Quinta-feira, 24 de julho, 2014 Brasil Econômico 11
Divulgação
CARNE DE FRANGO
Custos de produção devem cair
Os custos de produção da carne de frango no Brasil devem ceder no
segundo semestre, com perspectiva de preços menores de grãos,
beneficiando a indústria no período de demanda mais forte, segundo
o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA),
Francisco Turra. O milho e o farelo da soja representam cerca de 70%
do custo total de produção de frango no Brasil. Reuters
Geraldo
Alckmin, em
visita à reserva
Jaguari/Jacareí
Falta d’água pode
entrar nas eleições
Relatório aponta que volume de água disponível no Sistema
Cantareira não será suficiente para atender a demanda
prevista pela Sabesp até o final de novembro
Patrícia Büll
[email protected]
São Paulo
Se o consumo de água na região
metropolitana de São Paulo continuar exatamente como está, e o
volume de chuva for o mesmo de
junho — quando a vazão afluente
(volume de água que chega aos reservatórios) foi de apenas 46% da
mínima histórica — o volume de
água disponível no Sistema Cantareira não será suficiente para atender à demanda prevista pela Sabesp até 30 de novembro.
A informação faz parte do relatório do Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Sistema
Cantareira (Gtag), integrado pela
Agência Nacional de Águas
(ANA), pelo Departamento de
Água e Energia Elétrica (DaeeSP), além da própria Sabesp. No relatório, a ANA e o Daee recomendam, inclusive, que a Sabesp “estude e viabilize medidas de restrição de uso para usuários localizados nas bacias PCJ e Alto Tietê”.
Assim, o risco da falta d'água
pode entrar na disputa para o governo estadual no final do primeiro turno da campanha eleitoral, e
com mais força num eventual segundo turno, que terá a propaganda eleitoral realizada em outubro.
“A falta de água pode impactar
negativamente na campanha de
reeleição do governador Geraldo
Alckmin. Mas como até agora não
houve nenhum problema mais sério de desabastecimento, isso ainda não se refletiu nas pesquisas de
intenção de voto”, diz Cristiano
Noronha, vice-presidente da consultoria Arko Advice.
Ele lembra que na mais recente
pesquisa Datafolha o governador
do PSDB tinha 47% das intenções
de voto na capital e 58% no interior do estado. “Se houver racionamento nas cidades do interior, o
efeito negativo nas intenções de
voto seria ainda maior, pois na capital a preferência pelo governador já é menor", aponta Noronha.
Se confirmado um racionamento, diz Noronha , os outros candidatos teriam de potencializar o fato e apontar a falta de água como a
marca do governo do PSDB. “Nesse caso, acredito que o beneficiado seria o candidato do PMDB,
Paulo Skaf, já que a rejeição a Alexandre Padilha (candidato do PT)
é muito grande”.
Opinião semelhante tem o consultor político Gaudêncio Torquato. “O voto de São Paulo é contra o
PT, por isso a candidatura do Padilha não consegue decolar. De qualquer forma, o Paulo Skaf ainda é
desconhecido da maioria da população. Portanto, num eventual racionamento, talvez o Padilha consiga ganhar a simpatia de uma parcela de eleitores”, diz.
Ainda assim, afirma Torquato,
os candidatos terão que denunciar Alckmin como um gestor que
não previu ou que não investiu para aumentar a capacidade dos reservatórios, de uma forma que o
eleitor o identifique como culpado por uma eventual falta d'água.
“Explicação técnica não chega ao
eleitor. Ou ele vê o governador como culpado, ou vai harmonizar a
situação, porque tende a ver que o
governador não é culpado pela falta de chuva”, salienta o consultor.
Culpado ou não, o fato é que algumas regiões da capital paulista
e cidades do entorno já vivem um
“racionamento mascarado”. Balanço parcial da campanha “Tô
sem água”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), mostra que de 26 de
“
Explicação técnica não
chega ao eleitor. Ou ele
identifica o governador
como culpado, ou vai
harmonizar a situação
porque tende a ver
que o governador
não é culpado
pela falta de chuva”
Gaudêncio Torquato
Consultor político
junho a 10 de julho foram registrados 178 relatos de falta de água em
São Paulo. Na maioria dos casos
(74%), a escassez aconteceu no período noturno, seguido por manhã (16%), durante o dia (13%) e
no período da tarde (4%).
Em nota, a Sabesp diz que garante o abastecimento até março
de 2015, dizendo que, para isso,
adotou várias medidas desde o
fim do ano passado, como “transferência de vazões dos sistemas Alto Tietê, Rio Grande e Guarapiranga para atender áreas que são abastecidas pelo Cantareira e utilização da reserva técnica das represas Jaguari/Jacareí e Atibainha”.
Para o CEO da empresa de soluções ambientais Nova Opersan,
Sergio Werneck, o risco de essa situação se tornar recorrente só vai
dimunuir quando houver mudança no modelo utilizado. “Hoje,
busca-se água limpa onde ela estiver para construir um sistema de
reservação e distribuição. Precisamos adotar modelos que privilegiam soluções sustentáveis”, diz.
Ou seja, que preservem as fontes
atuais através do tratamento de
efluentes e recuperação dos rios
de um modo em geral.
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