0
FACULDADE MERIDIONAL – IMED
CENTRO DE ESTUDOS ODONTOLÓGICO MERIDIONAL - CEOM
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DENTÍSTICA
CINARA DEVES
AVALIAÇÃO TÉCNICA DE RESTAURAÇÕES CERÂMICAS
MINIMAMENTE INVASIVAS: REVISÃO DE LITERATURA
PASSO FUNDO
2012
1
CINARA DEVES
AVALIAÇÃO TÉCNICA DE RESTAURAÇÕES CERÂMICAS
MINIMAMENTE INVASIVAS: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada ao curso de Pósgraduação da Faculdade Meridional/IMED
de Passo Fundo-RS como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em
Dentítica.
Orientador: Profa. Ms. Paula Cristine Ghiggi
PASSO FUNDO
2012
2
CINARA DEVES
AVALIAÇÃO TÉCNICA DE RESTAURAÇÕES CERÂMICAS
MINIMAMENTE INVASIVAS: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada ao curso de Pósgraduação da Faculdade Meridional/IMED
de Passo Fundo-RS como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em
Dentística.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Profa. Ms. Paula Cristine Ghiggi - Orientadora
________________________________________________
Profa. Dr. Simone Alberton
________________________________________________
Prof. Ms.Christian Schuh
3
DEDICATÓRIA
A DEUS, por me iluminar e estar sempre ao meu lado durante
toda esta minha caminhada;
Aos meus pais, por abrirem mão dos seus sonhos para que os
meus se realizasse. Por me guiarem pelos caminhos corretos me
ensinando a lutar sempre pelos meus sonhos. A vocês, pai e mãe,
o meu profundo amor e o meu sincero agradecimento.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a professora Paula C. Ghiggi, por me orientar nesse trabalho, pelos
conhecimentos repassados e pelo tempo dedicado à execução desse trabalho. Pelo
pronto atendimento a todas as minhas solicitações e a atuação conjunta no decorrer
dessa importante etapa. Para mim, ser sua orientada foi uma satisfação imensa.
Obrigada por tudo!
Aos meus pais por me ensinarem os valores da vida. Pelo incentivo,
motivação e por estarem sempre do meu lado nos momentos de dificuldades e
conquistas.
Ao Tiago, pelos momentos que passamos juntos, e pelos muitos que ainda
passaremos. Pelo amor e carinho e, principalmente, a compreensão e paciência
nessa importante etapa da minha vida.
Ao meu irmão Rodrigo, pela ajuda, amor, atenção, paciência. Desculpa por
qualquer coisa e muito obrigada por tudo!
As minhas amigas, principalmente para Carla Batiston, Michele Negretti, Ieda
Maria Machado, Laura Massabki e Mônica Beux, por me proporcionarem momentos
de amizade, companheirismo, apoio e incentivo durante todo o curso. Vou levar a
amizade de vocês para o resto da minha vida.
A todo o corpo docente do Curso de Especialização de Dentística, pelos
ensinamentos transmitidos durante todo o curso de pós- graduação.
5
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já
tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que
nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de
nós mesmos”.
(Fernando Pessoa)
6
RESUMO
A evolução da odontologia, técnicas e materiais, possibilitam o cirurgião dentista
realizar restaurações indiretas sem nenhum preparo ou com um preparo
minimamente invasivo, que se denominam “lentes de contato” dentárias. Este
trabalho teve como objetivo descrever a técnica de confecção, manipulação e
cimentação de laminado cerâmico com ausência de preparo. Para isso foi
realizado uma revisão de literatura com pesquisa de artigos científicos em sites
de busca, artigos impressos, livros na área, teses e dissertações e
posteriormente redigida a monografia. Concluindo assim, que esta é uma técnica
extremamente conservadora, reversível, utilizada principalmente para
restabelecimento de forma do elemento dentário, porém apresenta dificuldade de
confecção e de manipulação além do risco de cimentação na posição incorreta
em função da ausência de eixo de inserção único.
.
Palavras-chave: Cimentação. Cerâmicas. Laminados dentários.
