92 É duplamente valioso Somos filhos dilectos De um povo herói do quotidiano. (GARCIA, 1998, p. 152). O mesmo guerrilheiro mártir que transforma e reconstrói a Nação, figura nos poemas de Vera, sempre como aquele que trará o futuro. A liberdade esperada, o sonho a ser realizado depende do guerrilheiro: GUERRILHEIRO Trazes em ti O elemento que desequilibra Exigindo transformação Por ti o sonho se fecundou E em concreta utopia Os corpos duros e belos Fundiram-se com as trevas Na noite densa do mato Turbilhão de angústia Paixão grande Vida a transbordar... A sociedade não te permitirá assim E será a luta adiada Sonho-presente Do futuro-realidade. (GARCIA, 1998, p. 153). Sophia de Mello Breyner Andresen revela em seus versos a aversão salazarismo e a perda da sua liberdade, com uma linguagem extremamente clara e objetiva, mas, ao mesmo tempo, obscura e misteriosa quanto ao seu objeto. Em Pranto pelo dia de Hoje e O velho abutre, Sophia ressalta a podridão do governo ditatorial de Salazar: PRANTO PELO DIA DE HOJE Nunca choraremos bastante quando vemos O gesto criador ser impedido