EFEITO DA AURICULOTERAPIA NO SISTEMA RESPIRATÓRIO EM UM PACIENTE PORTADOR DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA- RELATO DE CASO Gabriela Camila Hach, Natália Cursino Luz, Alessandra de Almeida Fagundes. Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, Faculdade de Ciências da Saúde – FCS, Av: Sishima Hifumi, 2911 – Urbanova - São José dos Campos, SP. Fone: +55 12 3947 1015, Fax: +55 12 3947 1015 [email protected], [email protected], [email protected] Resumo: A auriculoterapia é uma técnica de acupuntura em que utiliza-se o pavilhão auricular para efetuar estímulos que provocam reflexos sobre o Sistema Nervoso Central com o objetivo de aliviar sintomas em patologias como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da auriculoterapia em um paciente portador de DPOC moderado. Avaliou-se um indivíduo do sexo masculino, portador de DPOC moderado através de diversos parâmetros como Freqüência Cardíaca (FC), Freqüência Respiratória (FR), Pico de Fluxo Expiratório (PFE), Cirtometria Tóraco-abdominal, Espirometria, Manovacuometria, Teste de caminhada de seis minutos (TC6M), Oximetria nas atividades de vida diária (AVD’s) e Questionário de Qualidade de Vida (QQV). O paciente recebeu um total de três sessões de auriculoterapia, realizadas uma vez por semana por três semanas consecutivas. O indivíduo permaneceu com as sementes de auriculoterapia e às estimulava no decorrer do dia. Os resultados deste estudo demonstraram uma melhora da qualidade de vida nos domínios: estado geral de saúde, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental e na função pulmonar. Palavras chaves: DPOC, Auriculoterapia. Área do conhecimento: Fisioterapia. Introdução A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) consiste em uma enfermidade respiratória previnível e tratável, que se caracteriza por apresentar uma obstrução crônica do fluxo aéreo, irreversível, sendo que esta obstrução é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causadas principalmente pelo tabagismo. Embora a DPOC comprometa os pulmões, ela também produz conseqüências sistêmicas significativas como diminuição na função pulmonar, que é traduzida por dispnéia, percepção ao cansaço ao realizar qualquer forma de esforço físico com grave comprometimento da qualidade de vida (RODRIGUES; VIEGAS; LIMA, 2002; SBPT, 2004). A acupuntura tem sido envolvida no tratamento de uma ampla variedade de patologias e seu efeito tem sido estudado principalmente no que diz respeito à analgesia (SHENG-XING, 2004). Contudo, embora mais raros, são realizados estudos a respeito do efeito da acupuntura sobre as variáveis respiratórias em patologias como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (NEUMEISTER et al.,1999). Dentro da acupuntura várias modalidades desenvolveram-se, como a acupuntura escalpeana e a acupuntura auricular (auriculoterapia). A auriculoterapia é uma técnica de acupuntura em que se usa o pavilhão auricular para efetuar estímulos que provocam reflexos sobre o Sistema Nervoso Central com o objetivo de aliviar sintomas em patologias como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (OLESON, 2002). Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da auriculoterapia no sistema respiratório de um sujeito portador de DPOC de grau moderado, através de variáveis como força muscular respiratória, expansibilidade tóracoabdominal, teste de caminhada de seis minutos (TC6M), função pulmonar e oximetria nas atividades de vida diária (AVD’s), além de outras variáveis como a Qualidade de Vida. Material e Métodos Participou deste estudo um sujeito portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) de XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 grau moderado, do sexo masculino, 72 anos de idade, 60kg e 1,74m de altura. Como critério de inclusão foi aceito o indivíduo portador de DPOC Moderado. Foram considerados como critérios de exclusão, indivíduos portadores de DPOC de grau Leve, Severo e Tabagistas ativos. O voluntário assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi conduzido de acordo com a Resolução 196/96 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), sob protocolo nº H105/CEP/2008. A coleta de dados foi realizada no Setor de Fisioterapia Respiratória da Faculdade Ciências da Saúde (FCS), da UNIVAP. O voluntário, antes do início do protocolo, foi avaliado quanto: a Freqüência Cardíaca (FC), a Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2), a