Universidade do Estado de Santa Catarina Departamento de Engenharia Elétrica Curso de Graduação em Engenharia Elétrica AULAS 05-12 UNIDADE 1 MÁQUINAS ELÉTRICAS ROTATIVAS (MAE) Prof. Ademir Nied [email protected] Unidade 1 - Introdução às Máquinas Elétricas Rotativas Conceitos preliminares Introdução às máquinas CA e CC Força Magnetomotriz (FMM) de enrolamentos concentrados e de enrolamentos distribuídos Força Eletromotriz (FEM) (tensão) induzida em enrolamentos concentrados e em enrolamentos distribuídos Torque eletromagnético Perdas 2 Unidade 1 - FMM Produção de FMMs e fluxos em MCA Objetivos: 1. Examinar como produzir campos girantes e mostrar como obtê-los senoidalmente distribuídos no espaço. 2. Salientar a importância que deve ser atribuída à distribuição (espacial) de correntes nos condutores acomodados ao redor dos entreferros => distribuição de correntes + geometria e propriedades físicas do meio = distribuição final de induções no entreferro. entreferro 3 Unidade 1 - FMM Definições Básicas • Passo polar: ângulo de abrangência de um polo magnético. passo polar = 360o/ no. de pólos (rad. geométricos) • Passo de bobina: menor ângulo compreendido entre os lados ativos de uma bobina. • Bobina de passo pleno: bobina cujo passo é igual ao passo polar. • Bobina de passo encurtado: bobina cujo passo é menor que o passo polar. 4 Unidade 1 - FMM A. Classificação dos enrolamentos das máquinas elétricas a) Concentrados e distribuídos: 5 Unidade 1 - FMM Enrolamentos distribuídos: 6 Unidade 1 - FMM Enrolamentos abertos (de fase, em geral polifásicos) e fechados (de comutador): 7 Unidade 1 - FMM B. Maneiras usuais de produzir campos girantes Sistema de referência adotado – estator Exemplo: - observador situado no induzido da máquina com indutor girante => campo = girante - observador postado no indutor => campo = estacionário 8 Unidade 1 - FMM B. Maneiras usuais de produzir campos girantes a) Enrolamentos monofásicos girantes, girantes alimentados com corrente contínua (concentrados ou distribuídos). b) Enrolamentos polifásicos (estacionários), (estacionários) alimentados com corrente alternada (induzido de máquinas síncronas e de máquinas assíncronas). 9 Unidade 1 - FMM No caso a, a via de regra, todas as bobinas são ligadas em série e de forma a produzirem pólos magnéticos alternadamente norte e sul. 10 Unidade 1 - FMM No caso b, b podem ser encontrados no induzido de geradores síncronos e no indutor dos motores assíncronos polifásicos. Enrolamento trifásico bipolar, de passo pleno e distribuído em q=3r/p/f Distribuição espacial de correntes instantâneas nas fases a, b, c para os seguintes instantes: (a) ia = Imáx; ib = ic = -Imáx/2 (b) ib = Imáx; ia = ic = -Imáx/2 (c) ic = Imáx; ia = ib = -Imáx/2 11 Unidade 1 - FMM Campo magnético produzido no motor assíncrono (ou indução) 12 Unidade 1 - FMM Demonstrar a existência de um campo girante gerado por um enrolamento trifásico de um motor de indução: Vídeo demonstração campo girante.mp4 + CampoLT.exe 13 Unidade 1 - FMM Obtenção de distribuições senoidais de induções ao redor dos entreferros - Enrolamentos concentrados 14 Unidade 1 - FMM ∫ H.dl=2.N.i d a ∫ H.dl=∫ H.dl=N.i= 12 ∫ H.dl a d d a onde ∫ H.dl e ∫ H.dl são definidas para os segmentos' abcd ' e ' defa' , respectivemente a d H.l e =N.i=constante (ampères−espiras / polo) Conclusão: As intensidades de campo H e as indução B ao longo de seus pontos serão inversamente proporcionais aos comprimentos le. Obs.: Nos casos reais, há que se considerar os efeitos de relutância do ferro, inclusive de sua saturação. Contudo, mesmo que não se consigam distribuições suficientemente senoidais de induções de espaço, isto não nos impede de obtermos tensões induzidas praticamente senoidais (no tempo). 