4 REGIÃO CARBONÍFERA, TERÇA-FEIRA, 22 DE MARÇO DE 2011 [email protected] - (51) 3651.4041 OPINIÃO O Dia da Água Embora com poucos registros, tanto na mídia nacional como na internacional, o fato é que hoje estamos comemorando o Dia Mundial da água. Talvez em função em ocupar, quase que diariamente, lugar de destaque nos meios de informação, á água e sua utilização pela sociedade humana tem sido alvo de celeumas e disputas renhidas em cada canto deste planeta. Entre nós, gaúchos, não tem sido muito diferente. Não são nem um pouco raros os embates envolvendo questões cruciais , como captação e distribuição desse produto, que têm nos levado a incertezas futuras (nem tão futuras assim) sobre como continuaremos tendo esse precioso líquido em nossas casas. Sendo extremamente escassa já nos dias atuais – menos de 1% dela está disponível para consumo humano, no planeta, enquanto a população terrestre cresce assustadoramente a cada ano- a água, no Rio Gran- (...) há supostos de do Sul, tem ge- interesses para rado crises que se estendem da pes- que a captação e quisa por mais fon- distribuição da tes hídricas eficientes ao evidente água venha a ser sucateamento das privatizada. instituições estatais (principalmente no que se refere àquela controlada pelo governo do Estado, a Corsan) que penam pelos parcos investimentos das administrações públicas nelas. Por outro lado, há, também, o viés de que tudo isso possa ser proposital, visto que há supostos interesses para que a captação e distribuição da água venha a ser privatizada. A se confirmar tal hipótese, teremos algo realmente preocupante, na medida em que, sendo um bem público de vital importância para a sobrevivência do homem, o controle do consumo de água nas mãos de empresários forçosamente sofrerá distorções que, evidentemente, atingirão setores muito vulneráveis da sociedade gaúcha. Por certo, as preocupações com o lucro interferirão sobremaneira e a qualidade na distribuição do produto passará a depender, fundamentalmente, do poder econômico de cada segmento social, estabelecendo-se, então, uma desigualdade absurda diante do uso de um bem natural que é (e deve ser) de todos. A não ser pela importância de enfatizar que precisamos estar plenamente cientes de que a água é, sim, o bem maior e fundamental para a vida terrestre como um todo, o dia de hoje traz o peso de uma grande e profunda reflexão, ato esse que requer de todos nós a capacidade de sermos sensíveis e equilibrados em nossos projetos frente ao frágil ambiente natural de que dispomos. Portal-373.p65 4 Editor: Marcos Barbosa - (51) 8401.2309 No Twitter: @colunadoaranha Colaboram: Renato Miller, Rodrigo Ramazzini, Susana Martins e Viviane Bueno Cortes no orçamento preocupam prefeitos Segundo a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) os prefeitos estão “alarmados” com os cortes no Orçamento da União. Ela observou que até obras em andamento devem ser atingidas e alguns prefeitos já recorrem à Justiça para que a Caixa Econômica libere as verbas, e citou o exemplo do prefeito de São Jerônimo, Marcelo Schreinert (PP), que lhe contou que já esteve 18 vezes em Brasília desde que iniciou o mandato para tratar de assuntos referentes à liberação de recursos federais, principalmente emendas parlamentares, consideradas única fonte de dinheiro para investimentos. Ana Amélia destacou dos R$ 50,2 bilhões que o governo cortou no Orçamento, R$ 15 bilhões foram retirados de investimentos, sobretudo de emendas parlamentares destinadas a estados e municípios. Além disso, observou que os municípios também serão prejudicados com a revisão para baixo das receitas líquidas projetadas no Orçamento. Queda no FPM A previsão é de que os repasses para o Fundo de Participação de Municípios (FPM) caiam pelo menos R$ 1,3 bilhão, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Os municípios também estão preocupados com os limites anunciados para o pagamento de “Restos a Pagar” (RP), despesas de orçamentos anteriores que deveriam ser executadas esse ano. Haveria R$ 128 bilhões pendentes, dos quais R$ ISAÍAS 28 bilhões destinados aos municípios, entre Restos a Pagar processados e não processados, os primeiros referentes a obras em andamento. Para Ana Amélia, os municípios são vítimas de arranjo federativo em que a União concentra a maior parte dos tributos. Ainda segundo ela, é preciso rever o pacto federativo para que os prefeitos não continuem com o pires na mão, pedindo sempre a benção do poder central. Muitas vezes, muitos municípios pequenos do Brasil só recebem recursos adicionais, aqueles formais, através das chamadas emendas parlamentares, tão criticadas. “Nós precisamos avançar aqui no Congresso Nacional e realmente fazer o novo pacto federativo, em que o orçamento seja um orçamento impositivo”, disse. Reeleição - Avança no Senado o projeto que acaba com a reeleição de presidente, governador e prefeitos, estendendo o mandato para cinco anos. E por que não mudam as regras para senadores, deputados e vereadores também? Poderia ser uma forma de acabar com os políticos profissionais. Lombadas I - Vereadores de Triunfo protestam contra as fraudes nos processos de licitação das lombadas eletrônicas. Devem estar de brincadeira. Se tem alguém que não tem legitimidade para protestar contra fraudes são os nobres edis triunfenses. E, justamente por isso, a população segue sem lombadas na BR386 e na RS 440. Lombadas II - A vereadora Eleaine Pereira, que dia desses elogiou o vereador Fábio Wrasse (aquele mesmo), reclamou: “Estão colocando lombadas onde não há nem rua!”