EDITORIAL
Fazer Plantio Direto de
Qualidade!
T
odos sabem que o
Plantio Direto traz
mais lucro para o
agricultor. Este sistema de
plantio
aumenta
a
produtividade das lavouras,
diminuiu o uso de mão-deobra, diminui o custo com
preparo de solo, economiza
maquinário e combustível,
diminui o uso de insumos, e
possibilita ter um maior
período para plantio, dando
agilidade ao agricultor.
Sabe-se também que o Plantio Direto resolve o
problema de erosão, conservando e melhorando o solo,
aumentando sua fertilidade, seu teor de matéria orgânica
e água, e melhorando sua estrutura. Ele aumenta a defesa
do solo contra a compactação, aumenta a resistência a
estiagens e possibilita uma lavoura com menos ervas
daninhas, menos pragas e
doenças.
Enfim, o Plantio Direto
estabiliza a produção,
promovendo uma agricultura
sustentável. É uma boa
maneira para lucrar e ao
mesmo tempo preservar a
natureza.
Porém, para se obter
todos esses benefícios é
necessário fazer um Plantio
Direto com Qualidade!
Este informativo, produzido
pelo IAPAR em parceria com a ITAIPU BINACIONAL,
faz parte da Operação Plantio Direto com Qualidade
- Lucrar e Conservar. Ele é o primeiro de uma série
que trará tecnologias e dicas para ajudar os agricultores
dos municípios lindeiros a responder esta questão e assim
garantir seu lucro com preservação da natureza.
Neste número o pesquisador do IAPAR
Ademir Calegari responde algumas
perguntas a respeito da importância das
plantas de coberturas (mais conhecidas
como adubos verdes) para o sistema de
plantio direto. Ajustadas em rotação com
cultivos comerciais, as plantas de
cobertura têm demonstrado grande
potencial na proteção e recuperação da
produtividade , bem como a melhoria das
características físicas, químicas e biológicas
do solo (Páginas 2 e 3).
Plantas de cobertu
São vários os benefícios para o SPD obtidos com a
utilização destas plantas. Elas proporcionam
cobertura do solo por mais tempo com boa formação de
palhada, preparando assim o solo para o plantio da
cultura comercial (milho e soja).
Indiretamente elas produzem aumento do
carbono orgânico e nitrogênio ao solo, através da
adição e captura do carbono e fixação de nitrogênio
do ar; diminuição de pragas e doenças, melhor manejo
de invasoras, mais agregação do solo e fonte de
forragens aos animais no manejo do sistema de
integração lavoura/pecuária.
Porque as plantas de cobertura são importantes?
P
orque elas reciclam nutrientes do solo (NPK)
colocando-os à disposição das culturas comerciais.
Esta economia é possível porque as diversas plantas
exploram profundidades diferentes do solo e absorvem
diferentes nutrientes. Algumas delas possuem sistema
radicular pi votante que são capazes de quebrar as camadas
Como o
agricultor
pode
utilizar
essa
prática?
N
compactadas do solo.
Esses benefícios são alcançados pela capacidade
que as plantas de cobertura têm de aumentar a biodiversidade e o equilíbrio ambiental do Sistema de Plantio
Direto, pois quebram a monotonia dos plantios sucessivos
de milho após a soja e do milho safrinha após milho.
o outono/inverno o agricultor poderá
cultivar a sua rotação de cultura com
possibilidade de incluir diversas espécies
de plantas de cobertura. As opções são:
aveia preta, aveia branca, nabo forrageiro,
(pivotante e comum), ervilhaca (comum
e peluda), centeio, azevém, ervilha
forrageira, tremoço branco, etc. A
semeadura dessas espécies (individual ou
em mesclas) poderá ser efetuada nos
meses de abril, maio e até princípios de
junho.
ra: Solo protegido,
Por que isso acontece?
fértil e
N
produtivo
Atenção!
A
utilização de espécies solteiras tem causado, em
diversas situações ao longo do tempo, problemas
como aumento de pragas e doenças nos cultivos
comerciais (principalmente de milho e soja). Diante disso
recomenda-se o uso dessas plantas alternadamente, ou
seja, em rotação nos sistemas produtivos, com as culturas
comerciais.