Freqüência Respiratória (FR), ao Pico de Fluxo Expiratório (PFE), a Cirtometria T tóracoabdominal, ao Teste da caminha de seis minutos (TC6M), a Escala de Borg Modificada, a Espirometria, a Manovacumetria, a Oximetria nas atividades de vida diária (AVD’s) e ao Questionário de Qualidade de Vida (QQV). A cirtometria tóraco-abdominal foi mensurada pela fita métrica tradicional. A técnica consistiu na mensuração das circunferências torácicas e abdominal, realizadas nas fases expiratórias e inspiratórias máximas. A diferença entre essas duas medidas forneceu informações do grau de expansibilidade e de retração dos movimentos toracoabdominais. As medidas foram feitas no início do estudo e após 3 (três) semanas de tratamento em três diferentes níveis: axilar, xifoidiana e umbilical (COSTA, 1999). Para realização do exame de espirometria utilizou-se do espirômetro modelo MASTER SCOPE PC da marca JAEGER® versão 4.5. Antes do exame foi feito uma preparação com o paciente onde foi solicitado informar qualquer tipo de infecção respiratória recente, a qual poderia alterar a função pulmonar. Além disso, o fisioterapeuta orientou sobre a suspensão dos broncodilatadores de ação curta por 4 horas e de ação longa por 12 horas antes dos testes. Orientou-se também a respeito de que o jejum não era necessário, mas o paciente deveria evitar café e chás nas horas próximas ao exame, por efeito broncodilatador, assim como, evitar refeições 1 hora antes dos testes (PEREIRA, 2002). A fim de se analisar a força dos músculos inspiratórios e expiratórios, as pressões inspiratórias (negativa) máximas (PImax) e as pressões expiratórias (positiva) máximas (PEmax), foram mensuradas através do Manovacuômetro da marca Ger Ar®, segundo o método preconizado por Black e Hyatt (1969) com o indivíduo na posição ortostática e com um clips nasal. A PImax foi mensurada próximo ao volume residual após uma expiração máxima. A PEmax foi mensurada próxima à capacidade pulmonar total (CPT), após uma inspiração máxima. O indivíduo foi orientado a sustentar a pressão por mais de um segundo e cada manobra foi realizada no mínimo três vezes, sendo que, para a análise, foi considerada a maior medida. Caso alguma manobra obtivesse um valor maior que 10% seria executada outra manobra para que a diferença entre elas não fosse muito grande. Devido ao cansaço que o teste promove ao paciente, foi realizado um intervalo de repouso de 30 segundos entre as manobras. O fisioterapeuta observou qualquer intercorrência, como vazamentos, e se necessário corrigiu o paciente, assim como descartou as manobras em que eles foram notados. O paciente foi estimulado verbalmente para que realizasse um esforço ainda maior para que os resultados fossem mais satisfatórios (SOUZA, 2002). A avaliação do Pico de Fluxo Expiratório (PFE) foi realizada através do equipamento Peak Flow da marca RESPIRONICS®. O paciente executou 3 expirações forçadas no equipamento onde a maior medida foi aceita para análise (SOUZA, 2002). Para avaliar a tolerância ao exercício realizouse o teste de caminhada de seis minutos (TC6M). Imediatamente antes de se iniciar o TC6M, o paciente foi submetido a avaliação de dispnéia através da Escala de Borg modificada. Nesta escala o paciente demonstrava o nível em que ele considerava seu estado de dispnéia, variando de “Sem dispnéia (0) à dispnéia máxima (10). Após as 3 semanas de tratamento o paciente foi submetido ao mesmo teste de caminhada e novamente submetido a avaliação da escala de Borg modificada, assim o fisioterapeuta pode mensurar e comparar a situação do quadro de dispnéia. O paciente realizou o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) em uma superfície plana, o qual mesmo caminhou ao longo de uma linha demarcada no chão com 30 metros de comprimento durante 6 minutos. Através do comando verbal o paciente foi incentivado para realizar a maior distância possível. O paciente foi acompanhado pelo avaliador durante os seis minutos, com monitorização contínua por meio do oxímetro de pulso, sendo que os valores de FC, SpO2 e sensação subjetiva de dispnéia foram registrados, para efeito de análise, antes e após o término do teste. A oximetria durante as atividades de vida diária (AVD’s) foi avaliada através do oxímetro ® NELLCOR PURITAN BENNET na residência XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 experimental do Bloco 7 da Faculdade de Ciências da Saúde. Foram simuladas atividades como: pentear o cabelo, dobrar