Texto: Cláudio Custódio “Bioma é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de homogeneidade. São as comunidades biológicas, ou seja, as populações de organismos da fauna e da flora interagindo entre si e interagindo também com o ambiente físico chamado biótopo.” wikipedia Formações vegetais no Brasil As formações vegetais são as partes que mais caracterizam os biomas, estes se formam a partir da interação entre solo, relevo, clima, fauna, flora, hidrografia e outros. A partir desta análise podemos identificar uma grande variedade de formações pelo planeta, como florestas equatoriais, tropicais, desertos, savanas, campos... Em linhas gerais é possível identificarmos características comuns mundo afora. Apesar da homogeneização dos biomas, cada formação no planeta apresenta espécies especificas da área. Por exemplo, a savana africana é muito parecida com o cerrado brasileiro, porém apresentam características particulares que a diferenciam. Infelizmente a maior parte das áreas naturais do planeta passa por algum grau de destruição e o Brasil não é diferente. Para termos uma ideia, cerca de 95% da mata Atlântica já foi destruída e o mesmo aconteceu com a Mata de Araucária. Cada uma destas unidades sofreu com ação humana a partir de algumas características especificas da economia, portanto é necessário que identifiquemos os responsáveis pelo desmatamento, assim como os principais impactos ambientais e os problemas mais comuns nestas áreas. Atualmente ao discutir a questão ambiental é importante que fique clara as condições socioeconômicas da área. O mapa abaixo identifica as principais formações vegetais do Brasil: Fisionomia geral da vegetação: - Perene (do latim perenne, “perpetuo”): folhas que apresentam folhas durante todo o ano; - Caducifolia, decidúa (do latim deciduus, “que cai, caduco” ou estacionais): plantas que perdem as folhas em épocas muito frias ou secas do ano; - Xerófilas (do grego xêrós, “seco, descarnado, magro): plantas adaptadas à aridez; - Higrófilas (do grego hygrós, “úmido, molhado”): plantas, geralmente perenes, adaptadas a muita umidade; - Acicufoliadas (do latim acicúla, “alfinete, agulhinha”): folhas com formato de agulha, sendo menor, apresenta menor transpiração e maior é a retenção de água; - Latifoliada (do adjetivo lato, “largo, amplo”): folhas largas, com maior evapotranspiração); - Tropofilas (do grego tropos, “volta, giro”): plantas adaptadas a estação seca e outra úmida. Floresta amazônica A floresta Amazônica assombra pelos seus números, são cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, ocupando 60% do território do Brasil, a área inclui territórios pertencentes a nove países e no Brasil esta presente nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins. É a maior floresta intertropical do planeta e com a maior biodiversidade, além de possuir 1/5 da água doce do planeta, na Bacia Amazônica, que por sinal é maior do mundo. Os danos ambientais também são grandiosos especula-se que entre 15 e 20% da floresta já tenha sido devastado, principalmente pela expansão da pecuária bovina e da soja, mas com atuação determinante também de mineradoras, garimpeiros, madeireiras e construção de estradas, como por exemplo a Transamazônica (que por sinal nunca foi concluída, representando mais um “elefante branco” para nosso país). Trecho da Transamazônica, ideal para aventureiros. As principais características desta floresta dizem respeito a influencia da umidade na região, por isso ela também é denominada de floresta pluvial, devido ao alto índice pluviométrico. É também uma floresta perene, pois mantém as folhas verdes ao longo do ano, justamente por ser higrófila. Possui folhas latifoliadas que contribuem para a liberação da umidade e da formação do clima úmido na região. Devemos ainda lembrar que o solo da Amazônia é bastante profundo (devido ao intemperismo químico) e lixiviado (pelo alto índice pluviométrico), além de ser ácido. A floresta ainda sofre uma divisão, com relação às áreas inundadas, sendo dividida em três estratos, que por sua vez são influenciadas diretamente pela variação