'14 NAO SE RENDAM Fico sabendo que a Casa das Universitarias de Sao Paulo, ali na Rua Arthur Prado, 637, vai ser posta abaixo sem apelacao . triste . Ali residia muita alegria e muita esperanga de trinta e uma meni . . : iilias . ALL rioravan is i.i€ni :_as ql.; fu>rem ct.ri~;ada . a migrar pan das desconsoladas aldeias onde nasceram para esta cidade grande, em busca da possibilidade de continuarem se criando nutridas pela sabedoria das universidades . 9 triste o fim da Casa das Universitarias . L como se uma monstruosa pata arrancasse de uma so vez :trinta e uma floras de um jardim para, em seus lugares, plantar blocos de cimenta cinzentos e pesados . As meninas universitarias vao embora da Rua Arthur Prado 637 .. Para onde? Nao podem deixar endereCo .. Acabam com uma casa d universitarias e nao ha como erguer outra . 0 Governo nao ajuda . Nao faz . Nem por essas meninas da Rua Arthur Prado, nem pelos dez mil u . niversitarios que,, vindos de longe para estudar em Sao Paulo, vivem precariamente . Os detentores_do poder tam medo de que os meninos e as meninas morem juntos . Muito medo . . Foi por medo que acabaram com o CRUSP . E e por medo que vao acabar com a Casa das Universitarias da Rua Arhur Prado . Ali residia a alegria e a esperanga . Ali se ria, se cantava, se dancavam cirandas que falavam dowanseios de liberdade . ali se pensava . E eomo os detentore :e;do poder tinham medo do riso do canto, da danga e do pensamento das trinta a uma meninas .da Rua Arthur Prado, muitas vezes mandaram contra o riso, o canto, a danga e o pensamento das meninas, suas metrancas, seus cachorroes amestrados e seus homens, tambem amestrados . . E as meninas resistiam rindo, cantando, dangando a pensando . Agora nao da male:pra resistirem . A casa vem abaixo . .2 Trinta a uma floras vao ser arrancadas de uma vez so de um belo jardim para que, em seus lugares, sejam plantados blocos de cimento cinzentos a pesados . Todo o perfume dessas trinta floras guardaremos com ternura no coragao . E conteremos as lagrimas de sau dade a de adeus da Casa das Universitarias . E levantaremos as votes . Mil a uma vozes pedindo espago, moradia, alojamentos decentes para meninos a meninas qua pela egofsta distribuigao de renda feita pelos detentores do poder nessa nagao, se veem constrangidos a sair dos seus lares para buscar a ciencia, a filosofia s a arte, a tecnica na cidade grande, onde se concentra o capital de uma sociedade injusta. Sao dez mil, quinze mil, sea la quartos sao os estudantes qua exis- tem em Sao Paulo a qua vieram das cidades do interior vivendo precariamente . 0 qua se sabe a qua no Brasil de hoje milhares a milha- res de homens trabalham nos mais variados offcios a nas mass variadas lavouras, ganhando humilhantes salarios qua nao lhes permitem manter com dignidade suas famhlias . Esses dez mil ou quinze mil estudantes qua vieram do interior para estudar em Sao Paulo sao filhos desses trabalhadores de salarios miseraveis . Apesar de todo o sacra_ ficio qua tem qua fazer, asses meninos a meninas que rem estudar para ajudar a nagao brasileira a sair do subdesenvolvimento . Eles merecem apoio . Qua o perfume das floras arrancadas do belo jardim da Rua Arthur Prado seja o incremeflto, o incense qua leve todos os estu dantes carentes a lutarem por um direito, uma reivindicagao justa qua a uma verdadeira morada dos estudantes, uma verdadeira Casa dos Universitarios em Sao Paulo . Com afeto a carinho, pelas meninas da Casa das Universitarias da Rua Arthur Prado a .por todos os qua nao dem . 91 ran