o lençol, vestir o sapato, vestir a blusa, lavar a louça e varrer por 2 minutos. Antes e após cada atividade foram mensuradas a saturação de pulso de oxigênio (SpO2) e a frequência cardíaca (FC). O paciente foi orientado a realizar as atividades em um período similar ao realizado em casa. Após todos os testes o indivíduo estudado respondeu ao Questionário de Qualidade de Vida SF-36(QQV) antes de iniciar o tratamento auricular. O Questionário de Qualidade de Vida SF-36 analisou 8 (oito) diferentes domínios, tais como: capacidade funcional, limitações por aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitações por aspectos funcionais e saúde mental. O fisioterapeuta quantificou o score em porcentagem dos resultados do questionário. As notas de 8 domínios variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. Após todo protocolo de avaliação o paciente foi submetido ao tratamento de auriculoterapia uma vez por semana durante 3 semanas. O paciente recebeu a aplicação de sementes de mostarda em pontos específicos do pavilhão auricular a saber: Shenmen, Rim, Simpático, Coração, Traquéia, Pulmão e Brônquios, segundo (SOUZA, 2007). O indivíduo permanecia com as sementes de auriculoterapia e às estimulava no decorrer do dia até a próxima sessão de atendimento. O paciente foi reavaliado ao final do protocolo de tratamento de auriculoterapia, pelos mesmos procedimentos do início do estudo. Pré Pós PImax Variáveis 100 160 PEmax 120 110 Cirtometria a nível axilar 2,5 2,0 Cirtometria a nível xifóide 1,5 4,0 Cirtometria a nível abdominal 5,0 1,0 PFE 165 170 A Tabela 2 abaixo se refere ao Questionário de Qualidade de Vida e ilustra que houve uma melhora nos domínios do estado geral de saúde, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental após o tratamento. Tabela 2- Valores de Pré e Pós Tratamento no Questionário de Qualidade de vida (QQV) em seus respectivos domínios (N=1). Domínios Pré Pós Capacidade Funcional 45 55 Limitação por aspectos físicos 0 0 Dor 50 40 Estado Geral de Saúde 70 75 Vitalidade 50 65 62,5 50 Aspectos Sociais Resultados Aspectos Emocionais 0 33 Os resultados deste estudo realizado no paciente portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica de grau moderado são demonstrados através das tabelas que seguem abaixo. Os resultados da Tabela 1 demonstraram que após 3 semanas de tratamento auricular, a pressão inspiratória máxima (PImax) aumentou de 100 cmH20 para 160 cmH2O. Por outro lado, a expansibilidade toracoabdominal mensurada através da cirtometria mostrou uma diminuição nos valores, principalmente no nível abdominal. O Pico de Fluxo Expiratório (PFE) manteve-se após o protocolo de 3 semanas de tratamento. Saúde Mental 48 60 Tabela 1 - Valores de Pressão Inspiratória Máxima (PImax) e Pressão Expiratória Máxima (PEmax) em cmH2O, e da diferença da cirtometria nos níveis axilar, xifóide e abdominal em centímetros e do Pico de Fluxo Expiratório (PFE) em l/min (N=1). Os parâmetros saturação de pulso de oxigênio (SPO2), frequência cardíaca (FC) e frequência respiratória (FR) mantiveram-se equilibrados durante as 3 semanas de aplicação de auriculoterapia demonstrado na Tabela 3. A pressão arterial (PA) apresentou uma ligeira queda durante a segunda semana de tratamento. Tabela 3- Valores de Pressão Arterial (PA), Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2), Freqüência Cardíaca (FC) e Frequência Respiratória (FR) durante as três semanas de tratamento de auriculoterapia (N=1). Semanas PA Inicial XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba SPO2 FC FR 3 1 130x80 mmHg 95,00% 76 bpm 19 rpm 2 110x70 mmHg 99,00% 83 bpm 20 rpm 3 120x80 mmHg 93,00% 82 bpm 21 rpm Legenda: bpm= batimentos por minuto rpm= respirações por minuto mmHg= milímetros de mercúrio Os resultados do teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) são relatados na Tabela 4. Este teste demonstrou um ligeiro aumento da distância (DP) PImax percorrida após a execução do protocolo de tratamento com auriculoterapia. Contudo, na reavaliação do TC6M ao final destas três semanas de tratamento, o paciente iniciou o teste com uma pressão arterial, saturação de pulso de oxigênio e escala de Borg de dispnéia com valores piores. Tabela 4- Valores de Pré e Pós Tratamento dos parâmetros avaliados no Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6M) (N=1). TC6M Pré Pós DP 510 mts 540 mts Escala de Borg em Repouso 2 (Leve) Escala de Borg após caminhada AVD's FC SPO2 