15 Unidade 1 - FMM - Enrolamentos distribuídos 16 Unidade 1 - FMM Obs. 1: Na ausência de relutâncias no ferro, a distribuição espacial de induções seria proporcional à de forças magnetomotrizes, conservando a mesma forma em degraus. Na realidade, essa forma é alterada pelas relutâncias do ferro e, sobretudo, pela sua saturação. Obs. 2: Para fins de análise, a onda espacial de forças magnetomotrizes, em degraus, pode ser decomposta em uma componente senoidal fundamental e numa série de harmônicas. Ainda, pode-se dizer que as harmônicas dessas forças magnetomotrizes serão sensivelmente reduzidas pela distribuição e encurtamtento das bobinas desse enrolamento. 17 Unidade 1 - FMM Produção de campo por intermédio de enrolamentos de corrente alternativa monofásicos: aspectos quantitativos Objetivo: Objetivo Estudo dos campos produzidos pelos enrolamentos polifásicos => inicia-se com a análise dos campos criados pelos enrolamentos monofásicos. Objetivo imediato – estudo das distribuições de FMMs mantidas por estes enrolamentos; os campos magnéticos (H) e as correspondentes distribuições de induções (B) que eles mantém ao redor do entreferro serão consequência daquelas distribuições de FMMs, FMMs assim como as propriedades físicas e geométricas do meio. 18 Unidade 1 - FMM Enrolamentos monofásicos concentrados e de passo pleno 19 Unidade 1 - FMM Se (i=constante), decompondo a onda retangular em uma série de Fourier tem−se : F ' =N.i=F '1 . cos θ−F'3 . cos 3 θ+F '5 . cos 5 θ+...+F'h . cos h θ−... Analisando a série de Fourier chega−se a seguinte conclusão : 4 4 (a) F '1=π . F ' = π . N.i , a amplitude da comp. fundamental é 4 igual a π vezes a amplitude F ' =N.i da onda retangular resultante ; 1 4 (b) F'h= . π . N.i , a amplitude de uma componente harmônica de ordem h é h 1 igual a da amplitude da componente fundamental F'1 e h 1 4 ( . π )vezes a amplitude da onda retangular resultante h 20 Unidade 1 - FMM Se (i=I máx . cos ω t) , decompondo a onda retangular emuma série de Fourier tem−se : F ' (t ,θ)=N.I máx . cos ω t=F '1máx .cos ω t.cos θ−F '3máx . cos ω t.cos3 θ+... +F 'hmáx . cos ω t.cos h θ−... 1 1 4 onde F 'hmáx = . F'1máx = . π . N.I máx (h=1,3 ,5 ,...) h h Analisando a série de Fourier chega−se a seguinte conclusão : (a)cada uma das componentes senoidaisda onda retangular consititui uma onda estacionária no espaço e alternativa no tempo ; (b)a menos da relutância e da saturação no ferro , a onda retangular de FMMs produz onda igulamente retangular de induções ao longo do entreferro liso ; (c )tais FMMs são indesejáveis obrigando−nos a recorrer a artifícios que as tornem tanto quanto possível senoidais. 21 Unidade 1 - FMM Distribuição de enrolamentos monofásicos 22 Unidade 1 - FMM Obs.: 1) Cada par de bobinas (I, I'), (II, II'), (III, III'), comporta-se como um enrolamento concentrado e de passo pleno. 2) O conjunto de todas as bobinas mantém uma onda que pode ser calculada pela soma dessas componentes retangulares, e o resultado global será semelhante à onda em degraus. 3) Para obtermos uma expressão para essa soma, podemos recorrer à decomposição em série de Fourier de cada uma das ondas retangulares e, em seguida, somar as componentes harmônicas de mesma ordem. 23 Unidade 1 - FMM As equaçõesdas ondas produzidas pelas bobinas( I , I ' ),(II , II '),(III , III ' ),...(Q ,Q ' ), distanciadas de Δ, 2 Δ ,...