do relevo composta basicamente de planícies e planaltos de baixa altitude: Cortesia do professor Agenor Pichinni - Mata de igapó: são as áreas permanentemente alagadas, influenciadas diretamente pelos rios, como mostra a figura. Observe ainda que as árvores são de pequeno porte e com um menor numero de espécies. - Mata de várzea: a vegetação nesta área fica periodicamente inundada, é basicamente uma área de transição entre a mata de igapó e a mata de terra firme. - Mata de terra firme: esta área nunca fica inundada, e as espécies atingem elevada altitude. Neste ambiente são comuns as plantas ombrófilas, que se desenvolvem na sobre das árvores de maior pote, que podem chegar a 60 metros de altura. Amazônia legal Área crida por lei em 1966, com o intuito de delimitar a floresta amazônica para a execução de políticas públicas e investimento econômico na região. Ela abrange todos os estados da região norte (IBGE), parte oeste do Maranhão, na região nordeste e a maior parte do Mato Grosso, na região Centro-Oeste. A seguir o mapa da área: Impactos ambientais A exploração predatória e ilegal vem devastando o bioma, os principais responsáveis pela destruição são os projetos agropecuários, em especial a soja, a criação de gado, o desmatamento pelas madeireiras, as hidrelétricas (embora tragam um retorno importante para economia, geração de energia) e a própria biopirataria. Mata Atlântica A Mata Atlântica apresenta basicamente as mesmas características da floresta amazônica, tais como: alto pluviosidade (pluvial), latifoliada, perene e higrófila, porém é uma floresta tropical, enquanto a Amazônica é equatorial. A mata se estendia originalmente do litoral oriental do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, penetrando na região Sudeste com bastante amplitude. Infelizmente é o bioma que mais sofreu agressão humana no Brasil, restando cerca de 7% da mata original. A expansão urbana foi determinante para destruição da mata, assim como o ciclo da cana de açúcar que historicamente alterou a paisagem da área mostrada no mapa, na região sudeste o café foi o grande responsável pelo desmatamento. Observem que a maior parte das cidades brasileiras mais importantes estão na área da mata atlântica. Obs. Quando usamos a classificação em domínios morfoclimáticos, denominamos essa área de Domínio dos Mares de Morros. Caatinga Do tupi-guarani, “mata branca”, pois no período das estiagens a paisagem perde as folhas ( a cor verde) e fica como na imagem a acima, predominando uma tonalidade entre o branco e o cinza claro. São plantas xerófilas, pois possuem espinhos para diminuir a evapotranspiração e caducifólias, perdem as folhas na estação seca. Três plantas comuns na caatinga são o mandacaru, o xique-xique e a palmatória, esta última muito usada nos períodos de estiagem como ração para o gado. Uma característica muito curiosa é a mudança de paisagem de forma repentina logo que se inicia a estação chuvosa, no período do verão. Rapidamente as folhas aparecem, e brotam flores. Infelizmente cerca de 50% de sua área foi desmatada, em grande parte para ser usada como lenha pela população sertaneja, mas também em atividades mais agressivas ao meio ambiente como na produção de cerâmicas (nas olarias) e a produção de cal, na queima do calcário. Quando falamos e discutimos a caatinga, a ignorância impera. A maioria das pessoas simplesmente desconhece a importância e a biodiversidade deste bioma. Um dos problemas mais sérios a atingir o sertão nordestino é o processo de desertificação. Este processo se refere a degradação do solo, em áreas de clima árido, semiárido e subumido seco, com danos a flora e a fauna, além de comprometer a expansão de áreas agrícolas. Cerrado Esta localizada em grande parte no planalto central Brasileiro, cerca de 45% da sua área foi desmatada pela criação de gado bovino e mais recentemente através da expansão da soja. As queimadas (foto) também são responsáveis pela devastação, embora muitas vezes sejam naturais, no período do inverno, quando as chuvas cessam por completo e o clima fica muito seco. Lembrando que o clima da