Escola de Pós-graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas Análise II Prof: Rubens Penha Cysne Gabarito da Lista de Exercícios 1: Cálculo de Variações e Aplicações Questão 4 a) Considere o problema maxΓ R t1 t0 F (t, x (t), x 0 (t))dt sujeito à restrição Γ = { x ∈ C 1 ; x ( t0 ) = x0 }. em que F é uma função de classe C2 . Repetindo o raciocínio da questão 1, definimos o funcional I : C1 ([t0 , t1 ]) → R, I ( x (s)) = Z t1 t0 F (t, x (t), x 0 (t))dt Supondo a existência de um ponto de máximo x ∗ ∈ C1 ([t0 , t1 ]) de I, dada uma função v qualquer de classe C1 ([t0 , t1 ]) que se anula no extremo t0 , definimos f : R → R por f (τ ) = I ( x ∗ + τv). Observe que x ∗ + τv ∈ Γ. Assim, 0 é um ponto de máximo para f e, portanto, devemos ter f 0 (0) = 0. Como a integral é feita em um conjunto compacto [t0 , t1 ], pode-se derivar dentro da integral. Avaliando em τ = 0, obtemos Z t1 t0 [ Fx (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))v(t) + Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))v0 (t)]dt = 0, em que Fx e Fx0 simbolizam as derivadas em relação às variáveis x e x 0 , respectivamente. Integrando por partes, obtemos Z t1 t0 ∗ 0∗ ∗ Fx (t, x (t), x (t))v(t)dt + Fx0 (t, x (t), x 0∗ (t))v(t)|tt10 − Z t1 t0 [ Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))]t v(t)dt = 0 e, portanto, Z t1 t0 [ Fx (t, x ∗ (t), x 0∗ (t)) − Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))t ]v(t)dt + Fx0 (t1 , x ∗ (t1 ), x 0∗ (t1 ))v(t1 ) = 0, sendo esta igualdade válida para todo v ∈ C1 ([t0 , t1 ]) que se anula em t0 . 1 Por um lado, podemos considerar, em particular, nessa classe, as funções que se anulam em t1 , o que nos remete ao caso do exercício 1, donde obtemos a equação de EulerLagrange. A partir disso, da igualdade restante Fx0 (t1 , x ∗ (t1 ), x 0∗ (t1 ))v(t1 ) = 0, basta considerarmos uma função v em Γ que não se anula em t1 para obtermos a condição de transversalidade Fx0 (t1 , x ∗ (t1 ), x 0∗ (t1 )) = 0. b) Suponha que F seja côncava. Então vale F (t, x (t), x 0 (t)) ≤ F (t, x ∗ (t), x 0∗ (t)) + Fx (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))( x − x ∗ ) + Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))( x 0 − x 0∗ ) Integrando a inequação acima, obtemos ∗ I (x) ≤ I (x ) + Z t1 t0 [ Fx (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))( x − x ∗ ) + Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))( x 0 − x 0∗ )]dt Integrando o segundo membro por partes, temos Rt I ( x ) ≤ I ( x ∗ ) + t 1 [ Fx (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))( x − x ∗ ) − Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))t ( x − x ∗ )]dt 0 + Fx0 (t1 , x ∗ (t1 ), x 0∗ (t1 ))( x (t1 ) − x ∗ (t1 )) ou seja, Rt I ( x ) ≤ I ( x ∗ ) + t 1 [ Fx (t, x ∗ (t), x 0∗ (t)) − Fx0 (t, x ∗ (t), x 0∗ (t))t ]( x − x ∗ )dt 0 + Fx0 (t1 , x ∗ (t1 ), x 0∗ (t1 ))( x (t1 ) − x ∗ (t1 )). Assim, se valem as equações de Euler-Lagrange e a condição de transversalidade, obtemos I ( x ) ≤ I ( x ∗ ), o que garante que x ∗ maximiza I. c) Análogo ao ítem b), bastando considerar a desigualdade ao contrário