Proposta: O que você encontraria no Rio Pinheiros, caso ele secasse? Resposta escolhida: Cocô Texto: O triste reflexo do Rio Pinheiros Merda, pisei na merda. Ela ainda não estava totalmente seca. Era dia, mas o aspecto era de quase noite, ou fim do dia. Ok, está certo, era mesmo é de fim do mundo. O sol não se via, mas a rala luz que chegava iluminava a névoa do céu, como uma fraca lamparina de sala, com força de 30watts. Razante na minha frente passa um vulto. Me vem a imagem de um pequeno avião. Hm, é, quem dera, mas não era não, era um urubu, passeando, feliz, se sentindo em casa. Ando mais um pouco e não muda em nada a minha vista. Agora lembro o quanto já havia lido sobre esse lugar na faculdade. Se parece bem com o que todos diziam: quando o rio secar, aí sim, vamos encontrar raridades e antiguidades, como os artesanatos do povo Tupi! Mas o rio secou e a história secou também. Foi por isso que resolvi vir, conhecer o passado, deixando as colinas onde moro, as últimas ilhas da civilização, ver de perto o legado da nossa história, de onde viemos e assim, para me parece que assim vamos… Hoje, o pouco molhado que se encontra é aqui, essa longa avenida torta que já foi um dia um rio, que a gente se banhou. Na minha Faculdade dizem que o Ministro da Educação, mancomunado com os controladores das grandes mídias, aqueles, os donos da Internet e de toda esta sorte de tecnologias, ele, dizem, tem vergonha do passado. Não é verdade. O que ocorre é que nem ele, nem nenhuma oura alma viva de hoje, tem tempo para outra coisa, senão com sua própria sobrevivência. E pensavamos que o fim do mundo era em 2012. Nostradamus errou por 30 anos… Nesta minha pesquisa de campo, para meu trabalho de conclusão de curso, o que queria saber era como, porque e o que restou da destruição da última grande cidade da civilização. E para os que acompanham aqui o diário de bordo da minha expedição e desejava que eu contasse sobre qual o reflexo que rio lhe reservou, segue aqui meu breve registro: a água não secou, ela ainda deixa molhada, a merda que a humanidade virou. Piatã Kignel / São Paulo-‐SP / 15 de maio de 2011