(q−1) Δradianos em relação à primeira , serão , respectivamente : F'1 F '3 F 'h F = . cos θ− . cos 3 θ +...+ . cos h θ−... q q q ' I ' ' ' F F F F = 1 . cos (θ−Δ)− 3 . cos3 (θ−Δ)+...+ h . cosh(θ−Δ)−... q q q ' II F '1 F '3 F 'h F = . cos (θ−2 Δ)− . cos3 (θ−2 Δ)+...+ . cosh (θ−2 Δ)−... q q q ' III ....................................................................... ' ' ' F1 F3 Fh F = . cos( θ−(q−1)Δ)− .cos3 (θ−(q−1)Δ)+...+ . cosh (θ−(q−1)Δ)−... q q q ' Q 24 Unidade 1 - FMM A onda resultante será dada por uma série do tipo : F '1 k =q F '3 k=q F r = . ∑ . cos [θ−(k −1) Δ]− . ∑ . cos 3 [θ−(k −1)Δ]+... q k=1 q k=1 ' +F h k =q . ∑ . cosh[θ−(k −1) Δ ]−...=F 1−F 3+F 5 ... q k=1 A característica dessa onda resultante ficam determinadas quando determinadas forem ' F 1 k=q suas componentes fundamental F 1= . ∑ . cos [θ−( k −1) Δ ] q k=1 F 'h k =q e harmônicas F h= . ∑ . cosh [θ−(k −1) Δ ] q k=1 Porém , a maneira mais cômoda para efetuarmos estas somas consisteem representar ondas senoidais(no espaço) por intermédio de vetores , substituindo−se somas de funções trigonométricas por simples somas de vetores. 25 Unidade 1 - FMM Assim , representando a primeira componente fundamental produzida pela bobina I , F'1 j0 . e , então as demais ficam definidas pelos vetores : q F'1 j Δ F '1 j2 Δ F '1 j (q−1 )Δ . e , . e , ..., . e , q q q 26 Unidade 1 - FMM A representação dessa soma está indicada na figura acima. O valor final para F 1 obtém−se em termosda progressão geométrica de razãoe j Δ : ' F 1 sen q Δ/2 j (q−1 )Δ/2 F1= . .e q sen Δ/2 27 Unidade 1 - FMM Em módulo , F1 =F '1 . sen q Δ/2 =F '1 . K d1 q sen Δ/2 onde K d1 é definido como o Fator de Distribuição do enrolamento , referente a componente fundamental. É fácildemonstrar que a componente harmônica de ordem ' h ' é dada por : F h=F 'h . sen q Δ/2 =F 'h . K dh q sen Δ/2 sendo K dh é o Fator de Distribuição do enrolamento , referente as harmônicas de ordem' h' . Conclusão: a distribuição atenua igualmente as harmônicas (temporais) de FMMs produzidas pelo enrolamento. 28 Unidade 1 - FMM Encurtamento de bobinas Além de distribuídos, distribuídos os enrolamentos podem ser encurtados, encurtados ou seja, podem ter bobinas de passo encurtado. Assim , pode−se definir : hδ K p1=cos δ ; K ph=cos , sendo δ=π−γ 2 2 que são os fatoresde Encurtamento , da fundamental e harmônicas. Finalmente , considerando os dois fatores anteriores , pode−se definir : K e1 =K d1 . K p1 ; K eh=K dh . K ph sendo K e1 e K eh é os fatores de Enrolamento da fundamental e harmônicas. 29 Unidade 1 - FMM Encurtamento de bobinas Em geral, para h=1, tem-se Keh1 e para h>1, seus valores decrescem rapidamente com h. Este fato aliado à inexistência de harmônicas múltiplas de três na onda de FMM de enrolamentos trifásicos simétricos e em carga equilibrada; e, ao fato de que Fh’=F1’/h também decresce com h, permite admitir desprezíveis as harmônicas de FMM, em face da sua componente fundamental, ou seja, pode-se admitir praticamente senoidais para as FMMs ao redor dos entreferros das máquinas elétricas, quando produzidas por enrolamentos distribuídos e encurtados. encurtados 30 Unidade 1 - FMM Enrolamentos polifásicos: Campos Girantes Os campos criados pelas correntes alternativas circulando em enrolamentos monofásicos não são campos girantes: suas distribuições ao redor dos entreferros caracterizam-se por ondas alternativas no tempo, porém estacionárias no espaço. Como obter campos girantes por intermédio de enrolamentos não girantes (fixos)? => Usando enrolamentos polifásicos, em particular, enrolamentos trifásicos. 