Física – Arquitectura Paisagística Análise de erros __________________________________________________________________________ ANÁLISE DE ERROS A observação de um fenómeno físico não é completa se não pudermos quantificá-lo. Para é isso é necessário medir uma propriedade física. O processo de medida consiste em atribuir um número a uma propriedade física; é o resultado da comparação entre quantidades semelhantes, sendo que uma delas é padronizada e considerada unidade. Exemplos: Comprimento: 5 m (metro). Tempo: 5 s (segundo). Massa: 5 kg (quilograma). Todas as medidas das grandezas físicas deverão estar sempre acompanhadas da sua dimensão (unidades)! ERROS Todas as medidas têm sempre algum grau de erro experimental por causa das limitações impostas pelo próprio processo de medida bem como pela limitação do instrumento de medida: Erros sistemáticos → podem ser causados por falhas do aparelho de medida, calibração incorrecta, etc.…. Erro de leitura → é o erro do aparelho de medida. Quando a medida corresponde a uma fracção da menor divisão da escala do instrumento, há uma certa imprecisão na medida. Podemos quantificar esse erro. • Considera-se que o erro de leitura de um aparelho com escala graduada (régua, aparelho analógico) seja igual a metade da menor divisão da escala do aparelho. • Considera-se que o erro de leitura de um aparelho digital é a menor divisão da escala do aparelho. O erro de leitura representa a limitação do instrumento! Podemos escrever qualquer medida individual como sendo: x ± δxleit (1) onde δxleit corresponde ao erro de leitura. Exemplo numérico: Numa medida de comprimento escrevemos o valor do comprimento e o erro de leitura: l = 5.0 ± 0.5 cm . _______________________________________________________________________ Ana Rodrigues Departamento de Física FCT 1 Física – Arquitectura Paisagística Análise de erros __________________________________________________________________________ Significa que a medida se encontra no intervalo [4.5 cm, 5.5 cm]. [5.0 − 0.5 cm, 5.0 + 0.5 cm] ou • O resultado de uma medida deve vir sempre acompanhado pelo erro de leitura do instrumento em que foi realizada. • O número de casas decimais do resultado da medida deve ser igual ao número de casas decimais do erro de leitura do instrumento. O erro de leitura determina o número de algarismos significativos, que são aqueles números que têm significado físico. Quando fazemos uma medida os algarismos lidos, farão parte de nossa medida, e os algarismos que podem ser inferidos através do nosso instrumento de medida, deverão ser levados em conta. Portanto este último algarismo pode ser considerado como significativo. Denominaremos este algarismo de duvidoso. Exemplo de medida com algarismo significativo: Medida do comprimento de um bloco usando uma régua graduada em centímetros Observando a figura ao lado, podemos inferir que a medida feita com a régua nos dá um valor aproximado de 0.83cm. É claro que o valor inferido, ou seja, o algarismo 3 (significativo e duvidoso), está dentro da imprecisão do nosso instrumento de medida, que no caso é décimos de milímetros. Mas mesmo assim podemos considerá-lo como aproximado. Por outro lado, se a régua fosse graduada em milímetros, a imprecisão estaria na casa dos centésimos de milímetros, e assim por diante. Regras básicas para os algarismos significativos • A soma de grandezas físicas homogéneas deve conter apenas um algarismo duvidoso, ou seja, o resultado deverá possuir o mesmo número de algarismos significativos da parcela de menor precisão. Exemplo: Se somarmos os comprimentos parciais lidos utilizando diferentes réguas: 22.34 m, 12.345 m, 32.4 m e 28.86 m. O comprimento resultante da soma desses comprimentos será 95.9 m. _______________________________________________________________________ Ana Rodrigues Departamento de Física FCT 2 Física – Arquitectura Paisagística Análise de erros __________________________________________________________________________ • O produto ou divisão de grandezas físicas não pode ter mais algarismos significativos do que a do factor de menor precisão. Exemplo: No exemplo do item a) o valor médio do comprimento será 24 m. Erro aleatório → às vezes, as condições sob as quais uma medida é realizada podem não ser exactamente as mesmas e cada vez que se realiza a medida o resultado é ligeiramente diferente. Por exemplo, as situações em que se mede o tempo com um cronómetro (existe um tempo de reflexo do operador). Há então uma flutuação aleatória em torno de um valor, chamado de valor mais provável. Neste caso uma boa estimativa para o valor correcto da grandeza será a média aritmética dos valores medidos: N ∑x i x= (2) i =1 N onde xi é o valor individual de cada medida e N é o valor total das medidas feitas. Exemplo: Fizemos 3 medidas de comprimento: 4.0 m, 4.1 m e 3.9 m. O valor médio 4.0 + 4.1 + 3.9 será: x = = 4. 