Cláudio Góes
Ciclo do Vírus HIV
A infecção de uma célula-alvo susceptível ao HIV começa com
a adesão do vírus ao receptor CD4 da célula-alvo. O CD4 está
presente na superfície de muitos linfócitos, que são uma parte
essencial do sistema imunológico do organismo. Evidências
recentes indicam que o HIV precisa de um co-receptor para
entrar na célula. A identificação dos co-receptores do HIV e os
progressos na compreensão do processo de fusão com a célula
abriu novas possibilidades para a criação de medicamentos
antiretrovirais. Estão sendo testados alguns agentes para
prevenir a infecção através do bloqueio da fusão do HIV com a
célula-alvo.
Realizada a fusão do vírus com a célula-alvo, o HIV entra na
célula. O material genético viral (RNA) é liberado e passa pelo
processo de transcrição reversa, convertendo-se em DNA. Uma
enzima do HIV chamada transcriptase reversa é essencial para
realizar esta conversão de RNA em DNA viral. Os inibidores da
transcriptase reversa, como o AZT, foram os primeiros
medicamentos anti-HIV e continuam sendo essenciais no
tratamento de pacientes portadores do vírus. Os inibidores da
transcriptase reversa se dividem em duas classes – análogos de
nucleosídeos e não-nucleosídeos – com base na sua estrutura e
na maneira como eles inibem a transcriptase reversa.
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Uma vez que o material genético do HIV foi convertido em DNA, este DNA viral entra no núcleo, onde se integra ao material
genético da célula. A enzima integrase catalisa este processo e os inibidores da integrase estão sob estudo como um novo caminho
para o bloqueio da replicação do HIV. Depois de integrado ao material genético do hospedeiro, o HIV pode permanecer em estado
latente por muitos anos. Esta habilidade que o HIV tem de se abrigar (e de permanecer latente) em células é o maior obstáculo
para a erradicação e cura dos indivíduos portadores do vírus. Por esta razão, com base no conhecimento atual, os pacientes devem
se manter em terapia antir-retroviral por toda a vida.
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A protease quebra os
polipeptídeos em
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proteínas funcionais
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A ativação da célula-alvo resulta na transcrição do DNA viral em RNA mensageiro (mRNA), que é então traduzido em
proteínas virais. O novo RNA viral forma o material genético da próxima geração de vírus. O RNA viral e as proteínas
virais se estruturam junto à membrana da célula para formar um novo vírus. Uma das proteínas do HIV é a protease,
que é necessária no processamento de outras proteínas do HIV que, desse modo, adquirem sua forma funcional. Os
inibidores de protease estão entre os mais potentes tipos de medicamentos antivirais e atuam bloqueando esse
estágio crítico da maturação dos vírus. Após a estruturação na superfície da célula, o vírus se desprende desta e fica
livre para infectar outra célula-alvo.
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Se o ciclo do HIV não for interrompido através do tratamento, a infecção por este vírus se espalha pelo corpo e
resulta na destruição do sistema imunológico do organismo. Com os medicamentos antiretrovirais em uso, como,
por exemplo, os inibidores da transcriptase reversa e os inibidores de protease, a infecção pelo HIV pode ser
contida. No entanto, é necessário fazer muito mais para controlar a epidemia da AIDS que, pela sua distribuição em
escala global, é, na verdade, considerada uma pandemia. Um objetivo imediato importante consiste em criar
medicamentos novos, mais potentes, mais fáceis de administrar e que apresentam menos efeitos adversos. De
qualquer forma, os desafios decisivos são a utilização dos nossos conhecimentos a respeito do ciclo de vida do HIV
para desenvolver medicamentos que possam erradicar este vírus do organismo de pessoas já infectadas e para criar
uma vacina capaz de prevenir novas infecções.
Interação estabelecida entre o vírus HIV e receptores
específicos na superfície da membrana do linfócito
Lise de linfócitos T CD4 por brotamento viral
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