31 Unidade 1 - FMM Campos girantes criados pelos enrolamentos 3: concentrados e de passo pleno Os enrolamentos 3 são constituídos por 3 enrolamentos 1 idênticos, deslocados entre si de 120o elétricos (no espaço), conduzindo correntes alternativas senoidais defasadas entre si também de 2π/3 radianos elétricos (no tempo) Cada enrolamento produz uma componente de campo no entreferro e o campo resultante decorre da composição desses campos componentes Sejam: i a=I máx .cos (ω t ) i b=I máx .cos (ω t −120o ) i c =I máx . cos (ω t−240o ) 32 Unidade 1 - FMM 33 Unidade 1 - FMM Uma expressão analítica para a onda resultante pode ser obtida a partir das séries representativas de cada uma das ondas retangulares componentes. Adotando como eixo de referência o eixo da primeira bobina da fase a, obtém-se para as fases a, b e c, respectivamente, A onda resultante procurada será dada por F = Fa ' + Fb ' + Fc ' 34 Unidade 1 - FMM Analisando cada uma de suas componentes harmônicas em separado tem-se, - Para a componente fundamental: - Para h múltiplo de 3: Fg 3 = 0 - Para demais valores ímpares de h: 35 Unidade 1 - FMM Conclusões (enrolamentos concentrados e de passo pleno): a) A cada uma das componentes harmônicas corresponde uma onda (campo) girante com amplitude 3/2Fh’max=3/2[F1’max], ou seja, valendo 1/h da amplitude da componente (girante) fundamental; b) Em valor absoluto, a velocidade angular de componente harmônica de ordem h é igual a 1/h da velocidade angular da componente fundamental, isto é, igual a ω/h radianos elétricos por segundo; c) As harmônicas de ordens h=6k+1têm sentido positivo de rotação, isto é, concordante com o sentido de rotação da componente fundamental, valendo + ω/h radianos por segundo; d) As harmônicas de ordens h=6k-1 têm sentido negativo de rotação, isto é, contrário ao da fundamental, valendo - ω/h radianos por segundo. 36 Unidade 1 - FMM As conclusões anteriores podem ser resumidas na tabela abaixo. Observe que (k=1, 2, 3, …), porém a amplitude zero somente ocorre para a ordem da harmônica ímpar. Ordem h de harmônicas Amplitude Vel. angular 6k + 1 1 7 13 19 25 ... (3/2h)F'1máx + ω/h 3k 3 9 15 21 27 ... zero - 6k -1 5 11 17 23 29 ... (3/2h)F'1máx - ω/h 37 Unidade 1 - FMM Pode-se verificar que em geral o conteúdo de harmônicas espaciais nos campos produzidos pelos enrol. concentrados e de passo pleno é inadmissível !!!! Solução? Uma distribuição e encurtamento adequados produzem uma verdadeira limpeza nas harmônicas de onda de FMM produzidas por um enrolamento, deixando na prática somente a sua componente fundamental. 38 Unidade 1 - FMM Conclusões (enrolamentos distribuídos e de passo encurtado): a) que Ke1 é pouco menor do que a unidade; b) que não existem componentes harmônicas de terceira ordem, ou múltiplos de 3, no campo girante resultante de enrolamento trifásico simétrico e em carga equilibrada; c) que os fatores de enrolamento para as harmônicas seguintes (5a., 7a., 11a., …) em geral são muito menores do que a unidade e, finalmente, d) que as harmônicas mais elevadas, cujos fatores de enrolamento podem não ser tão pequenos (h = 17, 19, … no exemplo da tabela), já não tem grande influência sobre o campo resultante, pelo fato de suas amplitudes serem reduzidas pelo denominador h: 13 ' Fgh = F1 max .keh h2 39 Unidade 1 - FMM Produção de FMMs e fluxos em MCC: Corte transversal de uma máquina CC de dois pólos 40 Unidade 1 - FMM FMM de entreferro do enrolamento distribuído do rotor de um gerador de rotor cilíndrico 41 Unidade 1 - FMM a) Seção transversal de uma máquina CC de quatro