7
ABSTRACT
The evolution of odontology, techniques and materials enable the dentist make
indirect restaurations without any preparation or preparation with a minimally
invasive, which are called “contact lenses” tooth. This study aimed to describe the
technical manufacturing, handling and cementation of a ceramic laminate whith no
preparation. To this was accompliched with a literature review of research papers in
search engines, articles printed, in the books of the área, theses, dissertations, and
subsequently written a monograph. To conclude therefore, that this is an extremely
conservative technical reversible mainly used for restoring the shape of the tooth, but
has difficulty in manufacturing and handling and also the risk of cementing in the
incorrect position due to the absence of single insertion axis.
Key words: Cementation. Ceramics. Dental veneers.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1- Comparação de “lentes de contato” dentárias X lentes de contato
oculares .....................................................................................................................12
FIGURA 2- Paciente com dentes pequenos, são considerados ideais para as “lentes
de contato” dentárias..................................................................................................13
FIGURA 3- Exemplo de fechamento de diastema sem desgaste dentário ...............14
FIGURA 4- Passo a passo da cimentação com o uso de cimento fotopolimerizado.20
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................12
2.1INDICAÇÃO..........................................................................................................12
2.2 CONTRA INDICAÇÃO.........................................................................................14
2.3 VANTAGENS.......................................................................................................14
2.4 DESVANTAGENS................................................................................................16
2.5 PLANEJAMENTO E PREPARO...........................................................................17
2.6 PREPARO X AUSÊNCIA DE PREPARO.............................................................18
2.7 VISÃO DO TÉCNICO DENTAL............................................................................18
2.8 COMUNICAÇÃO COM O LABORATÓRIO..........................................................19
2.9 CIMENTAÇÃO......................................................................................................19
3 DISCUSSÃO...........................................................................................................21
4 CONCLUSÃO.........................................................................................................23
REFERÊNCIAS..........................................................................................................24
10
1 INTRODUÇÃO
A odontologia atual encontra-se em contínuo avanço, novas técnicas
restauradoras e o desenvolvimento de materiais dão-lhe a possibilidade de realizar
tratamentos restauradores que recuperam o tecido dentário perdido alcançando
resultados esteticamente e funcionalmente satisfatórios (STOLL; LOPES, 2009).
A preocupação da sociedade com a beleza aumenta diariamente, no entanto,
antes de iniciar qualquer procedimento reabilitador e que envolva a questão estética,
devemos avaliar as expectativas do paciente, o conhecimento dos possíveis
tratamentos terapêuticos e o domínio da técnica para execução do trabalho, afim de
obter sucesso e longevidade no tratamento restaurador (STRASSLER, 2007).
As alterações de posição e cor dos dentes, para muitas pessoas, é um fator
que afeta de maneira negativa a estética. Uma das opções de tratamento são os
laminados cerâmicos que através de uma fina lâmina de cerâmica cimentadas
adesivamente a estrutura dental dão a idéia de reposição do esmalte dentário,
exigindo o mínimo ou nenhum desgaste dentário (STOLL; LOPES, 2009).
As “lentes de contato” dentárias são facetas de porcelana ultrafinas com no
máximo 0,3mm de espessura que são aplicadas sobre a superfície do dente. Foram
assim chamadas devido a espessura ser comparável a das lentes de contato
oculares (FRANCCI et al., 2011).
Desta forma, o correto diagnóstico irá facilitar o planejamento e a
possibilidade de execução das “lentes de contato”, possibilitando um ótimo trabalho
com máxima preservação de estrutura dental. (MAZARO et al., 2009).
As “lentes de contato” estão indicadas para as seguintes situações:
reanatomizar dentes anteriores, tornar dentes expulsivos, dentes lingualizados e
pequenos, restabelecer volume vestibular, pequena mudança de cor, mascarar
restaurações classe III, IV e V, fechamento de diastemas, restaurar borda incisal
lascada, corrigir desalinhamento e rotação de dente anterior e recobrir restaurações
de porcelama ou metalo cerâmica. Sendo assim, suas vantagens são: ausência de
anestesia e de sensibilidade pós-operatória, mínimo estresse flexional, como a peça
é cimentada sobre o esmalte possibilita longa duração e possível reversão, superior
aceitação do tratamento entre os pacientes, conservação da estrutura dental,
11
improvável microinfiltração ou deslocamento destas restaurações (ROSS, 2003;
MALCMACHEER, 2005; GUREL, 2007a; JAVAHERI, 2007; STRASSLER, 2007;
STLL; LOPES, 2009; SOARES; LOWE, 2010; SOARES, 2011; SOARES, 2011;
FRANCCI et al., 2011; KACKER et al., 2011).
