta de opções econômicas, pelo desejo de lucro fácil e rápido, por status e
satisfação pessoal de manter animais silvestres como de estimação
(RENCTAS, 2001).
Animal silvestre é diferente do animal doméstico, o segundo está
acostumado a viver com o homem, já o primeiro foi tirado da natureza e reage
de forma diferente na presença do ser humano podendo ter dificuldades no
crescimento e na reprodução em cativeiro. Qualquer ser vivo necessita da
natureza para sua sobrevivência, a partir dela temos de alimentos até
remédios. Os seres vivos são essenciais na cadeia e qualquer alteração
(extinção, se tornar raro) causa desequilíbrio em toda natureza. Mesmo
tratando muito bem o animal silvestre em sua casa, não é uma ação de amor à
natureza, pois as pessoas que possuem animais provenientes da natureza
contribuem para uma série de problemas (RENCTAS, 2001). Os animais
retirados da natureza perdem a habilidade de caçar seu alimento, de se
defenderem de predadores ou de se protegerem de condições adversas. Além
disso, um animal preso é privado do processo reprodutivo, ficando incapacitado
de gerar descendentes, aumentando o risco de extinção de várias espécies
(RIBEIRO; SILVA, 2007).
O ideal no mundo seria evitar o dano ambiental, porém quando o dano
ocorre além de adotar soluções com ações reativas (ações policiais, multas,
processos) que não tem longo prazo, deveríamos adotar ações pró-ativas
(educação) e estas teriam que ser o foco principal (SAITO, 2009).
17
As ações reativas seguem a legislação do artigo 29 (Lei 9605/98) que
diz que quanto maior o nível de ameaça do espécime maior será a multa
pecuniária a ser aplicada, variando de cinquenta reais a cinquenta milhões de
reais, dependendo do ato há uma detenção de três meses a um ano. Quando
são resgatados animais, há uma série de dificuldades, pois há pouco espaço
em locais de recepção de animais para a reabilitação destes para serem
reintroduzidos na natureza ou encaminhados para centros de conservação
(SÃO PAULO, 2006).
Segundo Vidolin et al. (2004), o valor ecológico que as espécies da
fauna desempenham na estruturação e manutenção dos ecossistemas não é
de consciência da grande parte da população e dos governantes. Seria
importante a conscientização destes em relação às espécies da fauna, pois
depende delas o equilíbrio biológico essencial para todas as formas de vida.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Processo de elaboração do jogo
O presente trabalho iniciou-se com o processo de elaboração do jogo
Detetives da Mata Atlântica, para o desenvolvimento deste foram feitas
algumas reuniões com o orientador, Adriano Monteiro de Castro, para que
fossem implementadas modificações ao longo da criação do jogo.
Na primeira reunião, apresentei a minha proposta referente ao tráfico de
animais e a demanda foi pela decisão do tipo de jogo (cartas, tabuleiro, etc.) e
para que faixa etária, de modo a configurar uma atividade de extensão
universitária.
Durante o mês de Julho, decidi que trabalharia com o Ensino
Fundamental II e foram realizados levantamentos sobre espécies, desenhos de
tabuleiros e cartas. O jogo Detetives da Mata Atlântica foi desenvolvido a partir
da adaptação de um jogo comercial já consagrado, o Detetive, da indústria de
brinquedos Estrela, no qual o objetivo é descobrir o suspeito, a arma e o local
do crime. Adaptando para o tema tráfico de animais, decidi primeiramente por
um tabuleiro com seis locais (Pet Shop, Feira Livre ou Feira de Rolo,
18
Aeroporto, Estrada, Mata atlântica e Floresta Amazônica) e com as seguintes
cartas: cartas destes locais, cartas de alguns animais selecionados a partir de
um estudo (Jararaca, Mico Leão Dourado, Papagaio Cara Roxa, Tartaruga
Tigre d’água, Tucano) e cartas de compradores (Dona Maria, Joãozinho,
Estilista Luiza etc.). Até então, o objetivo do jogo seria descobrir que animal foi
traficado, em que local e quem foi o comprador.
