CLIPPING Veículo: JCNet Data: 05/06/2013 Pág: Online Poluição de Bauru chega à Capital Estudo do IPMet descobriu que partículas de queimadas ‘viajam’ até São Paulo, com potencial para causar danos à saúde Como se a poluição gerada pelas grandes metrópoles já não fosse suficiente para causar danos à saúde de seus moradores, um estudo científico descobriu que o Interior do Estado também ‘exporta’ parte de seus poluentes para a Grande São Paulo. No início de 2008, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já havia detectado que a poluição da Capital viajava rumo ao Interior. Hoje, no Dia Mundial do Meio Ambiente, sabe-se que Bauru, de certa forma, acaba “devolvendo” o dano no sentido oposto, numa demonstração clara de que as ações danosas ao meio ambiente provocam um impacto sistêmico. A descoberta foi feita pelo Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru por meio de seus radares convencionais, algo inédito nas atividades meteorológicas. “São equipamentos que, inicialmente, foram construídos para detectar chuvas. Mas conseguimos usá-los também para detectar a fumaça de queimadas, que é mais densa”, comenta o pesquisador Gerhard Held. Ele explica que o estudo foi feito em julho de 2008, a pedido do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), vinculado à Universidade de São Paulo (USP). Na época, o órgão havia detectado uma camada espessa de poluentes sobre a Capital, a uma altura de cerca de cinco quilômetros. Para se ter uma ideia, a poluição produzida pela cidade fica a cerca de 500 metros de altura. O período considerado foi de 10 a 17 de julho, época de inverno, em que o tempo seco colabora para a proliferação das queimadas nas áreas de canaviais. Para o estudo, foram utilizados radares meteorológicos comuns mantidos pelo IPMet em Bauru e Presidente Prudente. Viagem “Consideramos a área num raio de 250 quilômetros a partir das duas cidades, o que abrange grande parte do Centro-Oeste do Estado. A partir de uma série de cálculos, conseguimos comprovar que aquelas partículas detectadas pelo Inpe sobre a Capital tinham se originado na nossa região, exatamente onde ocorrem queimadas de cana de açúcar”, detalha Held. A viagem dos poluentes, de acordo com ele, demora cerca de três dias, já que o movimento não é realizado em linha reta. O pesquisador explica que o deslocamento é favorecido pelo tempo seco e varia de acordo com a circulação atmosférica em várias altitudes. “Pode ser à noite ou durante o dia. Algumas trajetórias seguem em direção ao norte, outras ao sul do Estado e outras rumo à Capital. Da mesma forma, estes aerossóis (partículas sólidas suspensas no ar) viajam de São Paulo para a nossa região”, comenta. No período estudado pelo IPMet, a poluição gerada por Bauru e Presidente Prudente não foi nociva à população da Capital, já que as partículas permaneceram suspensas a uma altura de cinco quilômetros. Mas, conforme ressalta Held, nas épocas mais quentes do ano, a probabilidade de gerar danos à saúde se torna exponencialmente maior. “Se há aquecimento do solo, o ar sobe e causa turbulência na atmosfera e pode chegar à altura em que estes aerossóis estavam. Ao se misturar com eles, a qualidade do ar certamente será degradada e as pessoas poderão inalar estas partículas”, frisa. Medição de queimadas por radar Em abril deste ano, o pesquisador Gerhard Held, do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, apresentou um estudo inédito na European Geosciences Union (EGU – União Europeia de Geociências) 2013, realizada em Viena, na Áustria. O trabalho comprovou a eficiência de radares meteorológicos para detectar fumaças provocadas por queimadas em canaviais da região. Até então, os equipamentos tinham eficácia conhecida apenas para identificar e antever a aproximação de chuvas. Held fez a apresentação oral do trabalho intitulado “Detection of Biomass Fires and Tracking of Plumes in Southeast Brazil with S-Band Radars and Titan Software” (Monitoramento das queimadas de biomassa no Sudeste do Brasil com radares banda-S e software Titan), elaborado em coautoria com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto de Pesquisas Elétricas e Nucleares (Ipen), da Universidade de São Paulo (USP). O EGU é considerado o maior evento de geociências da Europa e contou com a participação de 11 mil cientistas oriundos de 95 países. Tamanduá-mirim Dentro das comemorações da Semana e do Dia Internacional do Meio Ambiente, o Parque Zoológico Municipal de Bauru inaugura amanhã um novo recinto. O espaço é destinado ao tamanduá-mirim, espécie que se encontra na lista municipal de extinção. A prefeitura explica que se trata de uma espécie típica do cerrado e que há pouco tempo foi o símbolo dos Jogos Abertos do Interior em Bauru. Segundo o diretor do Zoo, Luiz Pires, o recinto tem 180 metros quadrados e foi construído pela equipe do zoológico com recursos do Fundo Municipal de Manutenção e Ampliação do Zoo. Ainda de acordo o diretor, o tamanduá-mirim tem uma importância muito grande para o cerrado, uma vez que se alimenta basicamente de cupins e na sua maioria, daqueles que existem no alto das árvores, o que auxilia no controle desses insetos. “A área de visitação do recinto também conta com amplo setor de descanso com mesas para lanche, bancos de alvenaria e bebedouro”, conclui Pires. E esse recinto não é a única inovação. O espaço faz parte de um amplo espaço que deverá ser entregue totalmente no aniversário do Zoo, em agosto. A área contará com o recinto do tamanduá-bandeira, espécie que o Zoo já possui, mas que ganhará casa nova, com vidros. Programação A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) dá sequência hoje às atividades da 14.ª Semana Integrada do Meio Ambiente de Bauru (Simab). O evento segue até o sábado com o tema “Estilo de Vida: Ação e Reação no Ambiente”. Hoje, às 9h, acontece a palestra “A Sagra e o Ambiente Rural de Bauru”, em Tibiriça. À noite, às 19h30, será realizada a mesa-redonda “Os Impactos no Meio Ambiente frente às Mudanças Necessárias ao Estilo de Vida”, no Teatro Edson Celulari, na rua Rubens Arruda, 3-33.