Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos ALGUNS RESULTADOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE REVESTIMENTOS COMERCIAIS ALTERNATIVOS AO CÁDMIO Luís Alexandre Sores da Silva COPPE/UFRJ Lúcio Sathler COPPE/UFRJ Marcelo Torres Piza Paes CENPES/PETROBRÁS 6°° COTEQ Conferência sobre Tecnologia de Materiais 22°° CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosão Salvador - Bahia 19 a 21 de agosto de 2002 As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do (s) autor(es). Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos SINÓPSE: O presente trabalho é uma contribuição ao estudo de revestimentos que apresentam possibilidades de substituir o cádmio para resistência à corrosão. Os depósitos de cádmio têm sido usados por muitos anos por apresentarem boa resistência à corrosão a alta lubricidade. Entretanto, devido a sua elevada toxidez, revestimentos alternativos têm sido propostos, sendo estes geralmente a base de liga de zinco. Os revestimentos estudados são cádmio, zinco e ligas de Zn-Ni e Ni-P/Zn. Os depósitos foram produzidos em instalações industriais a partir de banhos comerciais, aplicados sobre chapas de aço carbono. Os revestimentos foram examinados por microscopia eletrônica e submetidos aos ensaios de névoa salina, imersão total e polarização anódica em soluções de NaCl 3%. Os depósitos de cádmio com cromato apresentaram grãos finos e excelente resistência à névoa salina e aos ensaios eletroquímicos. Os revestimentos de zinco com cromato apresentaram microtrincas, grãos grosseiros e desempenho inferior ao revestimento de cádmio. Os revestimentos de liga Zn-15,8%Ni sem cromato e Ni-P/Zn tratados termicamente apresentaram grãos grosseiros, microtrincas e baixa resistência à corrosão. Os revestimentos de liga Zn-16,3%Ni com cromato apresentaram grãos finos e desempenho superior ao revestimento de cádmio nos meios estudados. Palavras-chave : Revestimentos metálicos, névoa salina, ensaios eletroquímicos Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 1 - INTRODUÇÃO: É conhecido que os revestimentos de cádmio possuem boa soldabilidade, baixa resistência ao contato elétrico, baixa relação torque/tensão, alta lubricidade, e boa resistência à corrosão(1,2). Entretanto, devido a sua elevada toxidez(1,3), revestimentos alternativos têm sido propostos sendo estes geralmente a base de ligas de zinco(1,3,4,5,6). Os revestimentos de Zn-Ni são os mais indicados para diferentes aplicações e os trabalhos de Miranda et al.(7), Alfantazi et al.(8) e Krishniyer et al.(9) mostram que estes revestimentos são mais resistentes à corrosão do que o zinco puro em meios contento cloreto. A concentração de níquel depende do meio e do pH(8,9,10) sendo as mais estudadas entre 5 – 20%Ni. O presente trabalho é uma contribuição ao estudo da resistência à corrosão de revestimentos de cádmio, zinco, Zn-Ni e Ni-P/Zn em soluções de cloreto. 2 - MATERIAIS E MÉTODOS: Os materiais estudados foram revestimentos metálicos comerciais produzidos sobre chapas de aço carbono AISI 1010 de dimensões 70 x 50 x 2mm. São os seguintes revestimentos: 1. 2. 3. 4. Cádmio eletrodepositado, com cromatização verde-oliva (Cd c/cr); Zinco eletrodepositado, com cromatização verde-oliva (Zn c/ cr); Zn-15,8%Ni eletrodepositado (Zn-Ni s/ cr); Zn-16,3%Ni eletrodepositado, com cromatização amarelo iridescente (Zn-Ni c/ cr); 5. Ni-P depositado quimicamente, seguido de eletrodeposição de zinco e tratamento térmico de difusão a 320 o C durante 1 hora, 5 horas e 10 horas (Ni-P/Zn 1h, NiP/Zn 5h, Ni- P/Zn 10h). Antes da deposição, as amostras foram pré desengraxadas em toluol e, em seguida, em solução alcalina a 70o C. A seguir, foram lavadas