FC SPO2 Pentear o Cabelo 92 bpm 95% 87 bpm 94% Dobrar Lençol 95 bpm 95% 92 bpm 94% Vestir o Sapato 98 bpm 93% 90 bpm 94% Vestir a Blusa 94 bpm 98% 96 bpm 96% Lavar a Louça 91 bpm 96% 90 bpm 94% Varrer (por 2 min) 101 bpm 92% 89 bpm 95% Legenda: bpm= batimentos por minuto rpm= respirações por minuto mmHg= milímetros de mercúrio Tabela 6- Valores da Função Pulmonar avaliada através do exame de Espirometria no pré e pós tratamento (N=1). Espirometria Pré Pós 3 (Moderado) CV 86,90% 98,30% 3 (Moderado) 3 (Moderado) CI 76,60% 78,70% PA em Repouso 120x90 mmHg 140x80 mmHg VRE 118,10% 157,50% PA após caminhada 130x90 mmHg 150x90 mmHg CVF 72,90% 101,70% FR em Repouso 20 rpm 24 rpm SPO2 em Repouso 97% 92% VEF1 38,00% 33,30% SPO2 após caminhada 95% 89% Índice Tiffeneau 39,38% 24,2% PFE 33,30% 40,40% FC em Repouso 85 bpm 87 bpm FEF 25% 10,40% 7,50% FC após caminhada 104 bpm 113 bpm FEF 50% 6,70% 7,70% FEF 75% 10,80% 10,80% VVM 30,30% 32,60% Os resultados demonstrados na Tabela 5, a qual se refere a Oximetria nas AVD's, mostraram uma manutenção dos valores de Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2) e de Frequência Cardíaca (FC) do pré para o pós tratamento. Tabela 5 - Valores de Freqüência Cardíaca (FC) e Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2) durante a Oximetria nas AVD's no pré e pós tratamento (N=1). Oximetria nas Pré Legenda: CV= Capacidade Vital CI= Capacidade Inspiratória VRE = Volume de Reserva Expiratória CVF = Capacidade Vital Forçada VEF1 = Volume Expiratório Forçado no 1º.segundo PFE = Pico de Fluxo Expiratório Índice de Tiffeneau = relação VEF1/CVF FEF25 = Fluxo Expiratório Forçado a 25% da CVF FEF50 = Fluxo Expiratório Forçado a 50% da CVF FEF75 = Fluxo Expiratório Forçado a 75% da CVF VVM = Ventilação Voluntária Máxima Pós XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 Os resultados da Tabela 6 demonstraram que após o tratamento de auriculoterapia houve uma melhora em relação aos seguintes parâmetros: Capacidade Vital, Volume Residual Expiratório, Capacidade Vital Forçada, Pico de Fluxo Expiratório. Discussão Este relato de caso de um paciente portador de DPOC moderado procurou avaliar os efeitos da auriculoterapia em variáveis respiratórias como força muscular respiratória, Pico de Fluxo Expiratório (PFE), Saturação de Pulso de Oxigênio (SPO2), Freqüência Respiratória (FR), expansibilidade tóraco-abdominal, Teste de caminhada de seis minutos (TC6M), avaliação de dispnéia, função pulmonar e Oximetria nas Atividades de vida diária (AVD’s), além de outras variáveis como a Qualidade de Vida. Segundo Neumeister et al. (1999) há poucos dados a respeito do efeito da acupuntura em pacientes portadores de DPOC. Em pesquisa nas bases de dados BIREME e PUBMED a busca pelas palavras-chave “auriculotherapy” e “COPD” no período de 1997 a 2009 não retornaram nenhum resultado. A escassez de literatura científica a respeito do tema acupuntura é significante e quando se refere a auriculoterapia, uma técnica muito específica dentro do ramo da acupuntura, as referências bibliográficas se tornam ainda mais raras. Neumeister et al. (1999) conduziram um estudo prospectivo com grupo controle placebo para analisar o efeito da acupuntura de acordo com as regras da medicina tradicional chinesa na qualidade de vida e função pulmonar. Foram avaliados 10 pacientes com DPOC que realizaram 7 sessões de acupuntura em 2 semanas. Os pacientes do grupo experimental que receberam a acupuntura aumentaram significativamente o VEF1 e a relação VR/CPT. Ainda segundo os autores, houve um aumento de grande magnitude na qualidade de vida. O presente estudo também encontrou resultado similar ao de Neumeister et al. (1999) no que diz respeito a qualidade de vida. Em outro estudo Lau e Jones (2008) avaliaram o efeito imediato de uma única sessão de eletroacupuntura sobre função pulmonar e dispnéia de 46 pacientes com DPOC. A função pulmonar foi mensurada através de VEF1 e CVF, enquanto a dispnéia foi avaliada através de uma escala analógica visual. Os resultados demonstraram que o grupo experimental teve um aumento no VEF1 de 0,12 litros e uma diminuição da dispnéia em relação ao grupo controle. O efeito sobre a CVF foi mais modesto, ocorreu um aumento médio 0,05 litros. Quando comparado aos resultados obtidos por Neumeister et al. (1999) e Lau e Jones (2008), este estudo difere quanto ao parâmetro VEF1, o qual apresentou queda assim como o índice de tiffeneau. É preciso, entretanto, ressaltar