PORTUGAL
Portugal, país de coração antigo
Povo nobre, eternamente generoso
Que desde sempre carrega consigo
Ideal infinitamente espantoso
Mas visto que o destino não parece amigo
Quero lembrar que já foi poderoso
Porque agora parece tudo mal estar
Os feitos da nossa gente quero lembrar
Não façam comparações
Com aquelas joias da Coroa
Com os Lusíadas corações
Com a Mensagem que ainda voa
Pois é desses dois canhões
Que Portugal inteiro ressoa
Escreverei o que eles escreveram
Por sofrer agora o que eles sofreram
Começando pelo Conquistador
Aquele por quem Portugal nasceu
Primeiro rei de tal valor
Que Castelhano e Mouro venceu
E tinha à pátria tal amor
Que até a sua mãe esqueceu
Assim o início da História se fez
Era mil cento e quarenta e três
Ilha dos Amores é este país
E maior história Real se pode achar
Como aquele final infeliz?
Por intenções que mal se foram julgar
O alto poder que ordens ao reino diz
Não pode escolher quem quer amar
E castigo último lhes foi dado inteiro
Aos que separaram Bela e Justiceiro
Anunciado que a Batalha se daria
Reuniu-se a nação inteira
Num quadrado que os venceria
Às ordens de Nuno, alma guerreira
E quantas vidas um gato valia
Ceifou aquela nobre padeira
E assim El-Rei, o povo diz,
É o valeroso Mestre de Avis
PORTUGAL
Surgiu então aquele Infante
“Avancemos no mar que Deus criou”
Levou o país inteiro avante
E graças à sua ambição se iniciou
A caminhada p’ro destino triunfante
Destino esse que não acabou
Pois este persiste mesmo hoje
Atrás dele corremos quando foge
E começa a jornada maravilhosa
Para a Nova América a Ocidente
A Rota para a Índia preciosa
Essa e outras terras a Oriente
Uma viagem que exige alma corajosa
Pois foi tal o feito da nossa gente
Que se deitado o mar percorrido no Inferno
Pouco duraria o dito fogo eterno
Foram muitas as terras conquistadas
As batalhas com sofrimento vencidas
Por uns poetas e cantores lembradas
São aquelas almas jamais esquecidas
No meio daquelas marés agitadas
Foram tantas as vidas perdidas
Foi no mar, salgada água
Que veio alegria e também mágoa
E se por um lado o físico Império fugiu
Por vezes parece que a Terra esqueceu
Foi nossa a glória que no mar sentiu
Pois o que Fogg em oitenta dias percorreu
Foi Portugal que tudo isso descobriu
Foi Portugal que mundos ao Mundo deu
E se não fosse o lusitano coração
Não teria Verne tamanha inspiração
Mito vivo, corpo morto
Pequena alma, grande ideal
Não sei dizer se louco ou não
Mas sei que jaz naquele areal
O reinado de D. Sebastião
Que abandonou assim Portugal
E aqueles que tantas vezes tentaram
Por fim de nós se apoderaram
PORTUGAL
Confesso que já vi
Muitas manhãs de nevoeiro
Portugal olha para ti
És tu o potencial inteiro
Estás à espera de quem li
Estar morto ou prisioneiro?
Se do passado ido te libertares
Então conseguirás o que almejares
Muitos quando ouvem outra cena
A da Restauração de Portugal
Vendo recompensa tão pequena
Visto que “isto está assim tão mal”
Perguntam se valeu a pena
D. João levantar o punhal
Eu vos digo que de Lisboa
Já respondeu maior Pessoa
Alturas houve em que tivemos de sofrer
Quando a Natureza ela mesma enfrentámos
Pois foi a água que a terra fez arder
Mas com o Ministro de Pombal nos levantámos
E onde o Tagus demonstrou o seu poder
Nova cidade grandiosa edificámos
E se maiores dessa vez nos erguemos
Então qualquer luta do Fado venceremos
E na guerra mais insisto
Aquele que em França se revoltou
Queria um império nunca visto
E também contra nós lutou
E Portugal quanto a Cristo
P’lo menos tão grande se mostrou
Pois quantas vezes Deus caiu
Também ele daqui saiu
É verdade qua há gente de má laia
Mas não julguem milhões por mil
Olhem para o nosso Salgueiro Maia
Para todos os Capitães de Abril
Que sem que um corpo por bala caia
Derrubaram governo vil
E nos devolveram a liberdade
Da qual todos tínhamos saudade
PORTUGAL
Mas será que somos derrotistas?
Não, nós somos melhores
Somos terra de modernistas
Povo de poetas, trovadores,
Berço de artistas, cientistas
Musas do fado, de cantores
E toda a inovação e cultura
Que trará a geração futura
E agora estamos em ajustamento
As coisas fáceis não estão
Trabalhemos para o crescimento
E então melhores dias virão
Só assim há desenvolvimento
Parar não é solução
E o esforço que se agora gastar
Um dia em mais irá retornar
E por fim para os que mal dizem
Que aqui nada se faz
E que tudo isto contradizem
Eu vos peço deixem-me em paz
E por uma vez interiorizem
Andamos para a frente e não p’ra trás
E se dele bem não quereis falar
Deixai-me a mim Portugal cantar
João Miguel Nº 19 12ºL
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