em água destilada, decapadas em ácido, lavadas, neutralizadas e novamente lavadas. O cádmio foi depositado em banho cianídrico a 25-45o C e densidade de corrente de 5A/dm2. O zinco foi depositado também em banho cianídrico a 25-45o C e densidade de corrente de 2-3 A/dm2 . A codeposição de Zn-Ni foi feita em banho ácido a 25-45o C e densidade de corrente de aproximadamente 7 A/dm2. A deposição química de Ni-P foi feita em eletrólito de hipofosfito ácido a 80-90o C sendo, em seguida, produzida a deposição de zinco eletrolítico em banho cianídrico. Todos os materiais depositados foram desidrogenados a 190o C durante 3 horas. A espessura total dos depósitos foi medida com um aparelho FISHER modelo DUALSCOPE. Os valores médios das espessuras foram: Cd (10,4 µm), Zn (26,8 µm), Zn-15,8%Ni (13,7 µm), Zn-16,3% Ni (12,0 µm), Ni-P/Zn 1h (11,0 µm), Ni- P/Zn 5h (10,0 µm) e Ni-P/Zn 10h (8,3 µm). Os revestimentos foram examinados por espectroscopia eletrônica de varredura para observação da morfologia do depósito. A análise dos elementos foi feita por Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos espectroscopia de Raios-X (EDS) ao longo de uma linha traçada na seção de corte do revestimento. Os revestimentos metálicos foram submetidos aos seguintes ensaios de corrosão: 1) Ensaios em Câmara de Névoa Salina, realizado segundo a norma ASTM B 117(11). Foram utilizados 12 corpos-de-prova de cada revestimento sendo 1 com risco. As avaliações dos corpos-de-prova ocorreram nos seguintes tempos: 24, 48, 72, 96, 115, 138, 206, 253, 302, 374, 444, 542, 628, 745, 850 e 950 horas; 2) Ensaios de Imersão Total. O ensaio consistiu na imersão de 4 corpos-de-prova de cada material em solução de NaCl 3%, pH 5,4. Durante o ensaio foram feitas medidas de potencial de eletrodo em relação a um eletrodo de calomelano satur ado (ECS). Para isso, foi conectado ao corpo-de-prova um fio de cobre isolado que serviu também de sustentação da amostra na célula de teste. Três amostras de chapas não revestidas foram expostas ao meio para determinação de seu potencial de eletrodo. Cada material foi ensaiado em célula separada; 3) Ensaios de Polarização Anódica. Os revestimentos metálicos foram polarizados anodicamente em solução de NaCl 3%, aerada, sem agitação, de pH = 7,0. Cada corpo-de-prova apresentava uma área exposta de 54 cm2. O contra-eletrodo foi uma chapa de aço inoxidável AISI 316 com área de 206 cm2 e a referência foi um eletrodo de calomelano saturado. Usou-se a técnica potenciostática utilizando um equipamento Potenciostato-Galvanostato Omnimetra modelo PG-05. 3 – RESULTADOS: 3.1 – Análises das Camadas de Revestimento: Os revestimentos foram examinados por microscopia eletrônica de varredura para observações de morfologia e análises de elementos na seção de corte e na superfície. A seguir serão apresentados os principais resultados encontrados. 1)Revestimentos de cádmio com cromato. A figura 1.a mostra uma imagem da seção de corte de uma amostra de cádmio com cromato, tendo ao lado os perfis de concentração dos elementos analisados. O revestimento apresentou-se contínuo e sem defeitos. O aspecto da superfície é apresentado na figura 1.b onde observa-se grãos finos e lisos. 2)Revestimentos de zinco com cromato . A figura 2.a mostra o aspecto da seção de corte do revestimento de zinco com cromato e os resultados das análises feitas ao longo da linha de varredura EDS. Observou-se alguns defeitos na interface substrato/zinco e microtrincas no sentido da espessura do revestimento. A figura 2.b mostra o aspecto da superfície com características de depósito liso de grãos grosseiros. 