0 m 3 Desvio em relação ao valor médio A diferença entre o valor individual de cada medida, xi, e o valor médio x , chama-se desvio em relação ao valor médio, δxi : (3) δxi = xi − x dão uma medida de quantos os valores se afastam do valor médio. Desvio médio δ obs = 1 n 1 n x = xi − x δ ∑ i n∑ n i=1 i =1 (4) O desvio médio quantifica o efeito dos erros aleatórios. O subscrito “obs” significa observacional. Este erro constitui o erro observacional. Chamamos assim para o distinguir do erro de leitura. O erro de leitura, δ leit quantifica o erro associado à escala do instrumento e o erro observacional, δ obs , quantifica o efeito dos erros aleatórios! _______________________________________________________________________ Ana Rodrigues Departamento de Física FCT 3 Física – Arquitectura Paisagística Análise de erros __________________________________________________________________________ • O número de casas decimais de x e de δ obs deve ser igual ao n.º de casa decimais de δ leit . Quando existem os dois tipos de erro: o erro observacional e erro de leitura, o erro que devemos considerar é o maior dos dois erros: x = x ± Max{∆ obs , ∆ leit } (5) Para um número de medidas superior a 10, utilizamos os erros estatísticos. A estatística mostra que o erro observacional pode ser estimado através do desvio padrão da média ou erro padrão. Assim: σm = N 1 ∑ ( xi − x )2 n(n − 1) i =1 (6) Para escrever a medida com sendo x = x ±σm (7) onde trocamos δ obs por σ m . Não calcularemos os erros aleatórios. PROPAGAÇÃO DE ERROS Podemos ter situações onde é necessário que se realizem cálculos que envolvam duas ou mais grandezas físicas às quais já têm associados os seus respectivos erros. À medida que manipulamos essas grandezas matematicamente, os erros vão se acumulando e os resultados são menos precisos do que se os valores fossem determinados directamente através de uma só medida. Para que isso não aconteça, existem regras, chamadas regras de propagação de erros, para determinar o erro associado a uma grandeza calculada a partir dessas grandezas. Não vamos fazer cálculos de propagação de erros mas é importante saber que existem regras relativamente ao cálculo do erro quando temos uma grandeza resultante da soma, subtracção, produto ou divisão de grandezas. ERRO PARA UM ÚNICO VALOR MEDIDO Quando realizamos uma medida e queremos compara-la a uma medida teórica (ou medida feita por um outro método), dizemos que a diferença entre o valor obtido e o valor teórico é o erro da nossa medida. Podemos trabalhar com esta medida da seguinte forma: • Chamamos de erro absoluto a diferença entre o valor medido e o valor teórico. _______________________________________________________________________ Ana Rodrigues Departamento de Física FCT 4 Física – Arquitectura Paisagística Análise de erros __________________________________________________________________________ • • Chamamos de erro relativo a razão entre o erro absoluto e o valor teórico. Chamamos de erro relativo percentual o produto entre o erro relativo pelo factor cem (100). Exemplo: O comprimento de uma haste possui um valor descrito pelo fabricante de 1.5 m, mas ao fazermos uma medida com uma régua o valor encontrado foi de 1.34 m. Neste caso teremos para os erros: Erro absoluto = 1.34 − 1.5 = 0.16 m . 0.16 = 0.11 1. 5 0.16 Erro relativo percentual = × 100 = 10.7% 1.5 Erro relativo = Portanto o comprimento tem um erro percentual de 10.7%. Note que nos valores de erro apresentados somente o primeiro apresenta as unidades, enquanto os outros valores, pelo fato de termos feito a divisão pelo valor de mesma unidade, o erro relativo e o erro relativo percentual não têm dimensão. Utilizaremos com frequência nas experiências o erro percentual. Podemos, então, escrever a medida na forma: l = 1.34 m ± 10,7% . _______________________________________________________________________ Ana Rodrigues Departamento de Física FCT 5