pólos; b) planificação da corrente e da onda de FMM 42 Unidade 1 - Exercícios Exercício 1: Um turboalternador de 93750 kVA, 13200 V, ligação estrela, 60 Hz, 4 pólos, possui enrolamento induzido de dupla camada alojado em 72 ranhuras, com 2 lados de bobina por ranhura, 1 espira por bobina. Cada fase do enrolamento é constituída de dois circuitos em paralelo (ligação em dupla estrela). As bobinas são encurtadas de 1/3 do passo polar. Determinar o valor da componente fundamental da força magnetomotriz de reação do induzido, para a condição de plena carga. Exercício 2: O indutor cilíndrico do Exercício 1 possui enrolamento concêntrico, com 10 ranhuras por pólo, conforme indicado na fig. abaixo. Cada uma das bobinas encerra 25 espiras. Determinar o valor máximo da componente fundamental da força magnetomotriz do campo indutor em função de uma corrente de campo genérica If, sabendose que esse enrolamento compõese de dois circuitos em paralelo. 43 Unidade 1 - Introdução às Máquinas Elétricas Rotativas Conceitos preliminares Introdução às máquinas CA e CC Força Magnetomotriz (FMM) de enrolamentos concentrados e distribuídos Força Eletromotriz (FEM) (tensão) induzida em enrolamentos concentrados e distribuídos Torque Eletromagnético Perdas 44 Unidade 1 - FEM Produção de FEM em máquinas de corrente alternativa Objetivos: 1. Estudar a geração de FEM em enrolamentos de corrente alternativa distribuídos, monofásicos e polifásicos; 2. Examinar as FEMs induzidas por distribuições de indução senoidal no espaço + distribuições espaciais não senoidais. 45 Unidade 1 - FEM Campos girantes (distribuição senoidal) – Fluxo por pólo A cada semi-onda do campo girante corresponderá um pólo magnético do conversor rotativo e a cada um desses pólos corresponderá um certo fluxo que será o fluxo por pólo do campo girante. Esse fluxo será proporcional à área da figura representativa de uma semi-onda do campo. campo dθ r BdA Bmáx cos θ .lr. 2 Bmáxl π /2 π /2 p p π /2 π /2 46 Unidade 1 - FEM Bobina concentrada de passo pleno – FEM induzida Fluxo concatenado será máximo: Y coincide com X => max=N N cos ωt máx cos ωt d π e ωNsenωt Emáx cos(ωt ) dt 2 E 4,44 fN, ω 2πf 47 Unidade 1 - FEM Bobina concentrada de passo pleno – FEM induzida FEMs induzidas em bobinas diferentemente situadas no espaço eI ωNsenωt Emáx senωt eII ωNsen(ωt Δ) Emáx sen(ωt Δ) 48 Unidade 1 - FEM Enrolamento monofásico concentrado e de passo pleno Ligação paralelo: máxima corrente, mínima tensão Ligação série: máxima tensão, mínima corrente E 4,44 f (2 pN ) 4,44 fN fase 49 Unidade 1 - FEM Enrolamento trifásico concentrado e de passo pleno ea Emáx senωt eb Emáx sen(ωt 120o ) ec Emáx sen(ωt 240o ) Ranhuras por pólo e por fase (q): q=1 – enrolamento de dupla camada, concentrado e de passo pleno q>1 – enrolamento distribuído => q=inteiro ou q=fracionário 50 Unidade 1 - FEM Enrolamento monofásico distribuído e de passo pleno (q inteiro) – FEM induzida 51 Unidade 1 - FEM Enrolamento monofásico distribuído e de passo pleno (q inteiro) – FEM induzida A dedução de uma expressão para a FEM induzida em todo o enrolamento monofásico distribuído, com 2p pólos (2p grupos de q bobinas cada um), reduz-se à pesquisa de uma expressão para a tensão em apenas em dos grupos. grupos Emáx e1 senωt q Emáx e2 sen(ωt Δ) q .................................... eq Emáx sen[ωt (q 1)Δ] q i q Emáx e ei {senωt sen(ωt Δ) ... sen[ωt (q 1)Δ] q i 1 52 Unidade 1 - FEM Enrolamento monofásico distribuído e de passo pleno (q inteiro) – FEM induzida A mesma soma pode ser obtida associando um número complexo (fasor) a