Portanto, na segunda reunião de orientação, foi discutido sobre o jogo
pré-pronto e decidido focar ou na Mata Atlântica ou na Floresta Amazônica;
diminuir os locais no tabuleiro (Feira Livre, Pet Shop, Aeroporto e Estrada),
lembrando-se da importância em especificar que é uma Banca Ilegal na Feira
Livre e um Pet Shop Ilegal; em relação aos animais foi optado escolher quatro
animais traficados ou da Floresta Amazônica ou da Mata Atlântica e em cada
carta do animal seria composta por um desenho do animal e informações deste
e por último em vez de colocar compradores foi decidido colocar quatro
traficantes. Finalizando esta reunião, foi pensado na quantidade de alunos por
tabuleiro (três duplas) e que os jogadores seriam os “ambientalistas” com o
objetivo de investigar quem é o traficante, que animal foi traficado e onde ele foi
encontrado.
A partir desta reunião escolhi a Mata Atlântica por estar mais próxima de
nós e os animais selecionados foram: Mico Leão Dourado, Papagaio Cara
Roxa, Caninana e Tiê Sangue.
Primeiramente, ia ter ao todo 12 cartas, cada dupla ficaria com 3 cartas
na mão e as 3 restantes seriam as “cartas confidenciais” (um animal, um
traficante e o local) a serem descobertas. Porém, foi alterado para 15 cartas,
continuando a ter 4 traficantes: Pescoço, Bigode, Mano e Tuca (Figura 1); 4
locais: Estrada, Aeroporto, Pet Shop Ilegal e Banca Ilegal na Feira Livre (Figura
2) e aumentando para 7 animais, com isso alteramos para quatro duplas (8
jogadores) por tabuleiro. Os outros três animais selecionados por último foram:
Cágado de Hoge, Caranguejeira e Tucano de Bico Verde.
19
Figura. 1 – Cartas dos Traficantes.
20
Figura. 2 – Cartas dos Locais.
Em relação aos animais, a ficha com alguns dados destes foi elaborada
a partir de pesquisas, principalmente pelo site da ICMBIO1 (Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade). Depois de feita esta pesquisa,
mostrei a ficha para a Professora Paola, expliquei a minha proposta e ela
sugeriu colocar os nomes científicos e o grau de ameaça de cada animal, foi
utilizada a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (Figura 3 e 4).
1
Site do ICMBIO: http://www.icmbio.gov.br/portal/
21
Figura. 3 – Cartas de animais
22
Figura. 4 – Cartas de Animais.
23
Após a concepção das ideias iniciais foi realizada a aplicação piloto junto
a alunos de Licenciatura em Ciências Biológicas para verificar quanto tempo de
duração, e futuras demandas. Utilizamos um tabuleiro rascunho e cartas
rascunho para jogar algumas partidas, a primeira partida acabou em menos de
10 minutos, já a segunda foi mais demorada, aproximadamente 20 minutos.
Concluímos que seria possível realizar uma partida em uma aula de 45
minutos.
Decidimos que o tabuleiro2 (Figura 5) deveria ser equidistante e
pensamos em uma forma de finalizar o jogo: após a dupla acusar o traficante, o
animal que ele traficou e em que local foi encontrado este animal, os 8
jogadores terão que criar em conjunto uma história para contar como
aconteceu este crime ambiental, para após cada equipe socializar com toda a
turma.
Figura. 5 – Tabuleiro
2
As imagens utilizadas para a confecção do tabuleiro foram obtidas nas seguintes fontes:
https://penseverde.wordpress.com/tag/mata-atlantica/;
http://navnucleodeartesvisuais.blogspot.com.br/2010_07_01_archive.html;
http://www.educolorir.com/paginas-para-colorir-pet-shop-i11589.html;
http://coloriredivertido.blogspot.com.br/2010_03_18_archive.html
24
Os desenhos das cartas com as caricaturas para representar os
traficantes e mais quatro animais foram confeccionados pelo Caio Villa. Os
outros 3 animais restantes e o tabuleiro elaborado pelo Power Point foram
produzidos por mim.
