URBANO TAVARES RODRIGUES (6 de Dezembro de 1923) Nascido em Lisboa, passou grande parte da sua infância em Moura, mas não é apenas o grande escritor do Alentejo, das suas gentes e das suas paisagens, é também o romancista e contista de Lisboa e de outras atmosferas cosmopolitas que, como jornalista e professor universitário, bem conheceu, viajando por todo o mundo. Depois da escola primária, frequenta o Liceu de Camões (1934). Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa (1949), doutorando-se em 1984 com uma tese sobre o escritor Manuel Teixeira Gomes. Foi leitor de português em várias Universidades estrangeiras (Montpellier, Aix e Paris) entre os anos de 1949 e 1955, época em que se encontrava impedido de exercer docência universitária em Portugal por motivos políticos. No final dos anos cinquenta, e antes de ingressar na Faculdades de Letras, exerce a docência no Liceu de Camões, onde já fora aluno. Em Outubro de 1959 é afastado da Faculdade por motivos políticos. Depois da Revolução de 1974 retoma, em Portugal, a actividade docente. Em 1993, jubila-se como Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, continuando a exercer a docência na Universidade Autónoma de Lisboa. É membro efectivo da Academia de Ciências de Lisboa (Secção de Letras) e membro correspondente da Academia Brasileira de Letras. Autor prolífico e prestigiado da segunda metade do século XX em Portugal, a obra de Urbano, que está traduzida em diversas línguas (do francês e do espanhol ao russo, ao grego, ao romeno, ao búlgaro, ao checo, ao alemão, ao inglês, ao catalão, ao ucraniano, ao croata, ao japonês, ao italiano, ao holandês e ao chinês), tem como característica principal a tomada de consciência do indivíduo face a si mesmo e aos outros, processo que se desenvolve até ao reconhecimento de uma identidade social e política. Tem, além disso, colaboração dispersa por publicações variadas, entre as quais o Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Vértice, Nouvel Observateur, etc, tendo sido director da revista Europa e jornalista de O Século e de O Diário de Lisboa, periódicos onde fez crítica teatral. Enquanto repórter, percorreu grande parte do mundo, tendo reunido os seus relatos de viagem nos volumes Santiago de Compostela (1949), Jornadas no Oriente (1956) e Jornadas na Europa (1958) entre outros livros de viagens que mais tarde publicou. Militante comunista, o autor considera que, numa primeira fase, a sua obra foi influenciada pelo existencialismo francês da década de 50; mais tarde, na sequência da sua detenção no forte de Caxias, durante o regime ditatorial a que fez oposição, passou a revelar-se com uma literatura de resistência, a que se seguiu um novo período, mais optimista, no pós-25 de Abril. De entre os seus maiores êxitos de crítica e de público, lembramos A Noite Roxa, Bastardos do Sol, Os Insubmissos, Imitação da Felicidade, Fuga Imóvel, Violeta e a Noite, O Supremo Interdito, Nunca Diremos Quem Sois, A Estação Dourada, O Eterno Efémero, Ao Contrário das Ondas, Os Cadernos Secretos do Prior do Crato. A Última Colina, livro de contos, é a sua mais recente obra. Recebeu variados galardões literários, como o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa com a obra Uma Pedrada no Charco em 1958, Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários, Prémio da Imprensa Cultural, Prémio Vida Literária – atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores, Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco. (Biobibliografia adaptada)