Discurso
Deputado
(PPS/MS),
proferido
GERALDO
em
pelo
RESENDE
sessão
no
dia
17/08/2005.
CÃES E GÁS PIMENTA: O CREPÚSCULO IDEOLÓGICO
DO PT.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
O ingrediente que faltava acaba de ser
adicionado à formula do crepúsculo ideológico do Partido dos
Trabalhadores.
Primeiro foi na economia, onde satanizou o
neo-liberalismo e acabou mantendo seus piores aspectos ao
assumir as rédeas do governo. Depois foi o discurso da ética
na política, que dia-a-dia se revela cada vez mais distante de
suas práticas. Agora vejam: o Partido dos Trabalhadores, de
base sindical, atiça cães e arremessa gás pimenta para
reprimir uma pacífica manifestação de funcionários públicos
do Mato Grosso do Sul.
A tática do “empurra” entre Governo Federal e
PT nacional está sendo perfeitamente repetida na esfera
estadual.
Ocorre que, no último dia 11 de agosto, a
Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso
do Sul (Fetems), tradicional reduto petista, capitaneou mais
de mil servidores em manifestação pelo uso de recursos a
serem creditados ao Governo Estadual como compensação
pelo despendido no Ipemat (Instituto de Previdência do Mato
Grosso)
e
pela
capitalização
do
MS-Prev
(Fundo
Previdenciário), para reajustar salários dos administrativos da
educação e paridade no pagamento da contribuição da Caixa
de Assistência dos Servidores.
Após
ter
reprimido
a
manifestação
com
truculência digna dos anos de chumbo, o Governo Petista
divulgou nota onde defendeu a atitude da Polícia Militar, num
inequívoco gesto de confissão de sua intenção de aplicar a
força naquilo que antes praticavam a granel.
Pode até ser curioso, mas o Governo do Mato
Grosso do Sul usou cães e gás pimenta para enfrentar
apitos, bandeiras e faixas que traziam jargões dos tempos de
combate à ditadura, como “Esperar não é saber, quem sabe
faz a hora não espera acontecer”, da música de Geraldo
Vandré. É o decreto tácito do fim ideológico do PT.
O mais lamentável dessa situação é que ela
poderia ser plenamente evitável, caso o Governo do Estado
de Mato Grosso do Sul não tivesse, nos últimos quatro anos,
se apropriado de mais de R$ 520 milhões de recursos
constitucionalmente destinados à Educação, para custear a
máquina do Estado em despesas como Diárias, Material de
Consumo
e
Serviço
de
Consultoria
de
unidades
orçamentárias como a Secretaria de Estado de Governo, a
Procuradoria Geral do Estado, o Fundo de Atividades
Fazendárias, entre outras áreas-meio que passam a grande
distância da “manutenção e desenvolvimento do ensino”,
área-fim relegada pelo governo petista.
Essa manobra orçamentária que responde pelo
nome de Lei do Rateio, retirou da educação a possibilidade
de oferta de estruturas adequadas e professores qualificados
e dignamente remunerados, numa demonstração evidente de
inversão dos valores historicamente apregoados pelo PT.
Vale lembrar que o setor da educação foi a
base eleitoral que alçou ao parlamento várias figuras
petistas, como o Deputado Estadual Pedro Kemp, referência
ímpia da qual esperamos que no âmbito do Estado,
manifeste indignação no mínimo igual à nossa e que em prol
da Educação, repudie a atitude do Governo de seu partido, e
que assuma a luta contra os efeitos nefastos da Lei do Rateio
que tanto mal tem feito a seus colegas profissionais da
educação pública.
Na história dos partidos progressistas, a
educação sempre mereceu lugar de grande destaque na
formulação de princípios e diretrizes que levam a uma
sociedade mais justa, com igualdade, ética e liberdade.
Justamente por isso, o setor da educação é o
primeiro a ser afetado nos regimes autoritários, pois está ali a
fonte de toda a argumentação para a contestação de
imposições anti-democráticas.
É inaceitável a situação a que foi relegada a
educação no Mato Grosso do Sul. Uma legítima política de
esquerda não levaria a esse caminho.
Por fim, queremos nos solidarizar com a
técnica em educação Neusa Rodrigues e a professora
Marlene Serra, vítimas que sentiram no corpo as marcas do
neo-petismo.
Gratos pela atenção.
Deputado GERALDO RESENDE
PPS/MS
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(PPS/MS), em sessão no dia 17/08/2005. CÃES E GÁS PIMENTA