Estes desenhos foram escaneados e trabalhados em um programa de
Photoshop e impressos em papel fotográfico 150g/m² A4 e o tabuleiro em papel
A3 pelo Leonardo Giusti. Foram impressos ao todo 4 tabuleiros, 16 cartas com
os traficantes, 16 cartas com os locais e 28 cartas com os animais. Portanto 4
kits com 15 cartas e um tabuleiro.
3.2. Descrição das regras do jogo.
1 - Jogo para 4 duplas;
2 - Sorteie um animal entre os sete animais, um local entre os quatro locais e
um traficante entre os quatro traficantes e coloque-os em um envelope;
3 - Embaralhe as 12 cartas restantes e distribua 3 cartas para cada dupla;
4 - Anote no bloco (Figura 6) as cartas que você recebeu;
5 - Decidam a regra para saber quem será a dupla que iniciará a partida e a
partir disso é em sentido horário;
6 - Jogue o dado e ande o número de casas até chegar em um dos 4 locais;
4 - Ao entrar no local, diga para as outras duplas o local que vocês estão,
acuse um traficante e escolha um possível animal traficado;
5 - A dupla que está ao lado direito se tiver algumas destas cartas, mostre
somente uma para a dupla que fez as acusações;
6 - Caso esta dupla não tiver nenhuma destas cartas, a próxima dupla em
sentido anti-horário se tiver, mostre;
7 - E assim por diante;
25
8 - Se a dupla estiver segura e quiser tentar adivinhar as cartas confidenciais
guardadas no envelope, é preciso ter consciência que sairão do jogo caso a
acusação esteja errada e a partida continuará.
9 - O jogo acaba quando alguma dupla acertar as cartas confidenciais contidas
no envelope.
Figura 6 – Bloco de anotações
3.3.
Aplicação
Este trabalho foi realizado com a participação de alunos de duas turmas
do sexto ano do Ensino Fundamental II de uma Escola de Educação Básica da
26
rede privada do Município de São Paulo. Cada turma possui aproximadamente
32 alunos e estes foram convidados a experimentar, em contexto pedagógico,
este jogo elaborado.
A data para a aplicação e coleta de dados na escola foi de comum
acordo com a professora de ciências responsável pelas turmas. Em uma terça
feira foi aplicado o jogo em uma aula de 45 minutos para cada turma e depois
de uma semana foi feita a discussão para o fechamento.
Para a aplicação do jogo dividi a sala em quatro grupos com 8
jogadores; distribui os kits; as regras foram explicadas e ao decorrer da partida
os alunos me chamavam para tirar duvidas. Ao final da partida a demanda foi
que todos os jogadores em conjunto deveriam inventar uma história me
explicando o que tinha acontecido com o animal traficado.
Posteriormente, na discussão, as carteiras ficaram organizadas como de
costume, enfileiradas e iniciou-se a reflexão do tema com a socialização das
histórias e em seguida com perguntas desencadeadoras para a discussão.
Para finalizar, os alunos disseram o que gostaram da atividade e o que
mudariam.
Os dados foram analisados com base na fundamentação teórica. Vale
ressaltar que não foram analisadas falas dos alunos individualmente, mas sim
do contexto do jogo em geral.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.
Contexto de aplicação
A aplicação do jogo foi feita em duas turmas do 6º ano e obteve
resultados diferentes. De acordo com anotações e observações feitas durante
as partidas, foi elaborado um quadro para cada turma (Quadro I e II) com os
principais eventos que posteriormente foram analisados.
27
Quadro I: Aplicação do jogo na primeira turma.
EVENTOS
DESCRIÇÃO
Evento 1.
Professora conversa com os alunos, durante 15 minutos, sobre
reclamações
de
diversos
professores
referentes
ao
comportamento deles em sala de aula.