Como o
agricultor pode resolver
esta questão?
Uma possibilidade é utilizar uma mistura de diferentes
espécies. Podemos fazer uso do consórcio de
gramíneas e leguminosas que apresentam importantes
efeitos melhoradores das condições físicas do solo.
o caso de cultivos contínuos com plantas da mesma
espécie (milho seguido de milho, por exemplo) a
decomposição individual de leguminosas sofrerá maiores
riscos de perdas de nitrogênio (lixiviação, volatilização),
quando comparado às gramíneas.
Quando os resíduos de gramíneas são mesclados
com resíduos de leguminosas, crucíferas ou outras famílias
de plantas com relação carbono e nitrogênio média ou
baixa, normalmente não há problemas com imobilização
do nitrogênio, e também a mineralização paulatina
favorecerá a disponibilidade e absorção pelas plantas.
Principais
misturas recomendadas
Produção de sementes
É preciso observar alguns critérios para não anular os bons efeitos das plantas de
cobertura. Dentre eles, a escolha da espécie que será ajustada na rotação e, mais
importante, a qualidade das sementes. Acompanhe a seguir o que o pesquisador do
IAPAR, Carlos Au gusto Motta,tem a dizer.
É
difícil
encontrar
sementes de plantas de
cobertura no mercado e,
quando existe, o preço é
muito elevado e com a
qualidade nem sempre adequada. Empresários do setor
de produção de sementes explicam que a procura é baixa
por plantas de cobertura, daí o pouco estímulo à produção.
Os agricultores, por sua vez alegam que não encontram
sementes no mercado. Isso cria um círculo vicioso.
Para eliminar esse problema tem sido necessário
desenvolver programas que aumentem a disponibilidade
de sementes das espécies de cobertura vegetal, de forma
rápida e acessível aos agricultores e suas comunidades.
Com o apoio da ITAIPU BINACIONAL foram
lançadas em abril de 2001, as bases de um Programa de
Multiplicação e Disponibilização de Sementes de plantas
de cobertura do solo que contará com a participação do
IAPAR e produtores, em parceria com as Secretarias
Municipais de Agricultura da região, Cooperativas e órgãos
de Assistência Técnica e Extensão Rural, públicos e
privados.
Este programa tem como objetivo fazer com que
os agricultores se auto-abasteçam de sementes dessas
espécies, através do seu próprio trabalho de produção,
de fornia individualizado ou organizado em grupos dentro
de suas comunidades.
O programa vai colocar à disposição dos
agricultores a tecnologia de produção de sementes de
plantas de cobertura, bem como um sistema de
multiplicação. O acompanhamento será realizado por
técnicos dos órgãos de extensão oficiais ou privados,
treinados em serviço em campos pilotos de produção de
sementes.
O agricultor dá sua opinião...
A família Variani, do
município
de
Medianeira, é uma das
14 colaboradoras do
projeto de desenvolvimento de tecnologias
para o sistema de
plantio direto na região
do lago de Itaipu. Os
Variani trabalham há
quase 10 anos com o
plantio direto e têm
alcançado bons resultados. Mesmo assim, não cansam de buscar opções
para melhorar e dar qualidade ao que fazem. A
preocupação atual da família é aumentar a
biodiversidade na sua propriedade para economizar
com insumos. Veja a seguir o depoimento do Sr. Elídio
sobre as plantas de cobertura.
"Os agricultores precisam entender que os adubos
verdes plantados antes e depois das lavouras de soja e
milho, são necessários para o bom funcionamento do
sistema de plantio direto. Tenho visto, na minha
propriedade que o solo está mais estruturado e mais fértil.
Também vejo que é mais fácil controlar os inços.
"Fiz um canteiro perto da casa com vários tipos
dessas plantas de cobertura, tanto de inverno como de
verão, pois quero testar as melhores e começar a produzir
sementes. Se o agricultor separar uma área da propriedade
para produzir sementes dessas plantas ele pode garantir
suas sementes e ainda reduzir custos."
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