3)Revestimentos de zinco-níquel sem cromato. O aspecto da superfície de corte do revestimento de Zn-Ni sem cromato e as análises de elementos podem ser vistos na figura 3.a. O revestimento apresenta microtrincas ao longo da espessura. A figura 3.b mostra o aspecto da superfície onde pode-se observar irregularidades, trincas e grãos grosseiros. 4)Revestimentos de zinco-níquel com cromato. A figura 4.a mostra a superfície de corte do revestimento de Zn-Ni com cromato e as análises dos elementos Fe, Zn, Cr e Ni. O depósito apresentou-se contínuo e com algumas Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos microporosidades na interface substrato/revestimento. A vista de cima (figura 4.b) mostra que a superfície apresenta irregularidades e grãos finos. 5) Revestimentos de níquel-fósforo/zinco. As amostras revestidas de Ni-P/Zn foram tratadas termicamente a 320 o C para promover interdifusão dos elementos das sub-camadas de Ni-P (níquel químico) e Zn (eletrolítico). Os tempos de tratamento térmico foram 1, 5 e 10 horas. Verificou-se um aumento da interdifusão com o tratamento térmico de 1 hora para 5 horas e decréscimo para 10 horas. Verificou-se ainda que os depósitos apresentavam microporos e microtrincas e que a quantidade e tamanho desses defeitos cresciam com o tempo de tratamento térmico. Como exemplo, as figuras 5.a e 5.b mostram os resultados de microscopia do revestimento de Ni-P/Zn com 5 horas de tratamento térmico. 3.2 – Ensaios em Câmara de Névoa Salina: A tabela 1 resume os resultados do teste de névoa salina. A amostra de depósito de cádmio com risco apresentou alguns pontos de corrosão vermelha com 48 horas, mas estes não evoluíram ao longo de 950 horas de exposição. A amostra de Zn-16,3%Ni com cromato, com risco, apresentou corrosão vermelha com 374 horas, que também não evoluiu com o tempo. Os corpos-de-prova de Ni-P/Zn tratados termicamente por 1, 5 e 10 horas, de um modo geral, apresentaram corrosão branca e vermelha com 24 horas de ensaio. Estes revestimentos sofreram corrosão intensa e foram retirados da câmara com 138 horas de ensaio. 3.3 – Ensaios de Imersão Total: A figura 6 mostra a variação do potencial a circuito aberto com o tempo no ensaio de imersão total. O potencial do cádmio permaneceu constante com valor próximo a −755mV e os corpos-de-prova não sofreram corrosão. As amostras de zinco apresentaram potencial inferior a –1000mV nos primeiros 50 dias; após este tempo, observou-se aumento de potencial até –690 mV quando os corpos-de-prova já estavam totalmente corroídos. As amostras de Zn-16,3%N i com cromato apresentaram potenciais inferiores a –800mV no início do ensaio. Após 20 dias o potencial estabilizou-se em aproximadamente –680mV e os corpos-de-prova não apresentaram corrosão. As amostras de Zn-15,8%Ni sem cromato apresentaram sinais de corrosão vermelha com 21 dias de imersão e foram retiradas do meio com 52 dias. Os corpos-de-prova de Ni-P/Zn tratados termicamente apresentaram sinais de corrosão vermelha com 8 dias de ensaio e foram retirados da solução após 21 dias por apresentarem intensa corrosão. 3.4 – Ensaios de Polarização: A figura 7 mostra as curvas de polarização anódica dos revestimentos estudados em solução de NaCl 3%, pH = 7,0. Foram levantadas 3 curvas para cada material, sendo que apenas uma é representada na figura tendo em vista a boa reprodutibilidade obtida. Conforme pode ser verificado, os materiais apresentaram dissolução ativa no Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos meio estudado. O trecho linear indicado na curva foi obtido por regressão linear, que possibilitou a determinação da corrente de corrosão e da inclinação da reta. A tabela 2 resume os resultados obtidos das curvas de polarização. 