Evento 2.
Inicio a explicação do jogo e antes de termina-la, a professora
sugere que os alunos já se dividam em grupos de 8.
Evento 3.
Dificuldade em manter a sala prestando atenção na continuação
da explicação.
Evento 4.
Após a distribuição dos kits, explico novamente as regras para os
grupos que estão com dificuldade em entendê-las.
Evento 5.
Durante a partida, os jogadores conversam nos grupos em um
tom de voz alto. Muitos grupos me chamam ao mesmo tempo
para explicar melhor as regras.
Evento 6.
Observo uma jogadora “roubando” ao mostrar as suas cartas de
baixo da mesa para a dupla adversária.
Evento 7.
Observo que uma equipe criou as próprias regras mesmo após a
minha explicação: quando uma dupla diz as 3 cartas que podem
estar no envelope, todas as outras duplas adversárias dizem
“Concordo” ou “Discordo”.
Evento 8.
Ao explicar para um grupo sobre a história que devem escrever
contando o que aconteceu com o animal traficado, um jogador
pergunta se vale nota.
Evento 9.
Concepção entre o grupo de que, no tráfico de animais, os
animais são vendidos mortos.
Evento 10. Um grupo debate sobre a concepção de tráfico de animais, até
que um destes jogadores vem até mim e me pergunta se tráfico
de animais é o nome que se dá as pessoas que fazem sexo com
animais. Explico que não e ele me pergunta se é crime fazer sexo
com os animais, eu respondo que sim da mesma forma que é
crime o tráfico de animais.
Evento 11. De quatro histórias, recebo somente uma. Peço para os grupos
que não conseguiram fazer a história, me entregarem depois. No
28
dia seguinte, recebo mais uma história.
Como descrito no Evento 1, esses 15 minutos iniciais fizeram falta para
a atividade, apesar de todos os grupos conseguirem terminar a partida do jogo,
somente um grupo me entregou a história, os outros grupos não fizeram por
falta de tempo. A minha intenção era que a elaboração da história fosse em
conjunto, entretanto três grupos disseram que me entregariam em outro dia,
somente um grupo me entregou e os outros dois não fizeram (Evento 11).
Mesmo que todos os grupos tivessem me entregado depois, eu jamais saberia
se a criação da história foi realmente elaborada por todos ou somente por um
integrante.
Do Evento 2 ao Evento 4, descrevo a minha dificuldade em manter a
sala prestando atenção nas explicações, acredito que montar os grupos antes
das orientações sobre o jogo não foi a melhor ideia, pois eles ficaram agitados
e ansiosos para iniciar a partida sendo difícil retomar a explicação.
Talvez esta dificuldade para dizer as instruções para todos possibilitou
que acontecesse o Evento 7, o que não é ruim. Pois, os jogadores entraram em
um acordo comum em relação às regras. Segundo Brougère (1998) o jogo
permite acordos em comum por todos aqueles que jogam, podem-se criar
novas regaras e adaptá-las, contribuindo para a comunicação e o respeito.
No Evento 5, eu descrevo o que eu senti no início da aplicação e
percebo que faltou organização. Segundo Kishimoto (2000), ao aplicar um jogo
a boa condução do professor é importante para obter sucesso, baseado na
clareza de seus objetivos, da organização e capacidade de lidar com
imprevistos em sala de aula. Acredito que para explicar as instruções e o
objetivo do jogo é preciso de um planejamento para a aula não ficar
desorganizada. Talvez, entregar aos alunos um roteiro com as regras possa
ajudar.
A aplicação do jogo permitiu que os alunos refletissem sobre o tema,
além de conversarem sobre as regras do jogo, alguns grupos discutiram sobre
a concepção de tráfico de animais, como descrevi no Evento 9 e 10. Essa
29
discussão inicial sobre o tema é de grande importância, pois a partir de
conhecimentos prévios os alunos tentam explicar o assunto que está sendo
trabalhado o que será essencial para a construção de um conhecimento.