Sendo assim, o objetivo deste estudo de revisão de literatura foi analisar a
técnica de confecção de uma restauração cerâmica minimamente invasiva para o
técnico em prótese dental e a manipulação e cimentação destas restaurações pelo
cirurgião-dentista.
12
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 INDICAÇÃO
A indicação de facetas laminadas em cerâmica como alternativa restauradora
vem crescendo diariamente devido à evolução das técnicas e materiais. Contudo,
um correto planejamento do caso é de fundamental importância para o sucesso do
resultado final, principalmente pela preservação da estrutura dental (SOARES;
SOARES, 2011). Sendo assim, temos as “lentes de contato”, que são facetas
ultrafinas, e foram assim chamadas devido a sua espessura ser comparável a das
lentes de contato oculares (FRANCCI et al., 2011). (Figura 1).
Figura 1- Comparação de “lentes de contato” dentárias X lentes de contato oculares.
Conforme Francci et al., (2011), as “lentes de contato” são indicadas para
reanatomizar dentes anteriores após o tratamento ortodôntico e também em casos
onde se restringe apenas a tornar os dentes expulsivos, com mínimo desgaste em
esmalte.
Lowe (2010), acredita que a ausência de preparo dos dentes requer casos
selecionados como dentes com pequenos espaços interproximais ou ainda
ligeiramente lingualizados sendo este o ideal.
A finalidade das “lentes de contato” é restabelecer o volume vestibular e a
anatomia adequada ao elemento dentário, sem desgaste dentário e com
comprovada durabilidade, enfim, complementar a anatomia de dentes hígidos com
alteração de forma (STOLL; LOPES, 2009).
Conforme Gurel (2007b), a indicação ideal para laminados cerâmicos são os
casos de dentes alinhados perfeitamente na arcada dentária e que necessitam
aumentar o volume vestibular.
13
Para Javaheri (2007) e Vinaneers (2011), pacientes com dentes pequenos ou
lingualizados são considerados candidatos ideais para as “lentes de contato.” No
entanto, antes de qualquer indicação, é imprescindível analisar os anseios do
paciente, a linha média, a posição dos lábios, a cor, a posição da borda incisal,
contorno e oclusão, para assim oferecer ao paciente as opções de tratamento.
(Figura 2).
Figura 2- Paciente com dentes pequenos, são considerados ideais para as “lentes de
contato” dentárias.
Fonte- FRANCCI, C. et al.
Segundo Strassler (2007), as indicação para o mínimo preparo ou nenhum
preparo para confecção de laminados cerâmicos são: pequena mudança de cor,
mascarar leve descoloração de dente, mascarar restaurações classe III, IV e V,
fechamento de diastemas, restaurar borda incisal lascada, corrigir desalinhamento e
rotação de dente anterior e recobrir restauração de porcelana, ou metalo cerâmica.
(Figura 3).
14
Figura 3- Exemplo de fechamento de diastema sem desgaste dentário.
Fonte- STOLL, L.B.; LOPES, F.
Ross (2003), considera as lâminas de cerâmica como uma superfície estética
e não um material restaurador, sendo indicada em casos de dentes que apresentam
resina composta atuando como uma matriz para a resina, impedindo o dente de
manchamentos e se tornando mais durável.
2.2 CONTRA INDICAÇÃO
Estrutura dental destruída ou comprometida, a melhor alternativa é a coroa de
porcelana (CHRISTENSEN, 2006).
Dentes com coloração severa ou escura(AL-ZAIN, 2009).
Pacientes com bruxismo, estes pacientes tem maior chance de fratura incisal
(AL-ZAIN, 2009).
2.3 VANTAGENS
As
facetas
de
porcelana
são
atualmente
uma
das
opções
mais
conservadoras de restaurações disponíveis para melhorar a estética com
longividade clínica. Nos últimos 10 anos, houve uma redução da espessura destas
15
facetas de porcelana, devido ao desejo de conservação da estrutura dental. Além
disso, a preservação da estrutura dental diminui a sensibilidade dentária (KACKER
et al., 2011).