parte central do país, é o tropical típico, com chuvas no verão e estiagens no inverno. Inclusive nos períodos de chuva, o cerrado funciona como uma grande esponja, drenando a água para várias bacias hidrográficas. A vegetação é caducifólia, com raízes profundas, arbustos e árvores de pequeno e médio porte espaçadas umas das outras, com galhos retorcidos e casca grossa, que dificulta a evapotranspiração. Exemplos típicos são o pequizeiro e o buriti, mas uma de suas grandes características são as gramíneas. Mata de Araucária ou Mata de Pinhais É uma floresta pluvial subtropical, apresenta elevado grau de desmatamento, restando cerca de 7% da área original. É uma floresta homogênea com o predomínio da araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná, ou pinheiro-brasileiro. O clima da área é o subtropical, com índice pluviométrico superior a 1000 mm anuais. A sua destruição foi motivada pela indústria madeireira, que utilizou este recurso para a construção civil e para a indústria de móveis. Apresenta folhas acicufoliadas, folhas finas. Pantanal O pantanal brasileiro faz parte de uma formação maior denominada chaco, no Brasil esta localizada entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, engloba ainda o norte do Paraguai e o leste da Bolívia. É uma grande planície inundável, que possui vegetação rasteira e espécies da floresta tropical, apresenta uma biodiversidade incrível, com destaque para a fauna, não é a toa que considerada pela UNESCO, Patrimônio Natural da Humanidade. O clima contribui decisivamente para os alagamentos, com o verão chuvoso e o inverno seco. Os principais impactos ambientais são a erosão e o assoreamento dos rios, além da contaminação por agrotóxicos usados na agricultura. A seguir a descrição da interação clima-relevo segundo a wikipédia: “O Pantanal vive sob o desígnio das águas: ali, a chuva divide a vida em dois períodos bem distintos. Durante os meses da seca — de maio a outubro, aproximadamente — , a paisagem sofre mudanças radicais: no baixar das águas, são descoberto campos, bancos de areia, ilhas e os rios retomam seus leitos naturais, mas nem sempre seguindo o curso do período anterior...As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso e são facilmente absorvidas. De novembro a abril as chuvas caem torrenciais nas cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à rebrotação de inúmeras espécies resistentes à falta d'água dos meses precedentes. Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo alagamento do solo, são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, formando baías de centenas de quilômetros quadrados, o que confere à região um aspecto de imenso mar interior.” Pampa É uma vegetação formada basicamente por gramíneas, formações rasteiras ou herbáceas. Estas formações se desenvolvem em áreas de clima seco, inundáveis, solos arenosos, ou ainda em áreas de clima frio, pode ser encontrada em boa parte do território brasileiro, pois acaba crescendo sobre as áreas desmatadas. Porém o Pampa especificamente esta localizado no extremo sul do Brasil e faz parte de uma formação que engloba Argentina e Uruguai. Historicamente vem sendo usada para a criação de gado e mais recentemente para a agricultura mecanizada. Mata de cocais A mata de cocais se desenvolve em áreas úmidas, e esta concentrada no território brasileiro na sub-região nordestina do Meio-Norte, principalmente no Estado do maranhão. A vegetação é homogênea com predomínio do babaçu e em menor grau da carnaúba, área em que esta concentrada representa uma formação de transição entre dois grandes domínios morfoclimáticos, a caatinga e a floresta amazônica. As palmeiras que compõem a sua paisagem podem chegar a vinte metros de altura e apresentam ampla utilidade econômica, inclusive caracterizando a economia daquela área, através do extrativismo vegetal do óleo de babaçu e da cera da carnaúba, que inclusive na região é conhecida como a árvore da providência por sua ampla utilidade no setor de cosméticos, construção e artesanato. Atualmente vem perdendo espaço para o avanço da soja. No Rio Grande do