4 – DISCUSSÃO: Os revestimentos metálicos aplicados sobre uma superfície com o objetivo de proteger o substrato contra a corrosão devem ser contínuos, aderentes, livres de defeitos como poros e trincas e quimicamente inertes ou consideravelmente resistentes ao meio de trabalho. Se o revestimento apresenta defeitos que permitem a penetração do eletrólito até o substrato, a proteção ou não do metal vai depender das características eletroquímicas do par depósito/substrato no meio considerado. Se o revestimento é menos nobre que o substrato, caso do zinco e cádmio sobre o aço, a presença de tais defeitos conduz à formação de um par galvânico no qual o revestimento protege catodicamente o substrato. Por outro lado, se o depósito é mais nobre que o substrato, caso do níquel sobre o aço, ocorre a corrosão do substrato através dos defeitos. Nesse caso, tem-se um processo de corrosão localizada caracterizado por uma grande área catódica e uma pequena área anódica. Os exames por microscopia dos revestimentos de cádmio e liga Zn-Ni com cromato indicaram que os depósitos são contínuos e isentos de trincas. Ao contrário, os revestimentos de zinco, liga Zn-Ni sem cromato e liga Ni-P/Zn, apesar de contínuos, apresentavam microtrincas. Estes defeitos, cuja origem não foi estudada no presente trabalho, podem ter resultado da ação do hidrogênio presente na estrutura do depósito. Como é conhecido, os processos de eletrodeposição e deposição química são acompanhados de reações secundárias que resultam na formação de hidrogênio atômico na superfície metálica. O hidrogênio adsorvido pode difundir no depósito e criar tensões internas, tanto no revestimento como no substrato. Por outro lado, o tratamento térmico de desidrogenação a 190 o C, que é um procedimento recomendado na prática da eletrodeposição, pode levar à formação de hidrogênio gasoso no interior do depósito. No caso de tratamentos térmicos a temperaturas mais elevadas, os efeitos deletérios do hidrogênio são ainda maiores. De fato, os revestimentos de Ni-P/Zn tratados a 320 o C apresentaram grande quantidade de trincas, sendo que o número e o tamanho das trincas aumentaram com o acréscimo do tempo de tratamento térmico. A presença de microtrincas em depósitos de níquel químico tratados a 650 o C por 1 hora foi a causa da baixa resistência à corrosão de amostras submetidas a ensaio em câmara de névoa salina, segundo Jafar et al.(12). Semelhantemente, Kalantary et al.(13) encontraram microtrincas em camadas alternadas de Zn e Ni obtidas por eletrodeposição. Danos produzidos pelo hidrogênio foram também verificados por Fujinami e Honma(14) ao estudarem a deposição química de cobre sobre substratos cerâmicos. A presença de trincas produzidas pelo hidrogênio foi também observada Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos por Gavrila et al.(15) ao estudarem depósitos de Zn-Ni em soluções salinas. Semelhantemente, Wright e colaboradores(16) encontraram trincas em depósitos de Zn-Ni e fragilização do substrato de aço de alta resistência mecânica. A formação de hidrogênio e os possíveis danos causados ao metal nos processos de revestimento foram tratados por Riedel(17) numa revisão bibliográfica sobre o assunto. Os ensaios de corrosão por exposição das amostras à névoa salina revelaram bom desempenho dos revestimentos de cádmio e liga Zn-16,3%Ni com cromato, no período de 950 horas. O mesmo não foi verificado para os demais materiais, especialmente para os depósitos Ni-P/Zn tratados termicamente. O baixo desempenho destes revestimentos se deve às trincas presentes nas suas estruturas, conforme foi revelado nos exames por microscopia. No ensaio de imersão total, as amostras de revestimento de cádmio