Conforme Javaheri (2007), o não preparo do dente traz vantagens
significativas, incluindo a falta de necessidade de anestesia, ausência de
sensibilidade pós-operatória, mínimo estresse flexional, como a peça é cimentada
sobre o esmalte possibilita longividade e reversibilidade e superior aceitação do
tratamento entre os pacientes.
A odontologia atual possibilita alcançar resultados estáticos excelentes
através de tratamentos restauradores que recuperam o tecido dental perdido. Uma
opção são as “lentes de contato”, pois apresentam alta estabilidade de cor,
resistência ao desgaste, biocompatibilidade, maior longevidade do tratamento,
sendo que em casos específicos não há necessidade de realização de preparo
dentário. Tendo como finalidade restabelecer volume vestibular sem desgaste
dentário, com comprovada durabilidade (STOLL; LOPES, 2009).
Segundo Gurel (2007a), quando as restaurações de cerâmica limitam-se a
margem de esmalte é improvável que ocorra microinfiltração ou deslocamento
destas restaurações.
Vinaneers (2011), para pacientes que querem melhorar a estética dos seus
dentes sem a necessidade de desgaste, sendo assim, um procedimento indolor.
Conforme Malcmacher (2005), as vantagens de se utilizar “lentes de contato”
sem qualquer preparo são óbvias. Não haverá prejuízo para a polpa e, portanto,
nenhuma sensibilidade pós-operatória, pois, o esmalte estará integro, tendo assim
melhor chance de sucesso a longo prazo. Outra grande vantagem de não desgastar
o dente é que a lâmina de porcelana tem maior adesão no esmalte do que na
dentina, aumentando a resistência de união. Tem-se ainda a vantagem de ser uma
restauração supragengival, em que os tecidos moles não estão envolvidos,
facilitando assim, a higienização por parte do paciente. E para finalizar, a vantagem
de não precisar de material provisório.
McLearn (2006) e Gurel (2007b) relatam estresse de flexão mínimo devido à
ligação ao esmalte, assim, a rigidez do esmalte e sua capacidade de absorver o
estresse demonstra claramente a necessidade de não desgastar o esmalte.
Calamia; Calamia (2007), em um estudo ao longo dos anos, mostraram que o
preparo mínimo aumenta a longevidade destas restaurações.
16
2.4 DESVANTAGENS
2.4.1. Casos selecionados
Segundo Kacker et al. (2011), as “lentes de contato” só podem ser realizadas
em casos muito selecionados como, aumento vestibular ou incisal.
2.4.2. Aparência volumosa
Contudo, em alguns casos onde a técnica é mal empregada e se opta por um
mínimo desgaste, o técnico em prótese não terá espaço para recriar a morfologia
encontrada nos dentes naturais, resultando em um sorriso artificial. Outro problema
comum é um resultado volumoso, excesso de material, geralmente em casos em
que os ceramistas tentam reproduzir a estratificação (KACKER et al., 2011).
Christensen (2006) complementa, laminados volumosos devem ser evitados
pois, apresentam aparência falsa ao se observar.
2.4.3. Dificuldade para mascarar dentes escurecidos
Assim, as “lentes de contato” estão contra-indicadas em casos onde há
necessidade de alteração de cor dos dentes, em virtude da sua mínima espessura e
serem translúcidas (STOLL; LOPES,2009).
2.4.4. Dificuldade técnica de confecção
McLaren (2006), relata que é muito difícil para o laboratório fabricar lâminas
de 0,3mm de espessura. Ele mostrou que uma pesquisa feita na Universidade da
Califórnia, Los Angeles, e na Universidade de Oregon constatou que lâminas de
0,3mm de espessura que envolviam a borda incisal apresentaram fissuras na hora
da polimerização do cimento
2.4.5. Recessão gengival
Em muitos casos é difícil não deixar a margem saliente. Assim, muitos destes
casos o volume pode resultar em recessão gengival (LOWE, 2010).