No Evento 6, é mencionado uma ação de uma aluna que “rouba” o jogo
ao mostrar suas cartas por de baixo da mesa para a dupla adversária, foi um
evento pontual. Os possíveis motivos são que não tinha um clima de
competição ou por tédio, vontade que a atividade acabe logo.
No Evento 8 percebemos o peso que a nota faz no processo de ensino e
aprendizagem. No texto de Souza (2008), a autora expõe que o sistema de
avaliação focado na nota, na maioria das vezes não incentiva o aluno a
aprender. Infelizmente, os alunos agem pela nota, pela aprovação e não pelo
aprender. Segundo, Hoffmann (2006) não dá para quantificar a aprendizagem,
porque a aprendizagem é do individuo, porém é possível que o professor tenha
uma noção da aprendizagem do seu aluno dependendo do instrumento
avaliativo. Assim, o jogo e todo o conjunto de ações propostas poderiam se
converter em um instrumento de avaliação sem a necessidade de uma nota.
Quadro II: Aplicação do jogo na segunda turma.
EVENTOS
Evento 1.
DESCRIÇÃO
Logo ao entrar em sala de aula, a professora divide a sala em
grupos
de
8.Faço
a
explicação
para
cada
grupo
separadamente.
Evento 2.
Diferente da outra turma, nesta turma os jogadores conversam
nos grupos em um tom de voz mais baixo.
Evento 3.
Dois grupos conseguiram jogar duas partidas.
Evento 4.
Um jogador pergunta o que é ilegal no “Pet Shop Ilegal”.
Explico sobre a autorização do IBAMA.
Evento 5.
Em um grupo um jogador me chama e mostra que recebeu
três cartas e as três cartas são dos locais (Pet Shop Ilegal,
Aeroporto, Banca Ilegal na Feira Livre), isso significa que uma
das cartas que está no envelope é a Estrada. Porém, ele me
diz que uma dupla mostrou a Estrada para ele. Os jogadores
30
interrompem e conferem as cartas, o jogador se enganou.
Evento 6.
Em dois grupos, as duplas me chamam antes de fazer a
acusação das cartas que estão no envelope, aviso que se
estiver errado eles são eliminados da partida, é o que acontece
e eu distribuo as cartas deles para as duplas adversárias.
Evento 7.
Um grupo me explica que fizeram um jogo para escrever a
história. São 8 jogadoras, uma jogadora escreve uma frase, a
próxima escreve outra frase sem saber a frase antiga e assim
por diante.
Evento 8.
Das quatro histórias eu recebi três, no dia da discussão recebi
mais duas do grupo que ficou faltando.
Nesta turma, tive mais facilidade em explicar o objetivo e regras do jogo,
como descrevo no evento 1 a 3. Não tive problemas com o tempo, pois a
professora me ajudou a montar os grupos e eu expliquei para cada grupo
separadamente. Entretanto, 45 minutos é um tempo limitado, somente um
grupo não teve tempo de criar a história (Evento 8), já outros grupos jogaram
duas partidas e ainda conseguiram elaborar a história. É possível perceber que
a atividade foi menos conflituosa comparada com a outra turma, talvez a
característica desta turma é que são mais obedientes em relação as regras.
Exemplos dessa ligação que esta turma tem com as regras são descritos
nos eventos 5 e 6. Em contrapartida com a primeira turma, esta fica mais
comprometida com as regras impostas, nota-se a preocupação em segui-las
corretamente. Entretanto, no jogo há a flexibilidade dos próprios alunos
entrarem em acordos comuns referentes às regras, portanto, segundo
Kishimoto (2000) quando alguém joga, além de exercer as regras do jogo
desenvolve uma atividade lúdica.
Uma ação lúdica e muito criativa é descrita no Evento 7, as jogadoras
criam a história a partir de um jogo. Segundo Huizinga (1996), o que vale
ressaltar nos jogos são os aspectos criadores com a possibilidade do exercício
da criatividade humana.
