676 Lizandra Andrade Nascimento & Gomercindo Ghiggi soas, seus interesses e opiniões distintas, como a igualdade que possuem enquanto cidadãos, ou seja, a solidariedade e a reciprocidade que cultivam como politicamente iguais. Segundo Aguiar (2001, p. 76-79), a noção de pluralidade pode ser lida, na autora, numa perspectiva político-filosófica: por um lado se opõe às pretensões unicistas, à idéia contemplativa de um denominador comum e fundamento último, garantia, causa e critério de todas as dimensões do real e da vida, ao mesmo tempo em que – por outro lado – é ressaltada a convivência entre os homens como base dos organismos políticos e como campo apropriação à individualização. A pluralidade é a condição básica da ação e do discurso, tem o duplo aspecto da igualdade e diferença. Por serem iguais os homens podem compreender-se entre si e aos seus ancestrais e por serem diferentes necessitam da ação e do discurso para se fazerem entender. A isonomia embutida no conceito arendtiano de pluralidade considera, assim, a ação como a possibilidade dos homens viverem distintos e singulares entre iguais; eles não são por natureza iguais, tornam-se tais na esfera pública, na qual é dada a todos a possibilidade de iniciar uma ação e de se fazer compreender através do discurso (AGUIAR, 2001, p. 79). Estender essas noções ao campo da educação pode significar que, educar para a cidadania implica desenvolver o hábito de um pensar compreensivo, de uma atividade de pensamento e juízo hábil, de um saber mover-se na brecha do tempo e da tradição. Não se trata, portanto, como expresso em muitos discursos pedagógicos atualmente, em preparar as crianças para a cidadania ou para transformar o mundo. Trata-se, pois, de possibilitar o exercício do pensar e compreender o mundo em que se inserem, respeitando a tradição que as antecede e, ao mesmo tempo, trazendo à tona a novidade que as caracteriza. Nesse sentido, Arendt concebe a compreensão como um exercício reflexivo no marco da ruptura da tradição. A autora I Seminário Internacional de Direitos Humanos e Democracia Os Direitos Humanos e a sua Proteção 25 e 26 de abril de 2013