17
2.5 PLANEJAMENTO E PREPARO
Durante o final dos de 1970 e início de 1980, a moda entre a maioria dos
atores eram as coroas de porcelana, em que o preparo da estrutura dentária chegou
a quase três vezes mais do que o necessário. Diante deste fato, surgiu a idéia do
tratamento conservador, com o mínimo desgaste em esmalte, obtendo os mesmos
resultados estéticos das coroas totais. Porém, estudos ao longo dos anos, mostram
que o preparo mínimo aumenta a longevidade destas restaurações (CALAMIA;
CALAMIA, 2007).
As primeiras facetas de porcelana tinham cerca de 0,5mm de espessura
afinando até a margem cervical. Já as “lentes de contato” apresentam espessura
menor de 0,5mm podendo ser fabricadas com a espessura mínima de 0,3mm
(DIMATTEO, 2009).
Para o tratamento ser considerado verdadeiramente minimamente invasivo é
necessário a compreensão de estética, função, estrutura e biologia. Além destes,
outros fatores devem ser abordados durante o planejamento:

Posição da linha média;

Alinhamento dos dentes;

Posição da borda incisal;

Oclusão;

Mudança de cor desejada;

Quantidade de estrutura dental remanescente, particularmente
esmalte;

Capacidade de isolar, afim de realizar com sucesso os princípios
adesivos (LESAGE, 2010).
O primeiro passo, para qualquer paciente em que foi selecionado o “nãopreparo”, é a confecção de modelos de estudo e enceramento. Isto permite a
visualização da adição de cerâmica, criando um resultado agradável biologicamente
e esteticamente. Após anestesia local intrapapilar, é introduzido o fio de afastamento
gengival N º 00, para assim a facilitar a visualização do termino cervical. Assim, a
partir do modelo, o técnico pode construir a lâmina de porcelana e minimizar
qualquer contorno excessivo na margem (LOWE, 2010).
18
Vinaneers (2011), preparo com disco de diamante nas áreas salientes, para
facilitar o alinhamento facial ideal e, caso necessite algum preparo mínimo ele será
de no máximo 0,3mm.
2.6 PREPARO X AUSÊNCIA DE PREPARO
Dimatteo (2009) questiona se o esmalte sem nenhum preparo é adequado
para todos, ou maioria, dos pacientes. Ele defende que a maioria dos planos de
tratamento exigem mais preparo do que está implícito no marketing de nenhum
preparo.
Contudo, Strassler (2007), defende que estudos, a longo prazo,
têm
demonstrado 94% de sucesso no tratamento minimamente invasivo. No entanto, ele
ressalta que, embora a conservação da estrutura do dente seja importante é,
imprescindível um adequado plano de tratamento específico para cada paciente
para assim alcançar êxito no resultado final.
2.7 VISÃO DO TÉCNICO DENTAL
Com a evolução dos materiais e o domínio das técnicas de colagem têm-se
cada vez mais trabalhos estéticos com preparos minimamente invasivos à estrutura
dentária. Antes de iniciar qualquer tratamento é indispensável saber a espessura
que a restauração vai ter e o tipo e o valor da estrutura dentária. Em situações em
que a restauração for somente para substituir ou agregar volume em esmalte,
“lentes de contato”, uma opção é usar cerâmica feldspática sobre lâmina de platina
ou e.max Press com pastilha HT ou LT e também IPS e.max CAD, devido não
precisar jatear a peça com óxido de alumínio, após retirar a platina, mantendo a
translucidez natural do material e uma linha de cimentação invisível. O protocolo
fotográfico é imprescindível para o técnico reproduzir com naturalidade a peça
(EGON, 2011).
Ademais, o entrosamento entre o laboratório e o clínico é fundamental, pois
transmite confiança ao paciente tornando seu caso personalizado (SOARES;
SOARES, 2011).
19
2.8 COMUNICAÇÃO COM O LABORATÓRIO
Os laminados cerâmicos nos últimos anos têm sido muito utilizados para a
estética. Embora essa abordagem seja um dos tratamentos mais conservadores,
algumas regras devem ser seguidas como, a necessidade de uma excelente
comunicação entre o dentista, paciente e ceramista. O caso deve ser
cuidadosamente selecionado e o tratamento planejado pra o êxito do resultado final
(GUREL, 2007a).
Para facilitar a comunicação e garantir sucesso no resultado final, é essencial
a obtenção de modelos de estudo, enceramento diagnóstico e fotografias,
garantindo assim, uma avaliação prévia do trabalho a ser realizado e viabilizando
maior participação do paciente no tratamento (STOLL; LOPES,2009).