31
O primeiro contato com o tema é o jogo e possibilitou que alguns alunos
fizessem questionamentos sobre o assunto, no Evento 4 apresento um
questionamento sobre a palavra “Ilegal”.
Neste evento 4 e em dois eventos da outra turma (9 e 10), percebe-se
que o jogo desencadeia nos alunos uma curiosidade referente ao tema.
Segundo Freire (1996), é importante que os professores e os alunos se
assumam epistemologicamente curiosos, ou seja, que tenham uma postura
dialógica, aberta, curiosa, indagadora, e não passiva (enquanto um fala, o outro
escuta). Em uma aula expositiva esta problematização não aconteceria, o
Método Tradicional abordado por Mizukami (1986), é caracterizado como
transmissão de conhecimento, quando o professor diz o conteúdo pronto e o
aluno só escuta, portanto, neste método não
seria possível surgir
questionamentos.
4.2 Refletindo sobre o tema
Foi feita uma discussão em cada turma para fechamento do tema,
anteriormente houve um planejamento de um roteiro com perguntas chaves, as
quais foram baseadas em questões trazidas nas histórias (Apêndice) feitas
pelos alunos e também levantadas a partir dos principais aspectos
considerados importantes que os jogadores deveriam compreender sobre o
tráfico de animais.
Por sugestão da professora, as turmas não foram organizadas na forma
de roda. A reflexão iniciou-se com a socialização das histórias e após foram
lançadas perguntas referente a este problema ambiental e a participação dos
alunos permitiu o destaque de suas ideias sobre os temas cercados na
discussão. (Quadro III).
Quadro III – Temas cercados na discussão.
TEMAS
Concepções
animais
sobre
IDEIA GERAL
o
tráfico
de - Ato de pegar animais de algum
habitat,
transportar
ilegalmente;
e
vender
32
- Transporte inadequado e ilegal pelas
estradas e aeroportos;
- Mercado negro;
- Fora da lei;
- Venda sem autorização do IBAMA
- Com autorização do IBAMA não tem
problema.
- Animais que vivem na selva;
Concepções sobre animais silvestres
- Animais com hábitos diferentes dos
animais domésticos.
- Traficantes se importam somente
Considerações
sobre
o
ato
de
comprar
com o dinheiro;
- Mesmo tratando bem o animal, é um
erro comprar, pois contribui com o
tráfico;
- Difícil porque estão acostumados a
Considerações sobre a reintrodução
viver em casa com o homem;
- Não pode devolver o animal para
qualquer lugar;
- Centros de reabilitação: animais
vivem como se estivessem em seus
habitat, mesmo enjaulados; aprendem
a caçar, reproduzir, voar no cativeiro
antes de ser devolvido.
Inicialmente, a formação de roda para uma discussão é mais interessante
do que fazer com os alunos enfileirados, permite uma proximidade dos alunos
com o professor e possibilita uma maior atenção por parte dos alunos.
Nessa reflexão sobre o tema percebe-se que os alunos relacionam com
as poucas palavras que tinham no jogo. Nas concepções sobre o tráfico de
animais, no geral aparecem conceitos relacionados com os locais do tabuleiro,
33
ou seja, a estrada e o aeroporto remetem ao transporte, o pet shop e a feira
livre à venda e a palavra “Ilegal” como algo proibido, fora da lei.
Nas ideias gerais dos alunos em relação à concepção tráfico de animais
silvestres não houve falas sobre o bem estar do animal, nem sobre que
possam ser vítimas de maus tratos. Percebe-se que a maioria se preocupa
mais com a lei do que com o próprio animal, pois surgiram muitas perguntas do
tipo “Se eu tiver autorização do IBAMA não tem problema eu ter um macaco
né?”. Mesmo eu dizendo para os alunos que o melhor para o animal é viver na
natureza, surgiram novamente várias perguntas sobre a legalidade para
possuir um animal silvestre. Segundo Guimarães (2005), a tendência ao
individualismo gera uma dissolução de uma realidade conjunta e coletiva, para
conviver desta maneira há a relação de dominância de um sobre o outro,
quando este outro é a natureza pode manifestar uma crise ambiental. A
vontade de ter um animal silvestre como de estimação é status, estética.