Norte podemos observar ao longo dos principais rios do Estado (o Piranhasassú e o Apodi-Mossoró) a mata de cocais, esta se aproveita da maior oferta de água e se desenvolve nas margens dos rios. Curiosamente a carnaúba compõe a bandeira do nosso estado, junto com um coqueiro. Vegetação litorânea Mangue Restinga Ao longo do litoral brasileiro podemos encontrar duas formações vegetais litorâneas; os manguezais e as restingas. O mangue é uma vegetação desenvolvida nos estuários dos rios de grande resistência as adversidade naturais devido a grande variação de maré e a salinidade da água do mar. Porém, as condições criadas em termos de salinidade, temperatura e Ph da água contribuem para ser um berçário marinho, onde ocorre a reprodução de um grande numero de espécies de crustáceos, peixes e moluscos. A flora é homogênea (baixa diversidade) e halófila (adaptada ao sal do mar), além de ser arbórea e arbustiva, com as raízes ficando expostas durante a maré baixa, por isso recebendo a denominação de raízes aéreas, ou escoras. O avanço da urbanização e a expansão dos viveiros de camarão (construídos nos estuários) contribuíram nos últimos anos para a destruição desta vegetação, que como já foi dito é essencial para o ecossistema marinho, devido a ser uma área de reprodução. Uma outra questão a ser levantada é a pesca predatória que contribui pra o desaparecimento de espécies, como a do caranguejo, que é proibida no período de defeso (reprodução), mesmo assim é feita de forma criminosa. A restinga é a vegetação que acompanha o nosso litoral nas praias e dunas, é extremamente resistente as condições ambientais de alta salinidade, com baixo teor de nutrientes e solos arenosos. É uma formação rasteira que diminui o transporte de sedimentos, devido as suas raízes com forte poder de fixar os solos arenosos. Um exemplo claro da importância da restinga é o movimento das areias nas dunas, estas se caracterizam como fixas e móveis, as fixas diminuem o transporte de material graças a vegetação. Mata galeria ou mata galeria Ao longo dos rios é formado um solo rico em nutrientes, o solo aluvial. A água do rio torna o solo úmido, criando condições para o desenvolvimento dessa mata. Esta vegetação é essencial para diminuir o transporte de sedimentos para o leito do rio, evitando assim o assoreamento. Na medida em que essas áreas são desmatadas para atividades agrícolas e da pecuária o rio recebe uma quantidade de sedimentos superior a que tem capacidade de transportar, o resultado é o assoreamento. OBS. Capão Formações arbóreas arredondadas comuns em baixas depressões, ou em planícies, em meio a áreas de campos. Referências MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2010. http://www.cpap.embrapa.br/flora.html http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.rbma.org.br/anuario/images/mapa_dma_rem.jpg&i mgrefurl=http://www.rbma.org.br/anuario/mata_02_dma.asp&usg=__GfNwIEIa6l69cbggS8M5ZYz0Ao=&h=389&w=397&sz=26&hl=ptBR&start=7&sig2=qZNFw6ezQQj5QTW4sVoPxQ&zoom=1&tbnid=5mRi8W4ekaV6LM:&tbnh=122&tbnw=1 24&ei=nCqUT--GAoGX6QGg1oCbBA&itbs=1 http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://educar.sc.usp.br/licenciatura/trabalhos/ama2.jpg&imgref url=http://educar.sc.usp.br/licenciatura/trabalhos/mataatl.htm&usg=__TwZnllaHEhk1aiDd1TP9sSFTnj8=& h=176&w=226&sz=16&hl=ptBR&start=4&sig2=h3GaGHdZ61tRRdyIs2MKxw&zoom=1&tbnid=gL_3yeGBMNunLM:&tbnh=84&tbnw=108 &ei=nCqUT--GAoGX6QGg1oCbBA&itbs=1 http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/_5f8TWVrIi64/SubbpVLteMI/AAAAAA AAC5w/nQIJY9_nMf8/s400/mata-ciliar-.jpg&imgrefurl=http://domescobar.blogspot.com/2009/10/vocesabe-o-que-e-uma-mataciliar.html&usg=__78GubRK7mxQnzduAssu9fqJsGaU=&h=300&w=400&sz=46&hl=ptBR&start=7&sig2=nQbOTqMrp0QvVSag_WYQw&zoom=1&tbnid=sR4camz5V8yXQM:&tbnh=93&tbnw=124&ei=gSqUT4SlDonk 6QH-zIGRBA&itbs=1 http://mundoverde.com.br/blog/tag/floresta-amazonica/ http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/biomas.htm http://restingaviva.blogspot.com.br/ http://www.brasilescola.com/brasil/mata-dos-cocais.htm http://www.desconversa.com.br/geografia/tag/biomas-cerrado/