2.9 CIMENTAÇÃO
As finas lâminas de cerâmica, hoje tem se tornado realidade dentro da
Odontologia, em função dos cimentos adesivos serem capazes de suportar a
adesão entre cerâmica e esmalte dentário. Entretanto, a cimentação é de extrema
importância para o sucesso final do tratamento, em casos de múltiplas lâminas, as
peças devem ser cimentadas uma a uma, para evitar erros ou deixar de executar
alguma etapa do processo, além de facilitar os ajustes interproximais. A inserção da
lâmina deve ser cuidadosa e com leve pressão, até seu completo assentamento
(SOARES; SOARES, 2011).
Para a cimentação, a cor e a translucidez do cimento influenciam diretamente
no resultado final, já que a porcelana de fina espessura é altamente translúcida, o
ideal é realizar uma prova com try-in para assim determinar o cimento a ser usado
(EGON, 2011).
Já a cimentação é realizada após a prova e a seleção do matiz, posicionando
a lamina sob o dente com leve pressão, alcançando assim o resultado previsto,
devido a sua mínima espessura, o manuseio no momento da cimentação torna-se
mais crítico (STOLL; LOPES,2009).
Segundo Francci et al., 2011, devido a fina espessura das “lentes de contato”,
torna-se imprescindível o uso de cimentos ou resinas fotoativados, e não duais ou
quimicamente ativados, isso se deve ao fato do ativador químico da polimerização
20
destes materiais ser, normalmente, a amina terciária ou ácido sulfínico, que acabam
se degradando com o passar dos anos e tornando o material amarelado. Conforme
eles, o cimento só deve ser fotopolimerizado após o assentamento das facetas
sobre os dentes, um a um, para assim evitar o acúmulo de material nos ângulos
internos das peças protéticas, comprometendo a linha de cimentação. (Figura 4).
Figura 4- Passo a passo da cimentação com o uso de cimento fotopolimerizado.
Fonte- STOLL, L.B.; LOPES, F.
Conforme Strassler (2007), para a cimentação as lâminas devem ser
posicionadas simultaneamente nos dentes, sem o uso de matriz, cuidando sempre
da viscosidade do cimento, pois pode causar um “flutuamento” das peças,
posteriormente é realizada a polimerização do cimento por 5 segundos para facilitar
a limpeza do excesso cimento resinoso em torno das margens.
Logo após a cimentação adesiva das restaurações cerâmicas deve-se ter um
cuidado especial com a oclusão, ajustando os movimentos em lateralidade e
restabelecer uma guia anterior funcional e adequada, independente da guia envolver
além das novas restaurações, com o objetivo de proporcionar longevidade para o
trabalho executado (BARATIERI et al., 2001).
21
3. DISCUSSÃO
O avanço de novas técnicas e o desenvolvimento dos materiais nos
possibilitam realizar tratamentos restauradores que recuperam tecidos dentários
perdidos, ou exemplo disso, uma opção de tratamento conservador são os
laminados cerâmicos ( STOLL; LOPES, 2009).
As “lentes de contato” dentárias são facetas de porcelana ultrafinas, com
espessura máxima de 0,3mm. São assim chamadas devido sua espessura ser
compatível com a das lentes de contato oculares (FRANCCI et al., 2011).
Stoll e Lopes (2009) relatam que quando estas finas lâminas de cerâmicas
cimentadas adesivamente a estrutura dental dão a idéia de reposição do esmalte,
exigindo o mínimo ou nenhum desgaste dentário.
Dentre as situações clínicas para o uso de laminados cerâmicos com o
mínimo ou nenhum desgaste da estrutura dental destacam-se: reanatomizar dentes
anteriores, tornar dentes expulsivos, dentes lingualizados e pequenos, restabelecer
volume vestibular, pequena mudança de cor, mascarar restaurações classe III, IV e
V,
fechamento
de
diastemas,
restaurar
borda
incisal
lascada,
corrigir
desalinhamento e rotação de dente anterior e recobrir restaurações de porcelama ou
metalo cerâmica (ROSS, 2003; MALCMACHEER, 2005; GUREL, 2007b; JAVAHERI,
2007; STRASSLER, 2007; STLL; LOPES, 2009; SOARES; LOWE, 2010; SOARES,
2011; SOARES, 2011; FRANCCI et al., 2011; KACKER et al., 2011). No entanto,
estes laminados cerâmicos apresentam algumas limitações sendo elas: estrutura
dental destruída ou comprometida, a melhor alternativa é a coroa de porcelana;
Dentes com coloração severa ou escura; Pacientes com bruxismo, estes pacientes
tem maior chance de fratura incisal, as quais contra indicam este tipo de tratamento
restaurador (CHRISTENSEN, 2006; AL-ZAIN, 2009).