na primeira inequação. Questão 6 a) Seja U uma função crescente e estritamente côncava. Considere o problema R∞ max 0 e− gt U (c(t))dt onde vale a condição k̇ = f (k) − c 2 com f 0 > 0, f 00 < 0 e k (0) = k0 . Seja F (t, k, k̇) = e− gt U ( f (k ) − k̇ ). Temos Fk = e− gt U 0 ( f (k) − k̇) f 0 (k ) Fk0 = −e− gt U 0 ( f (k) − k̇) d ( F 0 ) = ge− gt U 0 ( f (k) − k̇) − e− gt U 00 ( f (k) − k̇)( f 0 (k)k̇ − k̈) dt k Assim, pela equação de Euler-Lagrange, obtemos U 00 (c)( f 0 (k )k̇ − k̈) + U 0 (c)( f 0 (k ) − g) = 0 Como o consumo c(t) satisfaz a equação ċ = f 0 (k )k̇ − k̈, podemos reescrever a equação de Euler-Lagrange como U 00 (c)ċ + U 0 (c)( f 0 (k ) − g) = 0. b) Seja f 0 (k) > g. Por Euler-Lagrange, ċ = − U 0 (c)( f 0 (k ) − g) U 00 (c) Se U 0 (c) > 0, temos ċ > 0, donde segue-se que c é crescente em t. A única possibilidade de c ser constante é caso U 0 (c) = 0. Note que podemos reescrever a equação anterior da seguinte maneira ċ = σ(c)( f 0 (k) − g), c U 0 (c) em que σ (c) = − cU 00 (c) (elasticidade de substituição intemporal). No steady state, k̇ = ċ = 0, o que reduz nossa equação a U 0 (c)( f 0 (k ) − g) = 0 Se U 0 (c) > 0, só podemos ter steady state para f 0 (k ) − g = 0. Caso U 0 (c) = 0, a relação entre f 0 (k ) e g pode ser qualquer. c) Temos ċ = cσ(c)( f 0 (k) − g) k̇ = f (k) − c 3 em que cσ (c) > 0. Seja k ss = ( f 0 )−1 ( g) correspondente ao steady state ċ = 0 e css = f (k ss ) correspondente ao steady state k̇ = 0. Caso f 0 (k ) > g, devemos ter ċ > 0. Da mesma forma, caso f 0 (k) < g, ċ < 0. Como f 0 > 0 e f 00 < 0, temos que o gráfico correspondente ao steady state k̇ = 0 é dado por c = f (k), isto é, é crescente e côncavo. Por outro lado, temos uma reta vertical passando por k ss correspondente a ċ = 0. Assim, o ponto de encontro dos dois gráficos (steady state do sistema) é um ponto de cela. Questão 8 4 a) Linearização: Daí, · k̇ ċ · " ¸ ∼ = · · ¸ · = f (k) − c cσ(c)( f 0 (k) − g) f 0 (k ss )[k − k ss ] − [c − css ] css σ (css ) f 00 (k ss )[k − k ss ] + Como f 0 (k ss ) = g, Assim, k̇ ċ k̇ ċ k̇ ċ ¸ · ∼ = ¸ · ∼ = ¸ # d(cσ(c)) 0 ( f (k ss ) − dc f 0 (k ss )[k − k ss ] − [c − css ] css σ (css ) f 00 (k ss )[k − k ss ] f 0 (k ss ) −1 css σ (css ) f 00 (k ss ) 0 ¸· g)[c − css ] ¸ k − k ss c − css ¸ b) Seja a := f 0 (k ss ) e b := css σ (css ) f 00 (k ss ). · ¸ · ¸· ¸ a −1 k − k ss k̇ ∼ = b 0 c − css ċ isto é, ½ k̇ ∼ = a[k − k ss ] − [c − css ] ċ ∼ = b[k − k ss ] (1) (2) Derivando em (1) substituindo por (2), obtemos k̈ − ak̇ + bk ∼ = bk ss . Uma solução para a EDO acima é a soma da solução da equação homogênea correspondente com uma solução particular. Para a equação homogênea, devemos resolver λ2 − aλ + b = 0 donde segue que √ a2 − 4b 1 . 2 Como claramente k(t) = k ss é uma solução particular, temos que a solução geral é dada por k(t) = k ss + c1 eλ1 t + c2 eλ2 t λ= a± Para que limt→∞ k(t) = k ss , devemos ter c2 = 0. Se k(0) = k0 , temos c1 = k0 − k ss e, assim, k (t) = k ss + (k0 − k ss )eλ1 t 1 Afirmamos que λ1 < 0 e λ2 > 0. De fato, λ1 λ2 = css σ(css ) f 00 (k ss ) < 0 e λ1 + λ2 = f 0 (k ss ) > 0. 5