cada uma das tensões instantânes, ou seja: E Emáx e jωt 1 q E Emáx e j (ωt Δ) 2 q .................................... E Emáx e j[ωt ( q 1) Δ] q q E E máx e jωt [1e jΔ e j 2 Δ ...e j ( q 1) Δ ] q 53 Unidade 1 - FEM Enrolamento monofásico distribuído e de passo pleno (q inteiro) – FEM induzida Substituindo o somatório por uma progressão geométrica obtém-se: E Emáx e jωt S q Após algumas manipulações matemáticas chega-se a: E Emáx Δ senqΔ / 2 j[ωt ( q 1) 2 ] e Δ qsen 2 Defasagem entre a tensão no enrolamento distribuído e a tensão induzida na 1ª bobina do 1º grupo Uma redução no valor máximo da tensão induzida na N espiras: E 4,44 fN K fase d E i E senqΔ / 2 ; Kd Fator de distribuição: K d E ... E Δ E E i 1 2 q qsen 2 54 Unidade 1 - FEM Bobina de passo fracionário – Fator de encurtamento Uma bobina é dita de passo fracionário quando a distância angular entre seus lados ativos for diferente de meio comprimento de onda do campo. Em geral, nas bobinas de passo fracionário, essa distância é inferior – e não superior – a meio comprimento de onda e elas são chamadas de passo encurtado. Após algumas manipulações matemáticas chega-se a: δ π γ kc cos δ E 4,44 fN fase K c 2 Fator de encurtamento 55 Unidade 1 - FEM Enrolamento monofásico distribuído e de passo fracionário – Fator de enrolamento e FEM induzida E, finalmente, considerando um enrolamento monofásico distribuído e de passo fracionário, tem-se: K e K c K d E 4,44 fN fase K e Fator de enrolamento 56 Unidade 1 - FEM Enrolamento trifásico distribuído e de passo pleno Cada passo polar da máquina deve ser dividido em três faixas (A, B, C) de 60o elétricos cada uma, reservando-se uma faixa para cada fase => distribuindo-se as fases a, b e c, respectivamente nas faixas A, B e C, e devendo as fases serem mantidas a 120 o uma da outra, conclui-se que as faixas A, B e C devem se suceder na sequência A-C-B 57 Unidade 1 - FEM Enrolamento trifásico distribuído e de passo fracionário O enrolamento trifásico distribuído e de passo pleno da figura anterior foi transformado em enrolamento de passo fracionário (encurtado) através da redução do passo de suas bobinas de δ=2Δ=40o => O fator de distribuição não se altera com o encurtamento cujos efeitos sobre o enrolamento podem ser traduzidos pelo fator adicional Kc=cosδ/2 58 Unidade 1 - FEM Distribuições não senoidais de induções – Harmônicas de tensão induzida Por vários motivos (ex.: saturação dos meios magnéticos), a distribuição espacial de induções ao redor do entreferro das máquinas elétricas não é exatamente senoidal. Questão: Como calcular as tensões induzidas em enrolamentos submetidos a campos girantes com distribuições não senoidais de indução no espaço? Resposta: Embora as distribuições sejam não senoidais, são periódicas e de valor médio nulo, podendo portanto ser decompostas em série de Fourier. 59 Unidade 1 - FEM Distribuições não senoidais de induções – Harmônicas de tensão induzida Eh 4,44 f h N fase h K dh K ch 4,44 f h N fase h K eh f h hf1 h x (frequência fundamental) hΔ senq hδ 2 K dh ; K ch cos hΔ 2 qsen 2 60 Unidade 1 - FEM Atenuação e supressão de harmônicas de tensão induzida Havendo harmônicas na distribuição espacial de induções, poderá haver harmônicas das mesmas ordens nas tensões induzidas. Razões que levam a adotar enrolamentos distribuídos: 1. Melhor aproveitamento do espaço disponível; 2. Atenuação de harmônicas de FEM induzida => a distribuição pode contribuir para a melhoria da forma de onda das tensões induzidas bastando que os fatores Kdh se tornem suficientemente pequenos diante do fator Kd1, referente à fundamental. Com o artifício do encurtamento pode-se não só atenuar várias harmônicas como também suprimir uma delas => a escolha daquela a anular é uma decisão do projetista, mas em geral as mais visadas são as de 5ª e 7ª ordens. 