Kacker et al. (2011) relatam que nos últimos 10 anos houve uma redução da
espessura das facetas de porcelana, preservando assim, a estrutura dental e
diminuindo a sensibilidade dentária, além disso, o mínimo preparo inclui a falta de
necessidade de anestesia, mínimo estresse flexional, longa duração, possível
reversão e superior aceitação do tratamento entre os pacientes (JAVAHERI, 2007).
Stoll e Lopes (2009) comentam a alta resistência ao desgaste, biocompatibilidade,
tendo como finalidade restabelecer volume vestibular sem desgaste dentário e
estabilidade de cor, já que quando as restaurações limitam-se a margem de esmalte
22
o índice de microinfiltração marginal é reduzido (GUREL, 2007a). Malcmacher
(2005) relata que uma grande vantagem destes laminados cerâmicos com preparo
minimamente invasivos é que a lamina de porcelana tem maior adesão no esmalte
do que na dentina, aumentando a resistência de união, além disso como na maioria
das vezes são supragengivais, facilitando assim, a higienização por parte do
paciente.
Conforme Kacker et al. ( 2011) as “lentes de contato” dentárias devem ser
realizadas em casos selecionados como, ajuste vestibular ou incisal. Outro problema
comum, é que em casos do mau uso destes laminados da à impressão de aparência
volumosa, geralmente em casos que o ceramista tenta reproduzir a anatomia
interna. Christensen (2006) complementa que esses laminados oferecem aparência
antiestética.
Já Stoll e Lopes (2009) relatam a dificuldade para mascarar dentes
escurecidos, em virtude da sua mínima espessura e serem translúcidas, salienta a
recessão gengival, decorrente do volume vestibular (HOWE, 2010).
Para o tratamento ser considerado verdadeiramente minimamente invasivo é
necessário a compreensão de estética, função, estrutura e biologia (LESAGE, 2010),
além do planejamento prévio, confecção de modelos de estudos e enceramento
diagnóstico (LOWE, 2010).
Egon (2010) relata a importância de saber a espessura da peça, o tipo e o
valor da estrutura dentária. Assim, quando o laminado for somente para agregar ou
substituir o volume do esmalte, uma opção é usar cerâmicas feldspáticas sobre
lâmina de platina ou e-max press com pastilha HT ou LT e também IPS e-max CAD,
pois não precisa jatear a peça mantendo a translucidez natural do material.
Assim como Egon (2011) e Gurel (2007) também salienta a necessidade de
uma excelente comunicação entre o dentista, paciente e ceramista.
Além dos fatores acima citados, a cimentação é de extrema importância para
o sucesso final do tratamento restaurador (SOARES; SOARES, 2011). Egon (2011)
salienta que a cor e a translucidez são de extrema importância devidoa cor e a
translucidez. Stoll e Lopes (2009), contudo, relatam que devido a mínima espessura,
o manuseio no momento da cimentação torna-se crítico. Conforme Francci et al
(2011) a fina espessura torna imprescindível o uso de cimentos ou resinas
fotoativados. Já para Strassler (2007), as lâminas devem ser posicionadas
simultaneamente nos dentes e posteriormente é realizada a polimerização.
23
4. CONCLUSÃO
Após a revisão de literatura, foi possível concluir que:

A técnica é extremamente conservadora, reversível e utilizada principalmente
para restabelecimento de forma do elemento dentário;

Há dificuldade de confecção pelo ceramista e de manipulação pelo cirurgiãodentista já que, em função da espessura fratura facilmente;

Em função da ausência de desgaste as peças não apresentam eixo de
inserção único, o que pode levar a cimentação na posição incorreta;

Diante de todas as vantagens de um laminado minimamente invasivo, o
conservadorismo é o ponto mais importante, existem algumas limitações que
devem ser levadas em consideração no momento da indicação deste
tratamento, já que o custo/benefício nem sempre é positivo visto que existem
outras opções de materiais restauradores que oferecem resultado estético
satisfatório e longevidade ao trabalho restaurador.