Quanto à concepção de animal silvestre, os alunos mostraram que
compreendem que há uma diferença de hábitos dos que vivem na natureza e
dos que vivem com o ser humano. Além, dos hábitos como caça e proteção,
dei um enfoque em relação à extinção, que quando estes animais são retirados
da natureza ficam desprovidos de se reproduzir (RIBEIRO; SILVA, 2007), os
alunos compreendem o que é a extinção, porém surgiram falas afirmando que
a solução para o animal não extinguir seria possuir dois animais de sexos
diferentes para ocorrer a reprodução. Portanto, novamente aparece a ideia
antropocêntrica de possuir um animal silvestre sem se importar com o bem
estar dele.
As considerações sobre o ato de comprar me deixou satisfeita em partes,
a ideia que o tráfico existe porque “tem quem compra” ficou clara e é
extremamente importante esta noção de que este crime ambiental só terá fim
quando não existir mais pessoas que comprem. Porém, a compra com a
autorização do IBAMA foi muito enfatizada pelos alunos, segundo os quais
assim não haveria nenhum problema.
Quando questionei sobre a reintrodução, rapidamente falaram que não é
uma tarefa fácil porque os animais estão acostumados a viver com o homem e
que não podem ser devolvidos para qualquer região. Logo em seguida
34
perguntei sobre os centros de reabilitação, alguns souberam responder e
expliquei que estes centros estão cheios e infelizmente muitos animais não
conseguirão mais voltar para natureza e vão viver o resto de suas vidas em
cativeiro (SÃO PAULO, 2006).
Na discussão não questionei os alunos de que o comércio ilegal está
associado a problemas culturais, de educação, pobreza, falta de opções
econômicas, pelo desejo de lucro fácil e rápido, por status e satisfação pessoal
de manter animais silvestres como de estimação (RENCTAS, 2001). Talvez,
este é um ponto importante para ser discutido e refletido com os alunos.
4.3 Avaliação
Finalizando a reflexão sobre o tema e o jogo, os alunos disseram o que
gostaram e o que mudariam no contexto jogo e discussão (Quadro IV).
Quadro IV:
O QUE GOSTARAM?
O QUE MUDARIAM?
Criar histórias
Menos jogadores por tabuleiro
Cartas com informações dos animais
Tabuleiro maior e em papel mais
grosso
Compreender
que
este
problema
ambiental existe
Compreender que o tráfico ocorre em
vários locais
Refletir que
estes animais estão
susceptíveis há tanta crueldade
Desenhos e criatividade
Divertido
Aprender a jogar Detetive
Ao preparar as cartas dos animais me perguntei se realmente os alunos
iriam ler as informações durante a partida, muitos alunos gostaram justamente
disso. A maioria não sabia deste crime ambiental e nem da grandeza em que
acontece.
35
O jogo dá a possibilidade de criar e, como aponta Huizinga (1996), o
lúdico, ao contrário do que muitas pessoas podem admitir, é coisa séria e
necessária. As etapas da atividade permitiram a aprendizagem e possibilitaram
o desenvolvimento da criatividade, visto que muitos gostaram da possibilidade
de criar uma história. Segundo Brougère (1998), o aprendizado assimilado com
o jogo estimula o desenvolvimento intelectual, moral e social, tornando a
prática mais dinâmica e prazerosa. Também despertou a curiosidade dos
alunos possibilitando processos reflexivos e cognitivos, a curiosidade é
fundamental para o saber, é ela que faz questionar, conhecer (FREIRE, 1996).
Em relação às mudanças que eles sugeriram, realmente é melhor que o
tabuleiro esteja impresso em um papel mais grosso e a quantidade de alunos
por tabuleiro tem que ser repensado se é possível diminuir, devido ao tempo de
aula.