que nos estudo realizados por Neumeister et al. (1999) e por Lau e Jones (2008), os protocolos utilizaram acupuntura sistêmica ao passo que o presente estudo analisou o efeito de um microsistema como a auriculoterapia. Por outro lado este estudo concorda com Lau e Jones (2008) quanto ao parâmetro da capacidade vital. Os valores de capacidade vital lenta e forçada aumentaram após a aplicação da auriculoterapia. Vale ressaltar que as capacidades vital lenta e forçada resultam da soma da capacidade inspiratória (CI) e do volume de reserva expiratório (VRE) e, portanto ambos podem influenciar em seus resultados. Sendo assim, é possível que o aumento das capacidades vital lenta (CV) e forçada (CVF) se deva principalmente ao aumento do volume de reserva expiratório (VRE) (de 118,10% para 157,50%), uma vez que a capacidade inspiratória praticamente não se alterou (de 76,70% para 78,70%). Wu et al. (2004) compararam os resultados da acupressura em pacientes com DPOC e seus resultados demonstraram que os scores de dispnéia, função pulmonar, teste de caminhada de 6 minutos e os scores de uma escala de ansiedade melhoraram significativamente quando comparados ao grupo que recebeu acupressura placebo fora da localização dos acupontos verdadeiros. Segundo Suzuki et al. (2005) a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) implica em diminuição da função respiratória e limita as atividades diárias. Suzuki et al. (2005) aplicaram acupuntura em um paciente portador de DPOC de 66 anos, cujos sintomas eram a falta de ar em pequenas atividades do dia-a-dia. Depois de dez sessões de acupuntura ao longo de dois meses, sua distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, escala de Borg e função respiratória foram melhores. Em um novo estudo Suzuki et al. (2008) avaliou o efeito do tratamento com acupuntura tradicional e o tratamento conservador na dispnéia de pacientes com DPOC em exercício. O grupo controle (n=15) recebeu tratamento conservador apenas com medicação. O grupo experimental (n=15) realizou acupuntura uma vez por semana durante 10 semanas, além do tratamento conservador, com medicamentos. A principal XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 5 medida foi a escala de dispnéia modificada de Borg realizada após o teste de caminhada 6 minutos. Este estudo mostrou que o grupo experimental obteve melhora significativa na escala de Borg após 10 semanas. Segundo Wu et al. (2004), os pacientes com DPOC sofrem de dispnéia em seu cotidiano, e esta pode ser aumentada pela ansiedade. Técnicas como a acupressura podem promover o relaxamento e aliviar a dispnéia (Wu et al., 2004). Contudo, o presente estudo falhou em demonstrar melhora na dispnéia avaliada através da escala modificada de Borg durante o teste de caminhada de 6 minutos. O voluntário apresentou uma dispnéia de repouso moderada após as 3 semanas de tratamento se mostrando mais intensa do que inicialmente, a qual foi avaliada como leve. Entretanto, após o tratamento de auriculoterapia o paciente evoluiu de um grau moderado de dispnéia no repouso e permaneceu assim após o teste de caminhada o que difere do comportamento antes da auriculoterapia no qual o grau de dispnéia de repouso foi de leve para moderado após o exercício. in patients with chronic obstructive pulmonary disease: a randomised, placebo-controlled trial. Aust J Physiother, v. 54, n. 3, p.179-84, 2008. − NEUMEISTER et al. Effect of acupuncture on quality of life, mouth occlusion pressures and lung function in COPD. Med Klin, v. 94, n.1, p. 106-9, 1999. − OLESON, T Auriculotherapy stimulation for neuro-rehabilitation. 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Além disso, a força muscular inspiratória aumentou e a função pulmonar mostrou indícios de melhora através dos parâmetros da Capacidade Vital, Volume de Reserva Expiratória, Capacidade Vital Forçada e Pico de Fluxo Expiratório. O presente estudo não mostrou evidências de benefícios no que diz respeito a tolerância ao exercício, expansibilidade tóraco-abdominal e oximetria. Referências − BLACK, L. F.; HYATT, R. E.. Maximal respira tory pressures: normal values and relationship to age and Sex. American Review of Respiratory Disease, v. 99, p. 696-702, 1969. − COSTA D. Fisioterapia respiratória básica. 1. ed. São Paulo: Atheneu; p. 81-82,1999. − LAU KS, JONES AY. A single session of AcuTENS increases FEV1 and reduces dyspnoea XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 6