apresentaram potencial próximo de –755mV, valor este que corresponde a 75 mV inferior ao potencial do substrato (-680mV). Assim, pode-se considerar que o cádmio atuaria como anodo se houvesse falha do revestimento no meio estudado. No caso das amostras de revestimento de zinco, o potencial permaneceu inferior a –1000mV por 50 dias, mas em seguida evoluiu até –690mV no final de 100 dias. É oportuno ressaltar que o revestimento já apresentava trincas, e a proteção do substrato por um certo tempo só foi possível porque o zinco age como anodo em relação ao ferro. A diferença de potencial entre o depósito e o substrato de aproximadamente 320mV é, provavelmente, a principal causa do rápido consumo de zinco e conseqüente perda total de proteção no final do ensaio. As amostras de revestimento de liga Zn-Ni apresentaram, inicialmente, potenciais inferiores a –800mV devido ao alto teor de zinco na superfície. A elevação do potencial estaria associada à dissolução da fase rica em zinco num processo de dezincificação segundo propõem Gavrila(15) e Krishniyer et al.(9). Isto é, a superfície do depósito de liga Zn-Ni torna-se mais concentrada nas fases ricas em níquel à medida que o zinco dissolve, resultando na elevação do potencial de eletrodo. As amostras de revestimento de Zn-15,8%Ni sem cromato apresentaram potencial catódico em relação ao aço a partir do 9o dia de imersão. Como estes revestimentos já apresentavam trincas, a proteção do substrato não foi possível e logo surgiram os primeiros sinais de corrosão vermelha. Por outro lado, as amostras de revestimento Zn-16,3%Ni com cromato apresentaram potencial próximo ao do substrato e, nesse caso, a proteção foi possível porque o depósito não apresentava trincas. Com relação às amostras de revestimento Ni-P/Zn, os resultados de potencial indicaram um valor máximo de aproximadamente −540mV no 9o dia de ensaio. A elevação de potencial ocorreu, provavelmente, em conseqüência da dissolução seletiva de zinco, uma vez que a superfície continha de 5 a 8 % de Ni, dependendo do tempo de tratamento térmico, conforme foi revelado pelas análises de superfície. Como esses depósitos apresentavam grande quantidade de trincas, logo teve início a corrosão do substrato, acompanhada de abaixamento de potencial para −620 mV. É importante assinalar que os revestimentos estudados apresentaram potencial a circuito aberto inferiores ao potencial de equilíbrio de hidrogênio representado na figura 6 por H+/H2 , exceto para os depósitos de Ni-P/Zn nos períodos de 7 a 13 dias. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Isto significa que os revestimentos podem sofrer corrosão com despre ndimento do hidrogênio. A intensidade da reação depende tanto da diferença de potencial EH – Emetal como da densidade de corrente de troca do hidrogênio sobre o metal considerado. Com relação à diferença de potencial, os resultados indicam que a corrosão deve ser maior para o revestimento de zinco por apresentar uma diferença de potencial de aproximadamente 500mV nos primeiros 50 dias de ensaio, o que teria contribuído para a deterioração do revestimento juntamente com o processo galvânico nas microtrinca s, discutido anteriormente. Os resultados dos ensaios de polarização anódica indicaram que os revestimentos estudados apresentaram dissolução ativa na solução de NaCl, isto é, nenhuma passivação ocorreu na faixa de potencial examinada. As taxas de corrosão dos revestimentos de cádmio e liga Zn-Ni com cromato são muito baixas, inferiores a 0,43µA/cm2, enquanto que os demais revestimentos apresentaram corrente de corrosão cerca de 10 vezes superior. Segundo a literatura(5,18,19), os revestimentos de cádmio apresentam melhor desempenho do que os de zinco. Semelhantemente, as ligas Zn-Ni com cromato apresentam desempenho superior ao zinco com cromato(7,8,9,20). Os resultados encontrados no presente trabalho estão de acordo com as citações da literatura. 