61 Unidade 1 - FEM Atenuação e supressão de harmônicas de tensão induzida 62 Unidade 1 - FEM Enrolamento de ranhura fracionária – Generalidades Não raro, o número q resulta fracionário, ou seja, q= / , sendo > , ambos inteiros e primos entre si. Razões para se usar este tipo de enrolamento: 1. Padronização de chapas estampadas, em variedades limitadas, para atender à construção de máquinas com diferentes números de polos (ou mesmo diferentes números de fases); 2. Redução de fatores de distribuição correspondentes a harmônicas, sem aumentar excessivamente o número total das ranhuras que devem abrigar o enrolamento. 63 Unidade 1 - FEM Enrolamento de ranhura fracionária – Generalidades Simetria => qdo. o arranjo dos grupos desiguais dentro de um passo polar não se repetir identicamente nos demais passos polares. Condições para obtenção de simetria em enrolamento de ranhura fracionária: 1. Se q= /, então q.(no. de fases)= /.m; 2. O denominador representará o no. mínimo de pares de polos consecutivos a encerrarem um no. inteiro m de ranhuras para as m fases. Consequentemente, representará o no. de ranhuras por fase encerradas num conjunto de passos polares consecutivos. consecutivos 64 Unidade 1 - FEM Enrolamento de ranhura fracionária – Generalidades Exemplo 1: Enrolamento trifásico; q=11/3 ranhuras por pólo e por fase Exemplo 2: Enrolamento trifásico; q=11/2 ranhuras por pólo e por fase 65 Unidade 1 - FEM Enrolamento de ranhura fracionária – Generalidades Fator de distribuição: senqΔ/ 2 Kd Δ qsen 2 q.m. q q m 180 o Δ qm Fator de enrolamento: K e K d K c K c cos δ / 2 66 Unidade 1 - Exercícios Exercício 1: Calcular as tensões induzidas, por fase e entre terminais, em máquina trifásica de 4 pólos, 60 Hz, enrolamento induzido de dupla camada, ligação estrela, com 18 ranhuras por polo, 2 lados de bobina por ranhura, 8 espiras por bobina. As bobinas são encurtadas de 1/6 do passo polar. O fluxo por polo, suposto com distribuição senoidal de induções, é φ = 0,005 Wb. Exercício 2: Calcular as tensões eficazes induzidas por fase e entre terminais da máquina do Exer. 1, agora considerando que o fluxo resultante por polo φ = 0,005 Wb não mais decorrente de distribuição senoidal de induções no entreferro, mas de uma distribuição: B (φ) = B1.senφ + B3.sen3φ, onde B3 = 0,3.B1. Exercício 3: Calcular as tensões eficazes induzidas por fase e entre terminais da máquina trifásica de 48 pólos, enrolamento induzido de dupla camada, ligado em estrela, distribuído em q = 2 ranhuras por polo e por fase, 2 lados de bobina por ranhura, 2 espiras por bobina. As bobinas são encurtadas de δ = 1/6 do passo polar. A rotação da máquina é de 150 rpm. A tensão induzida em um dos seus condutores ativos é expressa por: e = 10.senωt + 2.sen(3ωt + 30º) + 1.sen(5ωt – 30º) volts. Exercício 4: Calcular o fator de distribuição Kd1 referente a componente fundamental do enrolamento trifásico com q = 1¼ ranhuras por polo e por fase. Indicar também qual o mínimo encurtamento possível para delta e o correspondente fator de encurtamento Kc1. Preliminarmente, responder as seguintes perguntas: (a) Qual o no. mínimo de polos para a máquina com esse enrolamento? (b) Qual o no. de ranhuras por fase, encerradas nesse no. mínimo de polos? (c) Qual o no. total de ranhuras encerradas nesse no. mínimo de polos? 67