24
REFERÊNCIAS
AL-ZAIN, A. No-preparation porcelain veneers. IU School of Dentistry. 2009.
BARATIERI, L.N. et al. Odontologia Restauradora- Fundamentos e possibilidades.
São Paulo: Santos; 2001.
CALAMIA, J. R; CALAMIA, C. S. Porcelain laminate veneers: reasons for as years of
secess. The Dental Clinics of North America, Philadelphia, v.51, p.399-417. 2007.
CHRISTENSEN, G. J. Facing the challenges of ceramic veneers. The Jornal of the
American Dental, Chicago, v.137, p.661-64, may. 2006.
CHRISTENSEN, G. J. Veneer mania. The Journal of the American Dental, Chicago,
v.137, p.1161-63. August. 2006.
DIMATTEO, A. M. Prep VS no-prep: the evolution of veneers. Inside Dentistry, Los
Angeles, v.5, n.6, june. 2009.
EGON, A. Fragmentos cerâmicos e lentes de contato dentárias. Quando a arte e a
biologia se encontram. Revista Dental Press de Estética, Maringá, v.8, n.1, p. 24-33,
jan./mar. 2011.
FRANCCI, C. et al. Odontologia Estética: Soluções minimamente invasivas com
cerâmicas. Revista Fundecto, São Paulo, n.10, p.8-9, jul./dez. 2011.
GUREL, G. Porcelain laminate veneers: minimal tooth preparation by design. The
Dental Clinics of North America, Philadelphia, v.5, p.419-31, 2007a.
GUREL, G. Predictable and precise tooth preparation techniques. Oral Helth, p. 1426, april. 2007b.
JAVAHERI, D. Considerations for planning esthetic treatment with veneers involving
no or minimal preparation. The Jornal of the American Dental Association, Chicago,
v.138, p.331-37, mar. 2007.
KACKER, M. D. Ultra-thin veneers: beautiful and natural. Dentistry Today, Montclair.
2011.
LESAGE, B. Revisiting the design of minimal and no-preparation veneers: a step-bystep techique. California Dental Association Jornal, Sacramento, v.38, n.8, p.561-69,
aug. 2010.
LOWE, R. A. No-prep veneers: a reabilistic option. Dentistry Today, Montclair, may.
2010.
MALCMACHER, L. No-preparation veneers- back to the future! Dentistry Today,
Montclair, 2005.
25
MAZARO, J. V. Q. et al. Considerações clínicas para a restauração da região
anterior com facetas laminadas. Revista Odontológica de Araçatuba, Araçatuba, v.
30, n.1, p.51-54, jan./jun. 2009.
MCLAREN, E. A. Porcelain veneer preparations: to prep or not to prep. Inside
Dentistry, Los Angeles, p.76-79, may. 2006.
ROSS, W. N. The contact lens porcelain veneer. Dentistry Today, Montclair. 2003.
SOARES, L. M; SOARES, C. Resultados previsíveis no uso de laminados e
fragmentos cerâmicos com preparo minimamente invasivos. Revista ClínicaInternational Journal of Brazilian Dentistry, Florianópolis, v.7, n.1, p.36-50, jan./mar.
2011.
STOLL, L. B; LOPES, F. Harmonização do sorriso através de laminado cerâmico
“lente de contato”. Revista Dental Press de Estética, Maringá, v.6, n.1, p.97-104,
jan./fev. 2009.
STRASSLER, H. E. Minimally invasive porcelain veneers: indications for a
conservative esthetic dentistry treatment modality. Dentistry Today, Montclair, v.55,
p.686-94, may./jul. 2007.
VINANEERS. No-prep veneers. Disponível em:
<http://www.glidewelldental.com/dentist/services/all-ceramics-vivaneers-tech.aspx>
Acesso em: 20 Abril 2011.
Download

Avaliação Técnica de Restaurações Cerâmicas - Passo Fundo