5 – CONCLUSÕES: Revestimentos de cádmio, zinco e ligas zinco-níquel comerciais foram avaliados quanto a sua resistência à corrosão em soluções de cloreto de sódio. As análises microscópicas e as medidas eletroquímicas conduziram às seguintes conclusões: • Os revestimentos de liga Zn-16,3%Ni com tratamento de cromatização apresentaram estruturas de grãos finos e livres de trincas. Nos ensaios de corrosão, estes revestimentos mostraram desempenho superior aos demais, podendo ser indicados para substituição do cádmio; • Os revestimentos de zinco cromatizado, liga Zn-15,8%Ni sem tratamento de cromatização e liga Ni-P/Zn com tratamento térmico de difusão apresentaram estruturas de grãos grosseiros e com microtrincas. Os testes de corrosão indicaram baixo desempenho destes materiais nas soluções de cloreto. AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à NIKEM-RJ e GP-SP pelas aplicações dos revestimentos metálicos e ao CNPq pelo suporte financeiro. O autor Luís Alexandre Soares da Silva agradece à Petrobras, à CAPES e ao CNPq pela bolsa de mestrado. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (1) –.Ingle M. W., “Cadmium Elimination”, ASM Handbook, Surface Engineering, Vol 5, Ed. ASM International, 1994, pág 918-924. (2) – Panossian Z., “Alternativas para o Revestimento de Cádmio: Parte 2”, Tratamento de Superfície, p 16-25 (Jul/Ago) 1998. (3) – Panossian Z., “Alternativas para o Revestimento de Cádmio”, Tratamento de Superfície, p 34-44 (Mai/Jun) 1998. (4) – Bates J. A., “Comparison of Alkaline Zn-Ni and Acid Zn-Ni as a Replacement Coating for Cadmium”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 81 p 36-40, (Abr) 1994. (5) – Cole H. G. e Roper M., “Cadmium Coatings”, Corrosion , Corrosion Control, 3a ed, Ed. Butterworth Heinemann, 1994, pág 13.36 – 13.40. (6) – Wilcox G. D. e Gabe D. R., “Electrodeposited Zinc Alloy Coatings”, Corrosion Science, v 35 p 1251-1258, 1993. (7) – Miranda F. J. F., Margarit I. C. P., Mattos O. R., Barcia O. E. e Wiart R., “Corrosion Behavior of Zinc-Nickel Alloy Electrodeposited Coatings”, Corrosion, v 55 p 732-742, (Ago)1999. (8) –Alfantazi A. M. e Erb U., “Corrosion Properties of Pulse-Plated Zinc-Nickel Alloy Coatings”, Corrosion, v 52 p 880-888, (Nov)1996. (9) – Krishniyer A., Ramasubramanian M., Popov B. N. e White R. E., “Electrodepositio n and Characterization of a Corrosion Resistant Zinc-NickelPhosphorus Alloy”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 86 p 99-103, (Jan)1999. (10) –Wang P. S., Liang M. R., Lee S. L. e Lin J. C., “The Properties of Zn-Ni Electrodeposition on Aluminium Alloys”, Corrosion Prevention and Control, v 46 p 27-31, (Abr)1999. (11) Norma ASTM B117-97, “Standard Practice for Operating Salt Spray (Fog) Apparatus”. (12) –Jafar M. I., Broadhurst M. e Ashton S. A., “Some Factors Affecting Corrosion Resistance of Electroless Nickel”, British Corrosion Journal, v 31 p 239-240, (Fev)1996. (13) – Kalantary M. R., Wilcox G. D.e Gabe D. R., “Alternative Layers of Zinc and Nickel Electrodeposited to Protect Steel”, British Corrosion Journal, v 33 p 197-201, (Jun)1998. (14) – Fujinami T.e Honma H., “Electroless Copper Plating on PZT Ceramic”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 85 p 100-104, (Mai)1998. (15) – Gavrila M., Millet J. P., Mazzile H., Marchandise D. e Cuntz J. M., “Corrosion Behaviour of Zinc -Nickel Coatings Electrodeposited on Steel”, Surface and Coatings Technology, v 123 p 164-172, 2000. (16) – Wright D. A., Gage N. e Wilson B. A., “Zinc-Nickel Electroplate as a Replacement for Cadmium on High Strength Steels”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 81 p 18-21, (Jul)1994. (17) – Riedel W., “Electroless Nickel Plating”, v.1-2, Ed ASM International, 1991. (18) – Schneider S., “Zinc Plating”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 89 p 58-59, (Ago)2001. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos (19) – Safranek W. H., “Cadmium Plating”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 89 p 26-27, (Ago)2001. (20) –Ko C. H., Chang C. C., Chen L. C. e Lee T. S., “A Comparison of Cadmium Electroplate and Some Alternatives”, Plating and Surface Finishing, Orlando, v 78 p 46-50, (Out)1991. Tabela 1 – Resultados dos ensaios na câmara de névoa salina (até 950 horas). Revestimento Cromato Corrosão Branca Corrosão Vermelha Cd s/ risco sim não corrosão 48h leve Cd c/ risco sim não corrosão 48h média Zn s/ risco sim 374h leve 628h média Zn c/ risco sim 138h leve 302h média Zn-15,8%Ni s/risco não 24h média 302h leve Zn-15,8%Ni c/ risco não 302h média 302h leve Zn-16,3%Ni s/risco sim não corrosão não corrosão Zn-16,3%Ni c/risco sim não corrosão 374h leve Ni -P/Zn (1,5,10h) s/ risco sim 24h média 24h média Ni-P/Zn (1,5,10h) c/ risco sim 24h média 24h média Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Fe Cr Cd 1a 1b Figura 1 – Morfologia e análise do revestimento de cádmio com cromato: 1a – seção de corte; 1b – vista de cima. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Fe Zn Cr 2a Figura 2 – Morfologia e análise do revestimento de zinco com cromato: 2a – seção de corte. 2b Figura 2 – Morfologia e análise do revestimento de zinco com cromato: 2b – vista de cima. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Fe Zn Ni 3a 3b Figura 3 – Morfologia e análise do revestimento de Zn-Ni sem cromato: 3a – seção de corte; 3b – vista de cima. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Fe Zn Cr Ni 4a 4b Figura 4 – Morfologia e análise do revestimento de Zn-Ni com cromato: 4a – seção de corte; 4b – vista de cima. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos P Fe Ni Zn 5a Figura 5 – Morfologia e análise do revestimento Ni-P/Zn com 5 horas de tratamento térmico: 5a – seção de corte. 5b Figura 5 – Morfologia e análise do revestimento Ni- P/Zn com 5 horas de tratamento térmico: 5b – vista de cima. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos -300 -300 aço carbono cádmio c/ cromato zinco c/ cromato zinco-níquel s/ cromato zinco-níquel c/ cromato Ni-P/Zn 1h TT Ni-P/Zn 5h TT Ni-P/Zn 10h TT -400 -500 Potencial (mV) x ecs H -600 + H2 -400 -500 -600 -700 -700 -800 -800 -900 -900 -1000 -1000 -1100 -1100 -1200 -1200 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 tempo (dias) Figura 6 – Potencial de eletrodo em função do tempo no ensaio de imersão. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos -400 -400 -500 -500 Potencial (mV) x ecs -600 -600 H -700 + H2 -700 -800 -900 -1000 -800 -900 Cd c/ cromato Zn c/ cromato Zn-Ni s/ cromato Zn-Ni c/ cromato Ni-P/Zn 1h TT Ni-P/Zn 5h TT Ni-P/Zn 10h TT Aço-carbono -1000 -1100 -1100 10 -4 10 -3 10 -2 10 -1 0 10 1 10 2 Densidade de corrente (mA/cm ) Figura 7 – Curvas de polarização anódica dos materiais estudados em solução de NaCl 3%, pH=7,0. Tabela 2 – Resultados de potencial de corrosão, corrente de corrosão e inclinação de Tafel anódica. Material Cd c/ cromato Zn c/ cromato Zn-Ni s/ cromato Zn-Ni c/ cromato Ni-P/Zn 1h Ni-P/Zn 5h Ni-P/Zn 10h Aço-carbono Ecorr (mV) x ecs -740 -1035 -825 -810 -690 -695 -715 -725 icorr (µA/cm2) 0,43 2,20 5,70 0,14 7,90 5,70 6,90 12,00 ba (mV/déc) 19 52 61 62 52 51 49 51