o empresário do transporte que passou contar com uma entidade que o representa e que o orienta. Quando você se organiza, você percebe que há outras necessidades. Logo, aquele grupo começava a perceber que eram necessárias regras mais claras para a atividade, mais segurança jurídica. E que a NTC teria papel importante nesta luta. Antes da NTC, existiam alguns sindicatos e grupos de empresários, mas a entidade foi pioneira como associação nacional. Mesmo porque, é preciso lembrar que o setor de transportes rodoviários começa a ter força a partir da década de 1960. Antes o transporte era uma coisa meio romântica. No governo Juscelino Kubitschek, começaram a ser abertas mais estradas e foi realizada a construção de Brasília. Tudo isso impulsionou demais o transporte rodoviário de cargas. Foi quando o setor começou a ter uma importância maior para a economia. Outros modais tinham maior importância, como a cabotagem, nas regiões Norte e Nordeste, e o ferroviário. Infelizmente, esses modais foram abandonados depois. O rodoviário só adquire mais importância a partir da década de 1960. Nesse momento, começa-se a sentir a necessidade de organização e de entidades que representassem os empresários que atuavam nessa área. A NTC teve momentos muito importantes ao longo deste período. Quando o transporte começou a se tornar atrativo, surgiu uma ameaça muito grande de operadores estrangeiros virem atuar no país. E o setor estava fragilizado, estava no início da organização. Uma medida como essa poderia acabar com os transportadores nacionais. Então, num movimento de todos os empresários, capitaneados pela NTC, conseguiram que fosse aprovada uma limitação de capital estrangeiro para que as empresas pudessem se instalar aqui. A maioria do capital tinha que ser nacional, e isso preservava as empresas nacionais. Esta regra só seria extinta em 2007 (lei 11.442), hoje o mercado é aberto. A lei 11.442 foi outra grande conquista do setor, representando o resultado deste trabalho de décadas. A lei cria marcos regulatórios muito importantes, como o RNTRC (Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas), por exemplo. A situação do motorista ainda traz insegurança jurídica? A lei 12.619 trouxe melhorias concretas? O transporte rodoviário de cargas começa a crescer a partir dos anos 1960, como já disse. E nós temos uma CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) de 1943. O grande problema era que a CLT não previa a profissão de motorista. Como era tratado o motorista profissional, já que não era previsto na CLT. Era tratado como um burocrata, o que trouxe grandes problemas. Então, se usava o artigo 62 da CLT, que dizia que não há como controlar trabalhos externos. A Justiça passou a não aceitar mais essa regra, dizendo que hoje já existe tecnologia adequada para controlar o caminhão e carga, portanto, seria possível controlar também a jornada do motorista. Começaram grandes embates judiciais sobre esta questão, trazendo para o setor uma insegurança jurídica muito grande, com risco de passivos trabalhistas impagáveis. Então a NTC se organizou, junto com todas as entidades, associações e sindicatos, com CNT (Confederação Nacional do Transporte), na busca de um entendimento sobre essa questão. O Ministério Público estava atuando de maneira muito forte. Nós propusemos à CNTTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres) um amplo debate sobre essa questão para que pudéssemos apresentar ao Congresso um texto de lei que realmente atendesse ao trabalhador e as empresas. Foi um trabalho árduo: 43 audiências públicas pelo Brasil, e grandes discussões no Congresso e nas entidades. Após quatro anos e meio, foi promulgada a lei 12.619, que sofreu alguns vetos que prejudicaram a sua aplicabilidade. Neste momento, estamos tra- Anuário NTC&Logística 2013-2014 9