. Ora, se colegas seus participam de cursos no quais não há aulas e ainda são elogiados, ela vai reclamar de quê? Concurso Público: da expectativa à nomeação térios de conveniência, oportunidade e necessidade para nomear, O ingresso no serviço público sinalizando que estes critérios gaatravés de concurso público tem o nhavam um caráter subjetivo e, incondão de selecionar os melhores variavelmente, pessoal e políticocandidatos de maneira impessoal e partidário, possibilitando assim, a garantir que todos tenham as mes- nomeação ou a preterição da nomas chances de obter os cargos pú- meação, segundo seu interesse. Constatado pelo Judiciário o blicos previstos no edital do conexcessivo poder do Administracurso. Diz a Constituição Federal, art. dor, nesta questão, os tribunais 37, inciso II: “A investidura em car- têm aperfeiçoado suas decisões garantindo, efetivago ou emprego público mente, que os condepende de aprovação cursos públicos se prévia em concurso a aprovação tornem um procespúblico de provas ou de provas e títulos, de em concurso so seletivo que permite o acesso a caracordo com a natureza e a complexidade do público gera go público de modo amplo e democráticargo ou emprego, na co através de um forma prevista em lei, direito à ressalvadas as nomea- nomeação ou procedimento impessoal onde é asções para cargo em cosegurada igualdade missão declarado em contratação de oportunidades. lei de livre nomeação e O Poder Judiexoneração”. Esta forma democrática em que ciário, em recente jurisprudêné assegurada a igualdade de opor- cia tem se orientado no sentido tunidade a todos os interessados é de que a aprovação em concuruma exigência constitucional que so público gera direito à nomevem sendo aperfeiçoada pelos tri- ação ou contratação na hipótese de o candidato ter sido aprobunais ao longo do tempo. Em passado recente, o candida- vado e classificado dentro do to aprovado em concurso público número de vagas anunciado no não tinha o direito à nomeação, edital de convocação, ou seja, apenas a mera expectativa desse di- não mais tem tão somente uma reito, podendo o administrador pú- expectativa de direito de nomeblico, através do seu poder discri- ação para o cargo a que concorcionário, praticar ou não o ato ad- reu e foi classificado, mas tem ministrativo de nomear o o direito subjetivo a sua nomeação. concursado. O Administrador Público tinha, portanto, a liberdade de adotar cri- (*) Advogado Carlos Fogaça Maidana (*) 22/3/2011, 15:40 O não de Obama Lino Tavares * “Nunca antes na história deste país”, a visita de um presidente dos Estados Unidos tinha sido tão polêmica, como essa que Barack Obama fez a Brasília. Como se estivesse pisando em solo inimigo, a segurança do presidente americano usou de um rigorismo que acabou irritando ministros do país visitado. Guido Mantega (Fazenda), Edson Lobão (Minas e Energia), Aloizio Mercadante (Ciências e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), inconformados com o fato, desistiram do Encontro de Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos, deixando de assistir ao pronunciamento de Obama. Esse rigor dos agentes de segurança americanos, queiramos ou não, justifica-se de certo modo, considerando a imagem de país violento, dominado pelo crime organizado, que infelizmente temos exportado para todos os quadrantes do planeta. Vale lembrar ainda que os americanos não esqueceram o assassinato, em solo brasileiro, do capitão do Essa postura exército dos Estados Unidos, Charles Rodney Chandler, em nada feliz da 1968, quando era estudante bolsista em São Paulo e foi execu- presidente (...), tado por terroristas de extrema esquerda, como se fosse agente foi uma atitude da CIA, alguns dos quais hoje ingênua ocupando postos importantes no governo brasileiro. Outro fator negativo verificado nessa visita de Obama a Brasília recai no fato de a presidente Dilma ter solicitado apoio dos Estados Unidos para a inclusão do Brasil no Conselho Permanente de Segurança da ONU, pouco tempo depois de o nosso país ter se negado a votar favoravelmente à resolução da Organização das Nações Unidas, que determinou um providencial bloqueio aéreo na Líbia, visando a salvar vidas inocentes, nos ataques das tropas do ditador Muammar Kadafi, contra os rebeldes que lutam por liberdade. Essa postura nada feliz de nossa presidente, que praticamente arrancou um sonoro “não” do presidente americano, foi uma atitude ingênua, considerando a inoportunidade do momento para um pleito dessa natureza. Revelou falta de estatura de chefe de estado por parte de Dilma Rousseff, o que de certa forma não surpreendeu, visto tratar-se de uma cidadã exercendo a mais alta magistratura da Nação, sem antes ter ocupado sequer uma cadeira de vereadora em qualquer dos cinco mil e poucos municípios do país que dirige. (*) jornalista - [email protected]