Finalizando, vale ressaltar que a proposta do presente trabalho teve uma
perspectiva
interacionista.
Segundo,
Mizukami
(1986),
na
abordagem
sociocultural o processo de ensino-aprendizagem é interacionista para a
elaboração
do
conhecimento
incentivando
que
o
indivíduo
seja
um
transformador da realidade através da sua própria reflexão e consciência
crítica. O jogo propriamente dito permite uma interação entre os alunos e a
criação de uma história logo após o jogo possibilitou que os alunos refletissem
juntos sobre o problema do tráfico de animais e colocassem seus
conhecimentos prévios no papel.
A discussão teve como finalidade questionar os alunos sobre este
problema ambiental para que juntos chegássemos a uma conclusão da
gravidade deste crime à natureza. Na abordagem cognitivista de Mizukami
(1986), o conhecimento é uma construção contínua, o professor provoca
desequilíbrios, faz desafios, questiona e jamais oferece a resposta pronta para
o aluno e isso é possível a partir de uma mediação com questionamentos.
As etapas desta proposta (aplicação do jogo, criação da história e
discussão) podem proporcionar aos alunos, a partir de reflexões ao longo de
36
toda a atividade, uma elaboração de conhecimento sobre o tráfico de animais
silvestres.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intuito deste trabalho foi avaliar a construção do jogo didático e sua
aplicabilidade para auxiliar em aulas de Ciências, ampliando oportunidades
para discussões sobre o tráfico de animais silvestre.
Primeiramente, destacamos a importância de dedicação de tempo e
esforços na elaboração de um jogo para abordar qualquer tema. A exigência de
idas e vindas nas conversas com biólogos-professores e aplicação piloto com
retomadas foram constantes de modo a melhor atender à correção conceitual e
adequação pedagógica da proposta.
Antes da análise do trabalho apresentado, já sabíamos da importância
de uma discussão com os participantes sobre o jogo e o tema. Sem ela não faz
sentido a aplicação deste jogo, pois somente o jogo não permitiria uma reflexão
sobre este problema ambiental.
Após a análise, percebemos que a criação da história depois do jogo é
de extrema importância para identificar os conhecimentos sobre o tema e
planejar a continuidade do exercício dialógico, que, no caso da aplicação
relatada, correspondeu ao momento de discussão.
Para futuras aplicações deste jogo é de extrema importância repensar
no tempo, já que 45 minutos foi um tempo limitado. Além de jogar a partida, é
necessário um tempo para elaboração da história em sala de aula, pois é
valioso que esta elaboração seja a partir de uma discussão entre o grupo e
evita que somente um aluno faça a história por todos.
Outro assunto que entra na temática do tráfico é que além da compra
para possuir um animal silvestre como de estimação, tem a exploração das
partes do animal, ou seja, pele para roupas e calçados, venenos, empalhar,
ovos, etc. E isto não foi abordado na etapa de reflexão e para futuras
demandas é interessante ser levantado.
37
Por fim, acrescentaria também alguma atividade reflexiva sobre
questões sociais e culturais do tráfico de animais. Provavelmente uma tarefa
que mostre que muitos indivíduos utilizam o tráfico de animais para gerar renda
para sua família e pediria para os alunos proporem soluções. E a questão
antropocêntrica, do egoísmo, da satisfação pessoal em possuir um animal
silvestre é outro assunto que precisa ser trabalhado com os alunos. Talvez
pela dificuldade de abordagem dessas questões, a utilização de um discurso
antropocêntrico para combater o tráfico seja a mais facilmente implementada,
com alertas do tipo: que o macaco pode transmitir raiva, febre amarela para o
homem; que o lagarto pode transmitir verminose e que o pássaro pode causar
ornitose no homem. Entretanto, a busca por uma educação ambiental mais
crítica deve significar a superação desse caminho mais fácil.
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41
42
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Detetives da Mata Atlântica: Jogo como Proposta